Se Beber, Não Case!
Escrito por Sâmela Ferpisou | Revisado por Luba
— Diga "oi" para o meu pequeno amigo! — Eu olho do rosto sorridente e evidentemente bêbado da minha melhor amiga para o ser que ela aponta alguns centímetros a baixo, ao qual está firmemente agarrado a suas pernas com uma cara feliz. É esse momento que eu escolho para ter aquela introspecção pessoal e lamentar a ter conhecido. Ela era o tipo de garota estranhamente inteligente e esperta sobre qualquer assunto, mas haviam certas coisas em que me assustava por serem macabras de um jeito exótico. Por exemplo, agora ela estava ao lado de um anão que ela havia contrato os serviços para fazer minha despedida de solteira.
— Ele parece aquele ator do Games Of Thrones, o Peter Dinklage. — Comento, realmente notando as semelhanças. Minha amiga ri enquanto dá um passo cambaleante em minha direção me abraçando pelo pescoço.
— Essa festa está bobando e olha que ainda está no começo. Daqui a pouco começa o que eu planejei e a galera vai a loucura. — Eu balanço a cabeça em negação. Supostamente numa festa de despedida de solteira, só deveriam haver mulheres, mas - a responsável por parte da organização - resolveu que a entrada seria liberada para todos os gêneros, e o que eu mais tinha visto aqui era homens. Ela nunca me disse que o promoter seria este bendito anão porque se eu tivesse sonhado com isto, esse festejo jamais aconteceria. Segundo ela, ele era o maior promoter de festa que já conheceu em toda a sua vida. As festas que ele organizava eram as mais intensamente insanas que se possa imaginar, e que ela já havia ido a várias delas e sempre se surpreendeu porque elas eram todas diferentes, ou seja, eu não iria precisar me preocupar se a minha festa iria parecer com a de alguma outra pessoa. No entanto havia uma razão para eu não gostar do cara e nem frequentar suas comemorações; Eu sempre fui uma boa garota. Excepcional. Com notas na faculdade realmente boas, ótima filha, uma verdadeira lady. Era por isso que eu estava de casamento marcado para daqui a uma semana com um bonito homem chamado Robert Traynor, filho de um juiz desembargador e uma socialite renomeados na alta sociedade. Eu sei que eu deveria parecer ansiosa e louca com os preparativos porque em sete dias toda a minha vida iria mudar, eu seria uma mulher casada e séria e blá blá blá, porém eu não estava nem um pouco preocupada. Meus pais estavam acertando tudo, minha mãe estava histérica colocando toda a família em estresse porque ela queria que tudo fosse perfeito. Eu disse a ela que desde que ela me deixasse em paz, ela poderia fazer o que bem entendesse e eu não iria me importar. É por isso que eu estou tranquila, acho que não tenho com o que me preocupar.
Robert é um amor de pessoa, atencioso, carinhoso e é lindo. Recentemente ele foi contratado para ser o garoto propaganda da marca Calvin Klein e ele se saiu muito bem. Nossos pais sempre nos disseram que teríamos bebês lindos, príncipes de uma realeza que só existia na cabeça deles. Eu nunca liguei para status social, mas até onde eu sabia, isso era o que mais valia para meus pais e sogros. Quando eu e Robert começamos a namorar, meus pais, Trevor e Violet ficaram exaltados, era como se Robert fosse a celebridade mais famosa do universo. O mesmo aconteceu com meus sogros, Alice e Dwane. Eles tanto insistiram em oficializar o nosso compromisso que fizeram uma festa chamando só a "patente alta". Da minha parte não havia necessidade de fazer uma coisa dessas, todavia impedir minha mãe significaria tê-la reclamando 24 horas no meu ouvido, então eu apenas concordei. Robert também parecia feliz em "exibir" como sua namorada a neta do magnata Theodor dono da empresa de jóias "Dark Diamond". Todos de sua família se mostravam orgulhosos com o nosso romance, e embora eu tentasse sempre ser reservada, Robert vinha em contramão e mostrava até demais. Após o primeiro ano de relacionamento, Robert começou a me pressionar com o casamento, e eu consegui dobrá-lo por mais um ano, entretanto agora não tinha mais como pará-lo. Segundo ele, dois anos são o bastante para conhecermos um ao outro, então não havia porque adiar mais o casamento. Eu estranhei toda essa sua insistência. Até onde eu sabia, os homens fugiam de casamento na idade dele, mas ele não, ele queria demais. Aceitei. Deus me livre negar, meus pais iriam me matar.
— Eu vou ali checar umas coisinhas e depois a gente se encontra. Kisses, bitch. — E ela some com o nanico em seu encalço. É minha festa, mas eu me sinto perdida aqui. Olhando em torno, não reconheço um rosto na multidão alva. Por algum motivo, exigiu a vestimenta branca para a entrada. Como era tudo surpresa para mim, eu não sabia nada sobre o que iria acontecer daqui para frente.
— Meu Deus, olha a merda que eu me meti. — Suspiro falando comigo mesma quando começo uma caminhada para o bar. Vejo um lugar vazio e me sento. O barman percebe minha presença e vem até mim, seus olhos descem direto para o meu pulso, vendo a pulseira grossa dourada.
— É a noiva, certo? — Pergunta. Assinto. — O que gostaria de tomar?
— Me dê uma garrafa de água, por favor. — Ele estranha meu pedido, mas não debate e apenas se vira para pegar o que eu pedi. Bem, se eu não tivesse uma promessa moral a cumprir, eu estaria agora mesmo nos braços de uma garrafa de Jack Daniel's, mas uma conversa muito recente está assombrando minha mente, lembrando-me de algo que nem deveria ser levado a sério. Após quase uma hora de discussão com meus pais sobre quando eles descobriram que eu teria uma festa de despedida de solteiro, eu ainda posso ouvir claramente as palavras da minha mãe:
— Escute-me o que tenho a dizer, . Preste bastante atenção. Você pode até ir a essa festa... Mas aqui vai o aviso: Se beber, não case!
O quê? Não entendi.
— O quê? — Eu perguntei em voz alta.
— Você me ouviu. Não quero que beba porque você é fraca para álcool. Então se beber, é melhor nem voltar para se casar, está me ouvindo? Eu não quero envergonhar a memória de seu avô e muito menos os seus sogros casando uma alcoólatra com um rapaz tão perfeito como Robert. — Minha boca se abriu em surpresa. Ela me chamou de viciada em álcool? — Quando chegar aqui descobrirei se bebeu ou não, e se você beber... Pode ficar ciente que farei você pagar por isso.
— Faço das palavras de sua mãe as minhas. Pense muito bem no que vai fazer.
Foi então que fiz uma promessa a mim mesma, usando as palavras da minha mãe de que vinha a essa festa e não iria beber. Vou mostrar a ela que não sou mais uma garota, e sim uma mulher com responsabilidades. Ficarei zero álcool, só refrigerante e água, porém só Deus sabe a vontade louca que eu tenho de virar apenas um shot de Jack Daniel's.
A água é posta na minha frente e eu imediatamente a pego, torcendo a tampa e levando-a aos lábios para sanar a secura da garganta. Estou cuidando das minhas necessidades quando uma risada ecoa no meu lado. Abaixo a garrafa e olho para ver quem é e quase engasgo com a visão do deus grego me olhando com diversão. Com cabelos castanhos voltados para cima, olhos azuis piscina, nariz afilado, lábios cheios e maxilar bem másculo, ele é a descrição da beleza. Observo sua vestimenta e praticamente babo com seu estilo. Jaqueta preta, por baixo uma camiseta branca, jeans escuro e botas. Deus... Esse homem quer me matar! A pulseira preta em seu pulso me conta que ele é acompanhante de alguém, já que os convidados estão usando pulseiras verdes neon. Uma buzina ensurdecedora apita assustando-me e logo as luzes estroboscópicas atacam a todos, quase me deixando cega, assim como a batida da música acelera e o povo começa a pular, isso e me lembra uma rave modo hard.
— Que inferno. — Juro que agora mesmo eu estou desejando ir embora para casa e dormir. Nunca gostei muito de festas, só estava aqui para não decepcionar . Ela tinha preparado tudo com muito carinho - e um pouco de malícia, mas tudo bem. - queria que eu me divertisse. Eu até estava tentando não surtar com essa barulhada toda, mas estava difícil.
— Você é a primeira garota que eu vejo numa festa bebendo água. Isso é estranho. — O gato ao meu lado mia e eu viro a cabeça em sua direção, pegando a poucos centímetros de mim. Ele teve que falar perto, de outra forma eu não o ouviria. — É menor de idade?
— Não. — Eu respondo me inclinando para ele.
— Então por quê? — Seus olhos vem para os meus e isso me envia calafrios. Olha, Robert é lindo, mas este cara o detona em um segundo. Nunca vi alguém tão impressionante como ele. E como ele espera a minha resposta, sei que vai achar patético se eu lhe disser que não estou bebendo por causa do que minha mãe disse, então resolvo ser evasiva.
— Promessa moral. — Dou de ombros como se aquilo fosse sem importância. Vejo confusão em seu rosto, mas ele mantém seus questionamentos para si. Dou outro gole na minha água, dessa vez sorvendo tudo. O estranho chama o barman e lhe pede uma dose de Jack. Invejo-o com todas as minhas forças, mas forço meus olhos longe da garrafa porque não quero cair em tentação. Após beber seu shot, ele me olha e sorri, então se aproxima do meu ouvido.
— Querida, eu queria poder flertar um pouco mais com você até convencê-la de que eu sou um bom partido para uma noite de sexo ardente. Eu vi você de longe e meu pau soube que ele gostaria de ter você. Sei que estou sendo muito direto, mas acho bobagem perder tempo com baboseira quando na verdade poderia aproveitá-lo de um jeito gostoso. Você é quente e eu quero sentir seu corpo contra o meu. O que acha de fazer comigo o que a noiva está fazendo agora por aí com algum cara? — Meu queixo deve estar tocando o chão depois dessa declaração muito audaciosa e ousada. Ele se afasta apenas um pouco para olhar o meu rosto, ostentando um sorriso de merda daqueles bem cafajeste. Muita prepotência e arrogância da parte dele achar que me ganharia com este discurso... Quente. Bem, eu odiei que ele achava que eu seria fácil, mas não posso negar de que suas palavras me aqueceram, e para uma virgem com 21 anos, isso não deixava de ser um pouco de tortura. Eu escutei tantas vezes sobre as experiências de e eu não gostava por uma parte porque eu ficava molhada, mas por outro eu também ficava frustrada porque eu não tinha coragem de me tocar. O meu noivo soube respeitar o meu tempo e é a ele que vou dar a minha virgindade porque eu prometi a mim mesma que ela seria do homem que eu amo de verdade. Após o casamento sanarei todas as minhas dúvidas sobre sexo e ele será o único a quem irei entregar minhas fantasias. NINGUÉM MAIS! — Tudo bem, Linda?
— Como você sabe que a noiva está fazendo alguma coisa com um cara por aí? — É tudo que sai da minha boca ao invés de um bem grande "não". Sorrindo mais amplo, ele dá de ombros.
— É sua despedida de solteiro, é claro que ela iria aproveitar antes de se casar e viver apenas com um cara. Bom, eu faria isso se eu fosse o noivo. — O meu estômago se contorce ao ouvi-lo. Será que Robert me trairá na sua festa? Merda. Agora não vou parar de pensar nisso.
— Ela pode ser alguém respeitosa e está de boa, não se afogando em sacanagem. — Eu rebato e o homem faz um sinal para o atendente pedindo mais um shot.
— Eu não dou a mínima para o que a noiva está fazendo. Eu estou muito focado em fazer coisas com você, Coração. — Admite mais uma vez fazendo com que minhas bochechas se aqueçam e minha pélvis aperte. É melhor eu me afastar ou esse cara vai estragar minha calcinha com sua fala mansa.
— Eu não tenho nenhum interesse em ter você dentro da minha calça. Procure outra para oferecer as suas safadezas. — Eu me levanto mais não chego a dar cinco passos quando uma luz branca com um forte foco paira em cima de mim. A música cessa e as pessoas param de se mexer.
— Bem, gente... Eu sou a . A melhor amiga da noiva que está bem ali. — Aponta para mim de cima de um palco montado e sincronizadamente a multidão olha para onde mostrou. Eu sinto extrema timidez e tudo que eu quero fazer é me encolher. — Por favor, pessoal... Abram espaço para nossa querida passar. Venha aqui, Linda. — Meu Deus, eu quero me enterrar! Contudo obedecendo-a, eu apenas começo o meu trajeto de cabeça baixa até o palco, onde subo por uma escadinha ao lado. Segurando minha mão, me puxa até o centro enquanto grita no microfone: — Pessoal, é a noiva! — A galera vibra batendo palma e gritando como se eu fosse alguma celebridade muito famosa. — Sabemos que você é muito novinha, quase não aproveitou sua juventude e já vai casar e virar uma mulher séria. Então pensando nisso, eu tomei a liberdade de fazer você aproveitar pelo menos um pouco esse dia de hoje. Quero deixar bem claro que a partir de agora você está totalmente solteira, sem nenhum vínculo com seu futuro esposo. — Estou prestes a protestar quando ela me cala colocando um dedo em minha boca. — Calada. Ainda não terminei. Tenho um monte de tarefas as quais deverá cumprir e caso não faça ou se negue a participar, jogarei um balde cheio de baratas vivas em cima de você. Eu sou sua amiga e eu te amo, e essa foi a única forma que encontrei de fazer você viver um pouco. Se me disser que não agora, então essa festa vai acabar, você volta para casa e a nossa amizade termina. Sinto muito, Linda. Mas chantagem é a única coisa que vai fazer você funcionar ao meu favor. Quero te mostrar em um dia um lado da vida que nunca experimentou. Você topa, ou você não topa?
Eu estou muito confusa e com medo do que preparou para mim. Se eu pudesse eu diria que não, entretanto sei que ela está falando sério sobre parar de falar comigo. Nós tínhamos uma promessa de quando falássemos a respeito do fim da nossa amizade, era bem sério. O que fazer, neste caso?
— , eu não sei se quero fazer isso. Eu estou meio assustada. — Sussurro em seu ouvido.
— Basta ser livre por um único dia, . Por favor. Tente correr um pouco de perigo. — Devolve ela.
Oh meu Deus.
— Tudo bem. Eu topo. — Afirmo. Um sorriso curva seus lábios.
— ELA ACEITOU PESSOAL. E TUDO QUE EU POSSO DIZER É: QUE OS JOGOS COMECEM!
Merda. Nada bom. Nada bom mesmo!
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— Certo. Qual meu próximo desafio? — Eu pergunto eufórica. Eu já tinha feito uma infinidade de tarefas e tudo tinha sido muito divertido, dancei com gogoboys, toquei neles, beijei uma garota, cantei, enfim.... Eu mal podia esperar pelo próximo passo.
— Ok. — Minha amiga sorri maleficamente. — Para este próximo desafio eu vou precisar de uma pessoa. Um homem. — Vish, lá vem merda. - Penso. — Mas não é qualquer homem. Eu quero um cara forte, grande e muito quente e sexy. Se você não tem essa qualidade, então nem se ofereça. — Meus olhos varrem a multidão quando muitos homens se ofertam e eu até vejo um que acho que tinha os padrões que queria. — Certo. Temos um aqui. Venha cá, docinho. — Eu olho e minha boca abre, assim como meu coração acelera. Ela escolheu o estranho que me ofereceu sexo no bar.
— Jack Daniel. — A mulherada vibra.
Arregalo os olhos e minha amiga percebe isso, tanto é que solta uma gargalhada.
— Uau. Será que é o destino? simplesmente ama Jack Daniel's. — Lhe dou uma cotovelada. Jack ri e pisca para mim, assim como o povo todo gargalha.
— Eu amo só o whisky. — Puxo o microfone apenas para esclarecer.
— Sim, certo. Eu amaria os dois Jacks neste caso. — comenta e eu só quero matá-la. — Mas continuemos. Jack Daniel, se importaria de tirar sua jaqueta e camisa para verificarmos o pacote completo?
Satanás... Não!
O cara sorri enquanto sai de suas roupas e exibi um corpaço de dar inveja a qualquer um. Eu me odeio nesse momento porque eu não posso desviar meus olhos de seus músculos tão proeminentes e as tatuagens. Esse cara vai me foder! O peito trincado e a barriga rasgada e definida me fazem ter pensamentos impuros. Robert é forte, mas não tanto como Jack. Ele é tão... gostoso.
— Nossa. Isso aqui faz mágica. Aposto que a calcinha de todas as meninas aqui está completamente úmida. — Merda, . Isso é coisa para se falar no microfone? — Mas não importa. Agora você é de . Pertence a ela. — Pertence a mim? Que porra é essa? — O novo desafio de é algo bem fácil. Cadê o pessoal com as armas? — Armas? Como assim? Cinco meninas e seis rapazes aparecem em minha frente com aquelas armas que espirram água, e se preparam. — ... O seu desafio é beijar o nosso lindo Jack Daniel e você tem dez segundos a partir de agora. 10... — Ela começa a contar. — 9. — Eu não quero beijá-lo. — 8. — A galera grita ensandecida. — 7. — Jack está vindo para mim. — 6. — Eu dou um passo para trás. — 5. — Ele sorri. — 4. — Eu engulo em seco. — 3. — Jack está perto. — 2. — Levanto a mão para pará-lo. — 1. — Mais um passo. Então a distância entre nós é fechada e seus lábios atacam os meus num beijo violento. Sua língua não pede passagem, ela força a entrada e devasta todo meu ser quando invade minha boca, subjugando a minha língua que até tenta brigar por controle, mas não consegue. Eu nunca fui beijada assim nem por Robert. Nós tínhamos nossos momentos de pegação, mas nunca foi desse jeito. Senti as mãos que estavam em meu rosto descendo pelos meus ombros, costa, cintura, parando em minha bunda. Um arrepio cruzou meu corpo quando Jack a apertou com vontade, grudando mais nosso corpo e me fazendo notar o quão duro ele estava. Aquilo foi como o inferno para mim porque eu estava quase que literalmente entrando em combustão. Ar faltou, mas o beijo nunca terminava, ele sempre exigia mais de mim. Seja quem for Jack Daniel, eu nunca mais vou esquecê-lo. A mão direita na minha bunda dá mais um aperto, então sobe para a minha coluna. A outra retorna ao meu rosto num afago suave, enquanto nosso ritmo pouco a pouco vai ficando mais lento, até nossas bocas se separar minimamente.
Sinto-me desorientada quando abro os olhos e meu único foco são os olhos de Jack, reluzentes e sérios. Meu coração começa a bater rápido e eu experimento uma sensação nova ambígua. Enquanto por fora a minha pele parece pegar fogo, por dentro há um frio gostoso quando as borboletas saldam minhas entranhas.
— Uau. — Suspiro ainda fixa em seus olhos. Já não vejo mais aquela arrogância de antes, e sim um tipo de adoração. Parece que ele está um pouco surpreso também, eu só não sei com o que. Nos encaramos e quando ele está prestes a avançar em mim novamente, gritaria quebra o silêncio e a voz conhecida da minha amiga se faz presente, estilhaçando todo o contato íntimo que estávamos tendo.
— Geeeeente... O que foi esse beijo? Mas é uma pena que isso só aconteceu depois que a contagem terminou. Neste caso... Fogo! — Algo começa a ser espirrado em mim e eu só tenho tempo de proteger o rosto. — Viva !!!!! — Olho para o lado e vejo Jack sendo bombardeado também e a tinta é colorida, o que o suja completamente. Olho para minha roupa e me sinto como um guardanapo de pintor, toda pintada. — Rápido, . Seu último desafio é pular na piscina. 30 segundos. Cuidado com a barata! — Desesperada, eu nem sei por onde começar a correr. Eu sei onde fica a piscina, mas parece que eu tenho um bug e não lembro a direção. E tudo que eu menos quero é tomar um banho de barata. Credo. Que nojo.
— Venha comigo. — Jack estende a mão enquanto o pessoal segue contando e nós nos afastamos em dispara por entre a multidão, até que saímos do salão de festa e a piscina já é vista. Estão na contagem 13 quando nós paramos. — Você pula, eu pulo. — Concordo soltando sua mão e me jogando com tudo na água que me recebe friamente. Jack vem logo em seguida. Quando eu olho para cima, está sorrindo de orelha a orelha.
— Pessoal, ela cumpriu todas as tarefas e desafios, por isso nada de banho de baratas para ela. — As pessoas meio que gemem em resposta. Aposto que elas queriam que eu me ferrasse. — Vocês podem voltar ao salão de festa e beber à vontade. Skrillex espera por vocês no palco. — Outra chuva de gritos. Eu nado até a beirada de azulejo e impulsiono o meu corpo para cima, de forma a me sentar, depois levanto-me e fico de pé. Minha amiga sem se importar, vem para mim e me abraça com força. — Obrigada por levar tudo na esportiva e participar de todos os jogos. Eu queria que você aproveitasse o dia de hoje. — Conta ela.
— Foi divertido. Terei boas lembranças desse dia. — Confesso sorrindo.
— Eu também. — Jack aparece por trás de mim, sua mão sobe para os cabelos, bagunçando-os para remover um pouco da água. O movimento faz com que seus bíceps saltem e eu babe.
— Hummm. Acho que vocês precisam se secar. Dentro da casa tem uma secadora e vocês podem utilizar.
Nós concordamos e começamos a seguir minha amiga, em silêncio. Na verdade, eu me sinto meio desconfortável na presença dele agora. Eu lembro do nosso beijo e sei que estou corando. Aquilo foi muito sexual para um beijo. Parecia que ele queria me engolir... transar comigo através da boca... Sei lá. Ainda assim, foi bom. Na verdade, foi ótimo.
Nós adentramos a casa e nos conduz até a lavanderia onde a máquina de secar está. Ela mostra qual é e como usar, então um garoto bonito aparece e a chama. Desculpando-se, ela sai sem se importar em me deixar sozinha com um estranho que quase me comeu pouco minutos atrás. Se não a conhecesse bem, até poderia pensar que ela fez isso de propósito.
— Então... Tiramos a roupa e colocamos lá dentro? — Jack me pergunta, e ele parece tão inseguro quanto eu. Dou de ombros.
— Acho que sim.
— Ok. — Jack remove suas botas e desabotoa o jeans, ficando apenas de boxer na minha frente. Suas pernas grossas e suas coxas musculosas e tatuadas devem dar inveja a qualquer homem. Ele é perfeito. Ainda bem que não percebe que eu estou derretendo sobre sua aparência. Ele joga sua calça dentro da secadora e me olha. — Sua vez.
Merda. Viro de costas e abro o zíper lateral do meu vestido, deixando que ele caia sobre os meus pés. Felicito-me por ter escolhido lingeries bonitas hoje, eu geralmente uso aquele conjunto simples e nudes. Hoje não. Meu sutiã branco é de bojo apenas para suportar o peso dos meus seios e tem detalhes rendados e pedraria. A calcinha é estilo short de renda com alguns brilhantes em algumas partes. Com o rosto vermelho, giro e coloco meu vestido na máquina, configurando os botões para que ela funcione. Quando me afasto, Jack tem seus olhos grudados no meu corpo e isso me deixa muito, muito constrangida.
— Você é linda. — Sussurra tão baixo que eu nem sei se era para eu ter ouvido. Meus olhos varrem o local em busca de algo que possa me cobrir, mas não há nada. Porra. — Seu noivo é um homem de sorte. Ele vai ter tudo isso... Porra, eu estaria mentindo se não dissesse que sinto inveja dele. Todas as noites ele vai se fartar em cada curva do seu perfeito corpo... E eu imagino o quão satisfeito ele vai se sentir toda vez que estiver dentro de você, sentindo o seu calor...
— Não diga essas coisas pra mim. — Eu finalmente me manifesto, cruzando os braços sobre o peito.
— Porque não? — Ele dá um passo para mim. Eu recuo.
— Porque eu sou uma mulher comprometida e isso me envergonha. Estar nessa situação me envergonha.
Outro passo.
— Você não deveria se sentir envergonhada. Você é perfeita e eu daria tudo para estar no lugar do seu noivo. Ele é um sortudo do caralho. — Outro passo. — Quando te vi no bar, eu fiquei louco, imaginei várias cenas acontecendo entre nós dois e isso me deixou tão duro. Nenhuma outra garota me chamou a atenção, eu até tentei conversar com uma menina, mas cada vez que eu piscava eu via você e seu rosto lindo, seu corpo quente... Merda. Estou tão duro e pronto pra você agora que chego a sentir dor.
— Jack... — Tentando fugir, minhas costas colidem contra parede e eu sei que estou encurralada. Ele está me aquecendo e por mais que essa situação seja errada, no meu profundo não quero que pare. — Espere. Vamos conversar. Eu já disse que... — Me corta.
— Que está noiva... Sim. Eu sei disso, todos que estão nessa festa sabem disso. Mas eu lembro de algo que sua amiga disse no palco. Ela disse claramente e em alto e bom som que você hoje estava totalmente solteira, sem nenhum vínculo com seu futuro esposo. A noite ainda não terminou, docinho... — Seus braços estão em cada lado do meu corpo e seu rosto entra na minha zona de conforto. Não há humor em sua face, pelo contrário, há tesão exposto e seriedade. Seja o que for que ele esteja fazendo comigo ou planeja fazer, não está para brincadeiras. — Eu não vou te forçar a fazer nada, mas eu quero convencê-la a ser minha pelo menos nesta noite. Eu quero te dar todo prazer que você possa experimentar... Quero beijar, lamber e provar cada pequena parte desse seu corpo esculpido pelos deuses. Quero sentir você me apertando quando eu entrar bem devagar em você, te estendendo, te aquecendo... Te deixando a ponto de ficar louca. Eu quero fazer você se sentir como a mulher mais satisfeita do mundo... Porra, eu sei que eu posso fazer tudo isso. Você só precisa dizer sim, querida. Vai ser tão bom, você vai implorar por mais e eu vou te dá. Só diga sim.
Fecho os olhos, sua voz está fazendo coisas em mim. Sei que estou mais do úmida para Jack, e isso se tornaria evidente escorrendo pelas minhas pernas se a calcinha não estivesse retendo todo o líquido. Estou numa sinuca de bico porque eu quero dar a ele tudo que está me pedindo... Mas há um porém. Eu sou virgem. Se eu dar minha "inocência" a ele, então como vou fazer para dobrar Robert? Porque ele vai perceber na noite de núpcias que meu hímen já era. Merda. Talvez eu deva ser sincera.
— Jack... — Inicio, abrindo os olhos para encontrar seu rosto sexy. — Eu até queria, mas eu literalmente não posso.
Sua testa franze em confusão.
— Porque não?
Suspiro.
— Sou virgem e meu noivo sabe disso. Se eu me entregar, ele saberá que eu não tenho mais um selo. Isso pode ser horrível. — Surpresa o toma quando fecho a boca. Realmente é muito difícil encontrar meninas virgens hoje em dia, principalmente quando elas já chegaram aos 21. Normalmente garotas começam a transar com 15 e aos 20 já são verdadeiras profissionais. Será que ele vai acreditar em mim ou apenas questionar? — Você acredita em mim?
— Mesmo que isso parece difícil, sim. Olha... Eu quero você, nenhuma dúvida sobre isso. Podemos fazer outras coisas, eu não preciso penetrar-lhe com o meu pau, embora eu queira muito. Diga que sim para mim. — Sua mão afaga minha bochecha e este simples contato é minha ruína. Confio nele e quero que me toque.
— Sim, Jack Daniel. — Ela fecha os olhos com a minha aceitação e seu rosto se transforma em algo quase ferino. Me pegando desprevenida, ele me beija com vontade, suas mãos indo até a parte de trás das minhas coxas onde ele me levanta em seu colo. Abraço sua cintura e passo meus braços por seu pescoço, beijando-o com extrema vontade, com fome. Robert é uma sombra de nome na minha cabeça e agora eu nem me lembro o que ele é para mim. Meu irmão? Eu tenho um irmão? Eu acho que sim. Sinto que Jack nos move, então eu sou sentada contra uma superfície gelada, mas o calor do corpo do homem a quem estou grudada logo trata de afastar a sensação desconfortante. Engancho uma mão em seus cabelos úmidos, mas sedosos, enquanto a outra arranha sua costa. Sinto sua mão em meu peito esquerdo, apalpando, então ele rosna contra minha boca.
— Desculpe, querida, mas isto aqui vai ter que sair. — Com habilidade ele abre o fecho em minhas costas e puxa o sutiã pelos meus braços. Abro os olhos vendo-o a morder os lábios, enquanto seus olhos estão fixos em meus seios. Suas mãos os tocam, segurando-os por completo e quando ele aperta um mamilo, sinto um mini choque na vagina e gemo em resposta. — Perfeita. Linda. — Suas palavras me levam a borda da loucura e eu o aperto em minhas pernas. Seu pau está posicionado bem no centro do ápice de minhas coxas e eu sinto-o por completo, duro e grande. — Eu amo como você está roçando sua pequena boceta contra o meu pau agora. Continue, bebê. — Eu movo-me mais.
— Merda. — Exalo quando sua boca cai sobre um mamilo, primeiro lambendo por completo para depois começar a chupá-lo com sucções forte. Nunca senti algo assim, só parece que vou explodir de dentro para fora. Finco minhas unhas contra seu braço e gemo um pouco mais quando a outra mão aperta o outro seio com vontade. — Jack!
— Diga-me o que quer, linda...Eu o farei para você. — Agora ele está atacando o meu outro seio, dando-o o mesmo tratamento que o primeiro teve. Eu sou toda sensações, movendo-me contra seu pênis e mordendo o lábio inferior para não gritar. — Tão suave e macia. Eu amo seu corpo. É o meu corpo perfeito em uma mulher. — Quero beijá-lo, sentir sua língua contra a minha, por isso ergo sua cabeça e movo minha boca para a sua. Suas mãos descem para a minha bunda e me puxam mais contra seu corpo, seu pau. Gemo entre o beijo e balanço mais meu quadril, querendo senti-lo um pouco mais. — Você tira meu fôlego. — Suspira em uma respiração. Enfio minhas mãos dentro da sua cueca apertando seu bumbum. Ele ri. — Uma menina de bunda? — Sorrio.
— A sua é grande. — Aperto novamente, e a ação o empurra para frente e por consequência seu pau se prensa contra minha vagina.
— Eu tenho outra coisa bem grande e você pode sentir. — Morde meu lábio inferior.
— Sim. — Movo minha mão para a frente e ele arfa assim que o toco. Puxo-o para fora e balanço minha mão de baixo para cima. Eu nunca fiz isso, mas sei que é assim. Não devo apertar muito para não o machucar, apenas um pouco de pressão. Ele fecha os olhos e deixa sua cabeça cair contra meu ombro, permitindo-me estimulá-lo. Sei que ele está gostando, mas se eu fizesse algo mais ele iria amar. Tomo coragem e antes que ela resolva me abandonar, eu peço: — Quero senti-lo em minha boca. — Sua cabeça sobe rápido quando ele me encara de boca aberta. Eu posso até ser virgem, mas ele está despertando um lado em mim que nem eu própria conhecia. E eu quero aproveitar este lado neste dia em que tecnicamente estou "solteira".
— Você tem certeza? Não precisa fazer nada disso... — O corto.
— Me ensina. Eu não sei. — O empurro um pouco para que eu possa descer e me ajoelhar em sua frente. Seu corpo todo tenso demonstra que ele quer isso e eu quero dar a ele. — Como se faz um boquete? — Ele ri de nervoso quando fecha os olhos.
— Calma. — Libero-o de sua cueca e o examino de perto. Eu nunca vi um pênis antes, quer dizer... Já. Nas aulas de ciência, mas eram pequenos e enrugados. O de Jack não... Era grande, grosso, todo rosa e a ponta... Bem, ela era circuncisado e enorme... E o charme a mais eram as veias saltando. Seu pênis era muito bonito.
— Estou calma. — Afirmo. Eu estava.
— Não estou dizendo pra você, é pra mim mesmo. Ok. Certo. Você só... Puta merda. — Eu quis sorrir quando olhei para cima e envolvi apenas a glande em minha boca. Ele tinha um gosto bom, não muito salgado. Quando eu suguei em torno da cabeça e lambi o restante da extensão, Jack arfou. — Sim, Linda. Bem assim. — Eu lambi toda a sua circunferência, então resolvi trazê-lo para dentro de minha boca. Jack gemeu. — Sugue mais forte na ponta e mova a mão na base. Sim. Você está indo bem, é boa nisso. Oh, babe. — Eu olho para cima para encontrá-lo com os olhos fechados e o rosto revestido em uma máscara de prazer. Eu o levei mais fundo e seus quadris empurraram em meu rosto. Eu refiz o movimento, levando mais e mais, enquanto movia minha mão rapidamente. Percebi que conforme eu chupava e o engolia com rapidez, mais ruídos sexys ele soltava, então eu resolvi ousar. Com as duas mãos eu comecei a masturbá-lo e comecei a levá-lo até onde a minha garganta permitia sem que desse ânsia... Era gostoso fazer um boquete. Gostei. Aumentei mais o ritmo me sentindo revigorada quando ele começou a fazer sons mais altos. — , eu estou quase lá. Se não quer que eu goze na sua boca é melhor.... Merda. — Empurrei o mais profundo na garganta e suguei forte. Senti suas pernas tremerem um pouco. — Afaste-se... Eu vou... Porra, estou gozando. — Trabalhei mais duro e quando jatos preencheram a minha boca, eu me forcei a engolir. Essa foi a parte ruim porque o negócio era rançoso e meio salgado. Jack se deixou encostar numa máquina de lavar e eu me ergui. Sua testa estava franzida e seu maxilar travado. Por um momento eu achei que ele estivesse com raiva, mas isso mudou quando ele abriu os olhos e me encarou. — Você me estragou. — Eu não entendi o que ele quis dizer e abri a boca para perguntar o que isto significava, mas ele avançou em minha direção grudando sua boca na minha. Quando sua língua tentou penetrar meus lábios, eu me afastei. — O que foi? — Questiona.
— Minha boca está só porra. — Isso era óbvio. — Você não acha nojento?
— Minha porra, e não... Isso é sexy. Agora vem cá, porque chegou sua maldita vez. — Sim. Meus músculos internos apertaram em resposta, ansiosos. Sua mão veio de encontro ao meu pescoço, onde ele me puxa e gruda nossas bocas num beijo violento. Sou movida até a máquina onde antes ele estava encostado. — De quatro aqui em cima. — Meu Deus. O que ele vai fazer comigo? Apesar do receio, eu apenas faço o que me pede. — Incline-se para frente e levante essa bunda maravilhosa. Isso. Assim. — Eu estou deitada sobre o meu rosto enquanto minha metade inferior está alta. Começo a tremer quando sinto suas mãos apertarem minha bunda, então muito lentamente ele começa a puxar minha calcinha para baixo até que eu esteja totalmente nua. — Você é toda rosinha aqui. E seu cheiro é incrível, está me deixando enfeitiçado.
— Jack! — Suspiro quando sinto sua respiração contra minha vagina. Quando ele lambe de baixo para cima eu não consigo controlar, eu grito e me afasto. Parece demais. — Não. — Choramingo.
— Você pode gritar à vontade, amor. Ninguém vai escutá-la. — E sua língua me ataca novamente. Eu gemo e minha respiração fica presa quando ele mergulha sua língua dentro do meu canal. Sua mão foi para a frente, me tocando no meio das coxas. Quando ele moveu os dedos certeiramente sobre o broto sensível eu vi estrelas e mordi meu lábio para me conter. Sua língua nunca cessava enquanto ele me fodia e era uma sensação de puro prazer. Quando sua língua seguiu o mesmo ritmo de seus dedos, algo que começou em meus dedos dos pés e foi subindo explodiu por dentro, enquanto eu ficava vesga e revirava os olhos. Eu gritei tão alto com a sensação de calor e me senti mole demais, como se eu fosse feita de gelatina. Não sei quanto tempo se passou, mas quando abri meus olhos e vi o rosto de Jack na minha frente, eu tive certeza de algo. Eu nunca iria esquecê-lo e como amanhã tudo voltaria a ser normal, eu queria uma lembrança para guardar comigo. Eu o queria e não me importava com o depois.
— Jack, faça amor comigo. Eu quero você. — Ele me beijou, dessa vez com mais calma e eu senti o meu gosto. Eu parecia gostosa.
— Você tem certeza? — Questiona. Eu seguro seu rosto com minhas mãos.
— Sim. Por favor. — Beijei-o com delicadeza, minhas pernas se envolveram em sua cintura e ele me abraçou. Eu o conhecia a pouco tempo, mas aquele abraço me pareceu íntimo e pessoal. Eu tinha alguma ligação com ele, eu sentia isso. Quando sua boca desceu para o meu pescoço e ele lambeu e mordeu um ponto, eu suspirei e apertei seus ombros. Eu estava muito ciente quando senti algo duro pressionar contra a minha entrada. Jack procurava me distrair porque ele sabia que iria doer para mim, eu também sabia disso, era algo inevitável, todavia eu estava disposta a sofrer um pouquinho só para conhecer sensação de tê-lo dentro de mim. Quando ele empurrou um pouco mais e a dor me atingiu, eu sabia que naquele momento ele tinha profanado meu corpo e agora finalmente eu era uma mulher completa. Doeu, ardeu, mas nada que não pudesse suportar. Foi extremamente doce da parte dele beijar as lágrimas que se formaram em meus olhos, e ele não se mexeu, esperando eu me acostumar com seu tamanho. Foi emocionante e eu senti que perdi meu coração para ele quando ele me beijou devagar. — Linda. Você é linda. — Nas inúmeras vezes que eu me imaginei perdendo a virgindade, eu nunca pensei que seria assim, tão bom. Ele ser o meu primeiro foi a melhor escolha.
— Você pode se mover. — Eu sussurrei baixo. Delicadamente ele se retirou e empurrou de volta, alagando-me. A leve pressão de dor se fazia presente, mas havia outra sensação que estava me consumindo... Calor... Eu não sei, não tinha descrição. Quando ele bateu em um ponto, eu senti meu corpo tremer e apertar e eu gemi alto. Quando percebi meu quadril estava se impulsionando para frente para recebê-lo.
— Você está apertando tanto em torno de mim que isso está quase me matando. Sua boceta para mim é como água no deserto. Eu acho que vou ficar viciado. Você é tão boa. — Eu gritei quando ele começou a se mover mais rápido, batendo sempre no mesmo lugar que me fazia contorcer. — Você nunca vai me esquecer, eu fui seu primeiro... Eu fui o primeiro a ter essa boceta gostosa e apertada.
— Oh meu Deus. Eu amo isso. Não pare. — Eu choraminguei quando seu ritmo implacável se tornou mais duro e rápido, castigando-me, enlouquecendo-me. Quando Jack deslizou os dedos sobre o meu clitóris e mexeu sem piedade, eu gemi e mordi seu ombro, gozando pela segunda vez. Quatro estocadas depois, Jack deixou a cabeça cair contra o meu pescoço, grunhindo, seu corpo empurrou e retorceu e eu senti seu calor me invadindo pouco a pouco. — Meu Deus! Isso foi... Você é...
— Não diga que sou muito bom pra você. Eu sou, mas não diga. — Jack brinca e isso me faz rir feliz. Este foi um dos momentos mais lindos de toda a minha vida.
__X__
~~*~~ Cinco dias depois ~~*~~
O dia não está muito bom hoje, faz frio e eu acho que vai chover porque as nuvens cinzentas já estão praticamente anunciando isso. Ainda assim, isso não faz com que o sorriso em meus lábios se perca. Estou a caminho da casa de Jack Daniel que fica no subúrbio de Seattle, na zona vermelha como minha mãe diz. Nós estávamos nos encontrando todos esses dias, inclusive ontem e anteontem eu dormi com ele. Eu não consegui parar o nosso envolvimento no dia da minha festa, então ele propôs que ficássemos juntos esse tempo até antes de eu me casar. O nosso vínculo cresceu e seria difícil olhar para ele e ter que dizer que acabou, mas uma hora ou outra isso teria que acontecer. Eu não pretendia ser uma esposa infiel, mesmo que agora eu me sentisse extremamente apaixonada por ele e não por meu noivo. Eu menti para a minha família dizendo que eu estava tirando uns dias para ir até um spar, só que não era nada disso. Meu destino era a casa de um badboy lindo que conquistou meu coração. Como minha mãe estava cuidando de todos os preparativos para o casório, ela apenas aceitou numa boa alegando que minha pele deveria estar bonita para o meu dia especial. Pobrezinha... Se ela soubesse que o único tratamento que eu estava recebendo era muito sexo selvagem com outro cara, ela iria surtar e ter um ataque cardíaco. Aposto.
Dobro uma rua e entro em um bairro pobre, visualizo a casa de Jack e estaciono bem na frente. Travo e ativo o alarme da Range Rover e caminho até sua porta, apertando a campainha. Segundos depois ela é aberta pelo homem mais lindo que já vi em toda minha vida. Eu pulo em seu pescoço e lhe surpreendo com um beijo. Sinto seu sorriso contra meus lábios, então ele me abraça e me aperta forte.
— Senti sua falta hoje cedo. — Ele declara, bicando minha boca várias vezes. O solto, reparando que está sem camisa, descalço, apenas em um jeans surrado. Essa visão me dá água na boca.
— Eu também, lindo. — Vamos para o sofá onde ele se senta e me puxa para o seu lado. Beijo seu peitoral, sua barriga e me deito contra seu ombro. — Qual filme iremos ver? — Questiono.
— Livrai-nos do Mal. — Ele aperta o play no controle e logo o filme começa a ser reproduzido. Eu me acomodo e fico em silêncio prestando atenção no filme. Minutos se passam e tudo está indo muito bem, até eu olhar para o rosto de Jack e perceber algo estranho. Seus olhos estão na Tv, mas não parece como se ele estivesse assistindo. O rosto está tenso, sério e eu sinto que ele está diferente. Levanto do seu lado e me sento ereta um pouco longe de seu corpo. Ele percebe e me olha, e quando eu não falo nada ele apenas volta a olhar para a televisão. Isso me angustia. Será que ele vai terminar comigo hoje? Só de imaginar isso meu peito dói. Levanto do sofá e vou para o banheiro, porque sinto que estou prestes a chorar. Quando tranco a porta, permito que as lágrimas desçam. Calma, ... Você não sabe se é isso mesmo. Será que ele usou a desculpa de me convidar para ver um filme para me dizer adeus? Preciso me controlar, merda. Tento engolir o choro, mas meu coração está fazendo um trabalho difícil. Sento no vaso, inspirando e expirando para tentar me conter. — , está tudo bem aí? — Engulo em seco. Para ele vir até aqui e perguntar isso é porque eu devo está demorando aqui dentro.
— Sim. Saio em alguns minutos.
— Não demore. Quero conversar com você algo importante. — Puta merda. Ele vai terminar comigo. O choro livre e silencioso inicia e eu mordo a mão para que nenhum soluço escape. Não vou aguentar, vou sair daqui devastada. Foram apenas seis dias que tivemos juntos, mas já valeu muito mais que os dois anos que eu tive com Robert, não era à toa que eu estava totalmente e perdidamente apaixonada por Jack.
Minutos se passam quando eu estou apta para sair. Só espero que ele não perceba meus olhos vermelhos. Caso pergunte, direi a ele que estou resfriada, por isso meu nariz e olhos estão rubros. Retorno a sala encontrando-o sentado no sofá com as mãos cruzadas sobre as pernas. Sento-me na mesinha de centro, em sua frente.
— Por que tão sério? — Questiono, não sabendo se estou preparada para saber a resposta.
— Preciso te contar uma coisa. — Ele inicia e eu entro em estado de alarme. É agora! Ele me olha profundamente, suas mãos buscam as minhas. — Eu vejo gente morta. — O que? Meus olhos se arregalam. Isso é sério? Estou prestes a perguntar quando um sorriso humorado ilumina seu rosto e ele ri de mim, lançando-se para trás no sofá entre altas gargalhadas. — Porra. Você deveria ver sua cara. Foi bem engraçado. — Alivio me toma por saber que agora ele está descontraído, ou seja, ela não vai terminar comigo... Não é?
— Eu já ia perguntar se isso era verdade. — Eu confesso. Ele ri mais um pouco, então se senta corretamente e me olha.
— Sim, mas isso não muda o fato de que quero conversar algo sério com você. — Eita, merda. — Será que você pode só me ouvir? — Eu assinto, cautelosa. E eu oro a Deus para que ele não queira terminar comigo. — Você sabe que tudo que aconteceu entre nós foi muito intenso e avassalador, certo? — Eu concordo. — E hoje de manhã eu... eu pensei sobre várias coisas e tive uma ideia muito louca. Mas antes de contá-la pra você, eu quero assumir algo. — Suas mãos roubam as minhas e as cruzam. — , eu estou apaixonado por você e o que eu sinto por você... Tenha certeza que não senti por mais ninguém. Você é diferente das outras, porra, você me deixa louco apenas com um simples olhar. Eu não quero te perder. Eu sei que eu disse sobre ficarmos juntos até o seu casamento, porém eu estou voltando atrás das minhas palavras. Eu quero você só pra mim. Não quero que se case. E aqui está o que eu queria te pedir: Foge comigo? — Eu o olho por uns dois minutos sem saber o que dizer. Meu corpo treme, meu estômago revira e eu acho que vou vomitar. — ? — Insiste.
— Fugir? Fugir como? — Minha voz treme.
— Fugir. Você não precisa se casar e... — Eu o corto. Antes eu não queria que ele terminasse comigo porque ele iria partir o meu coração, mas agora percebo que na verdade serei eu a única a fazer isso.
— Jack, quando eu concordei em ficarmos juntos, em nenhum momento considerei não me casar. Eu... — Odeio ver a esperança morrendo em seus olhos, dando lugar a outro sentimento que eu não sou capaz de reconhecer. — Eu não posso largar tudo e simplesmente fugir. E meus pais, meu noivo e a família dele?
— ... Deixe-os. O que importa é o que você quer. Se você...
— Nem sempre o que queremos é o que convém. Eu não posso deixá-los. E o sobrenome da minha família? E... — Jack se levanta me olhando dessa vez com um misto de surpresa e raiva.
— Espera... O sobrenome da família? Merda. — Ele ri. — Eu não acredito nisso. — Eu me levanto e quando tento tocá-lo, ele se afasta. — Eu acabei de assumir pra você que estou apaixonado e te convido pra fugir comigo e você não pode porque isso vai estragar o sobrenome da sua família? Porra... Você é tão superficial. Como eu não pude enxergar isso?
— Espere. Não é isso... — Não me deixa falar, ele simplesmente ri enquanto anda para longe.
— Eu realmente fui um idiota por acreditar que você poderia dizer sim a mim. Olha pro Jack. Um pobretão que mora numa casa caindo aos pedaços... que se apaixonou pela menina rica dona de um império de dinheiro. Onde eu estava com a cabeça? Droga. O que eu fui pra você, ? Apenas um corpo que te fodeu e deu prazer? Será que você sentiu algo nesses dias que tivemos juntos? — Eu abro a boca, mas ele me interrompe antes mesmo de eu responder. — Eu acho que não. Você só mentiu, dizendo aquelas palavras doces apenas pra me enganar. Eu fui um patético, você só estava se divertindo... E eu achando que você era alguém valioso. — Ele ri cheio de amargor. — Não era. Você é um lixo, uma pessoa egoísta que não sente merda nenhuma, que tem gelo no coração.
— Jack, não é assim...
— Pelo menos há um lado positivo nisso. Eu fui o primeiro a fodê-la. Sua virgindade foi minha... Se é que você era virgem, eu estou desconfiando seriamente agora. — Lágrimas nascem em meus olhos. Ele está me machucando com suas palavras. Ele sabe que eu era intocada porque ele foi o único a romper-me. — Suas lágrimas de crocodilo não têm efeito nenhum em mim. Eu te falaria algumas coisas piores, mas o que pode ser pior que ser alguém mal-amado, frio e imundo feito você? Eu nem deveria ter esperado nada de você, afinal... um homem não pode entregar seu coração a uma garota que de primeira lhe entrega sua boceta. Saia da minha casa, não quero nunca mais vê-la. Você foi o pior erro que eu cometi em toda a minha vida.
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— , preciso que venha até o Party Club agora mesmo. — Eduard, um amigo gay que estuda comigo na faculdade anuncia assim que eu atendo meu telefone. Na verdade, só havia uma razão para eu ter atendido. Eu pensava que era Jack Daniel, eu esperava por um pedido de perdão. Eu iria perdoá-lo de primeira porque eu gostava e me importava com ele. Hoje, depois que eu saí de sua casa, eu me senti um trapo humano. Quase bati o carro três vezes, mas consegui chegar em casa viva. O dia foi um tormento, por horas a fio eu chorei por suas palavras, mas mais ainda, chorei por sentir sua falta. Infelizmente ele não poderia entender que eu não tinha saída a respeito do casamento. Só eu sabia a responsabilidade que esse casamento tinha e eu me importava com o sobrenome não por causa dos meus pais, mas sim pelo meu avô. Ele morreu honrado e eu queria que seu sobrenome continuasse sendo respeitado. O que as pessoas falariam se sua neta cancelasse o casamento em cima da hora? Elas iriam falar à beça, e isso o entristeceria, onde quer que estivesse. Eu estava me casando para fazer meus pais felizes... Isso era por eles, não por mim.
— Eduard... O que está acontecendo? É madrugada. — Eu resmungo.
— Eu sei que é, porém você precisa vir agora, é importante. Você sabe que eu não te tiraria da cama se não fosse um assunto - de fato - relevante. — Merda.
— Chego aí em poucos minutos. — É por isso, , que você está na merda hoje. Porque você não sabe dizer não quando é para dizer.
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— Eu sinto muito. — Eduard fala afagando meus ombros enquanto eu assisto uma cena, no mínimo, peculiar. Meu noivo, Robert Traynor está beijando outro cara e ao que tudo indica hoje é sua despedida de solteiro. Durante o tempo em que estivemos juntos eu nunca imaginei que ele poderia ter tendências homossexuais... Bem, acho que estava errada. Ele parecia realmente gostar de beijar o homem. Mas eu notei algo e isso foi surpreende. Eu deveria agora mesmo está me consumindo em raiva, me sentindo traída... mas eu não estava. Não havia nenhum sentimento dentro de mim relacionado a ódio, era como ver alguém normal, não meu noivo.
— Que estranho. — Eu digo para Eduard. — Não sinto raiva, na verdade não sinto nada. — Ele me olha confuso.
— Robert é bi? — Questiona ele.
— Não que eu saiba.
— Até hoje você não se ligou que as aparências enganam? — O namorado de Eduard comenta. — Robert tem jeito de macho. Ele faz o tipo que deixa todas as garotas loucas. Ele é como aquele modelo, Nick Bateman. Ele tem pose de macho, mas na verdade é um maricas.
— Não me importo.
— Você ainda vai casar com ele? — Eu penso.
— Porque não? Não sou homofóbica e hoje é sua despedida de solteiro. Deixa ele fazer o que quiser, eu tive a minha e aproveitei bastante. Isso não é motivo para não me casar. Observe. — Eu começo a caminhar em direção ao meu noivo e quando ele não para de beijar o outro cara eu o cutuco no braço. Seu rosto é um poema quando ele me nota.
— , linda... O que você está... Espere, não é nada disso que você está pensando. Eu... — Ele se embaralha nas palavras e isso me faz rir docemente para ele.
— Calma. Não estou dizendo nada. Eu só quero te perguntar uma coisa. — Quando o rapaz que ele estava pegando começa a se afastar, eu o seguro na mão. — Não vá. Fique. Tudo bem. — Eles parecem assustados. — Robert, você me ama?
— Sim, querida. Isto não é o que você... — O corto.
— E você quer casar comigo?
— Sim. — Responde nervoso. Eu me inclino e beijo seus lábios castamente.
— É tudo que eu preciso saber. Curta sua noite e não se preocupe, eu não vi nada. — Eu pisco para ambos os deixando de boca aberta e retorno para Eduard e Victor que me recebem pasmos.
— Mana, a senhora é louca. — Eu rio e me despeço.
Eu realmente não me importo com mais nada. Eu me importava com um homem, outro homem, o que me fez mulher, mas ele não me quer mais, então eu vou começar a me preparar para ser feliz com outro. Imagino-me como a garota de Thinking Of You da música de Katy Perry. Sei que vai ser difícil, mas eu vou conseguir.
__X__
~~*~~ Dia do Casamento ~~*~~
— Você está tão linda! — Olho-me por completo no espelho e a visão não me agrada em nada. Na verdade, eu me sinto patética, parecendo um bolo fofo com várias camadas. O vestido que antes era lindo e perfeito, perdeu o efeito e resumia-se a um monte panos brancos e cristais que me lembravam um globo espelhado. Sobre a maquiagem... Legal. A única coisa que não encachava era a minha expressão tão deprimida. Parecia que eu ia morrer, não casar. — , que cara de enterro é essa? Você não está feliz que vai se casar?
Não, mamãe. E como Jack diria, eu estou pouco me fodendo para o casamento!
Não querendo discutir, eu forço um sorriso que sai tão vazio e frio, mas como minha mãe é insensível a sentimentos, ela apenas o aceita sem perceber nada. Dá mais uma volta em torno de mim, avaliando tudo, então bate palminhas.
— Perfeito! Digno de uma Rainha. — Suspiro pesadamente. Estou mais para mendiga. — Querida, fique quietinha aí. Não se mova para não suar. Tem água na geladeira e se quiser comer, pegue apenas um pedaço de queijo suíço. Sabe que não pode comer para a sua barriga não marcar o vestido. Vou verificar como estão os convidados e falar um estante com seu pai.
Quando ela sai, eu só posso me sentir aliviada, e sem me preocupar com meu vestido caríssimo eu me deixo cair como um saco muito branco de batatas sobre o sofá. Lágrimas nascem em meus olhos quando as lembranças de todos os momentos que tive com Jack tomam conta da minha mente. Foram cinco dias apenas, mas esses cinco dias me fizeram sentir tão viva, como se eu realmente tivesse um propósito na terra. Quando eu estava com ele, em seus braços eu sentia o pulsar da vida batendo tão feliz, eu não era a sombra de uma garota comandada pelos pais, eu não era só aquela garota que herdou toda a fortuna do avô, aquela riquinha patricinha. Não, era alguém normal, Jack me enxergava assim, simples. Ele me ensinou como a viver de verdade, me fez sentir, mostrou que meu coração pode bater forte. Ele me ensinou o que era o amor. Dizer que o amava era muito cedo, mas eu estava apaixonada por ele e tinha 100% de certeza sobre isso. O que eu sentia por Robert era mais carinho de irmão. A paixão entre mim e aquele badboy bonzinho foi avassaladora, tanto que eu me entreguei a ele sem pensar duas vezes e digo com veemência que não me arrependo. Faria de novo, sem sombra de dúvidas. Aquele sorriso, aqueles olhos, aquele corpo e principalmente aquele coração me mostraram o lado bom da vida, mas realmente foi uma pena que tudo tivesse acabado da forma como acabou. Era ridículo imaginar que quando o inevitável término chegasse nós apenas iríamos apertar as mãos e dizer "foi bom enquanto durou. Tudo de bom pra você. A gente se vê por aí", então seguiríamos caminhos diferentes. Nunca seria assim, merda. Mas brigar também não estava nos meus planos. Ele era importante para mim, eu só não pude dizer porque o orgulho não deixou. Dor toma conta do meu coração quando relembro a expressão ferida de Jack quando disse a ele que eu ia me casar e que não fugiria com ele. Senti como se estivesse o traindo. Era óbvio que ele iria me acusar de gananciosa e interesseira, que preferia o dinheiro ao seu coração. Não! Eu nunca quis o dinheiro de ninguém, nem mesmo do meu avô. Eu só fui sensata. Eu não poderia cancelar um casamento em cima da hora. E o respeito com a minha família, com a família de Robert e os convidados? Sacrificar minha felicidade foi um preço caro para manter o sobrenome do meu avô longe de escândalos, mantendo-o honrado. Jack iria me odiar pela vida inteira, eu sabia disso. E eu já podia ver, todas as vezes em que eu fosse para a cama com meu esposo, era em outro homem que eu estaria pensando, no único que conseguiu ter por completo todo o meu coração. Flagro-me em soluços, dilacerada por dentro, morta. Ergo-me e vou até o espelho vendo uma assombração me encarando de volta. A maquiagem toda borrada, o rímel escorrendo junto com o lápis me deixaram com uma aparência macabra, como uma bruxa. Oh, Jack Daniel... Olha só o que você fez comigo!
A porta se abre de supetão e pega de surpresa eu viro para ver quem é, encontrando minha amiga sem fôlego completamente encharcada de suor. Seu vestido violeta claro está sujo de terra na barra, assim como seus scarpin brancos estão completamente estragados.
— Oh, meu Deus. — Ela me olha assustada. Eu corro até ela.
— O que aconteceu? — Pergunto.
— Jack Daniel aconteceu! — Exaspera e meu coração salta em resposta. Só de ouvir seu nome todo meu corpo aquece.
— O que tem ele? — Pergunto curiosa.
— Ele... — Puxa uma profunda respiração. — Ele veio aqui te buscar, falei com ele. Não quer que se case. Está arrependido por todas as coisas que te disse e te quer de volta.
Oh, Deus. Não aguento fortes emoções! Cambaleio para trás com a mão sobre o peito arfante.
— Você está me dizendo que ele veio me buscar? — Eu olho para , ainda impactada.
— Sim. Ele teve sorte de que eu estava procurando área para o meu celular e vi ele próximo ao portão um. Não estavam deixando ele passar, então ele gritou para mim e eu fui ver o que ele queria. Me contou tudo, explicou que quer te ver e eu já vinha te avisar, porém seu pai chegou e parece que ele está tentando fazê-lo ir embora. ... — Se aproxima de mim, pegando meu rosto em suas mãos macias. — Você sabe que eu te amo e eu só quero o seu bem. E o seu bem é nos braços daquele tatuado louco e pobretão que está lá fora esperando por você para lhe dar mais uma chance. Eu sei que tem a questão da sua família e a família de Robert e os convidados... Mas não dá para agradar gregos e troianos. Sua felicidade vem em primeiro lugar, e se ser feliz para você é estar ao lado do Jack, então cancela esse casamento e corre atrás daquele homem. Isso é o que eu quero pra você, mas você deve seguir o que seu coração diz.
As engrenagens da minha cabeça estão começando a rodar, fervilhando cheia de teorias, planos, possibilidades... O que meu avô me diria num momento como esse se ele estivesse aqui? Fecho os olhos quando uma vaga memória de quando eu tinha 15 anos aparece como uma luz.
— Querida, você ainda é muito nova para entender o que eu irei lhe dizer, mas como você é uma garotinha muito inteligente vai lembrar dessas palavras. Quando você crescer e ter idade suficiente, tudo o que é meu será exclusivamente seu porque eu vejo em você bondade, doçura e principalmente humildade e simplicidade. Você não é como seus pais, ambiciosos e interesseiros loucos por dinheiro. Você é a esperança que surgiu na minha vida e é aquela que vai levar os bons valores a diante na próxima geração. Quando eu era mais novo, eu era como você e consegui todo esse império por ser justo, humilde e responsável, e foi baseado no que eu tinha no meu coração que eu cresci na vida. Você deve sempre fazer o mesmo... Quando achar que está em um beco sem saída, escute o que o seu coração quer dizer. Ele nunca erra. Você pode se machucar algumas vezes, mas ele sempre terá uma lição para passar. Muita gente diz que devemos seguir o que a mente comanda. Não é bem assim. O que temos na mente é vil e imundo, mas tudo que temos no coração é puro e bom. Seu coração é seu guia! Nunca esqueça disso.
— Meu coração é meu guia! — Eu repito suas palavras. — E meu coração quer Jack Daniel.
— Sim!!!! — bate palmas. — Ele está lá fora esperando por você. Não se preocupe com seus pais, você é independente, tem seu próprio dinheiro e pode muito bem viver sem eles. Mas tenho certeza que não poderá viver sem o seu amor. Vamos, corra... Ele espera por você.
— Sim. Sim, eu vou para ele. — Murmuro com aquela gostosa sensação de liberdade e euforia tomando e consumindo minhas células. — Eu estou apaixonada e vou fugir com Jack Daniel!
— Isso nunca. Só por cima do meu cadáver. — A voz estrondosa do meu pai ecoa pelo quarto e nos assusta. Eu olho para ele encontrando-o com o rosto vermelho de raiva, assim como os olhos também.
— Pai, eu não amo o Robert. Eu estou apaixonada por Jack e...
— Eu não criei filha minha para casar com um marginal. Eu nunca vou permitir que você fique com aquele projeto de bandido. Eu já o mandei embora e ele foi. Você nasceu para ser criada no luxo, à base de ouro, jóias e dinheiro. Robert pode te oferecer tudo isso, aquele merda não. E eu não permito que você acabe com a sua vida, quando está a um passo de se acertar. Você pertence a Robert, ele sim é pra você, não aquele imundice que eu pus para fora.
Lágrimas de repulsa nascem em meus olhos quando cada palavra deixa sua boca.
— Me diz que você não disse nada disso pra ele, pai. Por favor.
— Eu disse, e foi muita coisa. Aquele merda é um zero à esquerda, nunca te ofereceria nada. Eu derramei sobre ele todas as qualidades de Robert e o deixei no chão, como o bom miserável que é.
Balançando a cabeça em negação, eu não reconheço o homem a minha frente.
— Meu Deus, como você pode ser esse monstro?
— Eu sou o seu pai e tudo que eu quero é o melhor pra você. Isso é ser um monstro? — Inacreditável como uma pessoa pode ser tão mesquinha por causa de dinheiro. — Você é como a escória da família. Como você pode ousar pensar que iria abandonar seu casamento? E nós? E seu noivo? E seus sogros? Será que por um momento você pensou neles? Será que...
— CALA A BOCA! — Eu grito, enfurecida. — A minha vida inteira eu fui comandada por você e pela minha mãe como um maldito marionete infernal. A minha infância? Eu não tive, porra. Quando eu deveria estar brincando, vocês me abarrotaram de afazeres, me colocando em tantas coisas... Eu tinha a porra de 5 anos e já tinha a merda de uma agenda a cumprir. Minha adolescência? Foi pior ainda. E agora na minha vida adulta tudo ficou uma merda porque vocês acham que eu sou como um animal de estimação que deve domínio a vocês. Mas acabou. CHEGA! Eu não tive amor de você ou da mãe porque vocês estavam tão preocupados com dinheiro e status e o caralho a quatro... Vocês me veem como um tesouro, você só estão em torno de mim por causa do meu dinheiro, do dinheiro do meu avô. Mas quer saber? Acabou! Nem um tostão do dinheiro que o meu avô me deu vai parar nas mãos de vocês. Eu prefiro doar todo ele, mas nunca aquela grana será sua. E aqui, pai, neste momento eu estou declarando a minha separação de vocês. Eu nunca mais quero vê-los na minha frente. Foda-se. Eu te odeio agora. Eu não quero perder nem mais um segundo da porra do meu tempo com você. Eu vou correr atrás daquele que apenas em cinco dias me ensinou muito mais do que vocês em 21 anos. Lide com seus convidados... Não conheço nem um deles mesmo. E quanto ao seu genro a quem tanto pagava pau... Ele é gay, sabia? Eu vi ele e outro cara anteontem na despedida de solteiro. — O rosto do meu pai cai quando a revelação o atinge. Puxo a coroa de brilhantes e o véu do cabelo, bagunçando-o completamente. Arremesso a coroa no peito do meu pai. — Vou viver, pois só aprendi isso seis dias atrás e eu quero mais. Adeus! — Seguro a barra do meu vestido para que eu possa correr. Meu pai não faz nenhum som. E quando eu penso que me livrei do diabo, aparece outro: Minha mãe.
— Que gritaria é essa aqui? — Ela me olha e seus olhos saltam para fora. — O que aconteceu com você? Aonde está indo? — Olhando para o lado, vejo uma garrafa de Jack Daniel's que Jack me deu de presentes e eu deixei ela em cima da estante apenas pelo prazer de olhá-la e lembrar que foi ele quem me deu. Pego-a, giro a tampa e emborco o liquido marrom na boca, bebendo muito em uma golada só. Mamãe está completamente em choque.
— Você lembra o que você me disse: "Se beber, não case!". Pois é. E respondendo a sua pergunta... Estou indo ser feliz! — Sem esperar mais e com o sorriso da minha amiga indo de orelha a orelha, eu deixo o quarto, mas ainda posso ouvir meu pai no telefone:
— Houston, temos um problema. A noiva está fugindo.
Eu rio e saio correndo pela casa a caminho da porta dos fundos. Nada vai me impedir de ser feliz, nunca mais. Cruzo a porta e na hora de correr os meus saltos finos me atrapalham, então eu os tiro e corro para o primeiro portão. Felizmente onde a cerimônia seria celebrada era do outro lado, deste modo não dava para ver o caminho de saída que era para onde eu estava indo agora. Suada, com o coração a mil e sorridente eu chego ao primeiro portão onde estão cinco seguranças. Eles me olham cheios de confusão, contudo nada comentam.
— Vocês viram um homem moreno, alto, todo tatuado? — Eu pergunto ao rapaz com a lista de convidados. — A minha amiga estava falando com ele. Ela estava com vestido violeta. Ele está aqui?
— Deve ser o rapaz que o senhor Trevor nos mandou colocar para fora. Sinto muito, mas ele já foi. — Meu sorriso morre.
— O que? Não. Espera. Isso faz tempo?
— Não muito. Acredito que se a senhorita correr até o portão dois, ainda pode encontrá-lo.
Oh meu Deus!
— Tá. Abra. Preciso ir.
O homem faz o que eu peço e como Usain Bolt eu corro depressa. Sei que o outro portão é um pouco distante. Tudo fica pior quando eu escuto um barulho de carro sendo ligado. Me forço a correr mais, e quando faço a curva ainda vejo um carro partindo e o pessoal da segurança fechando o portão. Passo por eles como uma bala e sigo implacável. Medo se instala nas minhas entranhas. Jack não pode ir. Ele tem que ficar. Eu sou dele.
— JACK! — Eu grito. — ESPERE. MEU AMOR, ME ESPERE. JACK. JACK, NÃO. VOLTE. JACK. JACK, NÃO.
O carro só se afasta e nem dá sinal de que vai parar, e quando ele some na dobra da estrada eu sinto que acabei de perder o homem da minha vida. Vou parando de correr até que sinto meu fôlego faltar e meus pés doloridos. Perdida, desolada e ferida, eu olho para cima, para os lados, não vejo nada, só mato, terra de piçarra e cerca. O choro desce livremente e incapaz de suportar o peso do meu corpo minhas pernas cedem e eu caio numa piscina de vestido. As mãos vão para o meu rosto enquanto o arrependimento de não ter tomado essa decisão enquanto ainda era tempo me atormenta. Se eu tivesse aceitado quando ele me pediu eu teria evitado tudo isso. Mas não. Agora o perdi.
— Ele era tudo que eu tinha. — Soluço. — Ele era a pessoa mais valiosa, e agora eu perdi. Perdi tudo. Como vou viver sem ele agora, meu Deus?
— Eu sinceramente espero que você esteja falando de mim e não do cara da energia.
Não pode ser!
Essa voz.... Não!
Ergo a cabeça e é quase uma visão celestial o sol atrás do corpo de Jack iluminando-o, como se ele fosse um anjo. Porra. Ele está na minha frente. Ergo-me aos tropeços e corro até ele, jogando-me contra seu corpo, abraçando-o com vontade.
— Meu precioso! — Aperto minhas mãos em torno do seu pescoço e choro. Eu choro de alivio, de amor, de saber que eu não o perdi e que ele está comigo, me abraçando, me acalentando.
— Shh, querida. Eu estou aqui e não vou a lugar nenhum. — Suas mãos afagam minha costa, consolando-me.
— Por um tempo pensei que tivesse te perdido. Doeu como o inferno. — Sibilo em seu ouvido. Ele me aperta mais forte.
— Eu respiro você, linda. Nunca poderia ir. — Sua mão sobe para o meu rosto e o conduz até seus lábios, onde me beija castamente, mas cheio de carinho.
— Eu respiro você também. — Murmuro contra seus lábios.
— Nada que seu pai dissesse me faria desistir de você, e ele ordenou aos seguranças a me colocarem pra fora. Não resisti e vim de bom agrado. Escondi o carro ali no mato e fiquei esperando aqui, para o caso de alguém saísse. Na verdade, eu tinha combinado com a de que ela deveria me pôr para dentro de alguma forma. Ela falou com você? — Pergunta fitando meus olhos.
— Sim, ela disse que você estava aqui e veio me buscar e que se arrependia de tudo que tinha me dito. Eu estava vindo, mas meu pai apareceu e fodeu tudo. Disse a ele tudo que tinha engasgado há 21 anos e corri o mais rápido que pude, estou me sentindo o próprio Sonic. — Rindo, Jack bica meus lábios duas vezes seguidas.
— Foge comigo, ?
— Para qualquer lugar, Jack Daniel.
Dessa vez o beijo é profundo, incendeia meu corpo, faz meu coração bater forte e minha mente rodar. Sua língua me subjuga afim de mostrar quem é o dono, suas mãos me passam calor, me fazem sentir desejada e seu corpo grita o quanto necessita do meu. Infelizmente não podemos fazer nada aqui, mas quem sabe no carro. Nos afastamos porque o ar se faz necessário. Eu rio e o abraço de novo.
— Me tira daqui. Me leve para qualquer lugar e me faça feliz!
— Nossa, que garota exigente. — Comenta e me beija uma última vez. — Te fazer feliz é minha meta número um a partir de agora. Venha. — Conduzindo-me pelo braço, ele me leva até onde seu carro está escondido e abre a porta para mim. Agradeço e entro. Logo ele toma seu lugar e dá partida. — Pronta para ser feliz? — Sorrindo, olho para ele.
— Mais do que pronta. — Levando minha mão esquerda aos lábios, Jack beija o dorso e sai devagar com o carro e eu sinto que é nesse momento que minha vida inicia.