Party II (Human Nature)

Escrito por Queen B | Revisado por Mariana

Tamanho da fonte: |


"Tell 'em that it's human nature"

   não se lembrava da última vez que estivera tão furioso antes.
  Ao sair do carro, depois de estacionar dentro da propriedade da família, ele sequer se preocupou em fechar por completo a porta do automóvel, seguindo a passos duros para dentro de casa a fim de confrontar o reverendo da cidade, mais conhecido por ele como pai.
  Naquele momento, no entanto, estava com tanta raiva que podia esquecer daquilo e simplesmente avançar no homem, sem acreditar que ele tivera mesmo capacidade de fazer o que fizera.
  - Pai! – gritou assim que entrou, batendo a porta atrás de si. – Qual é a merda do seu problema, hein?!
  - . – o pai repreendeu, com a voz deixando escapar um susto muito parecido com pânico na última letra do nome do filho, porém que não notou, tamanha sua fúria. Assim como sequer notou também o garoto pouco mais velho que ele sentado no sofá. Ao menos, não inicialmente. – Estou recebendo visitas. – seu pai lhe repreendeu e só então notou o rapaz ali com ele.
  Ele o conhecia de vista, era um frequentador assíduo da igreja no inicio e, depois disso, se tornou um grande amigo de seu pai, passando a frequentar bastante a casa do reverendo. sequer lembrava o nome dele, nunca haviam trocado mais que duas palavras e, sempre que ele pegava lhe encarando, entrava em pânico. Não era como se aquele garoto fosse mesmo lhe fazer ter papas línguas, especialmente naquela manhã e rolou os olhos por seu pai pensar mesmo isso.
  - Você é ridículo. – ele resmungou para o pai, que suspirou, olhando por sob o ombro pata o garoto no sofá.
  - Toby, é melhor você ir. – murmurou e o garoto se pôs de pé no mesmo instante, concordando com a cabeça sem erguer o olhar para nenhum dos dois. O reverendo soltou o ar de maneira pesada e fechou a porta depois que ele saiu, virando para encarar . – Pode falar agora.
  Novamente, rolou os olhos, bufando dessa vez. A arrogância de seu pai lhe dava nos nervos, especialmente quando direcionada a ele.
  - Falar?! Vai tomar no cu, pai! – berrou, deixando claro que a última coisa que pretendia fazer era falar. – Como pôde colocar fogo na minha boate? Aquilo era tudo que eu ainda tinha, tudo! – esbravejou e mesmo com a fúria seu pai notou como a voz dele tremia. nunca voltava inteiro das perdas, depois de sua mãe e de Meredith... Ele sabia bem, mas depois de ver com os próprios olhos aquele lugar em pleno funcionamento, ver seu filho usando drogas e bebendo, ele não achou que tivesse escolha. Não quando sabia ao que aquilo levaria se ele morresse naquela vida, se não tivesse tempo de se arrepender antes de sua hora chegar e, assim, ele ser engolido pelo doloroso fogo do inferno. – Como pôde destruir aquele lugar?! – perguntou outra vez, o brilho em seus olhos agora mostrando, além de raiva, tristeza também. Desespero talvez.
  A visão fez o coração de seu pai se apertar, porém ele não tinha escolhas. Acreditava com todas as forças que estava salvando o filho, afinal de contas. Mais ainda, depois de Meredith, da forma como ela morrera, e depois dos últimos acontecimentos em sua própria vida, acreditava que era o único na família que ainda tinha alguma chance de ser salvo e faria o que tivesse em seu alcance para que aquilo acontecesse. Mesmo que doesse no garoto, mesmo que ele chorasse. Dor e lágrimas agora ainda pareciam melhor que uma eternidade queimando no inferno.
  - Eu deixei aquilo existir por tempo demais, . – o homem murmurou, numa cautela quase gentil. Ele não queria brigar mais com seu filho, queria que ele entendesse. Que aceitasse ser salvo. – Aquele lugar não ia trazer nada de bom pra você. No fim, quando você morresse...
  - Eu estou vivo agora, pai! – o interrompeu, sem acreditar que ele ia usar aquela conversa de céu e inferno como argumento quando nem mesmo acreditava naquilo e ele sabia muito bem. – Estou vivo agora e você devia saber que isso é o que basta pra mim! Que eu não vou viver em função do que vai acontecer depois que eu não existir mais nesse mundo! Isso nem faz sentido, porra!
  - . – o pai repreendeu, tanto pelo xingamento quanto pelas palavras em si e o garoto riu, irônico. Será que seu pai ao menos sabia quem ele era de verdade, no fim das contas? Que ele era a personificação de todas as coisas que o homem abominava?!
  - Você viu, não viu? – perguntou, sem nem mesmo precisar pensar muito para se dar conta daquilo. Devia ser óbvio, afinal. – Você sabia da existência daquele lugar há muito mais tempo e só agora quis colocá-lo a baixo? Foi porque você viu, não foi? – ele riu, balançando a cabeça como se não acreditasse no próprio pai, na mania do homem de controlar o mundo todo e achar que todo mundo devia acreditar na mesma coisa que ele, naquela porra de céu e inferno. Será que ele não via quão vazio era aquilo? Aquela promessa de paraíso desde que você se privasse de bem, tudo, basicamente? – Quando?
  - Há três dias. – seu pai confessou, não vendo motivos para esconder o que claramente já sabia. Ele havia estado na boate, o havia visto bebendo shots e mais shots, se drogando e... Céus, havia visto tudo. Tudo que levaria direto ao inferno se ele não interviesse. – Eu precisava fazer alguma coisa, .
  - Não precisava não, pai! – o garoto voltou a aumentar o tom de voz antes de virar para encarar o homem, desacreditado. – Será que não entende?! Eu não sou como você! Pra mim, essa coisa de céu e inferno é palhaçada, é... – ele parou, rindo. Lembrou-se de cada uma das vezes que, unicamente para provocar o pai, pisou em cuspiu em suas crenças cristãs e se perguntou se ele fazia alguma ideia, se sequer imaginava tudo que já fizera. – Preciso contar uma coisa pra você. – ele murmurou por fim, a voz assumindo um tom perigosamente divertido, como quem estava prestes a compartilhar algo que o divertia, mas, provavelmente, não ia divertir quem ia ouvir. Ao pensar nisso, na reação que seu pai provavelmente ia demonstrar ao que ele tinha para falar, quase riu, se tivesse condições de rir sem ser por escárnio. amava sua boate, amava como um escritor amava seus melhores contos, se não mais. Aquele lugar representava tudo que ele era, toda a selvageria, a adrenalina e a inexistência de repressão e vê-lo em chamas... Céus, ele mal conseguia começar a descrever o que sentiu ao ver sua boate em chamas. Não existia a possibilidade de rir agora. – Sabe quantas vezes eu fudi com a na sua igreja? – olhou nos olhos do pai, que se arregalaram imediatamente. balançou a cabeça, soltando uma risada fraca pelo nariz, sem nenhum humor de verdade. – Provavelmente transamos mais vezes lá do que na boate, por mais irônico que isso soe. Ah, você nem sabia disso, não é? Que eu comia ela? – virou para encarar o pai novamente e o homem engoliu em seco, sério demais. não se intimidou por isso, passando a mão pelo queixo enquanto pensava em tudo que já fizera, todas as coisas... Seu pai nunca seria capaz de salvar sua alma. – A gente sempre transou, pai. Fizemos muita coisa juntos... Aqui, inclusive, na sua casa. Na casa do servidor do grande Senhor...
  - , cale a boca. – seu pai ordenou, falando baixo ao lhe interromper, a voz soando ao mesmo tempo séria, ofendida e triste, decepcionada, o que achou no mínimo ridículo. Não era como se fizesse questão de guardar segredo quem ele era, tudo que fazia.
  - Por quê? O senhor não quer saber sobre como ficamos chapados na cozinha? – encarou o mais velho – Sobre como trouxemos o sobrinho da vizinha dela aqui uma vez? Ah, pai, se você soubesse daquela noite... – riu outra vez, enquanto se lembrava. A primeira vez que ele, e tiveram aquele tipo de diversão juntos, sua festinha particular, não foi a última, mas era uma lembrança especial para os três ainda assim. já havia ido embora, de volta para casa em Nova York, mas vez ou outra dava noticias dele e, mesmo que e tivessem seu jeitinho de tornar a vida interessante na maior parte do tempo, o garoto fora uma ótima ajuda para o propósito durante aquele verão que estivera “de castigo” em Westwood.
  - . – seu pai murmurou outra vez – Estou mandando calar a boca.
  Mas não estava ouvindo, olhando nos olhos do pai e fazendo que não.
  - É a natureza humana, pai. – falou – Tudo que a gente faz... Não tem como ser errado se é o que o nosso corpo pede, e, caramba, não tem ideia de quantas vezes nossos corpos pediram por isso. Pelo sexo, pelas drogas, pela adrenalina...
  - ! – o reverendo gritou, deixando a marca de sua mão no rosto do mais novo ao pegá-lo de surpresa com um tapa forte em sua bochecha, fazendo sua cabeça virar para o lado. levou imediatamente a mão para o rosto, olhando assustado para o pai em seguida. – Você quer terminar como a sua irmã?! É isso que você quer?! – ele segurou na gola de sua roupa, empurrando o filho contra a parede e xingou, o empurrando para longe, o que fez com que ele cambaleasse, quase caindo no percurso.
   respirou fundo, sabendo que não podia fazer aquilo. Ele era mais novo que o pai, mais forte, e se deixasse a fúria lhe dominar ia machucá-lo de verdade. Apesar de todas as piores e mais tóxicas sensações que lhe invadiam quando fechava os olhos e via novamente sua boate em chamas, ele não queria aquilo.
  - Minha irmã pode ter morrido cedo, mas, apesar de tudo, eu aprendi a admirá-la. – , por fim, respondeu suas palavras. – Sei que Meredith não passou sequer um dia de sua vida se perguntando “como seria” ou “e se...” porque, bem, ela fez tudo que queria, pai. E se você não sente orgulho da coragem que uma pessoa precisa ter pra ser assim simplesmente porque, na sua cabeça, uma eternidade incerta é mais importante que o agora, essa vida que estamos vivendo nesse momento, isso não é problema meu, ou dela. Isso é com você e só com você.
  A atitude que seu pai tomou em seguida pegou completamente de surpresa e ele não conseguiu nem mesmo se esquivar para fugir do soco certeiro que acertou seu rosto, fazendo a parte esquerda do mesmo arder.
  - O inferno é real e é exatamente pra onde você vai se não revir essas ideias, garoto. – o pai murmurou, com desgosto enquanto o mais novo lhe encarava no mais puro choque. Ainda assim, ele não se abateu. – Para o seu quarto, agora! – puxou seu braço, o empurrando para subir as escadas e se soltou dele.
  - Qual é o seu problema?! Eu não tenho doze anos, merda!
  - Pois parece! – o pai retrucou e agora os dois gritavam. – Você vai para o seu quarto e só vai sair de lá quando eu permitir, porque quem manda nessa casa ainda sou eu, ! – o homem lhe arrastou pelo braço, segurando com força demais para que conseguisse lutar, o que surpreenderia a ambos mais tarde, quando estivessem com a cabeça fria o suficiente para pensar em detalhes como aquele.
  - Vai me prender?! Ficou maluco?! – o mais novo gritou, mas seu pai ignorou, já lhe jogando para dentro do quarto, batendo a porta em seguida, após puxar a chave para trancar a porta pelo lado de fora e bufou, desacreditado, ao ouvir o som da tranca. – Com certeza vou pro céu agora. – ironizou, rolando os olhos enquanto seguia para o banheiro de dentro do quarto para checar o estrago que seu pai fizera em seu rosto.
  , cada vez mais, odiava aquela maluquice de religião, céu e inferno.

...

  A noite, naquele mesmo dia, um boato mal formulado sobre a briga de e seu pai já havia se espalhado por toda a Westwood e, obviamente, chegara em , que estava preocupada. , no entanto, não sabia muito do que estava acontecendo fora da bolha de seu quarto, já que seu pai fez questão de, além de tudo, lhe tirar qualquer meio de comunicação.
  Ele perdera a conta de quantas vezes bufara ou rolara os olhos para o nada dentro do quarto, largando a leitura de seu livro para fazer origamis e então transformar em bolhinhas de papel amassadas que não conseguiu lançar dentro da lixeira, deixando-as espalhadas pelo chão do quarto. Agora, terminava de vestir o moletom no tronco, já tomado banho e no momento em que a roupa desceu, cobrindo sua pele como tinha que fazer, o garoto ouviu ruídos do lado de fora, fazendo com que ele virasse para olhar na direção da janela, arqueando as sobrancelhas antes de estreitar os olhos e ver pequenas pedrinhas marrons atingirem, uma depois da outra, o vidro.
  Ainda com os olhos estreitados e a expressão desconfiada, se aproximou da janela, puxando-a para cima para abrir e, ao olhar para baixo, deu de cara com lá embaixo, pronta para jogar outra pedra em sua direção. Por sorte, ela o viu antes, sorrindo quando seus olhares se encontraram.
  A garota estava preocupada e o fato de não ter conseguido falar com o dia todo só contribuía para a situação. Era um tanto quanto óbvio o que ela faria a seguir, mas, ainda assim, ela invadiu a propriedade dos sem a menor dificuldade, exatamente como já fizera tantas outras vezes. sempre fora bem vinda na casa do reverendo, entrava pela porta da frente sem qualquer tipo de problema, mas se as coisas que ouvira sobre a briga de com o pai, sobre o motivo de tudo, eram verdades, então ela realmente achava que entrar escondida era sua melhor opção. E nem era como se nunca houvesse feito aquilo antes.
   também sorriu quando ela lhe encarou, como se mais do que o ar fresco que entrara por sua janela por si só, representasse a noite e seu balançar sem sono, a voz que ele sequer ouviu naquele momento, mas já conhecia bem, soando como uma premissa de liberdade para o garoto, que a observou prender o cabelo num coque da melhor maneira possível antes de apoiar os dois pés nos mesmos pontos de sempre no tronco da arvore que ela já subira várias e várias vezes para entrar escondida em seu quarto.
  Quando ela chegou perto o suficiente, estendeu a mão e ela segurou nele, permitindo que ele lhe puxasse para dentro.
  Os dois ficaram parados por um instante, frente a frente, e não precisou de muito para saber que , com aquele breve instante lhe encarando, pôde absorver tudo que ele passara o dia sentindo. A incredulidade, a raiva, a frustração.
  - Seu pai não foi justo. – ela murmurou, olhando em seus olhos. sentiu o coração apertar ao notar seu olho roxo, sentindo o impulso perfeitamente explicável de retribuir o soco no pai dele. adorava que ela sempre falasse com as pessoas olhando nos olhos delas e nunca ficava intimidada. Sempre gostou daquele traço em especial na personalidade de , de como ela sempre parecia absolutamente certa do que falava e ninguém nunca lhe intimidava, mas não se sentiu capaz de admirar aquilo naquele momento e detestou ainda mais o pai por isso. Não podia acreditar que ele estava, até mesmo, estragando sua admiração pela pessoa favorita de no mundo inteiro simplesmente porque não conseguia sentir nada que não fosse uma droga naquele dia. – Ele não tinha o direito.
  - Não. – concordou, balançando a cabeça antes de se afastar, toda a linguagem de seu corpo denunciando o quão frustrado ele estava. emana tensão e frustração e nem era preciso ser intimo dele como era para saber. – Você esteve lá? Na boate? – ele perguntou, se sentando na ponta da cama antes de erguer o olhar para encará-la.
   assentiu, se aproximando e lhe abraçando. escondeu o rosto em sua barriga e passou os braços ao redor de seu corpo, respirando fundo como se inalar seu perfume fosse ajudá-lo a se sentir um pouco mais são. não tinha realmente esperanças que fosse funcionar, mesmo que tê-la ali por si só já estivesse lhe deixando um tanto quanto anestesiado. Tudo parecia menor e superável e, se perguntassem, ele nem saberia explicar como ou porque aquilo acontecia, mas ficava satisfeito que acontecesse.
  - Você sabe se conseguiram salvar alguma coisa? – ergueu o olhar para ela. – Fiquei tão furioso quando estive lá que sequer esperei pra ver. Só conseguia pensar em como queria matar meu pai.
  - Não suporto que ele tenha te machucado. – confessou, deixando que os dedos alcançassem a marca roxa abaixo de seu olho esquerdo, tocando com cuidado na região. sorriu para suas palavras, dando de ombros em seguida.
  - Eu tinha acabado de contar a ele sobre as vezes que transamos na igreja. – confessou e arqueou as sobrancelhas, parecendo genuinamente surpresa com a confissão. abriu outro sorriso de lado em resposta. – Era uma atitude previsível, levando em conta tudo que eu falei.
  - Você falou sobre ? – perguntou, genuinamente curiosa. Ia adorar ver a reação do reverendo ao beijo que dera no outro com propósito nenhum além de dar prazer a ela. riu, pensando na reação que seu pai provavelmente teria caso ele houvesse contado sobre aquela noite, contado os detalhes.
  - Um soco não foi o suficiente pra você? – perguntou, irônico e ela riu, fazendo com que ele risse também e ficou satisfeito, de verdade, com a leveza que se instalou dentro dele naquele breve momento de risadas, voltando a descansar a cabeça contra a barriga da garota, que imiscuiu os dedos em seus cabelos. – Tudo que eu disse foi que o trouxemos pra cá, mas levando em conta tudo que eu já tinha contado, acho que não deve ser tão difícil assim imaginar o que nós três fizemos.
   pensou sobre aquilo por um instante, se permitindo voltar ao verão, quando ainda estava ali e e não eram mais só e .
  Depois de ter com eles durante o verão, sem realmente hesitar em fazer nenhuma das loucuras que os três fizeram juntos porque para ele aquilo era, de fato, só uma aventura de verão, algo mudou para . Se despedir de fez com que as coisas mudasse para ela simplesmente porque a garota percebeu o quanto realmente queria aquilo. Uma despedida, um fim para a vida que vivia em Westwood. Aquele momento com trouxe todos aqueles pensamentos que ela vinha se esforçando para ignorar de volta de maneira inevitável.
  - ? – chamou depois de um minuto em silêncio, fazendo com que ele erguesse o olhar para ela novamente, esperando que ela falasse o que tinha para dizer. olhou em seus olhos, pensando em como estavam sempre juntos, em tudo que descobriram juntos, em todo o amor que lhe envolvia sempre que ele olhava para ela. Aquele tipo de sentimento era grande demais para aquela cidadezinha, eles eram grandes demais para aquela cidadezinha. – Quer sair daqui?
  - Sair daqui? – perguntou, sem entender no que ela estava pensando e mordeu o lábio, hesitando por um breve instante.
  Ela adorava tudo que fazia com , toda a adrenalina e tudo o que eram ali, aquela era a parte boa da vida que vivia, mas a parte boa não parecia mais sobrepor a outra com tanta eficiência. Depois que foi embora, não parava de se perguntar como seria fazer o mesmo. Ainda que ela não desempenhasse o estereótipo de garota do interior como provavelmente era esperado, Westwood era uma cidade pequena no meio do nada e nunca havia estado em nenhum outro lugar na vida, portanto era impossível não se perguntar, imaginar e, especialmente para alguém como ela, era impossível não querer mais também.
  - Sair de Westwood. – ela disse de uma vez, com o único pensamento na cabeça de que aquele era . , seu melhor amigo no mundo inteiro, com quem ela podia falar qualquer coisa. – Pegar o carro e sair daqui. Deixar seu pai para trás, todas essas regras...
  - . – lhe interrompeu, tocando seus dedos com os seus, desenhando círculos imaginários nas juntas antes de erguer o olhar para voltar a lhe encarar. – Não posso te pedir pra fazer uma coisa dessas.
  - Eu é que estou pedindo. – ela retrucou, rolando os olhos para a desculpa, no mínimo, ridícula. – Conheço você há tempo demais para você usar esse argumento para qualquer coisa, . Você pode me pedir qualquer coisa, embora esse não seja o caso. Eu quero ir embora e quero que venha comigo.
   não falou nada em resposta, lhe encarando como se olhasse através dela, permitindo que as palavras da garota lhe transportassem para uma realidade diferente, um lugar diferente. Nenhum dos dois tinha um plano, qualquer ideia de como sobreviver longe de sua cidadezinha, mas tinha dinheiro, tinha muito dinheiro, já que, mesmo que a boate houvesse começado com o dinheiro de seu pai, ela passara a dar lucro e se auto sustentar pouco tempo depois.
  Podia ser loucura, mas era uma loucura que podia dar certo. Um tanto irresistível até.
  Ainda assim, ainda que em sua cabeça ele pensasse em todos os lugares que sempre quisera conhecer, no mar, na neve e em todos os cartões portais, não conseguiu olhar para e simplesmente concordar.
   suspirou e se jogou ao seu lado na cama parecendo saber no que ele estava pensando. deitou o tronco no colchão também, virando para lhe encarar e observando seus traços, os olhos fechados e a expressão cansada e tensa ainda assim.
  - Eu gosto de fingir, gosto de demonstrar uma coisa e, na verdade, ser outra, mas isso é algo que posso fazer em qualquer lugar. Existe essa linha tênue entre o divertido e o sufocante, e, céus, nada é divertido quando obrigatório. Eu nem mesmo sei no que sou boa, . O que devo fazer da minha vida, pelo resto dela, e Westwood não vai me ajudar a descobrir. Eu preciso e quero sair daqui tanto quanto você. – ela disse, tocando sua mão antes de abrir os olhos.
  Ela não precisou falar mais nada, seus olhos diziam. Aquele era um convite real, ainda que houvesse muitos detalhes para se pensar, era algo que os dois queriam e, bem, algo que aparentemente iriam mesmo fazer. Mesmo que com um passo de cada vez, enchendo o tanque e saindo dali mesmo sem saber exatamente com que destino, parecia o certo. Parecia de verdade.
  - Então, acho que estamos indo embora. – murmurou, como se aquela fosse a única conclusão possível naquela conversa. sorriu, assentindo.
  - Acho que sim.
   era filha única de uma mulher complicada, que consumia de dois a três maços de cigarro por dia, e, depois de tanto tempo tendo que conciliar a própria vida com cuidar da mãe e tomar para si as responsabilidades que deviam ser dela, pensar em ir embora, deixar aquilo para trás, era como tirar um peso grande demais, insuportável demais, de seus ombros. Ela devia se sentir culpada, afinal bem ou mal era sua mãe, mas fazia tempo demais desde a última vez que a mulher agira como sua mãe. Agora, ela era só um parasita em casa, dividindo seu tempo entre fumar recostada a janela dos fundos e dormir.
  - Está pensando na sua mãe? – não teve muita dificuldade para decifrar sua expressão de repente distante e ela focou nele, sorrindo triste.
  - Eu não devia sentir alivio por pensar em deixá-la, não é?
  - Eu também não. – deu de ombros – Acho que nem todo mundo pode ter uma relação realmente boa com os pais, no fim das contas, mas não é como se fossemos os únicos culpados. Eles fizeram coisas demais, nos exigiram coisas demais. – olhou para a marca roxa abaixo do olho de depois que ele falou e suspirou, se aproximando para, assim, encostar a cabeça em seu peito. Como reflexo, levou os dedos para seus cabelos, os imiscuindo ali num carinho.
  - Não consigo me imaginar sentindo falta dela, mas ao mesmo tempo... Não quero que nada de ruim lhe aconteça. – ela sussurrou – Isso é muito errado?
  - Não sou nenhuma referência quando o assunto é certo e errado, mas eu realmente acho que não. Acho perfeitamente compreensível. – murmurou – Eu não quero que nada aconteça ao meu pai, apesar de tudo que eu pensei de manhã quando vi o estado da minha boate, mas não quero, de jeito nenhum, continuar aqui, sob o mesmo teto que ele.
  - Hm, ? – ergueu o olhar para ele e ele lhe encarou de volta, notando que ela parecia ter se lembrado de algo. – Você me perguntou se eles tinham conseguido salvar alguma coisa da boate.
  - Conseguiram? – ele perguntou, surpreso, ao ouvi-la voltar naquele assunto. Quando ela não respondeu, assumiu automaticamente que nada tinha sido salvo.
  - Me entregaram uma gaveta com algumas coisas, documentos e afins, mas, além disso, tem algo aqui comigo. – ela enfiou a mão no bolso, tirando de lá uma gargantilha que costumava pertencer a Meredith, a irmã de . Ela usava o tempo todo, mas por algum motivo não estava com ela no dia de sua morte e acabou guardando consigo, sorrindo para o pingente ao vê-lo nas mãos de .
  A pedra do pingente se chamava Ágata, era de um tom marrom levemente alaranjado e representava força, coragem e proteção. Combinava perfeitamente com Meredith, com seu espírito cheio de vida e justo. Ela ganhara em seu aniversário de dez anos, como presente de uma tia que vivia viajando e via em e Meredith o único motivo para voltar para Westwood de vez em quando. Ela, obviamente, não se dava bem com o reverendo, com crenças completamente diferentes das dele e sempre fora quem incentivara Meredith e a não ter medo de ser eles mesmos e acreditar no que quer que fosse. Fora, no fim das contas, o primeiro exemplo que os dois realmente sentiram vontade de seguir.
   costumava achar que não havia ninguém mais a quem aquele pingente deveria pertencer, mas de repente aquilo pareceu errado demais. Ele conhecia outro espírito exatamente como aquele e era a pessoa que ele mais amava no mundo, a única com quem, afinal, ele pensaria em fugir.
  - Você deveria ficar com ele. – fechou a mão da garota sob o pingente e piscou, lhe encarando surpresa.
  - Era da sua irmã.
  - Que é a única outra pessoa que eu admiro como admiro você. – ele deu de ombros – Parece certo.
   abriu um pequeno sorriso ao ouvir, baixando a mão com o colar.
  - Eu te amo, .
  Ele sorriu, beijando o topo de sua cabeça.
  - Eu também te amo. – murmurou, satisfeito em tê-la ali consigo. era exatamente como ele e tornava as coisas fáceis, tornava tudo a respeito de ser quem ele era melhor do que devia ser de verdade, como se a intensidade dela lhe anestesiasse na maior parte do tempo e ele gostava de verdade daquilo. Gostava de verdade dela e mesmo que nenhum dos dois tivesse qualquer intenção de mudar a relação que nutriam, de usar um anel no dedo e dizer por aí que pertenciam um ao outro, ambos sabiam, sem que ninguém precisasse falar o que quer que fosse, que seu amor era verdadeiro e o que eram, o que tinham, era para sempre.

+++

   e haviam conversado muito pouco durante a maior parte do percurso na auto estrada, ambos ocupados demais refletindo sozinhos sobre toda aquela loucura que estavam fazendo. De fato, estavam fora dos limites de Westwood agora, estavam livres de todas as regras e tudo que lhes sufocava tanto na maior parte do tempo, porém não tinham ideia de que caminho seguir e aquela nem era a pior parte.
   ainda estava devastado, estava triste e toda vez que fechava os olhos, mesmo se esforçando de verdade para não deixar que aquilo acontecesse, terminava pensando em sua boate. Lembrando das chamas, do modo como ficou sem chão quando viu o lugar reduzido a cinzas. Ele ainda se sentia triste o suficiente para sequer ser capaz de se deleitar com a liberdade recém adquirida e sabia disso, estava preocupada e aquilo resultava no silêncio, estragando todas as sensações que deviam estar aguardando por eles naquele momento.
  A noite, quando finalmente pararam num motel para descansar e, talvez, decidir um destino para dar aquela fuga, foi tomar um banho e suspirou de maneira pesada, sozinho no quarto. Ele se sentia culpado por estar deixando preocupada e tensa, psicologicamente exausto por todos os pensamentos que não pareciam lhe deixar em paz nunca e seu corpo também doía por passar o dia dirigindo. achava, honestamente, que poderia chutar alguma coisa, tamanha sua frustração com tudo.
  O garoto passou a mão pelo rosto e suspirou, deslizando o corpo para se sentar no chão, recostado a madeira da cama, antes de tirar um saquinho com cocaína de seu bolso, espalhando uma fileira em cima do criado mudo só para se aproximar do mesmo em seguida e inalar tudo de uma vez.
  De imediato, jogou a cabeça pra trás, com os pensamentos se embaralhando enquanto ele fechava os olhos. Ainda havia um nó apertado em sua garganta lhe impedindo de respirar direito, porém parecia que, ao menos, o fluxo de seus pensamentos lhe daria um pouco de paz.
  O garoto manteve os olhos fechados por vários instantes, aproveitando o vazio que tomava sua mente. Era como se, pouco a pouco, um quadro em branco se formasse em sua cabeça e ele podia preenchê-lo com qualquer coisa, ser ou fazer o que quisesse. Se manteve pensando naquilo, em quem queria ser, no que queria fazer, em tudo que sua nova liberdade significava, tudo de bom e então soltou o ar pesadamente, abrindo novamente os olhos.
  O barulho do chuveiro havia parado e a porta do banheiro estava aberta, o que deixou confuso. Ele sequer ouvira os passos de .
  Decidindo procurá-la, ele se levantou, dando uma olhada no banheiro e então seguindo até a pequena varanda do quarto, aonde pode vê-la graças ao vidro das portas que davam para lá. se aproximou silenciosamente e parou pouco atrás de onde a garota estava sentada, tragando um cigarro.
  A noite estava incrível, as estrelas pareciam ter todas se aglomerado ali, como uma cortina brilhante cobrindo o azul quase púrpura do céu das dez e quase se sentiu melhor olhando, pensando que nunca vira céu tão bonito em Westwood. Ele se permitiu pensar em tudo que a vida naquela cidade, como filho do reverendo, privara dele e suspirou.
  Não precisava deixar aquilo pesar tanto, acabara, estava longe daquele buraco.
  - Está se sentindo melhor? – perguntou e piscou, desviando o olhar do céu para vê-la lhe encarando sob os ombros.
   vestia uma regata preta e shorts simples de algodão da mesma cor, com um rabo de cavalo no cabelo. reparou nos fios que escapavam do amarro e na nuca ainda parcialmente molhada dela, em seus olhos elétricos e soube que se alguém um dia lhe perguntasse qual fora a visão mais bonita que ele já tivera, diria que era aquela. Ela, naquele momento, livre, confortável embaixo daquele céu estrelado.
  - Usei um pouco de cocaína. – ele confessou, sem sentir orgulho daquilo de verdade. não tinha problemas com a ideia de se drogar em uma festa ou depois do sexo, por exemplo, mas tudo se tornava uma verdadeira merda quando ele se via fazendo aquilo para evitar sentir alguma coisa. não disse nada, observando enquanto ele se aproximava, sentando-se atrás dela no banco de madeira, coberto com almofadas surpreendentemente confortáveis. – Me sinto um merda por precisar. – confessou sob o olhar de , que estava a um passo de lhe oferecer o cigarro, mas não o fez, desistindo diante de suas palavras.
  Ela encarou , olhando com atenção para cada detalhe do rosto do garoto que tanto amava, os olhos sempre tão doces, doces para ninguém mais, só para ela. Os lábios, o nariz, todo e cada pequeno traço tão cuidadosamente esculpido, perfeito. era lindo, qualquer um podia dizer, mas tinha certeza que ninguém nunca veria nele a beleza que ela via porque ninguém nunca o amaria do jeito que ela amava também e, céus, como partia seu coração vê-lo daquela forma, tão inconsciente de todo o amor que fazia sentir toda vez que olhava para ele, tão alheio a qualquer coisa além de sua tristeza por coisas que já não podia mais reaver.
  - Não acho que precise. – ela disse, deixando que o cigarro caísse de suas mãos e pisando nele com a ponta do pé, tomando cuidado para não encostar os dedos na parte em que brilhava a chama presa do fogo. Quando o fez, ela virou por completo de frente para , dobrando as pernas e pousando uma mão em sua nuca, brincando com os cabelinhos dali. quase fechou os olhos com o carinho, porém não quis parar de olhá-la também, se sentindo tão confortável daquele jeito, se perdendo na imensidão que era aquela garota. – Nós dois estamos assustados, mas olha esse céu, . – ela desviou brevemente o olhar para o céu estrelado sob suas cabeças, mas não imitou sua atitude, certo que céu nenhum lhe faria sentir como ele se sentia olhando para ela, com as mãos dela lhe tocando, mesmo que de maneira tão terna. – Nada vai machucar você, amor. – ela disse suave ao sentir a mão dele deslizar para sua cintura, se encaixando ali como se as duas partes fossem peças pertencentes. – Somos só nós dois agora e ninguém mais pode nos machucar, porque somos nós.
  - Ninguém ama como a gente. – murmurou em concordância, finalmente fechando os olhos, no instante em que pousou a testa sob a sua, passando a mão pelo braço do garoto num carinho suave, aproveitando a sensação da pele quente em seus dedos. enrolou o dedo em sua blusa, fazendo com que ela subisse um pouco enquanto trazia mais para perto. – Gosto de como amamos. – ele murmurou, baixo, passando as pernas dela ao seu redor e a garota imiscuiu os dedos em seus cabelos enquanto lhe abraçava com as pernas, já sentada em seu colo.
   levou a mão livre até seu rosto e tocou toda a extensão do mesmo, subindo de seu queixo até a bochecha e acariciando devagar antes de, por fim, entreabrir os lábios da garota com os seus, o contato de suas línguas servindo para aquecer o corpo de ambos, como fogo encontrando gasolina. deslizou a mão que antes segurava no rosto de pela lateral de seu corpo e, com ambas as mãos em sua cintura, ele as levou para dentro de sua blusa, fazendo com que sentisse um arrepio percorrer seu corpo com o choque térmico que lhe atingiu com as palmas frias de cobrindo a pele quente de sua barriga. deslizou as mãos por seu tórax também, sentindo a pele firme nos dedos antes de morder o lábio inferior de e romper o contato de seus lábios, afastando as mãos dele de sua pele e deixando um beijo quente em seu queixo.
  - Me deixa te ajudar a se sentir bem outra vez, , a relaxar. – ela murmurou baixinho, levando as mãos para a barra da própria blusa e puxando-a para cima, exibindo para ele o próprio tronco nu sob a luz da lua e das estrelas.
   olhou em seus olhos e então para seu corpo, mesmo já conhecendo cada milímetro dela quase como se fosse uma extensão dele mesmo. Para o garoto, nunca seria possível explicar aquele efeito que ela tinha sob ele, o jeito como sempre lhe deixava impressionado com sua beleza mesmo depois de tanto tempo, como seu beijo sempre lhe causava os mesmos e mais intensos sentimentos, e, naquele momento, não foi diferente.
   se viu sendo arrebatado com toda intensidade possível por .
  - Gosto disso. – ele concordou, soltando devagar o cabelo dela do elástico que o prendia no rabo de cavalo, olhando em seus olhos antes de voltar a beijá-la.

+++

  Por mais incrível que parecesse Nova York foi uma parada muito pouco pensada, embora óbvia. Fazia todo sentido e nem era só por , era Nova York, tema de todo tipo de produto audiovisual possível, a cidade que nunca dormia. Era toda a selvageria do conceito de liberdade, toda a violência e brutalidade da honestidade. Se e eram tudo aquilo em Westwood, chegava à hora de descobrir o que eram na cidade que representava todas aquelas coisas.
  Quando teve a ideia, o casal de amigos havia acabado de acordar e havia perdido o café da manhã incluso no preço do quarto por terem dormido demais, mas nenhum dos dois ligou de verdade. Depois de transarem na varanda, tomaram banho juntos e mesmo que não houvessem chegado a ir muito longe no chuveiro, compensaram na cama e sequer lembravam que horas foram dormir.
  Agora, depois de mais algumas horas no carro, estavam na cobertura em que morava com os pais, em Manhattan. O lugar era enorme, mas não foi o apartamento que encheu os olhos do casal. Eles estavam em Nova York, viam as pessoas e as luzes e o lugar parecia elétrico e insuperável mesmo que sequer houvesse anoitecido ainda.
  Nova York lhes enchia os olhos.
  - E onde seus pais estão, de novo? – arqueou as sobrancelhas para ao perguntar, a expressão misturando diversão e incredulidade.
   riu, dando de ombros como se quisesse dizer que não era culpa dele.
  - Hamptons. – murmurou, rindo quando o fez, mesmo que já fosse a terceira vez que ele falava aquilo. estava, na verdade, fascinada, com a sensação de estar dentro do universo de Gossip Girl, com as viagens para casas de praias em Hamptons, a cobertura em Manhattan e todo o resto.
  Os três estavam na sala de estar da cobertura, no meio do sofá, no canto esquerdo do mesmo e na poltrona ao seu lado, divertindo os dois garotos com a visão dela sentada ali com uma trança no cabelo e um vestidinho branco de verão, segurando em uma das mãos uma caipirinha enquanto brincava com o canudo no copo.
  Céus, ela estava se divertindo só de imaginar se ver pelos olhos deles, fazendo movimentos circulares distraidamente – ou nem tanto – no canudo.
  - Refil? – perguntou a depois de um instante olhando a garota, se pondo de pé enquanto levava o canudo à boca, sugando-o e desviando o olhar para , lhe encarando por baixo dos cílios. havia se esquecido daquilo, da tensão sexual que tomava qualquer lugar quando os três ficavam sozinhos.
   adorava, ele sabia, e adorava que ela adorasse, se divertia com cada fetiche louco dela e, naquele momento, na sala de estar de , se divertiu mais do que nunca.
  - Claro. – deu de ombros, desviando o olhar para , que assentiu, seguindo para a cozinha.
   tentava não pensar em Westwood, em seu pai e no que ele estaria fazendo, em como estaria lidando com sua partida, mas odiava admitir: Deixar aquele lugar para trás era mais difícil do que jamais imaginou. No fundo ele sabia que também estava passando pelo mesmo que ele, que também pensava em sua mãe e se não assinara o atestado de óbito da mulher ao ir embora daquela forma, se perdê-la não fora o suficiente para fazer a mulher desistir de uma vez, mas embora quisesse, saber daquilo não tornava a situação mais fácil. Era frustrante, para se dizer o mínimo, como ainda se sentia preso as amarras de Westwood, das regras e de todos naquele lugar, mas naquele momento se permitiu só aproveitar a atmosfera com a qual e lhe presenteavam, inclinando o corpo para frente, na direção da garota.
  - Vai mesmo me dizer que não superou esse fetiche? – riu, embora claramente não estivesse surpreso. Ou reclamando. Ao contrário, dos fetiches da garota, aquele em especial devia ser o seu favorito.
   deu de ombros.
  - Eu sequer tentei. – retrucou, baixando o copo enquanto se inclinava para frente também, chamando com o dedo para que pudesse falar em seu ouvido. – Você não tem noção de como é fácil gozar quando eu penso nisso. Sabe, sozinha no banheiro? Eu deixo as lembranças voltarem e só... – gesticulou para cima – Fica fácil. – confessou por fim, sorrindo travessa ao se afastar e umedeceu os lábios, porém antes que pudesse responder, voltou com sua bebida, lhe estendendo ao mesmo tempo em que abriam a porta do apartamento, fazendo com que os três virassem, confusos, para ver quem era o invasor.
  - ! – exclamou, surpreso, deixando o copo de com o garoto e indo em direção a sua amiga. e eram muito como e , exceto que ela tinha namorado e ele era louco por ela, porém a garota não fazia ideia. Ok, talvez não muito como e , mas eram melhores amigos há muito tempo também. – O que está fazendo aqui?!
  A garota suspirou pesadamente, não notando os outros dois ali inicialmente.
  - Gregory e eu terminamos. – anunciou, devastada.
   e se entreolharam, sem saber se deviam falar alguma coisa. havia comentado de com eles uma vez e lhe convenceu a chamá-la pra sair, num encontro de verdade, porém quando ele voltou para Nova York ela já havia conhecido o tal Gregory, por quem estava completamente apaixonada.
  Não que se apaixonar fosse difícil pra ela, estava sempre apaixonada.
  Com Gregory durara três meses, com outros por menos, mas o ponto é que sempre chegava um momento em que sua intensidade e princípios, que sempre lhe enfiavam num protesto contra algum tipo de medida política machista ou em cima de uma arvore tentando impedir que ela fosse derrubada, deixavam de parecer charme para se tornar loucura. Para todos, exceto para , que convivera com aquilo a vida toda e só conseguia admira-la cada vez mais. Chegava a ser irônico que os pais dele fossem figurões que trabalhavam pelas causas opostas as da garota que tanto amava.
   suspirou outra vez, soltando resmungos frustrados enquanto fechava a porta.
  - O quê? Mas o que... O que aconteceu? – ele perguntou, virando para encarar novamente a amiga, que seguiu a passos pesados na direção do sofá, só então notando os outros dois ali.
  - Ai, meu Deus! – exclamou, surpresa, voltando a ficar de pé um instante depois de fazer a menção de sentar. – Eles estavam aqui o tempo todo?!
   acabou rindo da pergunta, enquanto olhava de maneira divertida da garota para . As tatuagens dela e o cabelo colorido sem dúvidas faziam um contraste interessante com a aparência de playboy de . Um casal e tanto.
  - Esses são e apontou, um tanto desajeitado e mordeu um sorriso maldoso por estar vendo o garoto envergonhado pela primeira vez. –, da cidade da minha tia.
   arregalou os olhos ao ouvir, como se alarmes soassem em sua cabeça e se perguntou quanto ela sabia, cruzando as pernas enquanto tentava desviar os pensamentos do rumo, no mínimo, perigoso.
  - Eu me lembro. – murmurou, um tanto sem graça, levando o casal a constatar que ela, definitivamente, sabia. Aquele constrangimento não era qualquer constrangimento, afinal. Era o tipo de olhar e postura que se assumia quando ficava cara a cara com alguém que se passava tempo demais imaginando sem roupa, mas nunca realmente encontrar. Não foi difícil para nenhum dos dois imaginar a garota se tocando escondida depois de ouvir a história de e, imaginar, fez com que o sangue corresse mais rápido nas veias de ambos. – Não sabia que eles estavam em Nova York. – ela decidiu focar em , acompanhando com o olhar enquanto o garoto se aproximava e se juntava a ela e no sofá.
  - Nem eu, na verdade. – deu de ombros – os dois simplesmente apareceram aqui essa manhã.
  - Ah. – murmurou, surpresa e encabulada, então sorriu de lado, virando o corpo de lado no sofá, na direção dela.
  - Você estava falando do seu namorado...
  - Ex-namorado. – ela corrigiu, a fala de lhe levando de volta a seu estado de miséria pelo fim do relacionamento. – Acredita que ele me chamou de louca?! Quem faz isso?!
  - Ele te chamou de louca? – perguntou, surpreso. Evitava ficar muito tempo perto de Gregory simplesmente porque ele estava com a garota que ele gostava, mas Gregory era educado, certinho até. Era estranho tentar imaginá-lo chamando de louca.
  A garota rolou os olhos, provando seu ponto antes mesmo de responder.
  - Não com essas palavras exatas. – resmungou – Mas sei que foi o que ele quis dizer. Céus, estou tão cansada disso. É sempre, sempre assim! Eles sempre terminam dizendo: Ah, , eu queria que tivesse dado certo, mas somos muito diferentes, você é tão... Intensa, precisa levar as coisas menos a sério às vezes. Não lutar por tudo o tempo todo. – sua voz afinou enquanto ela imitava o discurso dos caras que já lhe deixaram, o que era irônico já que ela imitava a voz de homens. – Se querem saber minha opinião, é ridículo. Não sou louca, sou muitas coisas, mas não sou louca. Eu mal faço loucuras.
  - Talvez seja disso que está precisando. – deu de ombros e estreitou os olhos, lhe encarando com desconfiança.
  - Desculpa, o quê?!
  - Ué, eles te chamam de louca, não é? Seja louca. – disse, como se fosse muito simples. e lhe encararam atentos, ambos igualmente curiosos e apreensivos quanto ao rumo daquela conversa. – Experimente ser a garota que eles pintam tanto, talvez você até goste.
  - ...
  - Parando pra pensar. – interrompeu , que lhe encarou com certa preocupação por isso, esperando o que viria. – Eu nunca fiz nada louco.
  - Louco tipo subir numa árvore pra impedir que ela fosse derrubada? Jogar ovos na casa de um político? – lhe encarou como se perguntasse se aquilo era brincadeira. – Você já fez tudo isso.
  - Sim, mas não foi por mim. – ela retrucou, virando para encarar em seguida, como se estivesse ansiosa para ouvir mais do que quer que ela pudesse ter a dizer. – Você entende, certo? Quando fazemos muito por uma causa, mas nada nunca por nós mesmos? Eu pintei o cabelo, várias vezes – parou para rir, apontando para a própria cabeça colorida e riu junto, assentindo –, mas não é a mesma coisa. Eu quero mais, mais loucura. Como as coisas que vocês faziam com .
  - ! – reclamou, lhe olhando como se perguntasse o que diabos era aquilo. riu, deliciada, e olhou dela para a outra garota numa curiosidade humorada.
  - Não dá para culpá-la, . Nós fizemos mesmo umas coisas bem loucas. – interveio e olhou feio para ele, que riu, ignorando o olhar do garoto. – Por que, para começar, não damos uma festa hoje a noite? Você mora no Brooklyn, certo?
  - Sim... – ela olhou incerta para – uma festa? Eu nem me lembro a última vez que dei uma festa.
  - Mais um motivo. – interveio também e rolou os olhos, não conseguindo evitar pensar na noção distorcida dos dois sobre festas. não tinha certeza de como se sentia com a ideia de inserir naquele quadro. Ele era apaixonado por ela, queria uma chance com a garota há muito tempo, mas queria começar daquele jeito?
  Por outro lado, sabia que, se ela quisesse aquilo, não era ele que iria impedir. No fim das contas, ele não tinha que sentir nada ali a não ser o que lhe fosse permitido, se realmente chegassem ao ponto de reviver o tipo de festa que tinham em Westwood com .
  - Ok. Então... Hm... Acho que tenho que começar a cuidar disso. – se levantou, pensando em tudo que precisaria para dar uma festa naquela noite. – Vejo vocês a noite? – olhou para os três, que concordaram entre dar de ombros e acenos de cabeça.
  - Me manda uma mensagem se precisar de ajuda. – pediu e a garota assentiu, sendo acompanhada por ele até a porta.
  Quando ficou sozinho com os outros dois, balançou a cabeça e olhou pouco crédulo na direção deles.
  - Não acredito que fizeram a pensar em fazer uma orgia.
  - Não seja idiota. - riu – Ela já estava pensando nisso.
  - Isso é verdade. – concordou – Ela olhou pra gente como quem já havia nos imaginado sem roupa. Você contou a ela?
   deu de ombros, como se não fosse nada demais, embora estivesse claramente sem jeito e os outros dois riram.
  - Sabe que a gente não liga, né? – falou – A não ser que tenha contado pra se exibir. Espero que não porque isso é feio. - fez uma careta, como se reprovasse, embora houvesse diversão em seu olhar.
  - é minha melhor amiga. Eu contei porque foi algo louco que eu nunca tinha feito e quis compartilhar com ela. – se explicou, dando de ombros.
  - E ela pensou nisso depois, sozinha, ficou curiosa, provavelmente imaginou o que sentiu... – fez um gesto com a mão, encarando o garoto enquanto falava. O olhar de se perdeu enquanto ele pensava em suas palavras, imaginando sozinha em seu quarto, ou no banheiro, se tocando enquanto pensava na noite que tivera com os dois. – Não da pra culpar a garota. É algo que muita gente fantasia, um fetiche.
  - Acho que a última coisa que está pensando em fazer é culpá-la, . – riu, se pondo de pé e indo em direção ao mais novo, que estava de pé um pouco afastado dos outros dois. sorriu, observando a garota se aproximar de e pousar uma mão espalmada em seu peito enquanto, com a outra, brincava com os cabelinhos de sua nuca. – Está, ?
  - Eu acho que não tinha pensado nisso. – ele confessou, mordendo o lábio ao lhe encarar. – É excitante, claro.
  - É a natureza humana. – interveio, dando de ombros – Pouca coisa nela não é.
  - Com certeza. – murmurou também, dando um tapinha no peito de ao se afastar. – Espere a festa, ok? Tenho a impressão que vai ser interessante.
   também tinha aquela impressão, só não sabia ainda o que pensar daquilo.

...

  - Em Westwood, assumi que vocês dois fossem amigos que ficavam às vezes, mas é óbvio agora que é mais que isso. – falou por cima da música ao se aproximar de , que observava de longe enquanto dançava com outra garota na pista de dança.
  Ela desviou o olhar do outro para e sorriu, aceitando o copo que ele lhe estendia. Estavam no Brooklyn, na festa que acontecia na casa onde vivia com duas amigas, uma delas sendo a garota que conversava com enquanto dançavam.
  - Nunca pensamos em como rotular, na verdade. – a garota respondeu , pensando em suas palavras. – Seria inocência minha dizer que sua primeira impressão estava certa. Vamos só dizer que é um relacionamento diferente. – deu de ombros e arqueou as sobrancelhas, sem conseguir não ficar curioso quanto a como aquilo funcionava na prática.
  - Vocês não têm ciúmes? – quis saber
  - Lembra quando eu te disse que sou de todo mundo? – virou para lhe encarar novamente e ele assentiu, lembrando-se da primeira festa que haviam ido juntos.
  - E todo mundo é seu também.
  - Funciona bem com a gente. – ela deu de ombros – Fico excitada vendo beijar outras pessoas e, quando ele não está comigo, não fico apreensiva ou nervosa. Qual é, , você me conhece.
  - Mas o que vocês tem... – começou, tentando explicar porque aquilo confundia sua cabeça. Não conhecia nenhum casal como eles, eles tinham uma ligação muito forte, fugiram de casa juntos, caramba, mas, ao mesmo tempo... Não dependiam um do outro. Havia uma linha tênue que tornava aquilo confuso para qualquer pessoa de fora, embora fosse bem claro para os dois como tudo funcionava.
  - Eu amo o . – ela retrucou, sincera – Mas não é como se nosso relacionamento precisasse ser mais ou menos do que é porque nos amamos. Nós dois somos muito maiores do que qualquer coisa que um rótulo nos obrigaria a ser.
   assentiu, decidindo que aquilo fazia sentido para os dois. Ele não sabia se conseguiria ser daquele jeito, mas admirava que fossem. Aquilo era parte da essência de liberdade, em sua forma mais simples e natural, que envolvia aqueles dois, afinal.
  Os dois ficaram em silêncio por um instante, bebendo, e então se juntou a eles no instante seguinte, parando na frente de ambos e lhes encarando de maneira suspeita enquanto sugava o conteúdo de seu copo com um canudo.
  - O que foi? – perguntou, lhe encarando num misto de curiosidade e desconfiança. Ela fez barulho ao tentar sugar mais do copo já vazio, fazendo uma careta por isso e afastando o canudo da boca.
  - Preciso falar com a .
   olhou desconfiado de uma para a outra, mas terminou por assentir quando a outra deu de ombros, se afastando para que pudessem conversar. virou para e puxou todo o ar que conseguiu, soltando tudo de uma vez em seguida.
  - Eu bebi um pouco e dividi um cigarro com o , então... – ela se interrompeu, fazendo uma careta e riu.
  - Está chapada? – perguntou, divertida, e a garota assentiu.
  - Levemente, mas é bom. Eu queria falar de algo com você e acho que não ia ter coragem se estivesse completamente sóbria. – disse, fazendo com que arqueasse as sobrancelhas, curiosa.
  - Ok... – gesticulou para que ela continuasse.
  - me contou sobre ter transado com você. E sobre ter estado junto. – ela falou, rápido a primeira sentença, e então devagar a segunda. estava borbulhando, o sangue já estava quente demais graças ao álcool, os pensamentos levemente embaralhados e seu filtro fora de funcionamento graças ao cigarro e, céus, não conseguia parar de pensar naquilo. Em como transara com os dois ao mesmo tempo. Céus, como aquilo deveria ter sido?! – Foi demais, não é? Quer dizer, deve ter sido demais...
  - Você quer fazer? – perguntou, direta e arregalou os olhos, tossindo com a bebida que voltava a sugar, fazendo uma verdadeira bagunça em seu copo. A garota fez uma careta e o colocou de lado na mesa atrás delas.
  - Está falando sério? – perguntou a , nervosa e a outra riu, dando de ombros.
  - Era nisso que queria chegar, não? – murmurou, terminando com o conteúdo do próprio copo e o colocando de lado em seguida. – Você pode só falar, . – incentivou, sorrindo divertida para a garota.
  - Fa... Falar? – a outra perguntou, duvidando que conseguiria e deu de ombros, fazendo que sim com a cabeça. mordeu o lábio, pensando a respeito e então abrindo a boca para falar, depois fechando novamente e respirando fundo. Só falar. Ok, podia fazer isso. – Eu nunca beijei um desconhecido. Nunca fiz, sabe, sexo casual. Ou beijei uma garota. – ela riu, corada e mordeu o sorriso, achando mais adequado esperar ela terminar de falar, ao menos. – Você obviamente já fez todas essas coisas. – riu, nervosa – Eu estava pensando... Se... Sabe...
  - Eu não te ajudaria? – adivinhou quando ela se calou, sem conseguir terminar. lhe encarou com os olhos grandes levemente arregalados e as bochechas enrubescidas, assentindo envergonhada. riu fraco, se afastando da mesa para se aproximar da garota, que prendeu o ar quando ela parou em sua frente, a uma distância perigosamente curta. Ela tocou a nuca de com uma mão e, com a outra, afastou a franja da garota de seu rosto. – Vamos fazer assim... Vou beijar você. Se você se sentir bem, se gostar, podemos chamar os garotos e fazer uma festa como a que eu fiz com eles. – sugeriu, usando o polegar para acariciar a bochecha da garota.
   sentia o estômago revirar de excitação e nervoso ao assentir, com o corpo quente demais e sorriu de maneira tranquilizante, entreabrindo seus lábios com os dela em seguida e massageando a língua da garota com a sua de maneira lenta e precisa, fazendo um arrepio percorrer o corpo de e fazê-la segurar no pulso de com força, sem encontrar em si mesma ousadia o suficiente para tomar qualquer outra atitude.
  Como se soubesse qual era o problema, tomou sua mão e, sem parar o beijo, fez com que ela segurasse em sua cintura, incentivando-a a lhe puxar mais para perto caso quisesse, sorrindo contra a boca da garota quando ela o fez. sentia a intimidade ferver e levou os quadris contra os da outra sem pensar muito, agindo por instinto e sem se preocupar em pensar demais, mesmo aquilo sendo tão atípico dela. A garota terminou por soltar o ar em seguida, quando segurou com mais força em seus cabelos, juntando-os num bolo e rompendo devagar o contato de suas bocas, ainda perigosamente perto, pairando em sua mente desejosa.
  - Por que você não vai para o quarto e espera lá enquanto eu chamo os garotos? – sugeriu, vendo a outra afundar os dentes no lábio inferior enquanto assentia, o que, por algum motivo, deixou o corpo de mais quente. Surpresa com a própria reação, arqueou as sobrancelhas, mais para si mesma do que para a outra, afundando as unhas em suas bochechas ao segurar seu maxilar em uma das mãos e lhe roubar outro beijo, mais breve que o anterior. – Vejo você num instante.
   assentiu, respirando fundo antes de dar as costas e balançou a cabeça, seguindo em direção a , que não dançava mais com a garota, embora ainda estivesse com ela, bebendo distraidamente enquanto ela contava uma história.
  - Odeio interromper, mas tenho uma surpresa. – ela disse, recostando o corpo ao seu lado na parede. virou o rosto para lhe encarar, arqueando as sobrancelhas para o sorriso em seu rosto. – está esperando no quarto.
  - Está? – perguntou, surpreso, porém antes que respondesse viu passando por eles e o puxou antes que ele fosse.
  - Está. – murmurou, fazendo o outro olhar confuso para os dois, alheio ao contexto da conversa.
  - O que foi?
   sorriu mais.
  - Eu falei que seria interessante, não falei?

...

  Quando entrou no quarto, com os dois garotos atrás dela, estava sentada na ponta da cama, mas se pôs de pé imediatamente ao ver os três ali.
  - ? – chamou, vendo trocar ansiosa o peso do corpo de um pé para o outro. – Você tem certeza disso? – perguntou quando a amiga virou a cabeça para lhe encarar.
  - Não é a mim que você quer perguntar isso, .   - Ela parece nervosa. – sussurrou, o que foi no mínimo desnecessário, já que ninguém mais falava no quarto e, portanto, todos puderam lhe ouvir.
  - Eu estou. – assentiu imediatamente – É óbvio que estou, nunca fiz nada assim antes, mas eu quero. Eu realmente quero. – virou para encarar , mordendo o lábio quando seus olhares se encontraram. – No que está pensando? – perguntou, um tanto preocupada.
   era seu melhor amigo, mas ela nunca falara aquilo pra ele, quão excitada ela ficava quando pensava na história sobre a lendária noite de com aqueles dois em Westwood. Eles falavam de sexo, falavam de suas experiências, mas nenhuma outra experiência de deixara daquele jeito, curiosa e ansiosa, molhada e talvez aquilo pudesse representar algum tipo de borrão que bagunçaria a dinâmica da amizade dos dois, talvez pudesse levar ao fim do que tinham e ela não queria aquilo, portanto era melhor saber agora. Saber se ele estava de acordo com aquilo, se era seguro tê-lo naquele quarto.
   deu de ombros.
  - Você é minha melhor amiga, . – ele murmurou, gentil, ao caminhar até ela, parando a sua frente e segurando suas mãos nas suas depois de decidir que o melhor a fazer, naquele momento, era tirar seus sentimentos pela garota da equação. Eram amigos, confiavam muito um no outro, e havia algo que ela queria experimentar junto com ele, um momento que gostariam de compartilhar. – Não tem que ser nada demais, certo? Só natureza humana? – olhou em seus olhos e ela assentiu, se deixando tranquilizar por ele. sorriu, parecendo notar isso. – Diversão, então. Um experimento. É tudo que essa noite vai ser, ok?
  - Ok. – ela assentiu e ele imitou, se afastando em seguida e olhando para como se esperasse que ela lhe dissesse o que fazer, já que, bem, o quadro com quatro pessoas lhe deixava um tanto perdido.
   se aproximou de .
  - Você me disse que nunca beijou um desconhecido, certo? – encarou a garota, que confirmou com a cabeça. apontou para e olhou de um para o outro. – Vamos começar daí então.
   olhou dela para com os olhos levemente arregalados e ele levou as mãos ao lado da cabeça, como quem se rendia.
  - Não mordo. – garantiu, andando devagar até estar parado de frente para ela. sentiu o estômago revirar de excitação quando viu a mão de tomar a cintura fina da garota, com a região entre as pernas mais acesa do que devia ser normal. – Você pode só fazer o que quiser fazer.
   respirou fundo e assentiu, deslizando a mão de seu peito até sua nuca, segurando ali antes de, por fim, puxar seu rosto para mais perto do seu e moldar seus lábios. apertou com mais força em sua cintura, abrindo a boca para que ela aprofundasse o beijo e sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando viu a língua da garota passar para dentro da boca dele, ao mesmo tempo em que se aproximava dela por trás, passando uma mão por toda a lateral de seu corpo até tomar sua cintura para si e trazer a garota para mais perto de si, colando seus corpos.
  - Entendi agora porque você acha excitante vê-lo beijando outras pessoas. – o mais novo murmurou perto de seu ouvido e sentiu o estômago revirar outra vez com a excitação, apertando as pernas juntas enquanto puxava seu lóbulo entre os dentes, descendo e roçando o nariz em seu pescoço logo depois. – É realmente quente.
  - Da água na boca, não é? – ela virou a cabeça para lhe encarar, abrindo um breve sorriso maldoso. – Ver a enfiar a língua na boca dele?
  - Quase tanto quanto ver você enfiar a língua na boca da . – retrucou, puxando para si e moldando seus lábios antes que ela fosse capaz de responder. gostava daquela arrogância de , naquele mérito, pelo menos, era excitante e afundou as unhas em sua nuca, deixando que ele explorasse seu corpo com uma das mãos por dentro de seu vestido mesmo que não fossem exatamente aqueles os seus planos para a noite. Estava excitada demais para não se permitir aproveitar, pelo menos um pouco, a sensação das mãos grandes de em seu corpo enquanto ele massageava sua língua de maneira tão boa.
  Quando, por fim, espalmou seu peito para afastá-lo, acabou por morder o lábio olhando para o rubor nos seus.
  - Não sabia que você tinha visto isso. – ela lhe encarou com divertimento, se referindo ao que ele dissera antes, e retribuiu o olhar.
  - Se eu disser que não vi, vai fazer de novo? – provocou e ela riu com escárnio, mas não disse nada, assistindo enquanto e rompiam o contato de seus lábios.
   mordeu o lábio, constrangida, ao ver os três olhando pra ela simultaneamente e sorriu tranquilizador, colocando seu cabelo atrás da orelha.
  - ? – chamou, sentada na ponta da cama com pouco a frente. Ela deu uma batidinha no espaço ao seu lado e seguiu até ela, sentando-se ao seu lado e assistindo a outra descruzar as pernas enquanto virava de lado na cama para poder olhar para ela. não fazia ideia do porque de estar reparando naquelas coisas, nas pernas da outra ou em seu olhar lascivo, nunca havia se sentido atraída por garotas antes, mas ainda se lembrava do gosto dos lábios dela nos seus e, bem, era difícil não se sentir atraída por aquilo, não imaginar como seria ter mais dela, explorar seu corpo. não conseguia evitar imaginar, se perguntar.
  - O quê? – ela perguntou por fim, tentando parar de pensar naquilo.
  - A fantasia é sua, . – lhe deu outro sorriso, dando de ombros – Por que não nos diz o que quer que aconteça agora?
   mordeu o lábio ao ouvir a pergunta, sentindo o corpo inteiro esquentar enquanto pensava sobre aquilo, com coisas demais vindo em sua mente. Uma, no entanto, se destacou.
  Ela se lembrava de quando contara para ela sobre a noite que tivera com os dois em Westwood. Ele havia acabado de voltar para Nova York e estavam num bar perto da casa dela e, entre uma cerveja e outra, contou de sua experiência com os dois, de como fizera lhe beijar. Era aquilo que ela queria ver.
  Pensando naquilo, a garota mordeu o lábio e desviou o olhar para os dois, olhando por um longo instante de um para o outro antes de se voltar para , que não pareceu ter dificuldade nenhuma para entender o que se passava em sua cabeça.
  - Garotos, – chamou, apontando de um para o outro, de repente excitada com a ideia também. Não mentira para quando falara sobre como era fácil gozar quando se tocava pensando na noite que tiveram e podia dizer, com certeza absoluta, que aquele beijo dos dois tinha grande parte da responsabilidade por isso. – pode me corrigir se eu estiver errada, mas acredito que ela queira ver um beijo. E esse não me inclui.
   piscou, olhando surpreso para a amiga.
  - Isso excita você?
  - Te excitaria me ver beijar a ? – ela retrucou e riu fraco, lembrando de quando usara o mesmo argumento e desviando o olhar para . Já haviam feito aquilo antes, a pedido de , e o quadro era até muito parecido, exceto que ele não tinha que agir como se fosse grande coisa. Não precisava ser.
   se aproximou do mais velho e, depois de olhar uma última vez para as duas garotas sentadas na ponta da cama, ele segurou nos cabelos de e lhe beijou, deixando que sua língua invadisse a boca do outro, que segurou em seu braço com o encontro de suas línguas. engoliu em seco, apertando as pernas juntas assim que a visão lhe acometeu com um calor intenso demais para ser certo, apertando os dedos na borda de sua saia sem nem mesmo se dar conta que o fazia.
  Os garotos cuidavam de manter as bocas abertas o suficiente para que elas pudessem ver o movimento da língua deles e, quando segurou com mais força a cabeça de , ronronou baixinho, achando a visão no mínimo deliciosa e arrebatadora antes mesmo de notar a mão de aberta no peito do outro enroscar a gola de sua blusa, sem parar de retribuir o beijo intenso que lhe dava.
  Ao ouvir o som do ronronar da garota, desviou o olhar dos dois para , notando imediatamente suas unhas agora afundando em suas coxas enquanto ela mordia o lábio, olhando vidrada para os dois garotos. Algo na visão fez o corpo inteiro de revirar num presságio muito intenso de prazer e ela puxou o queixo da garota, lhe beijando sem nem mesmo falar qualquer coisa dessa vez. Imediatamente, soltou o ar contra sua boca e segurou em seu rosto com as duas mãos, sentindo um arrepio, muito bom para que pudesse explicar, quando suas línguas voltaram a entrar em contato. Aquele não era um beijo para provar um ponto, ou testar uma teoria, era a luxuria em sua forma mais pura, dois corpos aliviando as chamas intensas que lhes tomavam, arrebatando cada pequena parte das duas garotas.
   levou uma das mãos aos cabelos de e os puxou entre os dedos, gemendo contra a boca da garota quando sentiu sua mão se fechar sob um de seus seios, recebendo uma mordida no lábio inferior em resposta ao gemido e, antes que fosse capaz de reagir, sentiu lábios tocarem sua nuca enquanto seus cabelos eram afastados para o ombro e suspirou baixinho, voltando a abrir os olhos por tempo o suficiente apenas para ver espalhar beijos por todo o pescoço de , subindo por seu rosto e alcançando seus lábios, juntando-se ao beijo das duas sem pedir permissão e, quando sentiu a outra língua dentro de sua boca, ficou inteiramente arrepiada, voltando a fechar os olhos ao mesmo tempo em que segurava nos cabelos de , soltando o ar e mordendo novamente a boca de antes de dar um selinho no outro e entregá-la a ele, permitindo que continuassem sozinhos.
   afundou, ansiosa, as unhas na nuca de e o trouxe para mais perto, sentindo o corpo inteiro acender com ele tão perto, com a língua dele na sua e as mãos entrando em sua saia, com ainda beijando e mordendo seu pescoço, arrepiando a garota mais do que poderia ser certo.
   sentiu o ventre arder com a visão dos três e engatinhou na cama, voltando para perto dos três e mordendo o lóbulo de para falar em seu ouvido em seguida:
  - Está gostando, ? Quanta vezes imaginou isso? Tirar a roupa do seu melhor amigo? – ela puxou a mão da garota para a barra da camisa de , fazendo o estômago de revirar, tanto pela insinuação, quanto por suas palavras e o sussurrar sensual da garota em seu ouvido. Ela mordeu o lábio de e rompeu o beijo, respirando de maneira desregular ao lhe encarar, desviando brevemente o olhar para sua roupa. sorriu e lhe roubou um selinho.
  - Eu faria isso, mas a noite é sua. Você deveria. – murmurou ao se afastar, incentivando a garota a ir em frente e puxar sua camisa para cima, erguendo os braços para lhe ajudar quando ela o fez. olhou para seu peitoral e engoliu em seco, sem conter a vontade de passar os dedos ali, sentir a pele quente e firme em sua mão, arranhando pouco abaixo do umbigo só para ver fechar os olhos, soltando o ar pelos lábios entreabertos.
  Sem que interferisse dessa vez, ela desceu um pouco mais a mesma mão que lhe arranhava, tocando por cima da roupa a região entre suas pernas e voltando a aproximar o rosto do seu, puxando seu lábio inferior entre os dentes e então deslizando os lábios para seu pescoço. De olhos fechados, suspirou de maneira mais ruidosa enquanto ela envolvia sua ereção na mão, sob os olhares atentos de e de , que engoliu em seco sentindo seu membro pulsar enquanto assistia tocar com precisão o membro de . teria levado ele mesmo a mão para a própria ereção se, antes, não houvesse o feito, envolvendo sua ereção em uma mão e beijando toda a extensão de seu pescoço antes de alcançar sua boca e roubar um selinho ali.
  Antes que a garota se afastasse, no entanto, segurou em seus cabelos e aprofundou o beijo, puxando a garota para seu colo sem pedir permissão e, mesmo que tivessem outros planos antes daquilo, não resistiu a passar as pernas ao seu redor e lhe apertar com o quadril, movendo-se devagar em cima dele e fazendo soltar o ar contra sua boca, mordiscando de leve seu lábio inferior enquanto entrava uma mão por seu vestido e subia por suas costas, sentindo a pele quente da garota nos dedos.
  - ? – a garota chamou contra sua boca, segurando em seus cabelos antes de seus olhares se encontrarem. se sentia quente e inegavelmente excitada, ansiosa para sentir a ereção que crescia embaixo dela dentro de si, porém não eram só os dois aquela noite e, mantendo aquilo em mente, mantendo em mente que deviam dar a a fantasia que ela tanto queria, há tanto tempo, mordeu sua boca. – Quero ver você e chupando a . Juntos.
   sentiu um arrepio atingir seu corpo, não sabia se pelas palavras da garota, pela maneira que ela falou, ou por ambos, e desviou o olhar para os outros dois. olhou na direção deles também e, sob o olhar de , deitou na cama, indo por cima dela e beijando seu pescoço enquanto entrava uma mão por sua blusa, passando por toda a extensão de sua barriga até os seios. Enquanto massageava um deles, raspando os dentes em seu maxilar, saiu de cima de e fez com que ele se aproximasse dela pelo lado oposto de .
  - Você já foi beijada lá embaixo, ? – foi quem perguntou, ajudando a livrá-la da blusa. sentiu um arrepio alcançar sua espinha, respirando fundo e desviando o olhar dele para e então para pouco atrás dos três, sentada sob as pernas dobradas, os encarando com expectativa que atingiu em cheio.
  Ela voltou a encarar e mordeu o lábio, acenando um sim. imitou, deslizando gentilmente a mão por sua perna para dentro de sua saia, enquanto, após trocar um olhar com , tomava um de seus seios na boca, ao mesmo tempo em que o mais novo tomava o outro. Por reflexo, arqueou o corpo, fechando os olhos e gemendo em aprovação enquanto apertava as pernas juntas, tentando achar alguma forma de aliviar o calor que acometeu sua intimidade, segurando nos cabelos de com uma mão enquanto, com a outra, arranhava a nuca de .
  Satisfeito e definitivamente excitado com a reação da garota, passou a língua por seu mamilo e então fechou a boca sobre ele, sugando enquanto raspava os dentes pelo outro seio da garota.
  - Você já foi beijada lá embaixo por dois caras, ? – foi quem perguntou dessa vez, baixando a saia da garota e deslizando por suas pernas até que ela pudesse chutar e terminar de se livrar da peça, lhe encarando como quem claramente sabia a resposta.
  Exatamente como ele esperava, fez que não com a cabeça e sorriu de lado por isso, se dirigindo até sua intimidade e empurrando sua calcinha para o lado sem tirá-la por completo, deslizando os dedos por toda sua intimidade encharcada e sentindo a boca secar ao sentir, xingando baixo por reflexo. Sua ereção pareceu pulsar com mais intensidade, lhe fazendo sentir pressa, mas mesmo assim ele ignorou, deslizando os dedos até a entrada encharcada da garota e fazendo com que ela jogasse a cabeça para trás, gemendo mais alto por reflexo. puxou seu lábio inferior entre os dentes quando ela o fez, achando a visão da garota daquele jeito, tão entregue, irresistível demais para que ele sequer pensasse em se conter, deslizando em seguida os lábios por seu pescoço e depois depositando um beijo breve entre seus seios, deixando que sua mão alcançasse o clitóris da garota inchado da garota por cima da calcinha e o massageasse, fazendo soltar outro gemido alto.
  Enquanto assistia, apertava as pernas juntas, cada vez mais, o calor que parecia lhe tomar mais a cada instante tornando impossível não reagir daquela forma, ou mordendo com força demais o lábio inferior como, aliás, ela também fazia. Os gemidos de ecoavam falhos pelo quarto, mas nada se comparou ao som que a garota soltou quando, depois de terminar de livrá-la da calcinha, os dois garotos abocanharam sua intimidade, sugando todo o liquido sem o mínimo pudor.
   apertou os dentes no lábio com mais força, vendo os músculos das costas de flexionarem e imaginou o movimento da língua dos garotos contra a intimidade de , de fato beijando cada pedacinho dela, tomando para si o liquido da garota como se fosse água e eles houvessem passado tempo demais no deserto. costumava ter facilidade para escolher a visão mais excitante que já teve, fora e trocando seu gosto naquela noite em Westwood, suas línguas brincando uma com a outra e deixando mais molhada do que deveria ser certo, mas, bem, não dava para continuar a dizer aquilo com tanta certeza.
  Aquela era uma visão e tanto, puta merda. com a coluna arqueada, os seios se movendo no ritmo desregular de sua respiração e os sons que ela soltava soando tão pedintes, tão desesperados. e trabalhando em parceria, realmente beijando sua intimidade com a mais perfeita e mais cruel maestria possível, deixando com a boca seca e as coxas mais apertadas do que nunca enquanto assistia, usando todo seu autocontrole para não simplesmente enfiar uma mão por dentro do vestido e tocar sua intimidade, aliviar o ardor em seu ventre.
  Quando gozou, o som que ela soltou foi animalesco, selvagem e delicioso até a última nota, enchendo o quarto e atingindo a espinha de em forma de arrepio, arrebatador.
   ergueu o olhar para e sentiu a ereção reclamar entre as pernas ao notá-la apertando as próprias pernas com tanta intensidade. Aquela garota era incrível, o modo como estava guiando na própria fantasia e lhe incentivando a explorar cada aspecto daquilo, o modo como devia estar escorrendo entre as pernas por isso, por assistir e se sentir deliciada como ninguém mais devia ser capaz enquanto assistia. Tudo nela excitava pra cacete e, sem pensar muito, o garoto se aproximou e puxou seu lábio inferior entre os dentes, deslizando a mão por dentro de seu vestido, entre suas pernas.
  - E então, você gostou? Fiz como você queria? – ele perguntou, beijando o canto de sua boca e trilhando por seu rosto até sua orelha, mordiscando seu lóbulo e então beijando atrás da mesma, fazendo jogar a cabeça para trás e suspirar baixinho, sentindo cada parte de seu corpo se desmontar sobre o toque dos lábios de .
  - Foi à coisa mais excitante que eu já vi, . – ela sussurrou entre gemidos, mordendo o lábio quando sentiu a mão dele alcançar seu centro, os dedos lhe tocando com maestria mesmo por cima da calcinha. sabia, afinal, exatamente como e onde tocá-la. Estranho seria não saber, depois de tanto tempo. – Você fez tão direitinho, ... – ela murmurou, o tom de aprovação incentivando a continuar o que fazia, beijando a curva de seu pescoço enquanto a garota fechava os olhos, erguendo os braços no alto para ajudá-lo quando o garoto puxou seu vestido para cima, livrando-a da peça de forma a deixá-la apenas com a calcinha adornando o corpo enquanto lhe puxava para seu colo, fazendo com que a garota passasse as pernas ao seu redor.
  Ainda sentindo resquícios do orgasmo repousarem em seu corpo e sua mente, respirava de maneira pesada, observando os dois. A visão lhe causava sensações, no mínimo, contraditórias com o estado de pós gozo em que se encontrava, sentindo o corpo formigar de maneira muito mais intensa do que preguiçosa enquanto via se mover daquele jeito tão gostoso de assistir no pau do garoto e terminou por desviar o olhar, encarando de pé, de costas para a cama, ainda duro.
  Sua ereção doía e ele queria mais do que tudo se tocar, aliviar a pressão do sangue em seu pênis de alguma forma, mas não o fazia, respirando fundo antes de se voltar novamente para a cama, seu olhar encontrando rapidamente o de sua amiga, nua, olhando pra ele. sentiu a ereção doer mais e deixou que sua mão rumasse pra lá, entrando em sua calça e envolvendo seu membro sob o olhar atento de , que fez que não com a cabeça e o chamou para seguir até ela, fazendo com que ele parasse o que fazia, lhe encarando.
  Ela lhe chamou com a cabeça outra vez e se aproximou, vendo a garota olhar de seu rosto para sua ereção com curiosidade e desejo. O garoto se inclinou para que seus rostos ficassem próximos e lhe roubou um beijo, juntando os cabelos da garota num bolo enquanto ela arranhava seu peito, resmungando quando ele se afastou rápido demais.
  - É só dizer como você quer. – ele murmurou, dando de ombros – Diga como me quer e eu sou seu. Quer me tocar? Colocar na boca?
   sentiu um arrepio atingir sua espinha com suas palavras, imaginando o gosto do amigo, imaginando o tipo de som que ele seria capaz de produzir quando experimentasse envolvê-lo com a língua. não estava realmente pensando naquilo até então, mas de repente era a única coisa em sua mente e ela soube que não descansaria se não provasse a sensação de enlouquecê-lo daquele jeito, se não experimentasse colocar seu pau na boca.
  - Quero beijar você lá embaixo, . – ela murmurou, olhando por sob o ombro na direção de em seguida, sorrindo quando seus olhares se encontraram enquanto beijava o pescoço da outra, que estava com a cabeça jogada levemente para trás. – Quer se juntar a mim, ?
   sentiu o estômago revirar ao ouvir e, mesmo que aquilo fosse para ele, não foi o único. imaginou as duas garotas com os joelhos afundados na cama, lambendo juntas a excitação do outro e sentiu vontade de levar a mão para a própria ereção e apertar, se não houvesse se movido ali antes, afundando as unhas em seus ombros, claramente buscando o mesmo conforto que ele para o fogo entre suas pernas.
  - Você quer assistir? – ela perguntou para o garoto embaixo de si, imaginando se ver aquilo faria com ele o mínimo que assistir enquanto ele e chupavam fizera com ele. sorriu de lado e segurou em seus cabelos, enfiando a língua em sua boca e fazendo a garota afundar as unhas em sua nuca, suspirando contra seus lábios um instante antes de ele se afastar, rápido demais para sua excitação.
  - Eu adoraria assistir. – ele respondeu, por fim, e sorriu com empolgação renovada, mordendo seu lábio inferior e saindo de cima dele, engatinhando até a outra ponta da cama, onde estava, de frente para , que ainda estava de pé. levou a mão para a própria ereção quando ficou de quatro, segurando na base do pênis de junto com e erguendo o olhar pra ele, piscando para o mais novo.
  - Você já foi beijado aqui em baixo, amor? Por duas garotas? – perguntou, com a voz carregada de provocação e sorriu de lado, tentando demonstrar ao menos um pouco da provocação que via nos olhos dela, mas seu sorriso era vacilante e não havia jeito de negar aquilo. Estava ansioso pra caralho e quando finalmente passou a língua ao seu redor, fechou os olhos e gemeu alto, sentindo o corpo inteiro ser tomado pelo que provavelmente foi à onda mais intensa de prazer que era capaz de sentir. Ou isso foi o que achou, antes de se juntar a ela, chupando o outro lado de seu pau.
  Inicialmente, as duas garotas se concentraram na lateral de seu pênis, passando a língua com precisão e vigor enquanto raspava muito levemente a unha na veia mais proeminente da parte de baixo de seu pênis, arrepiando todos os pelos do corpo do garoto, que abriu os olhos novamente e soltou o ar todo de uma vez enquanto voltava e fechava a boca sob sua glande, movimentando a língua da maneira circular ao seu redor e fazendo com que apoiasse o braço na cabeceira da cama, desviando brevemente o olhar para com a mão no próprio pênis, se tocando enquanto assistia e engolindo em seco com a visão, fechando novamente os olhos em seguida, quando as bocas das duas garotas tocaram pontos muito próximos em sua extensão.
   apoiou a mão livre aberta na cama e, junto com , lambeu e sugou a saliva que deixou na glande do garoto, suas bocas se esbarrando no processo e fazendo com que virasse e puxasse seu lábio inferior entre os dentes, subindo em seguida e sugando o abdômen de , pouco acima de seu pênis. mordeu o lábio e abocanhou todo seu pênis em seguida, colocando na boca o máximo de sua extensão que conseguiu antes de parar e passar a lamber todo o membro devagar, saboreando como se fosse seu doce favorito. voltou a se juntar a ela em seguida, sentindo o estômago revirar ouvindo e gemerem ao mesmo tempo, um segundo antes de desistir do que fazia, decidindo que era muito melhor assistindo do que ele, e se aproximar dos três, raspando os dentes na bunda de antes de espalhar beijos por suas costas, aproximando o pau de sua entrada.
  - Vou te decepcionar, mas simplesmente não sou um espectador tão bom quanto você. – ele murmurou perto de seu ouvido depois de mordiscar seu lóbulo, fazendo a garota soltar o ar contra o pau do outro. já deixara duro de muitos jeitos, já lhe fizera experimentar todo tipo de loucura, mas aquilo, aquela noite com os outros dois e tudo que ele estava vendo e fazendo, céus. Nada sequer chegava perto daquilo e ele soube, soube antes mesmo das duas realmente começarem a chupar o pau de como um pirulito que não ia descansar se não gozasse dentro dela aquela noite.
   olhou por sob o ombro em sua direção, sentindo o ventre arder pelo contato insinuado quando ele provocou sua entrada com o pau e balançou a cabeça, sem conseguir pensar em mais nada além do quanto queria que ele se enterrasse de uma vez dentro dela, que lhe desse mais um motivo para afundar os joelhos naquela cama.
  - Graças aos deuses. – falou e os dois riram antes que ele apertasse sua bunda em uma das mãos e penetrasse em sua entrada, soltando o ar enquanto a garota ronronava baixinho em aprovação contra o pau do outro, fazendo com que sentisse um arrepio intenso percorrer seu corpo por isso, segurando em seus cabelos.
   subiu os beijos por seu peitoral, raspando os dentes perto de seu mamilo e arranhando perto do umbigo antes de alcançar sua boca, segurando seu maxilar e afundando as unhas em suas bochechas antes de invadir sua boca com a língua, desestabilizando não só a , mas aos outros dois quase que igualmente. Vê-la nua, com o corpo suado agarrado ao corpo suado dele, invadindo sua boca com a língua enquanto chupava seu pau fora, no mínimo, enlouquecedor para , que estocou com mais força em por reflexo, juntando seus cabelos num bolo para segurar, arrancando outro suspiro delicioso da garota, que rebolou contra seu pau enquanto apertava com mais firmeza na cintura de , mordendo seu lábio inferior e descendo para seu pescoço em seguida, enquanto ainda chupava seu pau com toda sua maestria e vontade, fazendo com que o garoto precisasse parar para gemer contra a pele de .
  Era difícil, talvez até impossível, dizer quem estava mais enlouquecido ali, mais perto de explodir de tesão, levando em conta quão entregue os quatro estavam, cada um experimentando sensações que sequer imaginavam existir naquela noite, naquele momento em especial, funcionando juntos quase como um só sistema.
  - Cacete, eu não vou aguentar, . – sussurrou, sôfrego e a garota lambeu devagar toda sua extensão antes de tirar a boca de seu membro, lhe encarando quando o fez e piscando para o garoto, que retribuiu o gesto antes de puxar seu queixo e lhe beijar novamente. De bom grado, retribuiu, indo por cima da garota na cama e, sem parar de beijá-la, se enterrando dentro dela, fazendo com que ela gemesse contra sua boca, agarrando em seus cabelos quando começou a se movimentar em seu interior, envolvendo ambos numa bolha de prazer, no mínimo, intensa.
   mordeu o lábio, vendo fechar os olhos e gemer mais conforme aumentava o ritmo e raspou novamente os dentes na bunda de , beijando suas costas enquanto se aproximava novamente de seu ouvido.
  - Você não tem ideia de como é gostoso sentir você me engolindo assim, amor. – sussurrou em provocação e mordeu o lábio, se esfregando mais contra seu membro antes de virar o rosto para lhe encarar.
  - Quer que eu te engula? Por que, isso aqui, não chega nem perto e você sabe. – disse, apontando de um para o outro. Aquela posição podia ser deliciosa, mas não dava a um por cento do controle que ela queria e raspou os dentes em seu ombro, não precisando que ela falasse mais que aquilo para entender no que ela estava pensando.
  - Eu ia adorar que você me engolisse. – retrucou.
  Satisfeita, empurrou seu peito para que ele saísse de dentro dela, deitando o garoto na cama ao virar de frente pra ele, indo por cima e passando uma perna de cada lado de seu corpo antes de, por fim, descer e sentar em seu pênis.
   sentiu a boca ficar seca, sem conseguir desviar o olhar do movimento que se sucedeu mesmo mal conseguindo pensar direito, a intimidade de engolia o membro ereto do outro de maneira, no mínimo, hipnotizante. deslizou as mãos por suas coxas e desviou os olhos pra ele, reparando em cada um dos traços do melhor amigo e na beleza arrebatadora dele, que por algum motivo nunca havia visto.
  Céus, ele era tão lindo e tão quente, tão... Gostoso.
  Tomada por mais que o tesão pela ideia de fazer aquilo, que parecia prestes a deixar a garota em chamas desde o beijo que lhe dera ainda fora do quarto, tomada, principalmente, por tesão pelo próprio , pelo jeito que ele lhe olhava e lhe tocava e por todas as sensações novas e borbulhantes, intensas, que ele estava lhe causando, puxou seu rosto e moldou seus lábios novamente enquanto ele passava as pernas dela por sua cintura, fazendo com que seus movimentos fossem mais fundos desse jeito e, por conseqüência, com que ela gemesse mais alto também.
   gemia mais baixo, mas dizer que ela estava sendo capaz de se controlar seria, no mínimo, mentiroso. Ela segurava nos cabelos de e torcia os dedos ali enquanto ele sugava um de seus seios, segurando em sua cintura para mantê-la se movimento para ele, subindo e descendo em seu pênis de maneira viciante e deliciosa, não gemendo mais alto simplesmente porque não tinha forças para, realmente, invocar voz o suficiente para fazer mais do que fazia naquele momento, optando por simplesmente continuar os movimentos que já enlouqueciam os dois ao mesmo tempo.
   continuou a massagear o seio que não estava em sua boca e subiu os lábios por seu pescoço, raspando os dentes em sua mandíbula antes de enfiar a língua em sua boca, fazendo com que a garota segurasse em sua nuca, retribuindo o beijo com a mesma intensidade enquanto apertava a vagina ao redor do garoto, que soltou o ar contra sua boca por isso, lhe encarando como se repreendesse pela atitude, mesmo que fosse óbvio em seus olhos quão ele adorava quando ela fazia isso.
  - Porra, . – resmungou, apertando com mais força em sua coxa e ela sorriu, agarrando com as duas mãos em seus ombros antes de repetir o movimento ao descer em seu pau outra vez, fazendo jogar a cabeça para trás e suspirar, certo que se ela continuasse provocando ele gozaria antes que qualquer um dos dois pudesse prever. Já estava excitado a tempo demais, desejando estar dentro dela a tempo demais e toda aquela provocação da garota não ajudava, de forma alguma. Era difícil demais ter forças para segurar todo o tesão que parecia prestes a explodir dentro dele com ela fazendo aquilo, apertando seu pênis com a vagina daquele jeito tão incrível e deslizando pra baixo, até a base dele, sem parar de apertar.
  - O quê? – ela lhe encarou, suspirando sôfrega, tão entregue as sensações que sua própria atitude estava lhes causando quanto ele. – Não estou fazendo direitinho?
  Ao em vez de responder, puxou seu lábio inferior entre os dentes e juntou os cabelos da garota num bolo, lhe beijando com uma intensidade quase violenta antes de pousar as duas mãos em suas coxas, prendendo-a parada em cima dele para poder estocar dentro dela, fazendo a garota fechar os olhos e soltar todo o ar que encontrou disponível de imediato, excitada demais para conseguir reagir de qualquer outra maneira que não aquela. sorriu por isso e puxou seu lábio inferior entre os dentes, descendo os beijos para seu pescoço sem soltar de suas coxas, segurando ali firmemente enquanto estocava com firmeza, no mínimo, deliciosa dentro da garota.
  - Céus, . – sussurrou enquanto afundava as unhas em suas costas suadas, sentindo a intimidada cada vez mais quente e o estômago cada vez mais envolto pelas fagulhas intensas do estado de pré-gozo, que começava a espalhar ondas de prazer fortes demais por todo seu corpo enquanto sugava seus seios, tão entregue quanto ela. Ele sabia que não ia aguentar muito mais, mas ainda assim, não parou ou diminuiu o ritmo, deslizando incansavelmente para dentro dela, aproveitando o caminho molhado e quente que percorria até estar totalmente exausto, se derramando nela e encostando a cabeça pouco acima de seus seios, numa exaustão deliciosa que ele nem devia ser possível, choramingando de prazer quando apertou as pernas ao seu redor, gemendo junto com ele enquanto o garoto se derramava até a última gota dentro dela, beijando sua pele antes de, por fim, deslizar para fora dela.
  Ainda assim, ouvindo de longe os sons de e enquanto encontrava seu próprio paraíso, não saiu de cima da garota, que também não desfez o aperto das pernas ao seu redor, embora agora o fizesse com muito menos intensidade, apenas as repousando ali. Depois de respirar fundo várias vezes, tentando se recuperar do orgasmo mais intenso que se lembrava de já ter tido, ergueu o olhar para , tocando suas testas e recebendo um olhar doce da garota, um instante antes de ela imiscuir os dedos em seus cabelos e beijá-lo devagar.
  - Céus, . – murmurou, comovida – Essa foi a noite mais incrível da minha vida.
  Ele sorriu fraco ao ouvir, juntando seus lábios outra vez.
  - Eu te amo. – murmurou e lhe beijou outra vez, aproveitando o movimento lento, quase preguiçoso, da língua dele contra a sua antes de, por fim, sair de cima dele e se jogar ao seu lado na cama.
  Os quatro terminaram por ficar atravessados na cama, sem roupa e exaustos demais para pensar em se vestir ou em qualquer outro detalhe supérfluo, perdidos na sensação relaxante que o orgasmo lhes deu.
  - ? – foi quem falou primeiro, quando a outra já estava de olhos fechados e ela levou um instante para absorver o chamado, abrindo novamente os olhos e respondendo. – Eu te ajudei direitinho?
   sorriu ao ouvir a pergunta, erguendo um pouco a cabeça para lhe encarar.
  - Você me deu a melhor fantasia de todas, . – piscou para a garota, que retribuiu o gesto antes de voltar a encostar a cabeça no colchão, fechando os olhos e sendo abraçada por , que beijou o topo de sua cabeça.
  - Falando sobre fantasia... – sussurrou perto de seu ouvido e ela abriu novamente os olhos, virando curiosa para lhe encarar, o que o fez rir, sem conseguir se controlar. – Você adora isso, não é?
  - Minha coisa favorita. – ela confirmou e ele sorriu, roubando lhe um selinho. Ela sorriu quando ele se afastou. – Depois de você. – corrigiu e riu, assentindo.
  - Sei disso. – murmurou e ela riu, recostando a cabeça em seu peito, fechando novamente os olhos e se entregando ao sono enquanto continua a mover os dedos suavemente em seu couro cabeludo, seu olhar encontrando o de , que tinha dormido em seus braços, no instante seguinte.
  - Acho que ninguém no mundo tem a capacidade que tem de realizar fantasias ou, bem, criá-las. – murmurou e riu ao ouvir, concordando com a cabeça. Aquilo era inegável, afinal de contas.
  - Ela tem o dom. – concordou – E tem um jeito muito simples de ver as coisas também. Natureza humana é só natureza humana, não deve causar questionamentos ou vergonha. É parte de quem somos.
  - É incrível. – falou, em concordância. – Mal posso esperar pela próxima fantasia. – disse e riu, desviando o olhar para as duas garotas já dormindo nos braços de cada um dos garotos.
  - Embora eu ache difícil superar essa, sou obrigado a concordar. – murmurou – E mal posso esperar para pagar a língua por pensar isso também. – falou, rindo junto com das próprias palavras.
  Por fim, os dois suspiraram cansados e assentiu, trocando um olhar cúmplice com antes de, finalmente, fechar os olhos, se permitindo o merecido descanso depois da noite mais louca e intensa de sua vida.
  Sendo o último de olhos abertos, o último consciente de tudo, olhou em volta, para os outros três corpos exaustos e entregues ao sono e sorriu sozinho, finalmente fechando os olhos também. Estava muito, muito longe de casa, mas pela primeira vez sentia em cada parte de seu ser que tudo ia ficar bem e não pôde imaginar ficar mais satisfeito que aquilo.



Comentários da autora


Nota da Autora: Ahá, voltei! Última (até segunda ordem) da saga Party, com esses personagens que eu amo tanto e to tão feliz em dar vida em outro conto. A música que inspirou a continuação foi Human Nature, do lendário, icônico, primeiro e único, rei do Pop: Michael Jackson!
Não esqueçam de me dizer o que acharam, tá?
Beijos!