Psicopata
Escrito por Klarices S. | Revisado por Lelen
Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 9ª Temporada // Tema: Homicídio doloroso (com intenção de matar)
Seus saltos chocam-se com o chão e o barulho ecoa por todo o salão. A dona deles, prossegue com seu destino.
Há uma fileira de bancos pretos postos juntos a parede, duas mulheres estão sentadas em dois bancos e ocupando-se com coisas banais. As pernas cruzadas e o rápido movimento de suas pernas indicam que elas estão nervosas e bem aflitas.
, dona dos saltos que chamam atenção à ela, escora-se no balcão de atendimento. Uma funcionária vira-se para si e anda em sua direção; um sorriso demonstra gentileza e em uma voz bem fina diz:
— Bom dia. Em que posso ajudá-la? — A mulher tem um nariz achatado e abaixa sua cabeça para olhar para o computador a sua frente.
— Tenho hora marcada com o Dr. — responde , um pouco impaciente.
— Nome, por favor? — pede ela e ajeita seus óculos que antes caíam de seu nariz.
— . É necessário o documento?
— Não, o doutor já irá lhe atender. Obrigada. — sorri em agradecimento e caminha-se para os bancos pretos.
Ela leva junto a ela sua bolsa preta de couro, carregando-a como se houvesse algo muito precioso. E talvez, houvesse.
Enquanto espera pelo atendimento, sua frio, sente seus cabelos grudarem em sua nuca. Limpa as mãos em sua calça jeans e prende sua atenção nas paredes, refletindo sobre o que diria a .
, em nenhum momento de sua vida, pensaria que estaria sentada em uma sala assemelhada a um hospital, esperando ser atendida por um psicólogo como se ela fosse uma doente mental, que tivesse problemas e não pudesse lidar com eles.
A segunda porta de um corredor extenso, abre-se e dela sai um homem; com um corte atual. Seus olhos vasculham a sala de espera e ele finalmente diz algo.
— .
já caminha em sua direção, não era necessário que ele dissesse seu nome, pois, ela, já o conhece.
Os olhos de captam o de e ele dá-lhe espaço para entrar pela sala de atendimento. Ao entrar, olha tudo ao redor, não esperava nada demais; uma mesa de vidro central, dois sofás pequenos e um escritório no canto da sala, seguido por uma estante que carrega em si, vários livros grossos de títulos desconhecidos.
Tudo é branco e sente-se enjoada, ela anceia por dar cor ao lugar.
Ouve-se a portar fechar-se. caminha para o sofá e estende a mão para frente, insinuando para que , sente-se a sua frente.
Assim ela o faz, deixando somente o espaço da mesa transparente separando os dois.
— Gostaria de se apresentar? — pergunta ele.
nega rapidamente.
— Então é decidida? — Ele volta a questionar e ri, mas não acha graça, fazendo-o calar-se. — Eu sei que as primeiras sessões são bem difíceis, , mas não precisa ficar acanhada, sabe que pode confiar em mim, não?
— Sim — responde , indiferente. — Mas podemos logo pular para a parte que conto meus problemas?
— Com certeza decidida — afirma . — Sabe, , se estivéssemos em uma roda e se fossemos para apostarmos em uma pessoa da sala, aquela que há um problema que lhe aflige, de todos, você seria a única qual eu não apontaria. Tem certeza que está no lugar certo?
— Estou confusa quanto isso, seria um elogio? — dá de ombros. — Mas como um psicólogo, deveria saber que todos tem problemas, não? — Os olhos de focam-se nos de , causando-lhe um arrepio de desafio.
— Muito esperta, senhorita — fala ele. — Posso chamá-la assim?
— Não, não temos intimidade o suficiente. estaria ótimo — responde-lhe e tem sua confirmação de que está o desafiando, o olhar que é lançado a ele diz que ela não quer contar-lhe seus problemas, talvez, mas sim algo a mais.
suspira e faz-se de incômoda.
— Vou contar-lhe minha história, — começa . — Se estiver disposto a ouvir até o final, claro.
— Estudei para isso, diga-me , o que te aflige? — sorri com a resposta dada a si.
— Promete não chorar? — pergunta ela, em desafio. ri de escarnio e assente. — Promessa é dívida.
— Então tenho uma dívida com você, .
— Cobrarei mais tarde — diz ela. — Vou começar de meus quinze anos, tudo bem? — assente. — Eu estudava em uma escola qualquer, e tinha uma melhor amiga qualquer, e desde que eu comecei a estudar nessa escola, eu fiquei apaixonada por um cara.
“Ele era muito, muito lindo, mas ele também era bem galinha e mulherengo. E não quis nada comigo, um dia a namorada esnobe dele chegou até a me esculachar, mas eu não liguei e apesar de tudo, nem meu nome ele sabia. Passar dos anos, o último dia de aula que também era o baile chegou, e eu lhe convidei, mas ele recusou e até fez um discurso dizendo que nunca sairia com gente como eu.” olha para em busca de uma expressão, ele assente e ela fica frustrada. “Eu resolvi deixá-lo de lado, e o amor que havia sobre ele tornou-se em ódio. Mas, Dr. Não é isso que me aflige, e-eu sou uma psicopata” Os olhos de , agora, se esbugalham e sua expressão é surpresa. “Eu gosto de dar cor às coisas, um vermelho intenso, uma cor tão vermelha quanto um machucado sangrento.”
— N-não compreendo, . Onde quer chegar com isso? — ele pergunta, sorri debochada.
— A questão, é que não sou muito de falar, eu gosto de agir. E eu já matei uma pessoa.
— O quê?! , você precisa dizer isso a policia!
— Não posso, minha mãe me mataria. — ri de escárnio, e , ainda assustado permanece calado.
— Por que sua mãe te mataria? — Ele resolve perguntar, ainda incerto e com medo da resposta.
— Porque eu matei meu irmão, idiota — responde ela. — E hoje, vim lembrar-te do seu passado, .
— Q-que passado?
— Aquele que toda pessoa tem. Durr. Mas eu estive no seu passado, sabe? Foi você quem me humilhou — levanta-se do sofá e dirigi-se até a porta. — E hoje, você vai pagar.
— Por favor, Srta. , peço que se controle, sente-se e vamos conversar como duas pessoas civilizadas, o que eu te fiz?
assente e tranca a porta, retorna a seu lugar e revira sua bolsa.
— Você não lembra, ? Eu sou a esquisita que mereceu todo o seu esforço para criar um discurso sobre como ninguém nunca ficaria comigo. Não lembra da antiga eu?
— Me desculpe, eu não me lembro de você — responde ele cabisbaixo. — Mas estou disposto a te ouvir.
— Não estou disposta a te contar. Sabe, o seu queridinho ex-amigo, Scott? — pergunta ela, contendo um sorriso.
— Do colégio, é claro que lembro! — diz entusiasmado, mas depois olha para que sorri. — O que você fez?
— Ele era meu irmão. As coisas estão clareando pra você, ?
— Ah meu Deus! Você é a esquisita irmã do Scott!
— Ponto pra você!
— Mas o que quer comigo?
sorri diabólica.
— Diga-me , você tem filhos? — pergunta-lhe e ele assente, confuso e incerto.
— Sim, claro. Tenho filhos e uma esposa, mas o que isso te importa?
— Eu gostaria de saber se alguém ficaria órfão — retrucou ela, — acho que já sei minha resposta.
— O que você vai fazer, ? — levanta-se.
— Deixar crianças sem pais — responde-lhe e retira da bolsa um revolver.
— ABAIXE ISSO! — pede , aponta para ele e depois para o sofá. assente com as mãos em frente ao peito, em seguida senta-se no sofá. — Não precisa de violência, ! Tudo pode se resolver em uma boa conversa.
— Você atrasou anos de minha vida, eu fui muito iludida e isso me trouxe um choque de realidade. O tempo passa e com você eu já o perdi demais, agora, me diga , quais suas últimas palavras?
Os olhos de transmitem uma mistura de medo, arrependimento e confusão.
— Diga à minha mulher que a amo. — Ele fala e o sorriso de deboche na face de some.
Sua face é tomada por uma expressão de fúria e raiva.
— Poderá dizer isso você mesmo, quando encontrá-la no inferno.
A arma é apontada para .
Então um enorme barulho é ouvido e põe as mãos ao peito, sua camisa, antes branca, enche-se de vermelho.
Há cor naquela sala. sente-se satisfeita e uma onda de prazer passa por si.
Ouve-se o barulho da porta chocando-se com o chão, arrombamento. Dois homens armados estão sobre a porta e eles correm para que olha para e sorri.
Ela é algemada e retiram-lhe seu revolver. Enquanto empurrada na direção da porta, olha para o corpo de , sem vida e ensanguentado e ri ainda mais.