Small Bump
Escrito por Carol S. | Revisado por Pepper
- Por que ele tem celular, afinal? – Já era a quarta vez que eu tentava ligar. Estava dentro do ônibus, a caminho da casa dele. Eu precisava contar pessoalmente. Precisava ser pessoalmente, mas eu queria ter certeza de que ele estava em casa, para não desencontrá-lo. Eu batia o pé freneticamente no chão, isso acontecia quando eu estava ansiosa ou nervosa, a mulher sentada ao meu lado no banco me encarava de forma estranha enquanto eu sussurrava “Atenda, atenda” para a janela.
“Olá, você ligou para mim. Deixe seu recado após o bip”.
- Idiota. – Encerrei a chamada antes que me fosse cobrada a mensagem de voz que eu não iria deixar. A mulher continuava me encarando. Casas familiares surgiam ao longe, levantei e puxei a cordinha para avisar o motorista que precisava parar. – Com licença? – Falei, talvez um pouco grossa, para a mulher que ainda me encarava. Poxa, eu estava de pé, o que ela achava que eu estava fazendo? Testando a cordinha para paradas do ônibus?
Com cara de quem acabou de chupar limão, ela se levantou.
- Obrigada. – Desta vez, não escondi a frustração. Custa ser educada? Mesmo depois de ter descido do ônibus, ela ficava me olhando. Retribuí o olhar e, enquanto o veículo de afastava, mostrei o dedo do meio para ela.
Eu costumava ser uma pessoa bastante educada, não mostrava “o dedo” para as pessoas. Mas este era um dia diferente. Já havia feito uma coisa errada, um gesto obsceno para uma estranha não era nada.
Tentei ligar mais algumas vezes no caminho para a casa que ele dividia com uns amigos. Sem sucesso, óbvio. Chegando lá, perto da porta tinha uma poça de algo que eu esperava que fosse mingau de aveia.
Apertei a campainha. Nada. Mais uma vez. Nada. Devo ter tentado umas dez vezes até ele abrir a porta.
- Bom dia, Ed. – Falei, irônica. Já era final de tarde, e Ed claramente tinha acabado de acordar. Seu cabelo ruivo estava todo bagunçado, mas não de um jeito legal, e ele mal conseguia manter os olhos abertos. – Precisamos conversar.
- Oh, oh! – Ele exclamou logo depois que entrei. Tive que tirar algumas caixas de pizza e latas de cerveja de cima do sofá para poder ter um espaço para sentar. – Já volto. – Murmurou algo sobre “acordar direito” e saiu da sala. Aproveitei para pegar um saco plástico na cozinha e começar a jogar fora todas aquelas caixas e latas. Uma rápida olhada nos dois cômodos me fez acreditar que fazia dias que a casa não via uma vassoura. Tentei não pensar em como o banheiro estaria.
- Tá acordado agora? – Ed me encarava da porta que dava para o corredor dos quartos, agora parecia uma pessoa plenamente desperta. Não pude evitar dar uma olhada no meu reflexo na porta de vidro do armário da sala. Tinha alguma coisa errada com o meu rosto para as pessoas ficarem me encarando tanto?
- Você não precisava arrumar a sala. Amanhã a empregada vem aqui. - Ele disse, sentando no sofá, apoiando os cotovelos nos joelhos e o queixo nas mãos. Apenas dei de ombros, já estava terminando mesmo. – Você disse que precisamos conversar... Que tipo de conversa?
- Como assim?
- Tipo, precisamos conversar “senti sua falta” ou precisamos conversar “eu vou terminar com você”?
- Seria do tipo “vou terminar com você”, mas não estamos namorando, então isso não faz sentido. – Se ele ao menos soubesse o que o aguardava. – Por que não vamos ao Nando’s?
- Você odeia aquele lugar! – Ele disse, mas já estava se levantando pra pegar o casaco.
- Não odeio, apenas não é o meu lugar favorito. E eu sei que você ama o Nando’s! – Falei, seguindo-o para fora da casa. Para mim mesma, eu disse: - E vai ser bom ter testemunhas lá.
- Que tal dividirmos uma porção de batata fritas? – Sugeriu, quando entramos no lugar.
- Pode ser. Vou pegar uma mesa pra gente. – Encontrei uma no fundo do restaurante. Fui andando pra lá enquanto Ed fazia o pedido. Eu já sabia que seria uma noite longa.
Ed não demorou muito a voltar. Trazia consigo uma bandeja, nela tinha uma porção gigante de batata frita – que eu não reclamei -, um chá gelado para mim e um Powerade pra ele.
Comemos em silêncio. Eu estava pensativa, não sabia como iria começar o assunto. Não é uma coisa com que você tenha que lidar todos os dias. O ruivo sentado na minha frente estava feliz, afinal, estávamos no seu restaurante favorito.
- Você está muito quieta. Está tudo bem? – Ele me encarava. Seus olhos estavam num tom de azul hoje, eu não conseguia olhar para eles por muito tempo. Bebi um gole do meu chá para ganhar tempo. – O que você queria conversar?
- Bom... – Não imaginei que seria tão difícil. – Eu fiz uma coisa... e talvez você não goste disso. Então já vou adiantando minhas desculpas. – Ed me olhava de forma interrogativa. – Eu sinto muito, muito mesmo. Nunca foi a minha intenção, mas eu não... eu... não... – Pra piorar a minha situação, lágrimas resolveram que era hora de sair dos meus olhos, e minha garganta fechou.
- O que foi? – Ed sussurrou. Pegou uma de minhas mãos e começou a desenhar nela com seu polegar. – Pode falar, não vou ficar bravo. Prometo. - Precisei de alguns minutos até conseguir voltar a falar. Olhei cautelosamente para ele.
- Eu estou grávida. E lá no escritório eu disse que éramos casados. – Pude ver sua expressão mudando de confusão, para raiva, e daí para raiva de si mesmo (provavelmente por causa da promessa).
- Você... ahn... – Ed soltou a minha mão e parecia que seu cérebro e sua boca estavam em conflito para decidir as palavras certas. – Você fez o quê? – Ele disse, um pouco ríspido. – Desculpa. O quê?
- Sinto muito. Mas eu não tive alternativa! – Dava pra ver que ele não acreditava. – Lembra do Harry, meu antigo namorado? Eu o encontrei há algumas semanas num bar que eu fui com umas amigas. Nós conversamos, bebemos muito e... é. – Naquela hora eu queria abrir um buraco no chão e sair na China!
- E é. – Ele repetiu. – Quanto tempo?
- Três meses. – Se antes eu não conseguia encará-lo, agora estava bem pior.
- E por quê? Por que você não pôde dizer que ele é o pai?
- Por causa da minha chefe. – Respirei fundo. – Ela é uma monstra conservadora! O escritório nos obriga a fazer testes de saúde a cada seis meses; pra minha infelicidade foi semana passada.
- Quem sabe a verdade?
- Só a . Foi ela quem me disse que devia inventar um casamento. Se minha chefe soubesse que eu estava grávida sem ter um marido, iria me mandar embora ao invés de pagar meus meses de licença. Ela já te conhece mesmo. Foi fácil dizer que estamos juntos.
- Mas na sua ficha não diz que você é solteira?
- Ela se lembrou desse mesmo detalhe. Eu disse que nos casamos num ritual estranho no Havaí, nas minhas últimas férias. Não era oficial, tipo num cartório ou igreja, mas significava mais pra mim do que um pedaço de papel.
- E ela acreditou. – Não foi uma pergunta. – Parece que sim, caso contrário você teria começado com essa conversa com um “estou desempregada e grávida”. – ele disse sarcasticamente. – Já volto.
- Ok. – Fui deixada sozinha com o prato de batatas fritas pela metade. Ed dava passos largos até o banheiro, com os punhos cerrados. Voltou um tempo depois, um pouco mais calmo. – Olha - falei, antes que ele abrisse a boca. –, eu sinto muito mesmo. Segunda-feira eu conto a verdade para a Monstra Conservadora e apresento a minha carta de demissão.
- Pra começar, ela não pode te demitir por estar grávida. Há uma lei contra isso. Você não viu aquele filme com a Lindsay Lohan?
- Ela dá um jeito. Ela sempre dá um jeito. – Encarei as batatas fritas, pelo menos elas me amavam e não ligavam para o fato de eu estar grávida, com certeza.
- , olha pra mim. – Com muito esforço, o fiz. – Não vou dizer que fiquei feliz com isso, porque não fiquei. Mas sei que não posso te deixar nessa situação. Deixe-me pensar, ok? – Assenti. Foi extremamente difícil continuar sentada ali depois de tudo. Devia ter dado a notícia no final... Tentávamos conversar sobre coisas aleatórias, mas sempre voltávamos ao silêncio constrangedor.
Quando fui pra casa, mais tarde naquela noite, não me sentia tão mal assim. Sim, foi errado o que eu fiz, não me julgue. Ed era meu melhor amigo desde sempre, caso não aceitasse a minha mentira, certamente iria achar uma solução para mim.
~ * ~ * ~ * ~ * ~ * ~ * ~
Um ator!
Quase caí da cama quando esse pensamento me atingiu logo que meu cérebro mostrou sinais que eu estava despertando. Eu podia ter contratado um ator para ser meu marido!
Ah, mas eu não tinha dinheiro pra pagar um ator.
E teria que fingir que o amo. Pelo menos eu realmente amo o Ed.
E ele seria um completo estranho na minha vida. Quero dizer, eu teria que aprender tudo sobre ele, e ele sobre mim, para podermos convencer os outros de que éramos um casal.
E se ele fosse um idiota e contasse a verdade?
É, ainda bem que não pensei nisso antes. Teria me dado uma tremenda dor de cabeça.
Já era segunda-feira de manhã. Passei o final de semana inteiro em casa, vivendo de pizza, nutella, coca-cola e Sex & The City. E agora me sinto culpada. Com a pouca vontade que tinha, me levantei e fui me arrumar para ir trabalhar.
A manhã passou se arrastando, como sempre. Felizmente, a Monstra Conservadora não demonstrou que duvidava de mim. Na verdade, ela estava bem estranha hoje.
- Que surpresa vê-lo aqui! – Alguém guinchou do lado de fora da minha sala. – E que flores lindas!
- É, achei que o escritório da ficaria melhor com um pouco de cor, apesar de que a presença dela já deixa tudo mais bonito. – A voz estava meio abafada por causa da porta fechada, eu não tinha certeza se ouvi mesmo o meu nome, mas não pude deixar de ficar um pouco corada. Involuntariamente olhei meu escritório, ele era praticamente cinza. Quando isso aconteceu mesmo? – Ela está?
- Claro, venha. – Duas batidas na porta, e a cabeça da Monstra Conservadora apareceu. – ? – Olhei para ela como se não tivesse ouvido a conversa antes. A MC (Monstra Conservadora) abriu mais a porta, revelando Ed atrás dela. Ela ficou encarando nós dois, esperando por uma reação.
- Ed! – Exclamei de um jeito que achei que mostraria que eu sentia falta dele o tempo todo. Levantei-me e fui até ele, dando um abraço e recebendo um beijo na bochecha. – O que faz aqui?
- Pensei que poderíamos almoçar juntos hoje. – Ele disse, me entregando as flores. – Querida. – completou. MC ainda nos encarava.
- Eu adoraria. Só preciso terminar um ofício. Importa-se de esp...?
- O que você está fazendo? – MC interrompeu. – À tarde você pode terminar. Vai, vai! – Só tive tempo de me debruçar pela mesa para pegar minha bolsa antes que fosse chutada da minha própria sala.
- Então acredito que você aceitou fazer parte da minha mentira. – Falei, quando entramos no elevador. – Acha que ela caiu?
- Como eu disse, não posso deixar você nessa. E sim, acho que ela caiu. Ela tava quase babando no nosso suposto romance. – Peguei em sua mão meio desajeitadamente quando a porta abriu num andar qualquer e algumas pessoas entraram.
- Desculpa. – Sussurrei. Ele apenas deu de ombros e ajeitou nossas mãos.
- ! – Por que as pessoas gostam de guinchar? Era uma mulher do segundo andar cujo nome meu cérebro se recusava a lembrar. Me limitei a sorrir. – Eu soube da novidade! – Seu olhar recaiu sobre a mão de Ed entrelaçada a minha. – E você deve ser o pai. Parabéns! Menino ou menina?
- Obrigado. – Ed sorriu gentilmente para a mulher. – Não sabemos ainda. Vamos esperar mais uns meses para termos certeza, afinal, os médicos erram o tempo todo.
- É claro. – Ela assentiu “sabiamente”, como se soubesse muito sobre bebês. A porta do elevador abriu, e ela disse enquanto saía: - Parabéns! Tchau.
- Todas as pessoas aqui são assim? – Ed perguntou enquanto cruzávamos o saguão. Ele segurava firmemente minha mão, e eu me senti bem com isso. Muito bem, na verdade.
- A maioria esconde bem.
~ * ~ * ~ * ~ * ~ * ~ * ~
- ? Vamos nos atrasar!
Ed estava no meu apartamento, esperando eu terminar de me arrumar. Já fazia dois meses que “estávamos juntos”, todo mundo acreditava! Às vezes, até eu achava que realmente tínhamos alguma coisa. Como nas vezes que eu o pegava me encarando e sorrindo sem motivo algum. Eu sentia alguma dentro de mim, não sei.
- ? – Dessa vez ele apareceu na porta do banheiro, que eu tinha deixado aberta. Olhei para ele e... Eu nem sei como descrever o sentimento. Ele estava absolutamente lindo naquele terno. Eu o vi quando fui abrir a porta pra ele, mas sabe quando você nem presta atenção no que está olhando? – Por que está sorrindo? – Perguntou. Eu estava sorrindo?
- Nada, vamos. – Uma última olhada no espelho e fomos para o jantar.
Ah, sim. O jantar. Não comentei sobre ele, não é? Ela chama de jantar, mas a MC, na verdade, só prepara um coquetel. Bebidas e aperitivos. Foi muito, muito estranho quando Ed e eu entramos numa pizzaria vestidos daquele jeito (ele de terno, como eu disse antes, e eu usava uma blusa e saia longa). As pessoas provavelmente acharam que erramos de restaurante.
Não vou entediá-los com a nossa conversa sobre pizzas na pizzaria. Ed havia ligado antes para já irem preparando. Chegamos, sentamos, comemos, pagamos e saímos.
- Ed! ! Que bom vê-los aqui! – Mais guinchos. – Nossa, como a sua barriga está enorme! – Esse é um bom jeito de me chamar de gorda sem que os outros percebam o quão rude estão sendo.
Conversamos com várias pessoas. A maioria não conhecia o Ed. Ele tava bem animado até, respondia a todas as perguntas sem hesitar. Por exemplo, se era menino ou menina, se já tínhamos escolhido um nome, quem seriam os padrinhos. Mas pela primeira vez:
- Como vocês se conheceram? – Liam perguntou.
- Foi através de um amigo em comum. – Deixei que ele contasse a história para que não nos confundíssemos. – Era uma festa de aniversário num clube. Esse meu amigo pediu para eu tocar algumas músicas e...
- Tocar música?
- É, o Ed é compositor e cantor. – Sorri orgulhosa para ele.
- E eu vi a entrando enquanto ainda estava no palco. Quando nossos olhos se encontraram... eu acho que ninguém percebeu que eu errei o ritmo e a letra da música que estava cantando. – Não sabia daquela parte. Olhei para ele, e seus olhos encaravam o fundo dos meus.
- Foi amor à primeira vista, então? – Alguém da roda perguntou.
- Bem, de minha parte, sim. - Ed sorriu, e piscou um olho na minha direção. Todos riram. Nossos olhos se encontraram de novo, e eu não sabia dizer se tudo aquilo era parte da nossa mentira. Parte de mim queria que fosse verdade.
- Pessoal? – Algum tempo depois, a MC começou a bater uma faca numa taça de vinho, fazendo um som estridente. Por experiência própria, aquilo queria dizer que o “jantar” estava no fim. – Quero agradecer a todos por terem vindo ao jantar. Por favor, um brinde ao Sr. Fletcher e sua esposa pela doação generosa para a nossa empresa. – Ela começou a dizer mais alguns nomes, mas desliguei meu cérebro. Os brindes dela costumam ser longos. De repente, todos estavam sorrindo pra mim e o ruivo do meu lado. Fui obrigada a me “ligar”. – Eu sei que não costumo fazer isso, mas estou realmente feliz pela e pelo Ed. Felicidades! – Todos levantaram as taças em nossa direção. Limitamo-nos a sorrir. O que poderíamos fazer? – É isso? Cadê o beijo? BEI-JO! BEI-JO!
Um coro de BEI-JO! BEI-JO! surgiu, e todos nos encaravam. Olhei para Ed, ele estava tranqüilo. Como ele poderia estar tranquilo? Eu estava em pânico! Nunca havíamos pensado na possibilidade de termos que nos beijar em público!
Nem consegui entrar em pânico direito, na verdade. Ed colocou suas mãos em volta do meu pescoço e me puxou para si, sua boca encostando na minha. Era um BEI-JO que eles queriam? Era isso que eles estavam vendo. Pelo menos era o que eu achava. Nos conhecíamos há tanto tempo, e eu nunca havia pensado em beijá-lo. Ele sempre foi um amigo para mim (Friendzoned, eu sei). Agora percebo o que eu estava perdendo.
Dei graças a Deus quando pudemos ir embora. Depois do beijo que tirou o meu fôlego, tive que inventar estar cansada para podermos sair. Como ele morava com uns amigos, fomos direto para o meu apartamento.
Mal fechei a porta, e Ed me prensou contra ela, levando seus lábios com urgência aos meus. Eu brincava com seus cabelos ruivos, deixando-os mais despenteados que antes, ele roçava o polegar na pele à mostra que ficava entre a barra da saia e a da blusa.
Meio desajeitadamente, tropeçando aqui e ali, fomos para o quarto. Ed me colocou em cima da mesa que eu tinha, ficando entre minhas pernas. Passou suas mãos pelas minhas coxas, em cima da saia, e deslizou-as para a base das minhas costas, começando a levantar minha blusa. Suas mãos pararam em minha barriga.
Eu havia me esquecido dela.
Separei minha boca da dele, encostando nossas testas. Meus olhos ainda estavam fechados, eu não ousava abri-los. Senti-o soltando um suspiro. Suas mãos eram geladas contra a minha barriga evidente.
- Desculpe. - Ed me deu um beijo rápido na testa e saiu. Pude ouvir a porta abrindo e sendo fechada com certa violência. Fiquei sentada lá pelo que pareceram horas.
~ * ~ * ~ * ~ * ~ * ~ * ~
Fui trabalhar no dia seguinte me sentindo um lixo, e foi assim pelo resto da semana. As pessoas lá me perguntavam como eu estava, e eu tinha que fingir que tava tudo as mil maravilhas.
Eu ainda não tinha falado com Ed depois daquela noite.
Na sexta-feira à tarde, entrou na minha sala e perguntou:
- Hey, tá a fim de sair hoje à noite? Eu e algumas amigas vamos ao Hyde Park, parece que vai ter alguns shows por lá. Deve fazer tempo que não você não tem uma noite só de garotas...
- Não sei, pode ser. Que horas?
- Vamos logo depois do trabalho. Eu passo aqui quando estivermos indo, tá?
Uma diversão entre garotas. Eu realmente precisava disso.
O escritório não ficava muito longe do Hyde Park, mas mesmo assim me arrependi de ter calçado salto alto de manhã.
Tinha um pequeno palco montado em um dos lados do parque e um aglomerado de pessoas na frente dele.
murmurou um “já volto” e se meteu no meio daquela gente, reaparecendo alguns minutos depois. Não parecia que ela me responderia se eu perguntasse para onde foi.
Algumas pessoas bateram palmas, e eu vi um homem subindo ao palco com um banquinho numa mão e um violão na outra.
É tão óbvio que vocês já devem saber quem é.
Ed sentou no banquinho e, enquanto verificava a afinação do violão, me procurou no meio daquelas pessoas. Seus olhos brilhavam, mas seus lábios estavam contraídos, tentando não demonstrar emoção alguma antes de cantar, assim como eu.
- Olá. – Disse, ajeitando o microfone pra ficar na altura certa. – Meu nome é de Ed Sheeran, e eu vou cantar uma música que escrevi essa semana. Não sou muito bom em apenas falar. Esse é o meu jeito de pedir desculpas.
(tradução)
You're just a small bump unborn,
In four months you're brought to life,
You might be left with my hair,
But you'll have your mother's eyes,
I'll hold your body in my hands,
Be as gentle as I can,
But for now you're a scan of my unmade plans
A small bump in four months, you're brought to life
And I’ll whisper quietly and give you nothing but truth
If you’re not inside me, I’ll put my future in you
You are my one and only
And you can wrap your fingers round my thumb
And hold me tight
You are my one and only
You can wrap your fingers round my thumb
And hold me tight
And you’ll be alright
Demorou um pouco, mas eu entendi o que ele queria dizer.
You’re just a small bump unknown, you’ll grow into your skin
With a smile like hers and a dimple beneath your chin
Fingernails the size of a half grain of rice
And eyelids closed to be soon open wide
A small bump, in four months you’ll open your eyes
And I’ll hold you tightly and tell you nothing but truth
If you’re not inside me, I’ll put my future in you,
You are my one and only
And you can wrap your fingers round my thumb
And hold me tight…
Senti algo de ntro de mim queimar. No começo, achei que o motivo foi a carne que comi no almoço, mas aí senti um líquido escorrendo pelas minhas pernas. Percebia vagamente que Ed não cantava mais a sua música direito. Olhei para ele com os olhos arregalados, assustada. Segurei forte no braço de .
- , dá pra largar? – Ela gritou, mas, de algum jeito, ela percebeu que eu não estava bem. – Liga pra emergência agora! – Falou para alguém.
Eu não prestava atenção em nada. Apenas segurava minha barriga, como se isso fosse impedir que algo acontecesse. O que eu mais temia que acontecesse.
Fechei os olhos pelo que pareceram alguns poucos minutos e senti alguém me deitando numa cama que se movimentava. Dada a situação, acredito que era uma maca. Ouvi uma voz gritando:
- Eu vou com ela! , eu vou com ela.
Quando abri os olhos de novo, estava em uma cama no hospital, com vários tubos ligados a mim. Um amontoado de cabelos ruivos estava ao meu lado, eu podia senti-los no meu braço.
- Ed? – Chamei baixando, mexendo meu braço para que ele acordasse. Quando levantou a cabeça, seu rosto estava amassado, mas ainda assim ele abriu um sorriso. – Podemos ir para o Havaí?
- É claro. – Ele sorriu e segurou minha mão.
Adormeci de novo.
Algum tempo depois, não sei exatamente quanto tempo, acordei. Estava fraca demais para abrir os olhos, mas consegui ouvir o dedilhar de um violão e a voz de Ed cantando ao meu lado.
You were just a small bump unborn
For four months then torn from life
Maybe you were needed up there
But we're still unaware as why
(Você era só uma pequena saliência que não tinha nascido
Quatro meses, e então, desprovido da vida
Talvez precisassem de você lá em cima,
Mas ainda não sabemos o porquê)
Enquanto eu tivesse Ed comigo, sabia que tudo ia ficar bem.
FIM
Espero que tenham gostado da história. Não deixem de comentar.
Para ler mais fanfics minhas, acessem a minha página no Catálogo de Autores: http://alltimefics.com/listagem/carols/
Xxx
Carol.