Sinal dos Tempos
Escrita por Suh Souza | Editada por Natashia Kitamura
31 de outubro de 2015 - Sheffield - Inglaterra
- Apenas pare de chorar. - O tom duro do comentário, foi amenizado pelos braços firmes que me cercavam em um abraço aconchegante. Enterrei meu rosto em seu peito fugindo do vento gelado e da realidade ainda mais gelada que me esperava, seus dedos longos e gelados passeavam pelos meus cabelos e quando meus soluços se acalmaram ele segurou meu queixo firmemente fazendo seus olhos cruzarem com os meus:
- É um sinal dos tempos, baby – o comentário suave foi pontuado com um pequeno selinho depositado no centro dos meus lábios. Antes que eu pudesse absorver aquele momento algo se jogou contra nos dois e um Louis sorridente demais para a ocasião se colocou no meio nos segurando pelos ombros:
- Bem vindos ao últimos show casal, espero que estejam usando suas melhores roupas. – Embora estivesse sorrindo, o tom de voz do moreno soou mais mórbido do que engraçado e fez com que meu namorado desse um peteleco em sua cabeça:
- Você não está ajudando Lou. – Sorri quando os dois me soltaram e passaram a trocar soquinhos por conta do peteleco, passei as mãos pelo rosto limpando os vestígios do meu pequeno descontrole e olhei em volta impressionada com a estrutura que estava sendo preparada: apesar de ter ido a quase todos os shows da turnê On the Road Again, nunca deixei de me impressionar com todos os preparativos que eram necessários para cada apresentação:
- Amor? – Me virei automaticamente e ri ao ver Harry curvado segurando Louis em uma chave de braço – Temos que nos preparar para a passagem de som, você vem?
- Vou andar por ai, vejo você mais tarde. – Me aproximei e dei um selinho no meu namorado, e Louis aproveitando a distração se soltou e saiu correndo. Ri observando o moreno se esconder atrás de Niall que parecia discutir com o diretor de som os últimos detalhes da apresentação. Acenei para o loiro que mal teve tempo de retribuir antes que Harry o atropelasse ainda atrás de Louis. Sabendo que não demoraria muito para o loiro se irritar com ambos pela falta de atenção ao cronograma e não querendo levar a culpa junto com eles, me virei na direção oposta ao palco e comecei a caminhar pelo backstage tomando o cuidado de não ficar no caminho de ninguém. Desde o início aprendi que as horas que antecediam as apresentações eram as mais importantes e que qualquer descuido poderia levar a horas de atraso. Em todo o tempo que eu acompanho meu namorado, quase não havia visto erros nos bastidores: a enorme equipe responsável pelos shows do One Direction era tão competente quanto eficiente e veloz, as pessoas passavam apressadas a minha volta, carregando equipamentos, falando em walkie-talkies e executando suas funções como se fosse apenas mais uma apresentação, no entanto vez ou outra eu via um suspiro aqui e ali: o clima de despedida era palpável e parecia deixar um cheiro ocre no ar e um gosto azedo na boca. Muito diferente da primeira vez em que estive nos bastidores a quase 8 meses atrás.
7 de fevereiro de 2015 - Sidney - Austrália
Sempre fui uma grande fã de One Direction, mas não me imaginava indo a um show da banda. No entanto, quando foi anunciado que McBusted faria a abertura da apresentação na Austrália que coincidentemente seria no mesmo período em que eu deveria estar em Sidney para a divulgação da série de livros qual fazia parte como uma das autoras, eu percebi que o destino estava me dando um sinal de uma vez na vida fazer algo por puro prazer. Não foi fácil conseguir um ingresso em cima da hora, e meu empresário na época não ficou feliz em ter que refazer minha agenda para que eu ficasse dois dias a mais em Sidney, mas me lembro que quanto mais dificuldades apareciam, mais aumentava a minha vontade de ir ao show. Meus colegas caçoaram muito quando anunciei a motivo de permanecer na Austrália mais um dia, ainda mais porque havia todo um estigma de as fãs da banda tinham entre 12 e 15 anos e na época eu estava as vésperas de completar meus 20 anos, mas nada disso me fez mudar de ideia.
Fiquei muito surpresa quando a seção teen de um jornal, me procurou oferececendo um ingresso vip e passe para o backstage em troca de um artigo contanto em primeira pessoa a sensação de ir a um show da banda mais falada do momento, topei é claro mais uma vez encarando como um sinal de que aquela apresentação iria mudar a minha vida, e mudou mesmo. O show em si havia sido incrível, foi o primeiro show da turnê e havia um clima de estreia e ansiedade que tornava tudo mais intenso, durante a apresentação das 23 músicas eu me senti a própria Alice depois de cai na toca do coelho, parecia um universo paralelo ao que eu habitava antes de entrar no estádio e quando os últimos acordes de Best Song Ever soaram anunciando fim do show eu senti que algo em mim havia mudado.
De posse do passe para os bastidores criei coragem de ir conhecer os integrantes da banda que haviam me feito, pela primeira vez na vida realizar uma atividade não programada. Estava sendo levada pelo segurança até a área permitida quando uma fã desesperada me agarrou pelo braço implorando que eu a levasse junto. Implorei ao segurança que permitisse, mas o mesmo não se deixou demover nem mesmo um milímetro, mesmo quando eu me ofereci para pagar a entrada na menina, que já soluçava desiludida abraçada com o que parecia ser sua mãe. A pequena movimentação chamou a atenção de alguns reportes o que me deixou ainda mais nervosa: no final do dia eu ainda era uma figura pública e não podia deixar que uma briga com um segurança manchasse minha carreira.
Surpreendendo até a mim mesma, acabei dando meu próprio passe vip para a garota que depois de me abraçar saiu em disparada seguida da mãe e de outro segurança, enquanto o brutamontes com quem eu havia discutido me escoltava cercada de repórteres até a saída sem no entanto dar nenhuma declaração. Naquela noite, ainda furiosa com o segurança digitei a matéria “Você não pode subornar a porta em seu caminho para o céu”, onde depois de descrever a experiência única proporcionada pelo show, ironizei a atitude do segurança, deixando claro meu desgosto por aquele muro quase intransponível que parecia haver entre os garotos e as fãs na vida real.
Fui arrancada das minhas lembranças, quando uma voz familiar me chamou atenção. A sala com iluminação indireta, uma farta mesa de comida e diversos pufes e sofás espalhados era montada sempre da mesma forma, com exceção de um detalhe: na grande foto localizada atrás da enorme televisão havia apenas 4 garotos e não 5.
E por falar no 5 integrante perdido, era ele mesmo que aparecia na tela da tv, dando mais uma de suas entrevistas, que não condiziam nada com a afirmação inicial após a sua saída da banda: a de querer levar uma vida normal. Ele parecia estar muito bem visto de fora, mas todos nós o conhecíamos o suficiente para saber que ele não estava bem de verdade. Eu tinha certa simpatia por Zayn Malik, na verdade. Como ele reclamava de maneira indireta, eu sabia muito bem como era estar nas mãos da Modest! com seus consultores de marketing controlando cada passo, cada declaração e cada atitude. A minha história com a empresa, começou na reunião que se seguiu ao meu artigo para o jornal australiano, a Modest! teria acabado com a minha carreira por causar um escândalo envolvendo a One Direction logo no primeiro show da turnê se eu não tivesse topado fazer parte de uma enorme rede de mentiras.
Minha primeira lembrança ao desembarcar em Los Angeles foi o calor infernal no aeroporto que me fazia pensar ainda estar na Austrália e a carranca do meu agente que me esperava de com uma mala na mão para embarcar novamente para o outro lado do mundo para uma reunião relâmpago com a equipe de marketing responsável pelo One Direction em Londres. Ainda estava tonta pelas doze horas de voo fora a enorme diferença de fuso horário e tentei acompanhar o fluxo de informações que meu agente despejava sobre mim. Enquanto eu voava, longe de qualquer veículo de informação, as informações sobre o acontecido na Austrália voavam o mundo todo. Além do meu artigo irônico, algumas revistas de fofoca também publicaram o acontecido graças aos repórteres presentes e havia até uma foto tirada no momento em que o segurança me escoltava até a saída segurando meu braço que havia sido divulgada como provas de que eu teria sido inclusive agredida. O relato da própria fã que eu havia ajudado só piorou as coisas para o meu lado, como minha credencial era de imprensa, ela não foi autorizada a tirar nenhuma foto com os meninos e teve que se contentar com um aperto de mão e um autografo simples de apenas um integrante já que os outros atendiam aos demais membros da impressa que estavam por lá.
Meu agente permaneceu nervoso durante todo o tempo, e eu percebi que o assunto era realmente sério quando ele me informou que embarcaríamos em um avião particular da própria Modest! a fim de chegar a Londres o mais rápido possível. Estava cansada demais, e apavorada demais para ter algum pensamento racional: uma empresa como essa poderia facilmente arruinar uma escritora no início de carreira como era o meu caso. Meu pai tinha uma bem sucedida empresa de publicidade e com ele eu havia aprendido que qualquer informação falsa, poderia se tornar verdadeira desde que bem veiculada.
Aproveitando que de passageiros éramos apenas nós, meu agente depois de escutar a minha versão da história, e depois passou a vomitar informações e conselhos que eu deveria seguir antes, durante e após a reunião. Assim que foi liberado o uso de aparelhos eletrônicos, e aproveitando o WiFi a bordo, liguei meu celular e notebook pela primeira vez em quase 36 horas por conta dos fusos, e fui inundada com uma quantidade infinita de notificações.
Depois de acalmar meus pais por mensagem, e receber o apoio de alguns amigos próximos, procurei dei uma olhada em meu twitter sondando a reação das pessoas e fiquei muito surpresa ao ver que estava recebendo muito apoio, não só das minhas fãs, como de alguns famosos e veículos de informações e até das próprias directioners, que pareciam me ver como a heroína da história. A situação toda me deixou elétrica demais para dormir e acabei fuçando cada mention minha, ficando chocada com algumas que me chamavam e piranha aproveitadora e afirmavam que eu estava só querendo chamar atenção. Foi quando a eficiente aeromoça anunciou que estávamos perto de pousar que me dei conta da situação em que me encontrava: estava em Londres, depois de 36 horas sem dormir, prestes a ter a reunião da minha vida.
Uma coisa posso afirmar sobre os executivos da Modest!: eles não brincavam em serviço. Embora o primeiro tópico da reunião tenha sido um pedido de desculpas pelo comportamento do segurança, a primeira hora foi uma compilação das consequências negativas que meus atos haviam causado, intercaladas com nomes e processos jurídicos complicados demais para a minha mente cansada processar e que poderiam ser utilizados pela empresa contra mim em um tribunal. No final da tortura, foi me oferecido duas opções: na primeira eu iria me desculpar publicamente afirmando que tudo não havia passado de um mal entendido e que eu havia exagerado um pouco ao escrever o artigo, além de assinar um documento onde concordaria em manter toda a reunião em absoluto sigilo e no futuro não realizar nenhuma declaração a respeito do incidente com a banda ou quaisquer outros tópicos envolvendo a One Direction.
A primeira opção era assustadora porque colocava em risco tudo o que eu havia trabalhado até então, eu havia começado como uma simples escritora brasileira de fanfics do McFly que deu a sorte de ter o livro publicado e virado um sucesso primeiro nacional e depois internacional: tudo isso antes dos meus 18 anos. Com a maioridade e contra a vontade dos meus pais eu me escrevi em um curso rápido de literatura, redação e escrita em Nova York que melhorou muito meu estilo e acabou chamando a atenção do meu atual agente. Dois anos depois eu já havia publicado dois livros e estava atualmente trabalhando em um projeto divertido com outros autores jovens, além de publicar vez ou outra colunas e artigos para importantes jornais e revistas ao redor do mundo, sempre com um tom irônico e divertido que se tornou minha marca registrada. Eu tinha grandes sonhos a realizar ainda, e portanto evitava a todo custo me envolver em polemicas e fofocas, tentava ser sempre o mais discreta possível evitando me tornar o estereótipo que mundo tinha das brasileiras. Contar ao mundo que eu havia exagerado em uma matéria colocaria toda a minha carreira em dúvida e mandaria minha credibilidade para o espaço.
A segunda opção era no mínimo controversa, no entanto caso eu topasse só traria benefícios para a minha carreira, além de tecnicamente não prejudicar nenhum dos envolvidos. Claro que eu topei a segunda opção.
Então, novamente a Austrália e após um descanso merecido em Londres, minha mente estava desperta o suficiente para passar todo o tempo de voo até a Melbourne lendo e relendo cada linha do contrato que eu havia assinado em um momento de fraqueza. Descansada e desperta, me dei conta de que a maior parte dos meus medos haviam sido irracionais e que se tivesse pedido um tempo pra pensar poderia ter negociado uma estratégia bem menos... drástica.
Em resumo básico, eu me comprometia a acompanhar a banda durante seis meses e ficaria responsável por escrever um espécie de diário de viagem contanto como tinha sido minha experiência convivendo com os garotos. Claro que todo o material passaria por uma criteriosa avaliação e foi inclusive sugerido a ideia de usar escritores fantasmas, ideia que eu descartei de cara. Todas as minhas ações a partir dali seriam milimetricamente calculadas até mesmo minhas roupas, a imagem a ser passada era a de uma jovem escritora apaixonada por One Direction que após um desagradável incidente, de fã virou amiga pessoal dos meninos, que tiveram a ideia de me convidar para a turnê. É claro que o conto de fadas não estaria completo se não tivesse um romance falso no meio, e é claro que teria que ser com o integrante mais desejado (porque se as fãs não me aprovassem, eu iria ter o ódio eterno de cada uma e de um jeito ou de outro ninguém iria acreditar na minha palavra). Essa última parte não foi dita durante a reunião (ou talvez tenha sido e eu estava cansada demais para reparar), mas estava muito claro pra mim: eu havia feito uma grande confusão entre as fãs e a banda, e agora iria consertar isso.
- Garota Styles, como vai? – A voz rouca e animada me trouxe de volta para o presente e eu sorri ao ver Jamie Lawson parado me olhando curiosidade, a entrevista do Malik já havia acabado e agora passava um programa qualquer de variedades.
- Olá, James, bem e você? – falei olhando para o inglês que parecia me analisar atentamente, de todos os artistas que fizeram as aberturas dos shows do 1D, James havia sido meu favorito (depois do McBusted é claro). O fato dele ser mais velho e estar sempre calmo e confiante me fazia relaxar no bastidores durante a sua apresentação e suas músicas tinham um tom mais conceitual e folk, ao contrário do estilo pop e animado dos meninos: pra mim era uma boa combinação.
- Estou bem, seu namorado me enviou para ver se você não havia derretido em lagrimas – o comentário foi pontuado por um olhar intenso e penetrante.
- Estava apenas me lembrando de como essa loucura toda começou – respondi e sentindo que as lagrimas podiam voltar a qualquer momento – Eles ainda estão passando o som?
- Estão sim, como se fosse a primeira apresentação – James sorriu na última palavra e passando os braços pelos meus ombros foi me levando de volta para o palco. Os bastidores agora estavam mais calmos. Era o terceiro show na Arena de Sheffield e a maior parte das estrutura já estava pronta, com exceção de pequenos detalhes, se fosse em qualquer outra ocasião, os quatro estariam envolvidos em alguma aventura na cidade e deixariam para fazer uma passagem rápida do som meia hora antes da apresentação.
Mas esse show era muito especial, era o último show da turnê On the Road Again, e mais do que isso: o último show antes da pausa da banda. Havia um clima de despedida no ar, e embora todos sorrissem e prometessem manter contato eu sabia que não iria ser bem assim. A razão pela qual o One Direction arrastou uma legião de fãs era a mesma pela qual seria difícil os quatro se reunirem novamente: se tratava de personalidades completamente diferentes umas das outras. E não só como pessoas, mas as próprias identidades musicais eram divergentes. A Modest! Conseguiu conciliar essas diferenças sufocando os meninos e ditando cada passo, cada nota e cada aspecto de suas vidas, mas eu sabia que assim que estivessem livres disso tudo, seria muito difícil traze- los de volta.
James me soltou quando chegamos na beira do palco e se afastou indo conversar com o vocalista da Augustana, a outra atração de abertura. No palco os meninos riam de alguma coisa enquanto se mexiam sem parar, atrapalhando a vida de um fotografo que se esforçava para capturar os últimos momentos. Do outro lado, meu sangue gelou ao avistar Will Hasting, o diretor de marketing da Modest! Responsável pelos garotos. Oficialmente, meu contrato com a Modest! havia se encerrado a quase um mês, e portanto eu não tinha mais motivos para viajar com a banda ou obedecer seus manager. No entanto, depois de meses tendo cada passo meu ditado pelo Will e sua equipe com a ameaça silenciosa cada vez que cometia um deslize de estar comprometendo minha carreira, era difícil não me sentir intimidada por vê- lo tão próximo.
Desviando o olhar de Will, olhei pra frente para a enorme estrutura que logo estaria repleta de fãs e seus gritos, era difícil saber que possivelmente era a última vez que veria aqueles quatro junto sem um palco. Senti as lagrimas voltarem com força e segurei firme dessa vez, ouvi alguém chamar meu nome e sorri ao ver Harry se aproximando:
- Que tal eu ganhar um pouco de atenção da minha namorada? - Me aproximei ainda sorrindo ele me envolveu pela cintura segurando meu rosto com a outra mão e me beijando de forma carinhosa. Ouvi o barulho da câmera batendo uma foto e algazarra que os meninos faziam ao nosso redor, mas tudo parecia distante, quase em outro planeta. Os beijos do meu namorado sempre me aqueciam de dentro para fora, passei as mãos pelos seus cabelos que estavam enormes (um dos atos de rebelião contra a gestão), e suspirei baixinho quando ele rompeu o beijo com selinhos carinhosos. Abri os olhos encarando seu rosto ainda com os olhos fechados, acariciei seu rosto maciou e ele me deu um beijo carinhoso na palma.
- Harry e garota Styles – a voz sarcástica e autoritária do Hastings nos tirou de nossa bolha e meu namorado o encarou firme enquanto eu me escondia em seu peito. – Fez um belo trabalho senhorita Albuquerque, soube que o livro já está com a segunda tiragem esgotada.
- Obrigada Will – Respondi, tentando tornar meu tom de voz o mais firme possível. Harry não disse nada, embora suas mãos passassem carinhosamente pelas minhas costas em um apoio silencioso.
- É realmente uma pena, que não queira assinar conosco por mais seis meses. Temos ideias fantásticas para a promoção do seu livro e divulgação do seu trabalho. – Harry me apertou um pouco mais e eu me senti furiosa por estar novamente sendo alvo das propostas da agencia que quase me levou a loucura em seis meses.
- Eu agradeço mais uma vez pela oportunidade, mas não obrigada. – Will sorriu como se previsse exatamente essa reação, ele estendeu um cartão que eu peguei de forma automática e se afastou. Olhei pra cima e encarei Harry que olhava contrariado Will se afastar, parando vez ou outra para dar ordens a algum membro do staff.
- É inacreditável como eles não desistem – falei irritada, me separando do moreno e rasgando o cartão em duas partes. Harry riu e voltou a me abraçar, ignorando os pedaços de papel que caíram no chão.
- Sabe o que eu acho realmente inacreditável? – olhei pra ele intrigada - ser o único que aparentemente ainda não leu o seu livro.
- Você não precisa ler Hazza, você viveu tudo que está lá – fiquei na ponta dos pés para dar um selinho no garoto de olhos verdes que fez bico.
- Nem tudo o que está lá aconteceu de verdade – ele pontou suspirando, de todos os garotos Harry e Zayn eram os que mais tinham problemas em aceitar todas as interferências da Modest!.
- Assim como nem todas as verdades estão lá – ele me olhou surpreso pela afirmação – Você e eu por exemplo, somos um capitulo a parte.
- Garota Styles, você sabe mesmo como usar as palavras – sorri, e automaticamente me lembrei da primeira vez que eu ouvi aquele apelido.
15 de março de 2015 - Tailândia
- Será que nunca vamos aprender? Merda , estou cansando de chegar sempre no mesmo ponto. Já estivemos aqui antes, e algo me diz que não é a nossa ultima vez. – O garoto moreno de cabelos enrolados passava as mãos pelos cabelos que estavam mais compridos do que o normal, encolhida em um canto eu apenas tentava respirar um ar que não estivesse carregado do seu perfume forte. Na mesinha a minha frente, a manchete sensacionalista parecia saltar em 3D, “CASAL APAIXONADO OU FRALDE”. Já havia se passado um mês desde a Austrália, e até onde o público sabia, eu e Harry Styles estávamos a 15 dias vivendo um romance de conto de fadas. Harry parecia ser o namorado dos sonhos, era gentil e educado, e apesar da fama mais do que confirmada de galinha, até então havia sido um cavalheiro e honrado o acordo em cada clausula. Só que eu não conseguia agir da mesma maneira, claro que não estava tendo problemas em ser fiel, no entanto, tinha extrema dificuldade em ser espontânea e demonstrar qualquer tipo de afeto em público, e é claro que as pessoas começaram a reparar nisso. Nunca foi da minha personalidade mentir e isso por si só já representava um enorme problema, juntando isso ao fato de que minhas experiências amorosas eram bem pequenas e a minha própria personalidade fechada e podemos dizer que para o mundo eu era um protético de namorada fria e sem graça, e isso não era nada bom.
Harry estava sempre pegando na minha mão, me dando selinhos inesperados entre outros gestos carinhosos, mas a minha reação natural para cada um desses atos era me afastar vermelha ou paralisar de susto. E os paparazzis estavam lá para registrar cada um desses momentos, isso irritou muito a Modest! que pegava cada vez mais pesado, obrigando eu e o Harry a passarmos praticamente 24 horas juntos na esperança de criar uma química entre nós, já que as fãs se encantaram com a ideia do Harry finalmente namorar alguém parecido com elas. Mas tudo se resumia a nos dois presos em mais uma reunião com um dos gestores gritando enquanto apontava para mais uma matéria da imprensa marrom.
- Sabe o que eu acho? Nós não conversamos o suficiente, você e eu. – Harry se sentou em cima da mesinha na minha frente e segurou minhas mãos geladas me fazendo olhar para ele - Devíamos nos abrir um com o outro, antes que tudo seja demais, .
Encarei seus olhos verdes que me encaravam ansiosos, eu sabia que naquele momento era tudo ou nada. Precisa superar anos de timidez e me abrir com outro ser humano, ou isso não ia funcionar pra nenhum de nós.
- Eu... eu não tenho muito experiência com isso Harry, não consigo me sentir à vontade com essa coisa toda. – Suspirei e tentei puxar a minha mão, mas ele segurou com mais força me obrigando a manter o contato físico e visual.
- Com essa coisa toda você quer dizer o contrato, os paparazzi, o livro ou a nossa relação – suspirei me lembrando de outro ponto, cada texto que eu escrevia para o Diário de viagem era analisados e tinha tanta coisa que invariavelmente tinha que cortar, acrescentar e alterar, que era como escrever dois textos distintos. – Você precisa me dizer , o que mais te deixar nervosa ou isso não vai funcionar nunca.
- Você, você me deixar nervosa – falei de uma vez só, ele me encarou surpreso afrouxando um pouco as mãos e eu aproveitei para levantar e soltar tudo de uma vez – Eu não sou como você Harry, não tenho muitas experiências amorosas e nunca fui de me aproximar muito das pessoas. Não sei como reagir quando você me toca e nem como tocar em você, relações são confusas quando se trata de um casal de verdade e no nosso caso eu não consigo deixar de me preocupar em ultrapassar algum limite e acabar machucada ou machucando você...
O quarto subitamente ficou em silencio e encarei o garoto que me encarava sem saber ao certo o que dizer, dei as costas e caminhei até a varanda. A noite em Cingapura era simplesmente linda, as luzes dos prédios me lembravam São Paulo embora mais limpa e organizada e ainda mais quente. Era nossa última noite na cidade antes de embarcarmos para a Tailândia, hoje os meninos haviam se dedicado apenas a entrevistas e atender algumas fãs que haviam ganho uma promoção. Eu havia passado o dia trabalhando nas alterações do último manuscrito e apesar das alterações e das inúmeras mentiras que era obrigada escrever, estava orgulhosa da minha escrita estar evoluindo a cada página.
Senti uma movimentação atrás de mim e Harry encostou no parapeito ao meu lado:
- Eu também não era bom com essa coisa toda no início, e acho que nunca vou me acostumar com o fato de ter de mentir diariamente para o mundo todo. – Olhei para o garoto, surpresa com suas palavras, mas não fiz qualquer menção de interrompe- lo. Ele me olhou de perfil antes de continuar – É como um personagem , não é muito diferente de criar a ficção que eles estão te fazendo escrever. O mundo todo pensa que é real, e só nós sabemos que não passa de uma atuação.
Assenti pensando em suas palavras, desse ponto de vista parecia simples. Mas não era tão simples assim, e nós sabíamos.
- Pense em você daqui pra frente como um personagem e não como Albuquerque – ele me olhou e se aproximou devagar testando minha reação, eu comecei a andar para trás até que a parede fria me impediu. Olhei para o garoto a minha frente, assustada com a proximidade. –Você a partir de hoje é a garota do Harry Styles
Ele impediu que qualquer pensamento chegasse até o meu cérebro quando encerrou a distância entre nós, selando nossos lábios e me abraçando pela cintura. Sua boca macia fazia uma pressão leve contra a minha e aos poucos eu fui relaxando e retribuindo o beijo que foi evoluindo aos poucos. Uma das mãos do moreno subiu embrenhando em meu cabelo e puxando de leve, deixando as coisas mais intensas, suspirei e o puxei mais pra perto deixando uma das mãos em seu ombro e a outra acariciando sua nuca, sentindo sua pele se arrepiar com a caricia. Aos poucos fomos parando o beijo, e ele foi se afastando depositando leves selinhos em minha boca e pelo meu rosto, meu corpo todo formigava e eu me sentia muito mais leve do que o normal. O calor do seu corpo ainda junto ao meu era sufocante de uma maneira gostosa diferente, sua respiração quente em meu rosto me fazia viajar:
- Esse é um péssimo nome para uma personagem – falei, um pouco ofegante ainda. Mais senti do que vi sua risada, e só me atrevi a abrir os olhos quando ele segurou meu rosto com as duas mãos, seus olhos verdes me encaravam divertidos e só então eu notei que estava na ponta dos pés:
- Garota Styles então – sentenciou antes de se inclinar para me beijar novamente.
Os primeiros acordes de Midnight Memories soavam, e no entanto eu já havia voltado a chorar. As fãs, o staff e principalmente os garotos pareciam sentir o tom de despedida em cada nota, era bonito e aos mesmo tempo doloroso de assistir. Eu havia desistido desde o início de segurar as lagrimas, era a terceira vez que eu me despedia de um show dos garotos, e desse vez eu decidi aproveitar cada segundo, cada brincadeira planejada e cada não planejada. Tentava absorver tudo o que acontecia usando toda as minhas capacidades sensoriais. Depois de assistir todos a quase todos os shows dos garotos, eu conhecia todas as letras, cada trocadilho que eles faziam e cada gesto coreografado e até alguns que eles faziam por habito, no entanto nunca havia me acostumado com o fato de serem quatro e não cinco no palco.
19 de Março de 2015 - Hong Kong
A verdade é que depois de um tempo, tendo todos os seus passos controlados, e sabendo com antecedência quais as mudanças bruscas que aconteceriam em nossas vidas nos próximos meses, a reação do Zayn pegou todos nós de surpresa. Ele nunca escondeu o quanto se sentia incomodado com a extrema vigilância da mídia, o assédio das fãs e principalmente a forma como a Modest! controlava cada passo com punhos de aço. Eu nunca soube exatamente qual havia sido a gota d’agua pra ele, Malik não era a pessoa mais comunicativa e quase sempre preferia ficar em um canto sozinho com seus pensamentos. Por essa razão acabamos próximos, ele sempre usava meu quarto pra escapar da bagunça dos meninos e enquanto eu digitava em silencio por horas ele assistia a algum programa bobo na teve enquanto fumava um cigarro. A verdade que nenhum de nós gostava de admitir é que todos sentimos algo diferente em seu último show com a banda, ele parecia mais descontraído do que nunca e embora exibisse um ar de cansaço me lembro de como parecia nostálgico. Me lembro que por alguma razão, em um impulso eu acabei fazendo uma selfie no backstage com ele e os garotos, eu não tinha ideia de que aquela seria a última foto dele com a banda.
No dia seguinte ao show dos era um day off e Harry insistiu em sair para conhecer Hong Kong, apesar de vez ou outra os jornais ainda pegarem no nosso pé, tínhamos superado os obstáculos iniciais e ainda que eu corasse bastante na presença dele, conseguíamos ser bastante espontâneos um com o outro. É claro que não pudemos ir a lugares realmente famosos, mas acabamos nos divertindo bastante ao chegar no hotel e encontrar a equipe completa da Modest! nos esperando, junto com Louis, Liam e Niall na sala de reuniões. Fomos informados que Zayn tinha saído do hotel de manhã a caminho do aeroporto e que estava se afastando da turnê por excesso de stress: ninguém realmente acreditou nas palavras do Will. Me lembro da mão do Harry apertar a minha por baixo da mesa e de como todos os meninos exibiam olhares perdidos, como se estivessem tentando montar um quebra cabeça sem metade das peças.
Malik não havia deixado nenhum bilhete, mandado nenhuma mensagem, sequer se despedido. Simplesmente arrumou as coisas e foi embora, aquilo doeu em todos.
A orientação que recebemos era de evitar a imprensa geral, nada de declarações a respeito do Malik, e nada de pressiona- lo. Ele tinha uma reunião com a Modest! no dia 24/03 e todos nós deveríamos esperar parecia ver qual seria sua posição. Todas as entrevistas que haviam sido marcadas em Hong Kong foram desmarcadas, e naquela noite mesmo embarcamos para a Filipinas, o clima estava tenso e lembro de ter ouvido um dos meninos chorar. O dia seguinte foi um verdadeiro caos, Will insistiu que eu deveria ficar por perto fazendo as vezes de namorada delicada, mas os ensaios que duraram da manhã até o anoitecer foram difíceis de assistir. Todas as canções tiveram que ser repassadas com um dos garotos cantando a parte do Malik, mas vez ou outra alguém esquecia e um grande período vazia parecia gritar a verdade que todos tentavam evitar: ele não ia voltar.
E no dia 25/03 pela manhã, todos recebemos o texto pronto que deveríamos replicar nas redes sociais: Malik estava oficialmente fora da banda. Todos tivemos que participar então de uma segunda reunião onde recebemos novos números de telefone e fomos proibidos de manter contato com o ex - one directior. Eu não precisei ficar para a segunda prte, mas Harry me disse que todos foram obrigados a assinar um contrato de fidelidade onde se comprometiam a seguir com a turnê até o fim, com uma punição de milhares de dólares caso fosse descumprida.
Depois de interagir com as fãs, os primeiros acordes de Little Things começaram e cada garota na plateia gritava a letra pedacinho por pedacinho a plenos pulmões, era lindo de se ver. Havia muito amor entre as fãs e os garotos e vice e versa. Mesmo que as vezes se assustassem com algumas mais ousadas, os garotos tentavam ao máximo estar próximos a elas e era muito interessante ver toda essa interação. Durante a turnê em vários shows eles cantavam parabéns para as aniversariantes, faziam o máximo possível de aparições e mesmo quando não podiam atender uma por uma tentavam dar o máximo para estar próximas a elas. Minha promoção favorita, sem dúvida havia sido a do parque do Harry Potter, durante a parte americana da turnê. Na verdade, o último show no Estados Unidos havia mudado completamente a minha vida e a minha relação com o Harry, e se estou aqui hoje foi por causa daquela noite estrelada em Massachusetts.
12 de Setembro de 2015 Massachusetts – EUA
- Por que estamos sempre presos a esses malditos contratos, sempre fugindo das balas – Afirmei com muito mais convicção do que eu sentia e embora minha voz tenha saído tremida por causa do choro, sei que as palavras foram compreendidas pelo moreno que se calou de imediato. Não levantei o rosto para olhar em sua direção, apenas continuei a arrumar as minhas malas, as lagrimas escorrendo silenciosamente pelo meu rosto. A verdade, é que como eu havia previsto, acabei me envolvendo muito mais do que eu devia com meu namorado falso, e mesmo que tivéssemos vividos momentos mágicos e intensos aos redor do mundo, tudo ainda era motivado por um contrato, contrato esse que estava próximo ao fim. Senti seu corpo se aproximar do meu e ele me abraçou pela cintura me fazendo largar a blusa que eu dobrava para entrelaçar seus dedos nos meus, encostei a cabeça sem seu peito e senti sua respiração bater em meu pescoço me fazendo arrepiar:
- Apenas pare de chorar garota Styles, vai ficar tudo bem – Ele sussurrou em meu ouvido e eu suspirei sentindo seu corpo quente contra o meu gelado.
- Eles me disseram que o fim está próximo Harry, não há muito o que fazer agora. – suspirei mais uma vez e inspirei profundamente tentando guardar seu cheiro na memória – Eu terminei o que fui contratada pra fazer, o livro já foi para a editora e você definitivamente perdeu sua fama de galinha. Agora é hora de voltar pra vida real.
Ele riu contra o meu pescoço me fazendo arrepiar, seus lábios depositaram um beijo leve região, que fez com que eu me encolhesse. Ele segurou meu rosto me fazendo olhar pra trás e encarar aquela imensidão verde, me perdi em seus olhos e por um minuto senti como se estivesse atravessando a atmosfera, meu coração batia muito rápido e meu corpo que estava gelado começou a esquentar em regiões especificas:
- Temos que sair daqui, você e eu, – Ele sussurrou, e eu voltei a olhar pra frente, encarando o papel de parede floral do quarto. Sabia que aqui, não se referia ao hotel e sim ao momento, as correntes da Modest!, as ordens do Will – Mas eu não posso sair agora, e não vou conseguir ficar aqui sem você.
As mãos dele me apertaram com mais força e senti seu corpo se grudar mais ao meu.
- Vai ficar tudo bem, Harry. Podemos nos encontrar de novo em algum lugar longe disso tudo – sussurrei, embora não houvesse confiança em minhas palavras. Sabíamos demais um do outro. Não só o conto de fadas que o mundo inteiro conhecia, mas os defeitos, as qualidades, tínhamos bons momentos, nossas discussões, as ordens da Modest! que moldavam uma imagem completamente diferente do que éramos na realidade. Mas acima de tudo, depois de tudo o que passamos, já estava claro para ambos que nossos caminhos não estavam interligados. Harry estava destinado a ser um grande musico, com ou sem a banda, enquanto meu talento era transmitir em palavras o dele era transmitir em melodias. Tínhamos carreiras opostas e até mesmo morávamos em continentes opostos, depois que eu fosse, seria muito difícil voltar atrás. Senti seus lábios voltarem ao meu pescoço me fazendo novamente arrepiar, suspirei e apertei seus dedos o que lhe deu motivos para beijar a minha pele com mais vontade e vez ou outra morder de leve a região. Ele soltou minhas mãos e segurou meu cabelo pela nuca puxando meu pescoço mais pra trás para dar um chupão em um ponto especifico que me fez gemer baixinho:
- Harry – suspirei segurando, sem seu casaco que era a única parte que eu conseguia alcançar- Harry, eu tenho que ir - Me soltei e caminhei pra fora do quarto, me sentando em uma poltrona na antessala e tentando colocar meus pensamentos em ordem. Fechei os olhos e tentei me concentrar em minha respiração, antes de ceder a minha mente que me implora para voltar ao quarto.
- Já estivemos aqui antes, e algo me diz que não é a nossa última vez garota Styles – Harry citou e eu sorri levantando o rosto e dando de cara com ele sentado na mesinha a minha frente, exatamente como a seis meses atrás na Tailândia. Como da outra vez ele segurou minhas mãos e olhou fundo em meus olhos – Se eu fosse um cara legal, te agradeceria por ter feito um ótimo trabalho durante todos esses meses, não só escrevendo sobre mim e os garotos, mas como minha garota, e como minha melhor amiga, se eu fosse esse cara estaria te ajudando com as malas e te aconselhando a aproveitar muito sua vida. Devíamos nos abrir um com o outro, antes que tudo seja demais, .
Ele citou sorrindo torto e me fazendo sorrir também. Não recuei quando ele me beijou e nem mesmo quando o beijo se transformou em beijos, e quando eles deixaram de ser apenas em minha boca tudo o que eu fiz foi ajuda- lo a desbotar a camisa. No outro dia de manhã acordei com o som em meu rosto e suas mãos grandes acariciando meus cabelos:
- Estou feliz que você não seja um cara legal, Harry – falei me virando e automaticamente corando ao perceber que estava nua em baixo dos lençóis.
- Isso quer dizer que você vai ficar – ele perguntou esperançoso e eu sorri ao ver um brilho maroto em seu olhos:
- Bom, eu não tenho nenhum lugar pra ir, e as coisas estão bem legais daqui.
Story of My Life terminou e os quatro meninos se abraçaram, no backstage eu mesma já havia abraçado e recebido inúmeros abraços de diversos membros da equipe. Eu não consegui controlar as lagrimas, era difícil de acreditar que aquele seria o último show da banda, perdida na confusão de despedidas e lagrimas que virou os bastidores eu não vi o tempo passar, e me assustei quando duas mãos grandes seguraram meu rosto:
- Pare de chorar, amor. É um sinal dos tempos – Harry citou a mesma frase de mais cedo e eu assenti ainda com os olhos vermelhos. Abracei meu namorado vendo que mesmo tentando ser forte Harry não estava muito longe de chorar também. Abracei os outros meninos que também estavam no limite, embora Louis e Niall já tivessem cedido a pressão e derramado algumas lagrimas. Aos poucos os bastidores foram esvaziando e como dessa vez não foram permitidos repórteres, tudo tinha uma atmosfera muito mais real e verdadeira.
Os gestores da Modest! fizeram os meninos uma última vez entrarem juntos em uma sala de reunião no hotel em que estávamos todos hospedados, e eu só pude entrar porque Harry insistiu muito, do lado de fora havia tantas fãs que após sair do estádio levamos quase o triplo de tempo para entrar no hotel. A reunião na verdade foi apenas uma despedida forma, em que Will mais uma vez tentou vender aos meninos a ideia de realizar só uma pausa e no final todos concordaram em deixar as opções em aberto. No final, o próprio Simon Cowell apareceu e fez um brinde em homenagem aos quatro, e todos se despediram uma última vez.
- Temos que ir embora garota Styles – Harry sussurrou em meu ouvido lá pelas três e meia da manhã, enquanto fingíamos ouvir o discurso de Niall a respeito da sua paixão pelo golf. – Temos um avião para pegar e não podemos nos atrasar.
- Não podemos remarcar? ou sei lá pagar novas passagens – sussurrei ainda encarando Niall que discursava animado, apesar dos olhos vermelhos o entregarem.
- Você não pode subornar a porta em seu caminho para o céu – ele sussurrou de volta e eu sorri, lembrando do artigo que me levou até ali. Passamos por muitas coisas juntos, foi necessário ser eu mesma e ao mesmo tempo não ser para conquistar aquele amor, mas no final acho que tudo aconteceu graças aos sinal dos tempos.