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#031 Temporada

Why
Jay Park



Our World

Escrito por Fe Camilo

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PRÓLOGO

  Nem todos nasceram para ser da elite e usufruir dos privilégios que ela traz. Mas para os poucos privilegiados que assim nasceram, esse é um mundo à parte, repleto de possibilidades e sonhos a serem realizados. É claro que, como escrito por Stan Lee “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Um grupo de amigos da elite de Hudson Valley entendiam muito bem o que os esperava após o fim do colegial, e por isso estavam decididos a aproveitar cada segundo como se fosse o último, usando de seu dinheiro, fama e poder para festejar indiscriminadamente. Eram eles: , , Lorry, Johnny e Alice. Essa história, no entanto, será sobre os dois primeiros.
   era a típica filhinha de papai mimada que conseguia tudo que desejava com a voz doce e gentil, embora seu olhar não enganasse a malícia e ferocidade com que encarava a vida. Ela tinha apenas um objetivo, de cometer todos os erros que quisesse enquanto jovem para depois se adequar ao papel de CEO bem-sucedida que um dia desejava alcançar.
  , ao contrário da amiga, tentava arduamente se livrar da superproteção de sua mãe e das exigências do pai. Não tinha qualquer pretensão de seguir os passos do seu progenitor, tendo como sonho uma vida de viagens e aventuras. E exatamente com essa mentalidade de ‘carpe diem’ (como a tatuagem que fizera escondido), seguia seus dias determinado a usufruir do bom e do melhor que a vida tem a oferecer.
  Ambos se conheciam desde que se entendiam por gente devido à amizade de longa data e sociedade de seus pais. O pai de era o CEO de uma das maiores construtoras de Nova York, enquanto o de era o maior acionista da maior Incorporadora do estado. Eles haviam estudado juntos nas mesmas escolas e acabaram sempre se enturmando no mesmo grupo de amigos.
  Tinham uma relação – acima de tudo – de camaradagem, na qual um encobria as “merdas” do outro, aproveitando as relações familiares para se desvencilharem de problemas e se jogarem nas pequenas aventuras que tramavam. Dividiam de tudo e conversavam sobre tudo, conhecendo dos maiores segredos aos mais estranhos medos que carregavam e não tinham receio de mostrar quem realmente eram quando estavam juntos. No entanto, em mais uma festa qualquer sua relação que parecera até então fraternal, de repente se tornou algo mais.


“Meu coração não está totalmente preparado agora
Mesmo querendo manter meu orgulho, não quero nos separar
Me diga por que, por que, por que, por que, por que
Você me machuca?”

  ’S POV

  Flashback  on
  Assim que a garrafa parou de girar soltei uma exclamação ao finalmente ser a escolhida para desafiar alguém. Os pais de Lorry haviam viajado como de costume, e ela aproveitara a oportunidade para lançar uma festa que deveria ser apenas entre nós, mas de alguma forma praticamente toda a escola estava ali. Tomei mais um gole do copo de gin que segurava antes de me virar para Alice.
  - Ali, verdade ou desafio? – questionei com olhos de águia. Ela me olhou com desconfiança, sabia que eu adorava lançar desafios ousados, porém detestava revelar qualquer coisa sobre si mesmo.
  - Desafio. – disse alguns segundos depois, me ameaçando logo em seguida. – Se você me forçar a beijar alguém nojento, eu juro que vai ter volta.
  Todos rimos da sua ameaça enquanto eu pensava em um desafio interessante o suficiente. Olhei para Johny, que aguardava impaciente pela oportunidade de conseguir ficar com ela sendo o bundão covarde que era para revelar seus sentimentos.
  - Eu te desafio a... passar o restante do jogo sem vestido. – decidi por fim. Eu conhecia minha melhor amiga escorpiana bem o suficiente para saber que sua ameaça não era brincadeira e por isso optei por algo mais simples.
  Com um sorriso enigmático ela se levantou e foi até uma mesa próxima carregada de bebidas, tomando uma dose generosa de tequila antes de voltar para o grupo e fazer uma “dancinha” comicamente sensual, retirando o vestido e jogando na minha cara. Peguei o pedaço de tecido e joguei na cara de Johny antes de mostrar a língua para ela.
  - Ok, minha vez, minha vez. – Lorry comentou girando a garrafa. Assim que o objeto parou e percebemos que seria o desafiado, todos ficamos ansiosos pelo que viria a seguir. Sabíamos que era doido o suficiente para fazer absolutamente qualquer coisa que alguém o desafiasse, e isso sempre gerava ótimo entretenimento. – Verdade ou desafio, ?
  - Ainda precisa perguntar? Óbvio que desafio. – respondeu com seu habitual olhar confiante.
  - Ok. Te desafio a entrar naquele armário de limpeza e ter “7 minutos no céu” com... ! – gritou animada, fazendo todos da roda baterem palmas empolgados.
  Olhei para Lorry como se ela tivesse perdido o juízo. Qual o sentido de colocar nós dois juntos nesse jogo? Não é como se tivéssemos qualquer coisa além de amizade. se levantou sem titubear e me ofereceu sua mão, finalizei minha taça de gin e aceitei a ajuda para me levantar antes de segui-lo ouvindo os gritos de “viva” dos nossos amigos.
  Devo confessar que é extremamente estranho estar em um espaço pequeno e escuro com outra pessoa. Nós dois permanecemos em silêncio nos primeiros minutos, sem saber exatamente o que fazer enquanto aguardávamos o tempo passar até que o desconforto me fez quebrar o silêncio.
  - Por que acha que ela me escolheu para vir com você? – perguntei ainda confusa. Não podia vê-lo claramente na escuridão, mas tinha certeza de que ele deu de ombros antes de responder.
  - Nós dois somos os mais gostosos daquela escola, esse deve ter sido o critério.
  Senti minhas bochechas corarem e dei graças a Deus por não ser vista. Nunca havíamos comentado nossas opiniões sobre a aparência um do outro, sempre direcionando nossos comentários para outras pessoas do nosso círculo. Mas era típico do falar exatamente o que pensava, sem pensar duas vezes.
  - E se a gente trollar eles e fingir que fizemos algo super hardcore? – sugeri ouvindo a diabinha na minha cabeça, imaginando o quão chocados ficariam nossos amigos.
   ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse pensativo. E então ouvi o barulho de seus passos se aproximando, me deixando extremamente confusa. Logo ele estava à minha frente, seu corpo praticamente colado ao meu enquanto eu me espremia contra a porta. Senti sua respiração em meu ouvido quando ele baixou a cabeça para me alcançar e então sua voz rouca sussurrar:
  - Por que fingir?
  No segundo seguinte seus lábios estavam grudados nos meus e eu simplesmente esqueci de respirar, paralisada pela enxurrada de pensamentos contraditórios que me assolaram. Ainda assim, quando sua língua pediu passagem, eu cedi. E antes que eu pudesse pensar claramente nos beijávamos como se nossas vidas dependessem disso, explorando o corpo um do outro com toques ousados.
  Perdemos completamente a noção do tempo enquanto nos entregávamos ao desejo carnal, e apesar de alguma parte de mim pensar que aquilo era simplesmente errado, era impossível resistir ao seu beijo com gosto de menta e seu cheiro almiscarado. Quando mais eu o beijava mais eu o queria, e só paramos quando ouvimos as batidas fortes na porta.
  - Acabou o tempo, pombinhos.
  Flashback off

  Depois daquele dia, nossa relação mudou. Toda a oportunidade que tínhamos no agarrávamos em algum canto, nos entregando a alguma força invisível que parecia nos gravitar um ao outro. A princípio, nossos momentos roubados aconteciam sempre em alguma festa ou algum lugar na escola, e às vezes até no banheiro do Central Park ou JG Melon.
  Em poucas semanas, éramos ainda mais inseparáveis do que o usual. Era quase impossível nos verem sozinhos, eu vivia na casa dele ou ele na minha e acabávamos indo para todos os lugares juntos. Passamos a “nos pegar” publicamente, o que se tornou um dos assuntos mais comentados na escola em pouco tempo e fomos nomeados os favoritos para serem o rei e rainha do baile ao fim do ano. Os rumores eram de que estávamos namorando, e eu realmente sentia que fosse verdade embora nunca tenhamos conversado sobre o assunto e oficializado a relação.
  Eu já não me envolvia com mais ninguém desde que passamos a nos envolver publicamente, e pelo tanto de tempo que passávamos juntos era impossível que ele tivesse com alguém também. Embora, engano meu.
  Lorry dava mais uma de suas festas épicas enquanto os pais viajavam para o exterior, e nesse dia decidimos ir separadamente. já passara a noite na casa de Johnny que era vizinho de Lorry, então ia aproveitar para ir direto para lá. Eu parecia um sonho com meu vestido novo da Dior e estava certa de que teríamos mais uma noite incrível.
  Assim que cheguei reparei nos carros luxuosos estacionados, mas o volvo de não estava visível. Estreitei os olhos, achando estranho que havia chegado antes dele, uma vez que ele estava literalmente há cinco casas de distância. Reparei em Alice na entrada e caminhei até ela, acenando para alguns conhecidos pelo caminho.
  - Uau, você está uma deusa! – ela exclamou assim que cheguei perto. A abracei com carinho.
  - Você também está perfeita, Ali. Esse é o novo Versace? – questionei me lembrando de tê-lo visto na coleção de primavera/verão que assistimos na semana anterior.
  - É! – ela exclamou empolgada. – Consegui convencer minha mãe a comprar. Cadê o ?
  - Boa pergunta! Ele disse que viria com o Johnny. – respondi observando mais alguns carros chegando.
  - O Johnny chegou há meia hora. – ela disse com o cenho franzido, que foi replicado por mim. – Olha lá, acho que é ele!
  Segui a direção que ela apontava, observando seu Volvo V40 que ele acabara de ganhar de aniversário. Ele estacionou há alguns metros de distância e saiu do carro exalando confiança com seu estilo tipicamente Chuck Bass. Dei um passo em sua direção para encontrá-lo no caminho, mas paralisei ao notar a morena se aproximando do seu carro.
  Observei em choque quando ela colou seu corpo ao dele e ao invés de empurrá-la, suas mãos mergulharam nos cabelos longos e a puxou para um beijo digno de cinema. Alice arfou em surpresa ao meu lado enquanto meu primeiro instinto foi ir até lá e dar um tapa na cara do infeliz, mas consegui manter o autocontrole e dignidade de simplesmente virar de costas e entrar na mansão como se nada tivesse me afetado.
  Nós não éramos oficiais, nunca havíamos verbalizado nossos sentimentos ou falado sobre namoro. Ele era livre para ficar com quem quisesse, e já que era isso que ele desejava, eu o faria provar do próprio veneno.


“Vamos resolver isso
Entenda meu coração
Se eu pedir desculpas primeiro, por favor, aceite
Antes que seja tarde demais, se acalme
Não vamos nos afastar demais”

   POV

  Fazia duas semanas que eu e não nos falávamos, e por mais que eu odeie admitir, eu sentia sua falta. Eu sequer sabia o que tinha acontecido de fato. Ela me ignorou durante toda a festa na casa de Lorry, quando ela não se afastava voluntariamente, Alice ou Johnny apareciam do quinto dos infernos e me distraíam antes que eu pudesse chegar até ela.
  Pensei que fosse uma mera coincidência até que – assim que o final de semana acabou – viramos matéria da escola. O jornal dos estudantes anunciou o fim do nosso “namoro” com diversas fotos de beijando o capitão do time de basquetebol e o quarterback principal do time de futebol. E para piorar ainda conseguiram fotos dela em um encontro com o cantor principal da banda no dia seguinte.
  Era óbvio que ela havia vazado todas as informações de propósito e  de repente eu me tornara o “coitadinho” da escola, recebendo olhares de simpatia e ouvindo murmúrios sobre como eu tinha sido corno durante todo nosso relacionamento. Até tentei ir em sua casa  para tirar satisfação, mas a única coisa que ela disse antes de bater a porta na minha cara foi:
  - Nunca combinamos de ser exclusivos, não é mesmo?
  A minha segunda tentativa foi conversar com nossos amigos e entender o motivo de toda a reviravolta. Eu não esperava que fossemos exclusivos nem nada do tipo, mas o que tínhamos era mais do que pegação. me conhecia e entendia como ninguém, o nosso relacionamento era especial para mim.
  Encontrei Johnny e Alice no JG Melon em um de seus encontros. Alice claramente estava tão brava comigo quanto , tomando as dores da amiga, mas Johnny tentava manter as coisas o mais leve possível com sua personalidade positiva. Ela me olhava com os olhos estreitos em irritação enquanto tomava seu milk-shake e Johnny comia seu hamburguer comentando sobre os convites que conseguiu para irmos à uma festa exclusiva na cobertura do The Press Lounge.
  - Pessoal, sei que pode soar um pouco inconveniente, mas algum de vocês pode me dizer por que a me odeia da noite para o dia? – perguntei interrompendo o falatório de Johnny que desviou o olhar para , enquanto ela bufou irritada.
  - , ou você é completamente estúpido ou absurdamente insensível. Estou inclinada a pensar que é os dois. – ela respondeu acidamente.
  Suspirei irritado com seu tom de voz, mas mantive o controle, aguardando pacientemente que ela elaborasse melhor.
  - Estava tudo ótimo entre vocês até a festa da Lorry. O que aconteceu de diferente nesse dia?
  Franzi a sobrancelha tentando lembrar dos eventos do dia. Eu tinha dormido na casa de Johnny após o jogo de baseball que participamos e eu pretendia ir com ele para a festa, mas acabei decidindo passar em casa para encontrar algo decente para vestir uma vez que meu amigo só usava streetwear. Fui para a festa e assim que cheguei encontrei uma líder de torcida que esteve no jogo do dia anterior e veio me “cumprimentar”, mas acabamos nos beijando. E foi aí que bati a mão na testa, conectando os acontecimentos.
  - Ela me viu beijando aquela garota, não é?
  - Dã! – Alice replicou como se fosse óbvio. – em um minuto vocês andavam para todo lado juntos se agarrando como dois namorados, e no minuto seguinte você pega uma garota qualquer na frente dela. Como você esperava que ela reagiria?
  - Primeiro, eu não sabia que ela estava por perto vendo a cena, não foi proposital. – me defendi – Segundo, nós nunca falamos sobre namorar. Achei que estávamos apenas nos divertindo, amizade com benefícios e tal.
  -  Bom, esse é o motivo pelo qual você é burro e insensível. – praticamente gritou na minha cara – Se você sai com uma garota todos os dias, leva ela para encontros, vive enfurnado na casa dela e faz tudo que um casal faz, como você espera que ela não te veja como um namorado? Se você só queria se divertir deveria ter se preocupado em ser mais claro.
  Baixei o olhar envergonhado, ponderando se realmente havia deixado as coisas irem longe demais com .
  - Eu não estou preparado para um relacionamento. Não ainda. – murmurei alto o suficiente para que ouvissem.
  - Bem, se é assim, basta deixar em paz. – Alice finalizou se levantando. – Vem, Johnny.
  Johnny deu alguns tapas de consolação em minhas costas sussurrando que falaria comigo mais tarde antes de seguir a namorada. Eu coloquei a testa sobre a mesa de vidro sentindo a minha testa esfriar e tentando organizar meus pensamentos. Estava preso em um impasse: eu realmente não queria perder , mas também não estava disposto a dar o que ela queria.


“Eu me tornei livre, querido
A cama ficou mais espaçosa, querido
Não pergunte mais o porquê, porquê, porquê
Me sentindo como um milhão de voos, voos, voos”

  ’S POV

  Fazia três meses que eu e nos distanciamos e eu me sentia melhor do que nunca, embora ainda precisasse ignorar a vontade de compartilhar com ele alguma novidade ou discutir nossas séries favoritas. Ao invés disso, silenciosamente optamos por voltar a conviver socialmente e investir nosso tempo em novos affairs. Sempre que estávamos entre nosso grupo de amigos parecíamos empenhados em mostrar um ao outro o quão “bem” estávamos.
  Devo admitir que era até mesmo um pouco infantil a maneira como sempre buscávamos por alguém mais bonito e cotado para nossa coleção apenas para esfregar na cara um do outro. Eu não sabia se ele sentia minha falta ou vontade de voltar no tempo antes de tomarmos a péssima decisão de nos envolver, mas eu jamais admitiria o quanto eu o queria por perto.
  Era até fácil fingir que não me importava com ele e que tudo estava melhor do que nunca. Exceto quando nossos olhos se cruzavam quando os nossos amigos comentavam algo que imediatamente nos lembrava uma de nossas piadas internas e não eram preciso palavras para entendermos o que o outro pensava. No entanto, durava apenas alguns milésimos de segundos antes de nos darmos conta do que acontecia e voltarmos a nos ignorar.
  A época das provas finais já havia passado e nos preparávamos para o final de ano, nosso baile sendo preparado pelo comitê estudantil e eu fazia parte da liderança. Estava tudo quase pronto, mas eu ainda precisava escolher um candidato para concorrer ao título de rei comigo, e por isso eu,   e Lorry analisávamos o álbum anual procurando pelo pretendente perfeito. Quando finalmente reduzimos nossas opções para apenas dois: Choi (campeão de atletismo daquela temporada) e Alec (o bad boy cobiçado por todas as garotas).
  Johnny interrompeu nossas argumentações nos chamando para se juntar a civilização e jogar um jogo. A festa dessa vez era na casa de Alice, e – diferente de Lorry que convidava até o zelador da escola – ela era bem criteriosa com as pessoas que entravam em sua mansão, portanto dessa vez o evento acontecia e uma escala bem menor. Separei as duas fotos para continuar a discussão depois e seguimos Johnny até a sala de estar, onde um grupo de seis pessoas já se juntavam em um círculo.
   estava lá com uma das líderes de torcida do basquete, mas me esforcei para ignorar até mesmo quando ela ria como se ele tivesse falado a coisa mais engraçada do mundo ou as mãos dele passeavam pela coxa desnuda da garota. Os rumores na escola era de que ela era sua nova “namoradinha”, uma vez que estavam saindo há duas semanas e ela era cotada para se candidatar como sua rainha no baile.
  Olhei ao redor procurando por qualquer distração que me deixasse tão leve quanto o gin em minha mão, me ajudando a esquecer o idiota do . Para minha alegria, Alec chegou na festa e logo o puxei para jogar conosco. Assim que girei a garrafa e ela parou em sua direção sorri largamente o desafiando a escolher, e antes que ele terminasse de responder “desafio” me aproximei quase encostando nossos lábios, reparando na reação surpresa de pelo canto do olho.
  - Eu te desafio a ir para o quarto de hóspedes comigo e passar “7 minutos no céu” comigo. – sussurrei.
  O sorriso que ele deu foi toda a resposta que eu precisava e levantamos juntos aos sons de “viva” do grupo. De todos, exceto de uma pessoa que me olhava com irritação, ignorando a garota que falava ao seu lado.


“Toda vez que vejo você dançando com seu corpo
Tão linda, me deixe ser alguém para você
Garota, podemos nos divertir
Não precisa fugir ou fingir
É uma sensação real
É uma sensação, meu amor”

  Você já teve uma daquelas epifanias que aparecem nos momentos mais necessários depois de você ter feito todas as escolhas erradas possíveis? Foi assim que me senti assim que a vi entrar no salão de festas com Choi ao seu lado. Ele tinha um sorriso de orelha a orelha que seria facilmente explicado por ele estar com a garota mais linda da escola em seus braços.
   estava deslumbrante de uma forma que eu jamais seria capaz de descrever, seu vestido a fazia parecer uma deusa sexy prestes a pisotear os mortais que ousassem olhar em sua direção. A minha vontade imediata foi de me prostar aos seus pés e implorar pelo seu perdão.
  Cinco meses se passaram desde que eu não a tocara pela última vez. Mas o que eu mais sentia falta nem era seu corpo escultural ou o cheiro familiar que me fazia querer morar em seus braços. Eu sentia falta da minha melhor amiga.
  Johnny era um ótimo amigo, mas ele nunca entenderia a dinâmica da família Licheinstein, acostumado com seus pais super permissivos e modernos. Ela sempre esteve ao meu lado, e eu havia perdido a conta de quantas vezes dormira lembrando de como era sentir seu corpo junto ao meu durante a noite ou acordava pensando em ir até a casa dela e tomar café juntos conversando sobre besteiras.
  No momento que vi seus olhos brilhando de orgulho pelo baile perfeitamente planejado, entendi o quanto sentia falta de ter aqueles olhos me olhando e me querendo. Agora eu finalmente entendia que não tinha muito tempo. Logo uma nova fase de nossas vidas se iniciaria e eu estava apavorada em pensar que eu não faria parte da dela e nem ela da minha.
  Passei boa parte da noite me esquivando de Elodie, a líder de torcida com quem estava concorrendo para Rei e Rainha do baile, enquanto acompanhava por onde ela ia, meus olhos não conseguiam deixar de se mover com cada movimento seu. Quando ela tomava o gole de uma bebida eu me imaginava a beijando e sentindo o gosto diretamente dos seus lábios doces. Quando ela dançava, se movendo com confiança e sensualidade, tudo que eu mais queria era passar minhas mãos por sua cintura e me mover junto dela.
  Esses pensamentos foram me perseguindo e me corroendo noite adentro até que finalmente tive coragem para fazer o que deveria ter feito há muito tempo . Que se dane o fato de que eu não sabia como me comprometer e lidar com as expectativas dos outros, eu sabia muito menos viver mais um dia sem ela. Subi no palco e troquei meia dúzia de palavras com a Diretora Harper quando ela subiria para dar início à votação para Rei e Rainha. Um pouco relutante ela entregou o microfone na minha mão após a minha ameaça velada de que meu pai poderia muito bem dificultar a licitação para o funcionamento da escola no próximo ano.
  - Companheiros. – chamei a atenção dos alunos, pigarreando alto para me livrar do nó que se formava em minha garganta. Sem sucesso me aproximei da beirada do palco, roubando o drink de uma garota que estava ali na frente e virando em um gole só antes de voltar para o centro do palco, notando com um nervosismo crescente que todos me olhavam com curiosidade. – Primeiramente, eu quero oficialmente retirar minha candidatura para Rei do baile com Elodie Winston.
  Os murmúrios foram instantâneos e um grito chocado de Elodie ecoou pelo salão antes dela sair correndo e chorando para fora da escola, algumas amigas a acompanhando em seguida. Varri meus olhos pelo local notando tentar esconder um sorriso.
  - Em segundo lugar, quero dizer que só há uma pessoa digna de ser Rainha aqui essa noite, e essa pessoa é Bae. – aguardei alguns segundos para que todos se acalmassem antes de continuar meu discurso, olhando diretamente em seus olhos – , eu sei que errei com você, não te dei o valor que merecia. Agora não há um dia que não me arrependa e não sinta sua falta, e tudo que eu mais quero é ter você de volta.
  Apesar de estar provavelmente surpresa com meu discurso ela agia como se já esperasse por isso há tempos. Seu olhar brilhava, mas não tinha certeza se ela estava comprando minha declaração piegas em público. Por um minuto quase desisti e saí correndo do palco antes que fosse humilhado publicamente e minha imagem jamais fosse a mesma. Mas então notei o sorriso que ela deixou escapar, o suficiente para me incentivar a continuar em minha busca.
  - , eu não vou prometer um milhão de coisas que não serei capaz de cumprir depois porque você merece muito mais do que isso. Mas se você estiver disposta, eu quero dar uma nova chance para nós dois, e quero que possamos aprender juntos o que quer que a gente seja.
  O silêncio no local era – de repente – alarmante. Todos aguardavam ansiosos pelo próximo passo, ansiando para que o drama fosse resolvido ou se tornasse ainda pior. se desvencilhou de Choi ao seu lado e se aproximou do palco, subindo com a ajuda de um dos staffs antes de se aproximar de mim. Estávamos finalmente cara a cara, nos permitindo dizer o que sentíamos. Me ajoelhei em sua frente, exatamente como desejara no momento que a vi entrar naquele salão e peguei sua mão, depositando um beijo em sua palma.
  - Você me aceita de volta? – com o sorriso mais lindo do mundo ela puxou minha mão, me forçando a levantar e me aproximar de si antes de colar seus lábios aos meus. Todos pareciam gritar histericamente no salão, mas tudo que eu conseguia pensar era em como seus lábios eram ainda mais macios do que eu me lembrava, e como seu corpo se encaixava perfeitamente no meu. Eu e ela éramos simplesmente certos como um céu azul.

Fim

  Nota da autora: Ray, minha “amiga secreta”, assim que recebi seu nome nos resultados já fiquei com tremedeira pensando em como escrever algo que te agradasse e ao mesmo tempo fosse fiel à minha escrita (porque eu gosto de drama, dedo no cu e gritaria rs). Foi um desafio e tanto escrever essa história (principalmente por conta dessa fase de bloqueio tristonha em que me afoguei), mas amei poder criar algo para você e espero do fundo do meu coração que você goste, pois fiz com todo carinho. <3