Salt
Escrito por Lysse
Revisado por Natashia Kitamura
I – Talvez aquela história nunca foi sobre o amor
Talvez aquilo nunca fosse uma história de amor. respirou fundo, e seus ouvidos sensíveis aos sons ao redor. Dos corpos, das luzes esdrúxulas e ao mesmo tempo em que sentiu seu coração batendo contra a sua caixa torácica.
Aquela sensação sufocante se esvaziando, se libertando, enquanto não iria mais chorar.
não merecia as suas lágrimas.
1 ano e meio antes.
Ela estava com seu coração partido – ouviu os cochichos, enquanto as malditas lágrimas queriam escapar por seus olhos, entretanto, ela prometeu que não iria chorar por ele.
A música ao fundo, enquanto tentava se recordar de como aquilo começou –, talvez fosse um sentimento de pena e curiosidade ao pensar que um homem cheio de orgulho como jamais agiria de tal maneira.
Mas ela estava naquela mesma posição em que precisava agir como se aquilo fosse a coisa mais comum do mundo.
Se apaixonar fosse fácil... mas era difícil como as provas de física. Ao mesmo tempo, tentava clarear as suas ideias com o barulho do ar condicionado ao fundo.
Quando foi que deixou de ser o cara tolo para ser o cara que fazia as borboletas voarem em seu estômago? Como odiava aquela sensação em seu estômago. Respirou fundo.
Iria dar tudo certo – ou errado, encarou com atenção; eles não se gostavam, ao mesmo tempo em que ambos eram dois tiranos escolares¹, ao qual tinha uma péssima primeira impressão dele.
Ele teve seu coração partido, talvez fosse naquele breve segundo que ela teve um pouco de empatia pelo homem, quando a mulher, que era 10 anos mais velha que ele, lhe deu um fora.
ouviu por acaso, e se lembrava do cara com atenção, os olhos atentos para nada, enquanto marcas surgiam pelas lágrimas que faziam um trajeto em sua bela face.
achava um desperdício –, ao mesmo tempo em que ela não conseguia se concentrar em sua tarefa depois daquele encontro fatídico.
De jeito nenhum, pensou enquanto desabou novamente em sua cadeira no meio do projeto, os dados espalhados ao mesmo tempo que se sentia cada dia mais frustrada com isso.
Por que justamente teve que trabalhar com eles? Sobre o mesmo teto com e Lucy?
James.
O nome que estava em sua mente era . A cada pensamento que tinha, vinha três sobre o rapaz; de como ela podia fazer ele cair aos seus pés, ou ela correr atrás dele, afinal, era tudo que ela tinha em sua cabeça.
Ele não saía da sua cabeça.
apenas percebeu que estava completamente apaixonada por ele entre seus cálculos de programadora e sua agenda apertada. Ele irá olhar você do mesmo modo que ele olha para a Appledog?
Doce ilusão, afinal, ele jamais teve qualquer interesse nela, enquanto a mesma fingia que isso não afetava... mas afetava sim.
Sua inteligência emocional era como a de uma criança pequena, ao qual não tinha qualquer interesse em desenvolver até o momento. Mas como lidar com aquelas emoções absurdas que sentia em seu coração, como se ele fosse ser esmagado a qualquer momento por ?
Ela não ia conseguir sobreviver a isso de qualquer maneira.
A garota deixou o trabalho de lado, e jamais havia gostado de fazer isso antes, mas por causa das frustrações, não estava conseguindo se concentrar no software que estava desenvolvendo – seus projetos e outras coisas. Virou-se para o céu repletos de nuvens que tinha na janela do então dormitório.
O que era isso em seu coração?
Suspirou, enquanto apenas deixou as teclas de lado, e pensou o quão estupido era se apaixonar por ele.
Afinal, ele apenas tinha olhos para a mulher que fora uma campeã. Enquanto isso, não tinha nada a se comparar.
Era as primeiras raízes em seu coração que ela deveria arrancar.
X
O beijo foi uma inconsequência de ambos – talvez bebida demais, talvez neblina demais em seus olhos –, enquanto sentia as mãos subirem sua saia.
Sua respiração pesada contra seu rosto; talvez fosse aquele o momento do ‘não’, mas não se importava, ela já estava no fundo do poço.
De todos aqueles sentimentos que se enraizaram dentro de seu coração – dos lábios que percorriam seu pescoço, daquela insana sensação de liberdade.
Pelo menos, uma vez na vida, James seria dela.
Os primeiros beijos poderiam ser um erro, mas os últimos eram de suas próprias escolhas, percebeu que se afogava nela para esquecer.
Esquecer Lucy, desafio que ela aceitou – afinal, ela assinou aquele contrato com o diabo sem pensar duas vezes, mas não percebeu que o preço seria seu coração destroçado.
Ela o amava. A realização daquele único pecado que ela não poderia cometer a fez perceber o quanto estava deixando ele dominar seus sentimentos.
E por aquele motivo, ela se afastou, afinal, não estava pronto para receber o amor dela.
Todos ali aguardavam, encarou sua irmã mais velha rindo ao lado de Harry todos os dias, fora obrigada a vir até ali, pois sua mãe não gostava do rapaz de quase 31 anos, mesmo que ambos já tivessem casado. não entendia nada das preocupações tolas de sua mãe, afinal, Nia era uma adulta capaz de muita coisa, e a irmã fazia reverência por ela ter conseguido Gun –, a profundeza dos afetos um pelo outro parecia mais vasta que o universo; até mais profunda que qualquer outra coisa que tenha presenciado em seus quase 20 anos. Por isso, apenas bebeu o suco e fingiu saborear a carne que o grupo havia pedido. Ela não tinha interesse nenhum em socializar.
— . Você não tem namorado?
Ela franziu o cenho. Namorado? Enquanto cruzou os olhos com sua irmã, e suspirou. Ela era uma tirana escolar, suas notas eram excelentes, além da boa aparência, enquanto apenas sorriu para o indivíduo que parecia ansioso pela resposta.
— Não. Ele morreu.
Fez uma pose dramática que não combinava com ela. apenas pegou a bolsa, enquanto saiu sob olhar analítico e minucioso de todos. Quem ficaria com uma tirana como ela? Nia a puxou.
— Não seja má.
— Não estou sendo. Ele realmente morreu.
Morreu. Apesar de estar claramente vivo e observando as duas, não queria lidar com quaisquer sentimentos que surgiam ao vê-lo – as malditas borboletas no estômago deveriam ser queimadas uma a uma –, e assim matar dentro dela.
— Vamos. Seja boazinha.
encarou a irmã. Não havia qualquer compaixão de Nia por ela, e a irmã mais jovem suspirou; a diferença entre as duas era de um ano e meio, porém, ambas foram juntas para escola, como tiranas escolares, apesar da preocupação excessiva dos pais quando entraram as duas na faculdade.
— Certo. Mas... Você deve me ajudar com a competição amadora de CTF, certo?
— Ok. Aqui! Coma mais carne.
—Nia. Eu te odeio.
Murmurou ela, enquanto a irmã mais velha riu, ao passo em que enfiou a carne dentro da boca dela. Apenas respirou fundo.
Ela não derramaria mais nenhuma lágrima por ele, pensou no mesmo tempo em que refez a sua expressão. O que ela sentia não podia ser amor.
Será?
X
Tempo presente
A festa estava todo o vapor – enquanto a mulher ria, exibindo o anel – aquela era Lucy, a appledog –, sorrindo para todos. Peter estava ao seu lado, o mesmo Peter que ela largou anos atrás. sentia pena dos esforços de , apesar de que ela torcia por ele.
Mas não derramou nenhuma lágrima pelo homem.
Ela queria que ele genuinamente fosse feliz, mesmo que isso significasse que ela teria seu coração partido, enquanto apenas analisou os dados da equipe e sentiu a mão sobre a sua cabeça.
– .
se sentou ao seu lado – ele tinha os olhos profundos e o chapéu virado para trás –, os cabelos curtos, a barba por fazer e uma expressão séria.
– Will, o que foi?
– Você gosta de mim?
o encarou – gostar? Ela observou o rosto dele sério como se fosse algo necessário, mas sorriu de maneira humorada, e suspirou.
– Sim.
– ... Por quê?
– Por nada, – era a única que o chamava daquela maneira, enquanto ouvia sempre o apelido – Por nada.
a encarou entre as risadas das amigas, ao mesmo tempo em que pensava, será que aquele formigamento era algum sentimento genuíno?
Talvez fosse, e sorriu.
Mas quem sabe?
Fim.
¹Tirano escolar – pessoas que têm boas notas e são gênios.