She Looks So Perfect

Escrito por Vittória | Revisado por Natashia Kitamura

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Música: She look so perfect, por 5 Seconds Of Summer

  A imagem de ia desaparecer alguns segundos depois por só conseguir alcançar a muro de ponta dos pés. Certamente, isso estava errado, mas é tudo que quero. Às duas e quarenta e cinco da manhã ela vir aqui sem a permissão de seus pais era muito arriscado até pelo fato deles não aprovarem nosso namoro dizendo sermos muito jovens para construir algo além do que temos e isso impediria o progresso de até a sonhada universidade de Stanford. Encaminhei-me até a porta, antes de dar um beijo habitual a puxei rua abaixo e invés dela ficar repetindo meu nome e perguntando sem parar aonde íamos, ela passou a minha frente. Uma das melhores coisas daquele bairro era a praia que aparentemente sempre estava seca como agora. largou sua calça skinny rasgada na areia e entrou na água.
   Ela tinha entrado na minha vida de um jeito diferente: alguns dias depois de ter apagado de bêbados em uma festa, comecei a receber mensagens estranhas (cheia de baixarias e afins) de um perfil com a foto dela, mesmo com medo de ter dado o meu número quando estava embriagado fui atrás de quem me mandava. No término das aulas de um colégio do outro lado da cidade fui confrontá-la. Ela negou e começamos a discutir e no momento que a empurrei quebrei o celular de um preço que eu nem em muitos meses de trabalho conseguiria pagar. Quando já havia cogitado a vender minha alma, recebi uma ligação me livrando do estorvo já que o irmão caçula da menina tivera que dar seu celular para ela depois de se revelar um perfil falso criado por ele e a chamei para pagar um café de tão culpado por termos brigado. O resto é imaginável, aconteceu uma química e estamos juntos há seis meses, dois para os pais dela.
   As ondas estavam baixas o suficiente para nos mantermos seguros e o céu mais parecia um início de dia nublado. Nossos reflexos na água cristalina foram quebrados quando pulei na água, havia tanto tempo que não ia à praia que quase não se lembrava como era a sensação. Aproveitávamos o maior tempo possível enquanto não dava três da manhã.
  - Não faz isso, . - sua calça estava em minhas mãos a poucos centímetros da água e um sorriso louco estampado em mim. - Sabe que eu preciso ir para casa.
  A minha tentativa era assustá-la, porém, a natureza queria zoar comigo já que uma onda me deu uma rasteira e cai no mar. nem quis olhar para mim, ignorou os pedidos de ajuda dizendo “acho é pouco” num tom maroto. Ela nunca ficava brava comigo.
  Um recém-saído do mar corria molhado atrás da namorada com as suas calças na mão, não as minhas, as delas. Subi a rua acompanhado já ela tinha medo de ficar sozinha àquela hora e sabia que ia lavar a roupa lá em casa porque sua mãe perceberia da saída não-autorizada.
   Os passos soaram ao longo da casa vazia. ficou na mesa com uma xícara de café enquanto lavei seu jeans. A minha namorada encontrou o olhar com uma sacola da American Apparel encostada na parede, ri instantaneamente com a ideia e fui abrir as cortinas para a brisa da madrugada invadir a sala. Meus pés tremeram ao se chocarem no piso branco gélido em que se formava uma rota de etiquetas e coisas de dentro da sacola até o corredor. Eu possuía um hábito muito chato de não aguentar bagunça, ironia mesmo é eu ter uma tatuagem de coração flechado com o nome da garota mais desorganizada do mundo, mas se você entrar no meu quarto tudo estará separado em caixas e artigos de escritórios espalhados pelo cômodo. Deparei-me com a cena mais clichê de todos os tempos: a garota que você gosta vestindo uma cueca quase escondida embaixo de uma camisa de botões larga em seu pequeno corpo.
  – Então ele fala para ela...
  – Que eu realmente preciso uma foto disso. – nossas vozes se encontraram em perfeita sinfonia
   Comecei a remexer no armário em busca da Polaroid que estava em algum lugar, o problema de se arrumar uma coisa é arrumá-la tão bem que nem lembra onde está.
  – O que é isso, ? – a loira indagou com uma fita na mão.
  – Isso é a tecnologia retrograda. – larguei um sorriso no canto da boca enquanto colocava no toca-fitas. – Mixtape das músicas mais legais de 1994.
   Eu sei o que você está pensando, mas a resposta é não. Nem me considere um hipster porque não sou, nada contra, porém isso tudo é apenas pouco das quinquilharias que meus pais guardam em casa desde os anos sei lá quando.
   A seleção iniciou com I’m The Only One da Melissa Etheridge e declarou que começaria a tocar o violão agora mesmo se tivesse um. A seguir tocou Always do Bon Jovi onde a chamei para dançar, seus passos eram tão leves que se comparariam a conduzir o vento e acabou com a gente se esgoelando no refrão. A próxima era I'll stand by you de The Pretenders, me deitei e sussurrava as frases na música em seu ouvido. A garota recolocava um vermelho em seus lábios com o batom no bolso da sua calça jogada no chão com a intenção de marcar sua arte no meu pescoço. Ela estava perto demais do seu possível destino e o encontrou da escrivaninha na qual se apoiou, eram passagens para Dublin e um anel brilhante de pequenos diamantes. Se tivesse que fotografar um momento em minha mente seria esse, ela parecia tão perfeita sorrindo surpresa como uma miragem. Agora sei que estou tão apaixonado a ponto de fazer isso e a hora era agora.
  - Hey, hey, hey. Acalme-se, Acalme-se – A coloquei perto de mim. – Eu não estou pedindo que se case comigo porque a gente só tem 17 anos, mas isso é um compromisso que vou cuidar de você. Vamos fugir, aproveitar a vida! Enquanto eu estava fora, me peguei sozinho pensando se eu aparecesse com uma passagem de avião e um anel com seu nome nele você iria querer fugir também?
  - ... – acariciou minhas bochechas com suas unhas pintadas de preto. – Sabe que tudo isso é impossível, nós não somos dois adultos. Tudo o que eu realmente quero é você. Mas olhe em volta, nós lutamos muito por isso para desistirmos agora daqui a três meses seremos independentes.
   Tocava Don't break my heart e ela parou a canção que era uma súplica minha.
  - Lembra quando você me tirou da piscina dizendo “Se você não nadar, você vai se afogar mas não se mova, querida” por que você ia me salvar? É porque você me salvar dessa cidade morta só nos deixará para baixo. E os seus planos de viajar o país todo de carro que quase se concretizou? Eu estou te prometendo que nós iremos para Dublin. Comigo não tem porém, nem contudo principalmente quase. Isso é a única coisa que peço em que você acredite.
   Quando eu quis tê-la em minha mente para sempre é porque tive a certeza que tive agora: ela é perfeita.

FIM



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