Saved By An Angel
Escrito por Amanda Silva | Revisado por Tamis
Vagando pelas vazias ruas de Londres, bebendo seu ultimo gole de vodka. O mundo a sua volta parecia se mover lentamente, pessoas rindo e se divertindo com seus amigos e ali. Agora caído em algum canto, lamentando sua vida.
- Preciso de mais vodka - gritou.
Um jovem alto e loiro. Seria um anjo? Havia morrido? Ou uma alucinação por causa das bebidas?
-Posso me sentar aqui? - perguntou.
- Fique a vontade se também está lamentando a vida que tem - disse bebendo o ultimo gole da bebida.
- Qual é o seu nome? - sua voz era doce, pura e um olhar de criança.
- Meu nome é - estendeu a mão direita.
- O meu é - apertou a mão do senhor - Você havia dito que está lamentando pela vida que tem - encarou - o que houve? - perguntou.
- Minha esposa - disse cabisbaixo- ela se foi a um mês - não conteve a primeira lágrima - éramos tão felizes - olhou os céus - antes de partir seus olhos brilhavam como as estrelas - olhou nos olhos do jovem - e seu sorriso - deixou outra lágrima cair - seu sorriso poderia iluminar toda a Times Square - encarou o nada - mas então ela entregou para , sua melhor amiga - escondeu seu rosto com as mãos - Disse alguma coisa a ela, me olhou pelo vidro, sorriu e fechou seus olhos para sempre - disse entre soluços.
- é sua filha? – perguntou curioso.
- É sim, mas nunca tive coragem de olhá-la. – suspirou.
- Onde ela está? Com quem? – perguntou aflito.
- Com – secou algumas lágrimas teimosas – Ela tem sido mais forte do que eu, desde aquele dia – se arrumou, melhorando a postura.
- Então tudo o que você fez desde então foi beber? – olhou para indignado.
- Sim – respondeu envergonhado.
- Afinal – encarou – do que é que tem medo? – cruzou os braços – De ver sua esposa, nos olhos e no sorriso da ? – disse o mais sério que podia.
- Eu não sei – estava confuso – dentro de mim, sempre culpei pela morte da mãe, mas eu a amo – agora parecia ter voltado a realidade.
- Ela precisa de você – sorriu – vamos, eu te ajudo a chegar lá.
Levantaram e seguiram pelas tortuosas ruas até a casa de .
- Preciso passar em casa e tomar um banho – pensou alto.
- De fato – concordou .
Não demorou muito e chegaram a casa de . Uma casa grande, aconchegante, quadros por toda parte preenchiam as paredes brancas da sala principal.
- Não demoro – disse subindo as escadas – pode comer algo na cozinha – indicou a direção – fique a vontade.
- Obrigado – sorriu.
sentou-se em uma pequena poltrona próxima a janela. Observando a neve, que a pouco começara a cair tomando conta da rua.
- Eu caminho na corda bamba.Você é meu caminho para casa,você é minha espinha dorsal,você sempre estará aqui, bem ao meu lado.– cantarolava enquanto descia as escadas – vamos ? – chamou o jovem amigo.
- Claro – respondeu levantando-se da poltrona.
Entraram no carro e atravessaram a cidade em direção ao leste de Londres.
- Tudo o que temos é o que resta hoje. Corações tão puros neste lugar quebrado, porque nós somos, nós somos, nós somos,nós somos, nós somos, nós somos...Amantes perdidos no espaço.Estamos procurando por nossa salvadora. – cantarolou outra vez sua música.
- Foi você que a escreveu? – perguntou.
- A escrevi quando partiu – continuou olhando a rua – eu sou cantor.
- Incrível – sorriu.
- A banda ainda está no inicio – deu uma olhada em – mas adoramos isso – voltou seu olhar para rua.
Talvez naquele momento, mesmo que apenas por um segundo. tinha sorriso verdadeiramente, depois da morte de . Feliz por sua conquista sobre a banda, esquecendo do pesadelo que viveu há um mês. não queria acabar com sua alegria, não iria fazê-lo mais perguntas, nem volta-lo para realidade. está vivo outra vez.
- Chegamos – suspirou.
***
- Ela tem os seus olhos – sussurrou sorrindo.
- Brilham como as estrelas – concluiu.
- Seu sorriso – olhou para amiga.
- Ele poderia iluminar toda a Times Square – concluiu.
- Ela aprendeu com a mãe – riram juntas.
suspirou, seu rosto se entristeceu.
- Me prometa que vai cuidar da e do – disse lutando contra a morte.
- – disse pegando .
- Vamos , você sabe que eu não aguento – sua respiração era fraca e forçada – me prometa, por favor.
- Prometo cuidar deles, como você cuidaria – Não conteve as lágrimas – Eu te amo , mas do que possa imaginar – beijou sua testa, abraçando-a pela ultima vez.
- Eu te amo sua feia – lágrimas teimosas tomaram conta de – – segurou na mãozinha da filha – a mamãe sempre estará com você – sorriu – eu te amo pequena.
Virou seu rosto para parede de vidro. estava sorrindo por vê-la, mas um nó tomará conta dos dois.
- Eu te amo – sussurrou.
- Mais do que tudo – não conteve as lágrimas.
Aos poucos fechou seus olhos, sem tirar seu sorriso do rosto.
Uma vida de sonhos, agora perdida no espaço. Nunca uma partida havia sido tão dura para . Ele sempre a amou, sempre cuidou e a protegeu. E agora ela se foi para sempre.
***
tomou coragem, e apertou a campainha.
- ?– disse assustada.
- Oi – sorriu tímido – posso ver a ?
- Claro – sorriu de volta.
- Esse é o meu amigo , o conheci hoje mais cedo.Ele me ajudou muito –virou procurando o amigo – mas – estava confuso, onde seu amigo se meteu?
- , acho que bebeu de mais – deu passagem para que ele entrasse – não havia ninguém ao seu lado.
- Eu estava quando o conheci, mas eu estou melhor agora – disse completamente confuso – ele me acompanhou até aqui.
- Tudo bem, talvez ele tenha ido embora antes de vê-lo – sorriu.
Não, não poderia ser apenas fruto da sua imaginação. Ele existe! Ou talvez esteja ficando louco, e bebeu de mais. Melhor esquecer tudo aquilo e recomeçar, afinal.
- Eu sei que tenho sido um idiota todo esse tempo – disse olhando pros próprios pés – me desculpa – olhou nos olhos da garota.
- Eu sei que não tem sido fácil pra você , pra mim também não foi – tentava conter as lágrimas – eu te desculpo se prometer que vai cuidar da – respirou fundo, não contendo a primeira lágrima.
- Eu prometo cuidar de vocês – secou as primeiras lágrimas que caíram, segurando o rosto de – obrigado – sussurrou.
não conseguiu conter as lágrimas. Ouvir alguém chama-la de doía muito e ao mesmo tempo a fazia feliz. Morria de saudades da melhor amiga, foi a melhor coisa que lhe aconteceu e de repente foi levada para sempre. Abraçou o mais rápido que pode, tentando tirar aquela agonia de dentro do peito. Era terrível a dor de não ter mais para cuidar dela.
- Eu sinto tanto a falta dela – disse buscando ar – ela se foi – soluçou – eu sei que não é fácil pra você também , mas eu precisava dizer isso a alguém – encarou o rapaz – ela foi a minha melhor amiga– ficou cabisbaixa – tudo que eu conhecia, minha vida. Tudo que eu sou, era ela. – lágrimas continuaram a cair.
- – levantou seu rosto – vamos tentar – secou algumas lágrimas teimosas – juntos – encarou aqueles olhos tristes e um pouco vermelhos – seguir em frente – respiro fundo – mesmo que leve algum tempo – sorriu – um cuidando do outro, como ela fazia – encorajou .
- Juntos – sorriu.- agora vamos ver como a está? – convidou, mostrando a caminho.
- Vamos – passou seu braço esquerdo sobre os ombros de , beijou sua testa.
estava distraída brincando com uma cenoura de pelúcia, rindo e se divertindo.
- Ela tem os olhos da mãe- disse observando a reação de ao ver a filha.
- Eles brilham como as estrelas – sorriu.
- Seu nariz – fez cócegas na barriguinha da pequena, fazendo-a dar uma gargalhada.
- Seu sorriso também é da mãe – ela pode iluminar toda a Times Square.
- Mas essa gargalhada – disse contemplando – é igual a sua – olhou para .
- Posso pegá-la? – arriscou – escrevi uma música para ela – sorriu confiante.
- Acho que pode- pegou a filha do berço entregando-a para – canta pra ela dormir – sugeriu.
-Uma boa ideia – tomou fôlego - Eu farei isso certo, oh eu vou tentar. , não chore,feche seus olhos,tudo vai ficar bem.Você é tão jovem e ainda tão livre., pegue minha mão,eu entendo.Eu vou tentar ser um homem melhor.Sem você eu não existo. – cantando com sua voz calma e tão doce, Sua pequena foi fechando seus olhinhos aos poucos, adormecendo enfim, nos braços do pai.
Quatorze anos depois
- Tinha uma menina nova na cidade, ela tinha tudo decidido. Bom, eu vou dizer algo imprudente.Ela tinha o mais maravilhoso...sorriso. Ouvi meu pai cantarolando isso pela casa hoje de manhã. - Disse um pouco tímida, porém, corajosa. – Ele está alegre por ter composto uma nova música. – encarou os colegas – A história que vou lhes contar agora, não é um momento importante da minha vida – olhou para professora - Porque, bem. Como posso dizer isso. Essa é a história de uma mulher que não conheci – conteve o choro – é a história da minha mãe. – olhou para janela em busca de algo.
“Quem quer que ela seja, onde quer que ela possa estar. Eu sei que vai está cuidando de mim. Meu pai costumava me contar histórias de uma mulher, uma mulher linda, decidida, divertida, curiosa e totalmente maluca. Ele me falava de suas aventuras pelo seu estranho e perfeito mundo das maravilhas. Sem medo de lutar, sem vergonha de ser feliz. E essa mulher se chamava . E ela era a minha primeira mãe.
“Seus olhos brilham como as estrelas, e seu sorriso poderia iluminar toda a Times Square”. Foi o que ela disse quando me viu pela primeira vez. Queria poder ter a conhecido, ela foi a salvadora dos meus pais e minha.
, eu sei que foi você. Sei que ajudou eles a seguir em frente e se apaixonarem. Sei que todos os dias quando acordo você está dizendo “bom dia pequena” me fazendo sorrir involuntariamente. Todas as noites, você é a minha
estrela guia, gargalhas gostosas e uma voz doce desejando “bons sonhos princesa”. Eu te amo rainha do meu país das maravilhas.”
não conteve as lágrimas,quando finalmente terminou de ler sua redação. Todos se levantaram, aplaudindo- a.
“Ela pode ser dias chuvosos, salários mínimos
Um livro que termina sem a última página
Quem quer que ela seja, quem quer que ela possa ser
Uma coisa é certa: Você não precisa se preocupar”.