Por que comigo?

Escrito por Mayra Santos | Revisado por Larissa Martins

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  Minha vida está uma droga. Tava bom demais para ser verdade. Eu tava ficando com um garoto, o , estava tudo às mil maravilhas, eu estava feliz pela primeira vez em anos. Eu o amava, tinha certeza disso, ele foi meu primeiro e único amor.
  Depois de dois meses, um amigo dele chegou pra mim e disse que tinha uma namorada, e que, obviamente, estava a traindo comigo. No começo não acreditei, mas logo comecei a pensar sobre... Resolvi perguntar a ele. O mesmo disse que o amigo não havia mentido, e que achava que eu já sabia, neguei, ele me pediu inúmeras desculpas.
  Eu fiquei arrasada, sei que pode parecer bobo, mas eu o amava e aquilo doía. Preferia mil vezes qualquer dor física a essa que me destruía a cada segundo. Decidi que iria largá-lo, a cada minuto me perguntava se era o certo, se ficaria bem sem ele, se conseguiria aguentar. Cheguei a conclusão de que era melhor me afastar agora, se o fizesse depois iria sofrer mais.
  Eu queria o odiar, mas simplesmente não consigo, eu amo esse desgraçado. Uma hora ou outra eu ia ter que conversar com ele, falar o que estava pensando.
  Então fui até sua casa, bati na porta, e logo ele a abriu e me convidou para entrar. Fomos pra sala e nos sentamos no sofá. sabia que eu tinha algo a falar, esperava por minhas palavras olhando em meus olhos.
  Falei tudo de uma vez, despejei tudo o que me atormentava em cima dele. Que queria me afastar, que não conseguiria mais ficar perto dele. afirmava me entender, me levou até a porta, mas antes de ir embora, eu queria uma coisa, queria não, eu precisava de uma coisa. Eu precisava de um último beijo do cara que eu amava, um beijo de despedida.
  Me virei para , coloquei minha mão esquerda em seu pescoço e simplesmente o beijei, ele retribuiu, eu coloquei todos os meus sentimentos naquele beijo, com a esperança de fazer a dor passar, do meu amor por ele acabar ali. Mas de nada adiantou, me afastei dele e sussurrei “adeus”, meu último adeus, e fui pra casa.
  Cheguei em casa e logo fui para o meu quarto, tranquei a porta, e observei meu guarda-roupa aberto, vi algo brilhando, eu a reconhecia de longe. Era minha lâmina. Eu havia me afastado dela nos últimos meses.
  Fui até ela e a peguei, parei por um instante e encarei meus pulsos, minhas marcas, minhas cicatrizes, minhas, só minhas. Destranquei a porta e fui para o meu banheiro.
  Me sentei no chão, encostando na parede, ainda com minha amiga na mão.
  Fiz um corte em cada maldito pulso e vi todo meu sofrimento indo embora, formando grandes poças de sangue no chão. Eu me sentia melhor que nunca, mas não era o suficiente, eu precisava acabar logo com isso. Fiz mais um corte, um único corte, e vi tudo girar. E logo depois ficar preto. Acabei com meu sofrimento, acabei com a dor agonizante em meu coração, acabei com tudo que sentia. Essa é minha deixa. Adeus.

FIM



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