Psychopath
Escrito por Eva Mohn | Revisado por Luanna
- Mãe, a senhora precisa dormir... Precisa descansar. - sussurrou enquanto ajudava sua mãe a se deitar na cama.
- Eu sei, mas não consigo dormir. Estou com sono, mas não consigo dormir... A Christie sempre cantava para mim quando eu tinha insônia... - ela murmurou, deixando uma lágrima escorrer.
- A Christie não vai voltar mãe... A senhora precisa lidar com isso.
suspirou pela milésima vez no dia e se sentou no chão do quarto da mãe, enquanto a mesma virava para o lado enquanto soluçava baixinho. Ela estava cansada daquela rotina, cansada de tudo e todos a sua volta. Desde que sua irmã mais nova tinha sido misteriosamente assassinada há um mês e meio, a vida de sua mãe havia parado. Christie era a garota dos olhos dela e de qualquer um que a conhecesse. Ela era a garota perfeita: Aparência perfeita, comportamento perfeito, vida perfeita. Sua mãe desenvolveu com o passar dos anos uma fascinação por Christie, às vezes até se esquecia de que tinha outra filha.
Mas como tudo que é bom se acaba, em uma tarde nublada de janeiro a caçula devota da família Elliot fora achada morta a golpes de faca, caída ao pé de uma árvore no jardim. Sem sequer indícios de quem poderia ter feito tal atrocidade, a pequena cidade de Glastonbury mostrou-se chocada e aparentemente de luto pela perda de uma das jovens mais queridas da comunidade. E apenas uma pergunta preenchia a mente de todos:
Quem havia matado Christie Elliot, e por quê?
- Bom dia senhorita Elliot, sua mãe está?
- Sinto muito, ela ainda está dormindo. - disse ao jovem policial que esperava na porta de sua casa.
- Nesse caso, poderia me acompanhar até a delegacia?
- Do que se trata? - ela perguntou nervosa.
- Sobre o... Assassinato de sua irmã. Novas evidências significativas surgiram e precisamos fazer-lhe algumas perguntas.
- Novamente? Tanto eu quanto a minha mãe ainda estamos em choque com a morte de Christie, não queremos passar por isso de novo... Principalmente minha mãe. Ela está muito abalada.
- Eu sinto muito senhorita, mas terá de me acompanhar. Deixe sua mãe dormindo, falaremos apenas com você.
bufou irritada e entrou novamente em casa, pedindo o policial que esperasse alguns minutos. Ela fechou a casa rapidamente e escreveu um bilhete para sua mãe, explicando-a que iria novamente à delegacia. Ela se sentiu extremamente envergonhada e cansada de andar novamente naquela viatura e de ter que ser interrogada mais uma vez pela policial. Já não bastava a dor da morte da irmã, ainda precisavam lembra-la a cada segundo do que havia acontecido.
Assim que chegou a delegacia, ela abaixou o olhar e seguiu o policial até uma pequena sala que já lhe era familiar: Onde interrogavam suspeitos. Ela se sentia suja por pisar onde vários criminosos já haviam estado.
- Bom dia senhorita Elliot. - o policial que já estava sentado lá disse gentilmente. - Aceita café? - ele estendeu um copo e ela aceitou, bebendo um gole e se sentando.
- Bom dia oficial. Obrigada. - o policial que já a havia trago saiu silenciosamente e fechou a porta, deixando o silêncio atrás de si.
- Sentimos muito em incomoda-la novamente senhorita, mas como já deve saber, novas evidências vieram a tona e achamos que seu depoimento possa ser significativo se ouvido por uma segunda vez... Pode me contar novamente sobre a noite em que Christie morreu?
- Tudo bem... - ela suspirou - Christie saiu com seu namorado, , mas chegou em casa cedo. Disse que estava com dor de cabeça e preferiu voltar pra casa mais cedo. Ela subiu pra tomar banho e eu fiquei vendo TV até umas onze, até então subir para ver se ela estava dormindo. Ela estava em sono profundo e minha mãe estava lendo em seu quarto. Eu troquei de roupa e fui me deitar... Quando eu acordei no dia seguinte, havia várias viaturas na minha casa e minha mãe chorava desesperadamente enquanto me dizia que minha irmã estava morta. - ela disse enxugando as lágrimas e tomando um gole do café.
- Sinto muito fazê-la passar por isso novamente. - ele disse entregando-a um lenço que ela usou para enxugar as lágrimas que lhe escorriam pela face - Nós acabamos descobrindo que a arma do crime era na verdade uma faca da sua casa... A pessoa que matou Christie teve acesso à sua casa, mas não achamos sinal de arrombamento.
- Vocês acham que a Christie deu a chave a alguém?
- Nós achamos que quem a matou já estava dentro da casa. - ele disse sério.
- Espere... Vocês acham que eu matei minha irmã? Eu matei Christie? - o policial continuou parado e ela gargalhou limpando as lágrimas - ISSO É RIDÍCULO! - ela gritou se levantando e tentando abrir a porta, sem sucesso. - Eu vou abrir.
- Você emitiu várias coisas da policia, o que acabou te tornando uma das principais suspeitas do assassinato. Não mencionou que havia brigado com Christie no dia em que ela morreu, como sua mãe nos relatou, e também não contou que o Senhor , namorado da sua irmã era seu ex-namorado. - respirou fundo segurando a maçaneta da porta e se virou para o policial novamente.
- Isso é tão ridículo! Não está vendo como soa ridículo? Eu jamais mataria minha própria irmã! E eu não vejo como o fato de já ter sido meu namorado pode influenciar de alguma maneira essa investigação, é algo da minha vida pessoal e que não é da conta de nenhum de vocês.
- Nós interrogamos todos os amigos de Christie e inclusive o próprio namorado em si. Todos nos disseram a mesma coisa: Você e Christie tinham uma péssima relação, brigavam o tempo todo e já quase foram expulsas do colégio por agredirem uma a outra nas mediações do colégio.
- Sim, às vezes nós brigávamos, mas que irmãos não brigam? Nós nos amávamos, mas tínhamos nossos problemas. - ela disse chorando ainda mais e se sentando de novo.
- A quem está tentando enganar, senhorita Elliot? Porque se for a mim, já aviso que não conseguiu. Eu sei que você morria de inveja da sua irmã, da popularidade dela... Afinal, ela tinha tudo que devia ser seu. Ela andava com as garotas da sua classe, roubou o seu namorado, tinha toda a atenção da sua mãe e era a queridinha de todos... Mas você, você era a mais velha. Deveria ser a melhor, a mais importante...
- Cala a boca.
- Todos deveriam amar a você e não a Christie. deveria lhe amar, as garotas deveriam sair com você, sua mãe deveria dar mais atenção a você.
- As coisas não eram assim... - ela balançava a cabeça negativamente e estava novamente de pé. - Não eram assim.
- E naquela noite, Christie fez algo que você não conseguiu suportar: Ela insinuou que já dormia com o namorado. E você acabou explodindo com ela... Sua mãe lhe xingou e você acabou perdendo completamente sua paciência... Esperou todos irem dormir e então você pegou uma faca na cozinha...
- PARE!
- Você caminhou até o quarto da sua irmã calmamente, posso até apostar que você estava sorrindo.
- EU NUNCA MACHUCARIA A CHRISTIE!
- Você tapou a boca dela com fita adesiva para que ela não gritasse e acordasse sua mãe...
- EU AMAVA CHRISTIE!
- Então você pegou a faca e...
- VOCÊ NÃO ENTENDE! - ela gritou ainda mais alto, tremendo. - NENHUM DE VOCÊS ENTENDE! ERA SEMPRE A CHRISTIE, SEMPRE FOI... A MINHA VIDA TODA, AS PESSOAS NUNCA ME DERAM ATENÇÃO, ERA SEMPRE A CHRISTIE. E isso me deixava tão cansada às vezes... - ela se sentou e olhou nos olhos do policial - Me deixava muito cansada. Eu não aguentava mais, eu não a queria mais por perto! Eu queria que pela primeira vez as pessoas prestassem atenção em mim... Queria que elas me amassem.
- Me conte o que realmente aconteceu na noite em que Christie morreu.
- Quando ela chegou mais cedo do encontro, eu pensei que eles tivessem tido uma briga ou algo assim, mas ela disse que estava com muita cólica e que estava menstruada... Disse que estava desconfortável e que se continuasse mais tempo com ia acabar querendo transar com ele e não poderia. Nós começamos a brigar porque eu disse que ela era muito nova pra ter esse tipo de relação com um cara... A Christie só tinha quinze anos! Ela me mandou para o inferno e subiu com raiva para o quarto. Minha mãe desceu e começou a brigar comigo... Disse que eu não tinha o direito de fazer aquilo com a Christie, que ela não estava fazendo nada de errado. Aquilo sim me deixou totalmente enraivecida... Você sabe, eu amo o , sempre o amei. Nós namoramos por quase um ano e daí minha irmã entrou no colegial, ele a conheceu... E quem não prefere a Christie? A irmã caloura gostosinha e simpática da Elliot... Eram assim que a conheciam quando chegou à escola. Mas um tempo depois, as pessoas começaram a se esquecer do meu nome, daí eu era só a irmã mais velha repetente veterana e não tão gostosa da Christie Elliot, a gostosona da escola. Ela só tinha quinze anos e achava que era a rainha da escola... Ela roubou minhas amigas, meu namorado, minha mãe, MINHA VIDA! Ela se achava a maioral, mas nunca ligou pra mim ou pra qualquer um... Era uma vadia egoísta. É, eu matei Christie Elliot. Eu entrei no quarto dela, tapei a boca dela e enfiei aquela porra de faca no peito dela... E enfiei de novo, e de novo, e de novo... E quer saber? Eu gostei. Eu gostei do medo nos olhos dela, dos gritos sufocados de dor, do sangue... Era como se eu tivesse tirado um peso das minhas costas. E quer saber de outra coisa? Eu não me sinto culpada, ou triste. Eu estou feliz.
- Feliz por estar indo pra cadeia?
- Feliz porque não vou ter que aguentar a Christie nunca mais. - ela respondeu sorrindo enquanto ouviram a porta se abrir.
- Elliot, você está presa pelo assassinato de Christie Elliot... Você tem o direito de permanecer calada e tudo o que você disser poderá e será usado contra você no tribunal. Você tem o direito a um advogado, se não tiver dinheiro para pagar um o estado providenciará um para você... - outro policial dizia enquanto algemava e a conduzia pela delegacia.
Todos a olhavam assustados, ninguém nunca pensou que mataria a própria irmã. Elas tinham suas diferenças, suas brigas, mas eram irmãs. Elas deveriam se amar, assim como afirmava.
- Você é doente. - ela ouviu uma voz atrás de si e se virou para encarar , que tinha os olhos vermelhos e a olhava horrorizado.
- Eu fiz isso por você, . Por nós dois... Agora nós vamos poder ficar juntos pra sempre. Não vê? - ela disse rindo.
- Tenho nojo de você, como pode matar sua própria irmã?
- Fácil, com uma faca. - ela sorriu. - Não seria a primeira vez, sabe. Tem muitas coisas que as pessoas não sabem sobre mim. - ela sussurrou para ele, arqueando as sobrancelhas.
- Eu nunca pensei que você faria isso . - uma outra voz disse e se virou novamente, encarando sua mãe.
- O que você está fazendo aqui mãe?
- Eu achei seu bilhete e resolvi vir atrás e ver se tudo estava bem, só checar. Eu nunca pensei que você seria capaz de matar sua própria... Eu deveria ter te mandado para um sanatório assim que tive a chance.
- Um sanatório? É, talvez lá alguém me amasse, algo que você nunca fez... - ela deu de ombros e sentiu o policial a puxar pelas algemas. - Como é a sensação?
- Que sensação?
- De ter uma filha morta e a outra ser uma psicopata... De ter ouvido diversas vezes o médico falando que sua filha era uma psicopata, uma sociopata, que ela não podia sentir... E mesmo assim ter ignorado. Como é a sensação de saber que você é a culpada pela morte da própria filha?
- Eu nunca pensei que você fosse realmente doente. Eu tive fé.
- Oh mamãe, você teve fé? Teve fé enquanto viu sua filha fingir esses anos todos e soube que algo estava errado?
- Não me chame de mãe... Não sou sua mãe, não sou nada sua. - ela disse dando as costas a , que gargalhou novamente e deixou o policial a puxar.
O policial a levou até a viatura e a jogou lá dentro sem cerimônias. sorria por dentro, talvez fosse felicidade. Provavelmente não, ela não sabia, nunca havia sentido-a. Ela nunca havia sentido nada e gostava disso, gostava de fingir e não sentir. Afinal, é isso que os psicopatas fazem, não é?
Fim
&mesp; Sweeties *-* Eu sei que essa fanfic tá uma porcaria, fiz correndo só pra não dizer que não participei do especial! Eu tinha outros planos pra fanfic, mas foi isso que saiu então Amém!
&mesp; Espero que tenham gostado, comentem e me façam ganhar... Ok, se quiserem! HAHA.
&mesp; xx Eva.