Shooting Star

Escrito por Yah SM | Revisado por Bella

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  - Não está meio tarde para uma garota ficar na escola sozinha?
  A voz vinha de um garoto encostado na porta. A postura reta e a mochila pendurada em apenas um ombro formavam uma silhueta digna de suspeitas.
  - Hm? , não me assuste assim! – bronqueou a garota – além do mais, eu sei me cuidar! Já não devia estar na sua casa? E que ideia é essa de assustar garotas? O que está fazendo aqui?
  Disparou as perguntas. Um sorriso quase que imperceptível brotou nos lábios do garoto. Ele sabia muito bem como ela era. ficava irritada e sempre fazia perguntas quando era surpreendida, era seu modo de desviar a atenção de si.
  - Esperando você!
  As bochechas da garota coraram, ele realmente não tinha noção do que estava falando? Fazia cinco meses que ele agia estranhamente, e a confusão que se acumulava no lugar que deveriam estar seus sentimentos apenas a irritava ainda mais. Era evidente que Hikaro era do tipo “apaixonável”, bastava fitar seus olhos por alguns segundos para sentir um buraco negro formar-se em seu estômago sugando toda sua racionalidade.
  - Vai embora, !
  Disse . “Ela realmente não sabe expressar seus sentimentos” pensou o garoto, observando-a andar em sua direção, e, por um momento, perdeu a noção do tempo ao fita-la.
  - Está tampando a saída!
   disse então passou reto e rápido o suficiente para que ele não visse suas bochechas vermelhas. Por que ele fazia isso com ela? Com tantas garotas no mundo, parecia que havia decidido ser seu perseguidor particular.
  “Eu o odeio” era o que pensava,
  “Eu o amo” era o que sentia...
  E negava.
  Caminhou devagar até o vestiário. Era cansativo ficar até mais tarde na escola, mas o baile de formatura seria dali a dois dias, e, como organizadora, era seu dever terminar os detalhes a tempo! Talvez ela não devesse exigir demais de si mesma, talvez fosse apenas um jeito de ocupar sua cabeça para que alguém não a ocupasse.
  - Droga! Concentre-se, ! Você precisa dar toda sua atenção para a formatura! Não tem tempo para sentimentos, ainda mais quando são tão confusos assim...
  Disse para si mesma. Vestiu sua calça habitual, uma blusa preta e um casaco bege. Colocou a mochila em seus ombros e saiu do vestiário, deparando-se em seguida com um ser de 17 anos encostado na parede de frente ao lugar em que estava. Assim que a viu, endireitou-se, pronto para acompanhá-la. apenas bufou e começou a andar, desconfortável com a aproximação.
   era bem mais alto, mais atlético, mais misterioso e mais direto. Mas se havia algo que ele não era “mais” do que ela, era confuso. Ao caminhar ao seu lado, fitando-a em silêncio, perguntava-se o porquê de ela ser tão lenta, como ainda não havia percebido suas intenções? Ela realmente achava que ele a irritava sem nenhum motivo? Achava que ele a odiava? Mas como poderia odia-la se estava a acompanhando em seu caminho para casa? Ela não era como uma prova em que basta estudar e então lembrar-se do que estava havia lido, não existia nada escrito sobre , nenhum tipo de manual de instruções de como lidar com suas reações inesperadas ou como decifrar suas caretas pensativas, e ele bem sabia que nunca viria a existir algo do tipo, porque saber em que ela pensava era praticamente impossível! Seus pensamentos mudavam mais rápido do que qualquer um poderia acompanhar.
  Após cerca de 15min de uma caminhada silenciosa e de pensamentos filosóficos, chegaram à frente de uma casa simples na cor amarela.
  - Você me seguiu até aqui, ! Qual seu problema? Sua casa é do outro lado da cidade! - disse novamente na defensiva, sem resposta – Ok – começou, vendo que aquilo não levaria a nada – Obrigada, já está tarde! Agora vai embora!
  - Depois que você entrar na casa! – disse insistente.
   apenas bufou e dirigiu-se a porta. “Tão inconveniente!” resmungava baixinho enquanto procurava as chaves em sua bolsa.
  - Droga! – xingou ao perceber que elas não estava lá. Virou-se, encostando-se na porta e deslizou até o chão suspirando com raiva.
  - O que foi? Esqueceu as chaves? – perguntou ; a garota apenas balançou a cabeça de modo afirmativo – Só podia ser você mesmo! – disse rindo, então caminhou até a porta e sentou-se ao lado da garota.
  - Não precisa ficar! Pode ir...
  - Eu quero ficar! – interrompeu-a sem olhar em sua direção – Se algo acontecer com você, não quero policiais chatos na minha porta perguntando qual foi a última vez que te vi! – acrescentou para quebrar o clima tenso que havia se instalado.
  - Chato – ouviu-a resmungar baixinho e riu, levantando-se.
  - Pa-para onde você está indo? – a voz de saiu um pouco mais insegura do que ela planejava.
  - Por quê? Vai sentir minha falta? – retrucou com um sorriso torto e provocativo em seu rosto.
  - Nã-não! Já vai tarde! – respondeu emburrada.
  - Calma! Eu vou deitar aqui! – disse, apontando para um espaço vazio na grama do quintal da frente da casa. Assim o fez, e ficaram cerca de 12s em silêncio.
  - Por quê?
   sorriu, sabia que ela extremamente curiosa, já esperava pela pergunta.
  - Para observar o céu! Você devia vir também, ele está estrelado hoje!
  - Eu não! Vou ficar aqui, longe de você!
  Respondeu, parecendo uma criança. nada mais falou, permaneceu em silêncio admirando o céu, até que ouviu alguém caminhar em sua direção. deitou-se a uma distância segura dele.
  - Não resistiu? – provocou-a.
  - Cale a boca! – respondeu a garota. – Hm, o céu está realmente lindo!
   desviou a atenção para o rosto da garota ao seu lado. Os olhos refletiam o brilho das estrelas e o sorriso que surgiu em seu rosto inspiraria mais poemas do que a própria lua. Ela estava diferente, estava sorrindo e bem do seu lado! Não estavam brigando, discutindo ou provocando um ao outro, estavam apenas deitados, debaixo do mesmo céu aproveitando a paz tão rara.
  [Recomendo ouvirem Neon Lights da Demi agora >.< ]
  - Oh! Uma estrela cadente! – disse, apontando para o céu com um sorriso maior ainda – faça um pedido!
  Ambos fecharam os olhos e desejaram a mesma coisa, mesmo que o outro não soubesse.
  - O que você desejou? – perguntou .
  - Se eu contar, não se realiza! – disse , virando o rosto para fita-lo. O gesto pareceu mal calculado, pois ele havia diminuído a distancia entre os dois de modo que poucos centímetros os separavam. Por mais que sentisse suas bochechas queimando, não foi capaz de quebrar o contato visual, nenhum dos dois conseguiu. – E você? – a pergunta saiu mais como um sussurro.
  - Se eu contar, não se realiza! – imitou a voz da garota que riu ao vê-lo voltar a olhar as estrelas. – mas se eu ficar quieto, também não vai se realizar! – agora o olhar era totalmente confuso.
  - Hm?
  Foi tudo o que ela conseguiu dizer ao vê-lo virar-se em sua direção.
  - Eu explicaria mas... – não terminou a pergunta, apenas acabou com os poucos centímetros que os separavam com um beijo. Para sua surpresa, a garota correspondeu e ele pôde senti-la sorrir com o gesto, apesar de ainda estar surpresa. Terminou o beijo, que se seguira calmo com um leve selinho. – eu sei que você já me entende.
  - O-o que você quer dizer com isso?
  Ele apenas sorriu e puxou-a para um abraço desajeitado, visto que ambos ainda estavam deitados na grama. Devido à diferença de altura, apoiou o queixo no topo da cabeça de , que permanecia aconchegada apenas a ouvir o bater do coração do garoto, que por sinal, estava acelerado.
  - Ah, ! – começou enquanto acariciava seus cabelos – Você realmente achava que eu a irritava porque não gostava de você? – a garota permaneceu em silêncio, ouvindo-o atentamente – Idiota! – com um cutucão na barriga, ela o repreendeu, então levantou o rosto para fitá-lo – Você não entende que eu queria chamar sua atenção?
  - Você poderia ter feito isso sem me perturbar tanto! – resmungou baixinho.
  - Eu sei – ela o olhou confusa –, mas saber que você era teimosa ao ponto de ser incapaz de ignorar minhas provocações, me fazia ter certeza de que teria sua atenção!
  - Seu idiota! Você me deixou confusa por muito tempo! E o que é isso agora? Por que está dizendo essas coisas de repente? – e esta era a velha e suas perguntas para disfarçar o nervosismo. riu baixinho – Do que está rindo?
  - De você! – outro cutucão dolorido, aquilo já estava começando a machucar! – Porque eu quero ir ao baile com a garota que gosto! – ela permaneceu em choque apenas perdida em seu olhar – , quer ser meu par?
  - Mas que pergunta é essa? E o que vão dizer quando nos virem juntos? Até duas horas atrás estávamos brigando e...
  - É uma pergunta sincera que eu queria fazer há muito tempo! – interrompeu-a – E não me importo com os outros, porque você é tudo o que eu vejo – disse com toda a certeza do mundo – e porque ficamos bonitos juntos! – um sorriso convencido surgiu em seus lábios. – Hm... Você vai comigo? – perguntou já meio inseguro, pois era a terceira vez.
  - Não me imagino debaixo daquelas luzes de neon com nenhuma outra pessoa! – respondeu e ambos sorriram.
   puxou-a para um abraço. “Desejo realizado” pensou ao olhar para céu, agradecendo a estrela cadente.

FIM