Perfect - The way I DON'T love you
Escrito por Lary F. | Revisado por MariGrape
Eu olhei pela janela do meu quarto e vi estacionando o carro. Uma palavra pode definí-lo: Perfeito.
E toda essa perfeição pertence a mim, já que eu sou namorada dele. é incrível, sensível, romântico, carinhoso e mais adjetivos que eu não saberia descrever.
Minhas amigas costumam dizer que eu e fomos feitos um para o outro, a princesa e o príncipe do conto de fadas. E rezam para encontrarem um namorado como .
O vi andar até a porta e tocar a campainha calmamente. Então você me pergunta: 'Se você o ama tanto, por que essas lágrimas?'.
Bem, apesar de ser o grande amor da minha vida, não era esse amor que eu queria para mim. Essa perfeição me irrita, eu sinto falta de quando brigávamos só para fazer as pazes dos jeitos mais malucos que nossas criatividades permitissem.Era assim que eu amava .
Não que eu não o amasse agora, muito pelo contrario. Mas eu sinto falta do que éramos antes, daquela avalanche de sentimentos que eu sentia, que conseguia me fazer sentir. Ódio, amor, paixão, raiva, ansiedade, esperança, com um só toque, um só beijo ou olhar.
- , o chegou. - escutei minha mãe dizer do andar de baixo.
Olhei-me no espelho conferindo cabelo e maquiagem. Suspirei limpando as últimas lágrimas e sai do quarto. Assim que entrei no corredor pude ouvir se oferecendo para ajudar minha mãe com o jantar. Eles se adoravam, o que fazia de mais perfeito ainda.
- Filho, o que achou da queda do dólar essa semana?
- Achei muito inspiradora. Com essa queda, o euro ficará mais valorizado e sua empresa melhorará as exportações. - ele respondeu ao meu pai, que com certeza já cogitava uma vaga para em sua empresa assim que terminássemos a escola.
Apareci na porta da cozinha e sorriu se aproximando, beijando minha testa. Testa? Aonde fora parar aquele que me erguia no colo e me beijava como se o sol não fosse nascer de novo?
- Oi, .
Sem apelidos fofos, sem beijos maravilhosamente quentes. Respirei fundo para controlar as lágrimas e encarei meus pais que só faltavam comprar pipoca para assistir a cena.
- Vamos, não quero perder o filme. - disse pegando meu casaco e puxando pelo braço - Tchau pai, tchau mãe. - e puxei-o porta afora antes que ele dissesse mais alguma coisa aos meus pais, que já estavam deslumbrados com o suficiente.
Quando chegamos ao seu carro, ele fez questão de abrir a porta pra mim e beijar a minha mão enquanto eu me sentava.
- Você está linda esta noite. - ele disse e eu me senti perfeitamente bem, mas senti também saudades do antes, do que éramos, do que fazíamos. Ele ligou o carro e dirigiu até o cinema com calma, uma calma que estava longe da que eu sentia. Minha mente fervilhava entre lembranças e coisas que deveriam ser ditas, mas tudo o que eu queria era ter de volta, aquele .
- Prontinho. - ele disse saindo do carro para abrir a porta para mim, mas abri antes que ele fizesse isso. - Tudo bem? - ele olhou em meus olhos e eu me perguntei quando o nosso amor se perdera daquela forma. Quando? Respondi a ele que estava bem e entrei no cinema de mãos dadas com ele.
Nem ao menos sabia qual era o filme, porque não assisti uma cena sequer, prestei atenção apenas em e suas expressões. Eu o amava demais, amava-o com todo o meu coração, mas do jeito que estavam as coisas não poderiam continuar. Só estávamos nos magoando e por mais que eu pudesse morrer sem ter , sentia que era agora hora em que tudo deveria terminar. Era o certo a fazer.
Saímos do cinema e abriu a mão mostrando um bombom de licor, um dos meus favoritos. Ele me conhecia melhor que eu mesma, era minha vida, mas... Faltava alguma coisa.
Estava chovendo forte e ele tirou o casaco colocando-o sobre minha cabeça para me proteger dos pingos, ele estava ensopado e eu senti que aquele era o momento em que as coisas provavam que realmente haviam mudado. E saído do controle. Se fosse antes, nós sairíamos correndo e nos beijaríamos no meio da rua. Era assim que nos amávamos, só ele e eu, mais ninguém.Tirei o casaco de da minha cabeça e parei no meio da rua, na chuva, vendo ela descer como uma cortina sobre nós. Ele notou que eu havia parado e se virou para mim.
- O que aconteceu?
- Nós. - respondi segurando o choro - Não somos mais o que éramos. Não gritamos, não brigamos, está tudo perfeito.
- E isso não é bom?
- Não. Essa perfeição não era o que eu queria. Isso não era o que eu queria. - gritei.
Ele andou até mim e colocou a mão no meu rosto, as lágrimas escorreram se misturando a chuva. Esse era o momento mais doloroso da minha vida.
- Quero terminar. - eu disse soltando as palavras que partiam meu interior.
Os olhos de se arregalaram e eu me senti a pior das garotas por fazer aqueles olhos lindos perderem seu brilho. Mas era melhor assim. O nosso amor já não era mais o mesmo e não queria que ele ficasse comigo daquela forma, era eogismo, eu sabia, mas era como as coisas deveriam ser. Quem sabe assim a gente brigasse e talvez os velhos tempos retornassem. Quem sabe?
- Se é assim que você quer. - ele disse e segurou minha mão - Eu te levo para casa.
- Eu não quero ir para casa. - gritei e sua expressão era a mesma. - Quero toda aquela magia de volta. Mas você nem ao menos percebeu que ela se foi. Eu percebi e é isso que está me matando.
- Eu entendo. - ele disse apenas. Entrou no carro e me olhou de um modo que me fez ter o pior dos arrependimentos de toda a minha vida. - Quer uma carona?
- Não, posso voltar de ônibus. - Parei no ponto de ônibus que havia mais para frente e cruzei os braços mantendo uma dignidade que estava bem longe da que eu sentia. Assim que eu vi o carro preto se afastando vi toda a minha dignidade descer pelo ralo.'Era melhor assim', mas repetir isso toda hora estava me deixando pior. Eu não queria sentir toda essa dor intensa e esmagadora. Eu queria que reagisse, que fizesse como antes e segurasse meu braço gritando que eu era louca se pensava que nossa historia terminaria assim. E depois ele me beijaria e eu sem pensar duas vezes voltaria para ele. Por que era o jeito que tudo deveria ser. Não terminaria tudo comigo desesperada e chorando num ponto de ônibus caindo aos pedaços longe dele, como acontecia agora.
Um ônibus se aproximou e ao mesmo tempo vi um carro preto se aproximando. Levantei-me e escutei a voz de me gritando:
- Você não vai subir nesse ônibus!
Sinceramente, eu não iria subir mesmo. O ônibus passou e o carro encostou. Tudo o que eu mais queria era que ele voltasse, No sentido figurado também, fechei os olhos e rezei.
- Nossa história era para ser perfeita. - ele disse saindo do carro com os olhos vermelhos. - Eu reli cada linha tentando ser o mais perfeito dos caras, porque eu queria te fazer feliz.
Olhei em sua mão e notei que ele segurava um pequeno caderno cor de rosa. Eu não conhecia aquele caderno.
- Do que está falando, ?
- Disso. - ele ergueu o caderninho e se aproximou. - Eu quis ser o seu príncipe encantado, . Quis que me amasse ainda mais, nunca pude imaginar que eu estivesse fazendo tudo errado.
- Do que você está falando? - repeti sem entender aonde ele queria chegar e o que aquele caderninho tinha a ver conosco.
- O seu diário. - ele me entregou o pequeno caderno e notei que ele tremia. - Você descreve aqui o seu homem perfeito. E disse que se o cara tivesse todos esses requisitos, ele ganharia seu coração. O premio era bom demais, valia a pena mudar para ganhar. E eu quis ganhar.
Abri o meu antigo diário passando os olhso rapidamente pelas paginas, vendo algumas besteiras que eu havia escrito. È claro que eu nem me lembrava mais daquele caderno estúpido! Já faziam mais de oito anos que eu nem o via. E eu mesma era uma idiota naquela época, sonhava com um homem que fosse o príncipe encantado dos contos de fadas, mas isso foi há tanto tempo.
Eu já havia aprendido que a perfeição era chata, e só aprendi isso quando conheci .
- Aonde conseguiu isso?
- No sotão da sua casa, quando te ajudei a limpá-lo. Nós brigávamos demais e eu sabia que era tudo minha culpa, então esse diário surgiu como um sinal. Ele me mostrou como ser o cara que você sonhou e...
- Eu tinha dez anos ! Eu lia Cinderela e achava que o príncipe era o homem perfeito, mas ele não era. Se ele fosse nunca teria deixado-a fugir daquele baile. Lia Branca de Neve e sonhava com o príncipe e seu beijo, mas ele não era perfeito. Os contos de fadas mentem, e na realidade as coisas são bem diferentes. - Deixei o caderno cair no chão e me aproximei de com carinho. - O meu homem perfeito se chama e é carinhoso sim, mas me deixa livre. Cuida de mim, mas sem exageros. Eu o amo demais e amo brigar com ele, é o nosso jeito de mostrar que nos importamos um com o outro.
- Eu também te amo minha flor. - ele me abraçou com força e nossos corpos molhados pela chuva se colaram como deveria ser.
Era assim que eu o amava. O calor, as brigas, os acertos baseados nos erros mais tolos... Era como deveria ser para sempre.
- Isso significa que estamos juntos de novo? - ele perguntou sorrindo e me roubando um selinho. Nada de testas!
- É, estamos juntos. - sorri de volta e me pegou no colo e correu comigo para o meio da rua. Me colocou no chão e olhou para o céu. - O que vai fazer ?
- Voltar como nos velhos tempos. - ele tocou meu rosto e eu o apoiei em sua mão. - Quando tivermos algum problema vamos resolve-los conversando e não lendo diários velhos encontrados em sótãos bagunçados.
- Conversando não. - Puxei-o pela camisa o beijando com firmeza e sentindo que as coisas estavam de volta aos seus devidos lugares. - Brigando é uma boa opção se sempre nos resolvermos desse jeito.
Nós sorrimos e vi jogar o caderno em uma lixeira e depois me puxar para mais perto me beijando mais uma vez. Erra o jeito que as coisas eram perfeitas para mim.
- Eu não vou mais abrir a porta do carro para você. - ele disse enquanto caminhávamos para o carro. - Você tem mão!
Bati nele de leve sentindo seus braços me rodearem com mais firmeza. Nunca me sentiria bem assim com outro cara, era o meu príncipe do conto de fadas que nós mesmos criamos e sem duvida era o melhor de todos.
E minhas amigas tinham razão, nós fomos feitos um para o outro.
FIM

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