Photograph, Give Me Something To Remember

Escrito por Mahzinha | Revisado por Lelen

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Prólogo

  - Mãe, quantas vezes eu tenho que te falar? Eu não vou para lá!
  Estou no começo da minha segunda semana de férias, acomodada na minha humilde casa, e minha mãe já achou algo para me tirar daqui.... Como sempre.
  Eu não queria fazer essa "apresentação", mas é necessário para vocês entenderem a história e eu não ter que ficar explicando cada mínimo detalhe... Então, vamos lá:
  Sou , uma menina americana de 16 anos que na maioria das vezes é explosiva e grossa.
  Sim, vocês leram certo, então, se querem ler histórias onde a menina é pacífica, educada e doce, vão embora. Continuando para os interessados que ainda estão aqui...
  Meu hobbie favorito é tirar fotos.
  Pode ser desde objetos simples a paisagens complexas, não me importo. Tirar fotos significa muito para mim.
  Meu sonho é ser aquelas fotógrafas profissionais, que moram em casarões e tem um monte de empregados atendendo aos meus pedidos, nada demais.
  O motivo dessa mais recente "explosão" com a minha mãe foi que ela me obrigou a passar minhas férias (lê-se inteiras) em um acampamento.
  Poxa, ela sabe que eu odeio essas coisas!
  Eu não sou sociável que nem ela (só tenho uma amiga, Sarah, a menina mais reservada da sala – a única que presta) e não me dou bem em campos, florestas, que seja! Sou bem mais cidades.
  E sem contar que eu ia passar o mês inteiro treinando para um concurso de fotógrafos amadores que iria ter aqui em Toronto. É, eu sou canadense, esqueci de dizer.
  - Acredite filha, algum dia, você ainda irá me agradecer por te mandar para esse acampamento.
  - Duvido. – Eu bufo.
  - Agora, sem mais reclamações, vá fazer sua mala para amanhã.
  - Sim senhora... – Suspiro infeliz e vou para o meu quarto.
  E eu repito: Duvido!

Capítulo 1

  E aqui estou eu, pleno sábado e eu estou em um aeroporto...
  - Me diz mesmo o por que de eu estar aqui, mãe?
  - Porque você vai me agradecer depois. E, além disso, você precisava sair um pouco e se divertir. Curtir sua infância.
  Infância? Qual é mãe!
  - Eu posso me divertir aqui em Toronto, mãe, lá em casa no meu quarto...
  - Filha, - Ela me corta. - é bom conhecer lugares novos. – Ela me dá um abraço e beija o topo da minha cabeça. – Te amo.
  - Também te amo, mãe. – A abraço de volta.
  "A todos os passageiros do vôo 8123 (n/a: ...Means everything to me... <3) para a Califórnia, favor irem até a sala de embarque do 2º andar."
  Olhei tristemente para a minha mãe, ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e sorriu, deixando uma lágrima cair dos seus olhos.
  - Ah mãe! Não chora! Senão eu choro.
  Apesar das brigas sem necessidades e dos desentendimentos diários com a minha mãe, eu amava ela. Pô ela é minha mãe! Me carregou durante nove meses no útero dela! Vê-la chorando me lembrava o meu pai, que nos deixou há 11 anos.
  Aquele projeto mal feito de pessoa... Graças a ele, nunca mais consegui confiar em nenhum homem, cara, menino, que seja! Pessoas do sexo oposto ao meu.
  - É melhor você ir, querida. – Minha mãe me abraça esmagadoramente. – Se cuida, não faça nada de errado, tente não brigar com ninguém e se divirta.
  - Vou tentar, mãe. – Digo fraca.
  Ela olhou orgulhosa e sorriu, beijando minha cabeça e me abraçando pela última vez naquele mês.
  - Ótima viagem, minha lindinha.
  - Se cuida também mãe. – Sorrio torto.
  Pego minha mala (sem rodinha, mas com alça) e encaixo as alças em meu ombro, começo a andar e ouço uma fala vinda da minha mãe:
  - Quero várias fotos, sim?!
  Viro e sorrio para ela. Logo em seguida, eu já estava abrindo a minha mala para o cara ver se havia algum objeto "perigoso" nela.
  Califórnia, aí vou eu.

~ 0 ~

  Minha viagem não foi boa (graças a Deus que eram apenas 2 horas e 40 minutos!).
  Primeiro – Tive de me sentar entre duas pessoas desconhecidas. A do lado direito era uma menina que não calava a boca (o pior era que ela mascava chiclete enquanto tagarelava) e a pessoa do lado esquerdo era um cara gordo, que também não parava de mexer a boca, porém ele não falava, ele comia (o cara comeu uns 5 hambúrgueres durante a viagem).
  Segundo – Só me serviram uma barrinha de cereal que não tinha chocolate.
  Terceiro – A bateria do meu IPod acabou nos primeiros 5 minutos da viagem (mas não me permiti tirar meus fones, não queria ouvir as tagarelices da minha "companheira").
  Quarto - Não consegui dormir.
  Bom, essa foi a minha viagem...
  Mas o importante era que eu já estava no local onde eu deveria estar e que eu estava viva, não havia morrido num acidente aéreo.
  Quando pisei no chão do aeroporto, fui à direção das esteiras. Peguei minha mala e a pendurei no ombro. Fui até o local de desembarque e fiquei a procura de um homem que segundo mamãe, se chamava Hugo e que estaria usando uma camiseta azul esverdeada com um sol laranja no meio... Eita camiseta linda! (n/a: sarcasmo mode ON)
  Fiquei uns 10 minutos procurando a camiseta até que vi um cara alto, muito alto (tá, ele devia ter uns 2 metros!) loiro e meio gordinho, que tinha um bigode de "hermanos", vestindo a tal camiseta...
  - Licença, você é o Hugo? – Perguntei, tocando-lhe no braço.
  Um sorriso proporcional para ele se abriu em seu rosto... Ou ele era um tarado que acabara de achar a sua vítima ou ele era o tal Hugo.
  - Você deve ser a ! Sim, sou o Hugo O'Callaghan! Prazer! - Estendi uma das minhas mãos, mas ele a ignorou e me envolveu em um abraço de urso. – Falei com a sua mãe por telefone, não se preocupe, você não irá quebrar nenhuma unha comigo ao seu lado!
  - ... Você será tipo um guarda-costas?
  - Tipo um guarda-costas! – Ele respondeu sorridente novamente, sorri torto e ele se oferece para carregar a minha mala, claro que eu aceitei, afinal, ela estava pesada e estava começando a me dar dor no ombro.
  Sabe, eu estava gostando de ter um "Hugo" ao meu lado...

~ 0 ~

  Assim que saímos do aeroporto, Hugo me guiou até o seu carro, uma Kombi verde (num tom bem desgastado). Ele disse para me sentar na frente, segui sua ordem e me acomodei no banco passageiro. Logo fechei os olhos, na esperança de dormir...
  - Eu fico feliz com a sua chegada. – Ele diz me acordando.
  Abro os olhos e o encaro, apesar de ser grandemente assustador, ele era uma boa pessoa.
  - Você fica feliz com todas as pessoas que vão para o acampamento ou está feliz por eu, em especial, estar indo?
  Ele virou o rosto e começou a me analisar.
  - CARA! Olha para frente, Hugo! – Eu berrei, sim. Ele é maluco de parar de olhar para frente enquanto dirige?!
  Ele começa a rir do meu desespero, e eu a ficar atenta em seus atos. Não estava a fim de morrer em um acidente de carro à quilômetros da minha casa, acompanhada de Hugo, um barbeiro barbudo risonho!
  - Para de rir, Hugo! Você bebe, cara?! Presta atenção nessa droga de estrada! – Eu digo o olhando brava.
  - Isso! Isso responde a sua pergunta! – Ele diz e começa a rir histericamente.
  Tenho certeza, ele bebeu.
  - Isso não responde a porra nenhuma! E PARA DE RIR!
  Ele não parou, mas se acalmou um pouco. Um tempo em silêncio e ele voltou a falar:
  - Eu fico feliz quando mais pessoas vão ao acampamento, claro, eu vivo daquilo! Mas fiquei bem feliz quando você veio com esse seu estilo. – O encaro séria, ergo uma sobrancelha. – Não estou te dando uma cantada, ok?! Eu tenho namorada e sou muito velho para você, . – Ele diz rapidamente e eu seguro um riso.
  - Ok, mas então por que ficou feliz de eu vir com o meu "estilo"? – Fiz aspas com os dedos.
  - Porque eu conheço alguém que precisa te conhecer.
  Ave Maria... Resolvo ignorar esse comentário e paro de olhá-lo.

~ 0 ~

  Depois de observar as diversas paisagens do Texas pela janela do carro, adormeci. Só acordei por causa de uma buzinada forte e escandalosa que o Hugo deu.
  Para uma Kombi de pintura desgastada, até que a buzina era potente. Muito potente.
  - Acorda belezinha! Chegamos! – Hugo me balançou até eu acordar. – Bem vinda à sua segunda família, o acampamento Sun To Shine!
  Abri a porta da Kombi e pulei para foro do carro...

Capítulo 2

  ... O que era aquilo?!
  Que lugar lindo!
  Ok, ok, confesso que toda a minha má vontade de vir para cá sumiu. Quantas paisagens lindas! Eu poderia (e vou) tirar um monte de fotos!
  - Hahaha, estou vendo que alguém gostou de vir para cá! - Hugo me disse com um sorriso sacana no rosto.
  - Minha mãe te disse que eu não queria vir aqui? – Perguntei sem graça.
  Ele confirmou com a cabeça.
  – Me disse que você gostava de tirar fotos também. É seu hobbie, não é?
  - Sim, mas o que é que tem haver isso?
  - Bem, ela me perguntou se aqui tinha uma paisagem legal para você treinar para um concurso da sua cidade.
  Minha mãe... Fez tudo para a sua garotinha e ela agradeceu com o pior humor da vida... A única coisa que eu queria fazer agora era dar um abraço carinhoso e um sorriso verdadeiro. Mãe, eu te amo.
  - Vamos lá, , vou te mostrar o lugar.

~ 0 ~

  Depois de umas duas horas andando e conhecendo o acampamento Sun to Shine, voltamos para o lugar de onde começamos (na entrada do acampamento, onde a Kombi estava estacionada) quando eu vi um menino pegando a minha mala.
  Cara! Eu não sabia que existia roubo num acampamento! Que precário!
  - Hey! Pode parar aí cara! – Saí correndo em direção ao assaltante, que era alto, magro, de cabelos castanhos claros, estava usando um óculos escuro (Ray Ban), uma calça skinny dobrada nos joelhos e uma camisa aberta, que assaltante chique... – Essa é a minha bolsa – Puxei-a de suas mãos. Além de chique era fraco? Que tipo de assaltante era aquele? – E eu estou com o Hugo! Que é maior que você!
  É, isso foi ridículo, mas era o meu único argumento...
  - E aí, Hugo. – O assaltante-magrelo-e-esquisito bateu na mão de Hugo... WTF?!
  - Espera! Para tudo! Você conhece esse assaltante-meia-boca? – Olhei de Hugo para o assaltante, que me olhava indignado. – Ah! Qual é! Você é meio estranho para ser um assaltante, e também não tem jeito e nem corpo...
  - É porque talvez eu não seja um... – O cara respondeu me olhando estranho.
  - E o que você estava fazendo furtando a minha mala?
  - Assaltante, furtando... Cara! Quem fala assim?! – Ele perguntou entre risos.
  - Eu falo assim. – Eu digo séria e ele se cala. - E responde logo.
  - O John trabalha aqui, . Ele é o meu primo e, bem... Eu ia te apresentar a ele. – Hugo explicou.
  - Mas por que raios ele estava fur... Pegando a droga da minha mala?
  - Eu ia levá-la para o seu quarto, senhorita culta. – O mais novo responde, me fazendo revirar os olhos – Prazer, sou John O'Callaghan.

~ 0 ~

  Ah tá, o tal de John O'Callaghan era o cara que levava malas para os devidos quartos... E era primo do Hugo? WTH MAN!
  Logo que "o cara", como eu prefiro dizer, se apresentou como John, ele veio para cima de mim, mostrando a bochecha dele à mim... O que ele ia ganhar mostrando a bochecha?! Acho que essa família O'Callaghan é maluca.
  - Sou uma garota que não gosta de apresentações, prazer. – Eu disse dando dois tapinhas leves na bochecha à mostra dele.
  Ouvi Hugo abafar um riso, e "o cara" se erguer novamente com uma cara não muito boa.
  Ajustei as alças da mala no meu ombro e me virei para Hugo:
  - Então, aonde é meu quarto?
  Mas não houve resposta, e sim, risadas vindas do cara... Ai Jesus...
  - Do que é que você está rindo, menino? – Perguntei entediada... Eu não estou gostando dele.
  - Meu! Você é maluca, não é?! – Ele não parava de rir.
  - Eu sou maluca? Você que ri feito uma hiena!
  - Hahaha... – Ele vai parando de rir. - Desculpe se rio muito, mas é que pessoas normais se cumprimentam com beijos nos rostos.
  Eu pisquei enquanto ele volta a rir...
  – Que nojo! Você acha que eu... Eu vou dar um beijo no rosto da sua pessoa?! Você é maluco! – Agora quem ri sou eu.
  - O que tem de errado no meu rosto? – Ele pergunta, tirando os óculos escuros e mostrando um par de olhos verdes.
  - Não é só no rosto que tem alguma coisa errada. – Respondo e me viro para Hugo, esperando pela resposta que ele não deu anteriormente. – Então?
  - Fica ao lado do meu. Chalé 16. – Ele responde após conferir em um caderninho que ele carregava no bolso.
  - Ok, nos vemos por aí, O'Callaghans.
  Me viro e vou andando rumo ao meu chalé, sem olhar para trás.

~ 0 ~

  Andei por uma estrada de pedrinhas, por um pequeno lago onde pessoas nadavam e por uma grande (e bota grande nisso!) fogueira que não estava acesa, pois estava de dia, até chegar ao chalé 16, o último dos chalés que ficavam do lado direito da rua.
  Os chalés eram feitos de madeira. Havia uma porta ao lado esquerdo e uma janela do lado direito. A chave estava pendurada na maçaneta; virei-a e ouvi um estalo. Logo, a porta se abriu, mostrando um quarto com um banheiro no fundo. Nada muito chique, nem nada muito simples. Legal.
  Joguei minha mala na cama e fechei a porta. Tiro uma maleta preta, pesada e já gasta, que estava dentro da minha mala grande.
  É nela onde guardo minha câmera e seus acessórios.
  - Oi, bebê! Sentiu minha falta?
  Sim, eu gosto de falar com as minhas coisas.
  Limpei a lente dela com um paninho especial e a ajustei, fui para o parapeito da janela e vi a paisagem. Era a parte de trás do lago, com várias pessoas se divertindo e sorrindo.
  Click.
  Essa foi a minha primeira foto dentro do acampamento.
  Eu ia continuar tirando algumas fotos, mas alguém bateu na porta do meu chalé.
  Dei alguns passos para a esquerda e abri a porta.
  - O que você quer? – Perguntei para... Vocês já devem saber quem era.
  - Vim aqui te ajudar a desfazer sua mala. Hugo me obrigou.
  - Eu acho que sei como desfazer a minha própria mala, obrigada.
  - Bom, você pode ficar aí reclamando, mas eu não posso voltar lá e dizer para o Hugo que eu não te ajudei, senão ele me mata. E eu não quero morrer agora. – Ele disse se apoiando na porta.
  - Ok, e cadê ele? – Perguntei, olhando para fora do chalé.
  - Está trabalhando com uma turma menor.
  - Bom, diga para ele que eu já desfiz minha mala. Obrigada. – Vou fechar a porta, porém o pé dele me impediu. - Quer se afastar, por favor?!
  - Por que você fala tão cultamente? Qual é, ninguém mais da nossa idade fala desse jeito... Você é estranha.
  - Eu falo do meu jeito, como você fala do seu jeito. Agora... Ou você tira o seu pé daí ou vai perdê-lo. – Eu disse forçando a porta, espremendo seu pé.
  - Você é má. – Ele diz sem mexer o pé um milímetro para o lado.
  - E você é mal-educado. Não te ensinaram que você não deve ficar atormentando uma pessoa?
  - Eu não estava te atormentando!
  - Não, porque ainda está! – Rolei os olhos (é, eu faço bastante isso). – Posso fechar a porta agora? Ou o senhor pé grande tem mais argumentos para me dizer?
  - Não, pode fechar a porta, certinha.
  Cara, como eu odeio que me chamem de certinha... Tantos adjetivos inventados no mundo e ele diz logo esse?
  Claro, fechei a porta com toda a minha força, e acho que acabou batendo no enorme nariz dele, pois este disse: “Ai... Meu nariz cara...”. Hahá!

~ 0 ~

  - Alô? – Essa! Essa era a voz que eu queria ouvir desde que cheguei ao acampamento.
  - Mãe? Sou eu, .
  - Filha?! Ah, graças a Deus! Como você está? Viajou tranquilo?! – Ela parecia nervosa, falava rápido e quase sem pausas.
  - Sim, viajei bem, apesar de sentar no meio de duas pessoas desagradáveis.
  - Hum... Que horror! Mas tirando isso?
  - Foi bom.
  - Ah, que bom, querida. – Sei que ela deu um de seus sorrisos amáveis.
  - É... Mãe? Eu... Queria te agradecer...
  - Me agradecer? Por?
  - Me mandar para cá... Hugo me disse que você escolheu esse acampamento em especial para eu treinar para o concurso... – Sorri verdadeiramente, mesmo ela não podendo ver.
  - O Hugo te disse? Aquele tagarela! Eu quero falar com ele!
  - Hahaha, ai mãe... Só você mesmo... – Eu disse rindo, estava com saudades dela.
  Ouvi o som de uma corneta vindo de longe.
  - Filha, se for o que eu estou pensando ser, é melhor você desligar, ou ficará sem jantar.
  - Ah... Ok, mãe... Bom, boa noite. – Falei contra, pois não queria desligar.
  - Boa noite querida, se divirta.
  Ouvi a linha do telefone se cortando e desliguei o celular. Saí do chalé, me encontrando com Hugo:
  - ! Eu ia te chamar para comer agora. Sorte você ser uma garota esperta e ter ido atrás do barulho da corneta. Vamos! – Ele disse e eu o segui.
  Como minha mãe sabia que o som significava a hora do jantar?

Capítulo 3

  Acordei com um estrondo. Uma claridade invadiu meu quarto. Era tão forte que mesmo com os olhos fechados, me atrapalhava.
  - ACORDA DORMINHOCA!
  Claro que tinha que ser essa voz para estragar mais a minha manhã! Ótimo, agora eu estou mal-humorada...
  - TÁ, JÁ ACORDEI, JÁ ACORDEI! – Eu disse berrando e me sentando na cama com os olhos ainda fechados, cara, como ele se aguentava?!
  - ANDA, FICA DE PÉ! – Ele disse me puxando pra cima. – Não vai querer dar cinco voltas correndo comigo antes do café-da-manhã não é?!
  Abri os olhos assustada e “o cara”, apenas riu, peguei meu travesseiro sem que ele percebesse e lhe dei uma almofadada na cara.
  - Ei! O que pensa que está fazendo?! Isso não é muito certo menina certinha!
  - É porque talvez eu não seja uma menina certinha. – Eu disse imitando-o e jogando mais uma vez meu travesseiro em sua cara fina.
  - Ah, é assim é? Então tá bom! – Ele roubou o travesseiro da minha mão e bateu no meu braço direito.
  - AI! – Berrei. - Se quer lutar, pega a sua arma, bobalhão! – Eu disse e peguei o meu travesseiro de volta.
  - Ok, ok! - Ele tirou sua camiseta e começou a dar “camisetadas” na minha cara...

  Eu mereço, né? Além de ter que ver uma barriga ossuda e comprida, a camiseta ainda está fedida, o que atacou a minha rinite.
  - Atchim! – Espirrei. – Atchim! Atchim! Atchim! – Espirrei mais três vezes seguidas.
  - Epa! Parece que alguém ficou gripada!
  - Não é gripe, é alergia a pessoas fedidas! Atchim! Cara, você não lava a sua camiseta não?! Atchim! Atchim! Atchim! – É, geralmente, quando eu tenho ataques de espirro, saem 3 de uma vez...
  - É claro que eu limpo! – Ele disse e cheirou a camiseta da sua mão. – Nossa! Acho que peguei a camiseta do Hugo! A... A... A... ATCHIM!
  Pode se dizer que aquele foi o momento mais nojento e não-bem-vindo da minha vida... John O’Callaghan tinha acabado de espirrar em mim! ECA!
  - AAAAAAAAAAAAAAAAAH! QUE NOJO! – Eu disse sem conseguir abrir os olhos...
  - Ah, sinto muito! – Ele disse. – Tem papel não?
  Que... Folgado!
  - NÃO! EU NÃO TENHO! – Gritei em sua cara.
  - OK! OK! Calma tá?! Não foi por querer isso!
  - QUE BOM NÉ?! Imagina se fosse!
  - E dá para você parar de gritar? Está me deixando surdo garota!
  - A menina tem nome! E NÃO, NÃO DÁ PARA PARAR DE GRITAR! – Eu disse cuspindo as palavras na cara dele.
  - Eu sei que tem. não é? Nome bonito.

  WHAT THE FUCKING GOD?!

  - Hahaha, deixei você sem palavras! – Ele ria de mim.
  Que imprestável... Que raiva... Que idiota...
  - Ei, John! Eu te mandei vir acordar ela, e não namorá-la.         
  Olhamos juntos para a porta e vimos Hugo com um sorriso brincalhão...
  - Eu não estou paquerando ela! – Ele disse vermelho, de raiva, acho.
  - É, pelo amor de Deus ser paquerada por ele. – Eu disse.
  - OK OK! Agora vamos, ou vocês irão perder o passeio a cavalo!
  - O passeio a cavalo?! Já é! – John disse me puxando pelo braço.
  - Depois, eu que sou a maluca... – Eu disse baixo.
  Sorte eu não ter dormido com meu pijama e sim com a roupa que vim, por preguiça de me trocar.

~ 0 ~

  Cheguei ao salão com John ainda me puxando pelo braço... Eu não conseguira me desvencilhar dele... Claro, que vários olhares pararam em nós.
  Eu não queria admitir isso, mas... John era bonito.
  E, claro, muito pretendido nesse acampamento... Ainda mais por trabalhar aqui.
  - Puts, tá lotado hoje! – Ele disse.
  Olhei para as mesas, realmente estava lotado...
  - John, que tal a se sentar nessa mesa e você na mesa dos monitores? – Hugo disse.
  - Ok. – Eu disse, conseguindo me soltar da enorme mão dele, me sentando no lugar indicado.

  John e Hugo logo foram embora e eu comecei a pegar um pão e passar manteiga, queijo, presunto e requeijão. Me servi de suco de maçã e peguei uma fruta e a pus no meu prato. Nada melhor que um café-da-manhã caprichado!
  Comecei a comer, porém logo ouvi comentários vindos das meninas ao meu lado.
  - Ai, mas ela nem é tão bonita como eu...
  - Ela é estranha, parece que está sempre brava, e ele é tão lindo! Sempre simpático, um fofo!
  - Eu não gostei dela.
  - Acho que ela está se aproveitando dele, para ter melhores coisas aqui no acampamento.
  Sorte que eu não ligo para o que as pessoas dizem, se você não gosta de mim foda-se.

~ 0 ~

  Assim que terminei de comer, me levantei e saí do local, estava indo em direção ao meu chalé para pegar minha câmera, mas fui interrompida antes...
  - Hey! Onde é que você está indo?!
  Olhei para trás e vi um menino loiro, mais cheinho e alto.
  - Estou indo para o meu chalé. Algum problema?
  - Sim, na verdade... Para quê você está indo lá, sem querer ser intruso...
  - Estou indo pegar a minha câmera. Quero tirar algumas fotos daqui.
  - Ah! Então você é a , a menina que gosta de tirar fotos?! – Ele abriu um sorriso e veio até mim, acho que sou bem – ou mau – falada nesse lugar. – Sou o Jared, Jared Monaco! – Estendeu uma mão. - Eu sou meio que um monitor júnior daqui...
  - Ah, entendi. – Apertei a mão dele e ri.
  - O que foi? – Ele disse começando a rir. Que garoto simpático!
  - É que eu conheci uma pessoa que me disse que pessoas normais se cumprimentam com beijos nos rostos...
  - Ah... E esse alguém seria o John?
  - É... Seria...
  - Hahaha, só ele mesmo para achar isso. – Ele diz enquanto revira os olhos. - Acho que nós devemos cumprimentar a pessoa de qualquer jeito... Não ligo se é com um beijo no rosto ou com um cumprimento de mão. Mas também não devemos forçar ninguém, né?
  Gostei dele!
  - É! Concordo plenamente! – Eu disse sorrindo.
  - Hahaha! – Ele ri. - Não liga para ele. Esse é o jeito “normal” dele.
  - Parece que vocês se conhecem bem.
  - Sim, somos melhores amigos. – Ele sorri. – Bom, vou deixá-la ir buscar a sua câmera, mas não quero que ninguém a veja ouviu? Se não, nós dois estamos lascados! Sair no meio de uma refeição é tenso aqui...
  - Por quê?
  - Bem... Digamos que eu já tenha uma experiência nesse assunto...
  - Ah, entendi. Bom, obrigada Jared.
  Ele piscou e voltou a andar como se nada tivesse acontecido...
  - Ah! E não se esqueça do passeio a cavalos! – Ele grita para mim.
  - Não sou muito fã de cavalos! – Eu berro em resposta.
  - Ok, mas você tem de estar no celeiro às 11 horas, ou seja, daqui a 15 minutos!
  Fiz positivo com o dedão e corri para o meu chalé.

~ 0 ~

  Cheguei ao celeiro às 10h50 min com a câmera pendurada no meu pescoço... Senti dois dedos tocarem nas minhas costas...
  - Hey, por que saiu mais cedo do café?
  Me virei e me deparei com o par de olhos verdes mais que conhecidos... John... De novo...
  Apontei para a minha câmera.
  – Ah. Tirou alguma foto?
  - Não, eu peguei a câmera e não tirei nenhuma foto. – Respondi revirando os olhos e rindo. – Claro que eu tirei né?
  - Posso ver?

  Ok, nunca, ninguém tinha pedido para ver minhas fotos... Aquilo me deixou... Envergonhada?! Como assim? O que está acontecendo comigo?

  - Cla... Claro. – Lhe entreguei minha câmera e ele a olhou e ergueu uma sobrancelha. – Quer ajuda? – Perguntei e ele assentiu. – Acho que seria bom se você ligasse a câmera.

  Ele apertou o botão certo (por incrível que pareça) e a câmera fez seu barulho indicando que havia ligado. Apertei no botão onde mostrava as fotos já tiradas, ele abriu um sorriso e agradeceu.
  Ele começou a ver as fotos, e eu para parar de olhar para ele, olhei para os cavalos que estavam presos no celeiro.
  - Hey, são muito boas! Você tem talento heim? – Ele disse e me empurrou de leve.
  - Ah, obrigada... – Como assim ele me deixava sem graça e não se sentia mal?
  - Tira uma foto minha. – Ele disse como se fosse a coisa mais normal do mundo... Se bem que não é anormal...
  - O quê?! – Perguntei absorta.
  - Tira uma foto minha ué, quero ver se você é boa mesmo.
  Não era ele que tinha acabado de me elogiar? Menino confuso...
  - E para isso eu preciso tirar uma foto sua? – Ele assentiu. - Com a minha máquina fotográfica? – Ele assentiu de novo. - Coitada! Ela não merece ter uma foto sua gravada nela!
  - Magoou agora... – Ele disse fazendo um biquinho. Parecia um menininho de sete anos levando um “não” da mãe.
  - Ok, eu tiro. – Bufo e preparo minha câmera.
  - Ai sim! Em qual pose você quer?
  - Como? – Perguntei sem conseguir segurar o riso.
  - Pose. – Ele disse com obviedade. - Escolhe: sexy – Ele disse fazendo biquinho e pondo as mãos no bolso da bermuda apertada (cara, como esses caras conseguem usar essas calças? Não deve nem passar pelos pés deles!). -, alegre, - Ele disse dando um sorriso feliz e mostrando um sinal de positivo. – ou normal? - Ele dá um sorriso torto.
  - Para mim, todas são poses afeminadas. – Digo e ele faz cara de sério.
  - E repetindo: você é má!
  - É, eu sei. Agora anda logo e faz qualquer pose.

  Ele não fez nenhuma das poses, mas mostrou a língua, ficou vesgo e fez um sinal de paz e amor com a mão. Não consegui não rir!

  Click.

  - Deixa eu ver! – Ele tirou a câmera das minha mãos.

  Ele não fez isso.

  TAP!

  - AU! Por que você fez isso, ?! – Ele massageia o local onde bati.
  - Porque é para você aprender que você NUNCA poderá tirar a MINHA câmera das minhas mãos, só se você quiser perder os seus sentidos. - Respondo pegando minha câmera de volta.
  - Ah, me desculpe... Mas, cara! Doeu viu?!
  - Ok, John, vamos parar de chorar e ir para lá com o resto do pessoal. – Hugo disse por trás da gente, nos assustando. – Eu sei que tapa de amor não dói.
  - HUGO! – Gritamos juntos.
  - Hahaha! Olha! Até a sintonia é a mesma! Hahaha! AI! – Ele geme, pois John acabara de bater nele.
  - Vamos lá pessoal. – Jared disse aparecendo e me guiando até a turma da minha idade, levando John consigo.

Capítulo 4

  Eles pararam na nossa frente, acompanhados de Hugo.
  - Olá pessoal! Sei que vocês já estão meio velhos para isso, mas acreditem em mim, vai ser legal. – Hugo diz e o pessoal não prestara atenção. – Bom, o que vocês estão vendo aqui?
  - John, um menino lindo... – Uma menina responde acompanhada de suspiros.
  - Obrigado pela consideração. – Jared diz sorridente, fazendo a menina se calar.
  - Não, esse John não é bonito. – Hugo diz e John protesta. Eu e Jared rimos. - Mas o que vocês estão vendo atrás desse John e desse Jared, são cavalos. Quatro cavalos.
  - E daí? – Um cara diz e os outros riem.
  Nossa, esse pessoal é bem educado...
  - Daí que vocês poderão dar umas cavalgadas por aí. Se não quiserem, podem ir para a piscina, mas ou vocês ficam cavalgando ou ficam nadando, sem meio termo.
  - Beleza. – O mesmo cara respondeu e se levantou, levando consigo quase todos os presentes, exceto eu, Hugo, Jared, John e um cara meio loiro meio moreno, forte e alto... (n/a: reconheceram? :X)
  - Nossa, pensava que mais gente gostava de cavalgar... – Hugo diz tristemente.
  - Pois é... Antes as meninas gostavam mais... – John comenta.
  - É, mas, temos dois restos de pessoas aqui!
  - Valeu Hugo! Quanta consideração amigo! – O cara forte diz e se levanta, indo dar tapinhas nas costas dos trabalhadores.
  - Ah, você já é da casa Tim, e a ... O que você ainda está fazendo aqui?! – Hugo me pergunta, não acreditando que eu continuo lá.
  - Ah, OK, eu saio então. – Digo me levantando.
  - Mas é muito mané mesmo... – “Tim” diz batendo na cabeça de Hugo. – Sou Tim Kirch, amigo desses retardados mentais.
  - Ah, prazer. Sou .
  Não nos cumprimentamos com a mão nem com um “beijinho”, o que me faz olhar para John, que fala mudamente a palavra “estranhos” com a boca.
  - Bom... Já que estamos aqui, vamos cavalgar! – Jared diz já montando em um dos cavalos.
  - Mas são 5 pessoas para 4 cavalos?! – Tim perguntou. – E se mais gente quisesse cavalgar? Vocês estão economizando nos cavalos, é isso?
  - Bem observado... – Jared responde se referindo a observação de Tim. – Eu já estou aqui, esse é meu, o último a pegar um cavalo divide com alguém.
  - Ah, não tem problema, eu vou tirar algumas fotos... – Eu digo, mas acho que não fui ouvida, pois os três rapazes que sobraram saíram correndo a procura de um cavalo para montarem.
  Esperei um pouco, e quando todos estavam em seus devidos cavalos tirei uma foto.
  Clik.
  Os quatro olharam para mim, porém Tim é o único que fala:
  - Ué?! Você não vem?!
  - Não, não sobrou mais cavalos, eu vou ficar tirando fotos...
  - NÃO! – Hugo berra e todos recuamos um pouco. - Você não ouviu o que eu disse?! Sem meio termo! – Ele me repreende.
  - Tá, e o que você sugere? Cortar um cavalo ao meio para ir me levando? – Eu digo fazendo os outros rirem.
  - Não, vamos seguir o que o Jary aqui disse, você vai dividir com alguém . Comigo que não vai ser! HÁ! – Fiz uma careta demonstrando o quanto aquilo tinha soado idiota.
  - Que merda Hugo... – Tim comenta. – Olha, você até pode vir comigo, mas não sei se a Meg vai agüentar.
  -... Meg? – Pergunto.
  - Sim, essa égua. Ela é meio velha já.
  Ficamos em silêncio... O único que sobrara... John... Ah... Não, para de brincar comigo Deus!
  - Vai com o seu namorado ué. – Hugo disse quebrando o silêncio.
  - Olha o John namorando! – Tim diz contente. - Nunca pensei... Um cara como você! – Ele faz um “joinha” com os polegares para John.
  - Ele não é meu namorado. – Eu corto o barato deles.
  - E eu não estou namorando. – John disse.
  - Ok, ok... , tem problema você ir com ele? – Jared pergunta me mandando um olhar de “vai antes que o Hugo dê a louca”.
  - ... Bem...
  - Ah, qual é! Deixem de ser infantis! Vai logo ! – Hugo diz já começando a andar com o seu cavalo.
  - Falou o cara mais infantil desse acampamento. – Jared fala e nós rimos.
  - Essa foi boa cara! - Tim diz sem parar de rir.
  - Ah, cala a boca! – Hugo berra e logo, Tim e Jared saem correndo atrás de Hugo que ri divertido.
  - Vamos. – John diz sorrindo.
  - Ok... Mas vou avisar que eu não me dou bem com cavalos! – Eu digo tentando subir, mas sem ter muito sucesso.
  Por que minhas pernas têm de ser tão curtas?
  - Não é só com cavalos que você tem problema. – John diz enquanto ri.
  O fuzilo com o olhar e ele vai parando de rir.
  - Dá para me ajudar?!
  - Ah, desculpe. Vem mais perto e segura na minha mão.
  Segurei na mão estendida de John e ele logo me puxou, com a minha outra mão segurando a cela do cavalo. Passei uma perna e a mão que estava segurando a cela se apoiou no ombro direito de John.
  - Pronto, acho que consegui. – Eu digo enquanto prendo o meu cabelo.
  - OK, então, vamos lá!
  - ESPERA!
  Mas ele saiu cavalgando e eu para não cair, larguei o elástico e o meu cabelo e me segurei na cintura dele... COMO ELE ERA MAGRO! PARECIA NÃO TER CARNE, SÓ OSSOS!
  - HAHAHAHAHA! – Ele começou a rir.
  - Do que você tá rindo?! PARA DE RIR! – Segunda vez que falo isso nesse país.
  Acho que a família O’Callaghan tem problemas com meios de transporte, afinal, eles sempre começavam a rir enquanto dirigiam (carros) ou galopavam (cavalos)...
  - Me... HAHAHA... Sol... HAHAHA... Ta! – Ele tenta dizer.
  - O QUÊ? – Berro em seu ouvido.
  - Me solta! – Ele fala rapidamente, mas logo voltando a rir.
  - Não! Você é maluco? Se eu te soltar eu vou cair! – Eu respondo. O que ele tinha na cabeça?!
  - Então... Hahahaha... Pega aqui! – Pego a rédea, porém sem me soltar da sua cintura fina. - Segura... Hahahaha... Firme!
  Apertei mais forte a rédea e aos poucos, senti que o cavalo começou a andar mais lentamente, me deixando afrouxar um pouco a força das minhas mãos da cintura dele, o fazendo rir menos...
  - O QUE É QUE ESTAVA ACONTECENDO?! – Eu perguntei nervosa, CARA, EU PODIA TER MORRIDO LÁ!
  - Você me fez cócegas, quando abraçou minha cintura sabe?
  Ok, eu fiquei corada... De novo ele me deixara sem graça... E o pior é que ele fala as coisas como se fossem as mais naturais do mundo...

Capítulo 5

  Minhas duas primeiras semanas no Sun to Shine foram boas, admito.
  Apesar de apenas falar com Jared, Hugo, Tim e bem, John...
  Acabei conhecendo o irmão de Tim, chamado Pat, e seu amigo, Garrett. Ambos mais novos (consequentemente não estando na mesma turma que a gente), muito brincalhões e unidos.
Apesar de às vezes terem uns surtos, eles eram gente boa.
  Conheci Kennedy também, um garoto da nossa idade que chegou uma semana depois da que eu entrei. Ele já havia começado a acampar há dois anos, então já conhecia os meninos.
Além de bonito, era tranquilo. Logo, fizemos amizade.

  Tirei muitas fotos, deles, das paisagens e de outras pessoas (que não sabiam que eu estava tirando fotos delas)...
  Acho que eu estava os considerando amigos, afinal, eles eram bem legais e nunca me deixavam na mão. Eram muito companheiros.
  Acho que o meu lado anti-social está se encolhendo... Ou eu estou mudando...
  Na verdade, eu não sei o que está acontecendo comigo...
  Acho que estou começando a gostar de... John... Ele era engraçado e gentil... Mas também era um pouco pentelho...
  Não, acho que não... Melhor parar de ficar pensando nisso.

~ 0 ~

  - Hey! Acorda ! – É, ele sempre vinha me acordar...
  - Já estou acordada. – Respondi, não era mentira, eu estava vendo as fotos que eu havia tirado. Acho que tenho potencial de conseguir pelo menos um 5º lugar no concurso!
  - Sério? Nossa, isso é novidade! – Ele diz entrando no meu chalé. – O que você está fazendo?
  - Vendo minhas fotos.
  - Ah. Isso não é novidade. – Ele diz e se senta ao meu lado na cama.
  - Quer parar de ser chato? – Pergunto.
  - Não. – Ele mostra a língua.
  O olho e de repente ele vai se aproximando lentamente de mim... Sinto sua respiração... Calma e normal... A minha em compensação, estava mais rápida que um carro de corrida... Quase ouço as batidas do meu coração... Será que ele estava ouvindo?
  Me levanto da cama a fim de sair de lá o mais rápido possível, porém ele me segura pela mão.
  - Por quê? – Ele pergunta com os olhos brilhando.
  - Eu não posso...
  - Você é comprometida?
  - Não. – Respondo sem olhá-lo nos olhos. - Mas você não pode se comprometer com alguém que não vai confiar em você.
  É, eu não conseguia (por mais que quisesse) confiar em caras... Depois do mala do meu pai... Não... Eu não queria me machucar de novo...
  - Você não confia em mim?
  - Não é que eu não confie em você... Mas eu não consigo confiar em quase ninguém... Me desculpe.
  - E se eu te mostrar que você pode confiar em mim? Eu sei que posso ser uma dessas pessoas. – Ele diz sorrindo.
  Sorrio torto e ele se levanta, me puxando pela manga da minha camiseta.
  - O quê? – Pergunto.
  - Esqueceu que eu vim te buscar para ir comer como todos os dias? – Ele responde como se fosse óbvio e eu deixo minha câmera na maleta dela, seguindo-o com um sorriso.

~ 0 ~

  Assim que entramos no salão para comer, olho para a mesa dos monitores e Jared dá um aceno. John diz que vai até lá e eu assinto. Espero que nada mude. Gosto das nossas brigas estúpidas e dos acontecimentos inesperados que ocorriam enquanto ele estava por perto.
  Peguei uma tigela de cereal e me sentei ao lado de Tim. Kennedy provavelmente estava dormindo, todas as manhãs ele acordava atrasado.
  - E aí ! – Tim me cumprimentou.
  - E aí Tim! Boa manhã? – Perguntei, puxando assunto.
  - Opa! Muito boa! – Ele ri maroto e eu o encaro com uma sobrancelha arqueada. - Sabe aquela menina? – Ele aponta para uma ruiva sentada na ponta.
  - Na verdade eu não sabia, mas o que tem?
  - Hoje de noite, quando tiver a fogueira - De sextas-feiras à noite, nós tínhamos uma fogueira, onde comíamos marshmallows, ouvíamos histórias e por fim acabávamos dormindo lá mesmo, nos troncos de árvores que serviam como bancos. –, eu irei me sentar ao lado dela. Hoje é dia de história de terror... Quem sabe ela fica com medo e eu a ajudo? – Ele pisca um de seus olhos e eu rio.
  - Tim safado. – Eu digo voltando a morder minha maçã.
  - Fazer o que né? Eu preciso aproveitar minha vida antes que ela acabe!
  Sorri, pois havia me lembrado da minha mãe me dizendo que eu deveria aproveitar minha infância...
  Logo alguém se senta ao meu lado e vejo Kennedy, com cara de sono.
  - E ai gente? – Ele diz e se joga na mesa, voltando a dormir.

~ 0 ~

  A fogueira iria começar às 8 da noite, assim que terminássemos o jantar, iríamos para lá. Claro que eu não fui assim que terminei de jantar, eu preferi ir para o meu quarto, pegar meu bebê (lê-se minha câmera) e tomar um banho.
  Coloquei uma calça jeans, um allstar preto de cano alto e uma camiseta da banda mais que conhecida: Ramones.
  Saí do meu chalé quando fiquei pronta e fui até a frente do salão, onde se localiza a fogueira.
  Os troncos já estavam distribuídos no chão (droga, eles podiam colocar um paninho né?!), já havia algumas pessoas sentadas (inclusive Tim que estava ao lado da menina ruiva. Que menino ágil!) e logo, Hugo estava acendendo a fogueira.
  - Ué, e cadê o John? – Hugo me perguntou.
  - Eu não sei, ele é o seu primo. – Eu disse.
  - É, mas ele não... Você... Vocês não estão... – Mas antes dele continuar falando, Jared apareceu e estapeou sua boca, calando-o. Esse é o Jary!
  - Oi ! Está sozinha?! – Ele perguntou.
  - Sim, é o que parece, né? – Ri.
  - Ah, bom, deixa eu te acompanhar.
  Ele se sentou ao meu lado direito e logo começou a puxar papo com Hugo. Kenny apareceu um pouco depois, bocejando novamente e se sentando ao meu lado esquerdo.
  - E ai ? Hoje é dia de história de...?
  - Terror. – Completei sua frase e ele sorriu agradecido.
  - Essas histórias de terror são mais idiotas do que as histórias de comédia... – Ele comentou, me fazendo rir.

  Era estranho para mim ter “amigos”. Digo, eu sou daquelas pessoas que gostam do “estar sozinho” e bem, aqui no Sun To Shine, eu definitivamente não estava sozinha. Esse acampamento estava me mudando... Digo, eu não estava tão explosiva e estava até mais simpática e risonha, vamos dizer...

  Logo, o resto da turma (pessoas da nossa idade) se acomodou perto da lareira e Hugo se sentou no meio para começar a contar uma história.
  - Hoje, o tema é terror, como todos sabem. – Murmúrios foram ouvidos e Hugo fez um “Shiu!” com a boca. - Vou começar.

  “A história de hoje tem fatos reais, aconteceu com um menino chamado Zack, ele tinha a idade de vocês e sempre acampava aqui nas férias de verão, exatamente como vocês nesse exato momento...”.

  - Oi! Perdi alguma coisa? – John apareceu atrás de mim e de Kennedy e perguntou, inesperadamente.
  - Não, Hugo vai começar a história de terror agora. – Kenny respondeu e John fez uma careta.
  - Ah, não acredito...
  - Por que você não acredita? Ele está lá no meio contando... – Perguntei em tom de sussurro.
  - As histórias de terror dele são muito ruins. Não valem nem a pena ouvir.
  - Sério? – Voltei a ouvir um pouco da história.

  “E quando Zack se virou, a porta se escancarou e uma coisa verruguenta apareceu na porta... Zack berrou temendo ser o tal lobo...”

  - Ok, ele definitivamente não sabe contar histórias de terror. Isso daí nem dá medo. – Eu disse e os meninos concordaram.
  - É, mas desculpe , você não parece se assustar fácil. – Jared diz e eu concordo.
  - É bem difícil eu me assustar.
  - Mas não é impossível. – John diz, me fazendo olhá-lo assustada...
  - O que você quis dizer com isso?!
  - Você vai ver. – E sorriu malicioso.
  Preferi não pensar na frase que eu acabara de ouvir, então, peguei minha câmera e tirei algumas fotos. O cenário estava lindo, a fogueira dava um ar de paz e o pessoal de amizade, apesar de ser um pouco diferente a realidade.
  - Nossa, essa história tá muito... – Jared diz num tom de voz mais alto, propositalmente.
  - Muito? – Hugo pergunta esperançoso, parando de contar a história.
  - RUIM. Cara, você não sabe contar histórias de terror. Excluí Fogueira de Terror que a gente ganha mais.
  Hugo lhe lança um olhar furioso, mas logo continua a contar sua história “baseada em fatos reais”; não se importando com as pessoas que começavam a dormir, não por cansaço, mas por tédio.
  Suspirei e senti um peso no meu ombro esquerdo, olhei e vi a cabeça de Kennedy apoiada. Senti outro peso, porém desta vez vindo das minhas costas e nem precisei ver para saber que John caíra no sono também. É, eu virei encosto.

Capítulo 6

  Faltava ainda uma semana para o acampamento acabar. Não que eu quisesse voltar para Toronto, mas eu estava ficando com medo de perder o contato com os meninos...
  É, cadê aquela menina que não ligava para nada e ninguém e que não tinha amigos?
  Eu estava rolando pelo meu colchão mole, a fim de voltar a dormir. Fico pensando em como eu e John mudamos...
  Ele agora estava BEM mais educado e prestativo. Claro, ainda tínhamos uns momentos de discussões idiotas, mas ele sei lá... Estava ganhando a minha confiança.
  - HEY, levanta ! Não vai querer perder o dia das panquecas não é? E ter de correr com o lerdo do Jary! Hahaha!
  Sabe os pensamentos de agora pouco? Então, estava enganada. Porque ele tinha que entrar no meu chalé toda santa manhã? E ainda mais berrando!
  - John, eu já acordei cara! – Joguei meu travesseiro nele e me encolhi embaixo das cobertas.
  - Ai! Você sempre violenta, né? Quero ver se você vai agüentar isso! – Ele disse jogando o travesseiro de volta na minha cama, em cima da minha cabeça, para ser mais exata.
  - Isso o que? - Quando me descobri brava, não vi John. Não, ele não tinha saído, se não eu teria ouvido o barulho da porta... Onde aquele menino se meteu? - John? – Me levantei da cama e saí à procura do tal rapaz, qual é, o chalé não era tão grande.
  Como eu ficava meio envergonhada de ficar apenas de pijama na frente de John, fui ao banheiro na esperança de pegar meu roupão, mas antes de eu vesti-lo, fui atacada por três bexigas de água.
  AQUELE FILHO DA P***!
  - JOHN! VOCÊ NÃO FEZ ISSO.
  - Opa! Não sabia que você estava de pijama...
  Agora ele passou dos limites, se eu estava gostando dele, então não estava mais, pelo menos nesse momento...
  - Uau! – Ele fala imprecionado. - Você é bem bonitinha de pijama!– Fitei o ameaçadoramente – Não que você não seja sem pijama... Você fica bem com qualquer roupa, é... – Ele diz tentando disfarçar o que tinha dito anteriormente.
  - Ficou constrangido, é?! POIS EU QUE DEVIA ESTAR! ESTOU ENSOPADA E DE PIJAMA! Você é um grande idiota!
  - Qual é ! Não fica brava! E não berra! Quer que o Hugo venha aqui nos matar?
  - Por que ele iria ME matar? Você quem fez a MERDA, JOHN!
  - ! Cala a boca! – Ele estava entrando em desespero... Que covarde! Com medo do Hugo que não machuca nem uma banana...
  - Não me obrigue a fazer isso!
  - Ah, o que mais pode ser pior do que acordar e ficar ensopada logo em segui...
  Ele me beijou.

~ 0 ~

  - Só assim para você calar a boca . – Ele disse segurando meu queixo, após ter me beijado.
  - Por que fez isso John? – Perguntei ainda com o coração a mil, não conseguia abrir os olhos e fitar os dele, do verde mais bonito.
  - Porque senão Hugo ia me matar.
  Olhei-o... Então, ele só me beijara para calar a minha boca e... Não se dar mal com o Hugo e ter que fazer uma limpeza no salão como castigo?
  Não era porque ele gostava de mim, mas porque ele era um covarde... Não acredito.
  - Não acredito nisso John. – Eu disse me afastando, completamente séria e com uma pontada de tristeza na voz.
  - Não acredita? No que você tá falando?
  - Saia daqui.
  - O quê?
  - SAI DAQUI. AGORA!
  Ele me olhou perdido, mas saiu. Fechei a porta com toda a violência e me encostei nela, sentando no chão. Como John O’Callaghan podia ser tão idiota? E como eu, podia ser mais idiota ainda de gostar dele?

~ 0 ~

  Nem tomei café-da-manhã. Fiquei trancada no meu chalé, hoje não iria ter atividades mesmo, era Terça-Feira Livre.
  - ? Podemos entrar? É o Jared e o Kennedy. – A voz de Kennedy foi ouvida.
  Me desencostei da porta e a abri, encontrando ambos com cara de preocupação.
  - , o que aconteceu? – Kenny me perguntou.
  - Está bem? Você andou chorando? – Jary tirou uma das minhas lágrimas que teimava em rolar pelo meu rosto.
  Meus olhos estavam inchados, eu sabia disso. Meu cabelo devia estar um ninho de rato. Continuava com o meu pijama, que agora estava menos ensopado.
  - Senta um pouco. – O loiro me disse, me levando até a cama como um apoio. – Quer nos contar o que aconteceu?
  Funguei, respirei fundo e fitei minhas mãos que estavam entrelaçadas sobre as minhas pernas.
  - Tudo culpa do John, claro... – Eu tentava parecer não-chorosa, mas não estava dando certo, cada hora minha voz saia mais falha.
  - Ele te fez chorar? – Desta vez o moreno me perguntou com a sua voz calma de sempre.
  - Fez... – Funguei mais uma vez. - Ele... É um idiota...
  - Hey, não fica assim, aposto que ele vai se desculpar com você. Seja lá o que ele tenha feito. – Jared diz e Kennedy concorda.
  - O pior, é que ele não fez nada... Tá, ele jogou três bexigas de água em mim, mas não é por isso que eu estou brava...
  - Ele jogou três bexigas de á... Por quê?! – Ambos me perguntam pasmos com a situação.
  - Acho que era para me acordar...
  - Ah... Que bosta... – Jared diz e Kennedy assente suspirando. - Mas, continue...
  - Eu gosto do John, gente.
  Eles fizeram uma cara de chateação e logo me abraçaram, cada um em cada lado.
  - Obrigada por ficarem comigo e me ouvirem... Eu sou uma chorona... – Eu digo rindo sem-graça.
  - Imagina. , você é linda e não ligue para o John. – Kennedy diz e mais uma lágrima rola dos meus olhos.
  Vai ser difícil. Muito difícil.

Capítulo 7

  Nem preciso dizer que passei o dia inteiro deitada na minha cama encarando o teto, né?
  Kennedy acabou me acompanhando no meu chalé. Ora jogávamos baralho, ora conversávamos, ora assistíamos TV, ora ele tocava um pouco do seu violão...
  Tim não foi ao meu quarto, não o culpo. Finalmente tinha conseguido puxar a ruiva para se conhecerem melhor e era melhor ele aproveitar esse tempo.
  Jared quando não estava cuidando de alguma turma, vinha e acompanhava eu e Kennedy no que estávamos fazendo no momento.
  Falei a eles que não era obrigação deles ficarem comigo, pois estavam de férias lá e podiam aproveitar, fazendo muito bem o que quisessem. Mas ambos me falavam que não se importavam. Kenny me disse que não tinha mais o que fazer, exceto cair no sono, e Jared que era bom relaxar com os amigos.
  Agradeci a ambos.
  Eu não queria me importar com as pessoas, eu não queria gostar de pessoas, eu não queria sentir esse amor batendo dentro do meu peito e me sufocando aos poucos.
  - Hey, essa semana é a última semana... Depois você vai voltar para Toronto não é? – Kenny me perguntou tocando uns acordes aleatórios.
  - Sim... Sábado de tarde já estarei lá... Se o avião não atrasar e tal...
  - Entendo... Sabe, eu não sou daqui também... Sou de Phoenix, Arizona, me mudei a pouco tempo para lá.
  - Nossa! Que legal! Os meninos são de lá também, não são?! Eu adoraria visitar lá! – Ele concorda com a cabeça e eu sorrio fraco. – Além do mais, acho que seria bem mais legal do que ter vindo passar minhas férias aqui... (n/a: Sem ofensa texanos!)
  - Não fala assim! Se você tivesse ido para lá, não teríamos nos conhecido. E bem, aqui as paisagens são bem legais.
  - São mesmo. – Tenho que concordar.
  - Você vai usar alguma foto para o concurso lá de Toronto? – Ele perguntou parando de tocar e me olhando sorridente.
  - Sim, claro que vou! As fotos que eu tirei aqui foram as melhores fotos que eu tirei na minha vida!
  - Ah! Bom saber! E quais você vai usar?
  - Quer ver? – Pergunto já ligando minha câmera, ele se aproxima de mim. - Essas daqui ó...
  Peguei minha câmera e mostrei quatro fotos, em especial (já marcadas como favoritas), para ele.
  Uma era da Fogueira de Terror. Nela, Jared estava do meu lado sorrindo enquanto Kennedy e John dormiam apoiados em mim.
  A segunda era de Hugo, Jared, Tim e John em cima de seus cavalos, distraídos, brigando para ver quem iria ter que dividir o cavalo...
  A terceira era contida com Ken, Jary, Tim, Pat, Garrett, John e eu. Estávamos fazendo poses variadas, todos com caretas e óculos de sol.
  E a última... Era a foto de John fazendo uma careta... A foto em que eu tirara antes de cavalgarmos...
  - Nossa, essas realmente estão boas. Todas em foco, com cores vivas... Parabéns . – Ken me diz enquanto devolve a minha câmera.
  - Obrigada. Mas, não sei se consigo ganhar... Antes eu até estava positiva em relação a isso, mas acho que não vai dar mais...
  - Ah, qual é! São fotos! Se antes você estava positiva, não pode não ficar mais! As fotos não mudam , relaxa que você consegue, eu confio em você.
  Confiar. Palavra forte.
  - Mas, qual é o prêmio? – Kenny perguntou voltando a me trazer a realidade.
  - Uma bolsa em um curso de fotografias.
  - Legal! Bem útil isso! Para o seu futuro pelo menos!
  - Sim, muito... – Sorri torto. – Mas e você Kenny? O que fazer no futuro?
  - Qualquer coisa que me deixe rico e que eu goste. Hahaha!
  Incrível como ele conseguia me fazer rir.

~ 0 ~

  Quando anoiteceu, Kenny resolveu ir para o seu chalé, para finalmente, ir dormir.
  - Boa noite, Ken. E... Obrigada. – Eu disse encostada no batente da porta.
  - Boa noite, e não esquenta, tudo vai ficar bem depois, certo? (n/a: ... Everything, will be alright, alright? – Color ;D)
  - Certo. – Sorrio.
  - Tchau, !
  - Tchau…
  Ele foi andando e logo fechei a porta. Foi bom ter passado um dia com o Ken e Jary. Eles eram uma ótima companhia. E acho que, quem sabe, eu já estava confiando em ambos...
  Kennedy Brock e Jared Monaco, os primeiros caras que eu, confiou.

~ 0 ~

  Amanheceu e não fui acordada por um John barulhento e escandaloso... Quem sabe ele tenha me esquecido? Seria bom... Eu esquecê-lo.
  Lavei meu rosto e troquei de roupa. Olhei para o chalé do lado, e vi uma menina parada em frente à porta... Ela me fitava dos pés a cabeça.
  - O que você tá olhando? – Perguntei.
  Eu podia estar triste, mas a minha grosseria não mudava.
  - Nada. Só a galinha que destruiu o coração do meu John.
  Me virei e continuei a andar.
  - Ei, não vai me responder não?
  Que menina chata... Se eu tivesse uma arma agora... Ah...
  - Não, galinhas não falam com vacas. – Voltei a andar.
  - Pelo menos admitiu que é uma galinha.
  Mostrei um dedo nada legal para ela e bem na hora, a porta do chalé se abriu, mostrando um John sonado.
  - Paris? O que está fazendo aqui? – Reconheci a voz dele, mas continuei sem olhar para trás.
  - Oi John, meu lindinho! Está melhor?
  - Sim, estou. Valeu por perguntar.
  - Ah, que bom, então acho que eu te ajudei ontem, hum?
  - É... Acho...
  Que bom que não ouvi mais a conversa, sabia o que estaria por vir...
  Continuava doendo ver John... Aquele sem coração...
  - ! – Jary disse na porta do salão enquanto abria os braços e me abraçava.
  - Jary, oi...
  - Está melhor?
  - Sim... – Menti, eles já haviam se preocupado demais comigo. - Obrigada. – Sorri.
  - Por nada! Mas e ai? Melhoraram?
  - Quem? Eu e o John? Claro que não.
  - Hum, estou vendo que vai ser difícil...
  - Sim, vai ser... Mas, eu não quero mais falar dele, estou a fim de esquecê-lo, mesmo sendo quase impossível por estarmos no mesmo lugar.
  - Hey gente! Levantei cedo hoje! – Kenny apareceu ao nosso lado, se espreguiçando.
  - E ai cara?! – Jary e ele se cumprimentam. - Vamos entrar?
  Eu e o moreno concordamos e empurramos a porta, atraindo milhares de olhares... Ai Porra, por que o pessoal tem que ficar encarando?!
  - Nossa, é só você acordar cedo que o pessoal te encara? Eu heim! – Kennedy diz, fazendo eu e Jared rirmos.
  - Jared! Venha aqui! – Hugo o chamou.
  - Bom - Ele suspira. -, vou lá. Que estranho esses olhares, não? – Ele diz antes de se afastar.
  - Irritante, é a palavra certa. – Digo e Kennedy suspira, me guiando com o braço até o final do banco.
  Quando eu me sentei, a menina que estava do meu lado se afastou e me encarou com a maior cara de horror... Isso, me deixem em paz, pelo amor de Deus. Olhei para Kennedy com uma cara de “Obrigada Deus!” e ele apenas riu, voltando a comer.
  Comi sossegadamente meu café-da-manhã e por incrível que pareça, John não apareceu, não que eu me importasse. Devia estar lá com Paris... Se agarrando talvez...
  - Hey gente, vamos lá fora? Preciso dizer umas coisas... – Jary diz. – Terminem de comer e me encontrem no laguinho.
  - Ok. – Respondemos juntos.
  Logo ele deixou o salão. Tomei meu leite, engoli meu pudim, limpei minha boca no guardanapo e esperei Kennedy terminar de comer para irmos ao local combinado.
  Quando estávamos indo para lá, demos de cara com um casal de agarrando... Claro, John e Paris... Kennedy tampou minha visão e me levou o mais rápido possível até o laguinho.
  Eu sabia que eles deveriam estar se agarrando, mas eu não acreditava... Achei que John fosse diferente...
  Tá na cara que não é...
  Ele ficava com qualquer uma e ainda se fingia de bonzinho ou sofredor...
  Avistamos Jared jogando pedaços de pão para os patos que nadavam sossegadamente na lagoa e nos aproximamos do mesmo.
  - O que você quer falar Jary? – Perguntei me sentando ao lado dele, ele logo abriu a palma da mão para mim... – Quer falar sobre pão?
  - Não! Hahaha! Esse é para você jogar para eles!
  - Ah... – Peguei um pouco da sua mão e conforme picava, jogava para eles. Kenny pegou o resto e nos acompanhou.
  - Hum... Eu descobri o porquê dos olhares... – O loiro começou.
  - E por quê? – O moreno perguntou.
  - Eles achavam que você era namorada do John, e que traiu ele com o Kenny...
  - O QUÊ?! – Dissemos juntos.
  - O pessoal é um babaca mesmo... – Meu “amante” disse.
  - Sabe... Eles não sabem de nada e se acham os tais, isso é o resumo. Mas, é só não ligar que os boatos param. Além do mais, só mais três dias e eu vou embora. – Eu disse e voltei a jogar o pão.
  - É... Mas, você não se sente mal em ver o John com... Bem, essas garotas?
  - Sim... Dói ver... Mas, eu não sou nada dele Jary. – Falo e Jary assente tristemente. - Nem amiga mais eu sou... Não posso fazer nada...
  Logo nossa “paz” foi cortada por uma multidão de pirralhinhos saindo do salão/refeitório.
  Jary checou seu horário de trabalho e soltou alguns palavrões. Eu o olhei e Kenny riu.
  - Vou ter que ir levar as crianças para nadar agora... Droga. – Ele disse já se levantando.
  - Nos vemos mais tarde! – Kennedy diz e Jared acena. – Finalmente a sós. – Kenny brinca me olhando maliciosamente.
  Rimos. Kennedy realmente é engraçado.

Capítulo 8

  Um dia...
  Acho que eu não sentiria falta de muita coisa... Só de Jary, Kenny, Hugo, John e Tim... Das paisagens também, mas nada mais. Sun to Shine não era como uma segunda casa para mim. Era mais como um clube que se vai a cada mês, nada mais.
  Hoje iríamos ter uma última fogueira, a Fogueira da Despedida.
  O dia foi normal, comi, conversei com Jary e Kenny, tirei minhas últimas fotos do lugar, arrumei minhas malas e passei o número do meu celular e o meu e-mail para ambos e eles fizeram o mesmo comigo.
  - Hoje, às 7 da noite quero que você esteja na fogueira sim? – Hugo me disse enquanto eu dava um passeio pelo acampamento.
  - Vou estar lá. – Sorrio fraco.
  Antes eu sorria falso, agora sorrio fraco... É, ta boa a situação!
  - Você não é a mesma . – Ele diz se aproximando.
  - É, eu sei...
  - E posso saber do por que dessa mudança?
  - Ah... Você sabe... Os boatos...
  - Só por causa deles? Achei que você não ligava para essas coisas.
  - E não ligo, o problema é o John. – Eu disse. Parecia que eu havia acabado de engolir um pedaço de vidro.
  - Então vocês eram mesmo namorados?
  - Não, mas... Eu gosto dele... É uma coisa... Louca... – Ele me olhava sem entender. - Não precisa entender Hugo, às vezes nem eu entendo.
  Ele assente silenciosamente. -... Mas você não o traiu com o Kenny, né?
  - HUGO! Se eu nem era namorada dele, como é que eu ia traí-lo?! E eu não estou com o Kenny! Ele é só meu amigo!
  - Ok, me desculpe! – Ele diz rindo da minha mudança de humor repentina. - , eu quero que você volte ao normal está bem? – Concordei sem saber se havia essa possibilidade. Eu havia mudado tanto. – Você sempre será bem vinda aqui no Sun to Shine!
  - Obrigado, vocês são demais. – Abracei-o apertadamente.
  - Imagina pequena. Agora vai lá curtir seu último dia aqui.
  - É, vou lá dar meu milionésimo passeio... – Ri.
  - Por que não vai à piscina?
  - Não sei nadar.
  - Ah, é verdade...
  - Bom – Decido voltar ao meu chalé dar uma última vista nele. Acho bem difícil voltar para esse acampamento. -, nos vemos na fogueira.

~ 0 ~

  O dia passou rápido, quando menos percebi, eu já estava sentada num tronco em volta da fogueira. Cada vez que as pessoas que se juntavam, elas me olhavam e em seguida cochichavam entre si. Liguei o meu IPod (carregado graças ao computador do Jary!) e botei play... Wake Me Up do Green Day, ótimo, é para eu chorar mesmo.
  Senti uma cutucada no braço, olhei para o lado e vi Tim ao meu lado, ele parecia estar falando alguma coisa, então tirei os fones...
  - ... Está aqui?
  - Desculpe, não ouvi, estava ouvindo música...
  - Ah! Desculpe também, não tinha visto... Perguntei há quanto tempo está aqui?
  - Há uns 5 minutos no máximo...
  - Ah, entendo. Bom, vou te fazer companhia. – Ele se sentou ao meu lado e se apoiou com um braço.
  Sorri agradecida e estendi um dos fones para ele, que aceitou sem hesitar.
  - Sabe a Carrie?
  - Quem? – Ele riu, é, eu não sabia.
  - A ruiva.
  - Ah, sim. – Confirmo com a cabeça. - O que tem?
  - Eu desisti dela.
  - Por quê?
  - Ela era O’Callaghan. Novidade né?! Cara, ele só tem menina!
  - Deve ser bom para ele, ser sempre rodeado de meninas... Ele que é um carente...
  - Ah, desculpa , eu... Foi sem querer, sério... – Ele disse se sentindo culpado por ter falado do John...
  - Sem problemas, já superei – Minto.
  - Sei...
  Kennedy chegou e se sentou na nossa frente, apoiando sua cabeça entre meu joelho e de Tim.
  - Não vai dormir ai, cara! – Tim diz, fazendo-o rir.
  Hugo finalmente chega, acompanhado dos monitores. Jary sorri na nossa direção e se senta ao meu lado. Hugo vai ao centro e pede silêncio, para poder falar.
  - Bom, vamos começar com as mensagens de despedidas, quem quer começar? – Ele pergunta.
  Claro, um bando de gente quis ser o primeiro, mas Hugo acabou opinando por fechar os olhos e apontar para qualquer pessoa aleatória.
  Depois de pouco tempo, tá, muito tempo depois, o dedo de Hugo apontou na minha direção, me levanto e vou até o meio, como os outros, trazendo vários murmúrios e olhares indiscretos.
  - Hey! Calem a boca, cada um tem sua vez de falar. – Tim disse.
  - Obrigada Tim. – Sorrio em sua direção. - Bem, eu gostaria de agradecer ao Jared, por ser o meu primeiro amigo do acampamento e sempre ser útil e ágil com tudo e com todos, sendo uma grande inspiração para mim. Ao Kennedy, por ser o cara mais tranqüilo e fofo que eu já conheci e sempre me animar. Vocês dois me mostraram que eu posso confiar, sim, em caras, se tornando os meus melhores amigos, obrigada meninos. Ao Tim, por sempre me alegrar com o jeitão divertido e animado. A você Hugo, por ser o “guarda-costas” mais manso e legal da minha vida e ao John... Por me irritar no começo, porém no final, fazendo com que eu mudasse, me tornando uma menina mais calma e menos grossa. – Meus amigos riem. – E por fazer meu coração se despertar de um sono profundo.
  Hugo, Jared, Kennedy e Tim bateram palmas, John apenas me fitava... Eu não tinha coragem de ver a cara dele... Não sem não chorar...
  Voltei ao meu lugar e meus amigos me abraçaram. Sem conseguir me conter, acabei por chorar nos braços deles.

~ 0 ~

  Eu não queria que o meu último dia no Sun to Shine acabasse assim, mas acabou e agora não tem mais volta...
  Fechei minha mala e olhei para o meu chalé.
  Clik.
  Essa foto iria me lembrar dos meus dias ruins e bons. Dos dias em que eu era acordada pelo O’Callaghan mais jovem e dos dias em que Kenny e Jary vinham me fazer companhia com seus violões.

Capítulo 9

  Hugo iria me levar até o aeroporto em sua Kombi verde.
  Kennedy, Jared, Tim, Pat e Garrett iriam juntos no carro de Tim, o mais velho.
  Já havíamos nos despedido e agora estávamos indo embora de vez.
  Coloquei minha mala no banco passageiro e suspirei...
  - ... Me desculpe.
  Ouvi a voz mais que conhecida e me virei para trás, olhando aqueles olhos verdes grandes e brilhantes.
  - John...
  - Eu... Fui um idiota... Agora eu entendo o porquê de você ter me expulsado daquele quarto...
  -... E por que eu te expulsei? – Perguntei engolindo seco para não chorar.
  - Porque eu disse que tinha te beijado para calar a sua boca... Mas não era verdade... Tá, era verdade também – Olhei-o séria. –, mas eu queria ter te beijado... Você sabia disso... Depois que você me rejeitou eu fiquei ainda mais louco por você... – Meu coração começou a se perder em meio aos batimentos acelerados. - E eu tinha que ter você... Você tinha que ser minha e de mais ninguém... Mas aí quando eu ia te pedir desculpas, eu ouvi você e o Kenny no seu chalé, e... Eu entendi tudo errado... Tinha entendido que vocês estavam juntos... Por isso fiquei triste, e eu triste é um horror – Rimos. -; e acabei ficando com Paris... – Olho para o chão e cruzo os braços. - Ontem depois da fogueira, eu falei com Jary e ele me explicou tudo... Falei com Kenny também... Ele é bom, combina com você mesmo você sendo malvada.
  Reviro os olhos e descruzo os braços. Volto a olhar seus olhos e digo entre suspiros profundos.
  - Ele pode ser bom para mim, mas quem tem o meu coração é você O’Callaghan.
  Os olhos dele se abriram e eu sorri.
  - Eu queria te beijar, mas... Paris...
  - Não tem problemas... Eu entendo – OK, eu quero CHUTAR, ESBOFETAR E MATAR AQUELA MENINA – Amigos?
  - ... Foda-se a Paris.
  Ele recusa a minha mão e se aproxima de mim. Uma de suas mãos abraça delicadamente a minha cintura e a outra puxa meu pescoço para ele. Finalmente, senti o gosto dos seus lábios. Nossos corpos pareciam se encaixar perfeitamente.

10º Capítulo – Epílogo

  Aqui estou eu, com 22 anos. Uma fotógrafa profissional, que mora na Califórnia. Infelizmente não tenho um casarão e nem um bando de empregados como eu gostaria de ter... Moro num apartamento onde eu mesma o limpo e cozinho minhas refeições...
  Minha vida profissional é a melhor coisa para mim. Eu trabalho fotografando para empresas que fazem books, álbuns de fotos, parecido com um photoshoot, tanto para adolescentes ricos como para artistas famosos e bilionários.
  Já a minha vida amorosa pode se dizer que é um caos...
  Meu primeiro amor foi John O'Callaghan, vocalista de uma banda chamada The Maine, de Phoenix, Arizona (formada por cinco rapazes: Kennedy, Garrett, Jared, Pat e ele, claro). Jared e Kennedy eram meus melhores amigos no período em que gostei de John, depois, entramos muitas poucas vezes em contato acabando por não ficarmos tão unidos como antes... Pat era irmão de Tim, um outro amigo meu que agora também não falo mais e Garrett, amigo deste... Todos conhecidos meus da adolescência.
  Conheci John no acampamento da família dele, localizado aqui na Califórnia.
  No começo, apenas discutíamos e eu o odiava. Porém, com o tempo, meu coração foi se familiarizando com ele e eu acabei por me apaixonar pelo mesmo...
  Infelizmente, nos beijamos apenas uma única vez e, bem, fora a melhor sensação que eu senti em todos os tempos!
  Mas nada que é bom, dura por um tempo considerável...
  Quando voltei para Toronto, minha cidade natal da época, eu e John perdemos contato (assim como Jared e Kennedy) e nunca mais nos falamos.
  E bem, depois dele, nunca mais consegui me apaixonar de verdade.
  Claro, tive alguns namorados, mas eles não foram lá tão especiais para mim. Não sentia borboletas no estomago, nem pernas bambas e muito menos um sufoco na garganta quando ficava com eles.
  Eu achava que seria sortuda e que nunca mais iria encontrar John... Não queria me lembrar da época em que eu sofri de amor por ele... Mas sortuda nunca fui.

~ 0 ~

  - , hoje você irá fazer o book de uma banda. – Minha assistente me informou.
  - Grande novidade Rose... – Rio. - De qual?
  - The Maine, .
  -...
  - ? – Rose me chamou. – Quer um copo de água?!
  - Não, obrigada Ro...
  - Está tudo bem chefe?- Ela perguntou ainda preocupada me servindo o copo com água.
  - Sim, obrigada... – Engulo alguns goles. - Que horas eles virão? – Perguntei tentando parecer normal.
  - Daqui a 10 minutos na verdade, eles já estão lá em baixo.
  Acabei me engasgando com a bebida. Rose deu leves tapinhas nas minhas costas e eu voltei ao normal um tempo depois. – Diga a eles que eu já desço.
  Ela saiu da minha sala e consegui ouvir seu salto alto entrando em atrito com os degraus da escada. Me levantei e peguei minha câmera e meu tripé... Eu estava tremendo...

~ 0 ~

  Assim que abri a porta, encontrei um Jared e um Kennedy seis anos mais velhos. O primeiro continuava loiro, gordinho e alto, mas agora estava barbudo, e não usava mais roupas de garotão, usava roupas de homem. Já o segundo, mudara bastante. Seu cabelo não era mais comprido, era curto e ele tinha bigode, barba e cavanhaque. Não usava mais camisetas apertadas, mas sim largas. O que acontece?
  - ! Nossa! Não é que consegui te achar aqui na Califórnia! – Jary diz me abraçando.
  - Jary! Que saudade! – O abraço de volta.
  - ! – Kennedy se aproxima, agora com a voz um pouco mais de adulto, porém, ainda doce e angelical. – Como você está?
  - Oi Kenny! – O abraço também e sorrio. – Estou bem, ótima por sinal! – Sorrisos. -Como conseguiu me achar aqui?!
  - Tenho os meus contatos... – Tim apareceu no batente da porta com seu típico sorriso brincalhão. O abracei também e ele logo me explicou que era o empresário da banda.
  - Que legal meninos! Bom ver que a banda está ficando famosa! Mas, e ai?! O que estão fazendo aqui?!
  - Só viemos fazer um fotoshoot... – Pat diz e eu abraço o também. Logo depois, abraço Garrett. Como cresceram!
  - Novo CD?
  - Sim, Black & White... Já ouviu nossa banda ?
  - Na verdade sim, uma vez, quando eu estava em uma lanchonete.
  - Cara! As nossas músicas são tocadas em lanchonetes?! Maneiro! – Garrett, disse e eu ri.
  Uma figura comprida e magra aparece atrás de Tim, ele olha a minha presença e um sorriso se abre em seu rosto.
  - ?
  Sim, era John.
  - O-oi...
  - ! – Ele me abraçou apertadamente, fazendo os outros rirem e logo em seguida sumirem. - Eu senti saudades senhorita culta.
  Cara, ele ainda me chamava assim?!
  - Eu também O'Callaghan... – Nos soltamos do abraço forte e caloroso e nos olhamos pela primeira vez depois de seis longos anos.
  - Sabe, desde que você foi embora do acampamento, eu não consegui mais voltar lá. Até tentei, mas no final, acabei me demitindo de lá.
  - Sério?! – Pergunto e ele assente. - Mas e a sua família?
  - Hugo não falou comigo durante um mês e me expulsaram de casa por uma semana. – Faço uma careta e ele ri. – Acabei virando hospede da família Monaco. Eu não conseguiria ficar lá sem você .
  Depois de tanto tempo...
  - Por isso que eu nunca li sobre você estar com alguém? – Perguntei e ele ergueu uma sobrancelha.
  - Então você andou pesquisando sobre mim?
  - John eu...
  - Shhh... – Ele me cala. – Apenas ouça.
  Ele pegou na minha mão e começou a cantar, com aquela eterna voz de uma pessoa não sóbria:

Photograph, remembering in the summer
It takes me back,
To Southern California

Where the girls would all pass

On the boardwalk and laugh
At our desperate attempts and our sunburned backs
We never had a chance, I remember that
And no matter what we do,
Well never lose what we had growing up.

Won't bring us down.
Yeah, growing up,
It won't bring us down,
Growing up won't bring us down
Growing up won't bring us down

Graduate, what's a kid to do now?
Get away, yeah-ah.
We've got so much to prove.
Cause its time to move on
And I'm stuck to let go,
But then Wonderwall comes on the radio,
I flashback to the night in your parents yard,
When we drank too much and we talked about God...

Growing up, won't bring us down.
Growing up, it won't bring us down.
Were in this together,
Yeah, well make it somehow,
Nothings gonna stop us now...
Growing up won't bring us down
Growing up won't bring us down
Growing up won't bring us down
oh-oh-oh

Photograph, oh give me something to remember

Growing up, won't bring us down.
Growing up, it won't bring us down.
Were in this together,
Yeah, well make it somehow,
Nothings gonna stop us now...
Growing up wont bring us down
Growing up wont bring us down (won't bring us down)
Growing up wont bring us down (won't bring us down)
Growing up wont bring us....... Down.

  Senti uma lágrima quente rolar pelos meus olhos e logo outra... Ah, como eu chorava por causa dele! Parece que passei a minha adolescência inteira chorando por sua culpa... Porém, agora não era de tristeza, magoa ou algo do tipo, mas sim de felicidade. Finalmente eu poderia ter um final feliz. Com ele.
  Ele secou as lágrimas do meu rosto e em seguida, pegou minha mão e a beijou...
  Que isso John?!
  Sorri e uma última lágrima caiu dos meus olhos antes de sentir aqueles lábios mais que calorosos.
  É, growing up won't bring us down.

FIM



Comentários da autora


Comentários da autora

  Minhas meninaaaaaas! Infelizmente a fic chgou ao fim :( Bem, queria agradecer a todas que leram e acompanharam até aqui e tiveram a santa paciência de esperarem por essa última att! <3 Queria agradecer as minhas betas Lelen e Flavinha por terem postado a fic e pelos Maines é claro, por serem muito importantes nas nossas vidas. <3 PGMSTR foi muito boa e rápida de eu escrever, sinceramente, umas das únicas fics que eu tenho orgulho!
  Antes de ir, queria perguntar (especialmente para as Kirchs) se vocês já leram a minha fic What Is The Name Of The Destiny (pelo o que vocês podem ver eu adoro títulos compridérrimos)? Ela está nas interativas, finalizadas, The Maine e foi escrita com o Pat :)
  Não tenho datas, mas talvez, eu crie mais fics dos outros Teams, tipo o Monaco, Nickelsen e Brock, e até uma fic com cinco garotas pra vocês, mas aí a minha amiga Inspiração tem que cooperar também né? ;)
  Bom, obrigada pela última vez por tudo! xxxxx
  Contato: www.fueltothebrain.tumblr.com | @SavingMarina