Regrets

Escrito por Danielle | Revisado por Mariana

Tamanho da fonte: |


“Algumas pessoas estão destinadas a se apaixonarem uma pela outra, mas isso não significa que elas estão destinadas a ficarem juntas.” – (500) Days Of Summer [500 Dias com Ela].

Coloque para tocar When I Was Your Man – Bruno Mars

Prólogo

  Hoje

  A pior coisa em tomar uma decisão e arrepender-se dela depois não é o fato de você não poder mudar aquilo. A pior coisa em odiar as suas atitudes anteriores é que elas deixam estragos, e nem sempre você pode limpar a bagunça que fez. Talvez eu não me detestasse agora por ter terminado com se ela não estivesse feliz com outro cara. Talvez eu simplesmente me desse conta de que precisava dela muito mais do que percebia e nós voltássemos, refizéssemos nossa história de um jeito que desse certo agora. Talvez eu ainda seja o idiota, mesquinho e egoísta que a tirou da minha vida para pensar que, depois de tudo, ela ainda iria querer olhar na minha cara.
  Terminei de entornar o que sobrava da vodka direto da garrafa e continuei ignorando quem estava batendo a campainha ou socando a porta do meu apartamento. Eu não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém. Eu só queria apagar pelos próximos anos e acordar quando estivesse tudo bem, quando nem o arrependimento nem a saudade que eu sentia dela existissem mais.
  - , eu vou continuar batendo até você me atender. Eu sei que você está aí. – escutei a voz de gritando do lado de fora do meu apartamento e me assustei quase como se estivesse escutando alguém que retornou dos mortos falando comigo. O que ela estava fazendo ali depois de toda a escrotice que eu disse por último?
  Reuni todas as forças e toda a concentração que ainda restava no meu organismo alcoolizado para caminhar até a porta e destrancá-la.
  - ?
  - Não me importa se você está bêbado e não vai se lembrar da nossa conversa amanhã. Eu preciso falar com você e vou fazer isso. – ela anunciou com uma expressão dura impressa na face. Certo, então ela estava ali para brigar mais ainda comigo. Bom, se era tudo o que eu teria, e levando-se em conta que ela realmente merecia me chamar de filho da puta e me mandar pro inferno, que assim fosse.
  Abri caminho indicando o interior do apartamento e seu perfume invadiu minhas narinas assim que ela passou por mim. Então, eu já não sabia qual sensação era mais esmagadora: o arrependimento ou a saudade. O que eu sabia era que eu daria tudo para voltar minha vida em dois anos e estar junto com ela, no lugar que eu havia nascido para estar.

1. O início

  May, 2009

  - , seu viado! Acorda e vem aqui ajudar a fazer essa porra. – sacudiu o meu ombro. Eu estava pregado. Verdadeiramente exausto. Havia passado a noite toda estudando para a prova daquela manhã, e quando o efeito dos litros de café que tomei passou, desmaiei sobre a primeira mesa que encontrei pelo campus.
  - Velho, a gente não vai se foder em Direito Penal por sua causa. – falou de algum lugar ali perto. – , me dá esse copo de café aqui.
  - Cara, é meu.
  - Deixa de ser gay e me dá essa merda logo.
  Consegui reunir forças para me levantar, então peguei o copo de café de e entornei o resto que sobrava. Duas espreguiçadas depois, eu já tinha energia para pelo menos ajudar meus amigos a organizarem o seminário que tínhamos que apresentar dali dois dias.
  - Por que a gente sempre tem que deixar as coisas pra última hora mesmo? – perguntou e eu ia responder alguma coisa, mas a visão dela me distraiu.
  Ela estava andando o mais rápido que suas pernas curtas permitiam, uma pilha de livros nos braços, uma bolsa que parecia pesar mil quilos pendurada no ombro esquerdo e o celular equilibrado entre seu ombro e a orelha direita. Meus amigos continuavam conversando ao meu redor, mas eu só conseguia prestar atenção nela. A garota parecia andar em direção ao estacionamento, e eu tinha certeza que ela não conseguiria chegar até lá antes de derrubar alguma coisa.
  - ? – me chamou no mesmo instante que a moça de cabelos castanhos ondulados e pele clara deixou o celular cair, e junto com ele todas as outras coisas foram juntas. Por um milagre muito grande ela conseguiu se manter de pé.
  - Espera um minuto, cara. – pedi e corri em direção à garota enquanto agradecia a Deus por ter criado a cafeína.
  - Você está bem? – perguntei assim que me aproximei dela, que ainda estava de pé olhando para as suas coisas no chão, como se não conseguisse acreditar que aquilo havia acontecido.
  - Estou. – ela forçou um sorriso para mim e passou as mãos pelos cabelos. Me abaixei para começar a apanhar suas coisas e alguns segundos depois, ela fez o mesmo.
  - Sério, estou cogitando seriamente a possibilidade de deixar essas porcarias aqui. Mas eu tenho a merda de uma prova de fisiologia amanhã e preciso dessas coisas pra estudar. – ela comentou enquanto empilhávamos os livros.
  - Você também força um pouco a barra pra alguém tão pequena, né? Quantos quilos a sua bolsa pesa? – perguntei e ela sorriu para mim.
  - Essa é uma boa pergunta. – a garota respondeu e ajustou a bolsa no ombro. Ergui a pilha de livros enquanto ela conferia o estado do celular e nos levantamos juntos do chão. – Pode me dar.
  - Não, de jeito nenhum. Eu levo. Você estava indo até o seu carro, né?
  - Sim... E não está longe. Eu posso levar até lá.
  - Eu insisto. – encarei os olhos azuis dela por um segundo e, puta que pariu, como ela era linda!
  - Qual é o seu nome?
  - . .
  - Obrigada pela ajuda, . Meu nome é . – disse iniciando uma conversa que durou todo o horário de almoço e impediu que eu fizesse o trabalho de Direito Penal com os caras. Aquele seminário podia esperar, mas eu precisava pegar o telefone dela. Precisava saber o que ela fazia, descobrir se eu teria chances de levá-la para sair no fim de semana ou quando ela quisesse. E, felizmente, aquele almoço foi só o início.
  Três dias depois, no sábado à noite, levei para dançar. Ela havia dito no decorrer da semana, em uma das ocasiões em que nos falamos pelo telefone, que adorava dançar. Qualquer tipo de música, em qualquer ambiente. dançou balé até os 12 anos de idade, mas preferia mesmo músicas em que pudesse dançar acompanhada. E, bom, isso era maravilhoso para mim que estava louco para tocar de verdade nela.
  - Então você também dança? – ela perguntou surpresa quando entramos no clube.
  - Muito pouco, e admito que não é minha atividade preferida, mas você gosta, então... – dei de ombros. Ela sorriu para mim.
  - Obrigada por me trazer aqui, . Adorei o lugar.
  - Você está aqui há menos de dois minutos e já adora? – questionei desconfiado.
  - Bom, você sabe o que dizem: o que faz o lugar é a companhia. E eu estou super bem acompanhada. – piscou para mim. E essas cantadas bobas que ela soltava com tanta naturalidade se tornou uma das coisas que eu mais amava nela.

  Sempre que eu me lembrava desse início, eu me perguntava por que mesmo não ficamos juntos para sempre? Por que as coisas ficaram desastrosas depois de um tempo e as borboletas no estômago desapareceram? Quando meu ego diminuiu o bastante para que eu enxergasse, eu entendi: a culpa foi quase que cem por cento minha.

2. O final

  October, 2011

  Destranquei a porta do meu apartamento e joguei minha pasta sobre a mesinha de centro. Não havia roupas espalhadas pelo chão, os copos e embalagens de lanche não estavam por ali, e o piso cheirava a produto de limpeza...
  - Caramba, você só tem ovos na geladeira?! – comentou rindo enquanto passava da cozinha para a sala. É claro que o furacão passou por aqui. Minhas coisas não eram inteligentes o bastante para se organizarem sozinhas.
  - Não tenho tempo para fazer compras. – resmunguei tirando a gravata que estava me matando há horas.
  Além da faculdade, agora eu estava estagiando, o que significava que eu passava horas com a cara em processos escutando reclamações de uma chefa gorda, chata, ranzinza e mal comida para ganhar uma mixaria no fim do mês. Claro que eu estava ali pela experiência, mas aqueles dois meses já haviam me esgotado de todas as formas possíveis.
  - Tudo bem, amor. Vamos pedir alguma coisa pro jantar e amanhã assim que eu sair do hospital dou uma passadinha no supermercado pra abastecer essa geladeira. – disse e se colocou na ponta nos pés para me dar um beijo. Toquei meus lábios nos dela por um instante e me afastei; eu precisava de um banho.
  - Você pede a comida enquanto eu tomo banho? – pedi tirando a camisa e andando até o meu quarto.
  - Claro. – ela falou mais desanimada.
  Liguei o chuveiro na temperatura mais alta e fiquei ali, só sentindo a água queimando a minha pele por alguns segundos. entrou no banheiro e começou a falar sobre a comida, mantendo-se do lado de fora do box.
  - Eu estava pensando... A gente bem que podia sair esse sábado, né? Tem tempo que você não me leva pra dançar... – ela comentou.
  - Eu trabalho sábado também, .
  - Você sai do trabalho na hora do almoço até onde eu me lembro.
  - Mas eu tenho que estudar, lembra? E descansar também seria ótimo. Além do mais, o me chamou pra ver o jogo de baseball com os caras, e tem muito tempo que eu não faço nada com eles.
  - Tudo bem. Você sai com os meninos então e eu vou sair pra dançar com as minhas amigas. – disse embora já soubesse o que eu diria. Prendi a respiração e soltei o ar aos poucos porque eu não queria perder a paciência com ela. Abri a porta do box e ela me passou a toalha.
  - Nos seus sonhos que você vai sair para dançar sozinha. – beijei de leve o rosto de molhando a bochecha dela e comecei a me enxugar.
  - Qual parte do “minhas amigas” você não ouviu? – ela respondeu nervosa. – Qual é a justiça em você ficar com seus amigos e eu não poder sair com as minhas amigas?
  - Eu vou ficar num apartamento com homens vendo jogo e bebendo cerveja. Você estará linda e cheirosa rodopiando num salão cheio de caras procurando mulheres.
  - Isso não quer dizer que eu vá dar bola pra algum deles, . Você não confia em mim?
  - Eu não vou discutir isso com você. Tô cansado e já tivemos essa mesma briga antes... – catei a primeira roupa que encontrei pela frente e me vesti devagar enquanto falava alguma coisa.
  - Você ouviu o que eu disse? – ela perguntou nervosa.
  - Quê? – bocejei.
  - Estou indo embora. – ela falou e cruzou os braços sobre o peito.
  - Tá. Vou guardar o que sobrar do jantar pra amanhã. – respondi vendo o choque distorcendo sua expressão. bufou uma vez, e a próxima coisa que escutei foi a porta do meu apartamento batendo quando ela saiu.

  Aquela briga durou mais alguns dias, e a cada dia que passava, eu estava com mais preguiça de continuar aquele relacionamento. Nós desgastamos, minhas prioridades continuavam sendo a formatura e a minha carreira, e me cobrava a cada dia mais coisas que eu não sabia como oferecer. Eu nunca pedi que ela se dedicasse tanto a mim exatamente porque eu não sabia se seria capaz de fazer o mesmo. Ela era capaz de conciliar um curso de medicina na Universidade de Chicago com todas as outras mil coisas que fazia, mas isso não me obrigava a ser da mesma forma.
  - Nós precisamos conversar. – disse no domingo de manhã, enquanto tomávamos café da manhã juntos.
  - Precisamos mesmo. – ela arregalou os olhos de surpresa para as minhas palavras, mas ficou em silêncio. Suspirei alto e comecei aquela conversa da forma mais direta que consegui: – Não tá dando certo mais, .
  - O quê? – perguntou surpresa.
  - Nós não estamos dando certo mais. A gente caiu na rotina. Nós estamos brigando muito, eu não tenho felicidade mais em ficar com você porque toda vez que nos falamos alguma coisa chata acontece. – desabafei.
  - E você está me culpando por isso?
  - Não estou culpando ninguém. E você tem mania de se colocar na defensiva, pensando que eu estou criticando você. Você é uma pessoa maravilhosa, uma namorada maravilhosa...
  - Então por que você está terminando comigo? – me interrompeu perguntando e soltou uma risada sarcástica.
  - Porque eu não quero que a gente vire um desastre. Isso vai acontecer se continuarmos forçando.
  - , você pensou bem nisso? – ela perguntou depois de um suspiro. – Nós estamos juntos há dois anos. Todo casal passa por crises. Nós já tivemos crises antes, e passou. Não somos crianças mais... Quero dizer, nós conseguimos resolver as coisas juntos. – disse e levou sua mão até a minha sobre a mesa. O problema é que eu já estava decidido, e eu não costumava voltar atrás quando tomava uma decisão.
  - Eu acho que vai ser melhor pra nós dois não continuarmos forçando. Isso também não quer dizer que é definitivo. Nós precisamos de um tempo pra nós mesmos agora. Você precisa conhecer a sua vida sem mim, porque, sério, às vezes eu penso que você se esqueceu de como é isso. Eu não sou o umbigo do mundo, . – falei e ela só me encarou com a expressão neutra, congelada daquele jeito por alguns segundos. Tirou sua mão de sobre a minha e se levantou da mesa.
  - Tudo bem. Eu entendo. – respondeu e andou até o sofá para pegar a sua bolsa.
  - Nós não estamos brigados, estamos? – perguntei assim que ela colocou a mão na maçaneta.
  - Claro que não. – ela disse com a voz um pouco trêmula e então pigarreou para ajustá-la. – Separe as minhas coisas que estão aqui, por favor? – falou ainda encarando a porta. – Vou pedir ao para pegar para mim.
  - Você pode vir pegar quando eu não estiver aqui, se quiser.
  - Certo. Vou ver o que faço. Se cuida, .
  - Você também, .

  Eu não estava triste naquele momento. Não estava desesperado, arrependido do que havia decidido, nem nervoso com a ideia de não ficar com ela mais. Eu pensava que havia feito o melhor para nós dois, que continuaria bem com essa decisão porque não havia mais o que fazer para voltarmos a ser o éramos antes. O que eu não imaginava era que essa sensação de “fiz o que era certo” duraria pouco demais e eu teria que continuar repetindo isso para mim mesmo por muito tempo porque agora sim não havia jeito de voltar atrás e desfazer o que estava feito.

3. Depois do final

  Hoje (uma hora antes do prólogo)

  Entrei no meu apartamento e observei a zona ao redor. O cheiro era de alguma comida podre e roupa suja. Tive vontade de dar meia volta e me enfiar dentro do boteco mais próximo. Mas eu precisava encarar a bagunça porque ninguém mais faria isso por mim.
  Foi inevitável comparar aquele cenário com dois anos atrás, quando até as minhas cuecas eram organizadas por cor dentro da gaveta. Era sexta-feira à noite, então provavelmente teria me recepcionado com uma taça de vinho e o cheiro da comida incrível dela estaria preenchendo o ambiente. Talvez ela tivesse preparado alguma surpresinha praquela noite, mas, se não tivesse, não importava – ficar com ela nunca era igual por mais parecidas que as nossas ações fossem.
  Empurrei tudo o que estava sobre o sofá para o chão e me esparramei ali, fechando os olhos e desejando pela enésima vez voltar a minha vida em dois anos, retornar as coisas a como eram antes. Um bom emprego, um carro bacana, a mobília toda novinha em folha, as paredes recém-pintadas... Tudo isso parecia inútil agora.
  Cochilei por alguns minutos e então meu celular começou a tocar freneticamente.
  - O que foi, ? – atendi mal humorado.
  - Estamos a caminho da sua casa.
  - Pra quê?
  - Pra te levar em algum lugar, seu viado mal agradecido. Quem sabe assim você não conhece alguma mulher louca que te queira e para de choramingar um pouco?
  - Vai tomar no seu cu, cara. – respondi rindo.
  - Vai tomar um banho, . Chegamos aí em vinte minutos.
  Depois do banho, tive tempo de colocar o lixo no lixo e as roupas sujas dentro do cesto. O apartamento ainda estava desorganizado, mas melhorou um pouco. Encontrei meus amigos na portaria e nos dirigimos a um pub perto da minha casa.
  - Cinco Dry Martini. – pedi ao garçom assim que nos sentamos no bar. – O que vocês vão querer?
  - Muito engraçadinho. – falou dando uma risadinha irônica tosca.
  Assim que levei o copo à boca, soltou um “iiiihhh”, fazendo com que eu voltasse meus olhos para a mesma direção que ele estava olhando. o xingou de alguma coisa, mas eu não estava escutando mais porque minha concentração estava completamente direcionada para e o cara louro ridículo que segurava a mão dela. Os dois sorriam e cochichavam no ouvido um do outro. Então, eles trocaram um selinho e caminharam rumo à pista de dança do local, onde já havia alguns casais cambaleando.
  - Fica frio, . – segurou o meu braço assim que me coloquei de pé. Ah eu iria lá falar com ela, com certeza iria...
  - Vou só cumprimentar minha ex-namorada, cara. Nós combinamos que não ficaríamos brigados, não foi? – entornei o resto do conteúdo do meu copo e comecei a andar.
  - Não vai caçar confusão por causa de besteira. – disse me seguindo.
  - Não vou. Relaxa. Eu só vou cumprimentar a . – falei colocando a expressão mais convincente possível na face. – Eu já volto. – dei dois tapinhas no ombro dele e continuei andando.
  O cara louro que estava com a girou na minha direção no momento certo e ela parou abruptamente quando me viu - a expressão neutra, a mesma que ela usava sempre que queria esconder o que estava sentindo de verdade.
  - Oi. – falei como se ela estivesse fazendo a coisa mais errada do mundo e eu tivesse acabado de pegá-la em flagrante.
  - Oi, . Quanto tempo, hein... – ela comentou sorrindo e se aproximou de mim. A última vez que havíamos nos visto fora no aniversário de Phoebe, uma amiga que tínhamos em comum, em junho. Mesmo assim, eu fiquei poucos minutos no local porque tinha uma conferência aquela noite e só passei para deixar o presente da aniversariante.
  - Pois é. Não vai me apresentar seu namorado?
  - Ah, claro. , este é o Zachary. Zack, este é o .
  - Muito prazer. – Zachary disse estendendo a mão para me cumprimentar. Pensei em ignorar o gesto, mas apertei a mão dele e me aproximei para falar o primeiro desaforo que me surgiu à mente em seu ouvido.
  - Nossa zinha continua boa na cama como ela era na minha época? – perguntei com um sorriso safado no rosto.
  - Como é que é?! – o namorado de disse nervoso se afastando. – Agora eu entendo perfeitamente porque vocês não estão juntos mais. Cara, você é um idiota. – ele completou e riu.
  - Não precisa ficar nervosinho só porque eu já dormi com a sua namorada, Zayn.
  - ! – falou chocada com o rosto vermelho de vergonha.
  - É Zack. E você não precisa ficar magoado assim porque quem está dormindo com ela agora sou eu, .
  - Zachary! – disse.
  - Desculpa, amor. Vamos sair daqui. – Zachary disse e pegou pela mão, puxando-a para fora dali.
  Várias pessoas já haviam se reunido à nossa volta para assistir ao espetáculo que eu aprontei e meus amigos se aproximaram assim que perceberam que a coisa havia mudado de uma conversa civilizada para uma discussão infantil.
  Cara, como eu era idiota! O que havia ganhado com aquilo além de um olhar magoado de ?!
  - , o que deu em você? – perguntou e eu fiquei calado porque eu não sabia o que responder.
  - Eu vou embora. – foi tudo o que eu disse. Já havia feito estragos demais por uma noite, afinal.

Epílogo

  Hoje (continuação do prólogo)

  - Eu não entendo você! – gritou assim que fechei a porta do meu apartamento atrás de nós. – Nem se eu viver mil anos vou conseguir entender você!
  Não respondi. Ela estava certa. Nem eu mesmo sabia por que havia feito a última merda, cagado no incagável.
  - Você me mandou embora da sua vida, lembra? – ela continuou falando. - Foi você quem terminou comigo do nada, porque enjoou de mim. Nós não demos certo porque você nunca se esforçou, . Eu não fiz nada de errado...
  - Eu sei! – gritei interrompendo-a. – Eu sei, tá bom? Meu cérebro e as porras das lembranças não me deixam esquecer nem um segundo do meu dia que a culpa toda da minha desgraça é minha. Eu sei que você é perfeita...
  - Eu não sou perfeita.
  - Pra mim você é. Você sempre foi. Mas eu era um idiota. Eu sou um idiota. Você merece seguir com a sua vida, e já tem dois anos que não estamos mais juntos... Já faz dois anos desde que eu fiz a burrice de terminar com você simplesmente porque precisava focar na minha carreira, ter mais liberdade. – eu tinha vontade de socar a minha própria cara a cada vez que me lembrava daquela conversa que acabou com tudo o que nós tínhamos. Suspirei alto antes de prosseguir: – Me perdoe por hoje. Me perdoe por ter dito aquelas coisas. Você merece ser feliz, , e eu juro que tudo o que eu desejo é que ele seja o cara que eu não fui pra você. Que te leve pra dançar sempre, como você adora e eu era egoísta demais pra suportar porque te fazia feliz. Que te encha de flores e até de filhos daqui um tempo, por mais que eu odeie a ideia de você e ele... – balancei minha cabeça freneticamente tentando me livrar do pensamento e então caí sentado no sofá porque eu já estava tonto pelo álcool; balançar a cabeça daquele jeito era pedir por um tombo. – Seja feliz com o Zayn...
  - Zack.
  - Eu realmente não me importo. – ela riu das minhas palavras ou da minha cara de desdém. E eu sorri de volta porque a risada dela era a mais linda do mundo. – Seja feliz com ele. Não me convide para o casamento, mas seja feliz. Você merece, e ele também merece a chance de tentar.
   me encarou por alguns segundos e então caminhou até o sofá e se sentou do meu lado. O cheiro dela era mais intoxicante do que qualquer outra coisa que eu tinha provado nessa vida, e precisei me segurar para não agarrá-la e matar pelo menos parte da saudade que estava me sufocando.
  - Você sabe que eu amei você, não sabe? Mais do que tudo.
  - E que eu cuspi esse amor como chiclete velho. Eu sei. – assenti.
  - Eu sofri por sua causa, . Pra caralho.
  - Hmmm, então você ainda fala palavrão? – eu ri ao constatar isso porque era aliviador saber que a por quem eu havia me apaixonado, a garota boca suja e meiga, ao mesmo tempo, ainda estava ali, por deixado daquela nova personalidade madura e contida demais. Até mesmo na conversa que colocou um ponto final no nosso relacionamento ela havia se comportado assim, com uma frieza calculada, talvez aprendida a cada vez que nós brigávamos e eu dizia que ela era emotiva demais.
  - Eu não mudei tanto assim. – ela rolou os olhos. Ficamos em silêncio por algum tempo até que ela voltou a falar: – Sua felicidade está andando por aí, e ela é linda. Muito mais do que eu. Você nunca vai se esquecer de mim, nem do que tivemos. Sério, eu espero que não porque eu nunca vou me esquecer de você. Mas quando você conhecê-la, tudo o que você sentiu por mim vai ser só uma lembrança boa, sem saudade, nem arrependimento.
  - Você promete? – perguntei feito um garotinho de seis anos idiota que acabou de quebrar o braço e está escutando da mãe que dali alguns dias tudo estará bem de novo.
  - Prometo. E você sabe, eu nunca deixei de cumprir uma promessa. – olhei para o rosto de e ela estava sorrindo para mim, daquele jeito reconfortante que eu ainda me lembrava.
  Ela me abraçou apertado por alguns segundos e então se levantou do sofá caminhando até a porta. Pensei em gritar que queria que ela ficasse, ou que podíamos ser amigos, ou que eu a amava mais do que tudo nessa vida e queria ver como aquela promessa se cumpriria porque não fazia sentido imaginar felicidade se ela estava indo embora. Mas me concentrei para não chorar e me lembrei que aquele egoísta estava morto e enterrado. merecia um recomeço, e quem sabe eu não poderia ter um agora que sabia que ela estava bem?

xx

  June, 2014

  - Senhor . – a recepcionista do escritório de advocacia para o qual eu estava me candidatando para uma vaga me chamou. Levantei-me assim que ela pronunciou o meu nome, minha pasta na mão esquerda, o envelope com o meu currículo na mão direita. – A doutora Hastings irá atendê-lo. Pode entrar. – a moça que calculei ter pouco mais de 20 anos disse e indicou o interior da sala que continha uma plaquinha com o nome LUCY HASTINGS impresso em letras médias.
  Quando vi Lucy Hastings fiquei surpreso com o tanto que ela era bonita e jovem. Eu imaginava uma senhora de mais de quarenta anos, mal humorada e em processo de divórcio. Realmente foi surpreendente ver uma moça que não aparentava nem trinta anos, cabelos louros caindo em ondas pelos ombros, olhos verdes e um sorriso estampado no rosto.
  - Bom dia, senhor . – ela se colocou de pé para me cumprimentar e estendeu sua mão para que eu apertasse.
  - Bom dia, doutora Hastings. – retribuí ao cumprimento e obedeci quando ela indicou a cadeira à sua frente para que eu me sentasse.
  O telefone sobre sua mesa tocou e ela deu um pequeno pulo de susto, levando uma das mãos ao aparelho e o outro a uma das têmporas.
  - Georgia, querida, vou deixar o aparelho fora do gancho. Não vou atender ninguém que não ligue no meu celular por hoje. Minha cabeça está estourando de dor, então pelo amor de Deus, mínimo de ruídos. – ela disse forçando uma educação muito mal humorada.
  Doutora Hastings, dona de uma das maiorias companhias de advocacia de Chicago, estava de ressaca, era isso mesmo, produção?
  - Trabalho: um péssimo lugar para se curar de um porre da noite passada. – Lucy disse e sorriu para mim. Sorri de orelha a orelha para ela de volta.
  - Não diga... – assenti e mudei a expressão para uma mais séria quando meu reflexo no vidro da janela indicou demais o quanto aquela mulher estava me soando atraente.

  Lembrei-me do que me disse seis meses atrás, e a cada palavra que eu trocava com Lucy Hastings, a promessa de parecia fazer mais sentido. Talvez ela não tivesse mentido, afinal. Talvez Lucy fosse a felicidade linda que estava andando por aí, a mulher que me daria os dois filhos que eu queria ter, que envelheceria ao meu lado e com quem eu teria meu “felizes para sempre”...
  Em uma coisa, porém, havia mentido: ninguém era mais bonita do que ela.

FIM



Comentários da autora


  N/A: HELLO, queridas leitoras! Tudo joia? (:
  Bom, estou aqui para contar uma coisinha pra vocês: esta fanfic foi baseada na música When I Was Your Man de Bruno Mars e também em 500 Days Of Summer. Portanto, se você está lendo este recadinho antes de ler a fic ou se quiser reler a história em algum momento, não se esqueça de colocar a música para tocar, certo? Se você ainda não assistiu ao filme do qual eu tirei a citação que está aí no início da fanfic, faça isso depois, ok? É um dos romances mais verdadeiros que eu já vi e vale muito a pena (principalmente se você está se curando de uma dor de cotovelo e pensando que não existe ninguém no mundo como o ex ou que sirva pra você).
  Anyway, espero que gostem e que eu não tenha estragado nem essa música perfeita do BM, nem o filme pra ninguém! HAHA Beijo grande e obrigada por ler (agora seja boazinha e comente também, please?)! :*