Capítulo único
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— Não é possível que você não tenha percebido, %Olga%! — %Hoseok% jogou o paletó sobre o sofá.
%Olga% revirou os olhos e então se escorou na porta, agora fechada por ela mesma. Retirou os sapatos de salto alto, voltando a ficar na altura normal.
— Não revire os olhos para mim %Olga%! Você reparou, não tinha como não reparar. Eu disse que esse vestido ia causar uma briga entre nós dois hoje.
— Claro, o vestido. Não o seu temperamento, né %Hoseok%?
— Meu temperamento? — %Hoseok% riu, um riso seco, incrédulo. — Eu passei a noite toda vendo aquele idiota do Marketing se esfregar em você enquanto você sorria como se estivesse adorando! O problema é meu?
%Olga% caminhou lentamente até a poltrona, com a expressão mais exausta do que irritada. Sentou-se com cuidado, cruzando as pernas e apoiando os cotovelos nos joelhos.
— Ele é meu colega de trabalho, %Hoseok%. Eu sorrio porque sou educada. Se você acha que qualquer sorriso meu é flerte, então o problema é bem mais embaixo.
— Ah, então agora a culpa é minha por ser afetado? Por me importar?
— Por ser possessivo, isso sim! — %Olga% rebateu, a voz subindo pela primeira vez. — Por transformar tudo em disputa, como se eu fosse um prêmio que você precisa defender!
— Não diga isso. — A voz dele baixou, mas os olhos ainda ardiam. — Não diga isso porque você sabe que eu nunca te tratei assim. Mas me desculpa se me incomoda ver outro homem tocando você como se tivesse esse direito.
O silêncio caiu por alguns segundos, denso e quente como a própria raiva que ainda os cercava.
%Olga% suspirou, apoiando a cabeça nas mãos.
— Eu não sou sua inimiga, %Hoseok%.
— Às vezes parece que é — ele rebateu, cansado. — E o pior é que... mesmo agora, com essa raiva toda, tudo que eu consigo pensar é em como você está linda com esse maldito vestido.
— A gente briga tanto — ela murmurou. — E mesmo assim…
— Porque você não pôde simplesmente me ouvir quando eu te pedi para trocar de vestido?
—
Porque eu não sou sua boneca, %Hoseok%! — %Olga% explodiu, os olhos faiscando. — Você me pede, eu digo não, e pronto, a gente entra em guerra? Que tipo de relacionamento é esse?
— Um onde eu me importo com você! Onde eu
me importo com o jeito que te olham! Você acha que aquilo me faz bem? Ver todos os caras do evento babando por você como se estivessem prontos para pular em cima?
— Então o problema não é o vestido, é o seu ego ferido — ela cuspiu as palavras, cruzando os braços. — Porque Deus me livre alguém me achar bonita e você não conseguir lidar.
— É claro que me fere, %Olga%! — %Hoseok% deu um passo na direção dela, a voz tensa. — Porque enquanto você se diverte com a atenção, eu fico ali, como um idiota, tentando fingir que não quero arrancar os olhos de todo mundo naquele salão!
—
Isso não é amor! Isso é controle! — Ela rebateu, agora cara a cara com ele. — E se você não sabe a diferença, talvez você seja mais perigoso pra mim do que qualquer cara que tenha me olhado essa noite.
A respiração dele travou. A dela também. Por um momento, ambos congelaram. A distância entre seus corpos era praticamente inexistente agora. O silêncio seguinte foi como um trovão prestes a explodir.
— Você me provoca de propósito. — %Hoseok% murmurou, entre dentes. — Veste isso. Sorri pra todo mundo. Me desafia com esse olhar.
— E você acha que pode me calar só porque fica excitado quando me vê assim? — ela rebateu com o mesmo tom baixo e fervente. — Acha que pode me punir com sua raiva, mas no fundo só quer me tocar.
A mão dele subiu até o braço dela, apertando com firmeza. Ela não recuou. Ao contrário — ergueu o queixo, desafiando.
— E você me deixa em chamas.
Ele puxou o braço dela de repente, não com violência, mas com urgência, e os dois cambalearam até o sofá. Ela tropeçou para trás e caiu sentada, o vestido subindo um pouco nas coxas. %Hoseok% a seguiu, ficando de pé diante dela, as mãos nos bolsos, como se lutasse contra tudo que queria fazer.
— Se você continuar me provocando desse jeito, eu juro…
— Jura o quê? — %Olga% sussurrou, o olhar desafiador, as palavras como faísca. — Vai me mostrar o quanto te incomoda?
Ele se inclinou devagar, o rosto próximo ao dela, as mãos ainda firmes nos bolsos. O cheiro dela o enlouquecia. A raiva dela o incendiava.
— Cuidado com o que deseja — ele respondeu, com a voz rouca. — Porque eu sou péssimo em parar no meio.
— E eu sou péssima em resistir — ela rebateu, o olhar fixo na boca dele. A respiração de ambos já misturava o ar entre eles, quente, ofegante.
Num segundo, o silêncio implodiu.
%Hoseok% se inclinou de vez e tomou a boca dela com a dele. Não foi um beijo suave — foi um ataque. A raiva ainda latente se traduziu nos movimentos bruscos, nos dedos dele apertando a cintura de %Olga% com força, nos lábios famintos que exigiam mais. Ela respondeu com igual intensidade, os braços enroscando em volta do pescoço dele, puxando-o para mais perto como se quisesse fundi-los.
As mãos dele deslizaram pelas coxas dela, abrindo caminho por entre o tecido do vestido, até alcançar sua pele nua. %Olga% arfou contra os lábios dele, uma mistura de surpresa e necessidade, os dedos fincando nos ombros dele.
— Você me provoca — ele murmurou contra o pescoço dela, mordiscando a pele com raiva e desejo. — Me tira do sério e depois age como se não soubesse o efeito que tem.
— E você... — ela retrucou, puxando a camisa dele para fora da calça, os dedos entrando por baixo, tocando a pele quente. — Você vive dizendo que me odeia assim, mas nunca consegue se controlar.
Ele puxou o vestido dela até a cintura e a deitou de costas no sofá, os olhos flamejando sobre ela. Por um instante, apenas a encarou. Como se quisesse gravar aquela imagem: %Olga% com os cabelos bagunçados, as pernas abertas para ele, os lábios entreabertos e o peito arfando.
— Eu não te odeio. — disse, num sussurro rouco. — Eu te quero mais do que deveria.
Ela ergueu os quadris em resposta, convidativa, como se dissesse
então me mostra.
%Hoseok% se abaixou sobre ela, distribuindo beijos quentes e beirando a brutalidade pelo pescoço, clavícula, ombros. Os gemidos dela escapavam sem controle, as mãos agarrando os cabelos dele, guiando, puxando, pedindo mais.
Os corpos se encaixando no sofá estreito de forma desajeitada, mas nenhuma parte daquilo era calma ou delicada. Era bruto. Era urgente. Era inevitável.
Os movimentos começaram intensos, sem pressa para serem sutis. O ranger do sofá, os sussurros, os gemidos abafados contra bocas e pescoços — tudo era cravado naquele instante.
%Hoseok% a puxou com firmeza para mais perto de si, sentando-se com as pernas abertas e fazendo %Olga% se encaixar entre elas, sentada sobre ele, o vestido já levantado até a cintura. As mãos dele deslizaram por suas coxas, espalmadas, sentindo cada centímetro da pele quente. O polegar subia e descia em movimentos circulares, perigosamente próximos da calcinha fina que ainda a separava dele.
Ela soltou um gemido abafado, mordeu o lábio inferior, e depois se inclinou para frente, os seios roçando contra o peito dele enquanto o beijava de novo, mais lento, mais profundo. A língua dela invadiu a boca dele com fome, enquanto seus dedos deslizavam pelos botões da camisa de %Hoseok%, um a um, até desfazê-los por completo.
— Você é tão ridiculamente bonito... até quando tá com raiva de mim. — Ela murmurou contra a pele do pescoço dele antes de começar a beijá-lo ali, chupando com força o ponto sensível abaixo da orelha, deixando marcas.
— E você é insuportável. — ele gemeu baixo, os dedos agora empurrando a calcinha para o lado, roçando contra a pele úmida dela com precisão. — Uma praga na minha vida. E eu quero você mesmo assim.
Os quadris dela se moveram por reflexo, pressionando contra os dedos dele. %Hoseok% desceu o olhar para ver a forma como ela reagia ao toque. O prazer evidente. A entrega sem pudor.
Dois dedos deslizaram para dentro dela ao mesmo tempo em que o polegar massageava o ponto exato que a fazia perder o fôlego. Ela jogou a cabeça para trás, arqueando as costas, os seios apontando para ele por baixo do sutiã de renda que ainda restava.
— Você gosta quando eu te toco assim? — ele perguntou, a voz rouca, os lábios se aproximando de seu colo. — Ou prefere quando eu brigo com você?
— As duas coisas. — ela arfou, os olhos brilhando. — Você me enlouquece das duas formas.
%Hoseok% puxou o sutiã para baixo e envolveu um dos seios com a boca, sugando com força e alternando com mordidas suaves. A mão livre subiu por suas costas, arranhando até alcançar a nuca, puxando seus cabelos com desejo mal contido.
%Olga% gemeu alto dessa vez, os quadris se mexendo sobre os dedos dele, que agora se moviam num ritmo mais intenso dentro dela. As pernas tremiam ao redor do quadril dele, o corpo implorando por mais.
Ela então desceu, roçando o corpo no dele até ajoelhar entre suas pernas. Os olhos não se desviaram dos dele enquanto abria o zíper da calça de %Hoseok% com lentidão cruel. Libertou o membro dele com cuidado e, sem uma palavra, o envolveu com a mão, sentindo a rigidez, o calor pulsante.
— Ainda bravo comigo? — ela perguntou, com um sorriso provocador nos lábios antes de descer e envolvê-lo com a boca quente e úmida, lenta, firme, profunda.
%Hoseok% soltou um palavrão entre dentes, os olhos se fechando, a cabeça tombando para trás.
— Você vai me matar, %Olga%...
Ela alternava entre a sucção e a provocação com a língua, olhando para ele enquanto fazia. As mãos dele seguraram seus cabelos, guiando levemente os movimentos, até que ele a puxou de volta para o colo, as bocas se encontrando de novo, agora mais selvagens.
— Vira de costas pra mim. — ele ordenou, a voz mais grave que nunca.
Ela obedeceu sem hesitar, deitando-se de bruços sobre o sofá estreito, com o vestido ainda amassado na cintura. %Hoseok% se posicionou atrás, afastando as pernas dela com os joelhos, e se inclinou sobre ela, uma mão firmando sua cintura, a outra segurando seu quadril com força.
— Você tem ideia do que faz comigo? — ele perguntou, os lábios colados à orelha dela. — De como me deixa completamente fora de mim?
— Então mostra. — ela respondeu, ofegante. — Mostra o quanto me odeia, %Hoseok%.
Ele a penetrou com força, de uma vez, arrancando um grito abafado de prazer dela. O sofá balançou sob o impacto, os corpos se moldando entre empurrões ritmados e beijos desesperados. As mãos dele exploravam cada curva dela com avidez, os dedos marcando sua pele, os gemidos abafados contra a almofada enquanto o mundo ao redor simplesmente desaparecia.
%Hoseok% se inclinou sobre ela, o peito colado às costas suadas de %Olga%, os quadris se movendo num ritmo firme e impiedoso. Cada estocada fazia o sofá ranger e o corpo dela estremecer, as unhas cravadas no estofado, as pernas entreabertas tentando manter o equilíbrio.
— Assim…? — ele sussurrou entre os dentes, os lábios roçando o lóbulo da orelha dela. — Era isso que você queria quando me enfrentou com aquele maldito vestido?
Ela apenas gemeu, arfando, o rosto pressionado contra a almofada.
— Responde, %Olga%. — ele rosnou, apertando sua cintura com mais força. — Você queria me provocar até eu perder o controle, não queria?
— Eu queria que você me lembrasse… — ela ofegou, virando o rosto para que ele a ouvisse. — ...quem manda aqui.
%Hoseok% soltou um riso baixo, animalesco, e enfiou mais fundo, arrancando outro gemido desesperado dela.
— Quem manda aqui somos
nós dois, e você sabe. — Ele mordeu o ombro dela com força, depois beijou ali, como se pedisse desculpa e castigo ao mesmo tempo. — Mas eu vou te lembrar assim mesmo.
Ele puxou o corpo dela com uma das mãos, erguendo-a de leve, para que ficasse parcialmente ajoelhada sobre o sofá. O novo ângulo fez com que ela arqueasse as costas e soltasse um gemido mais alto, descompassado, o prazer se acumulando com mais intensidade.
Os quadris dele batiam contra ela com estalos ritmados, cada vez mais fortes, mais fundos, enquanto a mão livre de %Hoseok% deslizava pela frente do corpo dela, buscando seu ponto mais sensível. Os dedos se moveram com destreza, circulares, pressionando no ritmo exato da penetração.
— %Hoseok%… — ela gemeu alto, quase chorando. — Eu vou...
— Então goza pra mim. — ele ordenou, a respiração descontrolada contra o pescoço dela. — Goza sendo minha. Só minha.
Os movimentos se tornaram mais intensos, quase desesperados. O sofá rangia, as respirações se misturavam em gemidos abafados, os corpos suados, colados, tremendo. Ela arqueou o corpo de uma vez, soltando um grito sufocado, o clímax a sacudindo inteira enquanto os músculos se contraíam ao redor dele.
—
Merda... — ele rosnou, enterrando-se nela uma última vez, o corpo inteiro estremecendo contra o dela, até que ele também se entregasse, com um gemido rouco, quebrado, como se a alma também escapasse junto.
Ficaram assim por um momento — ele ainda dentro dela, os corpos colados, o sofá afundado, os corações disparados. %Hoseok% deixou o rosto descansar entre as omoplatas dela, sentindo o cheiro da pele misturada ao suor, ao sexo, à raiva que agora era só silêncio.
Ele foi o primeiro a se mover, saindo devagar, com cuidado. As mãos deslizaram pela cintura de %Olga% com carinho inusitado depois de toda aquela brutalidade. Ela caiu de lado no sofá, os olhos fechados, o corpo mole, os lábios entreabertos.
— Isso resolve nossa briga? — ele perguntou, ofegante, o cabelo grudado na testa.
Ela abriu os olhos devagar, encarando-o com um sorriso de canto.
— Não. Mas me ajuda a lembrar porque é tão difícil ir embora.
%Hoseok% sorriu também, fraco, como quem sabia que estavam condenados a repetir aquele ciclo. Ele se aproximou de novo, deitando-se por cima dela com o peso do corpo suavizado, e beijou os lábios ainda quentes.
— Então fica. Só por essa noite. — ele sussurrou.
— Só por essa noite. — ela mentiu, sabendo que nunca seria só por uma noite.
❤️🔥❤️🔥❤️🔥
O silêncio que veio depois era pesado, denso, como se tudo ainda estivesse suspenso no ar — o cheiro do sexo, a raiva que não se dissolveu completamente, a confissão muda que acontecia nos olhares cansados.
%Olga% ajeitou o corpo no sofá estreito, com um suspiro baixo. A pele ainda ardia onde os dedos dele haviam apertado, os músculos doloridos em partes que ela nem sabia que existiam. Passou as mãos nos cabelos, tentando domá-los, e então se sentou, puxando o vestido até os quadris, respirando fundo.
%Hoseok% já estava de pé. Ainda ofegante, mas em silêncio, ele se afastou devagar. Pegou a calça jogada no chão e a vestiu com pressa, os olhos passando rapidamente por ela uma última vez antes de seguir para o corredor.
Ele não disse nada — e não precisava.
%Olga% observou enquanto ele desaparecia pela porta do quarto. Então ficou ali, sozinha por alguns instantes, cercada pelos próprios pensamentos e pelo som abafado da casa, que parecia finalmente se acalmar.
Com cuidado, ela se levantou, as pernas ainda trêmulas, e pegou a lingerie que havia sido arrancada com pressa mais cedo, largada próxima à poltrona. Vestiu a calcinha de volta, ajeitou o sutiã e depois deixou o vestido escorregar pelos ombros, deixando-o cair ao chão como se aquilo também fosse um alívio.
O sofá estava amassado, o estofado ainda morno pelo calor dos corpos. %Olga% passou as mãos sobre ele como quem tenta apagar evidências, mas acabou apenas se sentando outra vez, exausta, as costas apoiadas no encosto.
%Hoseok% voltou pouco depois. Trocara de roupa — agora vestia uma calça de moletom escura e uma camiseta larga. Carregava uma camiseta dele dobrada nas mãos, que estendeu para ela em silêncio.
Ela a pegou. Sem perguntas, sem sorrisos. Apenas puxou a peça pela cabeça, o tecido ainda com o cheiro dele, ainda quente. Cobriu o corpo e suspirou fundo.
%Hoseok% não voltou para o quarto. Ao invés disso, sentou-se no sofá ao lado dela, o corpo tão próximo que os ombros se tocavam. Ele puxou a manta que estava jogada no braço do sofá e a cobriu sobre os dois, como se aquele gesto contivesse tudo que nenhum dos dois sabia dizer.
%Olga% deitou a cabeça no ombro dele, ainda sem falar. Ele não afastou. Apenas deixou a mão descansar sobre a perna dela, como se aquilo fosse o único jeito que conheciam de fazer as pazes.
Não houve desculpas. Nem promessas.
Só a certeza de que, por mais que tentassem, não sabiam mais existir longe um do outro.
E naquele sofá, em meio aos restos do caos, adormeceram juntos.
Fim