Senhorita Darkyne

Escrito por Emy Vasconcelos | Revisado por Laura Weiller

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Capítulo Único

   Darkyne era o tipo de garota antissocial. Ela não gostava de ficar perto das pessoas e muito menos conversar com elas. Ou talvez; não admitia de jeito algum; ela não conseguia por causa da timidez. dizia para si mesma que isso apenas era atribuído ao fato de todos os filhos de Hades serem assim. Ela era filha do deus dos mortos. Filhos de Hades preferem a escuridão, preferem conversar com os mortos do que com os vivos, preferem a morte do que a vida. E também porque as pessoas não gostam deles, em toda a história dos semideuses filhos de Hades, nenhum deles tiveram simpatia com filhos dos outros deuses. Mas é claro que eles preferem a Vida, preferem o Sol, a alegria e etc... Quem gostaria de ficar ao lado da "morte", das trevas e da tristeza?

  Óbvio que ninguém.

  E mais mais uma vez pensando nessas coisas, viajava pelas sombras apenas por não ter nada pra fazer. Ela amava fazer isso, adorava o fato de ter poderes incríveis e as pessoas nem se quer terem ideia de como é maravilhoso. Ela vagava pela escuridão sem nem saber onde estava, por isso não se importou de parar exatamente nas sombras de algum lugar em que estava tocando música clássica. adorava música clássica, ela nem sabia a razão das pessoas gostarem tanto desse lixo musical contemporâneo. Assim que pulou das sombras olhou ao redor. Era uma festa de aniversário de 15 anos e no meio de uma roda de pessoas estava uma garota com um longo vestido dançando ao som de Nocturno - Chopin. Ela olhava escondida de bom grado a dança e a música. Nem reparou que uma garota de sua idade a olhava boquiaberta.
  - C-como você saiu da parede? - A menina estava de olhos arregalados.
   tomada pelo susto, olhou a garota e a encarou. Pelo sotaque da desconhecida imaginou que estivesse no Reino Unido.
  - Eu não saí da parede. - Revirou os olhos retomando a posição - Aqui é o banheiro.
  Estalou os dedos controlando a Névoa e imaginando um banheiro atrás de si. A menina olhou a parede e suavizou suas feições.
  - Está vendo? - levantou uma sobrancelha em desafio e olhou por cima do ombro pra confirmar seu truque. - Maluca.
  E voltou a olhar a dança enquanto a menina meio desconfiada saía de seu caminho.
  Alguns segundos depois a dança acabou e começou a tocar mais um lixo musical, segundo . Ela não sabia a razão, mas dessa vez resolveu ouvir.

  E agora estou em casa, estou sozinha
  Prestes a pegar o telefone
  Para ligar para o meu gênio, ele sabe, sim

  "Meu santo Hades, que raio de música é isso?" pensou. Ela apenas escutou até o final para dar um sorriso sarcástico para o vento e ter certeza que realmente era um lixo musical. Resolveu voltar para as sombras e finalmente ir para a "casa" das suas horas livres, ou seja, o Acampamento Meio-Sangue. basicamente passava a maior parte do tempo no castelo de Hades aprendendo mais sobre seus poderes e aumentando o conhecimento, e às vezes fazendo missões que seu pai mandava fazer; mas quando ficava entediada passeava pelas sombras ou conversava com os mortos.

  Nada que envolvesse pessoas vivas, claro.

  Chegando ao acampamento já estava anoitecendo e quase hora do jantar. deu uma passada rápida nas forjas para amolar sua espada banhada a bronze celestial e já estava indo em direção ao refeitório antes que começasse a movimentação. Sentou em sua mesa solitária de sempre e ficou apenas batucando os dedos em sua pulseira de prata. Enquanto distraída olhava pro horizonte ouviu risadas, franziu o cenho. Já ouviu essa voz. Olhou em volta e seus olhos se encontraram com um par de olhos azuis eletrizantes. Aquele era ? Ao lado do dono dos olhos azuis vinha uma garota morena e digamos que mais "atraente", de acordo com o que a própria avaliou. Encarou o rapaz novamente, olhou a garota e torceu o lábio ao lembrar que a menina era Gallant, filha de Afrodite. A garota mais oferecida do mundo. E o outro era Thunder, o filho perfeito de Zeus. Tinha os famosos característicos olhos azuis dos filhos do rei dos céus, cabelos perfeitamente loiros e cortados e um corpo que não se jogava fora. Ao olhar para ele, sentia arrepios no estômago, e odiava isso. Odiava saber que ele era perfeito e ela uma branca magricela. Odiava mais ainda olhar para e saber que ela nunca seria tão bonita quanto ela. Ela lembrou dos versos da música chata que ouviu na festa há alguma horas atrás.

  “Baby, eu vi a galinha que com quem você estava
  Queria nunca ter visto
  Perfeita pra caramba e 1,80 de altura
  Só quero dar um soco na boca dela.”

   riu ao pensar em dar um soco em só porque um cara bonito estava do lado dela. Isso era idiota demais. Parou de imaginar besteiras e prestou a atenção em seu jantar que estava chegando. Queimou sua primeira parte da janta: hambúrguer de queijo com batatas fritas e refrigerante. Sentiu um cheiro de flores de cemitério subindo com a fumaça das ofertas. Silenciosamente pediu a seu pai para esses sentimentos estranhos passarem. Logo após o jantar solitário, voltou para o sombrio chalé e foi dar uma varrida no local. Ela apenas convocou uns esqueletos faxineiros e em instantes já estava tudo arrumado, a turma da inspeção ficaria satisfeita. A garota olhou ao redor e encontrou um caco de espelho na parede, resolveu dar uma olhada em sua aparência. Nada tinha mudado, os mesmos cabelos negros com uma franja caídos sobre os olhos escuros, onde os mesmo exibiam as marcas de poucas oras de sono, a pele mais pálida que uma vela e o tronco da garota forte, mas ao mesmo tempo magro. Usava coturnos, calças jeans rasgadas devido ao fato de alguns monstros terem-na atacado e blusa preta de mangas compridas maiores do que deveria. Enquanto pensava em arrancar aquele caco da parede, ouviu um toque na porta do chalé. andou até a porta para abrir desconfiada do que levaria uma pessoa ali e pra falar com ela. Assim que abriu a porta prendeu a respiração.
  – Hm, boa noite. - Thunder falou sorrindo torto. - Estou incomodando?
   se engasgou com o ar e olhou o rosto do garoto para apenas sentir as pernas tremerem.
  – Ér... Hm... Não. Não, tudo bem. - Coçou o queixo. - O que deseja?
  – Bom... - O menino começou – Sabe, como você tem mais contato com o mundo inferior, poderia me ajudar?
  Surpresa com a pergunta, o encarou séria. Só poderiam estar zombando dela. Nunca que na vida alguém iria pedir sua ajuda.
  – Cara, o problema deve ser muito sério pra você vir aqui. - avaliou a face corada do garoto.
  – E é! Os Sátiros de Las Vegas estão sentindo uma magia forte vindo de lá, fui mandado numa missão e primeiramente consultei a oráculo Rachel e disse que irei começar a missão com a ajuda de uma filha da escuridão... Erm... Acho que era você.
  – Acho que posso. - A garota encarou os olhos azuis de , não sabia exatamente de onde tirou forças para falar. - Do que exatamente você precisa?
  – Por enquanto é chegar no lugar que preciso e tals... Você sabe como detectar feiticeiras? - passou a mão na nuca, aquele movimento pra foi quase o início de algum tipo de convulsão no estômago.
  – É o que eu faço de melhor. - Sorriu amarelo ignorando os sintomas de algo sério. - Que horas você está partindo?
  – Agora! - O menino falou apontando pra mochila em suas costas que nem sequer tinha reparado.
  – Hm, ok. Deixa eu consultar umas coisas aqui.
  – Certo.
   mal esperou terminar de falar e fechou a porta suspirando fundo. “Uau, isso foi estranho!” Pensou para si mesma. A menina olhou ao redor perdida e lembrou do que ia fazer, retirou sua pulseira de prata do braço e a posicionou no chão, começou a falar palavras em grego antigo e convocou espíritos para lhe responder onde encontrava alguma feiticeira na cidade de Las Vegas. Logo já sabia de tudo e estava respirando fundo para abrir a porta. Assim que a abriu viu sentado nos degraus a esperando.
  – Vamos? - Ele levantou num pulo.
  – Sim. - Respondeu rápido. - Tem um jeito fácil de viajar, mas não sei se você aguentaria...
   falava quando foi interrompida por alguém gritando “”. Olhou em diração da voz e ela quase desejou pular no Tártaro. Gallant dava as caras toda produzida como se fosse para alguma festa.
  – ! Não ia me esperar?
  – Sim! - O menino sorriu encantado.
  – Você vai assim? - deixou escapar as palavras.
  – Algum problema? - colocou a mão na cintura e fez gesto com a outra mão. - VAMOS! Estamos atrasados.
  – Tudo bem. - deu de ombros, realmente não entedia mais nada nessa vida. - Como eu ia dizendo, eu posso viajar pelas sombras, mas pode ser perigoso.
  – Certo, adoro riscos. - disse enquanto seus olhos faiscaram em desafio.
  – Não gosto muito disso. - resmungou.
   bufou e revirou os olhos.
  – Me deem as mãos. Vamos fazer um passeio agora. - sorriu branda.
  Usou as forças, suas entranhas se repuxaram e sentiu suas mãos serem pega dos dois lados. A famosa sensação de frieza das sombras invadiu seu corpo e sabia que já estava indo para Paris Dreams, Las Vegas. Depois de alguns minutos quando sentia suas forças indo embora junto com o suor de sua testa, finalmente sentiu que haviam chegado. Abriu os olhos e quase ficou cega com as luzes, soltou as mãos que segurava e cambaleou se apoiando em um poste sem eletricidade próximo.
  – MEUS DEUSES! NUNCA MAIS EU ANDO ASSIM! SOCORRO! EU VOU MORRER ! - dizia afobada abanando as mãos, apenas a encarava meio tonto.
  – Isso foi... Divertido. - Olhou para que recuperava a respiração com força. - Tudo bem?
  – Eu não faço viagens com acompanhantes, foi difícil, mas estou okay. - soltou o poste e estralou as costas. - Vamos?
  Eles olharam para frente e viram a famosa Las Vegas brilhando mais que o “Sol”, sem querer ofender Apolo. Olhando para a direita apontou para um prédio rosa imenso.
  – Gostei dali.
  – E é ali mesmo que devemos ir, Paris Dreams. Sinto a presença de monstros. - falou.
  – Isso não é bom. - puxou um corretivo do bolso e numa girada da tampa, ela se transformou em uma lança de um metro e meio. - Vamos.
  Os três atravessaram a pista e correram em direção a entrada, que obviamente tinha seguranças. Deram a volta pelo lugar e encontraram uma portinha.
  – Deixa que eu cuido disso. - puxou um grampo do cabelo e tentava abrir o cadeado.
  Batalhou com a tranca por um longo minuto até que a puxou pro lado e chutou a porta que abriu. Deu uma piscadela pra e adentrou no local. Logo as meninas também passaram e deram de cara com um galpão escuro cheio de caixas.
  – Era pra ter algo aqui, não era? - comentou.
  – Eu acho que estamos no lugar erra...- falou mas as luzes acenderam.
  – Olá semideuses. - Uma voz feminina e arrastada falou ecoando pelo lugar. - Estão exatamente no lugar onde eu queria que estivessem. Sejam bem vindos e apreciem meu espetáculo.
  No exato momento três caixas se romperam e saíram de dentro três demônios muito parecido com fúrias. Eles pularam para os lados e um demônio voador seguiu cada um. teve o azar de ser arranhada por um e sentiu a ferida no braço arder como fogo. Puxou a espada do cinto e cortou ar no exato momento em que a criatura saía do local; pelo canto do olho pode ver enfiando a lança em uma delas e indo para o lado de que se encolhia numa parede. Ótimo, pensou , estou por conta própria. Sem mais nem menos pulou por cima de uma caixa pequena e odiando sua altura, cortou o demônio no meio, no exato momento em que passava. Sentiu uma dor no lado esquerdo logo depois em que fez isso. Esfregou a mão no peito agoniada. levantou pelos ombros e andou mancando até . A menina olhou a perna do garoto e viu um corte profundo que saía sangue como cascata.
  – Eu matei um monstro com um corte assim. Esses demônios são as arai, umas personificações das maldições que recebemos e ao matar um monstro a maldição literalmente cai sobre nós. Também sinto dor de cabeça. - Ele deu de ombros. - O que você está sentindo?
  – Dor no peito. Acabei de lembrar que matei um cão infernal esmagando o coração dele. - Diana respondeu ainda dolorida. - Trouxe ambrosia?
  – Sim, na minha mochila. Pega pra mim ? - olhou para a garota que ainda tinha cara de quem viu um monstro, e realmente tinha sido isso.
  Enquanto comia, lembrou daquele maldita música que veio na sua cabeça enquanto brigava com o monstro.

  Queria ser alta
  Queria ser rápida

  “Ótimo, agora essa música tá me descrevendo” resmungou nos seus pensamentos, e ouviu passos na sua direção. e olharam por cima das caixas e alarmaram-se. levantou do chão em que estava e acompanhou o olhar dos outros.
  – Ora, ora. Veja se não são os heróis. Pensei que não fossem sobreviver.
  Uma mulher alta de porte elegante usava um vestido negro no estilo grego e um cajado nas mãos.
  – Se a minha pobre instrutora Hécate me visse agora, ficaria magoada. Mas fazer o que, não é? Sacrifícios precisam ser feitos.
  – Q-quem é você? - disse assustada.
  – Eu? Bom, eu sou Zéfira. E acho que vocês: , e , não precisam se apresentar, conheço cada um.
  A feiticeira levantou o cajado e forças invisíveis arrastaram os três semideuses pelo galpão até o centro e onde um imenso altar estava cercado de espíritos fantasmagóricos. e os outros dois foram amarrados um ao lado do outro em cima do altar.
  – Sabem queridos, eu preciso fazer um sacrifício. Preciso chamar minha querida Medéia de volta a vida, cansei de Hécate. Ela fala demais sobre caminhos e blá blá blá. Hora de começar a nova Era.
  – Me solte! - gritou, sentiu que a garota usava charme na voz, pois a própria queria sair dali e obedecer a ordem.
  – Acha que com esse charme mixurica consegue me convencer? - Zéfira riu.
  – Ô dona Zefinha... - a chamou debochado. bolava um plano pra sair daquele lugar, sentia que os espíritos estavam apenas esperando ordens. Mas não tinha certeza se obedeceriam ela. A música martelava em sua cabeça.

  É evidente que perdi o controle
  Mas o que estou dizendo, é que você pode ser verdadeira
  Quero estar com você onde quer que esteja
  Então você queria poder me beijar
  Você realmente quer fazer isso?
  Faça um pedido garota

   tinha que fazer algo, ela gostava do . Por mais que não admitia isso, ela gostava e se deu conta disso. Tinha que tirar eles dali para por todos em segurança e com vida. Sentiu raiva. Raiva de não conseguir fazer o que queria, raiva por ser ignorada por seu pai até num momento como esse e raiva por sentir amor por alguém que não sentia nada por ela.

  Queria acordar com o corpo mais avantajado
  Porque se eu te quiser, preciso ter isso

   gritou furiosa consigo mesma. Sua raiva fez os fantasmas evaporarem de tal forma que até a força invisível que os prendia se afrouxaram. A garota dominada, pulou da altar e com sua espada apertada pelos dedos roxos com força golpearam a feiticeira Zéfira, a mulher se defendia assustada com o movimento repentino com o cajado. O chão ao seu redor começou a rachar. Mas antes que qualquer coisa pudesse ser feita a feiticeira tomou uma afeição de surpresa e logo em seguida uma ponta de metal atravessava seu peito. Zéfira olhou pra trás surpresa, dando de cara com um triunfante.
  A Mulher caiu no chão morta. encarou que olhava para uma feliz e assustada.
  – Conseguimos. - Ele disse.
  – CONSEGUIMOS! - gritou e abraçou . Num momento rápido eles se beijaram e ficaram assim.
   olhou para eles triste, muito magoada. Ela já sabia desse fim. Se afastou deles em silêncio.

  Venha, venha me beijar garoto.

  - É, conseguimos. - Murmurou.
  E como sempre, mais uma vez se escondeu nas sombras.

FIM!



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