Queens

Escrito por Bruna Pottorff | Revisada por Ponci

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DIA UM.

  — Vamos lá pessoal, vamos chegar atrasados se demorarem mais de um minuto para guardarem suas coisas. – O professor de português grita e assopra aquele seu apito irritante pela décima vez.
  Me agacho terminando de amarrar meu tênis enquanto todos estão na correria a minha volta, me levanto puxando meu cabelo e prendendo ele em um alto rabo de cavalo, ouço o apito do professor mais uma vez e apresso meus passos indo para fora do dormitório. Vou caminhando até o local onde será a primeira competição de hoje, onde sou uma das participantes. Enquanto ando alongo meus braços e pernas até chegar no lugar onde será a corrida. Algumas pessoas esbarram em mim enquanto correm com pressa para o mesmo local que eu, alguns participantes, outros são os torcedores e isso está uma bagunça que só. Um garoto passa por mim e esbarra com um pouco mais de força do que os outros me fazendo desequilibrar e por pouco não cair.
  — Olha por onde corre! – Grito vendo ele se virar para mim com um sorriso estonteante.
  — Desculpa princesa, eu só estou com pressa para a corrida. – Ele dá um breve aceno com uma de suas mãos e volta a correr sentido à pista.
  É lindo, porém desatento. Continuo caminhando desta vez mais rápido, pois o alarme já estava tocando. Passei pelo grande portão entrando na grande quadra onde iria acontecer a corrida, as arquibancadas estavam cheias e as equipes em seus devidos lugares, me juntei com minha equipe a tempo e enquanto nos alongávamos o treinador conversava conosco.
  — A corrida irá começar, você já sabe como será tudo, não sabe? – Ele pergunta a ela que concorda enquanto alonga sua perna direita. – Legal! e vocês começam, enquanto dá a volta você espera o bastão. – Ele me explica e concordo. – Depois entram as outras duplas.
  Olho para o meu lado esquerdo e vejo uma outra equipe se aproximando, era uma equipe onde haviam duas garotas e quatro garotos e um deles era o desatento que quase me derrubou. Ele me olha com os olhos semicerrados e me dá aquele sorriso novamente, reviro os olhos voltando-me para o que as meninas diziam; era o plano da corrida.
  — Atenção, todos em seus lugares, a competição vai começar. – Escuto a voz por toda a quadra. – Bom-dia a todos, estamos aqui mais uma vez para a competição anual de esportes escolares, esse ano trazendo uma escola nova, sejam bem-vindos alunos de Manhattan.
  Todos começam a aplaudir e assobiar enquanto nos colocamos nos nossos devidos lugares.
  — E dando início ao torneio de corrida com bastão a equipe do Bronx. – Eles caminham até o ponto de partida da pista e se posicionam. – Ao escutarem o sinal, o cronometro começará a contar e então boa sorte para vocês.
  Todos estão em seus lugares e o sinal toca dando início a corrida deles. Olhei para a equipe ao lado da minha e pude ver o garoto desastre se alongando como seus amigos, ele tinha as pernas um pouco longas, o cabelo era loiro e bagunçado e a franja caia sobre a testa enquanto ele estava abaixado alongando as pernas. Me desfaço das distrações voltando a me alongar, pois minha equipe seria a próxima, ouço as meninas chamarem e me viro para elas que repassam os passos mais uma vez. A primeira equipe acaba e começamos a prestar atenção no que o narrador falava.
  — Equipe do Brooklyn irá enfrentar a equipe do Queens. – Olho confusa para as meninas e todos nós vamos para os nossos lugares.
   me coloca para ser a primeira e me sinto um pouco nervosa. Ao meu lado estava o garoto que não esperava, mas já imaginava que me enfrentaria nessa primeira parte da corrida. Me posicionei esperando o som do sinal e tentei me concentrar o máximo possível.
  — Boa sorte, princesa. – Escuto ele dizer e olho para ele com um sorriso sarcástico.
  O sinal toca e começo a correr em disparada. O garoto está bem próximo a mim e tento correr mais rápido, vejo o bastão dele cair e começo a rir sem perder o ritmo. Quando termino a volta, já está em seu lugar me esperando, me apresso mais, lhe entregando o bastão e o garoto vem logo atrás de mim e para se apoiando em seus joelhos. Ele me olha ofegante e dou um sorriso satisfeito para ele.
  — Você teve sorte. – Ele diz e me retiro da pista.
  Depois de acabar as corridas, o desempate foi Queens contra Manhattan, e eu corremos para o desempate contra as garotas da outra equipe, mas a equipe do nosso colégio ganha, estamos com um ponto na frente. Saímos todos juntos da quadra e fomos direto para os dormitórios, ouvi dizer que hoje a noite haverá um jantar de boas-vindas e por isso todas já vieram para se arrumar.

[...]

  — Boa noite professores, alunos, quero agradecer a todos por estarem aqui mais um ano competindo e se mostrando melhores cada vez mais. Esse ano temos o colégio de Manhattan conosco e não poderia estar mais alegre. Este será um jantar de boas-vindas para vocês e espero que seja ótimo. Bom jantar para todos nós. – O diretor do torneio se senta para darmos início ao jantar.
  Me levanto indo me servir, pego um prato e vou para a fila que já estava enorme, esse ano parece ter bem mais pessoas que o ano passado. A fila andava lentamente e eu observava o que havia ali pensando no que iria pegar para comer. Sinto alguém me cutucar e me viro pensando ser uma das meninas, mas era o garoto loiro de olhos bem verdes do sorriso estonteante de hoje à tarde.
  — Estava se comunicando mentalmente com quem? – Ele pergunta e logo me empurra para que me virasse e desse um passo ao andar na fila.
  — Com os extraterrestres, já ouviu falar deles? São criaturas adoráveis. – Dou um sorriso amigável e me viro para prestar atenção na fila.
  — Esses eu conheço, falo com eles direto também. – Ele agora fica ao meu lado.
  — Que bom. – Digo dando um passo à frente chegando na primeira mesa com as comidas.
  — Dylan, a proposito. – Ele estende seu braço esperando que eu apertasse sua mão.
  — Nome legal. – Respondo apertando sua mão e quando ia dizer meu nome ele me interrompe.
  — Vou querer saber seu nome só no último dia, por enquanto te chamarei de garota do Queens. – Ele sorri orgulhoso e não pude deixar de sorrir também.
  — Tudo bem garoto do Brooklyn. – Ele aponta novamente para a fila e me viro começando a me servir.
  Após o jantar fomos liberados para ficar pelo campo até o sinal tocar, as meninas e eu estávamos sentadas a beira do lago enorme que havia ali. Elas estavam falando sobre os garotos do colégio novo na competição enquanto eu estava jogando algumas pedrinhas no lago. Em todos os anos que participei dessa competição eu nunca havia visto Dylan por aqui, sei que existe bastantes pessoas que vêm para torcer e competir, mas ele para mim é novo. Mesmo não o conhecendo direito ele parece ser bem divertido e achei bem bonitinho o apelido que ele me deu, além de achar ótimo ele não querer saber meu nome, afinal talvez não verei ele mais. Ouço alguém me chamar e jogo a última pedra no lago antes de me virar, as meninas me olhavam com um sorriso no rosto e já imaginava o que viria a seguir: perguntas.
  — Então, não vai contar para nós sobre o gatinho com quem estava conversando hoje desde a competição? – pergunta e todas as outras me olham ansiosas.
  — Ele só quase me derrubou antes da competição, foi isso, nada demais. – Respondo encarando o lago a minha frente.
  — vocês conversaram na fila do jantar e vi de longe ele trocando de lugar com o garoto que estava atrás de você, acho que ele está afim. – diz empolgada.
  — Gente, não é nada demais, estamos em uma competição onde conhecemos pessoas o tempo todo, normal. – Retruco.
  — Tudo bem, se você não quer eu vou lá me jogar para ele, porque fala sério? Ele é um puta gato. – diz e se levanta.
  — Vá em frente. – Dou um sorriso falso e volto a pegar mais pedrinhas para tacar no lago.
  Não que não ache ele bonito, ou que não esteja afim, ou sei lá. Eu só acho muito cedo para isso, mal chegamos e já ficar com alguém é tão errado. De certa forma, só espero que não faça nada, a propósito eu quem o vi primeiro.

DIA DOIS.

  O sinal toca cedo acordando a todos, olho para o lado vendo ainda dormindo e cutuco ela para que acordasse, nossa monitora entra no dormitório e assopra o apito acordando aquelas que se recusam a levantar com o sinal. Pego minha bolsinha onde tem minhas coisas, pego a minha toalha e vou para o banheiro que ainda não estava com fila. Tomo meu banho e já coloco minha roupa de treino já que será isso que faremos o dia todo. Hoje será o torneio de futebol no qual os meninos irão jogar, as meninas e eu iremos treinar vôlei já que será nossa próxima competição. São exatamente sete da manhã, o sinal aqui toca sempre às seis, pois temos que começar tudo bem cedo. Sem esperar todas as meninas, saio do dormitório indo até o refeitório para o café da manhã e apenas veio comigo. Olhei para ela me lembrando de ontem e por impulso acabei perguntando o que guardava apenas na minha cabeça.
  — ficou com Dylan ontem? – Ela me olha com um sorriso bobo e nega com a cabeça.
  — Depois que você entrou ela apareceu e não estava com uma cara muito boa. – Não sei como me sinto sobre isso, feliz talvez?
  — Ela contou o porquê? – Não consigo segurar minha curiosidade.
  — Ela disse que ela tentou falar com ele de todas as formas e o que ele fez foi ignorá-la. – Ela gargalha e prende seus cabelos gigantes.
  — Que pena, não? – Tento não rir por isso, mas é impossível.
  — Bom-dia, princesa. – Ouço a voz de Dylan e me viro um pouco assustada.
  — Bom-dia? – Falo um pouco sem graça.
  — Como passou a noite? – Ele entrelaça nossos braços e eu continuo o encarando estranho.
  — Bem, e você beijou na boca ontem? – Pergunto vendo ele bufar e sorrir depois.
  — Claro que não, acho tão errado sair beijando qualquer uma. – Exatamente o que eu pensei.
  Vejo passar por nós acenando com a mão deixando nós sozinhos.
  — O que irá fazer hoje? – Ele começa a caminhar lentamente.
  — Treinar, não posso ficar de bobeira. – Respondo sorrindo e ele faz o mesmo.
  — Vai participar hoje?
  — Só na torcida, ou talvez eu fique treinando o dia todo. – Ele nega com a cabeça e não entendo.
  — Nada disso, vamos assistir ao jogo juntos.
  — Você não joga? – Pergunto confusa.
  — Futebol? Não, não gosto muito. Vou competir em vôlei. – Reviro os olhos e bufo só de pensar no que vai acontecer.
  — Espero que não tenha que jogar contra você igual na corrida. – Digo e ele dá uma gargalhada gostosa.
  — Desta vez eu ganho, é sério. – Concordo com ele e tiro meu braço do seu entrando na frente para o refeitório.
  — Bom, até depois então, Dylan. – Sorrio e procuro a mesa onde estão as meninas.
  — Se eu não te achar pegarei o megafone e começarei a gritar pela garota do Queens. – Concordo com ele e vejo ele sumir no meio das pessoas que haviam ali.
  Depois do café me juntei com as meninas no campo de areia que havia ao lado da quadra, íamos treinar vôlei e não podíamos dar bobeira. Dividimos nosso time para treinar as jogadas e posições, estava comandando tudo – como sempre faz – e tentei ignorá-la o máximo possível.
  — Vamos começar, pessoal. – O treinador chega me deixando mais aliviada.
   revira os olhos e vai para o seu lugar.
  Iniciamos o jogo e confesso que estava um pouco complicado treinar na areia, já que jogaremos na quadra. Não podemos treinar na quadra pois haverá o torneio de futebol e os meninos já estão treinando lá. Uma pausa para poder beber água e vejo Dylan se aproximando da grade acenando com uma de suas mãos. Dou um sorriso bobo com a cena e quando noto todas as garotas já estão olhando para ele, qual é o problema delas? Continuei a jogar tentando ignorar tudo.
  — Você joga bem, princesa. – Dylan diz quando me aproximo do portão.
  — Digamos que sim. – Respondo com um sorriso satisfeito.
  — Vamos na fogueira hoje à noite. – Ele diz convicto.
  — Vamos? – Pergunto confusa.
  — Claro que vamos, você não vai ficar trancada no dormitório dormindo e muito menos na quadra treinando. – Ele para de caminhar e me encara de braços cruzados.
  — Ok, talvez eu vá. – Respondo segurando o riso pela cara de bravo que ele tentou fazer.
  — Talvez? Nada disso, você irá sim. – Ele afirma e eu apenas concordo.
  — Tudo bem, eu te encontro lá. – Aviso e ele concorda dando um breve sorriso.
  Ele dá as costas e vai andando sentido aos dormitórios masculinos enquanto continuo parada feito idiota olhando para o jeito que ele anda.
  — Está olhando o que? – aparece me fazendo respirar fundo.
  — Estava olhando o lugar apenas. – Olho para ela e dou um sorriso, viro-me caminhando até o dormitório.
  — O lugar, ? Ok. – Ela segue ao meu lado. – Você vai na fogueira hoje?
  — Talvez eu vá, por quê? – Ela dá de ombros.
  — Por nada, é que achei que você ficaria treinando ou sei lá, você parece não curtir muito esse tipo de coisa. – A encaro surpresa e ela não me olha.
  — Eu irei sim, fui convidada e não quero dar bolo na pessoa. – Passo a sua frente sorrindo e me viro caminhando mais rápido até o dormitório.
  Eu ainda não sei o que tanto quer, mas sei que envolve eu sempre ficar longe de algo. Hoje mesmo no treino, quando Dylan apareceu lá, ela começou a fazer algumas gracinhas e, sinceramente, estava ridículo. O bom disso tudo foi que o Dylan o tempo todo olhava para mim e não se importava em como a se desdobrava lá.
  Depois do café da tarde fui para o dormitório para escolher uma roupa logo, não havia trago muita coisa, pois não imaginei que esse ano haveria nada disso. Peguei um jeans pouco rasgado, uma regata preta lisa e minha jaqueta, peguei minha toalha e fui para o banheiro tomar banho, aproveitar que não havia ninguém ali, já que boa parte estava treinando ou vendo o jogo que eu mesma acabei não vendo.
  Termino de me arrumar e sento na cama pegando meu celular para ligar para minha mãe. Desde que cheguei aqui ainda não tive tempo de falar com ela e eu sinto saudades. Ligo algumas vezes, mas ela não atende, deve estar ocupada. Vejo entrar no dormitório vindo até mim, ela se senta ao meu lado e bufa um pouco nervosa.
  — Sabe que a fogueira irá começar as oito, não sabe? – Ela diz e eu concordo ainda olhando para meu celular. – Então por que já está arrumada?
  — Porque sei que quando desse a hora esse banheiro iria estar lotado e não conseguiria tomar banho há tempo. – Ela se vira me encarando e dá um sorriso. – Que foi?
  — Quem foi o garoto que te convidou? – Ela parece curiosa.
  — Um garoto qualquer que estava passando por mim. – Dou de ombros.
  — Deve ser o da corrida do time de Manhattan, ele não parava de te olhar. – Ela revira os olhos e eu concordo.
  — Foi ele mesmo. – Ela bate palmas e dá alguns pulos na cama empolgada.
  — Será que o Dylan vai estar lá? Vou me arrumar. – Ela pega sua toalha ao lado e corre para o banheiro.
  Eu queria contar a ela com quem eu iria, mas preferi evitar a fadiga de todas aquelas perguntas. Me levanto caminhando até a porta, está uma correria aqui fora, fecho a porta atrás de mim e vou andando em direção ao lago, já está escuro e daqui a pouco a fogueira começa. Desviei das outras meninas que estavam vindo em minha direção, não queria falar com ninguém por agora. Chego no lago e está vazio, vou até um dos bancos que têm à beira e me sento olhando para o reflexo da lua na água. A cada ano que passa esse lugar fica mais bonito, todos os anos venho aqui com o colégio e só vejo melhorias, pelo menos na parte do lago. Sou uma das poucas alunas que estão nessa competição desde o início, alguns dos alunos mudaram de colégio, outros haviam terminado os estudos e alguns abandonaram. Continuo nisso porque eu amo esportes, além de contar muito na grade de pontos do colégio, me mantendo livre a maioria do tempo.
  O som começa a ficar alto e já sei que a fogueira começou, vejo algumas pessoas vindo para o lago com alguns copos na mão, espero que seja refrigerante, porque se alguém conseguiu trazer bebida alcoólica para cá é um verdadeiro mestre dos disfarces. Continuei sentada apenas olhando as pessoas se aproximarem mais do lago, cada vez mais a música estava mais alta e a falação deles também. Escuto um som diferente, alguém falando no microfone ou algo parecido, deve ser um dos alunos. Tento entender o que ele dizia, mas está muito barulho, a voz vai ficando mais alta e mais perto e nesse momento me lembro do que Dylan disse que iria fazer. Por favor, não, Dylan!
  “Cadê minha garota do Queens? Alguém a viu? Garota do Queens onde você está? Não fuja de mim, princesa.”
  Droga! Me levanto e corro até onde ele está com o megafone gritando e tiro da mão dele antes que ele possa falar mais alguma coisa. Ele pega o megafone da minha mão e joga no chão dando um sorriso, aquele sorriso lindo que por vezes me fazia esquecer das coisas. Seus braços me envolveram num abraço apertado tirando meus pés do chão. Seu cheiro era um pouco doce e bom, ele me solta me dando visão do que ele vestia, um jeans escuro, uma camisa estampada e seu all star branco, seu cabelo estava penteado para trás o deixando com um ar de seriedade.
  — Eu vou matar você. – Murmuro dando alguns passos para trás logo virando-me para voltar ao banco.
  — Eu avisei que se sumisse de mim eu daria um jeito de te achar. – Ele diz orgulhoso e dou um soco de leve em seu braço.
  — Não precisava de tanto, eu estava aqui o tempo todo. – Sento-me no banco e ele logo em seguida.
  — Antes de qualquer coisa, você está linda, princesa. – Sinto minhas bochechas arderem e desvio o olhar sorrindo como boba. – E agora, o que quer beber?
  — Quais são as opções de refrigerante? – Ele gargalha e nega com a cabeça.
  — Já ouviu falar em licor de cereja?
  — Sabor de refrigerante novo? – Ironizo e ele ri.
  — Vou pegar pra gente, não sai daqui. – Ele me segura me encarando. – Quer saber, vem comigo. – Ele segura em minha mão e me puxa junto a ele.
  — Eu não iria sair dali. Louco! – Ele gargalha novamente e sai me puxando atrás dele entre a multidão que havia ali.
  Depois de muito andar finalmente chegamos ao outro lado onde os mais velhos estavam com as bebidas, as alcoólicas estavam em garrafas de refrigerante sem rótulos, havia copos azuis e vermelhos espalhados pela mesa improvisada e um saco com alguns pirulitos dentro. Peguei alguns pirulitos enquanto Dylan pegava as bebidas, escuto uma voz familiar me chamar e quando me viro vejo e vindo até mim.
  — Bom, vejo que mentiu sobre seu par. – diz e vejo revirar os olhos.
  — Melhor assim. – Dou um sorriso e ela vai até a mesa batendo os pés.
  Dylan desvia das duas e vem até mim me entregando um dos copos, observava a gente com um olhar raivoso.
  — Aqui, princesa, seu refrigerante. – Pego o copo e dou um sorriso para que murmura algo que não pude ouvir.
  — Você me salvou de uma agora. – Digo ao Dylan e ele concorda.
  — Eu sei bem a peça que estava ali, por isso disse isso. – Ele sorri e eu faço o mesmo.
  — Toma. – Lhe entrego um dos pirulitos que peguei. – Catei de cima da mesa.
  Ele pega da minha mão o abrindo e já coloca em sua boca, faço o mesmo com o meu e sinto Dylan pegar em minha mão me puxando pela multidão novamente.
  Chegamos no lago e já havia gente no banco onde estávamos sentados, caminhamos até a outra ponta e ficamos escorado em uma das árvores que havia ali, Dylan logo sentou-se no chão e eu fiz o mesmo.
  — Esse licor é muito bom. – Digo dando mais um gole.
  — Sim, e o pirulito ajuda. – Ele coloca o pirulito de volta na boca dando um sorriso.
  — Então, Dylan, me conta mais sobre você? – Pergunto e ele concorda.
  — Tenho dezessete, um irmão gêmeo chamado Cole que não gosta de esportes, por isso não veio para cá, moro no Brooklyn praticamente desde que nasci, tenho dois cachorros, um gato... – O interrompo com a mão em sua boca.
  — É o suficiente. – Digo e ele gargalha dando um gole de sua bebida.
  — E você? – O encaro envergonhada e me preparo para falar, mas ele me interrompe. – Por favor não diga seu nome. – Concordo sorrindo e ele afirma para que prosseguisse.
  — Tenho dezesseis, filha única, moro no Queens desde os sete anos de idade, meus pais são divorciados e tenho um gato, amo praticar esportes e essa é a primeira vez que bebo. – Ele me olha assustado.
  — Primeira vez? Não acredito, me sinto como uma pessoa do mal te levando para o lado obscuro do mundo. – Gargalho e ele me repreende. – Como você pode rir disso? Estou falando sério aqui, não podia ter feito isso.
  — É sério mesmo? – Pergunto preocupada e ele começa a gargalhar.
  — Claro que não, a parte de me sentir mal? Sim, mas para tudo tem sua primeira vez, não é? – Concordo dando um leve soco em seu braço pela segunda vez.
  — Idiota. – Murmuro enquanto ele continua rindo.
  Dylan e eu ficamos sentados ali por um bom tempo que não percebemos que todos já haviam saído, as horas passaram voando. Nos levantamos e fomos caminhando lentamente até os dormitórios, fazendo o caminho mal iluminado e longo, era quase meia noite e haviam poucas pessoas ao lado de fora limpando e guardando as coisas. Nesse tempo que passei com Dylan percebi o quão legal ele é, não imaginei que seria, pois logo que o conheci senti que ele tinha sido irônico comigo. Enquanto caminhávamos eu explicava a ele quando eu ganhei medalha em um concurso de beleza mirim e ele ria com isso enquanto eu estava com um pouco de vergonha. O licor havia feito um efeito bem fraco em mim, já nele não sei, talvez tivesse feito muito já que ele ria sem parar. Paramos em frente ao meu dormitório e ficamos em silêncio por alguns segundos, estava constrangedor, talvez? Sim, estava muito.
  — Tem uma coisa que não perguntei ainda. – Ele diz e eu concordo olhando a luz que batia em seus olhos mostrando o verde brilhante.
  — Seja lá o que for, eu responderei. – Digo e ele sorri.
  — Será a sua primeira vez em um beijo também? – Fico imóvel e não consigo pensar direito.
  Se era minha primeira vez? Sim, era. Não que não havia beijado ninguém por não haver ninguém, era por não querer mesmo, por todos os garotos sempre serem idiotas o suficiente para me fazer desistir antes mesmo de tentar. Mas no momento eu estava me sentindo diferente ao pensar nisso, não é o álcool que me deixou assim, mas sim o sorriso do Dylan que me fazia esquecer qualquer coisa por um milésimo de segundo que fosse. E então aconteceu sem que eu pudesse responder, seus lábios colaram nos meus da forma mais delicada possível, suas mãos estavam em meus braços e eu estava imóvel ainda. Seus lábios tinham gosto de cereja e por mais que eu quisesse continuar com isso eu me afastei por impulso.
  — Desculpa. – Ele diz envergonhado e eu balanço a cabeça.
  — Está tudo bem, te vejo amanhã na torcida? – Pergunto sem jeito.
  — Estarei lá, princesa. – Seus lábios agora tocam minha testa e ele logo sai deixando apenas seu cheiro doce para trás.
  Eu fui tão boba. Me sinto como idiota.

DIA TRÊS.

  Todos já estão aqui no lago, os competidores já estão em suas devidas canoas e nós da torcida estamos sentados nos bancos que estão espalhados por aqui. A torcida desta vez estava menor, alguns estavam no treino pois a final está chegando, o placar até agora está com Bronx na frente, seguido por Queens, Brooklyn, Manhattan e Staten Island. Um som alto e agudo soa pelo lago e a competição se inicia, eles teriam que dar três voltas completas em menos tempo possível e pensando aqui haja braço para remar tanto. Enquanto assisto à competição como um cachorro quente, todos estão gritando a minha volta e por um momento senti falta de alguém; era Dylan. Até agora não o vi, nem no café da manhã, nem no almoço e nem aqui agora. Me pergunto se ele se chateou por ontem ou se aconteceu algo com ele, talvez ele não queira mesmo me ver, na verdade não sei o que pensar, só me sinto uma idiota. Hoje à noite terá uma festa e, sinceramente, estou pensando em ficar no dormitório lendo um livro, escutando música e descansando, pois amanhã será o torneio de vôlei no qual eu jogarei.
  Mais um ponto para Queens e agora estamos em primeiro, a torcida grita e aplaudem as equipes em comemoração. Me levanto e caminho para longe dali antes que eu não consiga passar, atravesso a ponte chegando ao lado dos dormitórios e outras casas, caminho sentido ao campo de areia afim de treinar mais um pouco sozinha, mas sou impedida por parando na minha frente.
  — Onde vai? – Ela começa a caminhar comigo.
  — Treinar um pouco. – Apresso meus passos e ela faz o mesmo.
  — Vou com você, estou fugindo da . – Ela dá de ombros e me segue.
  Chegamos no campo, que estava vazio como previ, peguei uma das bolas que estavam ali e esperei para que fosse para o outro lado da rede para iniciar.
  Ficamos rebatendo a bola por tanto tempo que nem percebemos que a hora havia se passado tão rápido, já estava escuro e então resolvemos parar e ir para os dormitórios. Percebi que estava inquieta e queria perguntar algo, hesitei por um momento, mas então perguntei o que ela queria.
  — É que... Toma cuidado com a . – A encarei sem entender. – Ela comentou que queria ficar com o Dylan e até iria sabotar você, caso fosse preciso.
  — está louca? Eu nunca fiz nada a ela e ela quer briga por causa de um garoto? Por mim ela que fique com ele, não fui eu quem fui atrás dele e muito menos me desdobrei para tentar chamar atenção. – Respondo com indignação. – E se quer saber, pode avisar a ela que nem nessa festa eu irei, se ela quiser a hora é essa.
  — Eu não falarei nada com ela, . Ela perdeu o juízo completamente e não acho certo o que ela está fazendo, se quiser eu posso vigiar o Dylan pra você. – Ela sorri um pouco empolgada.
  — Não precisa, , eu não tenho nada com ele e se ela quiser ficar com ele não posso fazer nada também. Estou bem assim. – Dou um passo mais à frente a deixando sozinha.
  Entrei no dormitório e fui direto tomar um banho, o banheiro estava cheio, mas a fila andava rápido. Agradeci por não ter visto a e tomei meu banho tranquila. Tentei relaxar o máximo possível no banho, estava com os braços um pouco doloridos devido ao treino, só não fiquei mais por pressa das outras garotas. Assim que saí do banheiro o quarto estava lotado, todas as garotas juntas se arrumando para a festa ao mesmo tempo. Estava com uma roupa que usava para dormir – não era um pijama, era só uma blusa qualquer e um short – peguei meu livro dentro da minha bolsa e me sentei na cama. Antes de começar a ler resolvi ligar para minha mãe até que todas saíssem do quarto e eu ficasse sozinha para ler em paz.
  — Oi filha, como está ai? – Mamãe pergunta empolgada.
  — Está tudo bem, estamos em primeiro lugar no placar, acho que venceremos de novo esse ano. – Respondo um pouco alegre.
  — Isso é ótimo minha filha, estou com saudades querida, mas eu preciso desligar agora pois estou no trabalho fazendo hora extra. – Ela lamenta.
  — Tudo bem mãe, eu te amo, se cuida. – Ela responde o mesmo que eu e desliga o telefone.

  Minha mãe tem sempre feito hora extra no seu trabalho desde quando tivemos que nos mudar de casa, logo quando aconteceu o divórcio dos meus pais passamos por uma situação difícil. Hoje estamos melhor, mas ainda assim minha mãe prefere garantir que não vá faltar nada para nós duas e eu admiro muito isso. Em poucos minutos o quarto fica vazio e finalmente posso ler em paz. Abro meu livro e continuo de onde parei quando estava no ônibus vindo para cá. O livro é Orgulho e Preconceito e estou completamente apaixonada por ele e me controlo sempre para não chorar quando leio ele perto de alguém, como agora não é o caso eu deixarei que as lágrimas corram.
  Escuto a porta se abrir e não me importo muito com quem seja, menos quando vejo a pessoa vindo até mim, era Dylan. Ele está com dois copos na mão, um moletom preto, um jeans escuro e tênis como sempre, seu cabelo mais bagunçado dessa vez e suas bochechas bem vermelhas. Ele sorri e caminha até mim e senta-se na ponta da cama sem dizer nada me entregando um dos copos.
  — Já que você não foi para a festa para ficar comigo, eu vim até aqui para ficar com você. – Ele sorri de canto e pego o copo de sua mão.
  — Não estava muito afim de ficar lá, desculpa. – Dou um gole da bebida do copo e dou um sorriso bobo. – Licor de cereja.
  — Seu preferido até então, não é? – Concordo e ele sorri satisfeito. – Ah, já ia me esquecendo.
  Ele coloca a mão em seu bolso e tira dois pirulitos me entregando um e agora me sinto feliz por ele me fazer companhia.
  — Então, está tão chato assim lá pra você ter fugido? – Pergunto enquanto ele senta completamente na cama e cruza suas pernas.
  — Sem você lá estava sim, com quem eu iria conversar? – Ele dá um gole do seu copo e abre o pirulito colocando-o na boca.
  — Com a , fiquei sabendo que ela está muito afim de você. – Digo por impulso e não ouso a olhar para ele.
  — Quem é ? – O encaro e ele me olha do mesmo jeito. – Você está falando de uma louca que toda hora vem correndo atrás de mim?
  — Deve ser essa mesmo. – Respondo e ele começa a gargalhar.
  — Nunca que irei falar com ela, ela é completamente louca. – Me junto a ele e ficamos rindo por alguns segundos. – Que livro você está lendo?
  Mostro a capa para ele que balança a cabeça e dá um sorriso – ele sorri o tempo todo.
  — Já li, é muito bom. – O encaro surpresa.
  — Não achei que fosse o tipo de garoto que gosta de ler romances. – Ele tira o livro da minha mão e coloca de canto e se aproxima um pouco mais de mim.
  — Eu amo ler, amo escrever e pode parecer que não, mas eu estou escrevendo um romance. – Mais uma vez a cara de surpresa e ele sorri. – Mas não irei te contar sobre o que é, somente quando estiver pronto eu lhe mostrarei.
  — Qual é a graça de me deixar curiosa? – Pergunto indignada.
  — A mesma graça que você fez ontem. – Desvio o olhar dele, mas ele segura meu queixo fazendo-me encarar ele. – Também fiquei curioso por mais do seu beijo.
  — Dylan, eu... – Ele me interrompe com o dedo em minha boca em sinal de silêncio.
  — Não vou fazer nada, calma. Vamos ficar aqui e conversar até que você se canse de mim e me mande ir embora. – Dou um sorriso e mais um gole da bebida.
  — Ou até que a festa acabe e esse quarto fique infestado de garotas. – Ele revira os olhos e balança a cabeça em concordância.
  — Ou isso mesmo. – Resmunga. – Então...
  Fico em silêncio por um minuto por não saber o que falar e por querer fazer algo que deveria ter feito ontem. Sei que é cedo para pensar assim, mas Dylan de alguma forma mexe comigo, pode ser pelo seu jeito engraçado e fofo, pelo seu sorriso ou seus olhos, ou até mesmo por ele se parecer um pouco comigo. Mas o caso aqui agora é que não quero esperar chegar ao último dia para poder beijá-lo ou dizer meu nome, sinto que isso será como se nunca mais o visse e, se for o caso, não quero esquecer do que aconteceu e nem me arrepender do que não fiz. Puxo Dylan pela nuca e selo nossos lábios, uma de suas mãos está na minha cintura fazendo com que ele se aproxime mais, nossas línguas se chocam e posso sentir o gosto doce da cereja, seus lábios são macios e é como se encaixassem perfeitamente aos meus – por mais clichê que isso seja realmente é a verdade – me afasto e ele morde meu lábio inferior, me sinto um pouco ofegante e ele dá um sorriso.
  — Nossa! – Ele diz entre um suspiro e outro.
  — Não podia deixar isso para depois. – Dou um gole do meu copo tentando não olhar para ele.
  — E eu não aguentava mais esperar. – Ele sorri baixo e faço o mesmo.
  — Porque sumiu hoje o dia todo? – Pergunto me lembrando que realmente não havia visto ele.
  — Passei o dia todo treinando, nem fui ver a competição de hoje. Amanhã é nosso dia, princesa, precisava treinar. – Ele aperta a ponta do meu nariz me arrancando um sorriso pra lá de bobo.
  — Eu também treinei com a a tarde, depois decidi ficar aqui descansando para amanhã. – Termino minha bebida em um só gole e coloco o copo no chão ao lado da cama.
  — Espero ganhar amanhã, de verdade. – Ele parece frustrado.
  — Não vou dar moleza. – Aviso e ele faz careta.
  — Se eu perder vou gritar seu nome no megafone. – Dou um tapa leve em seu braço e ele sorri.
  — Você não sabe meu nome. – Lembro-o.
  — Droga! – Começo a rir ao ver a cara de bravo dele. – Minha garota do Queens, isso que irei gritar.
  — Por favor, não, Dylan, qualquer coisa, menos isso. – Imploro e ele sorri.
  — Mais um beijo e eu atendo ao seu pedido. – O encaro sem graça e concordo.
  Ele me puxa para mais perto e beija minha bochecha delicadamente seguindo para minha boca, suas mãos seguram meu rosto enquanto ele me beija, um beijo lento e calmo, porém com muito desejo. Posso sentir sua respiração falhar em alguns momentos, meu coração está disparado como na primeira vez que isso aconteceu, desta vez o beijo está melhor, as línguas estão em sincronia fazendo com que cada segundo fosse melhor que o outro. Mordo seu lábio inferior e vejo ele sorrir continuando com o beijo. Ouço o barulho da porta e me afasto com rapidez, as meninas estavam entrando no quarto, Dylan e eu nos levantamos e vou com ele até a porta arrancando alguns olhares maldosos.
  — Essa foi por pouco. – Ele diz e concordo. – Então te vejo amanhã no jogo?
  — Sim, estarei lá para ganhar de você. – Afirmo e ele nega com a cabeça.
  — Isso é o que veremos. – Ele me beija por impulso e o encaro surpresa. – Até amanhã, princesa.
  — Até amanhã. – Aceno com a mão enquanto vejo ele voltando para o dormitório dos meninos.
  Volto para o quarto evitando olhar para as meninas, vou para minha cama e pego meu livro voltando a leitura, mas com o pensamento em Dylan.

DIA QUATRO.

  Ouço o apito irritante da monitora e me levanto, aquela mesma rotina de pegar minhas coisas e ir direto para o banheiro “acordar” e estar pronta para o pré treino repassando tudo antes de jogar, não é uma coisa decorada e sim algo que realmente treinamos bastante para poder ganhar. A fila do banheiro já está um pouco grande, me escoro na parede esperando andar, aparece atrás de mim, seus olhos estão borrados de maquiagem e ela parece péssima. Me viro tentando evitar ter uma conversa com ela, ela está sendo tão idiota ultimamente que não estou reconhecendo-a, ela nunca foi assim, não comigo e agora mudou completamente, acho que a popularidade subiu a sua cabeça e a deixou assim. A fila anda e minha vez finalmente chega, caminho até uma das cabines e dou início ao que eu chamo de longo dia.
  Saio do dormitório e caminho lento ainda sonolenta para o refeitório, desta vez sozinha. Já estou com minha roupa do treino e do jogo, o dia será corrido não me restando tempo algum para voltar e trocar de roupa. Entro no refeitório e já me sirvo, como as meninas não haviam chegado me sento sozinha. Enquanto tomo meu café penso novamente em tudo o que aconteceu ontem, penso também em como será depois que essa competição acabar, depois que cada um for para sua casa. Será que ele vai continuar a falar comigo? Ele nem sequer sabe meu nome e muito menos pediu meu número de telefone ou alguma rede social. Dylan foi um garoto que mexeu comigo de uma forma diferente, ele é engraçado e se parece um pouco comigo no modo de pensar e de gostos. Ele ama ler assim como eu e o que mais me deixou surpresa e encantada foi o fato de que ele está escrevendo um romance. Me pergunto se ele disse somente para me impressionar ou a verdade realmente é essa. Meus pensamentos são rompidos quando vejo   , e se sentarem a minha frente com o ânimo de quem acabou de acordar de ressaca.
  — Beberam muito? – Pergunto mordendo um pedaço do sanduiche.
  — Mais ou menos. – responde dando um gole de seu suco.
  — Cara, preciso de um remédio para dor de cabeça urgente, caso contrário não conseguirei jogar. – resmunga.
  — Tenho na minha bolsa, depois te dou. – diz.
  — Por que não foi a festa ontem, ? – pergunta com uma de suas mãos na cabeça.
  — Preferi descansar e ler um pouco, sempre bom. – Dou um falso sorriso e volto a comer.
  — Você perdeu, foi incrível. – Ela continua.
  — Imagino que sim. – Murmuro.
  Nenhuma delas fala mais, apenas começam a comer feito desesperadas. Termino meu café antes, saindo da mesa deixando-as sozinhas. Saio do refeitório e esbarro em Dylan que parecia mais distraído do que eu.
  — Bom dia, princesa. – Ele beija o topo da minha cabeça.
  — Bom dia, está tudo bem? – Pergunto preocupada.
  — Só estou preocupado, meu irmão me ligou dizendo que estava no hospital, parece ser uma intoxicação alimentar, mas mesmo assim me preocupo. – Ele lamente, parece realmente triste.
  — Não fica assim, vai ficar tudo bem. – Afirmo e ele concorda me abraçando.
  — Já tomou café? – Pergunta.
  — Acabei agora, estava indo dar uma volta no lago antes de ir treinar.
  — Eu vou com você, só me espera aqui um minuto. – Concordo e ele sai correndo para dentro do refeitório.
  Desço alguns degraus da escadaria a frente e antes que possa chegar ao fim Dylan aparece com um copo na mão e um sanduiche.
  — Vamos. – Ele diz e concordo dando um sorriso.
  Suas bochechas estão vermelhas devido a sua corrida refeitório a dentro, seu cabelo pouco arrumado, ele veste uma regata e bermudão, um tênis de jogo ao invés de seu all star. Atravessamos a ponte chegando ao lago, caminhamos até o primeiro banco que havia ali e nos sentamos. Ele começa a comer e eu observo o lago tentando relaxar um pouco.
  — O que vai acontecer depois? – Ele pergunta pegando-me de surpresa.
  — O que? – Pergunto não querendo interpretar errado.
  — Sim, o que irá acontecer depois de amanhã? – Ele repete.
  — Me perguntei a mesma coisa hoje cedo. – Respondo ainda olhando para o lago sentindo o ar gélido que batia em meu rosto.
  — Já sei! – Ele se vira para mim fazendo-me o encarar. – Eu irei te visitar um dia sim e outro não.
  — Trinta e cinco minutos todas as vezes, ida e volta você gastaria uma hora e vinte minutos de ida e volta só para me ver? – Indago ele que dá de ombros.
  — Sei que valerá a pena. – Ele sorri fazendo meu coração dar uma leve acelerada.
  — Sério mesmo, Dylan? Eu ainda tenho medo de que só esteja brincando, você nem sequer quis saber meu nome. – Resmungo.
  — Minha garota do Queens, se lembra? – Ele pergunta.
  — Pode haver outra. – Murmuro um pouco confusa. – Isso é loucura.
  — Não, não é. – Rebate. – Eu realmente gostei de você e não quero deixar de te ver por trinta e cinco minutos de distância, nem por uma hora e vinte, nem por dias. – Perco o ar com suas palavras e não sei como respondê-lo. – De verdade, pode ser cedo, mas eu gosto de você e quero poder te levar para sair, ir ao cinema, ao parque, comer. Quero conhecer você melhor, mas quero saber se você me permite isso.
  Ele me olha nos olhos, seus olhos verdes brilham e não poderiam estar mais lindos. Dou um sorriso bobo com essa ideia toda e eu pensei bem, também não quero que isso fique só aqui, quero poder conhecer ele melhor e me divertir mais com ele.
  — Olha, Dylan, acho melhor não. – Lamento e vejo ele se entristecer.
  — Por que, princesa? Isso poderia dar certo, faria de tudo para dar. – Abro um sorriso e ele me olha confuso.
  — Eu estou brincando, é claro que sim. – Ele me olha com os olhos semicerrados e me beija de surpresa.
  Meu coração dispara mais uma vez assim como meu ar se esvai dos pulmões.
  — Com quem aprendeu a ser assim? – Ele pergunta acariciando meu braço.
  — Um garoto do Brooklyn que outro dia fingiu estar bravo por ele mesmo ter me oferecido uma bebida. – Ele gargalha e se levanta pegando minha mão.
  — Temos que treinar gatinha, o jogo é em menos de duas horas. – Ele alerta e concordo levantando-me.
  — Quem chegar por último é a mulher do padre. – Antes de terminar a frase já corro na frente dele.
  — Não vale. – Ele grita e logo chega ao meu lado.
  Treinamos por pelo menos uma hora antes do jogo começar. Como era a última competição a plateia estava mais cheia desta vez, ou seja, mais gritos para tirar nossa concentração. Todos nós estávamos em nossos lugares esperando para que fossemos chamados para dar início ao jogo. Vi Dylan do outro lado acenando para mim e fiz o mesmo, voltei minha atenção para o treinador que nos chamava.
  — Bom dia a todos! Hoje daremos início a última competição do torneio desse ano. Lembrando que na frente está o colégio do Queens, seguido pelo Bronx, Brooklyn, Staten Island e Manhattan. Hoje iremos competir na modalidade esportiva de vôlei, portanto queria explicar que o jogo se iniciará da seguinte forma: como Queens está na frente ele iniciará jogando contra Manhattan, o vencedor dos sets jogará contra o próximo time assim sucessivamente até que os mais pontuados se enfrentem no final. Que comecem os jogos e boa sorte a todas as equipes.
  Caminhamos até o centro da quadra em formação, o apito é soado e iniciamos o jogo.
  Vencemos por dois sets a um e nossa próxima equipe foi a do Bronx. O jogo no início estava difícil e perdemos por três sets a zero. Bronx contra Brooklyn e Brooklyn ganha por dois a um. Brooklyn contra Staten Island, ganham por dois a um novamente.
  — Queens e Brooklyn se enfrentarão e o ganhador jogara contra Bronx. – O juiz anuncia e voltamos para a quadra novamente.
  Dylan me lança um olhar malicioso e apenas lhe respondo com um sorriso. Brooklyn ganha de nós e enfrenta Bronx no set final. O tempo todo observo Dylan que está totalmente focado.
  O apito soa e o jogo é finalizado com a vitória de Brooklyn, bem merecida. A torcida comemora com assobios e palmas, enquanto o time com pulos e abraços. Dylan corre até mim e me abraça forte tirando meus pés do chão, ele beija minha bochecha e sorri feliz.
  — Não acredito que ganhamos. – Ele diz ainda extasiado pela vitória.
  — Parabéns, vocês mereceram. – Digo e ele não para de sorrir.
  A torcida começa a se retirar da quadra ainda comemorando, espero que diminua o tumulto para que eu possa ir e tomar um banho. Teremos o resto do dia livre hoje para arrumar as malas e descansar. Amanhã ocorrerá a entrega dos troféus e então iremos para casa finalmente. O bom disso tudo é que já voltaremos de férias de verão, será um bom descanso pós campeonato. Saio da quadra indo para o dormitório, ainda há pessoas pulando e comemorando na área em frente às casas. Entro no dormitório já pegando minhas coisas indo direto ao banheiro.
  Depois do banho voltamos ao refeitório para o almoço, me sentei com Dylan junto às meninas também e desta vez nenhuma delas falou nada. às vezes encarava Dylan, mas continuava sem dizer nenhuma palavra. Eu não acredito que basicamente hoje será o penúltimo dia, e mesmo feliz com o que Dylan disse sobre ir me ver eu ainda tenho receio. Eu espero mesmo que tudo dê certo e possamos nos ver, mesmo que como amigos. Termino o almoço e vou para o parque que tem ao lado do lago seguida por Dylan.
  — Não queria que tudo isso acabasse. – Digo me sentando em um dos balanços, Dylan fica atrás de mim puxando o balanço devagar.
  — É tão divertido. – Ele diz me empurrando.
  — Não perguntei, mas estou curiosa, qual é seu nome todo, afinal? – Pergunto aleatoriamente.
  — Você não vai rir? – Ele pergunta sério.
  — Prometo.
  — Ok. Meu nome todo é Dylan Thomas Sprouse. – Ele diz um pouco baixo.
  — Eu gosto do seu nome, mas agora irei te chamar de Thomas. – Ele segura o balanço e se aproxima do meu ouvido.
  — Nada disso, garotinha. – Ele beija meu pescoço e me solta.
  Ficamos ali conversando por horas até dar a hora do jantar. Todos nesse momento pareciam tristes e presumo que eles também não queiram que isso acabe. O jantar não foi longo e eu também não enrolei, havia voltado rápido para o dormitório para arrumar minhas coisas, amanhã será apenas a entrega e logo depois já iremos embora. Coloco tudo o que é meu que está espalhado pelos lados na mala e dobro as roupas para que tudo fique arrumado. Deixo de fora apenas a roupa que usarei amanhã e meu livro.
  Tudo está arrumado, me deito na cama com meu livro e inicio a leitura, amanhã será um outro longo dia e espero também que coisas boas aconteçam.

DIA CINCO.

  Me levanto um pouco antes da monitora entrar no quarto com aquele seu apito irritante acordando todas no susto. Pego minhas coisas caminhando lentamente até o banheiro, novamente a primeira a tomar banho. Ouço a monitora gritando no quarto assim que já estou no chuveiro. Termino meu banho e já me arrumo, coloco o resto das coisas na mala e já a deixo por cima da cama pronta para levá-la ao ônibus depois. Saio do dormitório e ao invés de ir para o refeitório decido dar uma última volta por todo o acampamento, talvez ano que vem eu não participe, quem sabe o que poderá acontecer até lá. Atravesso a ponte chegando ao lago que de todos é o meu lugar preferido, caminho por ele logo chegando ao parque. Dou a volta saindo nos campos e quadras, é a maior parte daqui. Depois dessa volta saio na parte dos dormitórios masculinos e vou caminhando rapidamente para o refeitório vendo que todos já estão indo para lá.
  O café termina e todos já nos reunimos na quadra, a torcida nas arquibancadas e equipes e seus treinadores no centro da quadra para receber os troféus. Tudo já estava arrumando quando chegamos e só faltava o diretor do campeonato para anunciar os vencedores dele ano. Vejo Dylan na ponta da fileira junto a sua equipe e dou um sorriso para ele que me retribui. O diretor chega e todos aplaudem ele, que agradece e pede silêncio a todos.
  — Bom, primeiro venho agradecer a todos por mais um ano poder estar aqui competindo e dando o melhor de vocês, mostrando sempre que estão melhores a cada ano que passa. Segundo, dizer que esse foi um dos melhores anos dessa competição, em todos os quesitos, organização maravilhosa, todos colaborando, não houve brigas e tudo ocorreu melhor que o planejado, vocês estão de parabéns. E agora venho anunciar os vencedores desse ano, já digo que foi uma decisão muito difícil a se tomar, pois realmente as equipes desse ano estavam ótimas. Então lá vamos nós! Em terceiro lugar, com noventa pontos, Bronx! Podem subir para pegar seu troféu.
  A torcida aplaude e elogia a equipe, logo silenciando para a anunciação do segundo lugar.
  — Parabéns ao Bronx. Em segundo lugar, um dos colégios que sempre vêm ganhando em primeiro esses anos seguidos, mas esse ano com cento e quinze pontos, Queens! Subam para pegar seu troféu.
  Nossa equipe dá um abraço coletivo e nós junto ao treinador subimos para pegar nosso troféu enquanto todos estavam nos elogiando e aplaudindo.
  — E agora em primeiro lugar um colégio que se destacou nas atividades, além de bom comportamento. É com grande prazer que parabenizo ao Brooklyn o primeiro lugar do campeonato anual esportivo escolar!
  Todos aplaudiram enquanto eles pulavam de alegria ao pegar os troféus.
  Vejo Dylan vir correndo até mim pegando-me num abraço, ele me beija na frente de todos e pela primeira vez não estava me importando com isso. Ele me abraça forte novamente e posso ver a felicidade em seu rosto por ter ganhado em primeiro lugar.
  — Parabéns, vocês mereceram. – Digo e ele continua eufórico.
  — Agora é a hora, você já pode me dizer. – Ele me lembra e eu dou um sorriso.
  — Está preparado?
  — Mais do que nunca. – Ele segura minhas mãos e dá um sorriso.
  — Lá vai, hein. – Dou uma pausa e ele resmunga. – Meu nome é .
  Ele sorri e me surpreende com um beijo novamente, será isso um bom sinal?
  — Não podia ser mais bonito. – Ele diz segurando minha mão, me puxando para fora da quadra.
  A comemoração acabou e todos já estavam colocando suas malas nos ônibus prontos para ir embora. Minha mala já estava no ônibus e estava apenas esperando para poder entrar. Dylan não havia aparecido e já estava começando a achar que realmente não iria além do acampamento. Todos já estavam entrando e quando me juntei a eles sinto alguém puxar meu braço e me beijar, era Dylan.
  — Vim correndo, meu ônibus já está quase indo. – Ele diz ofegante. – Anota aqui seu telefone.
  Ele me entrega seu celular e eu salvo meu número, logo o entregando de volta.
  — Me dá seu celular, rápido. – Entrego o meu a ele que salva seu número também.
  — E agora? – Pergunto.
  — Quando se sentir entediada na viagem de volta me manda mensagem, quando chegar em casa me manda mensagem. – Ele diz apressado.
  — Se você não me mandar mensagem eu também não mandarei. – Rebato.
  — Eu vou mandar, princesa, eu prometo. – Ele sorri e coloca a mão no bolso. – Agora preciso ir, se cuida, está bem? Toma. – Ele me entrega um pirulito me fazendo rir com a lembrança. – Eu vou te visitar muito em breve.
  — Tudo bem Dylan, se cuida. – Digo o beijando, em seguida o abraço forte.
  — Minha garota do Queens. – Ele sussurra em meu ouvido e me beija novamente.
  Nos separamos e ele corre de volta para onde seu ônibus estava, entro no meu ônibus e me sento no lugar que já estava guardado para mim. Olho para o pirulito e não consigo evitar sorrir, quando pego meu celular para ver seu número sorrio mais ainda ao ver seu nome “Meu garoto do Brooklyn”.

  UM ANO DEPOIS...
  Meu telefone toca pela terceira vez em dois minutos, saio correndo do banheiro para atender e quase caio com o escorregão que levei. Ao mesmo tempo que atendo ouço minha mãe me gritar e travo no meio do corredor com o celular na mão.
  — Oi meu bem. – Digo terminando de me enxugar.
  — Já estou aqui, cadê você? – Ele pergunta e eu reviro os olhos.
  — Estou aqui em cima, Dylan, para de bobeira e vem aqui. – Desligo o telefone quando o vejo rindo.

  — Nem demorei, não é? – Ele me beija e entra no quarto comigo.
  — Veio de que? Jato? Eu nem terminei meu banho direito. – Resmungo e vejo ele parado em frente ao meu guarda-roupa escolhendo algo.
  — Minha mãe me emprestou o carro, vai ficar comigo o final de semana inteiro. – Ele pega um vestido e coloca a sua frente negando com a cabeça.
  — Jura? Isso é ótimo. – Vou até o guarda-roupa pegando o vestido que já havia escolhido para usar.
  — Não, muito curto. – Ele murmura. – Pode ser, vai ficar linda.
  — Você tem problema. – Vou para o banheiro para me trocar.
  Me visto e aproveito para passar a maquiagem sem que Dylan me perturbe. Eu adoro que ele faça isso, mas hoje estamos com pressa e se ele fizer isso agora iremos chegar bem atrasados. Arrumo meu cabelo e estou pronta, saio do banheiro voltando para o quarto e Dylan não está lá, com certeza deve ter ido implicar com minha mãe. Pego meu sapato e quando termino de pôr, ele aparece com sua bolsa na mão e logo a coloca no chão ao lado da cama.
  — Trouxe alguns filmes pra gente ver de madrugada. – Ele diz e eu balanço a cabeça.
  Me levanto indo passar o perfume, pego minha bolsa e meu celular e saio do quarto deixando Dylan para trás.
  — Mãe, como estou? – Pergunto a ela que para sua anotação para me olhar.
  — Lindíssima, minha querida. – Dou um sorriso e logo a beijo no topo da cabeça e vejo Dylan fazer o mesmo. – Se cuidem.
  Saímos de casa e assim que entramos no carro Dylan deu partida.
  — Já disse que amo você hoje? – Ele pergunta.
  — Só umas cinco vezes. – Respondo enquanto me olho no espelho do carro.
  — Te amo, agora são seis. – Ele sorri bobo e eu faço o mesmo.
  — Te amo. – Digo o beijando marcando sua boca de batom de leve.
  Faltavam cinco minutos para o início do evento de seu pai. Ele é dono de uma empresa nova de tecnologia que fez muito sucesso já na primeira semana de iniciação no mercado e hoje seria o evento de lançamento dos novos produtos. Chegamos faltando dois minutos e já entramos correndo no cerimonial. Cole estava esperando a gente para poder subir lá e ficar ao lado de seu pai, nos apressamos mais um pouco e não tive tempo nem de falar com ele, pois o evento deu início naquele minuto.

[...]

  — Estou exausta. – Digo me jogando na cama.
  — Não é só você. – Dylan diz tirando seus sapatos e logo sentando-se na ponta da cama.
  — Seu pai vai ter muito sucesso, de verdade. – Digo enquanto tiro meus sapatos.
  — Espero um dia ser como ele. – Ele se levanta pegando sua roupa para trocar.
  — Vai ser sim, amor. – Me levanto pegando minha roupa também, porém vou ao banheiro.
  Troco de roupa e volto para o quarto, mas Dylan não está lá, são um pouco mais da uma da manhã. Desço as escadas e vou para a cozinha encontrando Dylan lá em frente a geladeira. Ele pega um pedaço da torta de chocolate que minha mãe havia feito para ele depois de tanto ele pedir a ela. Para a sorte dele ela gosta bastante dele ao ponto de fazer um dos seus doces preferidos. Voltamos para o quarto e Dylan liga a TV procurando algo legal, ele deixa em um filme qualquer e nos sentamos para comer e ver o filme.
  Já estou morrendo de sono e Dylan já está dormindo, me levanto para apagar a luz e desligo a TV. Assim que deito na cama Dylan acorda e deita atrás de mim me abraçando, suas mãos envolvem minha cintura e ele beija minha nuca de leve. Me lembro dos dias do acampamento que passei com ele e lembro que não imaginaria que estaríamos aqui hoje. Nesse ano que se passou Dylan foi persistente, estava sempre aqui para me ver e nunca sequer deixou de vir, conquistou minha mãe do mesmo jeito que me conquistou, com seu jeito doce e engraçado. Depois de seis meses ele finalmente me pediu em namoro e foi um dos melhores momentos para mim e desde então ele passa às vezes uma semana aqui, às vezes só os finais de semana, tem sido assim e tem sido maravilhoso ter ele comigo aqui sempre.
  — Boa noite, princesa. – Ele sussurra se aconchegando mais.
  — Boa noite, meu amor. – Sussurro de volta sentindo mais um beijo em minha nuca.

Fim!



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