Promise

Escrito por Natália N. da Silva | Revisado por Jéssica

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Início

  Eu tinha exatamente seis anos quando, na manhã de um dia aparentemente chato, um caminhão encostou-se à mansão em frente a minha casa, que ficava em um bairro de Cheshire, uma cidadezinha no interior da Inglaterra, chamado Holmes Chapel. A mansão era muito legal, não sei por que ninguém nunca quis morar ali, estava abandonada há anos desde que a dona, que minha mãe disse que era uma velha rabugenta que ficava incomodando os vizinhos o tempo todo, havia ido morar num asilo.
  Naquele dia à noite, minha mãe, como uma vizinha exemplar, preparou um bolo e me arrastou até a mansão para dar ‘boas-vindas’ aos novos vizinhos.
  Chegamos lá e um garoto que devia ter aproximadamente uns 12 anos nos atendeu.
  - Olá! – Minha mãe exclamou feliz. Eu estava visivelmente com uma cara de tédio, apenas acenei. – Viemos dar as boas vindas! Seus pais estão em casa? – Percebi que quando minha mãe falou dos pais do garoto, ele, que sorria, desmanchou seu sorriso e mirou o chão.
  - Oi, sou Greg! Entrem, minha mãe está na cozinha arrumando algumas caixas. – Ele finalmente sorriu para nós e deu um passo para o lado, deixando-nos passar.
  Logo uma mulher loira, de cabelos curtos e com uma com um belo sorriso no rosto veio nos receber.
  - Olá! – Disse a nós, dando um beijo na bochecha de cada uma. – Meu nome é Maura, é um prazer recebê-las em minha casa!
  - Prazer, sou ! – Minha mãe se apresentou. – E essa é minha filha, .
  - Oh, que bela filha! – Ela sorriu para mim e eu retribui. Gostei dela. – Tenho um filho do seu tamanho, Niall.
  - Legal. – Falei sem expressão, eu era tímida, eu era apenas uma criança, eu não gostava de falar de garotos. Minha mãe e ela se entreolharam e deram uma risadinha.
  Elas começaram a conversar e acho que foi aí que se tornaram tão amigas. Também descobri porque o garoto ficou triste quando minha mãe comentou sobre seus pais. Eles haviam se separado uns dias antes, por isso que estavam se mudando.
  Segundo Maura, o seu filho menor, Niall, estava sofrendo muito com isso e ela não sabia mais o que fazer. O garoto não aceitava de jeito maneira.
  Mas, depois de horas conversando, o garoto desceu as escadas com os olhos inchados de tanto dormir... Ou chorar, ainda não sei ao certo. Sua mãe sorriu e foi ao seu encontro, trazendo-o pelos ombros até nós.
  - Esse é Niall, de quem te falei, !
  - Oi. – Ele falou. Sua voz era de aparência amigável. Ele era loiro e tinha uma cara que lembrava um duende, quando soube que eles eram da Irlanda, minha teoria de que ele era um duende ficou ainda mais clara.
  Depois daquele dia, minha mãe e Maura começaram a virar melhores amigas. Desde que meu pai havia morrido, nunca mais tinha visto minha mãe tão feliz como ela estava. Acho que Maura a ajudou a superar tudo isso, assim como Niall se tornou o meu escudo. Depois de tanta tristeza, acho que meu pai enviou um anjo para me alegrar, esse era Niall, o meu melhor amigo.

  9 anos depois...
  Bem, agora eu e Niall já estávamos com 15 anos. Estávamos ainda mais grudados, nós éramos como irmãos doidos que só faziam besteiras o tempo todo, mas eram as melhores besteiras do mundo.
  Era nosso primeiro dia de aula. Acordei cedo para chegar perfeita na escola. Eu nunca fui muito de me arrumar, acho que isso tudo depois que meu pai se fora, mas depois que conheci Niall minha vida preto-e-branca voltou a ter cores. Sei lá, ele era meu porto seguro, era ótimo ter um conforto.
  Como ia falando, acordei cedo e tomei um banho rápido, escolhi uma roupa confortável e apropriada para a situação, a vesti, fiz uma maquiagem básica e uma chapinha. Desci para tomar café e minha mãe, com seu roupão e uma cara de sono, me esperava com um prato de waffles com mel e um chocolate quente.
  - Bom dia melhor mãe do mundo! – Eu disse a abraçando pelo pescoço, ela sorriu.
  - Bom dia querida! Você está linda. – Ela falou com os olhos brilhando. – Venha tomar café.
  - Obrigada! – Sorri e pisquei para ela, sentando-me na mesa e pegando um waffle, botando na boca e soltando um belo ‘hmmm’. – Estão deliciosos, mãe!
  - Que bom queri... – Foi interrompida pelo toque da campainha.
  - Deve ser o Niall, eu atendo! – Sorri e pulei da cadeira, chegando a porta em um pulo, a abri e mirei meu duendezinho de olhos azuis, pulando em seu pescoço, lhe dando um abraço apertado. Enquanto eu lhe abraçava pelo pescoço, ele enlaçou suas mãos em minha cintura e me tirou do chão, me fazendo gargalhar. Era incrível como éramos felizes àquela hora da manhã. – Bom dia, luz do dia! – Falei animada e ele me largou de volta no chão, me avaliando de cima a baixo.
  - Bom dia, gata! Me dá seu telefone? – Ele brincou. Revirei os olhos e lhe dei um tapa no braço. – Vamos para uma festa e eu não sabia? – Ele riu e foi entrando, chegando ao lado da minha mãe, que sorria abobada com nossa linda amizade, e lhe tascando um beijo na bochecha. – Bom dia, ! – Sim, Niall já havia dado um apelido carinhoso e um tanto ‘irritante’ à minha mãe.
  - Bom dia, querido! – Ela sorriu para ele e lhe ofereceu waffles. É claro que Niall James Horan não rejeita comida, então ele aceitou sorrindo. Ficamos conversando durante exatamente um minuto, quando ela olhou no relógio da cozinha. – Vocês precisam ir para a escola, meus amores!
  - Obrigado pelo café maravilhoso, ! – Ele sorriu para ela, que retribuiu, e nos jogou um beijo e partiu para o quarto, ela estava morta de cansaço ainda.
  Eu sorri e apanhei minha mochila, peguei na mão de Niall e fomos em direção a escola, que era perto dali.
  Logo atrás de nós vinha um garoto de cabelos cacheados, com uma calça skinny preta e uma blusa dos Ramones preta também. Ele havia saído de uma casa a alguns metros da minha e de Niall, mas eu nunca o havia visto. Ele era fofinho! Sorri olhando para trás, ele sorriu para mim e eu o chamei.
  - Ei, está indo para Holmes Chapel Comprehensive School? – Falei quando ele se aproximou, sorrindo.
  - Estou. Vocês são de lá também? – Nós assentimos e ele sorriu. – Sou Harry, Harry Styles, prazer!
  - Sou Niall, ela é a . Prazer, Harry! – Niall respondeu, soltando minha mão e apertando a mão de Harry, e eu fiz o mesmo.
  - Podem me chamar apenas de Hazza! – Ele falou e sorriu. O caminho foi de perguntas, mas uma me chamou atenção. – Então, vocês namoram há muito tempo?
  Eu e Niall nos olhamos e explodimos em gargalhadas, Harry nos olhou e deu uma risadinha. Os olhos dele diziam ‘O que está acontecendo?’. Ele não entendia nada.
  - Nós? Eu e ? Namorando? – Niall riu mais um pouco e se recompôs. – Não, somos melhores amigos, só isso!
  - Ah, apenas bons amigos... – Ele riu pelo nariz. – Me desculpe, eu não quis...
  - Desculpas aceitas, Hazza! – Eu falei e lhe apertei as bochechas. Acho que nos tornaríamos belos amigos.
  Chegamos na escola e o melhor, com 5 minutos de antecedência. Paramos no portão e Harry viu que eu e Niall paramos antes de entrar.
  - Vocês não vem? – Ele nos olhou por trás dos ombros.
  - Já entramos, vá indo! – Eu respondi. Eu sabia que eu não podia entrar ali antes do que eu e Niall fazíamos desde a primeira vez que fomos para a escola juntos.

  Flashback On.
  - Não, Niall! Eu não vou entrar... – Comecei a chorar como um bebê e ele me acolheu em seus braços. Tínhamos seis anos e, já que meu pai tinha morrido um tempo antes dele morar lá, e era sempre ele que me levava na escola. Esta era a primeira vez que eu iria à escola depois do ocorrido e eu não queria entrar. Eu ia lembrar-me dele me levando, eu ia me sentir mal por ele não estar lá. Eu seria apenas a ingênua, sem um pai para lhe dar um beijo de boa sorte, eu estaria ali, mas não com ele.
  - Calma! Vem, eu vou estar aqui. Tudo bem? Ninguém vai te fazer mal, eu farei o papel do seu pai agora! Pode ser? – Ele limpou minhas lágrimas e me encarou.
  - T-tudo bem! – Eu solucei, limpei meu rosto e o encarei de novo. – Promete que sempre vai estar aqui?
  - Prometo! – Ele sorriu e pegou minha mão. A beijou e repetiu as mesmas palavras que meu pai sempre falara e, logo após, o que sempre ele fazia, o nosso aperto de mão, era o que mais me fazia falta. – Boa aula, anjo!
  Fizemos o aperto de mão e eu senti que Niall seria realmente alguém que iria me proteger sempre.
  Flashback Off.

  - Boa aula, anjo! – Niall sorriu para mim, uma lágrima caiu dos meus olhos, mas ele a limpou com o dedão. Depois fez nosso aperto de mão e, enfim, entramos na escola.

  Algumas horas depois...
  - Como foram os primeiros períodos? – Niall perguntou, se juntando a mim na fila do almoço.
  - Ah, entediante! – Fiz careta e ele riu.
  A fila empacou e nós paramos de conversar após ouvir uma confusão ali no meio.
  - Você é novo aqui? Ande logo! – Um garoto do time de basquete gritou, e seus seguidores juntaram-se e gritaram um sonoro ‘É!’.
  Ouvimos mais algumas pessoas apressando o coitado e eu resolvi me esticar para ver quem era. Era um garoto de cabelos castanhos lindos, com uma blusa listrada e calça skinny vermelha, ele usava um suspensório e tremia de nervosismo.
  - Ai Niall, coitado! – Olhei para Niall com uma cara de pena e ele soltou uma risadinha pelo nariz. – Vamos ajudá-lo? – Niall assentiu e eu fui em direção ao garoto. Antes de chegarmos mais perto, ouvi uma garota passar por ele e esbarrar de propósito, derramando um copo de suco de uva na sua blusa. Ela gargalhou alto e mirou o garoto de cima a baixo.
  - É, acho que não da mesmo para melhorar essa sua roupa ridícula! – Ela falou sínica e riu novamente. Eu conhecia aquele rosto, era Tracie. Ela era líder de torcida, era arrogante, era idiota, droga, odiava aquela garota. Cheguei mais perto e peguei no braço do garoto.
  - Você está bem? Vem, eu te ajudo a secar isso. – Falei, pegando alguns guardanapos para tirar o excesso. Ele sorriu e olhou para a blusa.
  - Obrigado. – Ele disse e sorriu fraquinho, envergonhado.
  - Olha, a idiota da vai ajudar o nerd novato, que lindo! – Tracie falou batendo palmas e todos no refeitório começaram a rir. Que vontade imensa de dar um murro da cara daquela garota.
  - Vai se ferrar, Tracie! – Falei, mas ela continuou com as piadinhas. A encarei, ela achou que eu estava derrotada, mas não, eu não iria deixar barato. Peguei um copo de suco no balcão e andei até ela. – Está na hora da cobra provar do próprio veneno. – Falei e derramei todo o copo em cima daquele vestido branco. Bem... Agora roxo. – Oh, me desculpe, querida! – Falei e sorri, botando o copo de volta no balcão. O novato, Niall e Harry, que havia chegado mais perto para ver o que acontecia ali, e o resto do refeitório ficaram de boca aberta.
  - , você vai morrer! – Ela falou e correu para o banheiro, sendo seguida por seu grupo de clones oxigenadas. Olhei para o novato e ele sorriu para mim.
  - Obrigado, err... , né? – Ele falou e eu assenti, pegando minha bandeja e continuando a me servir. Niall, Harry e o novato fizeram o mesmo. – Sou Louis... Tomlinson!
  - É um prazer Louis! E não se preocupe, estava há tempo pensando em dar uma lição nessa garota. – Falei e peguei um suco e uma maçã, botando-os na bandeja e partindo para minha mesa. – Quer sentar com a gente?
  - Adoraria! – Ele disse e sorriu, levando sua bandeja até nossa mesa.
  Sentamos na mesa de frente para a janela. O refeitório da escola era dividido em seis grupos: As líderes de torcida, os nerds, os jogadores, os skatistas, os emos e, ao que eu, Niall, Harry e agora Louis pertencíamos, os excluídos.
  - , meus parabéns! – Falou Harry rindo.
  - É, você foi demais! – Completou Niall, sorrindo. Parecia estar com orgulho de mim.
  - Eu sei, galera, eu sei! – Falei e eles riram, junto a mim.
  - E então Louis, você mora aonde? – Niall começou a puxar assunto.
  - Moro aqui perto, acho que a uma quadra daqui! – Ele sorriu.
  - Nossa, Niall! Parece que nossos amigos estão todos na vizinhança! – Nós rimos. – Como nunca vi vocês lá? Eu moro nessa quadra desde que nasci e Niall mora desde os seis anos.
  - Eu me mudei no início do ano. – Harry afirmou, sorrindo.
  - Eu acabei de chegar na cidade, sou natural de Doncaster. – Louis sorriu. – Fico feliz em estar perto de vocês, acho que serão meus únicos amigos aqui... – Ele olhou em volta, como se procurasse mais alguém.
  - É muito bom ter você no grupo também, Louis!
  - Ei, me chamem apenas de Tommo! – Ele sorriu e nós retribuímos.
  - Pois então, galera! Não temos mais aulas por hoje, pelo menos eu não! – Falei animada, aula livre era uma benção. Todos concordaram que não tinham. – Vocês querem sair e depois almoçar na minha casa? Niall já é de casa, minha mãe já está acostumada a fazer mais comida por causa dele, então vai ter para todo mundo! – Todos riram.
  - Claro! Adoraríamos conhecer sua casa . – Harry falou e Louis assentiu.
  - Então, vamos? – Disse Niall, animado. – Tive uma ideia de lugar para irmos antes do almoço.

***

  Niall queria nos levar em algum lugar e queria que fosse surpresa. Íamos pegar um ônibus, mas Louis passou na frente. Ele era mais velho que nós, já tinha 17 anos. Então ele já podia dirigir, como também tinha carteira e um carro. E, devo dizer, que carro.
  - UAU! – Niall e Harry babavam o carro de Louis, ele riu.
  - Entrem! – Niall e Harry entraram no banco de trás e Louis abriu a porta do carona para mim, agradeci e sorri para ele, que retribuiu. – Então, Horan, para onde vamos?
  - Droga, vou ter que estragar a surpresa! – Niall bufou desapontado. Ri pelo nariz. Às vezes Niall parecia ter seis anos novamente, isso me trazia lembranças tão boas...
  Niall explicou a Louis o caminho e ele foi. Chegamos a um lugar lindo, com uma paisagem esplendida. Havia um lago cristalino, várias árvores e alguns bancos. Era maravilhoso.
  - Niall James Horan, como você descobriu isso antes de mim? – Falei saindo do carro, e os três garotos riram.
  - Tenho meus contatos! – Ele piscou para mim. De repente, o garoto saiu correndo e me agarrou pela cintura, me botando de cabeça para baixo por cima de seus ombros. Comecei a bater com as mãos nas suas costas, mas ele não desistia.
  - Me solta, seu idiota!
  Harry e Louis, que, aliás, já se mostravam grandes amigos, ficaram rindo enquanto Niall me carregava e ameaçava me jogar na água.
  - Nem pense nisso Horan! – Fiz uma cara de choro e deixei as lágrimas correrem. Eu sabia fingir o choro como ninguém, e Niall, bobinho, sempre acreditava. Louis e Harry não estavam acostumados com aquilo, então correram para me ajudar. – Me solta logo! – Funguei e ele me largou no chão, segurou-me pelo queixo, com meu olhar na altura do dele, e os outros dois vieram em nossa direção, ficando em minha volta. Eu mordi os lábios para não rir, mas acabei não me contendo e comecei a gargalhar.
  - Garota, você finge bem! – Harry falou surpreso. Louis, Niall e Harry se olharam e soltaram um sorriso que me deu medo. Eu estava ferrada, uma garota contra três garotos? Isso era covardia!
  Sai correndo e eles atrás, gargalhávamos feito crianças, ficamos assim por quase uma hora, brincando, correndo, conversando, conhecendo mais um do outro. Senti meu celular tremer e o peguei.
  - Oi, mãe! – Falei animada.
  - Oi, querida! – Ela falou animada, percebendo minha animação. – Aula vaga. Acertei?
  - Acertou! – Falei e ri pelo nariz, Louis estava fazendo caretas. – Mãe, Niall pode almoçar com a gente?
  - Mas é claro, querida! – Quase pude a ouvir sorrir. – Nem sei por que ainda pergunta, Niall quase mora com a gente! – Eu ri e então continuei.
  - É, só que hoje eu queria saber se poderia levar mais dois amigos... – Falei com a voz mais chantagista que eu tinha e botei o dedo na boca, roendo a ponta da unha, olhei para Niall de longe e pude ver que ele riu pelo nariz para Harry, revirando os olhos. Ele, Harry e Louis conversavam e, de vez em quando, olhavam para mim. Meu Deus, que curiosidade. Acordei dos meus devaneios com minha mãe me dando a resposta.
  - Claro, fiz bastante comida, mas, só para eu saber... São amigos novos, querida? – Girei e caminhei para o lado oposto ao deles e então me escorrei em uma árvore, mirando o horizonte do laguinho.
  Minha mãe adorava Niall, ele sempre me ajudara tanto, mas ele era meu único amigo e quando digo único, era único mesmo; bem, pelo menos até hoje, quando conheci Harry e Louis. Ela sempre dissera para que eu me enturmasse, eu até tentava, mas ninguém me entendia tanto quanto Niall, ninguém mesmo. Todos me achavam estranha, fria e grossa. Mas eu não era aquilo, eu era divertida, gostava de brincar, correr, pular, gritar, fazer amigos, eu apenas estava frágil, tinha passado por muitas coisas na vida e precisava de compreensão.
  - Sim mãe! Amigos novos! – Falei sorrindo. – E são nossos vizinhos também!
  - Ora, querida! Venha logo então, quero conhecê-los! Estou feliz por estar se enturmando! – Ela comemorou. – Querida, você é uma garota incrível, não deixe que ninguém a bote para baixo, nunca! Ouviu bem? – Por que ela estava falando isso? Mas não importava, tudo o que saia de sua boca era a pura verdade.
  - Obrigada! – Eu sorri e uma lágrima escorreu pela minha face. Minha mãe era tudo. Era meu conforto, ela conseguia me deixar feliz a toda hora, afinal, pelo simples fato de ser minha mãe ela já era especial o bastante. – Estou indo para aí! – Ela se despediu e, quando ia desligar, completei. – Ei, o de cachinhos se chama Harry e o de listras e suspensório é o Louis, só para você já ir se enturmando também! – Falei e ela riu e se despediu.
  Sorri para o nada e limpei aquela lágrima que havia caído. Guardei o celular na bolsa e voltei até os garotos, que pararam de conversar logo que cheguei, informando-lhes que minha mãe havia adorado o convite que eu os havia feito, e que era para nós irmos para casa. Fomos para o carro, a esta altura Louis havia conseguido uma nova blusa limpinha dentro do carro para chegar a minha casa sem a blusa manchada. Ele estava nervoso, como se fosse meu namorado e estivesse indo conhecer a sogra. Era engraçado.
  Saímos do carro e ele arrumou os suspensórios, Harry arrumou o cabelo e Niall apenas enfiou o boné melhor na cabeça e se encaminhou até a porta junto a Harry. Louis estava indo atrás deles, mas eu o parei, antes de ir abrir a porta.
  - Ei, Louis! Calma, tá? – Ele sorriu e eu o retribui. – Minha mãe adora suspensórios! – Eu pisquei e ele riu.
  - Obrigado, ! Espero não estar incomodando e...
  - Não está, pode ter certeza! – Sorri. – Agora vamos que meu estômago está pedindo socorro! – Falei e tirei as chaves da bolsa, correndo para a porta, fazendo todos rirem.

***

  - Mãe! – Gritei ao entrar em casa. – Chegamos!
  - Estou na cozinha! – Ela gritou e eu fui até lá, levando os garotos comigo. – Bom dia! – Ela falou e me lascou um beijo na bochecha.
  - Então mãe, esses são... – Ela me cortou sorrindo e largando as panelas na mesa.
  - Louis e Harry! – Ela falou e encaminhou-se até os meninos, depositando um beijo na bochecha de cada um e lhes dando um abraço.
  - É um prazer conhecer a senhora, Dona ! – Harry falou formal, eu olhei para Niall e soltamos uma risada pelo nariz, a abafando com as mãos.
  - Ora, querido, não me deixe mais velha do que já sou! – Ela riu e puxou a cadeira na mesa para se sentar. – Me chame apenas de ou de , como Niall me chama. – Ela piscou para Niall e ele sorriu envergonhado. – Sentem-se, espero que gostem da minha comida!
  Comemos e conversamos, Harry e Louis se soltaram mais. Eu estava extremamente feliz, acho que Niall percebeu, porque pude ver que ele estava preocupado comigo hoje cedo, aquilo me aliviou mais ainda, era fofo ele se preocupar, mas eu gostava de vê-lo assim, feliz.
  - Bem, vamos para casa! Nos vemos amanhã na escola. – Louis falou e me beijou na bochecha, assim como Harry. Eles já estavam há umas 2 horas lá em casa conversando, então resolveram ir para seus devidos lares.
  Niall ficou lá até anoitecer, havíamos conversado, brincado, jogamos até um pouco de videogame – um presente que ele havia me dado em meu aniversário de 15 anos, quando ganhei achei que nunca jogaria, mas no fim o videogame acabou se tornando um companheiro, nosso terceiro amigo. Estávamos no pátio, sentados um de cada lado na rede, eu com a cabeça de um lado e ele com a dele de outro, balançando-nos levemente, sentindo a brisa fria da noite bater sobre nós.
  - Tenho que ir. – Fiz beiço e ele sorriu. Levantando-se de leve da rede para que eu não caísse, depois me deu a mão e me levantou, fazendo-me encostar nele, com a cabeça em seu peito, já que eu era mais baixa que ele. Ele veio andando comigo em cima de seus pés até a porta, eu gargalhava e minha mãe sorriu ao me ver passando com Niall pela sala e indo na porta. Fiz sinal dizendo que para ela que iríamos para fora e ela assentiu, dando tchau para Niall, que acenou e lhe jogou um beijo. Ele fechou a porta por trás de nós e me abraçou, sempre carinhoso. Ficamos um tempo em silêncio nos abraçando, não sei por que, mas aquele abraço fora diferente de todos os outros, foi mais apertado, como se aquele fosse o último. Aquele pensamento me perturbou e eu comecei a me soltar. Ele quebrou o silêncio enquanto sentávamos no murinho em frente a minha casa. – Greg disse que vai trazer uma pessoa para o jantar hoje. – Ele revirou os olhos e eu ri. Ficamos mais um tempo em silêncio, então ele se levantou devagar, pegando minha mão. – Vai até minha casa comigo? – Eu assenti e ele começou a andar, me puxando pela mão. Ele a apertava, nem muito forte nem muito fraco, ele a apertava como se não quisesse soltar. Estávamos praticamente na frente da casa dele, que não era exatamente na frente da minha, era na frente, mas um pouco mais afastada, digamos assim.
  - Estive pensando... – Ele começou.
  - Niall, você pensa? – Parei e o peguei pelos ombros. Ele gargalhou.
  - Vou te ensinar a andar de skate! – Ele sorriu e me pegou no colo, correndo comigo até sua casa.
  - ME SOLTA, HORAN! – Gritei e vi a velha chata da esquina me olhar feio, mas eu não estava nem aí. Ele me soltou e nós gargalhamos.
  - Vem, vou pegar o skate, é melhor agora, assim ninguém vê seus tombos! – Ele revirou os olhos e eu dei um soquinho em seu ombro.
  - Quero só ver quando andar melhor que você e esfregar isso na sua cara, Nialler! – Eu gargalhei e ele fez uma cara de tédio.
  - NINGUÉM... – Ele berrou, depois abaixou o tom de voz com a olhada que a velha da esquina lhe deu, ela regava as plantas, às oito da noite. – É melhor que Niall James Horan no skate, me desculpe !
  - Veremos! – O desafiei, então ele riu pelo nariz e entrou dentro de casa, indo pegar o skate. Maura sorriu e me atirou um tchauzinho, eu retribui sorrindo e então vi Niall descer as escadas, com o tal skate em mãos, sem camisa e com o boné verde virado para trás. Maura nem estava prestando atenção.
  Niall saiu e, quando estava prestes a fechar a porta, gritou que estava indo andar na rua comigo e um tchau sonoro para Maura, ela gritou um tudo bem de volta e nós saímos.
  - Tudo bem, Sra. ! Vejamos, por onde eu começo? Ah, isso é um skate, ok? – Ele começou a brincar.
  - Sei o que é um skate, Horan! – Revirei os olhos e ele riu.
  - Tudo bem! Vem cá então... – Ele me chamou com os dedos e eu fui até o skate. – Tá, bota um pé em cima, de lado, com o outro você dá o impulso e, quando ganhar velocidade, bota o outro pé e vira de frente. Simples, entendeu? Vou estar aqui se você cair...
  - T-tudo bem! – Falei. Na verdade, eu estava morrendo de medo.
  Botei o pé no skate e empurrei com o outro, o skate deslizou com um pé só em cima e eu quase cai. Niall gargalhou e eu lhe lancei um olhar matador.
  - Calma, leva um tempo até aprender! – Ele sorriu e pegou na minha mão, enquanto eu botava o pé novamente no skate. – Tá, agora vai, vou te segurar!
  Empurrei uma vez, mais uma, mais uma e, finalmente, o skate começou a ter velocidade, então ele fez sinal para que eu botasse o outro pé. Botei, me desequilibrei e quase cai, mas dei uma volta e consegui controlar o skate.
  - Você está andando! – Ele falou, quando percebi que a mão dele já não me segurava mais e ele corria atrás de mim.
  - AH, EU TÔ ANDANDO! – Eu gritei e, então, parei, pegando o skate dos pés e o botando debaixo do braço. Peguei o boné dele e botei, virado de lado. – Vamos andar juntos agora!
  Ele riu e tirou o boné de mim, colocando de volta na cabeça e me abraçou.
  - Sabia que ia conseguir! – Ele falou sobre meu ombro.
  - Ninguém é melhor que Niall James Horan no skate! – Falei com uma voz fina, imitando ele.
  - Ei, eu não falo assim! – Ele riu, e então vi Greg chegando com uma pessoa que não pude identificar no seu Camaro preto. Niall viu e me soltou, ficando paralisado.
  - Nossa, Niall! O que houve? Você está branco... – Falei e Niall não respondeu.
  - Nos falamos amanhã, certo? Boa noite! – Ele falou rapidamente e beijou minha bochecha, me empurrando de leve para que eu fosse para casa logo. Eu fui indo, vendo que um homem gordinho e com alguns traços parecidos com os de Niall e Greg saindo do carro, enquanto Niall corria para dentro de casa.

***

  Eram seis e quarenta e cinco, tínhamos quinze minutos para chegar até a escola, mas Niall não apareceu para me buscar.
  - Onde ele está mãe? – Falei andando de um lado ao outro da cozinha, olhando no relógio. Eu estava com um pressentimento horrível.
  - Calma, vamos até a casa dele para ver se ele está bem! – No momento em que minha mãe pegou seu casaco para sair, a campainha tocou e eu dei um longo suspiro.
  Abri a porta e me deparei com Harry e Louis, meu sorriso desmanchou.
  - Nossa, também estamos felizes em vê-la! – Louis riu.
  - Oh, me desculpe! É que achei que fosse Niall. Ele não apareceu até agora, estou morrendo de preocupação...
  - Calma, ele mandou avisar que não vai a aula hoje, está gripado. – Harry falou e esticou a mão para mim, eu olhei para minha mãe e ela assentiu sorrindo.
  Caminhamos até a escola e, pela primeira vez, ele não estava lá. Seria hoje! Hoje eu iria ter que me virar sozinha. Estava andando pensativa pelo corredor, quando trombei com um garoto, deixando todos meus livros caírem.
  - Ei, me desculpe! Deixe eu te ajudar... – Eu olhei para ele e ele sorriu para mim, abaixando-se e pegando vários livros nos braços. – Deixa que eu levo até seu armário.
  - Tudo bem... Obrigada, hum... – Eu o olhei, esperando o nome.
  - Liam, Liam Payne! – Ele sorriu e eu abri a boca para falar, mas ele me interrompeu. – Você é , a garota que deu um banho de suco em Tracie, certo?
  Corei. Espera um pouco, agora eu era conhecida como a garota que derramou suco na Tracie?
  - Er... Sou eu sim. – Falei baixinho, bem tímida.
  - Você foi demais! – Ele exclamou e eu sorri surpresa. – Tracie não é ninguém para fazer isso com as pessoas.
  - Obrigada. – Sorri timidamente, ele escorou-se no armário ao meu lado, enquanto eu enfiava meus livros dentro dele.
  - Eu... Eu vou indo! – Ele falou, olhando para a porta do ginásio. – Nos vemos por aí!
  - Tudo bem! Até mais, Liam! – Falei. Ele sorriu e foi andando. Fechei meu armário e fui para a aula.

***

  Cheguei no refeitório, os professores haviam pedido que todos os alunos fossem para lá no último período para alguns avisos.
  Parei na porta, procurando Harry e Louis pela multidão, quando os achei, sorri e, indo para onde eles estavam, alguém botou a perna em minha frente e eu cai de cara no chão.
  - Olha, ela encontrou o lugar dela! – Tracie riu e eu me levantei devagar, limpando minha saia. Todos me olhavam, Harry e Louis haviam se levantado, mas continuaram nos seus lugares vendo que havia sido apenas um tombinho. – Você não é nada garota!
  - O que há com você, Tracie? – Falei e ela olhou para seu grupinho e riu.
  - Comigo? Acho que nada! Já você... – Ela me mirou de cima a baixo. – Ora, ! Você está precisando de um trato!
  - Não fale assim com ela! – Louis se meteu, chegando mais perto, mas Tracie apenas o olhou e sorriu.
  - Não se meta, garoto! – Ela levantou e todos ficaram em silêncio. Eu me esquivei, mas ela me pegou pelo colarinho. – Eu falei que iria acabar com você, e promessa é dívida, certo? – Ela sorriu sínica.
  - Tracie! – Suas amigas falaram, ela estava indo longe demais. Por que ninguém se mexia dentro desse refeitório?
  - Calem a boca, ela não vai se machucar tanto! – Tracie falou e me largou no chão, fazendo com que eu caísse de joelhos sobre o chão frio. Tracie estava se preparando para o pior, quando o capitão do time de futebol entrou no refeitório com alguns outros garotos do time, inclusive aquele Liam, e viu a situação.
  - Tracie, solta ela agora! – O garoto se aproximou e segurou o braço de Tracie, era Zayn, o namorado dela. Ela o olhou e sorriu para mim, me soltando.
  Eu olhei para todo mundo a minha volta, eu havia sido humilhada na frente de todos. Apenas corri até o banheiro e lá me tranquei em um dos sanitários.
  - Alô? – Funguei. – Niall?
  - ? Tá tudo bem?
  - Niall, vem me buscar? – Solucei, eu não conseguia explicar.
  - Eu... Eu já estou indo. Calma! Fica aí, ninguém vai te machucar!
  Durante o caminho todo ele não desligou o telefone. Ficou me ouvindo chorar, ficou tentando me acalmar. Finalmente pude ouvi-lo abrir a porta do refeitório e a explosão de pessoas falando. Ouvi seus passos pesados pisando forte no chão, chegando à porta do banheiro feminino.
  - Eu estou aqui! – Ele falou ainda ao celular, encostando na porta e eu a abri de leve, ainda sentada no cantinho. Ele se ajoelhou e me abraçou forte, eu chorei no seu peito. – Tracie?
  - Sim. – Falei e desabei em lágrimas novamente.
  - Calma, calma... – Ele falou. Então me levantou, me pegou pela cintura e me guiou até uma saída do colégio que não passasse pelo refeitório.
  Estávamos quase na saída, e eu ouvi a voz chata e irritante de Tracie por trás de uma porta.
  - Zayn, ela merece isso! Ela é um nada! Não sei como se importa com essa gente, você é popular, devia andar com gente do seu tipo! – Tracie desandou a falar, mas Zayn não respondeu. – Zayn, não! Zayn, volta aqui! Ah, droga! Maldita ! – Tracie falou, mas as últimas palavras eu não ouvi direito. Eu já estava na rua com Niall.
  Andamos os dois de cabeça baixa, até chegar na nossa rua e pararmos em frente a casa dele. Ele de novo me abraçou. Durante o abraço, ele se abaixou um pouco para alcançar minha orelha.
  - Vai ficar tudo bem! – Sussurrou em meu ouvido e me soltou após um tempo com um suspiro. Me olhou e vi que ele hesitou ao falar.
  - Pode falar Niall! Acho que você também está com problemas...
  - Não, está tudo bem! – Ele estava triste, eu sabia. Aquele olhar não brilhava e aquele sorriso fraquinho não era real. – Na verdade, eu nem sei como te falar!
  - Niall, fala! Estou aqui para te ouvir. – Falei. Algo me dizia que não viriam boas notícias.
  - Eu... Eu quero que antes você me prometa que nunca vai esquecer que eu vou voltar para te visitar e... – O cortei, recuando.
  - Niall, você vai... – Duas lágrimas tombaram dos meus olhos, escorrendo rápido por minhas bochechas, ele deu um passo para frente e passou a mão pelo meu rosto, as tirando. Olhei para ele e percebi que ele também chorava. As lágrimas escorriam igualmente pela nossa face.
  - E-eu vou para Londres, . – Ele falou e eu o olhei assustada.
  - Londres? – Engoli em seco. Como? – Fazer o quê em Londres?
  - Eu estou sendo obrigado a ir morar com meu pai. – Ele abaixou o olhar.
  - Como assim obrigado? Não podem tirar você de mim, como eu vou fazer sem você? Agora você vai embora e... – Comecei a chorar ainda mais, soluçando.
  - Eu também não queria te deixar, mas eu sou obrigado a ir. Eu não queria te deixar mal...
  - Agora já deixou... – Sussurrei e ele derramou algumas lágrimas. Como sou tão idiota? Ele está tão mal quanto eu. – Desculpe Niall!
  - Sei como se sente. – Ele falou e olhou para a rua deserta. – Vou sentir falta daqui...
  - Mas você... – Sussurrei. As palavras já não saiam normalmente, saiam tão baixinhas que nem eu ouvia direito.
  - Não tenho o que fazer... – Ele falou, fungando um pouco. – Ontem a noite ele... Ele veio aqui e... É uma ordem da justiça. Sou obrigado!
  - Ele não pode fazer isso com a gente! – Falei, e mais uma lágrima escorreu sem querer.
  - Vou tentar vir sempre que puder para cá. Vou vir visitar minha mãe, Greg, meus amigos e... – Ele engoliu em seco antes de falar. – Minha pirralha.
  Assenti devagar e ele me abraçou, agora nós dois chorávamos mais ainda, um no ombro do outro.
  - Eu te amo muito! – Ele sussurrou no meu ouvido, ainda abraçado a mim. – E eu prometi que estaria sempre com você.
  Eu não respondi, apenas o apertei mais ainda em meus braços. Niall me largou devagar depois de um tempo. Ele não me olhava, ele estava com a cabeça baixa, mirando os pés, enquanto batia com o calcanhar de um na ponta de outro.
  - Fiquei uma manhã sem você e isso aconteceu. – Eu falei quebrando o silêncio. – O que vou fazer sem você... Todos os dias? – Falei com a voz embargada, os olhos inchados e vermelhos.
  - Eu não vou ser ninguém sem você! Aquele cara acabou com a minha vida, ele me tirou da pessoa que eu mais amo, , ele me tirou de você! – Niall estava chorando muito mesmo. – Da minha mãe, do Greg, do Harry, do Louis, da escola, de Holmes Chapel, da minha casa... De tudo!
  - Calma, Niall...
  - ELE ME TIROU TUDO! – Ele berrou, não conseguia distinguir se chorava de tristeza ou raiva. – Ele acabou com a minha vida. DROGA!
  - Niall, vem cá! – O abracei e ele chorou soluçando em meu ombro.
  - Não quero te perder, ! – Ele falou e eu soltei o abraço, a cabeça dele tombou para baixo, mirando os pés.
  - Ei, olha para mim. – Levantei o rosto dele e puxei a manga do meu moletom para limpar seu rosto molhado de lágrimas. – Você não vai me perder nem que queira!
  - Quem vai te proteger? – Ele não esperou pela minha resposta e continuou. – Não entendo porque ele fez isso...
  - Também não entendo! – Mirei o chão e ouvi Niall suspirar profundamente. Foi então que, com uma surpresa, Niall me puxou e selou nossos lábios com urgência. Eu não dei passagem para sua língua, apenas o empurrei de leve, o fazendo recuar com os dedos nos lábios.
  - Oh, ! Me desculpe, eu... – Ele gesticulou, tentando se explicar.
  - Tudo bem. – Falei tentando não parecer surpresa. – Agora acho que vou para casa descansar, conversamos outra hora!
  - Tá... Tchau e me desculpa, por tudo. – Ele me abraçou fraquinho e eu sorri para ele, totalmente sem graça.
  - Tchau.

***

  Passaram-se alguns dias, amanhã Niall iria para Londres e eu já havia lhe falado que não iria com ele até o aeroporto. Já tinha perdido uma pessoa, claro, a perda foi bem maior, mas a dor era quase a mesma. Eu não queria passar por aquilo de novo. Cheguei da escola, almocei e minha mãe voltou ao trabalho, então subi para uma sala que havia no terraço da casa e me deitei no sofá que tinha um pouco a frente de uma enorme janela com vista para a casa de Niall. Encarei o teto, passando o dedo indicador de leve no meu lábio inferior. Lembranças daquela última semana, daquele beijo, se é que podia chamar aquilo de beijo, passavam pela minha cabeça. Por um momento cheguei a pensar que eu estava... Não!
  Comecei a pensar. Ele iria embora e eu ficaria sozinha de novo, como era quando meu pai morreu, só eu e minha mãe. E para piorar, sem Niall! Lágrimas escorreram rapidamente pelo meu rosto. Me sentei, me abraçando pelos joelhos, os juntando ao meu peito e eu chorei ainda mais. Era tudo tão complicado de entender.
  Passaram-se horas e horas, mas eu continuei lá, chorando, sentindo o vento passar pelo meu rosto molhado. Foi aí que tive uma ideia...

***

  Chegou o dia. Era hoje. Niall partiria. Era sábado, acordei bem tarde, totalmente despreocupada. Por um momento pensei que tudo era apenas um grande pesadelo, eu sairia de casa e Niall estaria andando de skate pela rua, ele sorriria para mim e me abraçaria. Tudo ficaria bem, como antes.
  Enfim, me dei por conta de que era verdade, em poucas horas ele estaria embarcando para Londres, sozinho. Eu não podia deixá-lo ir, não sem mim. Não seria justo com nenhum dos dois. Tantos anos vivendo com ele, até eu aprender a conviver sem aquele loirinho demoraria muito tempo, levaria muito sofrimento.
  Podia sentir as lágrimas molharem meu rosto novamente, elas escorriam livremente, caindo das minhas bochechas para o porta-retrato com uma foto nossa que eu tinha em mãos, aquele porta-retrato permanecia sempre ali, desde que nos conhecemos, no lado da minha cama, em cima da cômoda. A única coisa que mudava era que todo ano atualizava a foto por uma recente, para que eu visse que ele estava sempre ali. Sempre...
  Olhei no relógio. 9h30min. A que horas saía o avião dele? 10? 11? Não lembrava. Olhei para a janela e vi a casa de Niall fechada. Tudo parecia tão triste naquela rua.
  Olhei a foto pela uma última vez e então sorri. Depositei um beijo na mesma, levantando-me e pegando a primeira roupa que vi pela frente.
  - Hora de botar o plano em ação! – Sussurrei para mim mesma.

***

  Cheguei ao aeroporto e avistei Niall de frente a um homem. Maura e Greg estavam logo atrás a ele e Maura chorava no ombro de Greg, que mirava o chão com uma cara tristonha.
  Eu precisava pelo menos me despedir, eu estava tão mal no dia anterior que não quis me despedir dele. Eu estava completamente arrependida! Eu sei que estava doendo nele também, tanto quanto doía em mim, eu estava sendo orgulhosa. Mas acho que ele não havia ficado magoado, eu sempre odiei despedidas e ele sabia.
  Olhei para a tela que informava o horário dos voos. Engoli em seco. Trinta minutos. Somente isso, depois Niall estaria dentro de um avião indo para Londres, contra sua vontade. Tentei me aproximar, mas travei quando ouvi Niall discutindo com um cara.
  Bobby, seu pai! Claro, como não pensei antes, ele estava lá! Ele deveria ter vindo acompanhar Niall até Londres.
  - Vamos, filho... Sorria! – Bobby falou, Niall rolou os olhos. – Você vai para Londres, é uma ótima cidade!
  - Ótima? – Ele falou frio, virando-se para o pai e o encarando. – Por acaso meus amigos estão lá? ? A mamãe? Greg? ? – Ao falar o meu nome a voz dele falhou e seus olhos se encheram de lágrimas. Tadinho! Bobby revirou os olhos e o olhou com desinteresse.
  - Você não precisa desses amigos, vai encontrar muitas pessoas novas por lá! – Ele deu de ombros e Niall abriu um pouco a boca, surpreso. – E chega desse chororô, Niall! Seja um homem de verdade! Vê se pode, chorando por uma garota...
  Greg e Maura não acreditavam no que aquele cara dizia, tanto quanto eu e Niall, que acabou se irritando e parando na frente dele. Jurava que ele iria dar um murro na cara do pai, mas acho que ele só não o fez por que estavam em público.
  - Escuta aqui, não é UMA garota, é a MINHA garota! Um homem de verdade também ama e sofre pela SUA garota! Ela é tudo para mim, você está me tirando a coisa mais importante da minha vida. Quando você AMAR DE VERDADE alguém, você vai entender! – Ele falou e Bobby o encarou furioso. Eu estava em êxtase, Niall estava falando que me amava ou era impressão?
  - Niall, não levante a voz comigo! – Bobby sussurrou um pouco alto.
  - VOCÊ ME TIROU A GAROTA QUE EU AMO, PAI! – Niall berrou. Ok, não era impressão! Ele abaixou a cabeça, o rostinho triste me deu coragem para fazer o que eu faria a seguir. Afinal, o que seria de mim sem ele? Eu não conseguiria!
  Me aproximei por trás e toquei de leve seu ombro, ele se virou devagar.
  - -? – Ele falou surpreso e eu sorri.
  - Você é perfeito... – Eu estava com os olhos marejados, os cabelos presos em um coque frouxo, sem maquiagem, eu nem havia pensado, eu apenas tinha feito alguns telefonemas e saído de casa. Ele me puxou para ele, envolvendo seus braços na minha cintura e eu em seu pescoço, ele me levantou, como sempre nos abraçávamos e como deveríamos nos abraçar para sempre. Depois de um grande espaço de tempo, eu fui me soltando ao poucos e ele inspirou pesadamente meus cabelos, com a cabeça na curva do meu pescoço.
  - Você... Você... O que você tá fazendo aqui? Pensei que você... – Ele mal terminou de falar e eu encostei o dedo na boca dele, soltando um ‘shhhhh’. Ele estava tão concentrado em mim que nem percebeu que Harry, Louis, Liam, Zayn e minha mãe estavam ali também.
  - Niall, é melhor você ficar quieto, se não eu vou me arrepender do que estou fazendo... Ou não! Eu não sei nem por que vim, por que talvez essa seja a maior besteira que eu já fiz, mas eu preciso tentar! Eu preciso terminar o que você começou.
  - Termi...? – O interrompi, juntando nossos narizes e os roçando, sorrindo e brincando com ele. Ele soltou uma risada pelo nariz, então o mirei nos olhos, levantando um pouco os calcanhares do chão para alcançar sua boca e, enfim, encostei nossos lábios, iniciando um beijo suave, delicado, sem pressa.
  Depois de um tempo, cessei o beijo terminando-o com dois selinhos e sorri, a minha respiração batia na boca de Niall, pois havia voltado a minha posição normal, já que eu era mais baixa do que ele.
  - Sabe que eu sempre te amei, não sabe? – Falei e ele sorriu.
  - Eu também! – Ele respirou fundo, então continuou. – Desde que botei os olhos em você.
  Ficamos nos encarando por um tempo, até que Niall pegou minha mão e virou para o pai. Acho que nós dois estávamos um tanto corados.
  - Eu preciso mesmo ir? – Ele falou o mais calmo que podia. – Minha vida está aqui!
  - Você ainda acha que vou deixar você ir depois disso? – Niall levantou as sobrancelhas e, depois de raciocinar um pouco, sorriu.
  - Quer dizer que eu posso ficar? – Ele olhou para mim e sorriu ainda mais.
  - Pensei que seria melhor para você ficar comigo. Mas vejo que aqui faz você muito feliz... – Bobby sorriu, mas havia um pontinho de tristeza em seu olhar. Achei estranho ele mudar tão rápido de ideia. Talvez o amor tenha tocado seu coração.
  - Muito feliz, pai! – Niall se aproximou dele. – Muito obrigado! E não se preocupe, eu vou visitar o senhor em Londres, tudo bem?
  - Claro! – Bobby abraçou o filho. – Me desculpe por tudo isso, Niall! Só quero seu bem.
  - Sei disso... – Niall falou e os dois se soltaram.
  - Hum... ? – Bobby se referiu a mim.
  - Sim?
  - Faça-o feliz! – Ele falou, pegando a mala na mão novamente.
  - Eu o farei. – Sorri para Niall e então assistimos Bobby voltando para a sala de embarque, voltando para casa, dessa vez sem Niall. – Então quer dizer que agora você... Vai ficar! – Soou mais como uma afirmação do que como uma pergunta.
  - Vou! – Sorriu de orelha a orelha. – Eu prometi, não é?
  - Prometeu! – Sorri e ele me puxou para mais perto.
  - Eu só quero que saiba que eu vou estar sempre aqui, não vou te decepcionar. – Ele fez uma pausa e então sorriu brincalhão. – Você agora é minha, .
  - Toda sua, Niall Horan, sempre sua!

Fim



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