Rain On Me
Escrito por Brubs Mota | Revisado por Mah
Encarei meu reflexo no espelho e mal pude acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Comecei a rir. Talvez por ser um bobo apaixonado, talvez por estar extremamente ansioso. Digo, esse é o dia mais importante da minha vida. Não posso estragar nada. Nem ao menos pensar na possibilidade de algo dar errado.
Resolvi então mudar o meu olhar. Por mais que eu achasse divertido me ver assim, tão formalmente vestido, isso só fazia com que minhas mãos suassem e minhas pernas ficassem bambas. Olhei em direção à cômoda e sorri ao encontrar um mini quadro negro com nuvens e gotas de chuva perfeitamente desenhadas, caindo sobre letras dançantes que juntas diziam ?Medo de água, Mr Sheeran??.
Senti meu sorriso se alargar, sendo levado pela mente até o dia em que a conheci.
~ Flashback
Resolvi seguir o exemplo de Harry e comprei uma casa. O apartamento estava pequeno demais pra mim e os vizinhos reclamavam das minhas pequenas celebrações.
Já na frente do meu novo lar, sorri enquanto apreciava a vizinhança. Era, sem dúvidas, um condomínio simpático e pacato. Recebi do Styles a garantia de que não teria problemas com relação à festas, já que os vizinhos não era muito de reclamar - nem mesmo de se importar. Agora você sabe o real motivo pra eu ter me mudado para algumas quadras além da casa dele e da .
Sentindo meu estômago se manifestar, resolvi visitar os pombinhos, já que ainda não tinha feito as compras e por eu ser um fã assíduo da culinária da mais nova senhora Styles.
Andei umas quadras e já me vi na rua de sua casa. Durante o percurso, percebi que havia mais jardins bem cuidados do que realmente pessoas. Isso era assustador. E fascinante.
Eu estava realmente satisfeito por ter escolhido esse lugar pra morar.
E, como se quisesse testar meu bom humor, o céu despejou suas lágrimas no mais surpreendente "de repente" que eu já presenciei.
- Ai, droga. - murmurei ao perceber que ainda estava no início da rua, sendo que a casa dos Styles fica no fim da mesma.
Xinguei mais um pouco e me abriguei na varanda da casa mais próxima, torcendo pra que seu proprietário tivesse compaixão da minha pobre alma molhada. Mas, ainda mais surpreendente que a tal chuva repentina, uma garota dançava e fazia questão de pular nas poças de água acumulada. Por mais que uma - grande - parte de mim achasse fascinante uma pessoa ?adulta? se comportando como uma ?criança?, algo me mandava tirá-la da chuva e livrá-la de, sei lá, um resfriado, talvez?
- Hey! - chamei-a da extremidade da varanda e ela estreitou os olhos em minha direção.
- Olá. - acenou sorrindo.
- O que está fazendo aí?
- O que parece, uai?! - riu. - Dançando na chuva. - rodopiou com os braços abertos e mais uma vez parou de frente para mim.
- Vem pra cá! Isso faz mal! - ela riu. - Vamos! Saia da chuva!
- Qual o seu nome?
- Ed Sheeran.
- Então, Mr Sheeran. Já pensou que estar aí embaixo, - apontou para a cobertura da varanda. - pode ser o que ?faz mal?? - Fez aspas no ar e eu apenas arqueei a sobrancelha.
- Como é?
- Isso mesmo.
- Não querendo contrariar seus argumentos, mas é você quem está tomando chuva.
- E você não. Por que não? - cruzou os braços, franzindo o cenho e eu não consegui segurar uma risada.
- Você tem problemas. - apontei ainda rindo.
- Você não tem?
- Olha aqui... - gesticulei de forma que ela entendesse que eu ainda não sabia seu nome.
- .
- Olha aqui ... - repeti. - Eu tô tentando evitar que você fique doente.
- E eu tô tentando evitar que você perca a oportunidade de tomar banho de chuva num dia tão lindo quanto esse! - levantou as mãos.
- Ah, não. Eu não vou aí.
- Medo de água, Mr Sheeran? - arqueou uma sobrancelha, claramente me desafiando. Senti-me ofendido.
Como uma garota que eu mal conheço conseguiu me intrigar tanto? Ri com isso e percebi que ela ainda se mantinha numa postura desafiadora.
Céus, por que eu nem cogito a ideia de negar isso à ela?
- Tudo bem. - tirei meu casaco, colocando-o no chão da varanda. - O que é? Vou precisar de algo pra me secar depois. Principalmente porque me mata se eu chegar na casa dela pingando. E se isso prejudicar minha voz, eu te processo! - apontei e ela riu.
- Tudo bem. Corro esse risco.
Ainda um pouco a contragosto, me juntei à ela na tal ?dança na chuva? e, admito, aquilo era muito bom. Eu me sentia livre brincando, dançando e rodopiando debaixo daquele aguaceiro todo junto àquela louca, a qual eu queria conhecer mais.
~ End Flashback
Naquele mesmo dia, quando cheguei na casa de Harry, lembro de ter perguntado quem era a garota que atribuí o apelido ?doida da chuva?. Não lembro direito se minha surpresa maior foi por descobrir que ela era amiga da ou por descobrir que a mesma morava atrás da minha casa.
Ficamos amigos quase que imediatamente, mas sempre mantínhamos a descrição fora dos portões do condomínio. Apesar de ser filha de um dos jogadores de futebol mais famosos da Grã-Bretanha, nunca fora simpática com a fama.
Descobri com o tempo que, quando exposta a um considerável número de pessoas, ela se torna a pessoa mais tímida do mundo. A não ser que sejam crianças. Ou adolescentes mal encarados. Ou caras desabrigados sob varandas desconhecidas durante uma chuva.
Ri disso e segurei minha imensa vontade de chorar. Se Harry estivesse aqui, diria> "You?re such a girl!" com certeza. Na tentativa de amenizar o nervosismo, peguei uma coca no frigobar. me mataria se eu bebesse antes da cerimônia.
Encontrei uma garrafa de vidro decorada e sorri mais uma vez, lembrando do dia em que vi aquela garrafa pela primeira vez.
~ Flashback
Mudei a posição do arranjo de flores de plástico que enfeitava a mesa de centro pela milionésima vez e ainda não me parecia bom o suficiente. Eu enfrento esse dilema toda vez que vem me visitar e incrivelmente ainda não estou acostumado a isso. Por mais que as coisas sejam mudadas de lugar, nada me parece bom o suficiente. Essa paranoia começou quando ela comentou que gostava de manter a casa sempre arrumada.
Olhei para o relógio e constatei que a garota chegaria a qualquer hora. Concluí que deveria arrumar meu cabelo da forma que ela dizia gostar. O propósito da noite seria ajudá-la a escolher os melhores trabalhos da turma. Disse-me que viria direto do reformatório onde leciona artes e então escolheríamos os melhores trabalhos dos seus alunos para colocar na exposição que ela estava organizando. Seria isso, se eu não estivesse pensando em como revelar que estou apaixonado por ela. Sim, estou apaixonado por . Não me pergunte desde quando, até porque não saberia responder. Só aceite da mesma forma que eu fiz, ok? E não vejo a hora de contar isso.
Ouvi a campainha e senti meu coração acelerar. Respirei fundo na tentativa de me acalmar e sorri como um bobo assim que me dei conta de que estava do outro lado da porta.
- Hey! - sua expressão fez meu sorriso murchar. Seus olhos estavam inchados e seu rosto, tomado por lágrimas. Não tive outra reação a não ser abraçá-la.
Ouvi-a soluçar num choro compulsivo, fazendo meu coração se dilacerar. Eu não tinha ideia do que fazer para tirá-la desse estado. Sentei com no sofá, ainda abraçado a mesma, tentando de todas as formas esconder meu desespero quanto aquela situação. Ajeitei-me no móvel de forma que ela ficasse um tanto quanto deitada sobre mim. Queria poder descrever quão maravilhosa é a sensação de tê-la assim tão próxima de mim, mas ver assim me impedia de pensar em algo além do que eu podia fazer para animá-la.
E, como num HQ, lembrei que uma vez ela tinha revelado que minha voz a acalmava. Não precisei de um mínimo esforço sequer para lembrar qual era a música perfeita para a ocasião:
- Take this bird in with these broken legs... - sussurrei em seu ouvido e senti se aninhar ainda mais contra meu peito. - We could nurse it, she said... - o choro ia se tornando uma mera lembrança a medida que a música se seguia e isso me deixava mais que feliz.
Quando comecei a cantar o refrão, levantou o olhar, fitando-me nos olhos e a distância entre nós dois parecia diminuir. Minha voz se perdeu em algum lugar naquele beijo e isso pouco importava. Sentir o gosto agridoce dos lábios dela nos meus impedia-me de raciocinar direito.
O que havia começado de forma suave e delicada estava começando a tomar um rumo um pouco mais urgente. Sentir tão necessitada daquele beijo quanto eu me trazia uma sensação ótima.
Mas então ela se afastou mínima e abruptamente, com um certo desespero em seu semblante. Um medo absurdo crescia dentro de mim.
- Ai meu Deus! - levou as mãos à boca, franzindo o cenho. - Céus! Ed, eu deixei a sua camisa encharcada! - levantei minha sobrancelha, o que Harry descreveria como ?minha melhor cara de WTF?? e não consegui controlar uma risada. - Pare de rir, Ed! É sério!
- , pelo amor de Deus! É só uma camisa! Calma!
- Deixei sua camisa encharcada, não me pede calma! - me estapeou e eu, rindo, tomei ela em meus braços e deitei-a novamente sobre mim.
- E se eu disser que não ligo? - sussurrei; nossos rostos estavam extremamente próximos.
- Eu diria que estou grata. - sussurrou de volta.
- O que aconteceu, ? - suspirou e sentou no sofá, me puxando para sentar ao seu lado. - Hey, sabe que pode confiar em mim, não sabe? - entrelacei nossas mãos e ela sorriu fraco.
- Sei né, bobo?! Acontece que não sei se vai querer ouvir. - olhei de forma reprovadora e ela riu.
- Oh, drama Queen! - levantei as mãos e ela riu mais ainda. Riso que perdeu intensidade quase que imediatamente, assim que decidiu contar o ocorrido.
- Corey foi mandado para a solitária. - falou num fio de voz.
Corey era seu aluno favorito - mais talentoso ela diria, já que diz que não existe favoritismo -, que completou 17 anos há algumas semanas e é considerado pela coordenação o pior interno da instituição por ter um temperamento não muito sereno. Ele melhorou muito de tempos pra cá, principalmente porque passou a ajudá-l. A família só estabelecoa contato com o garoto nos feriados. O reformatório usa de métodos militares para punir seus internos, como por exemplo, a solitária, onde, como o nome já diz, eles ficam confinados por mais ou menos três dias.
- O que ele fez?
- Ele foi pego no jardim após o toque de recolher. O inspetor alegou que ele estava fumando e então mandou o pobre garoto pra solitária. - ela puxou sua bolsa para procurar por algo dentro. - Mas ele mentiu, Ed. Mentiu! Corey não fuma há 7 meses! Ele parou!
- O que ele estava fazendo, então?
- Isso. - entregou-me uma folha um tanto amassada com o desenho absolutamente perfeito de uma construção antiga, que também me parecia histórica, ao pôr-do-sol, cortado por algumas gotas de chuva.
- Uau. - foi tudo o que eu consegui dizer.
- É Creta. - levantei meu olhar e encontrei uma garrafa de vidro com o mesmo desenho incrustado em toda a sua circunferência, colorido por algumas miçangas minúsculas e brilhantes. - É a última lembrança que tenho do meu avô. Corey fez isso para homenageá-lo. - suspirou; seus olhos brilhavam a medida que falava. - Sabe? Meu avô costumava dizer que no dia em que chegasse à Creta, choveria. E foi exatamente isso que aconteceu. Essa foi a última viagem que fizemos, a última viagem que ele fez.
- É esse o trabalho vencedor. - ela riu.
- Não vai querer ver os outros?
- Duvido que eles mexam tanto com você da forma que este faz. Afinal, arte deve emocionar! Não foi isso o que me disse? - perguntei e ela sorriu angelicalmente.
- Obrigada, Ed. Por tudo.
- Mas eu não fiz nada!
- Não precisa. - se levantou; ainda tinha um sorriso nos lábios. - Boa noite, Mr Sheeran.
- O quê? - a segui até a porta. - , não... Por que não dorme aqui?
- Não quero incomodar.
- Eu insisto. - busquei por seus olhos e os encontrei: estavam um pouco confusos, um pouco risonhos. - Dorme aqui?
- Você precisa parar de me pedir coisas. Tá ficando meio impossível te dizer não! - levantou as mãos em rendição e eu sorri.
~ End Flashback
Por mais contraditório que possa parecer, aquele beijo não voltou a acontecer naquele dia - nem naquela semana, mês e até trimestre. Muito menos foi citado em uma de nossas conversas. Lembro como fiquei desesperado quando isso aconteceu. Pensei que ela estava me odiando por causa do beijo.
- E aí, tigrão? - Harry entrou no quarto com um sorriso imenso e macabro. Sentou-se ao meu lado na cama. - Acabei de vê-la. - disse após um pigarro e meu coração disparou, causando-me um suspiro imediato.
- Não a vejo desde ontem e você já chega me fazendo inveja. Que grande amigo você é! - ele riu. - Como ela tá?
- Linda. Perfeita. Você é um cara de sorte por estar casando com a . - deu um leve soco em meu ombro e eu senti minhas bochechas corarem. Mas nada que não aconteça na presença do meu melhor amigo.
- Sou mesmo. - sorri.
- Agora você admite, né? - riu e eu tentei não ruborizar novamente. - ?Mas isso é tão possível quanto uma chuva de morangos!? - tentou falhamente imitar minha voz e não pude evitar um sorriso.
~ Flashback
Cheguei em casa esgotado. Esse é o preço que se paga por viver seu sonho. A produção do novo CD estava a todo vapor, não que eu esteja reclamando, mas meu tempo livre agora é totalmente dedicado à .
Bom, pelo menos era até a última sexta feira quando ela parou de atender os meus telefonemas. Se estivesse ocupada, eu saberia. Principalmente porque sua única ocupação no fim de semana é tomar sorvete enquanto assiste Charles Chaplin.
Por isso, decidi que esperar até hoje - segunda-feira - seria a melhor opção, já que parece funcionar melhor após um dia de trabalho.
- Olá você! Eu não tô em casa no momento, então deixe uma mensagem bem legal pra eu ter motivos pra te retornar, ok? Beijos!?
- Hey, ! O que houve? Tá tudo bem? Você não me atende mais, não aparece aqui em casa... Tô preocupado. Me liga. Até mais. - desliguei após deixar o zilhonésimo recado em sua caixa postal.
Já de banho tomado, me aconcheguei no sofá com um pote de pipoca em mãos para assistir Family Guy enquanto esperava retornar minha ligação. E ainda estaria fazendo isso tranquilamente se minha porta não estivesse sendo espancada por algum bruto que não tem mais o que fazer numa segunda-feira a noite.
- Pois... - não tive oportunidade de terminar minha frase, já que a gola da minha jaqueta fora puxada brutalmente por uma garoto de 17 anos que tinha seu punho na altura dos meus olhos.
- O que você fez pra ela?
- Peraí! - me afastei de Corey da forma que pude, ou seja... no desespero. - Do que você está falando?
- não disse uma única palavra além do necessário e, por mais que negue, sei que ela passou o almoço inteiro chorando. Então me responde: o que você fez pra ela?
Senti uma pontada no coração após ouvir isso, mas também um certo alívio. Afinal, eu não era o único a perceber o comportamento estranho de .
- Também gostaria de saber, mas ela não atende minhas ligações desde sexta feira. Não me liga, não me visita, não dá notícias... Nada! - suspirei. Nada...
- Então... - começou num tom sereno.
- Peraí. Ela sabe que você tá aqui? - apontei, franzindo o cenho.
- E é você quem vai contar? - retrucou.
- Quer saber? Não me importo. Ela não dá a mínima pra mim mesmo. Não sei por que faço tanta questão! - levantei as mãos e Corey rolou os olhos.
- Será que você é tão burro assim a ponto de não perceber? - franzi o cenho.
- Perceber o quê?
- Que a tá caidinha por você! - falou como se fosse óbvio e eu não consegui conter uma gargalhada dolorosa.
- Corey, você andou bebendo? - ele me olhou sério, algo que eu entendi como "Isso não é brincadeira". - Isso é tão possível quanto uma chuva de morangos!
- Sheeran, apesar de você ser um idiota que faz péssimas comparações, ela gosta de você. Pra valer. Então é melhor que essa frescura toda não seja por sua causa, senão meus próximos atos podem ser considerados bem reprovadores. - declarou antes de sair, me deixando com a maior das interrogações no rosto e na mente.
Ainda confuso, fui para a casa dos Styles - como se eu pudesse ir a outro lugar!
Quer dizer... o que poderia ter acontecido? Se até mesmo na escola, o lugar onde se recusa a demonstrar tristeza, ela está assim a ponto de Corey perceber, deve ter sido algo extremamente sério. O mais interessante de tudo: o garoto meculpou por isso.
- Ele disse isso mesmo? - Harry perguntou no seu enorme sofá azul e eu assenti em concordância.
- E ele tem razão. - apareceu exibindo uma enorme barriga ocupada pelo meu pequeno afilhado - não importa o que digam, sei que vai ser um menino! - e recebeu ajuda do marido para sentar ao lado do mesmo. - Em tudo. - franzi o cenho automaticamente vendo Harry refletir minha expressão.
- Me desculpe...?
- Ela te ama, Sheeran. Achei que isso já fosse bem óbvio. - deu de ombros. Por mais feliz que fosse essa afirmação, algo ainda não respondido me incomodava bastante.
- Mas como ele pode ser a razão pra ela estar chateada? - Harry perguntou num momento "Sei ler o pensamento do meu melhor amigo" e eu o olhei, agradecendo-o.
- Acontece que... - arregalou os olhos e o silêncio reinou. Por alguns instantes, é claro, já que Harry não é muito fã de silêncio.
- Honey, tudo bem? - perguntou preocupado e eu senti meu coração palpitar. Aquela expressão no rosto dela não me parecia nada legal.
- ? - me aproximei, tão preocupado quanto Harry.
- Minha criança vai nascer. - ela sussurrou com um sorriso; então meus olhos se arregalaram.
O que aconteceu em seguida foi uma mistura de gritos histéricos de Harry, enquanto eu dirigia o mais rápido que eu podia rumo ao hospital e pedia calma. Logo que chegamos, foi encaminhada para uma sala de cirurgia por causa do procedimento escolhido - cesariana - e, por mais que o Styles implorasse, ela parecia decidida a não deixá-lo entrar. Até porque, de nós três, o único que estava gritando era ele. Por isso ficamos na sala de espera assistindo Fulham x Manchester City.
- NASCEEEEEEU! - foi esse o grito que me fez acordar rapidamente.
Olhei ara o relógio colocado estrategicamente na parede e constatei que já estávamos perto das 4 da manhã. Em seguida, contemplei Harry pulando e sorrindo demasiadamente com ao seu lado.
Espera aí...
- Até mais tarde, Hazza. Parabéns. - ela declarou assim que seu olhar cruzou com o meu e saiu da sala.
Olhei para o meu melhor amigo como se pedisse uma sugestão e ele rolou os olhos, me chamando carinhosamente de viado. Sem mais delongas, fui atrás de e consegui alcançá-la no estacionamento.
- , espera! - pedi enquanto segurava seu braço, um tanto ofegante por causa da corrida. - Preciso falar com você!
- Não tenho nada pra falar com você, Sheeran! Me solta! - retrucou, ríspida, puxando de volta seu braço.
- Uau! Não era minha intenção desrespeitar vossa alteza. - fiz careta e ela bufou. - O que aconteceu?
- Por que não pergunta à ? - cruzou os braços e eu franzi o cenho.
- Garota, do que você tá...?
E, como num gibi, uma luz se acendeu sobre minha cabeça. era uma ex-namorada minha que, por algum motivo ridículo e egocêntrico, me convidou pra almoçar na quinta feira. Como tinha prometido à mim mesmo manter o vínculo de amizade, fui e bom... ela tentou me beijar. Conseguiu, na verdade. Mas foi só o tempo de eu conseguir tirá-la de cima de mim com a ajuda do garçom.
Mas o que isso...? Shit. soube do beijo.
- Passar bem, Sheeran. - deu-me as costas e, mais uma vez, puxei o seu braço.
- , espera. Não aconteceu nada!
- Vai negar que ela te beijou?
- Não! Mas eu não senti nada! - ela riu descrente.
- Nada além da língua dela na sua boca, certo?
- , você tá me ouvindo?
- Não, Ed. E, francamente, também não acho que eu deveria.
- CARAMBA, ! VOCÊ AINDA NÃO PERCEBEU QUE EU TE AMO? - gritei.
- MAS QUE MERDA, SHEERAN! É ASSIM TÃO DIFÍCIL DE ENTENDER QUE EU TE AMO TAMBÉM? - ela gritou de volta e foi inevitável não ficar estático.
Meu coração acelerava à medida que aquelas palavras ecoavam na minha mente. Meu estômago festejava, tanto que eu não sentia borboletas e sim dragões. realmente disse que me amava?
- O que disse? - perguntei num sussurro, maravilhado demais pra conseguir expressar qualquer reação.
- Droga. - ela murmurou, passando as mãos no rosto, mas logo se virou pra mim. - Eu te amo, Ed. - repetiu e meu coração ameaçou sair do lugar de tão forte que batia.
Quando finalmente retomei a consciência, fiz a única coisa que queria nos últimos meses: selei nossos lábios - não tão delicadamente -, apertando contra mim, pra ter a certeza de que ela não me escaparia. Não dessa vez.
E, como se o momento não pudesse ficar mais perfeito, gotículas de água atingiram meu rosto e, em seguida, todo o resto de mim, me arrancando um sorriso da mesma forma que arrancara de . Sabia que aquele era só o começo.
~ End Flashback
Deixei uma lágrima escapar e senti Harry me abraçar logo em seguida. Aquela era uma das minhas lembranças favoritas: o dia em que nos declaramos. Depois disso, tudo aconteceu muito rápido.
Dois anos depois, eu a pedi em casamento no aniversário da sua avó em Bolton, sua cidade natal, e agora, alguns meses depois, estamos aqui, celebrando nosso casamento na mesma data em que nos conhecemos, sob a chuva.
E, ao lembrar disso, mais lágrimas se aventuraram.
- Guarde suas lágrimas pra quando a entrar, ok? - ele sorriu e eu o esmurrei de leve, sendo interrompido por algumas batidas na porta. - É a nossa deixa! Pronto? - olhei para um porta retrato onde sorria de maneira infantil enquanto eu fazia uma careta. Assenti, tendo plena consciência de que era a melhor decisão que já havia tomado em toda a minha vida.
Havíamos combinado que não teria aquela espera milenar pela noiva, já que a mesma se julga extremamente impaciente. Então, assim que cheguei ao jardim com Harry, fui com meu melhor amigo para meu lugar designado, tendo ao meu lado Corey, Teddy e, claro, Harry.
Eu sabia que não demoraria nada além de 5 minutos, mas mesmo assim o nervosismo me consumia. Seguindo o exemplo de Corey, fiquei apreciando o local escolhido para nossa cerimônia: as 50 cadeiras, que estavam divididas em duas colunas, logo à nossa frente, cobertas por um tecido branco com laços que se alternavam em vermelho, verde e azul, amarrados a cada cadeira de cada ponta; algumas lanternas de papel, também nas mesmas tonalidades, estavam penduradas nos galhos mais altos, juntos aos pisca-piscas; o ?corredor? que levava até o altar tinha um tapete de pétalas azuis e verdes - que eu nem sabia que existiam - que contrastava incrivelmente com o pôr do sol, que estava prestes a acontecer.
Ouvi Danny Jones anunciar, no pequeno palco montado atrás de nós e junto de seus companheiros de banda, que a noiva já estava a caminho. Minhas pernas, como se ainda fosse possível, passaram a tremer mais.
Tom Fletcher, então, introduziu Love Is Easy e o pequeno Axl Styles apareceu ao lado da pequena Padmé Fletcher. Ouvi Harry, ao meu lado fungar, sussurrando um "That's my boy!" e, se eu tivesse autocontrole suficiente, tiraria sarro com a sua cara. Mas então Hailee - a irmã de - apareceu, seguida de Gemma e .
Assim que as meninas tomaram seus devidos lugares, senti uma corrente elétrica atravessar meu corpo quando percebi que seria a próxima a cruzar o pequeno percurso da saída do jardim até o mini altar. E então, ela apareceu.
Como eu poderia descrevê-la? O mais perfeito anjo ainda não seria suficiente! Ela... Conseguiu me deixar sem palavras. O vestido, o buquê, as joias... Nada que precisasse realmente para ser perfeita. Mas, não posso negar, realçaram a beleza dela.
A medida que se aproximava, acompanhada do pai, seu sorriso se alargava e consequentemente o meu fazia o mesmo.
- Sei que estará em boas mãos, querida. - ele declarou assim que parou com à minha frente, depositando um beijo na testa dela.
- Eu te amo, dada. - ela sussurrou e ele sorriu.
- Eu te amo, princesa. E quanto a você, meu rapaz... - colocou a mão de sobre a minha, ainda sorrindo. - Tem muita sorte por estar se casando com essa chata aqui. - ruborizou de imediato e eu depositei um beijo em sua mão.
- Sei disso. - mirei minha noiva brevemente e então olhei para o meu sogro. - Obrigado.
- Só a faça feliz. - assenti.
A cerimônia prosseguiu e, grande parte do tempo, eu não entendia uma única palavra que o juiz de paz falava. Tudo o que me importava era que dentro de pouco tempo, seria oficialmente minha. Não desviei meu olhar do dela por nenhum segundo sequer, anotando mentalmente para contá-la o quão linda ela estava.
Contrariando todas as expectativas, Corey foi o primeiro a deixar que a as lágrimas se mostrassem. Silenciosamente, é claro.
Senti que ia ceder assim que passei a repetir as palavras do juiz, prometendo à e à mim mesmo jamais abandoná-la. E ouvi-la jurar amor eterno à mim foi o estopim para que algumas lágrimas se aventurassem rumo ao chão.
- Bom... - o juiz riu. - Pelo poder em mim investido, tenho o prazer de vos declarar marido e mulher. - colocou a mão em meu ombro, ainda sorrindo. - Garoto, pode beijar sua noiva. - piscou e eu lhe sorri grato, deitando em meus braços e selando nosso primeiro beijo oficial como um casal.
- Eu te amo, Mr Sheeran. - ela sussurrou com um sorriso magnífico, ainda abraçada à mim, e eu depositei um beijo na ponta do seu nariz.
- Eu te amo, Mrs Sheeran. - sussurrei de volta, sem poder (ou querer) conter o meu sorriso.
- Pessoal! - o juiz falou aos convidados. - É com muito orgulho que vos apresento Mr e Mrs Sheeran!
Recebi alguns tapas na cabeça dos idiotas da One Direction, que resolveram que um abraço em grupo era uma boa pra se desculpar depois disso, enquanto via minha mulher dar num momento de gritos histéricos com Gemma e .
Esforcei-me bastante e fui bem sucedido na tarefa de não beber muito na festa, dando grande parte dos drinks que recebia para Niall e Harry. Sinceramente, eu quero lembrar o meu casamento em si, não apenas de um borrão. Quero dizer... me divertir com os meus amigos e oficializar minha união com a pessoa que mais amo nessa terra. É assim que deve ser!
Sorri ao entrar na tenda que Harry e Corey se responsabilizaram por construir para a festa. Ver todas as pessoas que participaram da minha vida, sorrindo e compartilhando mais um momento de felicidade comigo era mais que incrível.
Não pude continuar o raciocínio, já que minha sogra me puxara pra dançar.
- Chuva! - gritou e eu busquei imediatamente pelos olhos de , que havia corrido, segundos antes, para solicitar uma música ao nosso querido DJ Malik.
Sorri ao encontrar seus olhos cintilantes expressando o mesmo pensamento que eu tive. Então corri junto a para o lado de fora e, mais uma vez, estávamos brincando como duas crianças sob a chuva.
- ! O seu cabelo! - minha sogra gritou da varanda e riu, se apertando contra mim.
- Ainda vou tê-lo quando a chuva acabar! Não se preocupe! - riu mais uma vez e fez com que seus grandes olhos reluzentes encontrassem os meus.
- Está feliz? - perguntei, colocando uma mecha de seu cabelo, que estava colado em sua bochecha, atrás da orelha e minha esposa sorriu radiante.
- Você me faz feliz. - acariciou minha bochecha e então selou nossos lábios, me permitindo sentir seu gosto mais uma vez. A chuva nunca caíra num momento mais perfeito.
- Tudo no carro. - Corey avisou fechando o porta malas do mesmo, enquanto eu tinha Harry abraçado ao meu tronco na frente de casa.
- Você não pode me abandonar!
- Corey, você pode me ajudar? - indiquei meu melhor amigo e Corey bufou.
- Sai daí, Styles. Ele precisa ir.
- Mas ele não pode!
- Se eu te pagar, você me larga? - Harry arqueou uma sobrancelha.
- Qual a forma de pagamento?
- Twix. - Harry se soltou de mim num pulo.
- O que você ainda tá fazendo aqui, Sheeran? Vaza! Vai aproveitar tua lua de mel, vai!
- Te devo uma, Corey. - sorri e ele piscou.
- Tô pronta. - apareceu sorridente, logo se colocando ao meu lado enquanto abraçava Harry.
- Ainda é difícil acreditar que você casou. - dramatizou.
- Ainda é difícil acreditar que você é mãe, mas enfim. - deu de ombros e nós rimos, exceto por , que dava língua.
Conversa vai, conversa vem... Saímos antes que Corey começasse a chorar, após fazer os Styles prometerem 500 vezes que tomariam conta dele.
- Chegamos! - gritou assim que entramos numa rua de barro, na qual ficava a tão esperada chácara onde passaríamos nossa lua de mel.
fez questão de escolher ela mesma o lugar, alegando que eu jamais me perdoaria se não aceitasse sua decisão. Não tenho nada contra Bolton, muito pelo contrário: me traz ótimas lembranças e creio que agora não será diferente.
Fiquei satisfeito quando vi o tamanho do lugar, mas não tive muito tempo para apreciar já que minutos depois, eu e já estávamos fazendo coisas bem mais interessantes no nosso quarto. E fizemos de novo e de novo e de novo, sem restrições ou qualquer outra coisa que pudesse ser usada como desculpa para nos impedir.
Éramos só nós dois, celebrando nosso amor.
Um trovão foi meu despertador, mas nem de longe me assustou. Sorri ao lembrar onde estava e o que tinha acontecido no dia anterior. Finalmente abri os olhos, me deparando com a cama sendo ocupada somente pela minha pessoa. Franzi o cenho ao encontrar ao meu lado um bilhete, com a caligrafia de .
Bom dia, Ed. Primeiramente, desculpa por não estar aí quando você acordar. Mas é por um bom motivo, garanto. Agora vem logo pra cozinha que eu tô com fome. With love, Mrs Sheeran.
Ri e, com o cenho franzido, segui para a cozinha ouvindo um "ai" no mesmo instante em que pisei nela.
- Panela! Qual é? Se não colaborar eu te jogo fora! - murmurou com o indicador na boca, o que me fez controlar o riso. Se existe uma única coisa que odeie fazer é cozinhar, o que significa que ela só vai pra cozinha em caso de sobrevivência. - Ai, merda. É por isso que eu mantenho distância de vocês! - reclamou com as louças mais uma vez e, aproveitando sua distração, me aproximei dela sem ser notado.
- Precisando de algo? - perguntei próximo ao seu ouvido e um grito histérico percorreu o lugar, seguido por minhas gargalhadas.
- Sheeran! Isso não tem graça! - ela reclamava enquanto distribuía tapas pelo meu braço.
- Bom dia, amor. - a puxei pela cintura, selando nossos lábios e, de quebra, levando mais tapas.
- Sai daqui, Ed. Preciso cozinhar. - se esquivou e eu ri descrente.
- Você? Cozinhando? Que milagre é esse, ?
- Que é? Não posso cozinhar pro meu marido, não? - tentou rodar uma colher de pau na mão e acabou acertando o próprio braço e logo após, uma das panelas que estavam por perto.
- ! - a abracei enquanto ela ainda resmungava com as panelas; guiei-a até a mesa. - Amor, você não precisa fazer isso. Deixa que eu...
- Mas eu tenho que aprender! - interrompeu-me, tentando argumentar.
- , eu te amo, você sabendo cozinhar ou não. Agora deixa que eu faço alguma coisa pra gente comer.
- Na verdade... - ela parou, se virando pra mim. - Eu já preparei nosso café da manhã. Eu só... - balançou a cabeça de uma forma fofa. - Queria incrementar um pouco.
- Você cozinhou? - perguntei com um sorriso bobo no rosto.
- Não exatamente... É salada, pra falar a verdade. Peguei umas frutas, uns legumes e montei uma coisa bonitinha. Mas como eu sei que você...
- Shhhhh! Se você fez salada, vamos comer salada. Cadê a salada? - interrompi e sorri ao ver correndo até a geladeira com um sorriso estupendo no rosto; me sentei à mesa, que estava milimetricamente arrumada. Ri mais uma vez. Era essa a mulher com quem havia me casado. Tenho orgulho disso.
- Ok, fecha os olhos! - ordenou.
- é só...
- Ed, obedece!
- Ok, ok! - segui suas ordens prendendo o riso. - Pronto, olhos fechados. Satisfeita?
- Agora sim. - pelo seu tom eu sabia que estava sorrindo e, consequentemente, sorri também. Ouvi o barulho de algo sendo colocado na mesa e me ajeitei na cadeira. O que quer que tivesse preparado, eu já buscava palavras em minha mente para que o elogio fosse a altura. - Pode abrir. - mandou e assim o fiz.
tinha feito uma pequena escultura com a salada: o alface estava enrolado em alguma coisa que tinha pepino no topo, com algumas raspas de cenoura. Pensando bem, até parecia um... Não. Espera. Era um bebê.
- ? - chamei, quase que implorando por uma resposta, e ela se pôs ao meu lado, com as mãos na barriga.
- Temos um pequeno ruivo à caminho. - ela sorriu e eu mais ainda, como se fosse possível! Minha felicidade estava completa. Na minha opinião, a felicidade agora me inveja.
Tudo o que eu precisava se encontra ao meu lado: a mulher da minha vida e, agora, nosso pequeno anjo ruivo.
Tudo o que eu precisava era de chuva. E é a minha.
FIM
Aloha! Mais uma fic e dessa eu tenho muito orgulho mesmo! Agradeço a todas que chegaram até aqui e, caso você esteja curiosa quanto ao seu look no casamento, clique aqui.
Muito obrigada mesmo, meninas. Espero que tenham se divertido lendo essa fic tanto quanto eu me diverti escrevendo. Fiquem com Deus e não esqueçam de comentar!
- Brubs xx