Sentimentos

Escrito por Amanda Antônio | Revisado por Anne

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Capítulo 01 - I was enchanted to meet you

  A vida possui uma ironia que ao mesmo tempo em que me surpreende me espanta. Eu participava de uma equipe de planejadores de casamentos, era a responsável por ser o braço direito das noivas, por tranquilizá-las, por cuidar de todos os imprevistos possíveis, por ser meio que uma psicóloga assistente, por falar sobre amor, paixão e aquelas paradas de para sempre. Meu discurso era tão perfeito que às vezes eu até acreditava que aquilo podia acontecer comigo, mas a vida fazia questão de assegurar que não e ainda de afirmar através das decepções extensas na minha vida amorosa. Ou seja, eu falava tanto sobre amor, mas não acreditava, não mais.
  E foi através de um de meus trabalhos que conheci duas das minhas melhores amigas, , que estava como dama de honra em um dos casamentos que eu havia organizado e , a noiva. Passamos um mês intenso na busca por um vestido em Nova York que havia visto quando tinha ido de férias antes de saber que a pediria em casamento. Apenas nós três viajamos, e como dormíamos no mesmo quarto de hotel, a intimidade que criamos foi enorme, tanto que eu já havia contado minha vida inteira para elas, e elas idem. Nem precisei ter que mentir sobre o amor e tal, tínhamos tanta liberdade que eu vivia falando que elas iam acabar se divorciando e implorando para morar comigo...
  Eu falava isso apenas para implicar com elas, já que tinha certeza de que amor era o que não faltava entre elas e seus respectivos homens. estava casada há um ano com , seu amor de adolescência, eles se conheceram quando tinham treze anos, e depois de muitos encontros e desencontros da vida, eles acabaram ficando juntos pra valer, e eu ainda tento me convencer de que destino não existe... E com e foi outro encontro mágico, já que quando se conheceram foi aquela coisa de "amor à primeira vista". Ouvi-los contando essa história era de derreter qualquer coração amargurado.
  Quando voltamos para Londres, como eu não conhecia nem pessoalmente, só havia falado com eles através do celular, quando as meninas botavam no viva-voz, elas resolveram fazer um churrasco para nos apresentar, e foi quando, após cumprimentá-los, conheci o homem mais excitante que já havia visto ou conhecido. , um ruivo de olhos azuis brilhantes, cara de bad boy, sorriso divertido, corpo atlético e dono de uma risada muito gostosa de ouvir. Ele me foi apresentado como um dos melhores amigos e padrinhos do noivo.
  - Nossa, é muito bom finalmente conhecer a sequestradora das minhas amigas. – brincou depois de apertar minha mão.
  - Eu não ia falar nada, mas já que você tocou nesse assunto de sequestro, elas me imploraram para levá-las pra longe de você, comentaram que você estava insuportável. – respondi a sua provocação e todos riram da cara surpresa afeminada que fez.
  - Hum, parece que vocês arrumaram mais uma que saiba rebater as idiotices do com classe. – comentou , e eu sorri envergonhada, mas bem que eu queria fazer muito mais com o , ah se queria.
  - Vamos ver o quanto ela dura até descer o nível. – comentou com um sorriso diabólico.
  Os homens foram tratar de cuidar do fogo e de assar a carne, enquanto nós, mulheres, íamos para cozinha para preparar os acompanhamentos, como arroz, farofa e tal. Fiquei super interessada em , e como consequência disso, aproveitei que só estava com minhas amigas e quando ia perguntar sobre ele, a se adiantou:
  - Nem embarca nessa, amiga. O tem namorada e é super apaixonado, e além do mais você ta com o Ricardo, que é um cara super bacana.
  - Mas , eu não to namorando o Ricardo, apenas curtindo. Nada demais. – respondi. – Mas como ele é apaixonado pela namorada, não tem mais importância mesmo...
  - Vem me ajudar com essas cebolas aqui. – pediu e o assunto morreu.
  Nossa aquilo foi como uma balde de água fria no calor que meu corpo de encontrava apenas por ter estado perto de . Nossa, o sexo com aquela perfeição deveria, ops, tenho que parar de pensar nisso. O churrasco continuou e eu só conseguia prestar atenção em , as meninas até me apresentaram outros amigos dos meninos, mas ele realmente chamou minha atenção.

Capítulo 02 - Cause I see sparks fly, whenever you smile

  Dois meses se passaram e a corrida com os preparativos do casamento continuava. Eu praticamente morava na casa de , e como a casa de , a minha e a de eram próximas, vivíamos juntos, já que e , a namorada de , tinham viajado a trabalho. Algo em minha relação com havia mudado, estávamos mais amigos, vivíamos conversando sobre a vida, vivíamos brincando de jogos bobos como quando estávamos no carro e tínhamos que apontar para algo dentro do carro e falar a cor, e quem achasse um carro na rua com a respectiva cor, ganhava ponto e quando chegávamos ao destino, o perdedor tinha que pagar um mico. E como eu era muito boa nesse jogo, sempre perdia, mas sempre me comprava com comida, então nem sofria as consequências. O estilo das provocações de também mudou, antes eram apenas xingamentos como quando ele me chamava de lerda por comer devagar, de bruxa por ter nascido em uma sexta-feira treze, de criança, só porque vivia dando língua para ele, entre outros. Mas com o aumento da intimidade e da amizade entre nós, ele começou a fazer brincadeiras mais sensuais, como quando íamos para piscina, e ele me pegava encarando o seu abdômen, sorria safado, pegava minha mão e a deslizava pelos seus gominhos musculares, e completava cantando “Best Thing You’ll Never Have” com o ritmo da musica “Best Thing You Never Had” da Beyoncé.
  E para o meu desconforto, essas brincadeiras aconteciam majoritariamente na frente das meninas, que me reprovavam quando estávamos sozinhas pelo fato de eu estar me deixando iludir, eu que sempre era tão independente quando se tratava de relacionamento, mas o que eu podia fazer se eu estava encantada e ele também não ajudava. Eu vivia repetindo para mim mesma que aquilo só era atração misturada com a grande amizade que nós construímos, que eu o queria tanto porque ele era incrivelmente gostoso e indisponível, que ele tinha uma personalidade tão parecida com a minha, que ele era tão carinhoso porque era o jeito dele de tratar as pessoas, que ele brincava tanto comigo porque éramos parecidos e idiotas, não porque era uma forma de flerte. Cara, nos conhecemos tem apenas dois meses, tá, que passamos quase todos os dias juntos, mas não é possível que eu esteja apaixonada. Espero que não.

Capítulo 03 - I want you to want me, I want you to need me

  A cada mês recebíamos mais clientes, ou seja, estava mais ocupada do que nunca. Estava super contente de ver tantos casais felizes, de tantas promessas de amor eterno, apesar de saber que não teria isso, eu ficava feliz em ver que muitas pessoas tinham aquela sorte. E querendo ou não, ver aquilo me trazia esperança de encontrar um amor, apesar de eu achar que era só o efeito da TPM sobre mim, que sempre me deixava romântica e sentimental. Mas esse excesso de trabalho também me fez não ter tanto tempo de encontrar e nem de pensar em , como se isso fosse possível, já que toda brechinha que eu tinha, meus pensamentos voavam para ele, tentando descobrir onde ele estava, se ele estava pensando em mim, se ele estava sentindo minha falta tanto quanto eu estava sentindo a dele. Então, como uma ótima perseguidora de que eu me tornei, fui xeretar suas redes sociais, e percebi que aquele ditado popular “quem procura acha” se encaixava perfeitamente naquele momento. havia passado essa semana toda em que eu estava atolada em trabalho agarradinha com ele, literalmente, já que a maioria das fotos que eles postaram, ela estava o abraçando. Nem preciso comentar a que nível a minha raiva e frustração chegaram, né? Para tentar esquecer que eu estava tendo ciúme daquilo que não era nem meu, me joguei no trabalho, não me deixava pensar nele e em nada relacionado a ele nem por um segundo, foi uma tarefa difícil, mas eu consegui. Só que tudo foi por água abaixo quando nos encontramos no sábado e ele sorriu pra mim fazendo brincadeiras para me tirar do sério. Era como se fosse a nossa maneira de mostrar o quanto sentimos a falta um do outro. Era a nossa maneira de nos conectar.
  Passaram-se mais dois meses e minha obsessão por a cada dia aumentava se isso era possível, ainda mais que todo sábado nos encontrávamos na casa de ou de para jantar. E ainda por cima, além de viver bisbilhotando suas redes sociais, eu vivia enchendo o saco de minhas amigas para me contar mais histórias sobre ele, fato que foi idiota já que eu ficava ainda mais encantada, mesmo quando elas me contavam histórias nada agradáveis de seu tempo de bad boy. Eu não conseguia mais me controlar, vivia mandando indiretas, estava louca para que ele pelo menos soubesse que eu estava interessada. As meninas pediam para eu parar, dizendo que ele sabia, mas que se fingia de desentendido porque era muito envergonhado para me dar um fora, e que querendo ou não, sentia certa atração por mim, mas não passava disso. Como resposta ele sempre dizia alguma coisa engraçada para balancear o clima tenso que ficava.

Capítulo 04 - Jealously, turning saints into the sea

  Mas o meu nível de extrema fixação só chegou quando eu finalmente conheci pessoalmente, já que como eu morria de ciúmes, acabei meio que a tratando de uma maneira meio rude, quer dizer, eu não fui mal-educada, nem a tratei mal, apenas não lhe dei intimidade. Coitada da moça, que até era legal e fofa, mas eu a olhava e só conseguia pensar que ela estava com o meu homem. E isso porque ela está há quase um ano e meio com ele e eu apenas o conheço há quatro meses e não tinha nada com ele. E o pior é que como ela estava ali, eu não tinha coragem de abrir a boca, com medo de ela notar algo, ficar com ciúmes e o proibir de participar das nossas reuniões aos sábados quando ela não pudesse vir, eu poderia até aguentar não tê-lo, já que estou acostumada, mas sem vê-lo não. E mesmo assim, sempre que ela vinha, parecia que o mundo não existia, apenas . Ainda bem que ela só passou o final de semana e voltou para onde devia ficar para sempre, longe da minha paixão. Passei o jantar intero calada, só balançando a cabeça e concordando com tudo o que os outros diziam, e quando me perguntavam o que eu tinha, eu respondia que tinha brigado com meu ficante, como se eu tivesse um... Eu inventava que estava com meu ex-ficante pra ver se despertava algum ciúme ou algum sentimento em , mas tudo o que ele respondia era que o Ricardo era um idiota e que eu merecia algo melhor, e completava que como ele era comprometido, eu nunca poderia ter o melhor dos melhores, mas que um dia eu encontraria um menos melhor que ele, e me apaixonaria e seria feliz. Mas a verdade era que estava tão submersa nessa paixão platônica por , estava tão profundo o sentimento, que eu não tinha vontade nenhuma de ficar com outros caras, não tinha vontade nem de sair, porque sabia que não conseguia me contentar com os menos melhores, eu queria o melhor. Por que eu não podia pelo menos tentar tê-lo? Desespero, ciúme, raiva, loucura e desejo eram as palavras que me descreviam naquele momento.

Capítulo 05 - You're just too good to be true, can't take my eyes off you

  Eu e passamos a semana inteira conversando e nos encontrando em cafés, já que todos haviam viajado, , como estava com um caso em Paris, vivia indo para lá; , como estava terminando um trabalho nas Malvinas, um reality show, às vezes conseguia umas escapadinhas para visitar e, e haviam viajado para algum interior que esqueci o nome para passar o mês com a família de . continuava na cidade conosco, mas era difícil de vê-lo, parece que estava com um caso importante. E na sexta quando estávamos disputando um jogo musical online, depois que ganhei pela terceira vez dela, ela desistiu de jogar e me convidou para uma sessão de cinema de garotas em sua casa. A verdade era que nós éramos bastante amigas, mas eu era mais próxima de , mas mesmo assim as duas sabiam de tudo que se passava na minha vida, assim como eu sabia da delas. Mas com a viagem de , ficamos mais próximas ainda.
  - Trouxe pipoca. – sorri ao entrar na sua casa.
  - Seja bem-vinda, vou só terminar de colocar comida para os gatos e já venho aqui, fica a vontade a sala é nessa porta a direita. – disse me abraçando e se dirigindo para a cozinha.
  Fiquei encantada com aquela casa, que ainda não havia visto, já que sempre nos encontrávamos na casa de . Tinha um corredor enorme, uma mesinha com o telefone e alguns quadros pendurados ao longo do cômodo, e no final havia uma escada. A esquerda tinha a cozinha, e a direita tinha a sala de estar. Tudo lindo, tudo o mais delicado possível, cheio de cores, de estátuas de personagens animados e alegria. não demorou tanto, mas assim que ela ia entrando na sala, a campainha tocou.
  - , a ainda está viajando e fiquei com preguiça de fazer as compras do mês – ouvi a voz de minha paixão secreta soar e meu coração bater forte – E eu odeio ir ao supermercado.
  - Entra, , fica a vontade. Eu e a estamos subindo, quando você sair fecha a porta, ta? – disse .
  - Tudo bem, me trocando por uma amiga que você conhece apenas por cinco meses. Há quantos anos mesmo nos conhecemos? Ingratidão! – falou divertido e ouvi a gargalhada dos dois. Ele sabia quanto tempo nós nos conhecíamos, meu coração se derreteu com essa revelação e não pude conter o sorriso.
  - Vamos subir, . – gritou do corredor e eu levantei para encontrá-la.
  - Sou muito mais bonito, argh. Não acredito que me trocou por ela. – brincou com uma voz afeminada apontando para mim e dando uma saída dramática batendo o pé no chão em direção a cozinha. E nós o seguimos para fazer pipoca e então subirmos para o nosso programinha.
  - Então resolveu voltar a trás. Sabia que isso aconteceria, ninguém troca , ainda mais quando se tem o privilegio de aproveitar de um prato feito pelo mesmo. – disse ele vitorioso ao ver entrar pela cozinha.
  - Desculpa cortar seu barato, mas acho que ela prefere minha pipoquinha de microondas a essa gororoba ai. – brinquei, e eu e gargalhamos da feição de , que parecia bravo e ao mesmo tempo se divertindo.
  - Olha, querida, ela só não lhe mandou embora no momento em que eu cheguei porque é educada. E além do mais até o que é super chato para comida, ama minhas criações. – disse com uma voz afeminada e magoada.
  - É, , uma coisa eu não posso negar, esse vagabundo sabe cozinhar muito bem. – revelou divertida, e me lançou um olhar de superioridade, e nós três caímos na gargalhada.
  - To só brincando, . Pode ficar a vontade, eu te empresto minha amiga e a casa dela por hoje. – sorriu e meu coração se derreteu.
  - Muito obrigada pela gentileza. – respondi ironicamente enquanto colocava a pipoca no microondas e eu sentava no balcão para melhor admirar cozinhando. Como eu não sabia que ele cozinhava? E pelo cheiro muito bem.
  - Tá doida pra provar da minha comida. – falou de forma sexy, mal ele sabia que eu queria provar muito mais dele.
  - Estou mesmo. – disse sem pensar e ele arregalou os olhos surpresos – Mas claro só se estivéssemos ao lado do hospital, para caso de minhas suspeitas estarem certas, e eu não morrer de infecção alimentar. – sorriu como se já esperasse por uma resposta assim.
  - Vamos, , antes que vocês se peguem na porrada por minha causa. Eu sei que sou maravilhosa e tal, mas galera, eu sou casada. – disse apontando para o anel e nós três rimos. E eu bem que queria me pegar com ele, mesmo que fosse na porrada.
  - Tá, chega de provocações, vão fazer seu programa de mulherzinhas. – disse em tom de deboche enquanto dava mais um de seus sorrisos irresistíveis.
  Nos despedimos e subimos. A primeira porta perto da escada no andar de cima era a sala de cinema e biblioteca, fiquei maravilhada com a perfeição que era aquele lugar, havia uma cama gigante embutida ao chão e uma tela enorme de cinema. No cantinho tinha umas poltronas e então sete estantes de livros, filmes e boxers de séries de televisão.
  - Você precisa aprender a se controlar perto de . Precisava ficar encarando-o e sorrindo toda apaixonadinha enquanto ele cozinhava? – perguntou preocupada.
  - Ai, , eu to aprendendo, mas vamos ver filme, que é o melhor que nós fazemos. – falei pegando o controle de sua mão, tentando mudar de assunto e dando o play no filme.
  E foi assim que passamos nossa tarde de domingo, com pipoca, filmes românticos e uma caixa de lencinhos. Não pensei em , e nem iria, precisava esquecer a minha fixação por ele, já tinha cinco meses dessa obsessão, com certeza era desejo reprimido. Então percebi que já estava tarde e me despedi de , que fez questão de me levar até a porta. Como minha casa ficava a apenas quatro quarteirões da de , fui andando.

Capítulo 06 - Just pull me down hard and drown me in love

  , e chegaram de viagem, e eu finalmente pude degustar dos talentos de na cozinha. E foi nesse jantar de boas-vindas, em que não estava, que eu senti que nós éramos um casal, já que ninguém tocou no nome dela, já que como estávamos entre casais, não sei, também parecíamos um, ainda mais porque ele estava me tratando como se fosse sua namorada, com direito a olhares e mãos dadas, eu estava tão feliz que até lavei a louça inteira com um sorriso bobo no rosto, enquanto tagarelavam no meu ouvido que eu não devia me iludir. Depois de lavar a louça, pedi por carona, porque meu carro estava na revisão e disse que como era no caminho dele podia fazer essa gentileza. Nunca fiquei tão feliz com uma carona na minha vida. Estava certa de que pelo menos com um beijo de boa noite eu iria dormir hoje. Ele passou a noite inteira me tratando como se estivéssemos namorando, e agora seria o momento em que finalmente eu usufruiria da situação.
  - Está entregue. – disse ele ao chegarmos a minha casa.
  - Se quiser entrar pra beber um vinho, eu deixo. Mas só se for rapidinho, não gosto de pessoas implicantes no mesmo cômodo que eu. – brinquei.
  - Só por isso eu não vou entrar. – respondeu meio bravo com o olhar divertido e cruzando os braços.
  - Eu tava brincando. Entra, por favor. – pedi manhosa e me inclinando para frente.
  - Eu sei que é um sonho que eu entre na sua casa, é um sonho possuir esse corpinho aqui, que você tem os quatro pneus arriados na minha, mas eu tenho namorada e sou louco por ela, apenas por ela; – falou sério e todo o ar de brincadeira se exauriu, e junto com ele o meu sorriso. Depois seu sorriso aderiu um tom de deboche, como se aquilo fosse uma brincadeira, mas eu havia entendido o recado. Voltei para minha posição inicial no banco de passageiro e o olhei séria.
  - Eu só estava sendo educada por você ter feito a gentileza de me deixar, e eu posso te assegurar que você não faz meu tipo, nem se iluda. – respondi magoada e chateada pegando a chave de casa, e resolvi sorrir para indicar que tudo aquilo era uma brincadeira para não ficar por baixo. E ele entendeu o recado, que aquilo não passava de uma aventura para mim, espero que ele tenha entendido isso pelo menos.
  - Então eu já vou indo. – quebrou o silêncio depois do momento tenso e quando estava se inclinando para dar um beijo no meu rosto, sorria como se fosse outro destino de seus lábios, mas eu entrei em seu jogo, e nem tremi por sua proximidade.
  - Muito obrigada. – sussurrei em seu ouvido e pude notar que ele ficou todo arrepiado, então dei um beijo em sua bochecha e saí o mais rápido daquele carro.
  Vagabundo! Ele com certeza estava esperando a oportunidade certa para me dizer para parar com aquele joguinho, bem que a e falaram. E aquele comentário sobre ter uma namorada foi super desnecessário. Não é como se eu fosse agarrá-lo, e não é como eu não soubesse que ele tinha uma namorada, já que ela era uma modelo super famosa e linda, então, sim, eu sei me botar em meu lugar. Quer dizer, é, eu ia agarrá-lo, mas enfim, não faria nada do que ele não quisesse também. Não havia nenhuma possibilidade de ele trocar ela por mim, e uma vez conversando comigo, falou que não era traidor, apesar de ter sido safado antigamente, ele sempre foi honesto com suas namoradas, e eu sabia que mais cedo ou mais tarde eles estariam casando, não é como eu já não soubesse disso. Mas poxa, só uma escapadinha, só pra aliviar o desejo reprimido que eu tinha por ele. Eu não estava apaixonada, que dizer, eu só o queria tanto...
  Passei a noite me virando na cama, eu estava louca. E cheguei a conclusão que sim, eu infelizmente estava apaixonada por um cara comprometido, praticamente casado, já que segundo , era a mulher de sua vida. Claro, com um corpo daqueles, olhos azuis, um sorriso quase infantil e ainda por cima loira, era tão linda que até eu a pegava. Mas ele não precisava jogar na minha cara aquilo, se bem acho que ele não fez por mal, eu que era a louca que vivia mandando indiretas. Ai, não sei, quer saber, eu estava perdendo tempo do meu preciosíssimo sono com aquilo. Foda-se! Dormi e assim que acordei já fui mandando mensagem para .
  “Preciso de conselhos e café”
  “Amiga a disposição, estava indo para nossa cafeteria favorita nesse exato momento”
  “Te encontro em dez minutos”
  - Por favor, me diga que você não fez nenhuma besteira – suplicou assim que sentamos à mesa.
  - Claro que não, mas deixa eu te contar... – e contei toda a história nos mínimos detalhes.
  - Ai, , eu não achei que ele fosse ter coragem. Nós conversamos com ele, enquanto você lavava louça, dizemos que você estava apaixonada, pedimos para ele parar de iludi-la. Então pedimos para ele se decidir, que se ele quisesse ficar com você, que teria nosso apoio, mas que não podia ficar nesse joguinho. Falamos que você nem sair, sai mais – suspirou negativamente – Esse foi o modo sutil dele de dizer que não está interessado, ele até comentou com que estava balançado.
  - Eu não estou apaixonada, amiga. Vocês não podiam ter inflado o ego dele desse jeito. Eu só fico nessa de não querer ninguém além do , de me sentir completa só de tê-lo me irritando, achando que isso é uma forma de ele flertar comigo porque eu quero muito ir pra cama com ele. E eu esqueço que ele tem um caralho de uma namorada que é perfeita e nas horas de carência quem se fode sou eu. Faz cinco meses que eu não tiro o atraso, eu devo estar assim de não conseguir nem me controlar de não olhá-lo porque eu não estou dando – bufei irritada e gargalhou.
  - Já que você esta falando em dar, sabe aquele amigo do que deu uma passada no churrasco que apresentamos os meninos pra você? Aquele que não parávamos de falar sobre? – perguntou animada.
  - Não lembro muito bem. Eu lembro vocês falando que ele era lindo, mas não cheguei a vê-lo, e além do mais eu estava mais preocupada em cortar cebola e analisar os homens de vocês, pra poder dizer se vocês irão ou não implorar para morar comigo. – falei gargalhando enquanto me dava língua e fazia cara de emburrada.
  - É, analisar certo ruivo deve ocupar muito seu tempo – disse em tom de brincadeira mudando de assunto e eu rolei os olhos - Mas voltando ao que mais interessa, ele ficou super a fim de você, disse que você tem um bundão, e vai hoje para uma reunião lá em casa, você poderia passar por lá alegando que te deram seis ingressos para aquele show do Ricardo – propôs super animada.
  - Mas eu só recebi dois, e além do mais eu nem ia, porque eu não queria ver aquele mulherengo – respondi – Mas qual é o seu interesse nisso? – perguntei desconfiada.
  - Ai, , é que se eu falar que eu quero ir para o show deles, o vai ficar magoado e chateado comigo. E eu ganhei quatro ingressos, não queria deixar de usar. – disse animada, me dando os ingressos.
  - Por que ficaria chateado e magoado? – perguntei confusa e guardando os ingressos.
  - Porque quem vai tocar lá é o meu ex-namorado, Ben Thompson, e se eu insistir pra ir, o vai surtar, mas eu queria muito ir – choramingou .
  - Você namorou o Bento? Gente, que mundo pequeno, por que você não me falou que namorou ele? – perguntei animada e chateada por ela não ter me contado.
  - É porque ele é um assunto delicado perto de , e preferi não remexer no passado – relembrou e sorriu.
  - Eu te perdoo por não ter me contando – brinquei e sorri - Então, eu já to indo pra casa tratar de arrumá-la, para então poder cuidar de mim e mais tarde se prepare para dançar muito – sorri.
  - Beleza, mas vê se vai com aquele vestido que é a segunda opção que você usaria no jantar de noivado do – disse dando um sorriso maquiavélico, e eu soltei um sorriso safado. Dei um beijo em sua bochecha e fui para casa.

Capítulo 07 - Why don't you keep drinking? Get me one night with you

  Sábado, dia da faxina. Tentei fazer tudo o mais rápido possível para ter mais tempo de me arrumar, tinha que estar perfeita. Marquei até salão a tarde, tinha que aparar meus cabelos, a noite prometia. Quando deu oito horas, eu já estava pronta, com meu vestido vermelho que chegava apenas até metade da minha coxa, tinha um decote em forma de coração, e atrás tinha umas correntes douradas até um pouco em cima da minha bunda, estava como se minha costa estava nua. Coloquei minhas havaianas, um casaquinho meio transparente vermelho e mais longo que o vestido, ou seja, cobria o vestido, queria que fosse uma surpresa, sapatos altos na mão, junto com minha maleta de maquiagem e minha bolsa. Entrei no carro e me dirigi para casa de , hora do show.
  - Ai, , você não sabe o que aconteceu. - falei animada ao entrar no corredor.
  - Sei mesmo não. – brincou falando alto.
  - Aquele meu ex, o Ricardo, me deu seis ingressos para o show da banda dele hoje no John’s, ou seja, trate de se arrumar! – impus autoritária falando alto para que os meninos ouvissem.
  - Mas, , temos que falar com o primeiro... – começou a falar.
  - Não quero nem saber. Hoje vamos a esse show, ! Eu preciso tanto dançar até não sentir minhas pernas, de beber até o meu limite. Ouviu, ? – interrompi e falei alto enquanto estava no corredor entrando para a cozinha. – Me desculpe, não sabia que vocês tinham visita – e fiquei envergonhada, a ponto de estar da cor de um tomate, pelo fato de o estar lá e haver um projeto de anjo celestial branquinho como floco de neve e com cabelos negros como a escuridão da noite me encarando com dois olhos azuis brilhantes. Nossa, que homem! Que corpo! Que bunda! Que sorriso! Certamente, esse é um dos homens mais lindos que já vi na minha vida, se não for o homem mais bonito que já conheci e vi.
  - Ah, esse é um dos nossos mais novos clientes, – sorri e fui em sua direção dando dois beijinhos de cumprimento.
  - Prazer em conhecê-lo – suspirei com o olhar de desejo que ele me lançou – .
  - O prazer é todo meu, acredite. – respondeu beijando minha mão direita quando nos separamos.
  - Então, , você falou em seis ingressos para um show... – interrompeu – Eu bem que queria levar nosso cliente novo para experimentar uma caipirinha.
  - Claro, ainda mais que o show vai ser no bar com os melhores drinks. Se você não se importar com a minha companhia... – falei e encarei o projeto de anjo celestial.
  - Eu me importo e muito... – brincou e eu fiquei séria - Em tê-la, é claro – respondeu dando um sorriso safado.
  - E eu como não tenho mais nada pra fazer e como a minha namorada não está na cidade, eu vou também. – anunciou e eu nem sequer ousei tirar meus olhos de , precisava ser forte. Mas ele precisava mesmo estufar o peito e falar “minha namorada”? Sinceramente... E eu nem chamei aquele intrometido. Não ia começar a implicar com ele, não ia. Nada de contato com o , acabou!
  - Ótimo, chama um amigo seu então, . Vai ficar chato ser vela de dois casais – disse e fiquei envergonhada porque me lançou um olhar sexy. - Quer dizer, não podemos deixar estragar esse último ingresso... – tentei reparar o que minha boca grande quase estragou, ou não, eu precisava deixar claro que esperava que ficássemos juntos.
  - Você não tava namorando o Ricardo, ? Até mês passado você estava toda apaixonadinha... – deu uma de enxerido.
  - Tem umas duas semanas que não estamos mais juntos, – respondi ainda olhando para e sorrindo para o mesmo.
  - Vamos terminar de nos arrumar, o show começa às dez. – disse me puxando escada a cima.
  Enquanto se arrumava e eu terminava de me maquiar, estava me segurando para não perguntar sobre a reação de , quer dizer, cara, eu não vou mentir pra mim mesma, tudo o que eu queria era olhar para , saber se ele estava com ciúmes, ou sei lá, detectar algum sinal de que ele me quisesse, mas por orgulho em nenhum momento olhei para ele, consegui finalmente não olhar. Foquei meu olhar somente no gostoso do , isso, tem uma namorada super gostosa, vai casar com ela, eu vou conquistar hoje, nada de olhar para , nem tocar no nome dele, somente quando necessário.
  - Não, ele não pareceu nenhum um pouco com ciúme – disse por fim e eu suspirei.
  - Eu sei, . Mas obrigada por confirmar – sorri triste – Mas eu adorei esse tal de , sinto que hoje vou me divertir bastante – lancei um olhar safado e abriu um sorriso do tamanho do mundo.
  - Vamos? – perguntou com seu vestido florido, maquiagem leve e sapato alto vermelho perto da porta.
  Assim que descemos, os meninos ainda estavam na cozinha tomando whisky e conversando sobre alguma coisa de economia. estava tão lindo sentado naquele balcão, com calça jeans e blusa preta, tão simples, mas tão lindo. Então direcionei minha atenção para , que estava quase igual a , só que estava com uma blusa cinza, tão lindo aquele homem, fiquei admirando-o e nem notei quando ele passou a sorrir para mim e me encarar de volta.
  - Não sei como você conseguiu, mas está mais linda ainda. - disse olhando nos meus olhos, e eu sorri radiante. Isso porque eu ainda nem havia tirado meu casaco.
  - Então, nós quatro podemos ir no seu carro, amor. E , o Keith vai mesmo? – perguntou e ele confirmou com a cabeça – Você pega ele então e nos encontramos lá, certo? – perguntou , tentando me ajudar a não ter tanto contato com ele, para eu não ter uma recaída.
  - Não, eu vou com vocês. Não estou a fim de gastar gasolina, o Keith só vai mais tarde, ele nos encontra lá. – respondeu .
  Então seguimos para o carro. no banco do motorista, no da carona, e como eu imaginava que iria ser, fiquei entre os dois caras mais gostosos que eu conhecia. Quando tentava me controlar por estar tão perto de , senti algo tremendo perto do meu quadril e constatei que era o celular de , que para retirá-lo de seu bolso, sua mão teve que dar uma leve roçada na minha coxa, o que causou arrepios por todo o meu corpo. Agradeci aos céus por ainda estar de casaquinho e ele não conseguir ver meus pêlos eriçados do braço. Uma raiva misturada com ciúmes bateu em mim quando vi de soslaio que ele estava trocando mensagens picantes com a namoradinha babaca dele, então me virei para .
  - Então, , planeja ficar por muito tempo na cidade? – perguntei curiosa.
  - Depende de alguns investimentos, mas como tenho a melhor agência de advocacia cuidando de meus assuntos, acho que essa semana mesmo seus amigos conseguem resolver isso. – respondeu assumindo a postura de empresário importante.
  - Se precisar de qualquer ajuda, não se acanhe em pedir – ofereci simpática – Ainda mais que to de férias essa semana, já que minha chefe está na Malásia gravando uma entrevista e só volta semana que vem.
  - Opa, achei minha guia turística – brincou .
  - Ish, se você for depender da , você está perdido, literalmente. – tentou me irritar e todos riram.
  - tem razão, mas eu posso ser útil para outras coisas; – respondi a provocação de sem sequer entrar no joguinho dele. Agora ele veria quem estava com os quatro pneus arriados – Mas eu conheço ótimos lugares para jantar, tomar vinho, comer morangos, dançar, e quem sabe até tomar banho na banheira. – conclui olhando para maliciosamente e dando a entender que eu estava me referindo a um motel.
  - Eu me dou por satisfeito com essa proposta. – respondeu beijando minha mão esquerda.

Capítulo 08 - Faith and desire are the swing of your hips

  A tensão sexual entre mim e se instalou no carro, que já havia posto uma de suas mãos em meu joelho. Nem ousava olhar mais para , estava tão frustrada por não tê-lo, e morrendo de ciúmes por ele estar trocando mensagens picantes com a namorada quando ele estava ao meu lado. Pra que ele tinha vindo? Só para me atormentar? Toda vez que eu achava que não estava pensando no idiota e estava realmente me concentrando em , o dava o jeito de passar o cotovelo ou o braço pelas minhas costas. Mal ele sabia que sempre que isso acontecia, meu corpo esquentava. Ele estava tão imerso naquelas malditas mensagens, que nem brincando comigo estava. E sempre que entrávamos no carro, ele que começava com o jogo das cores.
  Assim que chegamos ao John’s, Ricardo, que estava próximo a entrada, fez uma festa ao nos ver. Mas assim que viu que eu estava acompanhada por , sua feição mudou. Coitado, ainda era louco para me dar uns pegas, queria minha fidelidade, mas não me concedia a dele. Ele se despediu alegando que ia se preparar para o show e nós ocupamos a mesa ao lado do bar. A mesa era redonda, o que me deixou novamente entre o e o , mas alegando que queria ficar ao lado de , troquei de lugar com , mas minha amiga entendeu que era porque eu queria manter distância da minha paixão platônica e me lançou um olhar de orgulho por eu estar aos pouquinhos me tornando mais resistente aos meus sentimentos por .
  A noite estava super agradável, os meninos não paravam de falar sobre os negócios, enquanto eu e fofocávamos sobre as roupas alheias, enquanto tomávamos as famosas caipirinhas. E foi quando eu senti a mão de em minha coxa, o que consequentemente me fez encará-lo. Seus olhos luxuriantes e seu sorriso de divertimento eram como se fosse um convite para eu entrar naquele jogo de sedução.   - , é sua vez de pagar a rodada. Vai lá no bar pegar, o garçom esta demorando muito – impôs autoritário.
  - Tudo bem – respondi me preparando para levantar e todos me olharam surpresos, principalmente . Eu, que sempre discordava de tudo que falava e fazia questão de contrapor com uma resposta mal-criada, ainda mais quando ele era autoritário daquele jeito, agora fazia questão de nem trocar palavras com ele. Estava chateada com o comentário que ele fez quando me deu carona, e posso dizer que estava com ciúmes, o que só fazia aumentar minha raiva dele.
  - Eu te acompanho – disse levantando e entrelaçando nossos dedos.
   estava com um olhar incrédulo e raivoso. Meu coração acreditava que aquilo era ciúme, mas eu sabia que isso era só imaginação da minha cabeça. Eu apenas me dirigi ao bar e conversava com animadamente, e ele foi se aproximando para me beijar, colocou a mão ao redor da minha cintura e quando estávamos a milímetros do rosto um do outro, o garçom nos interrompeu.
  - O senhor daquela mesa pediu para eu entregar para vocês – disse e apontou para a nossa mesa. , novamente quebrando o clima entre mim e , que porra era aquela? Em uma noite ele fica se gabando pela namorada, e agora não quer me deixar ter um pouco de diversão também?
  Voltamos para a mesa e os meninos engataram uma conversa sobre futebol, e eu comecei a beber. Estava frustrada, ficava mandando esses sinais pra mim, por que aquele caralho não se decidia logo? Eu e ficamos conversando sobre o meu trabalho e alguns planos para o casamento de . E foi quando a banda começou a tocar. Eu e nos dirigimos para a pista de dança, e eu não parava de beber, os meninos continuaram na mesa conversando, enquanto eu e descíamos até o chão. Bento não havia aparecido, ficou apenas Ricardo cantando, e ele ainda fez o favor de passar o show inteiro me encarando, já estava ficando desconfortável. Depois que a banda havia parado de tocar, ainda assim continuamos dançando ao som de um DJ qualquer, mas quando realmente não aguentávamos mais, voltamos para a mesa.
  - Nossa, vocês estavam maravilhosas – disse dando um selinho em .
  - Poxa, vocês nem nos acompanharam – disse e sorri para .
  - É, minha cara, acho que homens como nós, executivos , nascemos com dois pés esquerdos – brincou .
  - Fale por você, só não dancei porque não queria ofuscar o brilho das meninas, principalmente de , que ia se sentir mal porque dança muito mal – brincou e eu percebi que ele só podia estar sentindo falta das minhas respostas, porque passou a noite inteira tentando me atingir, e eu não dei bola para ele.
  - Ele tem razão, sabe dançar muito bem, mas você devia me mostrar o quanto sabe dançar, eu até deixo você pisar no meu pé uma vez – sorri e o olhar de se iluminou.
  - Eu não danço, – ele respondeu manhoso e eu sorri por ele ter usado meu apelido, nem me chamava de .
  - Tudo bem, . Na próxima então – falei manhosa – Nossa, me deu um calor agora – falei e fui tirando meu casaco e o olhando nos olhos. Quando meu vestido foi mostrado, ele me olhou com tanto desejo que podia jurar que ele podia me ver nua. Fui inventar de desviar o meu olhar apenas um pouco e infelizmente vi o olhar de , de desejo, de fúria, ele não tinha mais os olhos azuis claros, estavam mais escuros, e sua feição era séria como se estivesse brigando comigo. Eu podia jurar que ele além de estar me desejando, estava com ciúme. Ai, , para! Ele podia até estar te desejando mas estar com ciúme e realmente te pegar, não ia rolar. Tenho que parar de me iludir, e entendi que não podia usar para isso, teria que apenas me distanciar de , esquecê-lo e então tentar algo sério com , que realmente merecia uma chance e estava interessado em tê-la.
  - Você ainda quer dançar? – perguntou animado.
  - Sim – respondi e desviei o olhar de .
   e eu seguimos para a pista de dança, ele colou nossos corpos e no início como estava tocando uma música calma, apenas ficou nos balançando de um lado para o outro. Assim que tocou uma música mais animada, ele ficou mais ousado e desceu suas mãos para minha bunda e se desprendeu um pouco mais de mim para me encarar e então me beijou.
  Todos aqueles sentimentos que eu tinha por vieram em minha cabeça, eu não conseguia parar de pensar nele. Mas beijava tão bem, e os carinhos que ele estava fazendo com suas mãos, estavam tão gostosos, eu estava me sentindo tão bem. estava me segurando tão forte, oh, senhor como ele tinha pegada. Eu disse ? Não, eu quis dizer . Oh, céus, eu realmente estava me pegando com imaginando que era ? Só podia ser culpa da bebida. Eu não conseguia me controlar, meus olhos se voltaram para , que segurava seu copo de maneira agressiva, e o entornava, ele também não conseguia tirar os olhos de nós, ou será que ele apenas estava olhando para o nada? Não sei, só sei que aquele olhar raivoso me fazia tremer de luxúria, um digno olhar de dominador.
  - A gente podia estender essa festa para o meu quarto de hotel – sussurrou quando paramos de nos beijar.
  - , eu até queria, mas eu estou muito bêbada, e você é o tipo de homem que com certeza faz uma mulher querer relembrar tudo que você fez na noite anterior. – respondi e mordi o lóbulo de sua orelha.
  - Isso não tem nada haver com você estando confusa por ainda gostar de outro, não, né? – perguntou .
  - Eu vou ser sincera com você, em parte sim, mas eu realmente quero você, mas pra que isso ocorra, eu preciso estar com meu juízo intacto. – respondi tentando ser o mais sincera possível.
  - Eu posso esperar, você é o tipo de mulher que merece esse tipo de tratamento. – ele disse sorrindo – Mas enquanto isso eu quero aproveitar mais... – disse me beijando.
  Ficamos nos beijando e dançando mais um pouco, quando fomos interrompidos por , que nos avisou que como os meninos tinham uma reunião cedo, era hora de ir embora. e já haviam ido para o carro, passou o braço pelas minhas costas e fomos meio abraçados até o carro, enquanto nos olhava com carinho. Ela tinha esperança que eu finalmente conseguiria seguir em frente.

Capítulo 09 - I said sometimes feelings can be hard to understand but if we understand then there'd be no point to the plan

  O caminho para casa de e foi silencioso, exceto pela música que tocava no rádio do carro e a cantoria de e de . Eu como estava com sono, efeito da bebida, estava com a cabeça encostada no ombro de , enquanto ele fazia um carinho em minhas costas. , dormia ou fingia que dormia quando chegamos no carro.
  Quando chegamos ao nosso destino, me deu último beijo e foi embora, e como eu tinha que pegar minhas coisas que havia deixado dentro da casa, fui cambaleando para a casa e peguei tudo que tinha que pegar.
  - Você não vai para casa desse jeito – disse quando eu procurava minha chave, que estava em sua mãos sendo balançada.
  - Devolve minha chave, . Minha casa fica a quatro quarteirões daqui, eu consigo chegar lá – falei com um pouquinho de raiva.
  - Vem pegar. – ele disse e quando ele estava se preparando para correr, já com um olhar excitação, eu bufei e gritei para separar um pijama para mim. Eu não ia ficar atrás de , para pegar minha chave, falei para mim mesma que não ia mais aceitar suas provocações, e não ia perder o progresso de uma noite inteira. Assim, que desceu, deu um pijama para mim e disse que eu podia dormir na sala de cinema e que podia ficar no quarto de hóspedes. Ótimo, ele ia dormir aqui também. Fui para a cozinha, atrás de um copo grande de água para levar para aonde eu ia dormir, para não ter que descer novamente e ter que esbarrar com .
  - Por que você está com raiva de mim? – perguntou sentando no balcão, enquanto eu procurava o copo.
  - Eu não estou com raiva de você – menti – De onde você tirou isso?
  - Você não brinca mais comigo, não rebateu nem sequer uma das minhas provocações, mal falou comigo a noite inteira, e ainda por cima não me chama mais pelo meu apelido – constatou chateado.
  - Você também não me chama pelo meu apelido, e nem por isso eu fico fazendo esse drama – falei ríspida.
  - Disso que eu estou falando, você está brava comigo. – ele falou, arqueou as sobrancelhas e apontou para mim.
  - , eu não estou brava, apenas cansada. – falei e suspirei longamente.
  - Claro, então foi por isso que você não estendeu a festa com ? –perguntou irritado. Irritado? Por que ele ficaria irritado com o fato de eu ter ficado com ? – Ele adoraria conhecer algum lugar com uma banheira e comer uns morangos com você.
  - É, , foi por isso mesmo – respondi querendo não discutir com ele – Nós combinamos de fazer isso outro dia.
  - Esse teatro todo é consequência da conversa de ontem? – perguntou receoso me analisando.
  - Olha, , eu não quero conversar com você agora, porque nós vamos acabar brigando – falei pegando o copo de água.
  - Então nós vamos brigar – ele decidiu e se pôs em frente a porta da cozinha – Não da mais pra ficar nesse iceberg que você nos colocou.
  - Eu não sei do que você está falando – falei e me sentei no banco.
  - Você nem sequer está me enfrentando – disse magoado – Eu não sabia que você ficaria tão magoada só porque eu brinquei ontem com você. E ainda fica usando um cliente nosso para tentar me fazer ciúme, nossa que criancice, .
  - Você brincou? Não, no fundo era exatamente aquilo que você queria dizer! E você esperava o quê? Que eu realmente fosse apaixonada por você? Não acredite em tudo o que as pessoas dizem para você, querido . Eu só não queria que você entendesse as coisas erradas, por isso me afastei um pouco de você – disse no meu tom mais debochado que pude. Mal ele sabia que aquilo estava me matando por dentro – E você realmente acha que eu estou com pra fazer ciúme? Meu querido, é só olhá-lo que você pode perceber que o que eu quero com ele não tem nada haver com ciúme infantil e idiota.
  - , eu sei bem o que você sente por mim. Na verdade, todos sabem. Até Keith já percebeu, e olha que ele só participou de uns três churrascos – falou com um tom de superioridade. – Eu só não quero que você faça algo que depois se arrependa – completou carinhoso dessa vez.
  - , eu confesso que eu sou louca para ir pra cama com você, mas acaba ai, isso tudo é desejo reprimido. Porra, eu to há quatro meses sem dar por sua causa. – falei e me arrependi no instante que fechei minha boca.
  - Sério? Mas e o Ricardo? Você vivia falando sobre ele, vivia estressada e triste por causa dele – perguntou ele surpreso.
  - Sério, o Ricardo era uma invenção, eu terminei o que tinha com ele no momento em que te conheci, porque ele era muito mulherengo, e vivia assim por sua causa. Mas isso vai acabar agora que tenho , não precisa se preocupar. Eu e ele conversamos hoje, e ele disse que eu valia a espera, que eu era o tipo de mulher que mereço esse tipo de tratamento, e que ele não queria apenas me comer – falei e suspirei, tentei fazer a cara de apaixonada mais convincente – Posso ir para meu quarto agora? Tenho que descansar, amanhã vai tirar meu atraso.
  - Como você fala essas coisas sem um pingo de vergonha? – perguntou , mais para si mesmo do que pra mim, aproveitei que ele estava se sentando no banco e corri para a sala de cinema, não queria continuar a discutir com ele.

Capítulo 10 - Heaven is a place on earth with you.

  Agradeci aos céus que não havia vindo atrás de mim. Eu estava tão confusa, eu estava apaixonada por ele, mas eu não o amava, não ainda. Mas eu não sabia explicar o que acontecia quando eu estava perto dele, eu queria ter sua atenção, eu queria ter o seu sorriso, eu queria tê-lo. Eu sabia que no momento que eu conseguisse, o encanto passaria. Foi assim com todos os meus últimos namorados, tanto que meus relacionamentos, o mais duradouro foi de duas semanas. Preparei-me para dormir e deitei na cama. Quando estava adormecendo, senti um braço me envolver e me puxar para si. E apesar de estar de costas para o ser, eu sabia bem quem era só pelo perfume que senti.
  - ? – perguntei só para irritá-lo, eu sabia que ele ficaria magoado.
  - Muito melhor que isso, querida – respondeu ríspido – O ator principal de seus sonhos eróticos.
  - John Mayer? – perguntei ainda em tom de brincadeira.
  - Porra, , você passa a noite inteira me ignorando, e agora resolve brincar? – perguntou divertido.
  - Você não deveria estar aqui, . Me atiçando pra depois pular fora – falei séria.
  - Eu só achei justo EU tirar seu atraso, já que você ficou quatro meses se guardando para mim – disse beijando meu pescoço.
  - , e ? – perguntei só para conferir antes de começar algo que ele possa parar no meio. Ou era tudo, ou era nada.
  - Eu não sou de trair, . Mas como idiota do disse, você é o tipo de mulher que merece esse tipo de tratamento – respondeu passando os dedos gelados pela minha barriga e indo em direção sul.
  - Acho que o tratamento que ele falou não era bem esse – falei suspirando já que ele estava muito perto do ponto mais sensível do meu corpo naquele momento.
  - Te garanto que depois de hoje à noite, você nunca mais vai querer saber de homem nenhum – disse e deslizou sua mão para o meio de minhas pernas e eu gemi de prazer. – Apenas de mim, e só terá a mim. – impôs e eu pude sentir sua excitação em minhas costas.
  Finalmente o que eu mais queria estava acontecendo, estava entregue a mim, me dando prazer. Mas, será que eu ouvi direito? Ele disse que eu só o terei? Isso só podia significar que ele estava cogitando ficar comigo mais de uma vez. Mas o status do nosso relacionamento não importava, não naquela hora em que estávamos consumindo nossa paixão. Apesar de estar deliciada com seus dedos me fazendo gemer, eu queria beijá-lo, eu queria senti-lo entre minhas pernas. Segurei sua mão e a guiei para que aumentasse a velocidade, precisava logo de um alívio. Assim que encostei minha mão em sua, senti sua risada atrás de mim, com certeza estava rindo do meu desespero. Meu corpo então começou a formigar e um gemido mais alto saiu de minha boca, logo me virei para beijar , eu esperei tanto tempo para aquilo. Quando nossos lábios e nossas línguas se encostaram, eu pude entender o porquê de eu ser tão fascinada por ele, e constatei que a espera toda valeu muito a pena. Se eu pudesse, nunca mais saia de seus braços. E no momento enquanto ainda nos beijávamos, senti meu short deslizar pelas minhas pernas, ele interrompeu nosso beijo para tirar minha blusa, ainda bem que eu não dormia de calcinha, nem de sutiã, trabalho a menos. Enquanto eu puxava sua calça moletom com os meus pés para baixo, ele beijava, mordiscava e acariciava meus seios, me deixando ainda mais excitada. Ele então me completou e ficamos nos amando por vários minutos, ele se movimentava em movimentos rápidos e circulares dentro de mim. E quando achava que não podia me sentir mais completa, ele me penetrou uma vez mais forte gemendo de prazer e sussurrou cansado em meu ouvido:
  - Eu sou completamente apaixonado por você, .
  E com aquelas palavras eu cheguei ao clímax, e não fiz questão de abafar meu grito de não apenas de prazer sublime, mas também de prazer emocional, já que todo aquele desespero e angústia por não poder tê-lo, todo aquele ciúme que me corroia, toda a raiva que eu sentia quando ele se gabava por saber que eu era louca por ele simplesmente foi substituído pela emoção de saber que o que eu sentia era recíproco, que ele compartilhava de todo aquele sentimento que estava explodindo em meu peito, em meu coração, em minha mente, finalmente tinha se materializado em apenas prazer, um puro prazer que eu nunca havia sentido. Mas como eu estava realmente cansada, me aconcheguei em , dei um último beijo profundo nele e dormi. Eu não precisava de palavras, ele sabia exatamente como eu me sentia. Ele sabia que eu precisava daquelas palavras, já que eu era muito insegura, e devido a nossa situação. Mas o que importava era que ele era apaixonado por mim e eu estava em seus braços.

FIM



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