Poseidon Girl

Escrito por Anne Amorim | Revisado por Pepper

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  Eu estava cansada de correr, cansada de fugir, eu só queria por um momento voltar a meses atrás, antes de essa infestação tomar conta do mundo por que Hades não pôde se controlar.
  Sim, eu sou uma semideusa, e acho que isso era algo que eu já devia ter dito. E sim, há uma infestação causada por um deus crianção que resolveu se vingar por que sua filha ter se tornado uma caçadora de Ártemis. E como ele resolveu se vingar? Respondo-te isso com o maior prazer. Fazendo todos os mortais que morreram num período de um ano voltar à vida, mas não a vida como vocês conhecem, mas sim uma meia vida. Uma vida que para manterem teriam que se alimentar de outros mortais, só que mortais vivos.
  Olha, nem com todas as palavras do mundo poderia expressar todo o ódio que eu sinto por esse ridículo que eu sou obrigada a chamar de tio. O pior não é nem isso, Hades foi capaz de infectar a água e o ar e assim interveio nos poderes de meu pai, Poseidon e de meu tio, Zeus.
  Como se não bastasse o mundo estar sendo apossado por seres comedores de órgãos vitais, tenho três deuses poderosos brigando entre si e três mundos diferentes causando problemas e adivinha quem são os seres designados para conter o problema? Isso mesmo, os filhos dos três grandes.
  Como eu odeio ser filha de Poseidon! Por que meu pai não podia ser Hermes ou Hefesto? Ou minha mãe não podia ser Afrodite ou Atena? Não. Eu tinha que ser filha do grande deus dos mares que não pode ao menos controlar uma droga de uma doença que está acabando com todos os mortais, incluindo os semideuses.
  Para piorar ainda mais uma situação que não tem como piorar, eu fui praticamente jogada numa missão com meu querido e amado irmão, Percy, que por mim estaria morto há séculos, minha prima super bem humorada, e também caçadora de Ártemis, Thalia, minha cunhada linda e inteligente, Annabeth, que não devia vir conosco, mas como se intromete em tudo que não é chamada acabou vindo.
  Você faz ideia de como é fazer parte de um grupo onde você é a única estranha? Onde você é a única que não é especial e nunca fez nada de especial? Ah, mas você é uma semideusa . É nesse momento que eu te pergunto, e dai? A única coisa que eu exerço poder está contaminada com algo que causa uma morte lenta e dolorosa não só ao contaminado quanto à vítima do contaminado.
  Percy era o grande herói que já enfrentou deuses, titãs, monstros e tudo mais. Annabeth era a inteligente e maravilhosa guerreira que o acompanhava em todas as missões. E Thalia, nem preciso dizer. Ela é uma caçadora de Ártemis, filha de Zeus, por si só já é fabulosa, não precisamos mencionas seus feitos.
  E eu? Eu era apenas . A menina que há menos de dois anos viu sua vida virar de ponta cabeça, foi atacada por monstros e teria morrido se um semideus chamado não estivesse entrado no meio e me salvado. Agora você deve estar se perguntando quem é , eu te respondo. Brown é simplesmente o guerreiro mais inteligente e astuto que já tive o prazer de conhecer. Ele é do chalé de Apolo, e vamos dizer que deveria ser do chalé de Atena.
  Se eu tenho uma queda por ele? Na verdade, eu tenho um submundo inteiro por ele. Ou tinha, pois agora eu o perdi. O perdi para sempre. Acho que pela primeira vez realmente soube o que Thalia sentiu quando perdeu Luke, e acredite não desejo isso nem pra Clarisse.
  Vou resumir a nossa maravilhosa aventura. Eu, Annabeth, Percy e Thalia fomos praticamente expulsos do acampamento pelo Senhor D e seu maravilhoso humor, chegamos à Nova York graças a um carro que fora abandonado a meio km do acampamento, mas quando entramos na maravilhosa cidade de Nova York nos deparamos com uma cidade fantasma, ou diria uma cidade zumbi. Acredite, até Thalia tremeu ao vê-los. A maioria tinha inúmeros órgãos expostos, alguns não tinham olhos, outros tinham sangue coagulado em todo lugar, e havia dois se alimentando de uma massa que algum dia fora um humano. Senti meu coração tremer quando tivemos que descer do carro e lutar, a contracorrente, espada de Percy, cortava-os, mas não os matavam, eles sempre voltavam. Nenhuma das flechas de Thalia mantinha-os muito tempo no chão, e acho que um boné de invisibilidade enquanto você está cercada por seres famintos e que querem jantar seus órgãos não funciona. Eles estavam se aproximando e nós estávamos perdidos, nunca chegaríamos à entrada do submundo e nunca conseguiríamos falar com Hades. Mas ai, o improvável, ou nem tão improvável assim aconteceu. Apolo surgiu, com seu carro queimador de mortos vivos e seu filho maravilhoso. Não sei se fiquei feliz em ver , no acampamento ele estava protegido daqueles monstros, mas ali, eles poderiam pegá-lo:
  - O que vocês estão fazendo aqui? – Annabeth praticamente berrou enquanto erámos puxadas para dentro do carro sol.
  - Acho que salvando a vida de vocês. – Apolo respondeu, dando uma risada sarcástica.
  - ... – Falei tentando entender tudo, mas o que ele fez foi ainda mais improvável do que sua chegada. Ele me beijou.
  Sei que estávamos no meio de um apocalipse zumbi causado por um deus imaturo e que estávamos escapando em um carro de fogo de um deus pai que tinha aparência de filho, mas o momento que eu tanto esperara aconteceu, então não me importei se iriamos morrer ou não, só pensei em como seria se tudo fosse diferente enquanto seus lábios estavam juntos ao meu e suas mãos alisavam meus cachos avermelhados.
  - Eu... Eu... – Ele olhou para baixo e tornou a falar. – Eu não consegui ficar parado correndo o risco de nunca mais te vê-la, você não deveria ter sido mandada para essa missão, eles não poderiam ter te colocado em risco.
  Foi tudo tão rápido e o que eu fiz foi mais movido por impulso e por vontade de acalma- lo do que qualquer outra coisa, eu o agarrei e tornei a beija-lo. Era tão bom ter seus lábios contra o meu, sentir seu coração bater, colado ao meu corpo, e no momento eu me senti abençoada por Afrodite.
  Mas como tudo uma hora acaba a Thalia fez o favor de acabar com o meu momento. E eu fiquei tentada a joga-la para fora daquele carro a tapas. Mas Apolo falou algo que me fez parar de pensar numa morte bastante dolorosa para minha amada prima e começar a pensar de um modo de impedir :
  - me procurou, pediu minha benção e ajuda para embarcar nessa missão com vocês, e eu, como o pai maneiraço que sou, concedo a benção.
  - Não. – Eu falei me levantando. – De jeito nenhum! Já tem bastante gente nessa missão suicida, não precisamos de mais um que queira morrer por nada.
  - Mas eu vou. Você querendo ou não, ! – falou, me deixando ainda mais contrariada.
  - Apolo, por favor, você não pode deixar que ele venha. – Falei tentando convencer aquele monge de 16 anos a criar vergonha na cara e mudar de ideia.
  - A única coisa que eu posso fazer, minha querida meio sangue, é lhe falar a profecia. – Sua voz era suave, com o mesmo tom de quem dizia “vou comer a torta de morango”.
  Olha, de todos os deuses que eu estava com raiva, Apolo ficava no topo da lista. Como eu queria socar aquele rosto que parecia ter sido esculpido por um anjo até ficar igual a da Clarisse.
  - Então me fale a droga da profecia. – Respondi sendo rude.

  Você terá sucesso com o que busca,
  mas para isso terá que perder,
  sacrifícios aos deuses haverão de ser feito,
  e se fracassar, muitos perderão o poder.

  Ótimo, como se não bastasse à missão suicida, as pessoas insuportáveis e , agora teria que decifrar uma profecia feita por um deus que estava em seu momento poético. Na outra vida, eu devo ter dançado pole dance na cruz pra merecer isso!
  A viagem no carro-sol não durou muito, tivemos que descer em um beco mal cheiroso de Los Angeles, era expressamente proibido que deuses se intrometessem nas missões de heróis, mas obviamente Apolo não gostava de cumprir essa regra, antes de descer do carro ele me olhou e disse:
  - , eu sei que é difícil, mas se seu coração tomar a rédeas, todos morrerão.
  Desci sem olhar para trás, fingindo que não me importei com o que ele disse, mas a verdade era que aquilo havia realmente me tocado. E alguma coisa me dizia que ele estava certo. E sabe qual é o pior? É que agora eu sei que sim, Apolo realmente estava certo. Mais uma vez vou resumir a história para você, “Você terá sucesso com o que busca, mas para isso terá que perder”, nós buscávamos a entrada para o mundo subterrâneo e adivinhe, encontramos, mas para isso eu realmente tive que perder. Tive que perder a única pessoa que me importava naquela missão, .
  Vamos dizer que meu tio não queria ver heroizinhos pedindo para que ele parasse e então mandou o seu melhor exercito de mortos vivos atrás de nós. E vamos dizer que aquele pânico que eu tive a primeira vez que vi os “zumbis” não foi nada comparado ao que eu senti dessa vez. Eles eram muitos, muitos mesmo, e quanto mais Percy os golpeava, mais surgiam. E então, , que estava a minha frente tentando me proteger olhou para Percy e disse, salve- as. Eu não entendi, e na verdade só consegui entender quando ele cortou o braço e correu na direção oposta atraindo todos os “zumbis” para ele. Se eu tentei impedi-lo? Lógico, mas quando se tem uma caçadora com o dobro da sua força apertando sua traqueia e a arrastando, não adianta nada.
  Quando conseguimos alcançar a porta do “empreendimento” de meu amado tio, eu desabei. Não aguentei e comecei a chorar, eu me sentia sozinha abandonada e agora que finalmente estávamos juntos meu titio dera um jeito de tirá-lo de mim:
  - A profecia. – Annabeth sibilou afagando meus cabelos.
  - O que? – Meu querido e babaca de primeira categoria chamado de irmão perguntou.
  - A profecia. “Você terá sucesso com o que busca, mas para isso terá que perder”. Perdemos .
  - Não. – Eu gritei. – Não perdemos o . Eu perdi o . Pra vocês tanto faz, duvido que o grande Perseu Jackson alguma vez tenha falado com ele? Ou a maravilhosa Annabeth Chase? Não! Vocês não se importam em salvar a humanidade, só querem salvar a si mesmos e serem considerados heróis.
  Foi ai que eu cometi o maior de todos os erros. Annabeth entrou brava, me deixando para trás e Percy e Thalia os seguiram. E eu fiquei. Não tinha forças para ir atrás deles e cá estou. Sentada em uma lata de lixo na porta do “mundo subterrâneo” esperando um bando de “zumbis” me encontrarem e me matarem. Eu sei, foi egoísmo meu. O mundo inteiro precisa de mim, e cá estou eu, sentada esperando ser morta, porque acabei de perder o garoto que eu amava.
  Mas de repente, em meio aquela depressão pré- morte me veio uma luz:
  - Sacrifícios aos deuses terão que ser feitos. – Pronunciei em voz alta. – Meu orgulho. É isso que eu tenho que sacrificar aos deuses.
  Eu não sei o que dei em mim, mas quando vi estava pulando em um elevador lotado de almas surpreendendo meu meio irmão, sua namorada e minha prima:
  - O que você está fazendo aqui, ?
  - Percy, eu sei. Nós vamos conseguir, vamos conseguir por . – Eu estava confiante, não ia deixar a morte de ele ser em vão. Deixaria para sofrer o luto depois, agora, eu tinha três mundos para salvar.
  - O que a fez mudar de ideia, priminha? – Disse Thalia com seu sarcasmo de sempre.
  - era quem eu perderia, e o sacrifício é meu orgulho. Nós vamos conseguir, ele vai nos ouvir.
  - Como pôde ter tanta certeza? – Annabeth falou.
  - Por que se ele está fazendo tudo isso por Bianca, ele também pode fazer tudo voltar por ela.
  Olha, dai em diante eu não me lembro de muita coisa, mas lembro de dizer que Bianca se sentiria envergonhada de ser filha de Hades. Acordei uma semana depois no acampamento, Percy estava numa cadeira ao lado da cama:
  - A Cinderela acordou. – Falou calmo.
  - Conseguimos? – Perguntei com medo da resposta.
  - Depois de ele quase te matar e papai ter que intervir, conseguimos. Ele fez tudo voltar ao normal no mundo mortal.
  Respirei aliviada, pelo menos agora tinha a certeza de que não havia morrido em vão. Mas então me lembrei de algo, Percy devia me odiar por tudo o que disse:
  - Olha... – Comecei a falar mais ele me interrompeu.
  - O que passou, passou. – Ele pegou minhas mãos e nos encaramos. – , eu adoraria voltar no tempo e poder salvar , mas não posso. Então, por favor, vamos recomeçar fingir que nada aconteceu. Dê uma chance a nós dois, mana.
  Eu ri do modo como ele falou mana, e então senti que pela primeira vez na vida, eu realmente tinha alguém com quem contar.



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