Pathetic.
Escrito por Nandiota. | Revisado por Mary
Capítulo Único
Deplorável.
Com certeza, deplorável era a palavra perfeita para descrevê-la naquele momento.
Ela estava bêbada, confusa e cheirando a vômito.
- ? – perguntou de forma confusa, porém, não surpresa.
Era típico de vir correndo pra ele quando as coisas davam errado.
- Será que... Será que eu posso dormir aqui? – A menina perguntou com a voz embolada e suspirou, ponderando deixá-la na rua.
Ok, ele nunca faria isso.
Mordeu o lábio inferior e puxou a bêbada para dentro do apartamento.
Ela andava trocando as pernas e ria de tudo, mesmo sabendo que não era engraçado.
- Eu bebi pra caramba. – Ela riu mais uma vez e ele bufou, tentando tirar a blusa dela para colocá-la debaixo do chuveiro.
- Percebi. – Respondeu curto e grosso.
Odiava quando bebia e odiava mais ainda o fato dela aparecer em sua casa num estado deplorável, fazendo com que ele a ajudasse mesmo estando bravo com ela.
É, ele era um panaca.
O tipo pior de panaca, pois ele sabia que era só estalar os dedos que ele vinha correndo, como um bom cachorrinho adestrado.
não fizera nenhum escândalo sobre a água gelada.
Era acostumada, até.
Suas saidinhas sempre resultavam naquilo. Quando não ia à casa de , corria para a sua melhor amiga, .
Porém, a menina parecia ter desistido dela.
Depois do banho e de um café bem forte, ela sentiu que conseguia pensar antes de falar. O que era bom, contando que antes ela estava rindo dos próprios dedos.
- Você ainda tá bravo? – Perguntou, vendo o menino fugir dos olhos dela.
- Você tá bêbada, mas não é burra. Você sabe que sim. – respondeu ríspido e ela se encolheu. Sabia que ele estava bravo e não tirava a razão, só que não costumava ser ríspido com ela.
No máximo ficava levemente zangado.
- Desculpa. – Pediu, olhando para os próprios pés.
Não estava arrependida de verdade. Pelo menos, não ainda, mas sabia que se não pedisse desculpas, era bem capaz de a matar apenas com o poder da mente.
- Você sempre faz merda e eu sempre desculpo, né? – Riu seco e voltou o seu olhar para a janela.
O sol estava quase nascendo e a vista era bonita àquela hora.
- Não é assim. Eu também acerto às vezes... Né? – Perguntou incerta e arriscou um meio sorriso, que foi respondido com um rosto impassível.
Ela sentia que não estava de brincadeira e aquilo dava um pouco de medo.
- Você é impossível. – falou, não arriscando olhar para a garota novamente.
Ele sabia.
Os olhos dela eram como um mar de mentiras que as pessoas não podiam evitar se banhar.
Ele tentava, mas não dava. Quando olhava nos olhos dela, perdoava-a por qualquer erro.
- , olha pra mim. Eu sei que você não está tão bravo. – Ela falou e se arrependeu no mesmo momento. Palavras erradas.
- Não tô tão bravo? Garota, qual é a sua?! Você age como se todos fossem bonequinhos manipuláveis. Você joga com um, não satisfeita, pega o outro e quando cansa da brincadeira some. Eu realmente cansei de você, . – Desabafou ao mesmo tempo irritado e frustrado.
- Não fala isso. – Ela pediu, com a voz embargada. era a única pessoa que ela ainda tinha, não poderia deixa-lo se afastar também.
- Falar o quê? A verdade? Olha, eu realmente cansei de fazer parte dessa merda toda. Eu cansei de perder a minha vida por sua causa. - vomitou as palavras e no mesmo instante se sentiu melhor. Estava com aquilo entalado na garganta.
- Por minha causa?! – Ela levantou-se, irada. – Eu nunca te pedi nada, valeu? Nunca te pedi pra ficar, nunca pedi pra que você parasse a sua vida por mim. Se você ficou, foi porque quis. – sabia como ser estúpida. Não era pra menos que todas as pessoas tinham se afastado dela.
Ela fazia isso.
- Tudo bem. Você tá certa. Eu fiquei e agora eu tô saindo. Espero que se cuide sozinha e que arrume outro cara pra chamar de capacho, porque você acabou de perder o seu. Você é patética, . Afastou todos que te amavam e se importavam com você. Não bastou ter feito a perder o bebê, você veio e acabou com o meu noivado. Parabéns. – Ele sorriu irônico, vendo o quanto aquelas palavras a machucavam.
Bom, pelo menos ela ainda tinha um coração.
Sabia que era cruel falar que ela fora a culpada da amiga ter perdido o bebê, mas era uma verdade. Uma verdade que ninguém jogava na cara porque sabiam ser cruel demais, mas às vezes a verdade é cruel, né?
Além de cruel, a verdade pode ser o antídoto para a loucura.
Ao menos ele tentou.
- Tanto faz, já estava cansada de você mesmo. – Ela deu um sorriso maldoso, mal se importando de soar patética, já que as lágrimas banhavam o rosto. – Como você disse, tá na hora de arrumar um capacho novo. Fui. – liberou mais um sorriso e saiu da casa do menino, batendo a porta com força.
Não se importou se estava apenas com a blusa de no corpo.
Não se importou se tinha deixado seu vestido preferido para trás.
Iria beber até cair, porque ser estúpida era a sua sina.
FIM
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