Review
Escrito por Dana Rocha | Revisado por Lelen
Ouvia todas aquelas pessoas chamando meu nome e não conseguia conter um risinho em meu rosto.
Eu finalmente tinha conseguido. O mundo finalmente via quem era .
- Senhorita , está pronta? - Um homem veio ao camarim perguntar e eu acenei com a cabeça para ele.
Era agora.
Respirei fundo, coloquei meu livro embaixo do braço e me levantei.
Aquela noite era minha. Todas as atenções estariam viradas para mim. Eu era a estrela. E eu seria julgada.
Olhei mais uma vez meu reflexo no espelho, prendendo o olhar no pequeno cartaz que ali estava fixado.
“Imperdível: na noite desse sábado, , autora de The Last Night Of a Woman, nos contemplara com uma leitura de seu novo romance -com lançamento para o mesmo dia- Burned Pages.”
É, ainda me lembrava daqueles meses em que fiquei de favor na casa de uma amiga, escrevendo como se o mundo fosse acabar -para mim, pelo menos, estava acabando-, esperando que aquele fosse o marco de minha carreira.
Mais de seis meses se passaram desde o lançamento de meu primeiro livro. Eu agora tinha um apartamento só meu e era capaz de me bancar sozinha. É claro que eu não respirava dinheiro, mas estava bem, digamos assim.
Tive sorte de ter minha história bem aceita pela crítica e pelos leitores tão detalhistas e agora ganhara a chance de publicar meu segundo conto.
Para marcar sua estréia, marcara uma leitura em uma livraria um tanto rústica da cidade. Esperava cerca de cinquenta pessoas no local - só o que cabia, por sinal.
- Boa noite, queridos! - Cumprimentei as pessoas que se espremiam no local e me sentei numa cadeirinha sobre o palco improvisado. - Bom, Burned Pages começou a ser vendido hoje, como já sabem e eu vou lê-lo para vocês. Depois teremos uma breve seção de autógrafos, caso queiram uma lembrancinha especial na edição de vocês. - Sorri, sendo acompanhada pelo público.
- Começa! - Um garoto gritou do meio da pequena multidão, recebendo apoio de seus amigos.
- Está bem... - Sorri novamente, abrindo o livro e me preparando para começar a leitura. Aquilo era importante e eu daria o melhor de mim para aquelas pessoas.
- ...Com aquelas belas histórias transformadas em cinzas, todos os romances seriam apagados pelo tempo. E todos se esqueceriam do que houve com eles. - Finalizei, notando que ninguém mais falava na sala, a não ser eu. Eu e um homem, sentado em uma cadeira próxima ao palco, cochichando e rindo com uma loira magrela. Fiquei encarando ele com cara de poucos amigos, enquanto as pessoas começavam a aplaudir. Só depois de um tempo ele pareceu perceber que já acabara e bateu palmas levemente, me encarando de volta com uma sobrancelha arqueada.
E meu santo deus, que olhos lindos aquele cara tinha!
Ér... Mas era um idiota, por isso desisti de olhar para ele e voltei minha atenção à uma menininha que puxava a barra do meu vestido.
- Oi? - Sorri para ela.
- Oi. Eu gosto das suas histórias. Eu gostei dessa.
- Obrigada. - Fiz um leve cafuné em sua cabeça. Eu não costumava ter jeito com as crianças, apesar de aquela garota ser bastante fofa.
- Pode me dar um autógrafo? - Ela me estendeu uma edição do meu próprio livro e eu o peguei, aceitando uma caneta que surgiu na minha frente.
- Qual o seu nome? - Perguntei à ela.
- Elle
- Elle... Muito bem, aqui está.
- Obrigada. - Ela sorriu e saiu correndo atrás de sua mãe. Me levantei para ir para a mesa onde faria a sessão de autógrafos, só então me dando conta que aceitara uma caneta de um estranho e me virando para descobrir quem era.
- Pode ficar. - Ele me lançou um meio sorriso, acenando para a caneta em minha mão.
- Certeza? - Ponderei. Era o mesmo homem que não prestava atenção na minha leitura. O homem de olhos, cabelos e tudo o mais incrivelmente lindos.
- Sim. Quem sabe te ajude a escrever novas histórias. - Ele sustentou seu olhar no meu e eu não consegui dizer nada, até me dar conta que estava ficando ridículo todo aquele silêncio.
- Desculpe quem é você?
- , do Morning Dailys. - Estendeu sua mão em minha direção, trazendo junto com ela uma dose de seu perfume. E que perfume!
- . - Disse o óbvio.
- É, eu sei. Estou aqui por sua causa. - Ele sorriu torto.
- Gostou da leitura?
- Já tinha tido a oportunidade de ler seu romance antes. - Só entre nós, estava mais interessada no tom sexy de sua voz do que ele dizia em si.
- Mesmo? O que achou?
- Hmm, terá que esperar a crítica no jornal de amanhã para descobrir. - Mordi o lábio, ansiosa. Eu tinha problemas com ansiedade e ele ainda fazia isso comigo? É não ter pena dos meus nervos mesmo.
- Pode me dar uma prévia?
- A crítica será tão boa quanto a sua capacidade de escrever. - deu um sorriso debochado, que não me agradou nem um pouco. Ele estava brincando comigo.
- Por que esse tom de deboche? - Senti uma raiva começar a queimar em mim.
- Nada. Se você gosta do que escreve, bom pra você.
- Está insinuando que meu livro é ruim? - Eu podia até usar aquela caneta pra furar o olho dele, se não fosse tão lindo. Ou podia enfiá-la em outro lugar, mas não seria bonito de ver.
- Vou facilitar pra você e deixar uma edição do jornal de amanhã com o dono desse lugar, ok?
- Não precisa. - Sorri nervosa. - Não me importo com a sua opinião, ok? Ela não vai mudar a minha vida.
- Mas outras pessoas se importam, pensa nisso. - Ele deu outro daqueles meios sorrisos e eu quis quebrar a cara dele.
- Por que veio aqui então? Já que você odiou a história.
- Eu só queria ver se a autora era tão bonita quanto na foto da contracapa. - me mediu de cima abaixo com malícia, me causando inumeros arrepios (que eu tentei disfarçar) pelo corpo. - Mas já vi que é mais.
- Você é idiota ou o que? - Senti minha voz falhar e me amaldiçoei por isso.
- Melhor você atender seus fãs. - Ele indicou a fila que se formara no meio da biblioteca, sorrindo mais uma vez antes de me dar as costas.
- É, melhor mesmo. - Foi só o que eu consegui dizer antes de sair pisando duro pelo chão da livraria, sem olhar mais para . Quem ele pensava que era afinal? Ir ali só para me insultar?
- , você tem que ler isso daqui! - , minha melhor amiga (e salvadora) se jogou em cima de mim, segurando um jornal nas mãos.
Que não seja o Morning Dailys, que não seja o Morning Dailys...
- Um carinha gostoso deixou isso aqui com o Mr. Collins e eu não resisti a ler a crítica do seu livro.
- , eu não quero saber. - Cortei, olhando meu rosto no espelho. A sessão de autógrafos já acabara e eu estava de volta ao meu camarim improvisado, me preparando para ir embora.
- Ah, você quer sim. Aliás, você precisa.
- Muito ruim?
- Se esse aparecesse na minha frente, eu torcia o pescoço dele. - A resposta dela já me preparou para o que estava por vir.
- Manda. - Respirei fundo, metalizando coisas bonitinhas que me impedissem de querer comprar uma arma.
- Burned Pages, de , é mais ou menos como seu outro romance, The Last Night Of a Woman: pobre e grudento. Funciona para mulheres desesperadas, que choram assistindo Oprah, e para adolescentes sem muita noção crítica e hormônios agitados. No entanto, uma pessoa mais culta e com uma lista extensa de livros de bons autores lida, achara a história altamente exagerada e dramática. Talvez a autora deva parar de colocar seus sonhos deprimentes e excessivamente românticos no papel e partir para um enredo um pouco mais inteligente.
- Uau! - Deixei escapar um sorriso nervoso, ainda digerindo aquelas palavras. me olhava com a testa franzida e mordendo o lábio.
- Tá tudo bem, ?
- Eu... Vou ficar. Pouco me importa o que um cara prepotente e mal amado pensa sobre o que eu escreve e sobre mim.
- É não liga. O Morning Dailys nem é tão importante assim, ninguém vai dar a mínima pra isso, amiga. Você tem talento e é isso o que importa. - me fez levantar da cadeira e me abraçou. O apoio dela, quando ninguém mais me deu, sempre fora extremamente importante para mim.
Três meses.
Três meses se passaram desde o lançamento do meu último livro e agora eu me encontrava na mesma livraria, fazendo a leitura do meu novo romance.
O lugar estava um pouco mais cheio do que da última vez, apesar de uma das poucas cadeiras no canto do palco - destinada à pessoas relativamente importantes- ainda estar vazia.
Não conseguia evitar correr meus olhos pela platéia, esperando encontrar um certo alguém, mas felizmente ele parecia não ter vindo. Tudo o que eu não queria era ter que aguentar aquele sorrisinho prepotente em minha direção novamente.
- Vamos começar. - Sorri para as pessoas que foram me assistir e abri o livro na primeira página.
Por mais que eu não admitisse, meu estilo tinha mudado bastante depois daquela crítica infeliz. Mesmo que ela não tenha causado grandes estragos nas vendas, causou um razoável no meu orgulho de escritora.
Orgulho ferido ou não, Heaven & Hell, meu novo livro, era praticamente um novo começo na minha carreira de escritora e eu tinha certeza que ele superaria todas as expectativas.
Abaixei meus olhos para as letras impressas no livro em minhas mãos e nem bem começei a recitar a história, uma estranha agitação se iniciou entre a pequena platéia.
- Com licença... Preciso chegar ao meu lugar. - Aquela voz invadiu meu cérebro como um míssel e eu não consegui fazer nada além de dar um meio sorriso nervoso.
Afinal de contas, - mais lindo do que nunca, vale ressaltar - resolvera dar a honra de sua presença.
Ele subiu no palco improvisado e sorriu de canto rapidamente para mim antes de se sentar na última cadeira vazia. Claro que só podia ser dele aquele lugar.
- Desculpe, pode continuar. - sorriu para mim e depois para o público, voltando seu olhar para mim em seguida. O encarei de volta até perceber que todos esperavam por mim e me senti corar. riu.
- Mas aquele talvez não fosse o fim propriamente dito e sim, talvez, a chance de um novo começo.
Levantei o rosto para assistir a reação da platéia e sorri ao constatar que todos pareciam ter gostado. Algumas pessoas até choravam!
Diante dessa reação mais do que positiva, não resisti em olhar para o canto do palco, onde também aplaudia, me encarando profundamente.
Tomei coragem para desviar os olhos dos dele e agradecer ao público, me levantando em seguida. Agora chegava o triste momento em que eu autografaria mais de cinquenta livros.
- Você foi ótima. - Ele soprou, muito perto do meu ouvido, me provocando arrepios.
- Veio trazer outra cópia do seu precioso jornal? - Me virei para ele com desdém.
- Vim pedir um autógrafo. - Ele devolveu e meu santo deus, eu tinha esquecido o quão sexy a voz dele era.
- Um autógrafo? - Engasguei, sentindo que ele não estava brincando. - Engraçado, achei que você odiasse meus livros e me achasse uma péssima escritora.
- Nunca te achei péssima, só... Inexperiente.
- Claro e a sua técnica pra me ajudar foi me humilhar para o mundo inteiro.
- Me parece que funcionou. O seu novo livro é realmente bom.
- Vai virar meu fã? - Rolei os olhos. Ainda tinha muita raiva daquela crítica guardada em mim para eu aceitar qualquer elogio daquele homem.
- Depende. - Ele sorriu e eu levantei uma sobrancelha. Ele tinha uma mania detestável de falar em códigos. - Você é do tipo que sai com fãs?
- E... - Alerta perigo, par de olhos verdes me medindo, par de olhos verdes me medindo... Respira fundo. - Você é do tipo de fã obsessivo?
- Acho que não. - Ele sorriu. Parabéns , conseguiu entrar no jogo.
- Então que tipo de fã você é?
- O que gosta de mimar o ídolo com um jantar no melhor restaurante da cidade. O que acha?
- Um jantar com o cara que destruiu meus sonhos? Difícil. - Devolvi o sorriso vendo-o fazer uma careta. Não tão fácil .
- Quero ter a chance de reparar isso, você deixa? - Ele me encarava com a testa levemente franzida. Qualquer idiota podia ver que ele estava sendo sincero. Mas eu não era idiota o suficiente para recusar sair com um dos homens mais lindos e irresistíveis que eu já conhecera na vida.
- Por sua conta, certo?
- Certo. - Ele sorriu. Nota mental: fazê-lo sorrir bastante durante aquela noite porque o sorriso dele era incrível.
- Então, ok. Você tem uma chance para se redimir.
- Eu espero você dar seus autógrafos e nós vamos.
- Ok. - Me afastei dele e desci os dois degraus entre o palco e o térreo da livraria. Meu olhar se encontrou com o de que sorria maliciosa para mim, mirando rapidamente com os olhos. Balancei a cabeça pra ela e continuei meu caminho, rumo à sessão tortura.
tentava abrir a porta de seu apartamento e me beijar ao mesmo tempo. Pra mim aquilo era uma tarefa quase impossível, mas ele já devia estar acostumado, porque logo a tarefa estava cumprida.
Ele me guiou para dentro da casa ainda com os lábios grudados nos meus e pouco depois me senti presa entre ele e outra superfície que eu imaginei ser a porta.
Ele a trancou e enfim teve a outra mão disponível para vagar pelo meu corpo.
Segurei com força em seu pescoço, brincando com seus cabelos enquanto ele segurava o meu quadril, me fazendo subir em seu colo e por consequência subindo também o meu vestido.
- ... - Me separei dele com certa dificuldade e ele me encarou com os lábios vermelhos (como os meus também deviam estar) - Não quero fazer isso aqui. - Ele rolou os olhos e começou a me carregar para algum lugar da casa, tentando não esbarrar em nada pelo caminho.
Me senti cair em algo fofo, que só podia ser a sua cama e logo estava sobre mim.
- Satisfeita? - Seus olhos se moviam entre os meus olhos e minha boca.
- Ainda não. - Sorri pra ele com malicia, beijando-o com certa fúria. Agora ele quem seria testado e com certeza eu faria uma crítica sobre aquela noite com .
Acordei de manhã sentindo alguns raios de sol sobre mim e ouvindo barulho de chuveiro. não estava ao meu lado então presumi que estivesse tomando banho. Sorri ao me lembrar da noite passada e resolvi me levantar para dar uma checada no apartamento de .
Coloquei meu vestido rapidamente e saí do quarto para explorar.
Era um loft pequeno, mas bem arrumado, quase não parecia com o que eu imaginava de um homem solteiro.
Não havia nada fora do lugar e todos os móveis eram neutros. Era um lugar onde eu realmente gostaria de passar algum tempo, não me entendam mal.
A cozinha americana também era bastante organizada, mas o que me chamou a atenção foi um jornal que estava sobre a bancada.
Era o Morning Dailys daquela manhã. Claro que o teria antes de qualquer um, ele trabalhava nele.
Incapaz de conter minha curiosidade, procurei pela página das críticas, até encontrar uma em especial.
"Há seis meses eu li um livro de , Burned Pages. Esperando que pudesse ajudá-la (pois reconheci um traço de talento na garota), fiz uma crítica que não foi muito aclamada pelos meus caros leitores.
Recentemente li com exclusividade o novo romance da autora, intitulado Heaven & Hell. Você pode achar que se trate de algo interessante, mas não se engane. Podemos notar em alguns momentos um certo esforço por parte de , mas talvez eu tenha me enganado e ela realmente não tenha nascido para a nobre arte de escrever. Assim como os seus outros livros, a história não funciona para pessoas com boa capacidade crítica. Talvez seja hora de se aposentar de sua curta carreira literária e procurar algo que se encaixe melhor em seus talentos."
Terminei de ler aquilo sem conseguir acreditar. Me sentia suja e tinha vontade de vomitar. Como se atrevera a fazer aquilo?
- ? - Segui a voz de até a porta de seu quarto, onde ele permanecia parado, com uma toalha enrolada na cintura, deixando seu abdômen definido à mostra.
- Como você pode? - Ele trilhou o caminho até o jornal em minhas mãos e respirou fundo.
- Olha...
- Por que você fez isso? - Senti algumas lágrimas começarem a se formar nos meus olhos, mas as ignorei. Estava com muita raiva para dar importância para aquilo.
- , olha, isso é o meu trabalho, ok? Eu sou pago para escrever esse tipo de coisa. - Eu poderia acreditar nele, se ele não tivesse partido para a defensiva tão rápido.
- Ah, claro. - Rolei os olhos. Como alguém podia ser tão cínico?
- É sério, você precisa acreditar em mim. - Ele se aproximou em passos largos e eu recuei. Não o queria perto de mim. Não quando eu sentia nojo de mim mesma por ter me entregado à ele.
- Que pena, eu não acredito.
- Você podia parar de fazer tanto drama.
- Drama? Você me enganou, e eu não suporto que façam isso.
- Me desculpa, ok? Eu não tinha nada disso planejado mas quando eu te vi ontem eu simplesmente senti vontade de te chamar pra sair.
- Como você teve coragem? Ou você achou que eu nunca fosse ver isso? - Apontei pro jornal, já bastante amassado na minha mão.
- Eu não achei que você fosse ver agora.
- Se eu não tivesse visto você continuaria a fingir que nada aconteceu? - Perguntei com a voz controlada. Respirar fundo era a única solução que eu via para não dar um soco nele.
- Eu... - Sim, essa era a resposta que ele queria dar. Mas, infelizmente, era inteligente o suficiente para ficar calado.
- Pra mim chega. - caminhei à passos duros até a porta, encontrando a minha bolsa jogada no chão ali perto. não foi atrás de mim, só ficou parado, com a porcaria do jornal na mão, me encarando com uma expressão confusa. - Até nunca mais, .
3 anos e alguns meses depois
Já fazia algum tempo que eu começara minha carreira como escritora. Hoje eu não estava lançando mais um dos meus livros, mas sim procurando uma editora nova.
O que aconteceu com a antiga? Bem, digamos que eles ficaram um pouco animados demais com o sucesso que meus livros estavam fazendo e acabaram querendo o que não era deles.
E é claro, eu tive que dar um fim naquilo. Não gostava de ser usada pelas pessoas.
- Tá pronta, ? - surgiu na porta do meu quarto, sorrindo pra mim. Com a fama repentina e tudo o mais, era difícil encontrar pessoas que gostassem de mim eu mesma e não da pública e era maravilhoso ter pelo menos uma pessoa com quem eu podia contar pra qualquer coisa.
não me abandonara nem na minha pseudo-depressão, à três anos atrás, quando eu fiz a maior cagada da minha vida me deixando levar por cara só porque ele era bonito e sedutor.
Mas aquela foi a última vez que eu fui enganada daquela forma. Depois que sai da casa daquele que não se deve ser nomeado, nunca mais procurei saber dele ou daquela porcaria de jornal em que ele escrevia. Tampouco marquei leituras em que ele estaria na lista de convidados. Meu plano era impedir que ele fizesse parte de mais algum momento da minha vida.
- Tô sim, vamos lá.
Uma editora relativamente nova tinha se interessado em criar um contrato comigo e no momento eu estava indo para uma entrevista com o dono do lugar. Peguei um táxi com e descemos na porta de um prédio até que bonitinho, pintado de uma cor neutra, assim como era a recepção. A decoração me fez lembrar de um lugar do qual eu não tinha boas memórias, mas resolvi ignorar esse detalhe.
- Vamos, estão esperando a senhora. - Uma garota cerca de três anos mais jovem que eu (eu não sou velha, só pra vocês saberem) me chamou, querendo que eu a seguisse.
- Ok. - A garota me levou por um corredor pequeno, até uma porta no final dele. - Obrigada. - Sorri para ela quando essa abriu a porta para mim.
- De nada. Com licença senhor . - Ainda olhava para ela quando ela disse esse nome, olhando para alguém dentro da sala.
Engoli em seco, de repente não querendo olhar para outro lugar. Não podia ser ele. Com toda a certeza existiam muitos outros s no mundo...
- Pode ir, Stacey. - Mas só um com essa voz! Por favor Stacey, não vai!
Respirei fundo, resolvendo que eu deveria ter a coragem de entrar naquela sala e encarar o filho da puta que me fez perder tantas noites de sono.
- ... - Ele se levantou, quando nós ficamos sozinhos na sala.
- . - Tentei falar com a voz mais neutra possível. Não queria demonstrar nenhum tipo de sentimento, mesmo que eu sentisse que estava prestes a desmaiar.
Olha, dizem que o tempo é inimigo, mas sem duvida ele tinha sido bem legal com . E eu que pensava que não podia ficar pior.
Ele se aproximou de mim com cuidado, me forçando a sentir aquele seu maldito perfume novamente. Recuei um passo, enquanto me decidia entre beijá-lo ou matá-lo.
- É melhor você ficar por aí. - Disse, fazendo-o parar, a alguns centímetros de distância.
- Eu...
- Você tem uma editora agora? Que incrível!- Sorri pra ele tentando ser simpática. O que eu menos queria era uma visita ao passado.
- É eu tenho. Eu sai do jornal depois daquele dia. Assim eu posso controlar o que eu faço.
- Que bom. - Forcei as palavras a saírem. Por que o tom dele me fez ter vontade de abraçá-lo? Naquele momento ele parecia sincero.
- É... - Ele pareceu ponderar sobre o que dizer, suspirou e continuou. - Você ainda tem raiva de mim, não é?
- Coisas como aquela não se esquecem tão fácil, .
- Se você pudesse pelo menos me perdoar. - começou a mexer no cabelo, parecendo frustrado.
- Será que a gente pode esquecer isso? Porque que eu saiba você me chamou pra discutir sobre um contrato e não sobre o nosso passado. - Ponto, . O melhor a se fazer é evitar qualquer tipo de conversa extra-profissional.
- Certo. - Ele disse depois de me encarar por um tempo. - Você anda fazendo bastante sucesso. - Sorriu nervoso, pegando alguns papéis em sua mesa.
- Acho que devo agradecer um pouco à você por isso. - Merda, o que aconteceu com o nada de conversa extra-profissional?
me fitou por um tempo com a testa franzida, mas não disse nada, voltando sua atenção aos papéis.
- Seu contrato.
- Vou ter que levá-lo pro meu advogado ler comigo e te trazer depois, pode ser?
- Hmm, ok. Pode voltar amanhã?
- Claro. - Sorri, pegando os papéis de sua mão. - Até amanhã então.
- Até. - Ele me acompanhou até a porta, abrindo-a para mim. Respirei fundo para roubar um pouco daquele perfume pra mim (não sou idiota, haha) e saí da sala, sorrindo de leve para ele.
- ? - Ele me chamou e eu me virei para ele. Por um momento achei que ele fosse tentar alguma coisa do tipo me beijar (o que não foi tão absurdo na minha mente) mas ele só sorriu. - Foi bom te ver.
Concordei com a cabeça e fiz o caminho de volta por aquele corredor.
Talvez o tempo não seja inimigo de forma alguma e só sirva mesmo para nos fortalecer, no final das contas e talvez (só talvez) aquele contrato pudesse render algo bom, não só no lado profissional da minha vida.
N/A: Fic pra minha linda cão azul *oo* (mesmo ela n merecendo porque me trocou por roupas novas no dia 20 u.u) E aí Gaby, o que achou da fic? Toda pra você coisa, se disser que não gostou apanha u.u
E vocês outras pessoas tbm lindas, o que acharam? *--* Tá gente, eu tava quase desistindo de mandar a fic pro especial não sei por que diabos resolvi terminar (sinta-se privilegiada Gaby). Agora são 02:20 da manhã e eu escrevendo essa n/a haha
Então, não ficou a melhor do mundo porque sou meio péssima em escrever shorts mas enfim é isso, brigada por lerem, bjsbjs e até a próxima!
Ah, e Gaby, eu te amo tá?