R.I.P 2 MY YOUTH

Escrito por Jozi B.

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Capítulo Único - I’m just telling the truth

  Ao contrário do que muitos pensavam, não se sentia nervoso enquanto seguia seu agente e seus seguranças em direção a grande sala. Ele não se sentia tremer por dentro, mãos suando ou coração acelerado, estava calmo. E era assim que ele se sentia desde que o dia em que soubera que iria fazer aquela coletiva de imprensa, que ficaria diante de diversos repórteres que estariam ansiosos com seus microfones e câmeras, prontos para saber o que o jovem cantor iria dizer sobre tantas coisas. Especialmente, sobre si mesmo.
   não estava nervoso, mas acabou respirando fundo quando John, seu agente, olhou para ele indicando que havia chegado o momento. E seguiu o mais velho, sorrindo e desejando um bom dia aos repórteres e fotógrafos, homens e mulheres, quando pisou no pequeno palco onde ficavam a cadeira e a mesa que ele usaria. O jovem cantor andou até a cadeira e se ajeitou ali, ficando de costas para o painel que tinha a capa de seu primeiro álbum solo, “Me And You”, e riu quando viu um dos fotógrafos quase cair em cima de uma câmera que estava no tripé. Observou também os celulares e gravadores que estavam em uma pequena mesa que ficara na frente da mesa que ele usaria como apoio e tinha um microfone que usaria para responder as perguntas.
  - Como foi avisado anteriormente, todos os tipos de perguntas estão liberadas desde que sejam feitas com respeito ao cantor. – A voz de John soou firme e alta, não que o homem já não tivesse um tom firme e alto, mas o microfone o ajudou a parecer ainda mais sério e profissional. O que fez segurar uma risada ao pensar que aquele John, o empresário sério que sempre aparecia diante das câmeras e de outras pessoas, não parecia em nada com o amigo engraçado que surgia nos bastidores e quartos de hotéis. – Quem tiver uma pergunta a ser feita, basta erguer a mão que lhe daremos o microfone. Esperem sempre a vez o outro terminar para começarem a falar.
   riu baixo e mordeu seu lábio inferior, ele sabia o quanto John detestava repórteres, por isso era sempre tão engraçado assistir o homem os tratando como crianças de dois anos com dificuldades em entender as coisas.
  O agente permanecera de pé no lado do palco, dando a e aos fotógrafos e repórteres de que ele estava sozinho, mas John sempre estaria pronto para proteger o mais novo das garras da imprensa que eram sempre tão afiadas.
  - Esse é o seu primeiro álbum solo, como foi o processo de lançar algo sozinho após cinco anos em um grupo?
  - A principio, foi assustador. – respondeu a mulher que tinha seu nome escrito em um crachá, mas ele não conseguira ler porque a distância não ajudava, rindo e fazendo com que os outros também rissem. – Mesmo tendo lançado algumas músicas enquanto estava no grupo com os meninos, lançar mais de dez músicas, um álbum completo, sem eles, foi realmente assustador no começo. Assumo que por diversas vezes me perguntei se seria capaz, mas depois entendi e percebi que se era realmente isso que eu queria, então conseguiria. E consegui. E foi incrível. Pude ir mais a fundo do que poderia ir se ainda estivesse no grupo, e experimentei coisas que descobri fazer parte de mim e do que eu gosto em uma canção.
  - A sua saída do grupo foi algo bem conturbada, mas foi dito recentemente que um dos garotos te ajudou na produção do álbum. Como foi esse reencontro depois de tantas brigas? – Ezequiel, esse nome conseguira ler porque o homem que não deveria ser muito mais velho que o cantor, estava bem a sua frente.
  - A minha saída do grupo não foi conturbada. – explicou após arregalar seus olhos em um ato que não percebeu, mas é que aquela acusação sempre soara tão irreal para si, que o assustava. Ele aproximou o microfone ainda mais de seus lábios para suas palavras soassem explicadas para todos. – Eu e os meninos conversamos muito sobre a minha saída, eles foram as primeiras pessoas para quem contei sobre a minha decisão. E os cinco me apoiaram. Quando dizíamos que éramos uma família não estávamos mentindo, nós realmente nos tornamos uma quando fomos colocados juntos e não seria uma saída que acabaria com isso. Eu os conheci quando eu tinha dezesseis anos, costumamos dizer que eles praticamente me criaram, e é verdade. Quando nos conhecemos eu era um adolescente chato e que não tinha muito noção das coisas. – riu com suas palavras e as outras pessoas também, mas era tudo verdade, ele mudou depois que conheceu seus ex-companheiros de grupo. – Os cinco me ajudaram e me ensinaram muito, sobre tudo, até sobre música e todo o resto. Eles me ajudaram a moldar a minha personalidade, quem eu sou, e tem um pouco de cada um deles em mim. E isso não é errado, não penso que estou ou fui construído em cima do que eles são, mas sim em cima das qualidades que cada um deles tem. E sinto muito orgulho disso. Sou muito grato a eles pelos cinco anos que passamos juntos e por ainda estarem do meu lado, independente de qualquer coisa. – O sorriso que surgiu em seus lábios fora tão lindo e verdadeiro, que o fotografo que conseguiu registrado com sua câmera, se sentiu um cara de sorte. Porque era uma imagem tão linda. – Eles me apoiaram quando falei sobre a minha saída, assim como os apoiei quando cinco meses depois eles me chamaram para uma reunião na casa do Hseok e me contaram que iriam desfazer o grupo de vez. – se lembrou de como se sentiu culpado naquela noite, pensando que talvez a sua saída tivesse interferido no sonho de seus melhores amigos, mas também lembrou todas as palavras ditas por eles que trataram de acalmá-lo e assegurar que seguir seus caminhos como cantores solos, fora algo que pensavam internamente há algum tempo, cada um deles, mas só viram que fora possível quando deu o ponta pé inicial. quem dera a eles a coragem que precisavam para ir atrás de novos caminhos, e os mais velhos eram gratos a ele. – Eu não sei quem começou esse boato de que brigamos e que agora sentimos ódio um pelo outro, mas eu gostaria de dizer que isso é uma grande mentira. Não brigamos nem no dia em que o e eu inventamos de colocar farinha no ventilador de teto. – Riu mais uma vez, ouvindo os gritos de ressoar em seus ouvidos. – Eu nunca os odiei, nós nunca nos odiamos. E dessa pergunta, você só tem uma coisa em que está certo, Ezequiel - sorriu, sentindo uma pontinha de orgulho e realização ao ver a feição do homem que agora parecia tão perdido em não ter uma fofoca de intriga para reportar. –, um dos meninos realmente me ajudou na produção do meu álbum. Na verdade, três deles me ajudaram. me ajudou na produção de algumas melodias, o com algumas letras e em uma música vocês vão ouvir a música do , é algo que fizemos juntos. e não me ajudaram porque não fora preciso, mas eles também estavam no estúdio quando chamei todos para ouvirem o álbum completo antes de anunciá-lo. A aprovação de cada um deles foi muito importante e necessária.
  - Então, você e o tem um feat no seu álbum? – Um homem de cabelo preto perguntou, e o respondera apenas com um aceno positivo.
  - E por que você decidiu sair do grupo? – Uma mulher ruiva quem questionou, e a olhou.
  - Porque depois de cinco anos eu me vi perdido dentro de mim mesmo. Não foi porque a minha convivência com os garotos estava um caos – o que nunca esteve - ou porque algo na empresa não me agradava, e sim porque eu não estava mais me reconhecendo como cantor. Como artista. – Ele suspirou, relembrando rapidamente dos momentos de confusão em que vivera após os três primeiros anos de existência do grupo. Dos momentos em que se olhou no espelho após um dia inteiro de gravação, e se perguntou se aquele tipo de música era realmente o que ele queria. Se permanecer naquela mesmice por mais três, quatro, cinco ou dez anos, era o seu objetivo. O grupo fazia sucesso, mas não se sentia tão bem quanto no inicio, e isso indicava que algo estava errado. – No grupo nós tínhamos um estilo, e mesmo que a empresa nos desse a total liberdade de fazermos algumas músicas do jeito que queríamos, nós tínhamos uma base a ser seguida. E depois de um tempo, aquilo não me pareceu mais o certo.
  - E quando você veio o desejo ter a sua própria gravadora? – A ruiva, Camille, quis se aprofundar um pouco mais naquele assunto.
  - Não muito tempo depois da minha saída. – afirmou, dando uma breve pausa ao pegar a garrafa de água que estava em cima da mesa para si, bebendo o liquido após retirar a tampa, e rindo quando acabou se engasgando e derrubando água no suéter que usava. – Desculpa. – Pediu ainda rindo e tossindo, olhando para John que balançou a cabeça sabendo que aquele momento iria aparecer, o garoto era atrapalhado demais. Todos riram com a cena do garoto com a água, a sala se encheu com o som de risadas, mas a de era a mais bonita em meio às outras. O som era agradável e muito bom de escutar. – Bom, calma. Minha gravadora, certo? – Repetiu, tendo realmente esquecido a pergunta após sentir água entrar em buracos que não deveria e molhar o casaco que Leslie, sua estilista, tanto o recomendou para tomar cuidado.
  - Sim. – Camille afirmou, sorrindo de um jeito que se fosse bem menos profissional, teria percebido que os dentes da mulher estavam aparecendo demais.
  - Depois que saí do grupo eu pensei em continuar fazendo música, é claro, pensei em fazer várias coisas. Queria experimentar de tudo um pouco, mas precisei pensar que pra fazer isso tudo iria ser preciso uma base, um lugar digno pra gravar as coisas, só o estúdio do meu apartamento não seria o suficiente. Então, aluguei um lugar grande o suficiente pra montar um estúdio melhor, ainda não é do jeito que eu quero, mas comecei agora, então é o suficiente. – Sorriu, pela primeira vez naquela coletiva, se sentindo tímido ao falar de algo que envolvesse sua música. – O nome, Golden Studio, já existia quando eu ainda fazia parte do grupo e fazia alguns vídeos de algumas viagens e produzia algumas músicas, eu mesmo quem pensei nele. Não é algo muito elaborado, como podemos perceber, mas gostei.
  - Você pensa em contratar alguns cantores? – Derik, o garoto que com certeza deveria ter a idade de , questionou quando ergueu sua mão e teve a atenção do cantor.
  - Claro, porque não? – Perguntou de volta, sorrindo.
  E outras perguntas foram feitas sobre seu álbum, sua gravadora que fora anunciada junto com seu álbum, o que ele pensava para suas próximas músicas e se elas já existiam, e se tinha uma turnê anotada em seus planos para aquele álbum. Foi depois dessa pergunta sobre a turnê, e sua resposta sobre querer descobrir um pouco mais de si antes de voltar aos grandes palcos, que uma pergunta sobre sua saúde psicológica e emocional surgiu.
  - É verdade que ao longo dos anos, você teve depressão?
  - Estar na estrada, longe de casa, não é tão fácil quanto parece. É doloroso, e mesmo que tenhamos sempre em mente de que estamos fazendo o que amamos e que com isso vamos conseguir melhorar a vida de nossa família, ainda continua sendo doloroso. – Ele sabia o porquê daquela pergunta, sabia que era normal que cantores ou famosos no geral, desenvolvessem depressão ou ansiedade. E geralmente os cantores só falam sobre ficar um tempo fora dos palcos quando enfrentam algum quadro de doença emocional. – Existiram algumas noites em que passei em claro, sem dormir, me sentindo profundamente triste e angustiado. Assim como também houve alguns dias em que me perguntei o porquê de estar fazendo aquilo. Eu não me sentia capaz, achava que as pessoas só gostavam de mim porque eu estava no grupo com os outros garotos. Como se elas gostassem de mim apenas por ser o amigo deles. Precisei fazer terapia e cheguei a tomar alguns remédios, foram preciso alguns meses para que eu me encontrasse e entendesse que está tudo bem. – Ele sorriu quando concluiu, pedindo internamente que a sua experiência pudesse ajudar outras pessoas. – Não é fácil, mas somos maiores que essa doença.
   nunca falaria tudo o que sentiu durante seus meses mais intensos de depressão e ansiedade, foi difícil e intenso demais para serem postos em palavras em uma coletiva de imprensa. Mas, ele havia sido capaz de colocar um pouco de seu desespero e de sua dor em duas musicas de seu álbum, assim como também conseguira colocar a felicidade e leveza que sentia após ter encontrado forças em si mesmo, e em tratamentos, para entender que estava tudo bem.
  - Você pensa em fazer alguma ação para ajudar pessoas com depressão?
  - Sim, eu penso em fazer algo grande e que possa de verdade ajudar pessoas com essa doença. Porque sim, depressão é doença, não é frescura como muitos dizem ou pensam. É uma doença que machuca a nossa alma, nossa mente e nosso emocional. Penso em fazer algo que possa ajudar de verdade, e já estou pensando nisso junto com a minha equipe e com outras pessoas que estiveram ao meu lado durante esse tempo difícil, mas só irei falar sobre quando tudo estiver certo.
   sorriu, vendo o homem anotar alguma coisa no bloco de folhar que tinha em sua mão, e bebeu mais um pouco de sua água.
   estava pesquisando sobre a possibilidade de montar uma clinica para pessoas com depressão, ansiedade ou alguma outra doença emocional. Seu projeto ia muito mais do que um prédio em que pessoas iriam para fazer terapias individuais ou em grupo, ele queria terapia com músicas, teatro e tudo que envolvesse arte de um jeito ou de outro. realmente acreditava que a música, a arte, era capaz de curar. Afinal, a música foi quem o manteve firme durante a depressão, além de seus amigos, familiares e fãs que mesmo sem saber os ajudara.
  - Nós iremos ouvir o álbum daqui a pouco, certo? – Ele assentiu enquanto ainda procurava quem fizera a pergunta, acabando por sorrir quando encontrou finalmente a mulher que estava na quinta fileira de cadeiras. – E nele vamos ouvir alguma música especial?
  - Claro! Todas são especiais. – Respondeu sorrindo, tão orgulhoso de seu álbum e das músicas que fizera, que não percebeu a real intenção da pergunta da mulher. – O quê? – Perguntou a John quando ouviu a risada do homem se misturar com as das outras pessoas, seus olhos levemente arregalados e uma voz em sua cabeça lhe perguntando o que tinha dito de errado.
  - Iremos ouvir alguma música sobre algum relacionamento, ou sobre alguma pessoa em especial? – A mulher refez a pergunta, dessa vez usando as palavras que descreveria exatamente o que ela queria fazer.
  - Ah! – exclamou quando entendeu, rindo completamente envergonhado na direção de John enquanto sua mão cobria a lateral de seu rosto que estava virada para os repórteres e fotógrafos. – Bem, sim, tem. – Ele afirmou depois de três minutos se recuperando da vergonha que sentia, no fundo sabendo que seus amigos iriam tirar uma com a sua cara quando vissem os vídeos daquela coletiva. – Esse álbum é inteiro sobre mim, meus sentimentos e pensamentos. Então, yey, há músicas sobre uma pessoa especial.
  - Músicas? – Ela perguntou, e afirmou com um aceno.
  - E essa pessoa seria a sua ex-namorada? Ou atual?
  Então, respirou fundo quando se viu diante do momento que ele sabia que chegaria. Ele sabia que iriam perguntar sobre sua vida amorosa, ainda mais em uma entrevista com todo e qualquer tipo de pergunta liberada, sem uma lista de perguntas proibidas. É claro que iriam querer saber como andava seu coração, na verdade, iriam querer saber qual nome colocariam ao lado do seu nas matérias que sairiam daquela coletiva. Mas, mesmo tendo ficado apreensivo naquele momento, quando soube que precisava falar o que sentia que precisava, também permaneceu calmo.
  Ele sabia o que estava fazendo. E queria tanto colocar logo em pratos limpos. Queria tanto falar da pessoa que o fazia feliz cada dia mais e mais.
  - Não, as músicas são sobre a pessoa que faz com que eu me sinta amado e feliz. – Afirmou, sentindo seu coração aquecer e acelerar, não de nervoso, mas de felicidade e amor. – Como eu falei, esse álbum é sobre mim, meus sentimentos e pensamentos. E não tem como falar de tudo isso, sem falar da pessoa que tenho ao meu lado. Sem falar do que eu sinto quando o vejo e o tenho ao meu lado. Seria...
  - Você disse “o vejo” e “o tenho”, está se referindo a um homem? – O repórter da segunda fileira o interrompeu quando o perguntou, inclinando seu corpo um pouco para frente, fazendo outra pergunta antes mesmo que respondesse a anterior: - Você está namorando outro homem?
  - Eu estou namorando alguém que me ama e que eu amo de volta. – Respondeu olhando diretamente para o homem, não iria deixar que aquele repórter transformasse o seu relacionamento, a vida que queria compartilhar com ele, em algo errado. – Passei anos da minha vida procurando alguém que realmente gostasse de mim, que me aceitasse como eu sou e que me fizesse feliz por inteiro. Eu sei, eu viajei o mundo, conheci pessoas de todos os tipos e vivi muitas coisas. Mas isso não quis dizer nada quando o conheci. – Suspirou, se recusando a terminar aquele assunto sem falar tudo que sentia que precisava. – Eu sempre acreditei no amor, em suas diversas formas, cores e jeitos. Em casa, desde sempre, aprendi que amar é amar, não importa se é homem ou mulher. O amor só é amor. E está tudo bem. – Seu olhar foi de uma ponta a outra, passando pelos rotos de todos os repórteres e fotógrafos, chegando até John e indo para seus dedos antes de voltar novamente para o repórter que lhe fizer a pergunta. – Espero pelo dia em que todo mundo saiba disso, que o amor só é amor. E que não devemos julgar uma pessoa de acordo com quem está ao seu lado, homem ou mulher, isso não quer dizer nada. Algumas pessoas dizem que homem com mulher é o certo, mas eu acredito fielmente, que o certo é onde exista amor. Amor e respeito. Não adiantaria eu envolver com uma mulher, sem sentir amor ou respeitá-la.
  - Está dizendo que não se envolveria com uma mulher?
  - Estou dizendo que não me envolveria com uma pessoa sem amá-la, apenas pra agradar ou seguir o que a sociedade diz. – rebateu automaticamente, não precisando pensar para saber o que responderia aquela pergunta, lhe parecia tudo tão óbvio. – Eu não amo o corpo das pessoas, eu amo as pessoas. Eu amo quem me faz feliz e quem eu quero fazer feliz também, amo quem pensa no próximo e se preocupa de verdade.
  - Como você o conheceu? – Uma mulher quem perguntou. E aquela altura já havia desistido de tentar ler os nomes de cada um deles ou de memorizá-los.
  - Ele não é famoso, se é isso que quer saber. Então, só o conheci em um momento da vida. – sorriu, suspirando e deixando que quem o olhasse de frente fosse capaz de ver o brilho que tomava conta de seu olhar naquele momento. – Eu sinto que me apaixonei no primeiro instante em que o vi. Conquistá-lo não foi fácil, não pensei que fosse, mas valeu a pena. Vale a pena, todos os dias. – Lembrava perfeitamente de como parecia tão incrivelmente adorável atrás do balcão da livraria em que trabalhava. As mangas do casaco grande cobriam as mãos e quase os dedos de suas mãos tão pequenas, mas que descobriram se encaixar tão bem nas mãos de . Naquele dia, fora até ali atrás de um livro que o indicou, e já estava cansado de procurar o exemplar em sites na internet, e além de encontrar o livro também encontrou . E aquele foi definido como o melhor dia de sua vida.
  - Vocês estão juntos há quanto tempo? Por que não contou sobre ele antes? Seus fãs podem se sentir traídos.
  O tom de deboche e a sobrancelha arqueada fizeram franzir o cenho, ele não gostava quando tentavam acusá-lo de algo. Principalmente, quando o pressionavam sobre a sua vida pessoal.
  - Estamos juntos há tempo suficiente para eu vir até aqui e contar sobre ele. – Respondeu seu tom mudando para extremamente sério e um pouco impaciente. Aquele repórter de topete o irritara de verdade. – Desde que entrei e aceitei fazer parte desse mundo da fama, sempre tive em mente que era eu quem estava querendo fazer música e me arriscar nisso tudo, não as pessoas que me cercam. Nunca gostei de expor as pessoas que conheço e que tem suas vidas fora dos palcos. Cada um tem um sonho, objetivo e pensa no que quer fazer amanhã, eu penso em continuar com a minha carreira, fazendo música e vivendo nesse mundo, mas quem me cerca não. E eu os amo o suficiente para respeitar que mesmo fazendo parte da minha vida, cada um tem a sua vida. – Ele respirou fundo, molhando seus lábios com a ponta de sua língua, sentindo que ainda não havia dito que o que precisava. – Não quero que meus fãs se sintam enganados, e sei que eles não irão se sentir. Eu nunca expus ninguém, e isso não é de agora, é desde que eu entrei para o grupo com os meninos. Meus fãs sempre entenderam isso e mesmo que às vezes subissem tags perguntando por mim, ou mandassem mensagens me pedindo pra postar pelo menos uma foto dando sinal de vida, eu sei que sempre entenderam que era preciso que eu ficasse um tempo com as pessoas que não são famosas e que fazem parte de minha vida, parte de quem eu sou.
  - Você pretende mostrá-lo um dia?
  - Ele quem vai me mostrar um dia. – Afirmou, deixando claro que aquela escolha não pertencia a e sim a seu namorado, a seu . – No dia que ele julgar ser o dia para me mostrar como seu namorado, então, esse será o dia. Caso contrário, vocês só irão saber que sou muito feliz, e que a pessoa que sinto ao meu lado é a minha fonte de inspiração.
  - Podemos saber qual música do seu álbum é que a mais fala dele? – Camille, que já havia feito outras perguntas, questionou, e sorriu enquanto negava com um balanço de cabeça.
  - Vocês vão perceber. Irão sentir.
  Ele sorriu dando aquele assunto por encerrado, sentindo orgulho de si mesmo por ter falado tudo o que queria, também deixando a entender que não arriscaria a tranquilidade das pessoas que o cerca por capricho de repórteres. A felicidade que sentia por ter falado sobre seu relacionamento com não poderia ser descrita. sempre soube que chegaria o dia de falar sobre o garoto que o fazia se sentir verdadeiramente amado, só não sabia que seria tão bom. Que seu coração aqueceria tanto. E que se apaixonaria por mais uma vez.
  A entrevista acabou depois que mais uma pergunta fora feita, essa sobre uma possível parceria entre e uma marca de roupas. Todos permaneceram na sala, sentados em suas cadeiras, cochichos eram ouvidos enquanto a equipe de organizava as caixas de som e o computador, deixando tudo pronto para que os repórteres ouvissem seu álbum em primeira mão. Bem, em terceira, já que seus melhores amigos e já haviam ouvido. ficou realmente tentado em pegar seu celular e enviar uma mensagem para seu namorado, mas precisaria esperar até o final de tudo. John tinha lhe sussurrado que tinha ido muito bem na coletiva, e que sentia orgulho do garoto e que depois dali poderiam até tomar uma cerveja caso ele quisesse. Mas negou, ele só queria chegar logo em casa para abraçar e sussurrar para o quanto o amava.
  - Essas treze músicas falam sobre mim. E eu espero que todos possam me conhecer melhor após ouvir cada uma delas. – sorria enquanto fazia uma breve apresentação de seu álbum. – Espero que gostem.
  Então, a imensa sala ficou em silêncio quando todos os cochichos pararam, os fotógrafos haviam sido retirados junto com suas câmeras, assim como todos os celulares e gravadores foram entregues aos seguranças. Era preciso todo esse cuidado para que nenhuma música vazasse antes do dia escolhido para o lançamento do álbum, marcado para dali três dias. O dia do aniversário de .
  A primeira batida da melodia da primeira música ecoou, e abaixou a cabeça, envergonhado por ter tanta gente ouvindo seu álbum que era tão pessoal. Sua mão esquerda estava segurando a direita, seus braços na frente de seu corpo, e seus dentes mordendo seu lábio inferior. Os dedos se moviam no ritmo da música, sua cabeça balançava levemente e seu interior se enchia de orgulho.
   ergueu a cabeça quando a décima faixa do álbum começou a tocar. Olhou na direção dos repórteres, esperando que eles percebessem algo tão simples, mas que deixava claro que aquela era a música. Que eles sentissem pelo menos um pouco do amor que sentia pela pessoa que foi a sua inspiração para aquela canção. E ele percebeu que eles haviam notado que aquela era a música quando Camille olhou para ele e sorriu.

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   foi recepcionado por Bob, o labrador de seis meses de pelo claro e que já comandava a casa como se fosse o proprietário e quem pagasse as contas. fez carinho na cabeça do cachorro que ficou em duas patas enquanto dava pulinhos e latia, fazendo o cantor sorrir e ter uma breve conversa com o animal usando aquela voz chata que as pessoas costumam usar com bichinhos e crianças, voz essa que tanto julgava, mas hoje entende e usa sempre que está com Bob.
  O cãozinho acompanhou um de seus donos até a sala de estar da casa, após tê-lo buscado na porta de entrada. Andando lado a lado com que sorriu ainda mais largo quando enxergou o outro dono de Bob, sentado no sofá e usando um conjunto de calça e casacos de moletom que reconheceu como seu.
  - . – suspirou, olhando para com aquele olhar que fazia o coração do garoto apertar e o motivava a se apressar e ir o mais rápido possível até . – Você não deveria ter feito isso. – Sussurrou após ter seus lábios beijados por que sorriu e o beijou mais uma vez.
  - Eu precisava fazer, amor. – o respondeu, fazendo carinho no rosto de com sua mão que estava na lateral da face do outro. – E você ainda nem viu o que eu falei ou o que eles falaram.
  - Te julgaram, com certeza. – suspirou, e detestava ouvir aquele suspiro que sempre vinha acompanhado da cabeça de sendo abaixada e seus olhos focando em outra coisa que não fosse . só suspirava daquele jeito, com tanto pesar, quando estava muito triste ou muito preocupado com alguma coisa.
  - Vem cá.
   o chamou já segurando em seu pulso e o puxando para seu colo, fazendo que sentasse em cima de suas coxas, uma perna de cada lado do corpo do maior. apoiou sua testa no ombro de , deixando que o perfume do cantor servisse de calmante natural. amava sentir o perfume natural de , sempre o acalmava.
  - Você sabe que ser solo é algo novo para mim. – sussurrou enquanto suas mãos iam das coxas de até a barra do casaco, adentrando a peça e tocando a pele do garoto que se arrepiou devido à diferença de temperatura. – Eu precisava ser sincero na minha primeira coletiva. Precisava falar sobre tudo, por isso pedi ao John que todo e qualquer tipo de perguntas fossem liberado. – assentiu com um movimento de cabeça que veio acompanhado de um “uhum” murmurado rente ao pescoço de , causando um arrepio em sua pele. Eles já tinham tido aquela conversa antes, há tinha explicado sobre tudo, mas ainda achava assustador falar deles dois para o publico. Na verdade, tinha medo que os fãs de o abandonassem por sua causa. – No grupo eu tinha que seguir regras, ser de um jeito que agradasse aos fãs e fazer tudo de acordo com o gosto da agência, mas agora que estou sozinho, eu preciso e senti necessidade de deixar tudo muito bem explicado. E falar de tudo incluía falar de você, amor. Eu não quero que você se sinta pressionado ou se preocupe com isso, ok? – Perguntou movendo seu rosto, deixando que entendesse que aquele era o momento em que deveria erguer sua cabeça e encarar seu namorado que observou cada um de seus movimentos. – Não pense sobre isso, só pense no quanto eu te amo e sou feliz por tê-lo ao meu lado.
  - Eu também te amo. – reafirmou o que ambos já sabiam, mas que sempre fazia sorrir feito um bobo enquanto seu coração acelerava. Ele era mesmo um cara de sorte. – Só não quero atrapalhar a sua vida.
  - Atrapalhar? Você nunca me atrapalha. Só me ajuda, acrescenta e me motiva. – levou suas mãos até o rosto de , segurando-o entre suas palmas e sorrindo ainda mais largo quando viu o biquinho formado nos lábios do outro. – Você é a coisa mais fofa que eu já vi.
  - Sai! – reclamou, segurando e tentando afastar as mãos de de seu rosto. – !
  Gritou e acabou rindo quando resolveu que seria uma boa ideia usar sua boca para fazer cócegas no pescoço alheio. ria e tentava afastar de si, falhando miseravelmente é claro. Bob latia assistindo a cena, achando que a brincadeira deveria ser legal e por isso também queria fazer parte. se preocupava em segurar as mãos de , seu riso sendo motivado pela risada de que só cessou quando parou com o ataque e deixou seu rosto de frente para o rosto de .
  - Eu te amo, . – se declarou mais uma vez, sabendo que se declararia outras vezes e jamais se cansaria. – E um dia eu ainda vou te pedir em casamento.
  - Eu te amo, . – fechou seus olhos quando sentira os lábios de beijar cada parte de seu rosto, seus olhos, testa, bochechas, sobrancelhas, pálpebras... – E um dia eu ainda irei dizer sim ao seu pedido. – ... E lábios.
  Quando soube que deveria fazer uma coletiva para falar sobre o seu primeiro álbum solo, e pediu para seu agente que não houvesse restrições nas perguntas, ele já tinha a certeza do que sentia por . E que nada e ninguém seriam capaz de destruir isso.
  Não importava e nunca importaria o que as outras pessoas pensassem ou achassem de seu relacionamento, era cada dia mais feliz, principalmente toda manhã quando acordava e via dormindo ao seu lado ou fazendo seu peitoral de travesseiro. Ou quando estava longe de e se lembrava de que tinha o homem mais incrível do mundo ao seu lado. Ou quando se lembrava de que todo o amor que sentia por , era correspondido.
  Por isso, não se cansaria de dizer a verdade para quem entrasse em sua vida. Ele sempre estaria pronto para dizer a sua verdade para o mundo.
  A verdade de que era cada dia mais feliz ao lado de . Amando . Deixando que o amor só fosse amor. E que estava tudo bem.

FIM

N/A: Quando recebi essa música não consegui pensar em outro plot, tinha que ser sobre o amor! E o amor é amor! Com todas suas formas, cores e jeitos. Como foi dito na fic, não importa se é homem e mulher, homem e homem ou mulher e mulher, amor é amor! E fim! Essa foi a minha primeira fanfic homossexual, e estou com bastante orgulho dela!
E saibam que o amor é isso: AMOR! E nada, além disso.
:) xx



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