Paraíso do verão
Escrito por Ana Beatriz | Revisado por Carol
“Tenho de encontrar o caminho de volta
Para o paraíso de verão”
Ainda me lembro de quando cheguei a esta cidadizinha. Foi no início do verão, eu estava de férias, mas não vim aqui para passear, mas sim para aprender.
“Aprender o que?” Vocês devem está se perguntando. Bom, como disseram meus pais, eu vim para cá para aprender a ser mais responsável e a agir como um adolescente de 17 anos normal age, em outras palavras, isso na realidade é uma forma de castigo por eu ter posto fogo, “sem querer”, na minha escola.
Felizmente eu consegui me livrar de ir para a prisão, mas meus pais não aceitaram o fato de eu ter saido ileso depois de ter feito uma barbaridade dessas, então como punição eles resolveram me castigar da pior maneira possível. Como? Simplismente me obrigando a passar as férias de verão bem longe dos meus amigos, mais especificamente na casa dos meus avós paternos em uma cidadizinha no litoral dos EUA, que eu carinhosamente apelidei de “fim do mundo”.
- Droga de cidade! – resmunguei enquanto andava pelas ruas desertas daquela porcaria de cidade.
Eu tinha acabado de chegar de viagem e para tentar me animar um pouco resolvi dá uma volta. Procurava algum lugar divertido ou até mesmo alguém para conversar, porém, tirando a praia, essa cidade não tem nada, repito NADA de interessante. Por isso que eu a chamo de fim do mundo. Ela não tem shopping, nem lojas, nem mesmo um supermecado, tudo que eu vi até agora foi uma pequena venda e uma loginha de coisas antigas. Me digam como é que eu vou aguentar viver 3 meses aqui?
Meus pensamentos foram interrompidos por um moleque que passou correndo por mim derrubando minha mochila no chão. Me virei rapidamente para ver se conseguia avista-lo e o vi entrar correndo em uma lanchonete localizada já na saída da cidade. Peguei minha mochila que ainda estava no chão e segui em direção a pequena lanchonete para ver se encontrava o garoto.
Entrei no local, que estava praticamente vazio, e comecei a procurar pelo moleque, mas infelizmente ele não se encontrava mais lá.
- Droga! – resmunguei chutando uma cadeira. Uma senhora, que estava sentada no fundo, olhou para mim assustada... É melhor eu me sentar, senão é capaz dessa mulher chamar a polícia e eu não quero ir preso pela segunda vez no mesmo ano.
Sentei-me em um banco perto ao balcão e coloquei minha mochila no outro. Olhei para o cardápio e resolvi comer alguma coisa, só que antes resolvi checar quanto dinheiro eu tinha. Coloquei a mão em um bolso, mas minha carteira não se encontrava lá, então coloquei no outro bolso e também não estava, comecei a ficar desesperado. Procurei nos bolsos da frente, na minha mochila, mas nada, foi aí que eu percebi que aquele moleque não tombou comigo por acaso, na verdade ele queria era roubar minha carteira.
- Desgraçado! – berrei e no mesmo instante pude ver pelo reflexo do porta guardpos a mesma senhora me olhando ainda mais assustada. Ela se levantou e saiu apressadamente da lanchonete... Melhor assim.
- O que deseja, senhor? – me perguntou uma voz doce por trás do balcão. Eu não levantei meu rosto para encara-la, estava concentrado procurando sinal pelo meu celular, só que, adivinha? Não tem sinal, essa porcaria de cidade não tem antena de celular.
- Desejo uma passagem de volta para Londres, ou então para qualquer outro lugar do Mundo que seja bem longe dessa cidade maldita. – falei ainda sem olhar para a garçonete.
- Pelo visto você é novo por aqui.
- Preferia não ser. Eu odeio essa porcaria de cidade. – falei ainda concentrado no meu celular, dessa vez verificando se pegava a internet. Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi checar isso, afinal se aqui não tem antena de celular é claro que não tem de internet.
- Bem, eu sei que essa pode não ser a melhor cidade do mundo, pode não ter nada de interessante e pode até não ter internet. – ela frisou a ultima parte fazendo com que eu guardasse o celular. – Mas eu lhe garanto que se você der uma chance a esse lugar vai acabar percebendo o quão especial e incrível ele é. – estava pronto para dar uma resposta nela, porém quando lenvantei meu rosto e nossos olhos se encontraram, pela primeira vez na vida eu não reagi.
- Eu posso até tentar... – comecei a falar um pouco envergonhado. – Mas só se você aceitar me provar isso.
- Pode ser. – ela falou soltando um sorriso, o sorriso mais encantador que eu já vi.
Seu nome? . Para muitos uma simples garçonete de uma velha lanchonete de uma cidadezinha litorânea. Para mim a garota mais especial, linda e incrível que eu já conheci.
Meu coração está afundando
Conforme eu vou me levantando
Acima das nuvens para longe de você
E não posso acreditar que estou indo embora
Oh, eu não sei o que vou fazer
Aqui estou eu. Três meses depois. Dentro de um helicóptero de volta para casa. Meu primeiro desejo se realizou, estou finalmente voltando. Voltando para Londres, voltando para os meus amigos, para minha escola, enfim, estou voltando para minha vida normal. Mas eu não consigo me sentir feliz por isso, eu me sinto como se estivesse em um pesadelo, daqueles que não parecem ter fim e ao passo que eu vou subindo e me distanciando cada vez mais dela, eu desejo apenas acordar e me ver fora dessa realidade, me ver de volta ao paraíso do verão.
Mas um dia
Eu vou encontrar meu caminho de volta
Para onde o seu nome
Está escrito na areia
(Marcado em meu cérebro)
Porque eu lembro de cada pôr-do-sol
Eu me lembro de cada palavra que você disse
Nós nunca iríamos dizer adeus
Cantando la-ta-ta-ta-ta
- , olha aquela ali. – falou apontando seu dedo indicador para o céu. Nós estávamos deitados sobre a grama verdinha e macia do quintal da casa dos meus avós só observando os formatos das nuvens, geralmente fazíamos isso no finalzinho da tarde. Eu sei que é a maior bobagem, mas eu gostava de fazer isso, de verdade. – Parece um rato.
- Não, não. Aquela parece um ET.
- Um ET? – perguntou praticamente debochando de mim. – Você é cego? Aquela nuvem não parece um ET nem de longe.
- Claro que parece, olhe direito para você vê.
- Não é não.
- É sim.
- Como você pode afirmar com tanta certeza? Você já viu um ET por acaso?
- Não…
- Então, se você nunca viu como pode afirmar que é? – não respondi nada e no mesmo instante ela sorriu vitoriosa. Ela sempre ganha as nossas briguinhas, mas dessa vez não, dessa vez ela não ganha, o jogo ainda não acabou.
- E você já viu um por acaso?
- Não…
- Então, se você nunca viu como pode ter tanta certeza que não é? – vi seu sorriso se desmanchar aos poucos. Eu ganhei, ponto para mim. - Hora da dancinha da vitória. – comecei a dançar loucamente enquanto ela se acabava de rir da minha cara.
- , você é um idiota. – falou depois de recuperar o fôlego.
- Eu posso até ser um idiota, mas sou o idiota que você ama.
- Convencido. Senta logo aí. – ela me puxou me fazendo cair de bunda no chão.
- Aí. Doeu. – fingi está machucado.
- Quem manda ser amostrado? – falou se aconchegando na grama. – Vamos voltar a observar as nuvens. – fiz o mesmo que ela e logo em seguida nós voltamos a olhar para o céu.
- Olha aquela ali. – falei fazendo o mesmo que ela havia feito há alguns minutos atrás. – Com certeza é um avião.
- É mesmo. – falou desanimada.
- Ei? – chamei sua atenção, no mesmo instante ela se virou para mim. – Por que você ficou triste de repente?
- É que vendo essa nuvem eu acabei de me lembrar que daqui a algumas sems o verão acaba e você vai ter que voltar para Londres e… – sua voz soava embargada. – Eu não quero que você vá.
- Acredite, eu também não. – falei voltando minha atenção para as nuvens. – Eu só queria ter coragem para enfrentar meus pais para poder ficar. – Vocês devem tá se perguntando como o garoto que teve coragem de botar fogo na escola não tem coragem de enfrentar seus pais? A resposta é simples: eu não sei. Talvez seja porque para ficar eu também teria que desistir da minha vida por lá, principalmente dos meus amigos e eu realmente não sei se consigo.
- Então por que você não faz isso? – ela me perguntou implorando com o olhar, desse jeito não tinha como eu dizer não.
- Eu prometo que vou tentar. – falei sinceramente.
- Então você promete que nunca vai me dizer adeus?
- Sim, eu nunca vou te dizer adeus, eu prometo.
Uma promessa desfeita. Dois corações partidos. Por não ter coragem de enfrentar meus medos acabei, sem querer, magoando nós dois.
Diga-me como voltar
De volta ao paraíso de verão com você
E eu estarei lá em uma batida do coração
(120 passos por minutos, garota)
Oh-oh
Eu estarei lá em uma batida do coração
(120 passos por minutos, garota)
Oh-oh
(Diga a eles)
Minha alma está ferida
As ruas estão congeladas
Eu não posso impedir que esses sentimentos se misturem
E eu daria mil dias, oh
Apenas para ter mais um com você
aby
Eu trocaria tudo por mais um segundo ao lado dela. Não só mil dias, mas se fosse possível mil anos, mil décadas, mil séculos, até mesmo a eternidade eu trocaria só para vê-la sorrir por mais um dia.
A vida real pode esperar
(Ela pode esperar)
Estamos quebrando como as ondas
(Sim)
Estamos brincando na areia
(Eu e você, garota)
Segurando sua mão
(Faça barulho)
- Ainda falta muito? – perguntei exausto. Nós já estávamos caminhando por horas.
- Estamos quase lá.
- Isso é o que você diz há mais de duas horas.
- Duas horas? – perguntou espantada. – Nós só estamos caminhando há 20 minutos.
- Para mim parecem horas.
- , pare de reclamar e ande logo, nós já estamos chegando.
- Me diga algo que eu ainda não sei.
- Que tal chagamos? – era para ser uma pergunta, mas soou mais como uma afirmação.
- Até que enfim. – falei aliviado. – Então, onde é que estamos? – perguntei olhando ao redor.
- Na praia. – ela me virou de frente ao local.
- Uau. – falei espantado.
- Não é linda?
- Umhum.
- É um dos pontos turísticos da cidade, mas quase ninguém vem para cá porque é um pouco longe.
- Um pouco?
- Sim, só um pouco, seu preguiçoso.
- Pelo menos eu vim até aqui, pior são essas pessoas que tem carro, mas mesmo assim não vem.
- É verdade. – falou adimirando o belo mar a nossa frente. – Então, vamos entrar?
- Demorou.
- Mas antes, para tornar mais divertido, que tal uma aposta?
- Claro. Quem perder faz o que? – perguntei animado.
- Quem perder vira mordomo do outro por duas semanas.
- Ótimo, só não venha reclamar quando eu ganhar.
- Quem disse que você que vai ganhar?
- Vamos ver então. No três nós vamos.
- Ok. Um
- Dois.
- Três. – falamos esse em coro.
A ganhou a aposta naquele dia, mas já estou avisando que eu só não ganhei porque não sei correr pela praia direito, isso também explica o fato de eu ter caido de cara na areia logo no início da prova. Mas também só foi essa que eu perdir, porque nas outras apostas eu ganhei facialmente. Tá agora eu exagerei, eu não ganhei em todas as outras, mas com certeza foi em mais da metade, ou pelo menos em algumas, ou até mesmo em nenhuma, mas isso não vem ao caso, porque ganhando ou não eu ainda estou indo embora, levando comigo só lembranças. Lembranças do melhor verão da minha vida.
Porque eu lembro de cada pôr-do-sol
Eu me lembro de cada palavra que você disse
Nós nunca iríamos dizer adeus
Cantando la-ta-ta-ta-ta >
Diga-me como voltar
De volta ao paraíso de verão com você
E eu estarei lá em uma batida do coração
(120 passos por minutos, garota)
Oh-oh
Eu estarei lá em uma batida do coração
(120 passos por minutos, garota)
h-oh
As promessas que fizemos sobre nossos amigos
Pensando nos raios de sol e nas árvores
Verão na praia
Ficamos mais próximos sob as árvores
Baby, você tem mesmo a ver comigo
São 3 horas, estamos juntos e o tempo não passa
Em uma batida do coração, "sex on the beach"
Não fique no seu mundo, pergunte-me se sou rico>
Amar você, garota, é a melhor parte de mim
Um dia
Eu vou encontrar meu caminho de volta
Para onde o seu nome
Está escrito na areia
(Traga de volta, traga de volta, rebobine)
Porque eu lembro de cada pôr-do-sol
Eu me lembro de cada palavra que você disse
Nós nunca iríamos dizer adeus (de jeito nenhum!)
Cantando la-ta-ta-ta-ta
Diga-me como voltar
De volta ao paraíso de verão com você
E eu estarei lá em uma batida do coração
Lembro-me da primeira vez em que nos beijamos (eu me lembro)
Como eu não queria deixar seus lábios
E como eu nunca me senti tão alto (tão alto)
Cantando la-ta-ta-ta-ta
- Então , o que é? – perguntei após ter colocado um pedaço de morango em sua boca. Nós havíamos ido ao parque da cidade para fazer um piquinique, e depois disso resolvemos brincar um pouco. Eu escolhia uma comida, colocava em sua boca e ela tantava adivinhar o que era.
- Parece morango com chocolate.
- Exatamente, você é muito boa nisso.
- Escolha outra. – falou anciosa, ela havia acertado todas até agora.
- Calma, estou procurando algo que ainda não usei. – falei procurando pela cesta. Mesmo de costas pude ver ela subindo um pouco a venda que estava cobrindo seus olhos para ver o que era. – Ei, não vale espiar.
- Eu não estou espiando.
- Mas é claro que está, você acha mesmo que eu sou tonto ao ponto de não perceber?
- Bem… - falou dando a entender que a resposta era sim.
- Não precisa responder. – a interrompi ainda procurando por algo, como não achei decidi fazer outra coisa.
- Você tá demorando demais. - reclamou.
- Não se preocupe, eu já sei o que vem agora. Preparada?
- Eu sempre estou. – falou e em seguida eu encostei seus lábios no meu dando um breve selinho.
- E então?
- Não se paresse com nada que eu conheço.
- Mas é bom?
- Éééééééééé…
- Como é que é ? – perguntei fingindo está ofendido.
- É bom sim, mas eu conheço um melhor. – falou retirando a venda dos seus olhos e voltando a me beijar.
Diga-me como voltar
De volta ao paraíso de verão com você
E eu estarei lá em uma batida do coração
(120 passos por minutos, garota)
Oh-oh
E eu estarei lá em uma batida do coração
(120 passos por minutos, garota)
Oh-oh
(Paraíso de verão)
Eu estarei lá em uma batida do coração
Hoje fazem três meses que eu voltei dos EUA, desde então não tenho notícias da minha pequena. Eu tentei manter contato com ela, tentei pedir desculpas, enviei milhares de mensagens e fiz mais o dobro de ligações, mas ela nunca atendeu meus telefonemas e nem mesmo uma mensagem ela respondeu. Mas lá no fundo eu ainda tenho esperanças de que um dia a gente irá se reencontrar, podem demorar dias, sems ou até mesmo anos, mas algum dia eu tenho certeza que ao lado dela eu voltarei ao paraíso do verão.
- , vá atender a cliente da mesa cinco. – falou meu chefe, eu peguei meu bloquinho e fui em direção a mesa. Acho que ainda não contei que agora eu trabalho como garçon em uma lanchonete, é um emprego de meio perído que serve para me sustentar enquanto curso a faculdade. Eu sei que poderia ter escolhido algo melhor para fazer, mas esse emprego tem um grande valor sentimental para mim, ele me lambra a que, não sei se vocês se lambram, também era uma garçonete, então essa foi a única forma que eu encontrei de mesmo distante ainda me sentir próximo a ela.
- O que deseja? – perguntei sem olhar para a pessoa que estava na minha frente.
- Eu desejo uma passagem de volta para minha cidade ou para qualquer outro lugar do Mundo que seja longe dessa cidade maldita. – no mesmo instante reconheci a doce voz da garota. Levantei o meu rosto por cima do bloquinho e, como já imaginava, quem estava parada em frente a mim era ela, a garota mais especial que já conheci, . Um sorriso enorme brotou dos seus lábios e eu não pude evitar de sorrir também.
Pode parecer meio louco o que eu vou dizer agora, mas naquele instante, olhando nos olhos dela, senti que mesmo não estando mais naquela cidadizinha, mesmo não estando mais no verão, nem mesmo estando mais na praia, de alguma forma eu sentir que estava encontrando o caminho de volta para o paraíso do verão.
FIM