Ranch
Escrito por Amanda Mendonça | Revisado por Luh
Prólogo
O silêncio confortável se instalava no lugar, deixando a ocasião mais agradável ainda. O único som que se fazia presente eram as risadas altas e descontroladas de duas pessoas sentadas no enorme sofá, talvez fosse efeito do álcool, mas que mal tinha? Estavam sós, não havia necessidade de abaixarem a voz. Ela de repente ficara nervosa, o mesmo pensamento lhe passou pela cabeça inúmeras vezes. Estavam sozinhos. E isso somado ao efeito do álcool e ao sentimento que ela vinha guardando para si por anos não levaria a boa coisa.
Ele então passou a mão pela nuca da menina notando seu nervosismo, sorriu fraco aproximando-se, mais do que deveria, dela. Ela sorriu sem jeito quando notou que estava tão próximo que podia sentir sua respiração batendo em seu rosto, ele aproximou-se mais ainda dela e em questão de segundos suas bocas se uniram tornando-se uma só.
Capítulo 1
O despertador soava alto, atrapalhando seu sono. Ela se virou, enrolada em inúmeros lençóis, tentando desligar o aparelho irritante que a impedia de dormir. Abriu os olhos lentamente e levou um susto quando viu o horário, aquele relógio só podia estar adiantado! Procurou pelo celular e o encontrou ao lado do porta-retratos. Olhou atentamente para o visor, a fim de ver as horas, e assustou-se: 9hrs00; definitivamente o despertador não estava adiantado. Ela estava atrasada.
Procurou por sua roupa em seu armário e tomou banho rapidamente, não podia ir fedendo para o trabalho. Desceu as escadas, procurando pela amiga. Não a encontrou. Ao contrário de , era pontual e nunca sequer havia chegado atrasada no trabalho. Mas seu atraso tinha motivo: havia ficado acordada até tarde vendo filmes de terror ao lado da amiga e não conseguira dormir à noite. Não sabia como havia conseguido acordar a tempo de ir para o trabalho.
Saiu de casa às pressas, ignorando qualquer vizinho que tentava pará-la para falar alguma coisa sobre a insatisfação com o novo síndico do prédio onde moravam. Aquele assunto era o que menos lhe interessava no momento. Tropeçou andando pelo estacionamento e por pouco não caíra de bunda no chão, sujando sua roupa toda. Suspirou descontente com a maneira da qual seu dia havia começado: com o pé esquerdo.
adentrou o grande prédio com um enorme letreiro escrito ’s Corporation. Seu chefe deveria estar atônito com sua demora, havia recebido quatro ligações suas enquanto enfrentava o engarrafamento de Nova York e não tivera coragem de atender nenhuma. Talvez já estivesse demitida, por culpa de , mas o que custava entrar lá e tentar a sorte? Por sorte, não viu nenhum de seus colegas de trabalho a olhando estranho, isso significava que ainda não havia dado a louca e a demitido sem ter nem mesmo sua presença para se defender. Se defender do que? De ver filme de terror até tarde, ficar com medo e não conseguir dormir e consequentemente acordar tarde? Essa não seria uma desculpa aceitável.
Bateu na porta antes de entrar, já esperando ver um rosto vermelho de raiva e ouvir as palavras que decretariam sua demissão, sabia que era extremamente calmo e compreensivo e que nunca havia sequer dado uma bronca nela, mas dessa vez havia passado dos limites, havia chegado atrasada justo no dia em que deveria ter chegado mais cedo do qualquer outro funcionário. tinha total confiança nela e confiou em pedir para que chegasse mais cedo para ajuda-lo em uma reunião importante, e em troco, chegou meia hora atrasada. Porém, ao contrário do que esperava, ele a observou entrar pela porta calmamente, sem nenhum resquício de raiva ou estresse em seu rosto, sorriu como quem diz “Bom dia!” e voltou a olhar para o computador a sua frente.
- Bom dia. – deixou claro, mesmo que sem querer, sua confusão por estar tão calmo.
- Bom dia! – disse bem humorado, fazendo aumentar mais ainda a confusão evidente no olhar de .
- Desculpe pelo atraso, o trânsito de Nova York é um caos... – Omitiu o fato de ter acordado atrasada, apesar de desconfiar que já soubesse disso.
- Sei sim... Não se preocupe. – Sorriu simpático, do jeito que faz qualquer mulher suspirar. – Também passei pelo o mesmo problema, tive que ligar para desmarcar a reunião. – sentiu-se culpada, era o trabalho dela fazer isso.
- Desculpe mais uma vez. – Sorriu sem jeito ao o vê-lo observá-la e tentou esconder o nervosismo. Sempre ficava assim perto de . Seu chefe, além de doce e compressivo, era lindo e charmoso, o que a fazia perder o ar. Não somente ela, mas também todas as mulheres que conviviam diariamente com o filho do presidente da empresa. O que, parar azar de muitas, tinha uma noiva que estava com ele há aproximadamente cinco anos, tempo em que começou a trabalhar para ele. Lauren era o tipo de mulher que nem mesmo o pai de , Bobby, conseguia entender o que o filho bonito, inteligente e bem de vida fazia ao lado dela. Ao contrário de , Lauren vinha de família rica e, portanto, era mandona e arrogante. Ninguém entendia o porquê de estava com ela. – Precisa de algo?
- Um café, se não for pedir muito... – sorriu simpático e pegou a xícara vazia que estava ao lado de seu computador. – A Susan trouxe um pra mim mais cedo, mas não chega nem aos pés do seu. – riu. Pelo menos ele gostava de seu café.
- Tudo bem. Não demoro. – saiu atrapalhada, fazendo um alto barulho com seu sapato de salto.
riu do desastre da menina. Trabalhavam juntos há cinco anos, já estava acostumado com todas as confusões de . Riu um pouco mais alto ao olhar para a mão e perceber que ainda estava segurando a xícara, ouviu o barulho de passos rápidos em direção a sua sala e viu abrir a porta desengonçada indo na sua direção para pegar a xícara resmungando, provavelmente por só ter notado que tinha esquecido algo quando já estava no meio do caminho. estendeu a mão mais alto para que pegasse e riu novamente ao ver a garota sair em passos largos e confusos, logo voltando com sua xícara de café em mãos e a blusa branca manchada com algumas gotas que haviam caído.
- Acordou com o pé esquerdo hoje? – brincou. Estava acostumado a ver as trapalhadas de , mas hoje estavam demais.
- Só o pé? O pé, o braço, a perna inteira... Eu estou numa maré de azar hoje. E olha que não é nem sexta-feira 13. – fez careta, definitivamente aquele não estava sendo um dia muito agradável para ela.
- Percebi. – riu. – Mas será que pode me ajudar em uma coisa? Passei a manhã inteira esperando você chegar pra te perguntar isso. – Ele segurou a caneta que estava em cima da mesa de forma nervosa e sorriu sem graça. tremeu.
Agora era o momento da natureza se desculpar pela maré de azar que tivera de manhã cedo. Talvez dissesse que tinha se separado de sua noiva chata e com crises existenciais por estar 500 gramas acima do peso, e que tinha, finalmente, percebido que também estava perdidamente apaixonado por . Ela sorriu com a possibilidade, mesmo sabendo que a probabilidade de isso acontecer fosse quase nula.
- Claro! – praticamente pulou.
- O que você entende de casamentos? – perguntou em um tom sério e olhou diretamente para ela.
- Não muita coisa... – estranhou a pergunta. O que diabos ele queria saber sobre o que ela entendia de casamentos? Ele não ia a pedir em casamento, iria? – Por quê? É o casamento de quem?
Sua respiração falhou ao ouvir sua resposta. Mas era claro que a natureza não se desculparia com ela tão cedo, na verdade, a natureza estava pouco se lixando pra ela.
- Meu.
gelou. Respirou uma, duas, três vezes pra tentar se acalmar do colapso que estava tendo internamente, mas nada adiantaria naquele momento. A única coisa que se passava pela sua cabeça agora era que uma vaca que só se importava com seu próprio nariz tinha mais sorte do que ela. Lauren era realmente sortuda, era o homem mais incrível que conhecia, merecia uma mulher muito melhor do que ela, mas lá estava a ordinária, gastando todo o dinheiro de seu cartão de crédito e mesmo assim ainda se casaria com ele. Inveja. Era o que sentia dela naquele momento, ela poderia ser uma perua consumista que somente se importava com si própria, mas mesmo assim ela tinha o que sempre quis ter na palma da mão.
- Você e a Lauren vão se casar? – perguntou desapontada. a olhou confuso e sorriu sem jeito.
- Sim. – Aquilo doeu mais do que qualquer dor. Depois de tanto tempo esperando que abrisse os olhos e visse que Lauren não tinha nada a ver com ele, mal sabia ela que tudo aquilo estava somente no começo.
Tentou disfarçar o mal estar que estava sentindo e fingiu indiferença.
- Então, em que posso ajudar?
Capítulo 2
Sabe quando seu mundo desaba e você perde a vontade de, até mesmo, sair do quarto? se encontrava assim, como uma garotinha de doze anos que acabara de levar o primeiro toco. Sempre adorou levantar cedo para trabalhar, pois passava boa parte do seu tempo com , porém, depois da pancada que foi saber que ele iria se casar, perdera até a vontade de trabalhar. Olhar para a cara dele o dia inteiro só iria a machucar mais, e pra piorar a situação Lauren resolvera passar grande parte de seu dia indo e vindo de seu escritório e sempre comentando algo sobre seu “estrondoso” casamento. Na maioria das vezes ela levava revistas matrimoniais e fazia questão de mostrar para Deus e o mundo como queria a decoração de seu casamento. Talvez tenha sido por isso que pedira ajuda á , Lauren estava disposta a gastar até 500 mil reais, se fosse preciso, para deixar até a pobre Midleton no chinelo, já queria uma cerimonia íntima com somente amigos mais próximos e parentes presenciando o maior erro de sua vida. Por esse e outros motivos resolvera fingir uma doença e pedira para se afastar do trabalho por uns dias, , generoso como sempre, disse que poderia ficar o tempo que quisesse em casa e lhe desejara melhoras. Perguntara também o que poderia fazer para que se recuperasse logo, não se casar, é obvio. Mas deixara esse pequeno comentário de lado.
Ouvira três batidas na porta do solitário quarto e nem se dera o trabalho de levantar para abri-la, gritou um “entra” meio desanimado e logo depois viu a porta de abrindo revelando com uma xícara de chá na mão com a cara mais solidária que tinha, sempre odiara isso nela, quando estava depressiva ela nunca sabia como agir direito com , pois a garota sempre fora o tipo de pessoa que gosta de sofrer calada e nunca gostara de desabafar com alguém. Nem mesmo com a melhor amiga. Porém, sempre soubera quando estava sofrendo por algo, porque, além de conhecê-la melhor do que ninguém, a garota não costumava sair com frequência do quarto em dias de depressão.
- É sério que você vai deixar aquela perua ordinária tomar seu homem de você? – estendeu a xícara com chá para a amiga e sentou-se inquieta na cama.
- Meu homem? Fala sério, . Ele não deve nem desconfiar que eu venha nutrindo algum tipo de sentimento por ele, pra ele eu sou só a secretária atrapalhada e que sabe fazer o melhor café daquele prédio. E sem falar que a Lauren é bonita, é magra, é alta, tem dinheiro... Não tem nada a ver comigo. – Suspirou admitindo para si mesma que jamais largaria uma mulher como Lauren por alguém como ela. Lauren podia ser enjoada e perua, mas fazia parte do mundo dele, era o filho mais velho do dono da maior empresa de Marketing de Nova York e Lauren era filha de um renomado cirurgião plástico e de uma famosa estilista, com certeza teria o vestido mais comentado de Nova York. E ela, bom, ela era somente uma garota vinda do interior do Texas que resolvera tentar a vida na cidade grande para ajudar a família, nunca fora rica, apesar de nunca ter passado necessidade, e tinha uma família grande com o total de sete irmãos e, portanto nunca teve nada de mão beijada. sinceramente nunca chegaria nem aos pés de Lauren.
- Você deve estar num nível muito alto de depressão pra achar aquela mulher melhor do que você. Bota uma coisinha na sua cabeça, ela não é bonita, o fato de ela ter dinheiro não a torna melhor do que você e eu tenho certeza que, ao contrário de você, quando ela passa naquele escritório causa repulsa em todo mundo, assim como causa em mim toda vez que eu a vejo. – podia não ser a melhor conselheira do mundo, mas era a melhor conselheira para ela, conseguia fazer com que até mesmo a Megan Fox se sentisse feia perto de . –Você tem que fazer alguma coisa! – arregalou os olhos ao ver a frase tão determinada sair dos lábios da amiga. Afinal, o que ela queria dizer com isso?
- Fazer o quê? – Perguntou confusa, era conhecida por bolar planos mirabolantes e nem sempre esses planos agradavam á ela.
- Eu não sei! Mas eu não vou deixar você choramingando pelos cantos sofrendo desse jeito. você não pode mentir que está doente pra sempre, uma hora você vai ter que voltar ao trabalho e olhar na cara do . Então, ainda dá tempo de você impedir ele de cometer o maior erro da vida dele. Fugir não vai fazer você esquecer-se de tudo e nem fará aquela perua nojenta sair do caminho de vocês. – não sabia como estava extremamente compreensível e amável aquele dia. E muito menos a onde a amiga havia aprendido a ser tão boa conselheira.
- Tá, mas o que eu vou fazer? O casamento deles está próximo e eu não vou conseguir...
De repente o telefone tocou e como se ele estivesse ouvindo toda a conversa, o nome de apareceu no visor. sorriu maliciosa e a lançou o telefone. tremeu ao atender. Após alguns minutos de conversa e uma extremamente curiosa, desligou o telefone com um sorriso contente no rosto, a amiga mesmo que sem saber o motivo do tal sorriso também sorriu já imaginando ser boa coisa.
- Então... – perguntou com a curiosidade estampada em seu olhar.
- Se lembra de que eu te falei que ele tinha uma reunião importante com uma grande empresa? – O sorriso de murchou de imediato, não acreditava que poderia estar sorrindo tanto por conta de um trabalho bem sucedido de .
- Eu não acredito que você me deixou ansiosa pra depois me falar que ele se deu bem numa reunião. – bufou irritada.
riu.
- Será que dá pra esperar eu terminar de falar? – assentiu sem paciência, podia ter muitas virtudes, mas com certeza paciência não era uma delas. – Eles gostaram da campanha, mas querem que ela seja mais elaborada, e deram o final de semana pra que ele pudesse incrementar o trabalho.
- E... – rolou os olhos com a felicidade estampada nos olhos da amiga. realmente tinha um efeito muito tolo sobre .
- E aí que ele me pediu pra ajuda-lo. Como os preparativos para o casamento dele estão acelerados e ele precisa de calma, ele me chamou pra acompanhar ele no rancho da família dele. – sorriu ainda sem acreditar, ouviu um grito agudo da amiga e riu.
- Não acredito! – pulou em cima da amiga. – Agora é a sua chance de mostrar que você vai conseguir fazer o gol aos 44 do segundo tempo. – riu da própria piada, o que fez a atirar o travesseiro mais próximo e cair na risada junto com a amiga.
- Você sonha alto demais, . – recebeu o travesseiro de volta da amiga.
- E você é muito pessimista! Tá esperando o que? Vai arrumar suas malas! – abriu o guarda roupa da amiga a fim de procurar as melhores roupas para levar. Franziu o cenho descontente com as roupas totalmente ensossas da amiga. – Mas antes, nós vamos ao shopping.
Para um dia que tinha tudo pra ser depressivo e sem graça aquele dia até que estava bom demais para ser verdade, tinha até medo de acordar e ver que tudo não passou de apenas mais uma das encenações que sua cabeça já estava mais do que acostumada a fazer em seus sonhos. Mas pelo incrível que pareça, não era. Não sabia nem o porquê se estar tão contente, ainda se casaria com Lauren quando voltasse do fim de semana ao lado dela, mas por algum motivo estava feliz. Estava disposta a lutar por aquele que ela amava e não abriria mão dele tão facilmente, nem que para isso ela tivesse que competir com toda a riqueza e o glamour de Lauren Bennet. O mundo estava finalmente conspirando a seu favor, talvez a natureza quisesse se redimir de todas as maldades que a fizera. E ela faria questão de aproveitar a maré de sorte para colocar as coisas em seu devido lugar.
Capítulo 3
colocou a última peça de roupa na mala média que organizava. A maioria das roupas presentes ali haviam sido compradas por já que segundo a própria amiga aquelas roupas iriam “assustar” o garoto e aquele não era bem o objetivo dela naquela viagem. De certa forma a amiga tinha razão, sempre fora comportada demais para seu gosto, não sabia ser ousada ou atrevida quando necessário, e isso era tudo que ela precisava ser nessa viagem, não que ela estivesse dando ouvidos para metade dos conselhos da amiga, não iria se jogar de jeito algum para cima de seu chefe, se ele iria se casar era porque amava Lauren, algo impossível de se acreditar, mas não teria outro propósito para pedi-la em casamento a não ser amor, tinha que admitir por mais que doesse, e se fizesse o que amiga achava que seria o certo poderia estragar sua boa relação com para sempre, não sabia como agiria com o garoto se levasse um fora ou se fosse boba o suficiente para dizer tudo o que sentia. Já tivera sua oportunidade durante esses cinco anos e a deixou passar, não seria agora que tomaria o controle da situação. Aquela batalha estava praticamente perdida.
Viu a melhor amiga vir como um furacão quarto adentro eufórica enquanto gritava repetidamente “ele chegou!”, se a amiga soubesse o quanto aquela frase a deixava nervosa mediria as palavras ao pronuncia-la novamente. Então ele estava lá embaixo, esperando por ela. Não soube nem como teve forças para descer as escadas, mas conseguiu desce-las sem cair rolando e ficar com algum hematoma no corpo durante a viagem. Precisava estar perfeita!
Assim que abriu a grande porta de vidro do prédio deu de cara com a visão mais linda que já teve na vida, não usava o costumeiro terno ou as roupas sociais das quais estava cansada de vê-lo usando, ele usava uma roupa comum, talvez não tão comum porque tinha certeza de só aquelas peças de roupa que usava tinham custado mais do que toda o seu “banho de loja” que havia lhe dado. Ele se desencostou do carro quando a vi e abriu aquele sorriso encantador que fazia suspirar, querer tê-lo, ou melhor, ter mais vontade ainda de tê-lo.
- Sabia que você é muito enrolada? – riu baixinho indo de encontro à garota e pegando a mala de sua mão para pô-la no porta-malas.
- Desculpa, não sabia que você já tinha chegado. – sorriu ao o ver abrir a porta para ela, ele realmente era um cavalheiro que Lauren não merecia nem conhecer.
ligou o som e começou a tocar Another Brick In The Wall, outro gosto que tinham em comum: a paixão por Pink Floyd. sorriu, aquela viagem seria agradável até demais. Então, ele ligou o carro e seguiram rumo ao famoso rancho da família .
4 horas de uma incrível e agradável viagem, conversaram tanto durante o caminho que mal viram o tempo passar, pararam vez ou outra para comer algo em lugares que conhecia muito bem por viajar muito para Cotswoulds ou para abastecer o carro e quando menos esperaram já estavam no rancho. O lugar mais parecia ter saído de um filme de tão lindo que era. A grama era de um verde vívido, as grandes árvores, o lago logo à frente era praticamente cristalino e a enorme casa pintada em um amarelo quase branco com detalhes em marrom e grandes janelas de vidro destacava de longe. Aquilo era o Paraíso.
desceu do carro, maravilhada com o lugar, olhou por todos os cantos observando os animais e o sol que batia na grama verde e a deixava mais linda ainda. Não podia estar mais encantada.
- Vamos entrar? Faço alguma coisa rápida pra gente comer e te mostro o resto do rancho. – sorriu pegando a mala de e a esperando logo mais a frente para que ela o acompanhasse. Assim que a garota fez um pequeno gesto concordando os dois seguiram rumo ao enorme casarão.
entrou no quarto de hóspedes para descansar da longa viagem e não se espantou nem um pouco ao ver a estrutura luxuosa do enorme aposento, deitou-se na cama procurando coragem para tomar um banho antes de descer para tomar café com e conhecer o resto do rancho. Respirou fundo se dando por vencida, e logo se levantou para caçar alguma peça de roupa leve, já que a temperatura agradável dispensava o uso de calças e moletons. Tomou banho depressa, não queria perder nenhum segundo que tinha sozinha ao lado de , talvez muito provavelmente aquela situação não se repetisse e o que teria dessa viagem seriam apenas as lembranças daquele que amou antes de cometer o erro do matrimônio.
Desceu as escadas alheia a qualquer coisa que pudesse estar acontecendo ao seu redor, procurou pelo chefe pela sala, mas ao sentir um cheiro muito agradável vindo da cozinha constatou que estava por lá cozinhando algo para os dois comerem. Dito e feito. Chegou à cozinha em passos largos e quase se engasgou com o ar ao se deparar com tal cena. estava sem camisa enquanto mexia algo na frigideira e cantarolava alguma música em voz baixa, nem sequer havia notado que a garota estava ali. tentou sair dali antes que ele percebesse sua presença, mas ao virar as costas ouviu ele a chamar.
- Desculpa, achei que você ia demorar mais no banho. – disse visivelmente envergonhado. Envergonhado de que? De ter um corpo de dar inveja em qualquer homem e por fazer ter a imagem mais privilegiada dessa viagem?
- Não, tudo bem. Eu vou... Arrumar minhas coisas. Daqui a pouco eu desço. – Ela gaguejou como uma garotinha de 12 anos gagueja ao falar com o garoto que gosta. Talvez fosse uma garotinha de 12 anos presa no corpo de uma mulher de 20.
- Não, não precisa sair. Eu vou subir pra botar uma blusa, não precisa se preocupar. – riu ao vê-la sorrir sem graça. – Já desço. – subiu as escadas correndo e deixando de boca aberta tentando raciocinar o que havia vista há poucos minutos.
Passaram uma tarde agradável juntos, o sol batia na grama verde e a deixava mais vívida ainda, estava extremamente agradável, sem fazer calor, nem frio demais. Os animais passeavam pela cerca do rancho livremente e vez ou outra paravam para os observasse melhor. tinha optado por uma bermuda nada social e uma camiseta branca que deixava seu corpo mais chamativo ainda. não podia estar mais feliz, estavam ali sozinhos e ninguém poderia os atrapalhar. Poderia ficar ali para sempre ao lado dele, mesmo que ele nem sequer fizesse ideia do que ela sentia. Só precisava o ter por perto. Mas os compromissos da vida real os chamavam e sabia que dali a dois dias aquilo não passaria de uma das viagens mais incríveis que tivera. Não passaria de um sonho. E exatamente por isso, iria fazer com que aquela viagem jamais fosse apagada de sua mente. E nem da dele.
Capítulo 4
revirou-se na cama, não podia entender como uma pessoa com quem trabalhava durante anos poderia estar tirando seu sono por causa de apenas alguns dias. Durante o final de semana pôde perceber como a garota que passara o mesmo ao lado dele era totalmente diferente da mulher com quem estava condenado á passar o resto de sua vida, era graciosa, risonha, naturalmente linda e tinha o sorriso mais belo que já vira, jamais cansaria de fazer piadas bobas só para ver a garota sorrir para ele. Lauren era o oposto dela. Não era natural, já perdera as contas de quantas intervenções cirúrgicas sua futura esposa já passara, sempre em busca da perfeição que jamais teria, Lauren não costumava sorrir nem mesmo por simpatia e não se lembrava de ter visto-a ser tão simpática com os demais como era nem sequer uma única vez. Não se perdoava por não ter reparado na garota antes de cometer o erro de pedir Lauren em casamento por pressão da mãe, não que nunca tivesse reparado no quão bonita ela era e o quão ridiculamente fofo ele achava seu modo desastrado de ser, mas nunca havia reparado de uma forma diferente nela. Como estava fazendo agora.
Percebeu que o sono não viria tão cedo, aliás, do modo que se encontrava não sabia nem se ele daria o ar da graça aquela noite. Desceu as escadas em busca de água para tentar raciocinar um pouco, abriu a geladeira e tomou o máximo que podia. Ia subindo as escadas quando percebeu algo que lhe chamou atenção, a luz da pequena biblioteca que tinha em casa estava ligada, aquilo indicava que a garota que andava lhe tirando o sono ultimamente também estava enfrentando os mesmos problemas de insônia que ele. Andou calmamente tentando fazer o menos barulho possível e abriu a porta da biblioteca calmamente. O que viu a seguir o fez abrir um leve sorriso, maravilhado com a cena. estava deitada usando os óculos de leitura que a deixavam mais linda ainda, sobre seu peito repousava um livro que jamais entenderia, ‘O Código Da Vinci’, sempre achou o livro complexo demais para sua capacidade de raciocínio, mas ela com certeza tinha uma capacidade muito mais elevada que a dele, observou a garota lendo tranquilamente o livro sem nem sequer se dar conta da sua presença ali. Não podia estar mais maravilhado. Só percebeu que estava tempo demais a observando quando viu a garota se revirar toda desengonçada para encará-lo, recuperou a postura e tentou agir normalmente. Mas a quem ele queria enganar? Aquela garota estava conseguindo fazer com ele em alguns dias o que ninguém conseguiu fazer a vida inteira. sorriu notando a presença dele ali, e o ato se refletiu no rosto dele de uma forma exageradamente maior.
- Sem sono também? – sorriu para a garota que se ajeitava no sofá.
- Um pouquinho. Não sei o que está acontecendo comigo. – A garota riu desajeitada enquanto observava se aproximar.
- Acho que posso dizer o mesmo. – riu e encarou a garota por alguns segundos, não podia acreditar na ideia maluca que tinha bolado em sua cabeça. Pensou e repensou. Não tinha nada a perder. –Quer tomar um vinho? Quem sabe o sono venha.
- Por que não? – A garota sorriu simpática seguindo pela casa.
As risadas altas e despreocupadas indicavam o efeito do álcool, a terceira garrafa de vinho vazia e o relógio marcando 3hrs40 da manhã, algo que não os impedia de abrir uma quarta garrafa e desfrutar da sensação de liberdade e leveza que os consumia conforme a quarta garrafa ia se esvaziando. Sentados um de frente ao outro no enorme sofá bege da sala eles riam de bobagens e relembravam de histórias que viveram durante os anos em que estiveram juntos, algumas engraçadas, outras nem tanto. Porém, sempre seguidas por boas risadas dos dois indivíduos presentes naquele enorme rancho. O momento não poderia ser mais incrível, nunca tinham tido um contato tão próximo como estavam tendo naquele momento, e poder conversar e dar risada sem nenhum compromisso profissional era algo extremamente bom.
- E como estão os preparativos para o casamento? – perguntou desanimada, preferia não ter feito tal pergunta, mas não saber quando o casamento de sairia deixava-a aflita, não sabia como se preparar emocionalmente para quando tal dia acontecesse.
sorriu desanimado chamando a atenção da garota.
- Não sei te dizer... Não é como se eu estivesse ansioso pra isso. – Ele disse. Seu olhar transbordava um tipo de sentimento que não soubera decifrar, não sabia dizer se era tristeza, frustação ou até mesmo impotência. Talvez ele não pudesse fazer algo sobre aquilo. Ou talvez, fosse só mais uma ilusão de sua mente. E de ilusões feitas por sua cabeça ela estava cansada.
- Por quê? – Perguntou com a curiosidade estampada em seu rosto. Não conseguia esconder a surpresa de saber que o homem que Lauren tanto se gabava por ser seu noivo mal se animava ao falar do casamento tão falado por ela.
- Não vamos falar sobre isso agora... Essa noite eu só quero esquecer os problemas. – E bastou essa frase para que ela também esquecesse os seus.
riu de alguma coisa que dissera, não se lembrava muito bem do que a garota havia dito, mas se lembrava de vê-la rir e ser contagiado por sua risada. Levantou-se indo em direção ao som e colocando uma música calma para tocar, andou em direção á garota que observava a taça de vinho como se fosse a coisa mais interessante presente ali e estendeu a mão à ela convidando-a para dançar, ela o olhou confusa, mas logo sorriu ao ver o sorriso que tanto gostava presente no rosto de , e aceitou a dança. Ele segurou em sua cintura e guiou suas mãos até seu pescoço fazendo a garota entrelaçar as mãos em volta dele, encostou sua cabeça sobre a dela, devido à diferença de tamanho entre os dois e sorriu. Não tinha nada de extravagante naquele momento, porém era especial. Não sabia exatamente o porquê, mas sabia que era. Ele rodou a garota e ela sorriu para ele, antes de voltar a entrelaçar as mãos em volta do seu pescoço e aconchegar sua cabeça em seu peito. Ao fim da música, apenas sorriram e ficaram em silencio, não havia nada a ser dito.
O silêncio confortável se instalava no lugar, deixando a ocasião mais agradável ainda. O único som que se fazia presente eram as risadas altas e descontroladas de duas pessoas sentadas no enorme sofá, talvez fosse efeito do álcool, mas que mal tinha? Estavam sós, não havia necessidade de abaixarem a voz. Ela de repente ficara nervosa, o mesmo pensamento lhe passou pela cabeça inúmeras vezes. Estavam sozinhos. E isso somado ao efeito do álcool e ao sentimento que ela vinha guardando para si por anos não levaria a boa coisa.
Ele então passou a mão pela nuca da menina notando seu nervosismo, sorriu fraco aproximando-se, mais do que deveria, dela. Ela sorriu sem jeito quando notou que estava tão próximo que podia sentir sua respiração batendo em seu rosto, ele aproximou-se mais ainda dela e em questão de segundos suas bocas se uniram tornando-se uma só. De início ela ficara assustada com tal acontecimento, mas não demorou a se acostumar à sensação de estar entregue nos braços daquele que ela tanto amava, pediu passagem com a língua, o que não se negou a fazer, passou as mãos pelo tronco definido do homem que acariciava sua cintura arrancando gemidos baixos do mesmo. Ele caiu sobre o sofá levando-a junto, fazendo-a sentar sobre seu colo e abraçá-la para que ela não pudesse sair dali. Ambos sorriram, jamais imaginaram que algo do tipo aconteceria. Ele a deitou no sofá passando as mãos sobre o tronco da garota, primeiro a barriga, depois os braços e então acariciou seus seios sobre a blusa. Suas línguas brigavam numa batalha sobre controle, quando ele já estava totalmente fora de si desabotoou os botões da blusa dela e beijou cada canto descoberto ao som dos gemidos abafados da garota. Levantou levando-a junto, caminhou em direção ao quarto e a jogou na cama aproveitando para tirar sua blusa. Ficou por cima dela e a beijou suavemente apertando suas coxas, sorriu ao ver que ela mantinha seus olhos fechados e um sorrisinho leve no rosto enquanto ele passava as mãos por dentro do short dela o puxando pra baixo para que ele pudesse tirar aquela peça de roupa que o atrapalhava a continuar com suas carícias. Ela o beijou abrindo o zíper de calça de e a tirando com a ajuda dele. As mãos estavam indecisas entre arranha-lo ou aperta-lo e ele se encontrava indeciso entre as coxas e os seios. Deixou de lado as coxas e deu atenção aos seios, tirou o sutiã sem pressa e beijou com delicadeza o lugar que agora estava descoberto, os gemidos de eram música aos seus ouvidos. As outras duas peças de roupas não demoraram a serem jogadas longe junto com as outras. Não tinha porque se preocuparem, ou porque se arrependerem, eles queriam. Nada mais importava naquele momento a não serem as carícias que trocavam. observou antes de começar o ato mais intenso e incrível que faria em sua vida, queria guardar cada pedaço do corpo daquela garota sem se importar com nada mais.
- Eu sempre quis fazer isso. – Ele confessou, mais para si mesmo do que para a garota que se encontrava totalmente nua em seus braços.
Ela riu.
- Então, faça. – Ela o beijou.
Sentiu encostar suas testas e sorrir antes de começar a se movimentar de forma lenta e prazerosa. Gemeu sentindo-o se movimentar cada vez mais firme sobre ela, ela apertou seus dedos entre os cabelos de e apertou as pernas em volta da cintura dele enquanto ele prendia o ar e soltava conforme a necessidade de tentar respirar aparecia. Sentiu-o apertar os braços que estavam apoiados um em cada lado de sua cabeça e prender a respiração mais fortemente. Ele estava chegando ao seu máximo. Juntou forças que nem mesmo ela sabia que tinha e virou ficando por cima. Percebeu que ele gostara da atitude inesperada tomada por ela e sorriu, apoiou os braços sobre o peitoral definido do homem o sentindo apertar as mãos em sua cintura para ajuda-la a se movimentar, voltou a fazer movimentos firmes ouvindo-o gemer e apertar mais forte em sua cintura, ela gemeu quando ele tirou uma mão da cintura dela e levou até o seio apertando-o de forma carinhosa, ele levantou o tronco ficando sentando com ela em seu colo e beijou seu pescoço enquanto ela se movimentava cada vez mais rápido. Ele virou com ela, ficando por cima novamente, e se movimentou firmemente quando sentiu ela apertá-lo internamente. Ela também estava chegando ao seu máximo. Movimentou-se mais uma, duas, três vezes e então ela apertou as unhas em seu ombro e ele segurou firme em sua cintura, a sensação de êxtase tomando conta do corpo de ambos. A leveza e o cansaço não demoraram a vir, beijou-a delicadamente antes de sair de cima dela e puxa-la para um abraço, fez carinho em seus cabelos e então o sono veio. Ele nunca dormira tão bem na vida.
Capítulo 5
A igreja já se encontrava razoavelmente cheia, os convidados chegavam a cada minuto, com isso deixando seu coração mais apertado. De repente a ideia de se casar com Lauren já não lhe parecia tão atraente e muito menos certa. E tudo que lhe vinha à mente era a garota que naquele instante deveria estar em casa com pijama e um pote de sorvete na mão, ou lendo um daqueles livros que ele jamais entenderia. E então, uma força o sugava para a realidade e tudo o que via era o aglomerado de gente, os convidados para assistir de perto seu maior erro. Quem sabe se fosse outra pessoa totalmente diferente de Lauren, se fosse aquela garota desastrada, simples e cativante, aquele se tornaria seu maior acerto. Mas não. Aquela era Lauren, e Lauren não era seu acerto, era seu erro. E por mais que lhe parecesse errado, tudo o que conseguia pensar era no quanto aquele erro lhe parecia tão certo.
Flashback
O pequeno corpo de repousava sobre a cama, a mão sobre a barriga de e a cabeça descansava sobre seu peito, enquanto seus cabelos se espalhavam parte no peito de , parte sobre a cama. Analisou o rosto da garota que dormia tranquilamente e sorriu, ela era mais bonita do que qualquer ser que já tivera chance de conhecer, viu um pequeno sorriso se curvar nos lábios da garota, fazendo-o pensar que ela estivesse acordada, mas essa hipótese foi descartada quando a viu resmungar algo e se encolher em seus braços, certamente era o frio, já que a janela estava aberta e ela se encontrava sem nenhuma peça de roupa, apenas enrolada em um fino lençol. Apertou-a em seus braços e apoiou a cabeça sobre o topo da dela. E então, como uma faísca se acendendo, os pensamentos que tanto lhe incomodavam surgiram em sua mente lhe causando uma sensação ruim no corpo, o celular vibrava sobre o criado-mudo e o nome de Lauren piscava no visor incessantemente. Deixou tocar. Sentiu se mexer na cama e uma sensação boa lhe invadiu o corpo quando seus olhos encontraram os dela.
- Oi. - sorriu.
- Oi. - Ela respondeu se afastando e cobrindo qualquer parte do corpo que não fossem os braços. Ela estava visivelmente tímida. - Quer conversar agora? - não sabia se era o certo a se fazer, mas sabia que não podia adiar aquela conversa por muito tempo, sabia muito bem que não podiam simplesmente fingir que nada tinha acontecido.
- Conversamos sobre isso depois. - Não soube identificar se aquele tom era de timidez ou de indiferença, ou se tentava agir indiferente ao assunto.
- Tudo bem. - Sorriu não tão abertamente quanto quando a observava dormir e então, a viu virar para o lado. Não soube se ela dormia ou simplesmente virou-se para não ter que conversar. Sinceramente não sabia como alguém conseguia dormir tranquilamente numa situação daquelas, porque por mais que tentasse, ele não conseguia sequer pregar o olho por pequenos intervalos de tempo, quem dirá dormir como se não tivesse problema algum se passando em sua vida. Olhou para o lado e a falta de ter aquele pequeno corpo envolvido ao seu fez seu coração disparar, não gostava da sensação de estar longe dela. Isso era um sinal de alerta, mas preferia ignora-lo no momento. Tentou descansar novamente, dessa vez sem ela em seus braços para lhe acalmar. E mais uma vez, tentativa falha.
Flashback Off
Aquela dor estranha que sentiu no peito quando sem conversa alguma, lhe deu adeus e deu as costas deixando tudo para trás ainda estava ali, aquela dor horrível nem comparava a dor de se olhar no espelho e se ver pronto (aparentemente, pois emocionalmente nunca esteve) para dizer sim àquela mulher que sequer conseguia enxergar um futuro ao seu lado.
Uma voz o tirou de seu transe, seu pai tinha entrado no quarto onde se arrumava, com aquela cara compreensiva que somente ele conhecia. Sabia muito bem o que estava por vir, Bobby nunca fora de acordo com o matrimônio do filho, logo ajuda-lo a desistir de tal loucura não seria um problema.
- Você tem certeza que quer fazer isso? Depois que você voltou daquele final de semana com a no rancho você está totalmente estranho. Sua animação para seu casamento é tamanha que tenho a impressão de estar em um funeral. – De fato poderia ser considerado um funeral, afinal estava abrindo mão da própria felicidade por algo que ele nem sabia explicar o porquê. Estava de fato se matando. – Ela tem algo a ver com isso? – Na verdade Bobby sabia que sim, sabia desde o momento em que soube que havia se demitido logo após voltar do rancho.
- Sim. – Admitiu sem mais delongas. – Ela é a culpada de tudo!
- Então por que ainda insiste nessa loucura? – Nem ele mesmo sabia porque insistia naquela ideia absurda de se casar com Lauren.
- Eu não sei. – Seu pai fez menção de comentar algo, mas continuou antes de ouvir mais um argumento de seu pai e acabar cedendo. – Só sei que não posso largar tudo.
- Você acha que vale a pena desistir da sua felicidade para acordar todos os dias ao lado de alguém que não o faz e nem o fará feliz? Acima de tudo, ponha sua felicidade em primeiro lugar e depois pense nos outros.
Duas batidas na porta puderam ser ouvidas e logo após Renée, mãe de , apareceu.
- Está pronto, querido? Lauren está lindíssima! – Renée bateu palmas contente.
- Pense no que conversamos. – Bobby o abraçou e deu as costas deixando Renée confusa.
- Sobre o que conversaram? – Ela perguntou ajeitando o paletó do filho.
- Nada. – forçou um sorriso.
- Está pronto? Temos que ir. Sua noiva já está quase pronta. – Renée nem percebera o desânimo do filho, ou se percebera fingiu não notar.
Respirou fundo. Era agora.
- Vamos.
A marcha nupcial começou a tocar, logo os convidados levantaram-se para prestigiar a mulher com o vestido branco e bufante entrar a passos lentos na igreja, seu cabelo perfeitamente preso em um coque tinham uma tiara coberta de diamantes segurando seu véu. Linda, de fato. Porém extravagante. Um sorriso teatral moldavam seus lábios. Ao contrário dele. Deveria estar feliz por aquele momento, porém tudo o que sentia era um vazio ao olhá-la e uma tristeza em seu peito. Não era ela, jamais seria.
Lauren foi entregue pelo pai a depois de beijá-la no topo da cabeça. E então, a cerimônia teve início.
- , você aceita Lauren Bennet como sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeita-la na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte os separe?
(...)
A porta foi aberta e odiou ter visto tal cena. A amiga estava acabada. Sabia que aquele dia seria difícil, imaginava o quanto aquilo seria ainda mais doloroso para a amiga depois do que aconteceu e era horrível não poder fazer nada. Pensava em mil maneiras de fazer a amiga sair daquela, mas era quase impossível. Podia se imaginar no lugar de e tudo o que podia pensar era no quanto a amiga havia aguentado calada todo esse tempo.
- Quer sorvete? – A amiga balançou a cabeça negativamente. – Quer ver filme do Chad Michael Murray? - Não novamente. – Quer chocolate? Se você me negar chocolate eu vou ser obrigada a te tirar da cama e te levar num chocologista. - arrancou uma risada da amiga e como ficou feliz por aquilo.
- Chocologista? – perguntou confusa.
- Médico que cuida de pessoas que não gostam ou negam chocolate. – Caiu na risada com a amiga. – Como você está?
- Bem.
- Não mente pra mim.
- O que eu posso fazer? Nesse momento ele é um homem casado e eu espero que ele seja muito feliz. Ele é uma boa pessoa, que escolheu a pessoa errada. – Uma lágrima se formara no olho de .
- Ela é uma vaca. – disse para si mesma. Como podia uma mulher artificial, falsa, mesquinha e arrogante ganhar de alguém como ? Queria matar aquele protótipo de Barbie siliconada e cheia de plásticas só pra ela nunca mais se meter no caminho da melhor amiga.
- Não fala assim. Ela deve ser boa pra ele, deve ter alguma qualidade pra ele se casar com ela. – sorriu tristemente enquanto abraçava a amiga.
- Ele não sabe o que está perdendo. – fez cafuné na amiga.
- Você falando assim me deixa pior. – sorriu triste.
- Desculpa. Que tal a gente dar uma volta pra tomar um ar? – levantou.
- Acho ótimo. Estou precisando disso. – suspirou.
- Ok. Vou tomar banho. – saiu.
E de novo estava sozinha. Gostava de ficar sozinha quando estava triste, mas naquele momento tudo o que menos queria era ficar sozinha e lembrar que ele estava se casando naquele momento e nada podia fazer a respeito. Não sairia como louca para impedir que ele se casasse, como nos filmes em que tudo acaba bem no fim. Só esperava que Lauren o fizesse feliz, como ele merecia.
A campainha tocou.
- , atende pra mim. Deve ser o síndico do prédio pra explicar a mudança dos regulamentos. – gritou do banheiro.
Levantou sem ânimo algum. Olhou-se no espelho e ficou espantada com o que viu: Sua cara estava amassada, seus cabelos embaraçados e seus olhos inchados e com olheiras. Deplorável. A campainha tocou mais uma vez, arrumou seus cabelos e tentou parecer o menos depressiva que pudesse parecer com aquela feição, mas não fazia milagres.
Caminhou até a porta e abriu sem a menor animação, olhou para frente pronta para dispensar o mais rápido possível o síndico que tanto insistia em querer adaptar as normas do prédio, mas seu queixo caiu em forma de espanto quando viu quem tocava tanto a campainha.
- Oi.
Não houve tempo de questionar ou expressar alguma reação, sentiu as mãos dele em sua cintura e suas bocas se encontraram, suas mãos escorregaram por seu cabelo num misto de alegria e confusão. Não sabia o que ele estava fazendo ali, mas não queria saber no momento. Ele estava ali com ela e aquilo era o que mais importava. Sorriram durante o beijo, aquilo não podia ser um sonho, era real e ao mesmo tempo surreal demais. Como era possível seu dia mudar de cor tão rapidamente? O destino finalmente estava querendo se redimir de todas as tramoias que lhe aprontou? Cessaram o beijo e olharam-se, ambos sem falar, não sabiam o que dizer. Ele não havia ensaiado isso quando fugiu da igreja apenas dizendo “desculpe, eu não posso” deixando para trás Lauren boquiaberta e seu pai com um sorriso orgulhoso no canto da boca enquanto Lauren jogava o buquê em sua direção, longe demais para alcança-lo, e xingando-o de todos os nomes possíveis. não sabia como agir, imaginava que aquele seria um dia realmente difícil, daqueles que você reza para que cheguem logo ao fim, e pelo incrível que pareça naquele momento não queria que acabasse nunca, poderia simplesmente congelar aquele momento para que ele nunca chegasse ao fim.
- Oi. Respondeu sem jeito. O sorriso, claro, estampado em seu rosto. – O que aconteceu? – Precisava perguntar.
- Bem, eu estava me casando. Estava me casando com a mulher que eu amo. – fez menção de abrir a boca para falar algo, mas colocou o dedo indicador em seus lábios em forma de pedir silencio. – Só que tinha um problema... A mulher que eu amo não estava lá. – Encostou seus lábios de leve nos lábios de e sorriu ao pronunciar a seguinte frase. – Então tive que vir buscá-la.
- Bem, como pode ver... Eu não estava esperando por isso. – apontou para seu estado desleixado e riu de leve. Podia ser loucura o que pensou, mas aquela garota de cabelos desgrenhados, cara amassada e pijama de ursinho barrava qualquer superprodução de tiaras de diamante, maquiagem impecável e um cabelo perfeitamente preso. – O que vai ser agora?
- Se depender de mim, daqui pra frente vai ser só eu e você e mais ninguém. – roçou seu nariz no pescoço de . – Eu quero que você saiba que tudo depende de você agora. Eu já estou mais do que convicto do que eu quero, e é com você que eu quero ficar.
- Eu te amo. – Falou sem nem ao menos pensar no que estava falando. Só sabia que queria expor de vez aquele sentimento que tanto guardou, não se importava com respostas e nem o que ele pensaria, só queria tirar aquele peso de carregar essas três palavras por tanto tempo consigo de suas costas.
a olhou de início confuso, mas logo após sorriu. Gesto que refletiu no rosto dela. Respirou fundo e então proferiu as palavras mais sinceras que já dissera.
- Eu também te amo.
Se ele a amava? É claro que amava, amava desde o primeiro dia em que a viu, amava desde a primeira conversa, desde o primeiro olhar. Não sabia explicar como aquilo aconteceu e nem o porquê, só sabia que a amava e que agora que a tinha, faria de tudo para não deixa-la escapar. sorriu ao sentir os lábios de nos seus dando início a um novo beijo. E agora que os dois estavam finalmente com a pessoa certa seria assim dali pra frente. Só ele e ela. Nada de obstáculos entre eles, nada de interrupções. Somente o amor dos dois, porque amar é isso, entregar-se de corpo e alma sem pensar em mais nada.
Epílogo
Não sabia como seu coração já não havia saltado pra fora, o nervosismo já começava a se tornar evidente. Ela estava demorando demais. Ou seria sua ansiedade que fazia parecer como se o tempo não passasse? Para ele parecia uma eternidade estar ali esperando, cada minuto que passava um pensamento absurdo aparecia em sua mente “será que ela havia desistido?”, “será que aconteceu alguma coisa?”, “e se ela se deu conta de que não me ama?”. Eram perguntas absurdas e inadequadas demais para o acontecimento. Por que noivas tinham que ser tão demoradas? Não achava nada elegante morrer de ansiedade ao espera dela. Seus olhos vagaram pela igreja lotada de convidados e pararam em uma cena que lhe chamou atenção. O irmãozinho caçula de , Nick, que devia ter no máximo sete anos, pirraçava a irmã, Taylor, um pouco mais velha que ele, enquanto a mãe de , Salma, corria pela igreja atrás dos filhos e os irmãos mais velhos riam da situação. Imaginou aquela cena acontecendo alguns anos mais tarde com e os três filhos que planejava ter com ela, seria uma boa mãe, sabia disso. A ideia de ter três filhos surgiu quando viajaram para casa dos pais dela, no Texas, e a viu cuidar dos irmãos mais novos, lembrava-se de ficar encantado com a cena de vê-la colocando Nick para dormir e prometeu a si mesmo que teria três filhos com ela para ver tal cena se repetindo inúmeras vezes. Não tinha conversado sobre a ideia com ela, mas sabia que como ela era acostumada com família grande não negaria, claro que não precisavam ter sete filhos, como Salma e Robert, pai de , mas queria uma família grande ao lado daquela que queria estar pelo resto de sua vida. Seus pensamentos foram interrompidos pela marcha nupcial que começou a tocar o despertando de seus devaneios, no momento em que viu a culpada de tais pensamentos jurou sentir seu coração parar. Ela estava perfeita. Seu pai a guiava até o altar a passos lentos e como aqueles pequenos passos estavam demorando. Observou a mulher que dali a algumas horas chamaria de esposa e se sentiu o homem mais sortudo do mundo. Seus cabelos soltos sem nem um fio fora do lugar tinham um véu preso por uma tiara que prendia sua franja para trás, a maquiagem leve e ao mesmo tempo tão impecável dava um ar mais delicado a seu rosto enquanto o vestido branco com algumas pedrarias no tronco moldava perfeitamente seu corpo. Linda. Não podia negar o quão maravilhado estava com a cena. O momento em que tanto ansiava havia finalmente chegado, Robert entregou a depois de cumprimentar o futuro genro. Trocaram um olhar rápido de cumplicidade e sorriram. Logo a cerimônia teve seu início.
- , você aceita Buckingham como sua legítima esposa, prometendo ama-la e respeita-la na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte os separe? – Aquela cena já havia se repetido há alguns anos atrás, mas ali ele tinha certeza de sua resposta. Tinha convicção dela antes mesmo de pedir em casamento quando viajaram para Paris. Amava-a, tinha certeza disso.
- Aceito. – Sorriu enquanto ouviu o padre proferir as palavras que os oficializavam de vez como marido e mulher, como Sr. e Sra. . E então a beijou como se sua vida dependesse daquilo.
5 ANOS DEPOIS
Jurou nunca mais passar pela aquela bendita sensação de ter o coração prestes a sair pela boca, mas cá estava ele sentado na sala de espera do hospital ao lado de e seu marido, Mark, seus pais haviam acabado de chegar e logo não demoraria para a extensa família de chegar, com exceção de Salma que havia ficado em casa com os netos. Sentia que seu coração iria saltar pela boca a qualquer instante, já deveria ter se acostumado com a situação, pois depois do casamento Noah não demorou a vir, um ano após o matrimônio descobriu que estava grávida do primogênito, ainda lembrava-se de toda a preocupação desnecessária de pai de primeira viagem durante a gravidez da esposa, lembrava-se da sensação de frio na barriga durante o parto e todas aquelas coisas bobas. Dois anos depois de Noah, Sophia nasceu, lembrava-se da mesma sensação que sentira durante a gravidez de Noah, era natural sentir isso já que Noah havia sido seu primeiro filho e Soph sua primeira garotinha, mas Megan, a que estava a caminho, tinha um quê a mais de ansiedade, era sua terceira filha e como havia jurado a si mesmo, teria três filhos com . Megan era sua última, a caçulinha. Como estava ansioso para pega-la no colo, para enchê-la de beijos como fizera com Noah e Soph quando nasceram. Não aguentaria esperar mais nem um minuto por notícias da esposa e da filha. Foi então que o médico apareceu com um sorriso largo no rosto avisando que sua caçula havia, enfim, vindo ao mundo. Como queria ver a esposa naquele momento, beija-la, abraça-la tamanha era sua felicidade.
- NASCEU! – Gritou de felicidade enquanto recebia um abraço de o parabenizando e os cumprimentos dos familiares.
(***)
segurava Sophie na piscina para jogar a bola para o campo adversário, e Noah formavam o time dos meninos e e Sophie o das meninas, enquanto Megan no auge de seus cinco meses observava o jogo de sua cadeirinha na piscina, pegou a bola e a passou para Noah que jogou para longe marcando ponto para os meninos. Logo Soph começou a brigar com o irmão por ter passado a bola pra tão longe, e até mesmo com o pai, pois insistia que ele estava ajudando o irmão a roubar, com o barulho da discussão Megan se assustou e começou a chorar. saiu da piscina com a caçula nos braços e dando bronca nos filhos por estarem brigando e em por não fazer nada. O marido, claro, só ria. saiu da piscina falando mais firme com os filhos para irem tomar banho e se aprontarem para o almoço. Não demorou muito e logo Sophie e Noah estavam prontos. A mesa foi servida por , enquanto ajeitava Megan na cadeirinha de frente à mesa para os acompanharem no almoço. observou a esposa durante o almoço e a mesma lhe lançou um olhar confortante enquanto voltava a dar papinha para Megan.
A noite não demorou a cair, logo Noah, Sophie e Megan estavam na cama e o casal estava finalmente a sós. sempre dava muito valor a esses momentos, pois depois que a caçula nasceu ficava cada vez mais difícil ter um momento sozinho com a esposa, pois sempre tinham que cuidar de algo na casa, ou dos filhos e quando não tinham nada pra fazer, estavam tão cansados que tudo o que queriam fazer era cair na cama e dormir. Mas aquele momento era diferente, não queria dormir e muito menos deixaria esposa dormir. Sentia saudade do começo do casamento, quando tinha só pra ele, mas não podia reclamar de dividi-la com os filhos. Pois eram sua maior felicidade. Abraçou a esposa que estava de costas e roçou a ponta do nariz do pescoço dela, sentiu se arrepiar e sorriu.
- Eu estou com saudades. – Falou perto do ouvido da esposa.
- Eu também. Eu ando tão ocupada ultimamente. – virou-se para o marido.
- Eu sei. Que tal a gente relaxar um pouquinho? Eu vou adorar te ajudar. – falou com um sorriso malicioso no rosto enquanto a esposa cedia a seus carinhos.
-Eu vou adorar. – Falou perto do ouvido do marido. – Posso saber como? – riu.
- Eu sabia que aquela hidromassagem ia me servir pra alguma coisa um dia. – pegou a esposa no colo e subiu as escadas pé a pé enquanto a beijava.
Em momento algum de sua vida imaginou que pudesse ser tão feliz ao lado de alguém, jamais imaginou que pudesse depender tanto de uma pessoa pra ser feliz e ali estava o destino lhe provando tudo aquilo que ele julgava não existir. Aquele amor incontrolável, irrevogável e incondicional que sentia arder no peito. Aquela força que lhe prendia naquele mundo só dele e dela. Destino esse que havia enfim, se redimido com e que agora não lhe pregava mais peça alguma.
Fim.
Nota da autora: Olá, Ranchers! Ranch chegou enfim (ou não) ao fim :’) É uma fic curtinha, mas que eu amo muito. Quem sabe um dia eu faça uma long dela... Bom, eu gostaria de agradecer ao meu xodó Thais Nunes, porque sem ela me cobrando att eu não tinha criado vergonha na cara e terminado Ranch e a minha amiga maravilhosa Stefani Lampert por ter me emprestado o carregador do notebook dela pra eu mandar as atts pra minha beta, aliás quero agradecer a ela também por ter betado Ranch e a vocês por terem acompanhado a história. Em breve começarei Étoile, que é uma long que já meu amorzinho. Então é isso, pessoal. Beijocas e paçocas. Vejo vocês na próxima fic. Beijos da Mannds <3
Nota da beta (NÃO sou a autora!): Comente! Não demora e deixa a autora feliz e inspirada. Qualquer erro, me avise no betagemdaluh@gmail.com ou em um dos meus contatos no meu tumblr de betagem!