O Último Baile

Escrito por Adriana Nunes | Revisado por Danne

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  Emily acorda pela manhã desejando que não fosse segunda feira, que ela não precisasse vestir o uniforme composto por uma blusa branca social, um casaquinho preto e aquela saia. Ah, como ela odiava aquela saia. Para começar, ela odiava suas pernas. Sua mãe amava suas pernas, costumava dizer que quando era mais jovem suas pernas eram quase iguais.

  Ajeitou a sua gravata na blusa e colocou o casaco por cima. Arrumou seu cabelo com a tiara da mesma cor que a gravata e a saia, e ajeitou suas botas cano longo. Emily achava horrível ter que usar uniforme, mas a ética da escola exigia.

  O lado bom da escola era ficar próximo ao seu grupinho de amigos. Pegou o seu carro, antigo carro do seu pai, e dirigiu para a escola. O tempo chuvoso de Londres impediu que ela passasse na cafeteria para pegar o seu café com três gotas de chocolate pingado. Estacionou seu carro ao lado do Audi de Caroline, sua colega de história e inglês, e com a sua pasta adentrou os corredores da Oxford St Clare's.

  - Cheery! - James a viu de longe e correu para abraçar a melhor amiga.

  - Quanta animação para um dia de semana, uma semana de provas. - ela gira os olhos, fazendo com que o amigo broche toda a felicidade que estava.

  - Amo o seu humor. - Liss ri debochadamente enquanto levanta seu olhar do fichário em sua mão.

  - Bom dia. - Kentin chega de mansinho no grupinho que antes estava com três pessoas. Ele dá um breve selinho em James, que comemora a chegada do seu namorado. Do outro lado do corredor, escorado nos armários, Harry tapasse de nojo quanto ao casal homossexual. - Em, Liss. - Ken faz um sinal com a cabeça e sorri particularmente e disfarçadamente para Emily.

  - Eu odeio Londres, eu odeio St Clare's! - Becky esborrifava insatisfação até pelo nariz quando chega balançando seus cabelos longos e loiros, sem a tiara, que não é uso obrigatório da escola.

  - Pra que tanto ódio? Eu que costumo ocupar essa parte. - Emily a relembrou e a fez sorrir, talvez a primeira vez que ela tenha sorrido.

  - Vim de bonde para a escola simplesmente porque meus pais esconderam a chave do meu carro. E para completar, essa chuva está desgraçando com tudo. - ela bufa insistentemente e James a observa.

  - Fique tranquila, é nosso último ano aqui!

  - Isso me lembra de que é nosso último ano juntos... Vamos nos separar, todos nós. - Emily sempre via um pouco de pessimismo em tudo que falavam para ela. Suas visões são diferentes, ela acha que deve pensar sempre no que pode acontecer de ruim, para depois, caso houver queda, que não seja tão alta.

  - Não fale isso. - James faz um beicinho engraçado.

  - Eu vou para Juilliard, tenho quase certeza. - dispara Liss. - Eles irão se encantar pela minha apresentação no início do semestre, estou praticando há tempos.

  - Você vai conseguir. - o otimismo de Emily contribui um pouquinho. - Eu quero Princeton ou Yale. – diz convicta.

  - Coincidência, eu também quero um dos dois ou Harvard. - Kentin sorri para ela, que sorri de volta sem saber muito o que fazer.

  O comportamento de Kentin está estranho ultimamente. Emily pensou que fosse coisa da sua cabeça, mas desde aquela aula de química na qual o professor colocou-os de pares no laboratório, as coisas ficaram realmente diferentes. Ken apresenta sorrisos para ela, muitas vezes bem maliciosos, ela pensou que fosse bobagem, afinal, ele é gay, ele não gosta de garotas. Mas a cada dia que passa, ele a assusta cada vez mais.

  - Tão inteligente. - James contempla seu namorado com os olhos brilhantes, no qual correspondeu apenas com um sorriso "meia boca", popularmente falando.

  - Não comecem, estou numa fase pós-namoro recente, está difícil. - Becky tampa o rosto com as mãos.

  Becky é uma menina linda e loira, claro que não faz parte das cheerleaders do St Clare porque não sabe dançar muito bem, mas teria tudo para ser uma cheerleader magnífica. Nenhum deles é popular, nenhum deles faz ou fez algo tão importante para a escola. Liss participa do grupo musical da escola, James fazia o xadrez, mas depois que conheceu Kentin, saiu do grupo. Becky fazia parte de um grupo de coral, mas infelizmente eles perderam pessoas que perderam a vontade de estar lá cantando, e com quatro pessoas e ela não se fazia um clube de coral. Já Emily fez parte do clube de matemática, não deu certo, ela era boa, mas odiava mexer com números a todo o tempo. Passou para o grupo de apoio estudantil, saiu rapidamente quando descobriu que passaria todos os sábados trancada na escola com pessoas que precisam de aulas extras. Se inscreveu para o grupo de natação, mas a treinadora Carly a dispensou, Em sabe que não foi dispensada porque era ruim, ou por algum outro motivo, ela sabia que era pelo episódio de dois anos atrás, quando em uma pequena guerra de comida se fez no refeitório e ela acertou um pedaço de sua maçã na cabeça da treinadora Carly.

  Por fim, tentou o último clube: pintura! É claro que não deu certo, Em não tinha coordenação suficiente para pintar as telas bonitas como seus breves colegas de curso. Então, se encaixou no último e no qual permanece. O clube de fotografia, e passa a suas tardes - que não tem aula - no jornal da escola, editando fotos para colocar, escutando fofocas da redação e rindo com algumas pessoas que estão lá dentro também.

  O sinal da escola toca, todos os alunos começam a procurar as suas salas, Emily pega seu papel para confirmar a sua primeira aula. Inglês. Perfeito, aula com o James. Se encostou no armário e esperou o beijo dos dois acabarem.

  - Boa aula, te vejo no intervalo. - James atira um beijo para Kentin, que dá um sorriso bobo, e quando, discretamente, Emily olha pra trás, Kentin abre o sorriso. Ele sabia que ela iria olhar, ele sabia que ela estava sacando o que ele queria realmente.

  Ela sabia que ele sacava tudo isso, mas ainda não entendera o porquê disso.

  Na aula de inglês, Mr. Collins tomava algo em sua garrafinha, algo que Emily e a maioria da turma desconfiam que seja somente café preto. Ele falava, escrevia na lousa e bebia, assim sucessivamente. A aula estava entediante até ele anunciar o trabalho do próximo semestre.

  - A outra turma irá se unir com essa. - ele diz e a turma se algazarra. Metade concordando e metade não. James já ficou inquieto antes mesmo de saber o resto. - Vocês irão formar duplas. Hey pessoal, preciso terminar ou irei desistir desse trabalho! - a classe silenciou-se, e assim ele deu continuidade à fala. - Como ia falando anteriormente, formarão duplas a minha escolha. E cada dupla terá que montar uma aula diferente para a turma, como professores mesmo. Com atividades e tudo mais. - Mr. Collins achou realmente boa a ideia, mas a turma se calou assim que ouviu que ele escolheria as duplas.

  - Com licença, Mr. Collins. - Carl, um dos jogadores do time de beisebol, levanta a mão. – Por que não podemos escolher nossas duplas? - a classe volta a falar e a concordar com a pergunta dele.

  Mr. Collins bate com a mão na lousa e vira-se de frente para a classe novamente, que faz silêncio.

  - Porque, se eu permitir isso, haverá panelinhas, e sei que vocês tem amigos e namorados na outra classe, aí ninguém fará o trabalho. - ele explica e não se dando por contente, completa: - Do meu trabalho, eu sei, Sr Carl.

  A aula continuou normal, até a troca de salas, o segundo horário ainda seria de inglês, mas a outra classe iria entrar para a deles para darem inicio ao trabalho e montar as duplas. James estava triste porque sabia que o Mr. Collins não iria coloca-lo junto ao seu namorado, e Emily estava desejando profundamente que ele a colocasse com Liss.

  A classe juntou-se com a outra. A mesa de James e Emily pareceu ficar pequena para o grupinho deles. A conversa estava paralela enquanto o professor ajeitava as possíveis duplas. Ora ou outra algum engraçadinho tentava dar alguma espiada nas coisas do professor, mas ninguém conseguiu.

  - Qualquer um para mim está bom, desde que não seja o Harry. - James faz cara de nojo.

  - Imagina, Mr. Collins não iria querer provocar uma guerra por aqui. Um homossexual com um machista. - Becky rola os olhos e respira fundo. - Eu poderia fazer par com o Harry, ele é lindo.

  - Verdade. - Emily comenta enquanto fecha seu caderno, onde antes estava rabiscando coisas sem nexo. Kentin lança um olhar misterioso para ela, que a faz arrepiar dos pés a cabeça. Emily disfarça com uma coçada no cabelo e jogando um olhar pela janela, para a rua chuvosa e o pátio da St Clare's vazio.

  - Classe, atenção. - o professor pede e assim todos respeitam, aos poucos. - Já montei minha relação de duplas. Na próxima aula anunciarei as datas das apresentações.

  - Alunos e alunas da escola Oxford St Clare's. - a diretora, com a voz esguiniçada, fala através das caixas de som. Todos passam a encarar a caixa. - As inscrições para rei e rainha do baile foram abertas. Lembrando que só alunos do último ano podem se inscrever. E o tema desse ano, que estava entre "Noite em Paris", "Cinema", e "Cassino - Las Vegas", foi: Cassino - Las Vegas! Obrigada pela atenção, podem retornar a suas tarefas, as inscrições serão efetuadas na biblioteca da escola.

  Foi um tumulto, a maioria da escola havia escolhido esse tema mesmo, todos estavam eufóricos, e agora começará oficialmente a corrida para vestidos, roupas, inscrições, e o principal: um par para o baile. Emily estava feliz, mas sua preocupação começou. Ela não tinha nada para o baile, nenhum par, nem ideia para o vestido, e nem fazia ideia se iria se inscrever para rainha do baile. Kentin observou seu sorriso e sorriu também, ele garante a ele mesmo que até lá ele terá um par para o baile, e não será o James. E garante que pode ganhar como rei.

  O professor pediu ordem na sala novamente e todos se calaram, ele foi começando a falar a sua lista de duplas:

  - Carl e Becky; James e Caroline; Liss e Harry; Kentin e Emily.

  O mundo congelou, nenhum dos dois pensara que isso seria possível. Ou poderia ser algo da cabeça deles, mas eles sabiam que não era. Kentin até havia pensado nessa possibilidade, mas havia descartado alguns minutos depois, e Emily foi pega de surpresa, não tinha imaginado isso. Se fosse há semanas atrás, estaria tudo bem, mas agora a ideia de que Kentin iria a sua casa para estudar e eles teriam que obrigatoriamente se falar todos os dias, a assustava de uma maneira absurda.

  James estava feliz por a pessoa que seria companhia de seu namorado, seria sua amiga. Ele não fazia ideia do que se tratava tudo isso para os dois. Liss reclamava da sua parceria com Harry, que apesar de ser lindo, era um cabeça oca. Becky gostou que fosse Carl, ele é lindo e popular, e ela poderia ganhar como rainha do baile com ele, porque com certeza eles iriam se aproximar e ele veria o quão legal ela é. Mas isso são pensamentos da própria.

  Depois que a aula terminou e o sinal tocou para a hora do intervalo, todos saíram juntos e foram até a mesa que sempre sentam na cantina. Algo estava um pouco além do normal ali. Kentin havia sentado ao lado de Emily, que se esquivou para o lado, na intensão de dar espaço para que James sentasse ali, mas Kentin abriu mais as pernas, não dando espaço.

  - Senta na frente. - Kentin apontou para o banco, e James, meio a contra gosto, sentou-se ali. - Vou falar com a Em sobre o trabalho. - o olhar de Ken para Em foi matador. Ela realmente estava se sentindo desconfortável com ele.

  - Vou buscar minha bandeja. - Em levanta do banco e Kentin também.

  - Quer que eu pegue algo pra você? - pergunta Ken para James.

  - Uma fruta, não estou com fome.

  Ao mesmo tempo em que Ken tentava alcançar Emily com passos largos, Liss e Becky retornaram com suas bandejas para a mesa. James acompanhou alguns passos do namorado até a fila da cantina, mas parou de olhar assim que Liss começou outro assunto com ele.

  - Hey, Em. - Kentin chama a atenção dela. - Nós nem nos falamos direito hoje. - ele encosta no ombro da pálida menina, que gela mais ao seu toque.

  - Ah, nem percebi. - Emily tenta parecer indiferente com isso.

  - Sou tão ruim pra você que não me quer por perto? Sabe que eu gostei de ser seu par no trabalho. - seu dedo enrosca rapidamente numa mecha de cabelo escuro dela, que se esquiva para o lado, pegando a bandeja.

  - Menos mal que foi você. - Ela queria transparecer indiferença, mas isso estava deixando Kentin ainda mais instigado a ficar mais próximo a ela. A pergunta que não quer calar é o que fez Kentin ficar tão intensamente próximo a ela, com direito a sorrisos maliciosos e discretos. Até onde ela sabia, ele não gostava de meninas, e até onde ele sabia, ele não gostava.

  - Qual é, não somos nenhum desconhecido. - ele pega a sua bandeja e a gira na mão. - Quando vamos começar a fazer nossos trabalhos?

  - Quando quiser. - ela responde nervosamente, Ken entendeu o nervosismo.

  - Podemos arrumar um calendário para os encontros, ora em minha casa, ora na sua. - quando Kentin termina a sua frase, além de Emily arrepiar-se e já estar gelada, ela entreabre a boca e ele ri. - Meus pais ficam em casa, não irei estupra-la. Até porque todos sabem que eu não gosto da sua fruta. - o olhar sempre é o que mais atinge ela.

  -Vamos conversar sobre isso, mas a ideia de irmos cada dia para a casa de um é legal porque não irá ficar cansativo. - Emily tenta desviar um pouco mais o assunto do que estava indo, ele entende.

  - Okay.

  Emily não queria admitir que seu sorriso de lado e aquela carinha típica de garoto de boyband eram lindos. Kentin não parecia tanto com um londrino. Sua pele é mais amorenada que o normal, seus olhos são azuis escuros, seu cabelo louro escuro, ou castanho claro, denunciavam a mistura de raças que havia. Seu pai é londrino, sua mãe é de descendência portuguesa, seus avós moram em Lisboa, e é pra lá que ele vai na maioria dos verões.

  Já Emily é de pais tipicamente londrinos, mas seus avós e seus bisavós são da Califórnia, sua mãe já nasceu aqui e então ficou com todos os traços de londrinos, a pele que quase nunca pega sol, é descolorida, Emily puxou a pele dela, mas seus cabelos são negros. Não, eles não são de um preto forte, é apenas um castanho bem forte, que ela herdou de sua avó materna. Os olhos esverdeados são do pai.

  Assim que voltaram para a mesa da cantina, Ken sentou-se ao lado de James, que ficou sorrindo como bobo.

  Os dias da semana passaram arrastando-se. No final de semana, Emily recebeu a visita de sua irmã e sua sobrinha de três anos. Seus primos também estiveram em sua casa, e depois que Em acabou beijando seu primo Phil, parece que eles não tiveram mais a mesma coisa de antes, na cabeça dos dois o beijo retratasse sempre quando se veem. A segunda feira chegou, e por milagre, hoje o dia estava mais quente, o que deixou a bela prender os cabelos numa trança lateral, e não usar o casaco da escola. Pegou seu café e seguiu para a escola, sabendo que hoje teria a aula de Inglês com o Mr. Collins.

  - Fiquei sabendo que a treinadora Carly abriu mais vagas para a natação. Disseram que ela teve um surto na outra aula porque as garotas estavam cansadas, então mandou metade para casa, e dispensou-as do clube. - Liss porta a fofoca do dia, e choca a todos que estavam ali.

  - Fico uma semana sem vir a aula, e muitas coisas acontecem. - Jerry começa a rir, e se encosta-se ao armário ao lado de Emily. Ele lembra ainda quando na festa do John se beijaram, ela tenta evitar lembrar, afinal ele é só amigo dela.

  - Uma hora longe do St Clare's, perde-se muita coisa, dude. - Kentin diz para Jerry, que olha para os seus pés.

  - E como foi de viagem? - pergunta Emily, afim de saber como tinha sido, ele a olha de canto e sorri pensando em como seria bom se ela lembrasse do beijo assim como ele.

  - Foi boa. - lembrou principalmente sobre as mulheres que encontrou nas praias. - México é um lugar bem bonito.

  - Mulheres gostosas? - Becky estava ajeitando as unhas com uma lixa de bolsa.

  - Também. - Jerry concorda.

  O que mais se comentava quando o sinal tocou e todos foram para as salas de aulas era sobre o trabalho. As pessoas realmente estavam muito preocupadas, a maioria era somente pelo parceiro, mas todos agradeceram que Mr. Collins compreendeu os limites das duplas, compreendeu que tem pessoas que realmente não poderiam fazer o trabalho juntas, como Caroline e Melissa; e Harry e James.

  Emily pensava no baile quando o professor entrou na sala. A semana havia passado e ela não se inscreveu para rainha, nem arranjou um par e nem teve tempo de pensar num vestido que fosse legal e sexy o suficiente para retratar a bela Vegas. Ela imaginava mais ou menos como seria Las Vegas, um sonho. Pensava que poderia ser idêntico aos filmes, com homens poderosos, mulheres sexy's e lindas, e claro, muito jogo, drogas, bebidas e sexo. Ela não fuma, e nem pretende, mas beber já bebeu, não o suficiente para cair no chão, mas para ficar bem alegre.

  - Com toda licença. - quando Emily percebeu, não havia mais seus amigos na mesa, Kentin estava sentando ao seu lado. Ela franze a testa e ele ri.

  - O que eu perdi? - intervém ela.

  - Mr. Collins disse para sentarmos com nossas duplas e darmos início ao nosso trabalho discutindo ideias e todas as parafernálias das quais parei de escutar.

  - Pensei que estivesse prestando atenção. - Ela inclina-se sobre mesa e pega a sua caneta para rabiscar o caderno.

  - Estava, mas quando ele falou que íamos sentar com as nossas duplas, eu fiquei somente esperando os outros saírem. - ele sorri de forma com que as bochechas de Emily ruborizem e ele perceba, sorrindo mais uma vez, vitorioso.

  - Vamos fazer o que no trabalho? - Em muda de assunto rapidamente.

  A conversa a partir dali foi sobre o trabalho. Em dava ideias e Kentin dava palpites sobre como melhora-las ou se elas dariam certo. Ela estava gostando da sua visão periférica sobre os estudos, ele pensava que ela era mais inteligente do que parecia ser na aula de ciências. Talvez ciências não seja o forte dela, pensa ele. No caderno é rabiscado várias ideias com prós e contras, com temas, com jogos de participação para movimentar a classe, e até prêmios eles pensaram em dar se fizessem um quest sobre a aula que eles deram, no final, e as pessoas que respondessem corretamente, ganhariam as pequenas lembranças, das quais nenhum dos dois ainda sabia o que poderia ser.

O que Emily sabia é que não será tão difícil quanto pensava, Kentin está pensando a mesma coisa, porém não sobre o mesmo assunto.

  -cPodemos nos encontrar em quais dias? - pergunta Kentin, observando o Mr. Collins escrever na lousa as datas e as duplas, ele estava feliz por eles não serem os primeiros a apresentarem.

  - Duas vezes por semana? - Em dá a ideia, Kentin torce os lábios. - Muito?

  - Não, pouco. Um trabalho como esse exige mais de nós. - ele pareceu convincente para ela, era assim mesmo que ele gostaria que passasse a imagem no momento.

  - Hm, okay, três vezes?

  - Isso. - ele sorri.

  - Segundas, quartas e sextas. - ela anota no caderno junto das ideias.

  - Podemos começar hoje? - pergunta ele, voltando a olhar para a lousa.

  - An... - Emily pensa primeiramente nas pessoas em sua casa. Seus pais estariam no serviço, há apenas a Meredith na casa, ela não vê mal nisso. Pensou no seu quarto, que não estava lá essas coisas, mas daria para ele visitar. Ela fecha os olhos e ri por dentro, ela não quer impressionar ele, por que o quarto teria que estar um brinco? - Tudo bem, começamos hoje.

  - Após a aula? - pergunta ele, puxando o caderno e a caneta dela.

  - Sim. - Em observa ele anotar a data da apresentação e circular com a mesma caneta para dar ênfase ao lembrete.

  - Okay, Ma puce.

  - Conheço francês o suficiente para saber que você me chamou de pulga, Kentin! - ela fecha seu caderno e tampa sua caneta. - E a propósito, se pronuncia Ma puce. - Em fala de um jeito mais sofisticado, usufruindo das aulinhas particulares que teve há um ano atrás.

  - Me pegou, não sei falar francês. - da maneira que ele estava falando, e de como estava se portando, quem olhava nunca diria que ele gosta - ou pelo menos demonstra - gostar de meninos.

  - Eu também não sei. - ela balança os braços e ele ri.

  - Sabe sim, pronunciou Ma puce muito bem.

  - Não é assim, é Ma puce. - ela o corrige novamente.

  Kentin a fez repetir novamente porque amara da forma como ela falou, sua voz saiu de forma tão delicada, mais delicada do que já é. Quando o intervalo apareceu, James logo tratou de ficar ao lado do seu namorado, o que possibilitou que Emily se afastasse. Não que a aula tenha sido ruim ao seu lado, na verdade foi bem divertida, mas ela queria evitar problemas, e evitar pensar no que tanto a aterroriza.

  A cantina, as voltas na quadra, foram as mesmas coisas, realmente aquela segunda feira não tinha nada de diferente, só estava melhor pelo fato de ter aberto um lindo sol, o qual Londres não via há tempos.

  No final da aula, Emily guardava seus cadernos no armário e pegava a sua bolsa, quando fechou a porta do seu armário, assustou-se com Kentin ao lado dela.

  -Vai me oferecer uma carona? - pergunta ele.

  - Para que ir no meu carro velho se você tem uma bela moto? - ela faz a pergunta, mesmo não querendo ter dito isso em voz alta.

  - Wow! - ele faz rendição com as mãos e ela ri, girando os calcanhares em direção a saída. - Vou ter que descobrir onde é a sua casa? - pergunta ele mais alto, parado no mesmo lugar.

  Emily limitou-se a fazer apenas um sinal positivo sobre os ombros com as mãos, e continuou a sua caminhada para encontrar Liss e Becky no estacionamento enquanto Kentin admirava a bela visão do seu olhar até ser surpreendido por um beijo em seus lábios. James!

  Quando Em entrou em casa, viu que ele não tinha a seguido pois não tinha chego ainda, então subiu para o quarto e guardou algumas coisas que estavam fora do lugar e verificou se não havia nenhuma calcinha por debaixo da cama, ou algo do tipo.

  - Emily, querida, a campainha tocou, eu atendi e é um menino, Kentin! - após duas batidas, Meredith fala.

  - Ah, obrigada, pode deixar que eu atendo ele. - ela respira fundo e sai do quarto em direção a porta da entrada.

  Emily desce as escadas com rapidez, acostumada com os degraus de madeira importada, encerados duas vezes ao mês. Seus pés escorregam quando ela pula os três últimos degraus, e sozinha, ela ri. Prontamente olha pelo olho mágico, e lá está Kentin, mas ele não está mais com o uniforme da escola, ele veste uma camisa preta, uma jaqueta de couro da mesma cor está em seus braços, nas suas costas uma mochila, e uma calça jeans. Ela concluí que a demora dele é referente à ida a sua casa para trocar de roupa. Emily olha-se e ri quando constata que não trocara a roupa da escola.

  - Hey, lil. - ela ri por ele se referir a ela da maneira que o pai chama-a. - Pensei que não iria mais atender. - Kentin permanece no mesmo lugar.

  - Desculpa, não tinha avisado para Meredith que iria vir. - ela abre mais a porta para ele se dar de conta que era para entrar. - Entre.

  - Com licença. - ele respira fundo e entra pela porta.

  Kentin admirara cada canto enquanto Emily o direcionava até a biblioteca, eles iriam estudar lá, já que seria melhor e seu pai estava trabalhando. Ele ficou esperando ela, dando uma olhada na estante vendo cada livro que ali tinha. A maioria eram livros de medicina. O pai de Emily é médico no hospital da cidade, no maior de todos, e sua mãe tem uma galeria de arte, sociedade com uma amiga da família. Kentin estava deslumbrado com tudo aquilo, aquela casa. Não que ele fosse pobre, ele tem muito dinheiro, sua casa também era enorme e com tudo que uma família potente tem direito, mas ele estava deslumbrado por poder adentrar um pouco mais na privacidade da pequena Emily. Ele estava feliz de estar ali, queria tratar de mostrar isso a ela a qualquer momento.

  - Trouxe os livros da escola, em alguma das partes daqui tem livros que podem dar um auxílio para nós. - ela havia soltado seus cabelos, como a trança estava apertada, havia deixado formosas ondas em seus cabelos, Kentin havia amado aquela forma. Sem saber que isso era sexy, ela coloca uma das mechas para trás da orelha enquanto olha os livros que trouxe.

  - Eu só trouxe o material da escola, mas da próxima vez trago mais, pesquiso melhor, e também já vamos saber de mais coisas. - Ken sorri, Em sorri, os dois se encaram por leves segundos, dos quais parecem uma pequena eternidade.

  Emily olhou as estantes e achou uns três livros que pudessem os ajudar. Sentados rente à mesa, um de frente para o outro, começaram a estudar e pesquisar maneiras de fazer a aula ficar interessante e produtiva. Ambos gostariam de uma aula diferente, que fugisse do tédio que normalmente todas são. A bela levantou da cadeira e ligou o som baixinho, perguntou se havia problema, mas ele negou, na verdade ele até preferia um som baixinho.

  - Maroon 5? - ele surpreende-se. - Não sabia que gostava.

  - Eu amo, na verdade meu pai também gosta muito.

  - Também gosto bastante.

  Mais algumas músicas da banda, passou-se a dar Adele, envergonhada por ser músicas muito "menininha", ela levantou e trocou, agora tocava mais pop's teens, ela gostava, e ele impressionou-se com o gosto o musical da mesma, teve uma boa ideia em sua cabeça. Tudo continuou normalmente, eles conseguiram entrar num consenso sobre o que iriam fazer, e daqui por diante era só montarem as coisas direitinho e com planejamento para nada dar errado.

  Meredith trouxe biscoitos e suco para o casal que ainda estava conversando sobre a aula. Ambos atacaram os biscoitos feitos por Dith - apelido carinhoso pelo qual Em chama a governanta -, e tomaram o suco de laranja.

  O encontro de quarta feira não teve nada demais, foram as mesmas coisas que o encontro de segunda. Estudaram, comeram, conversaram um pouquinho e por fim, ele foi embora. Emily havia pensado que poderia ser pior, mas se martiriza por pensar isso dele, acha que tudo isso é de sua cabeça.

  - Andei sabendo que nosso período na quadra será o mesmo que os dos meninos no campo. - Liss aperta mais seu rabo de cavalo na cabeça.

  - Ontem foi o primeiro encontro de estudos com o Carl, ele me viu de pijama pois pensei que ele não fosse aí tinha trocado de roupa, então eles me vendo de short hoje, é até normal. - Caroline amarra o cadarço de seus tênis para a Educação Física.

  - Já tenho ódio por aquela saia que somos obrigadas a usar, tenho mais ódio desse microshort. - Emily esbraveja enquanto passa a presilha ao lado do cabelo para não deixar aqueles fios xaropes incomodarem.

  - Se você tivesse as pernas como as da Amy, eu concordaria em você ter ódio pelas coisas curtas, mas você tem as pernas lindas, então pare de ser idiota. - Liss dá um tapinha em suas costas.

  Todas as meninas saem do vestiário, o que a professora Jones mandou era três voltas completas ao redor do campo de futebol, claro, antes o famoso aquecimento. Enquanto as meninas faziam o aquecimento, Emily e a maioria estavam com ódio por terem que correr ao redor do campo. Realmente não era o forte delas correrem. Em se sentia sedentária quando falava e pensava isso, mas a culpa não é dela se a mesma odeia correr. Se fizessem uma lista das coisas pelas quais Emily sentia ódio seria bem grande. Ela não sabia de quem herdara isso, já que sua mãe é tranquila, e seu pai é mais ainda, seus avós são pacíficos e pagam para não arranjarem problemas e nem incomodação. O que sobra para ela acreditar é que o ódio, ausente em seus familiares, acumulou e parou sobre ela.

  A corrida começou, mal tinham completado meia volta, e algumas já morreriam por estarem conversando ao invés de estarem correndo e respirando coerentemente pelo nariz. No campo, o treinador Foster havia parado com o jogo, dois meninos haviam se estranhado, então ele fora para a direção juntamente dos dois marmanjos, e os outros ficaram praticando gol a gol. Kentin perdeu de chutar a bola quando viu que as meninas corriam em volta do campo, quando viu que Emily corria em volta do campo. Quando a corrida delas parou, Emily caminhou um pouco mais para ir até o bebedouro, e Kentin foi atrás. Ele havia amado aquele short curto, aquela blusa regata realçando seus seios, sem contar nas suas pernas lindas.

  A verdade é que Kentin não havia se interessado por mulher alguma, sempre gostou de garotos e da forma com as quais eles vivem, mas após conhecer Emily, ele sabia que tudo iria mudar. Nenhuma mulher ainda lhe desperta interesse como a pequena Em. Ela, além de linda, é inteligente e sabe conversar com alguém sem falar somente coisas fúteis. Após longos minutos de observação, ele estava parado encostado na parede, e ela quando o viu, se assustou.

  - Molhou sua blusa. - ele aponta para a blusa dela, ela ri.

  - Estava morrendo de sede. - comenta voltando para o campo, e ele se põe ao seu lado.

  - Eu vi, pensei até que iria secar o departamento de água de Londres. - Emily ri do tamanho exagero de Ken, e ele ficou feliz por vê-la sorrir.

  - Ela não teve uma boa noite de sexo, e desconta em nós, fazendo-nos correr em volta desse campo enorme! - realmente era só mais um ódio para acarretar na lista de Emily, e ele sabia que ela estava se referindo a professora.

  - Com uma boa noite de sexo, acordamos felizes? - pergunta ele. Emily cora, mas responde.

  - Óbvio.

  - Então acho que é por isso que ando acordando triste e de mau humor.

  Ela ri dele novamente. Uma coisa Emily tinha que admitir: ele era um dos caras mais engraçados que ela conhecia.

  A semana passara tão rápido, rápido ao ponto de Emily não conseguir fazer um trabalho que precisava entregar. Ela batucava o lápis na sua mesa, enquanto os alunos iam conversando. Ela se culpava por não ter lembrado-se do trabalho, nunca acontecera isso antes, e isso realmente a chateou.

  - Lil, sua sorte é que eu sou prevenido. - Kentin joga um arquivo em sua mesa, envelope amarelo, e com nada escrito.

  - O que é isso? - pergunta ela, colocando a mão por cima.

  - Um trabalho de história, meu período preferido é a segunda guerra, achei que pudesse fazer dois trabalhos. - ele sorri sentando-se na mesa, ela o olha pensando que ele era um idiota por fazer dois trabalhos, mas agradeceu à Deus por isso.

  - Quanto lhe devo? - pergunta Em, abrindo o envelope.

  - Nada.

  - O que é isso? - ela puxa uma caixinha de CD junto com o trabalho.

  - Um CD que gravei para você. Tem umas músicas que eu gosto e acho que irá gostar também, e umas mixagens que peguei na internet.

  - Você não existe, geek boy.

  Kentin estava feliz com mais um apelido, e ela realizada com o CD e um trabalho de história. Com o passar daquela semana, o relacionamento deles ficou melhor, Ken sabia-a fazer sorrir e rir, e ela pensava que a amizade dele estava sendo melhor do que pensava.

  Nenhum dos dias da semana seguinte foram suficientes para a Sra. Morgan, mãe de Emily, a levasse para escolher o vestido do baile, as meninas haviam escolhido os vestidos no final de semana, com suas mães, as duas juntas, enquanto ela não tinha um vestido, nem um par, e já se contentara em não se inscrever para rainha do baile. Não é só isso que a incomoda, James percebeu que o namorado está mais próximo de Emily, e não ficou nada feliz com isso. Emily sabia que ele não estava feliz com isso, pois James estava evitando-a naquela semana, e ela pensara exatamente isso: James estava com ciúmes da amizade dela com Kentin.

  - Desculpa, não posso hoje, eu preciso comprar meu vestido. - Emily ajeitava seus cadernos na classe após a aula do Mr. Collins.

  - Eu posso ir junto com você, lil?

  - Está sugestivamente exposto a andar comigo por várias lojas da Union Street? - ela arqueia levemente sua sobrancelha e ele dá um sorriso torto.

  - Estou disposto a essa tortura.

  - Achei que gays gostassem de fazer compras! - comenta andando em direção à porta da sala.

  - Gays, eu não.

  Não sabia muito bem sobre o que pensar quando ele falou isso, então preferiu ficar sem pensar nada sobre ele. Aceitou seu convite de ir junto dela comprar o vestido, afinal, ela precisava de alguém que a visse nos vestidos para concordar. Ken pegou o carro dela na carona, deixou sua moto na escola, mas ela prometeu que passaria na casa dele pela manhã para leva-lo a escola. Na rua, Emily entrava em quase todas as lojas, não escolhia nenhum vestido preferido, e Kentin achou estranho o comportamento da moça quanto às roupas, normalmente as meninas iriam experimentar todos os vestidos.

  - Se eu for experimentando muitos, vou querer levar mais de um para usar, e o baile é único. - ela responde a pergunta de Kentin, passando a mão pelos vestidos coloridos da arara.

  Kentin a admirara em alguns - poucos - vestidos que ela experimentara. Mas somente na última loja que eles foram, ela experimentou três vestidos. Mostrou um amarelo fraco, com pedrarias na barra da saia, e franjas na alça. Ele reprovara porque o amarelo não havia contrastado com sua cor pálida de branca de neve. O outro foi um rosa pink, no qual tinha pedrarias e bordados na parte do busto e era realmente muito lindo, mas Ken a alertou, dizendo que muitas usariam rosa naquela noite. Então Emily se deu por vencida e provou o último vestido do dia, o qual ela não pensou duas vezes em levar e não mostraria para Kentin. Enquanto a moça arrumava o vestido na caixa redonda e o colocava dentro de uma sacola, eles esperavam no caixa.

  - Por que não me mostrou esse que irá levar? - pergunta Kentin, curioso.

  - Porque esse é especial, quero chegar no dia e ver o espanto de muitos. - ela sorri de maneira sexy e ele se derrete por dentro, olhando para a sua boca e pensando no quão bom deve ser beija-la todas as manhãs, todos os dias, a hora que quiser.

  O baile seria daqui duas semanas, a apresentação dos amigos foi ontem. Mr. Collins estava realmente feliz com todas as apresentações, mas a que mais o chocou foi a de Kentin e Emily. O trabalho foi incrível, e toda a sala também gostou, ninguém ficou parado, todos participaram e mostraram estarem gostando da aula. James havia apresentado naquela manhã, antes do intervalo que agora estavam, e ele não estava com seu humor de sempre, ele estava incomodado por ter sido deixado de lado desde que Kentin começou a andar com Emily.

  Após o sinal tocar, Emily se atrasou no banheiro das meninas, enquanto arrumava sua saia. Ela saiu do banheiro e deu de cara com seu amigo.

  - Kentin, não deveria estar na aula? - pergunta a menina.

  - Deveria, mas eu sabia que estava aqui e resolvi esperar.

  - Esperou numa má hora, irei cabular esse horário. - ela torce os lábios enquanto cuida se a inspetora está pelo corredor.

  - Cabularemos juntos, tudo bem para você? - sua barriga se revira, ela sente um breve calafrio, mas não vê nada demais, será até legal ter uma companhia, então concorda.

  Juntos andaram pelo pátio da escola, cuidavam os lados para não acharem a diretora, muito menos a inspetora. Havia algumas pessoas na quadra e algumas no campo, mas nenhuma que pudesse apresentar risco para ambos. Sentaram-se longe, próximo as árvores da escola, depois de passarem o campo. Kentin ofereceu um casaco extra que tinha em sua mochila para Emily sentar-se sobre ele, e ela aceitou.

  - Qual foi o motivo da falta? - Ken refere-se à aula que estão matando no momento.

  - Não estava afim de vir, mas minha mãe me acordou, fiquei até o intervalo, mas não aguentaria mais um momento dentro da sala.

  - Ás vezes a escola é um saco. - Kentin recolhe uma pedra do chão e a toca longe.

  - Agradeço por ser meu último ano.

  - Nosso último ano. - ele a corrige e ela ri, colocando o cabelo para trás da orelha.

  A conversa fluía genuinamente. Ele estava a fim de ficar mais tempo, ela até que também queria, mas ao mesmo tempo precisava ir para casa pensar sobre tudo no final do ano letivo. Ambos na verdade precisavam ir embora. Foi quando o sinal tocou, eles andaram rindo e brincando até a entrada da escola. James observou a seguinte cena e ficou com ódio. Vários motivos o levaram a pensar muitas coisas: 1 - Ele tinha cabulado aula. 2 - Ele não tinha avisado nada a ele. 3 - Ele estava distante e frio demais. 4 - Ele sabia que não era algo normal.

  No outro dia, Emily estava sorridente, até ver de longe James e Kentin conversando. Liss e Becky falavam sobre os penteados, enquanto ela estava curiosa para saber o que se passara naquela conversa. Ela estava pensando no que Kentin poderia estar ouvindo de James, e só de pensar nisso, seu coração ficou congelado. A conversa, de longe para ela, e de muito perto para eles, não estava tão amigável. James estava realmente bravo, Kentin sabia que ele tinha razão e se sentia um idiota por isso, mas ele não poderia negar o que estava mais do que na cara: não era James que ele queria, ele queria a bela de cabelos castanhos escuros, olhos esmeralda e pele pálida e na maioria do tempo gélida. Ele queria Emily.

  - Você é um idiota, eu deveria saber disso. - James estava impossível, falando mil coisas, ou melhor dizendo, cuspindo.

  - Chega! - Kentin ordena. - Acaba comigo de uma vez e mande-me a merda, diga que nunca mais quer olhar na minha cara, será melhor do que estar ouvindo tudo isso. É difícil pra você, eu sei, mas não diga que está sendo fácil pra mim.

  - Okay, acabou.

  As seguintes palavras foram quase apagadas do seu cérebro enquanto ele ouvia o que James dizia. Ele só estava pensando numa coisa, um jeito melhor de se aproximar de Emily. Agora não há nada que o impeça.

  O clima não era mais o mesmo na rodinha de amigos quando estava James e Kentin. Se estava somente um dos dois, eram conversas e risadas, tudo que tinha antes, mas se os dois estavam, parecia que a conversa sumia de vez. Emily queria se sentir culpada, mas ela não conseguia. Por mais que seja o seu amigo que tenha quebrado o coração com um cara o qual está virando seu amicíssimo, ela se martirizava por estar feliz. De certa forma ela sabia o porquê sentia isso, mas preferia enganar-se a si própria do que admitir tamanho sentimento.

  O baile chegou. A bela Emily recebera o convite há duas semanas atrás do Eric, menino da outra classe. Ela estava pronta, e estava se sentindo linda, esperava que a noite fosse perfeita, afinal, é seu último baile do ginásio. O corsage de flores azuis claras foi posto em seu punho, enquanto Eric a cumprimentava. Ambos pararam ao lado do outro para tirar a foto que a mãe de Emmy queria tanto. Ela estava realizada com a sua última e primeira date. Ambos entraram na limusine e seguiram até o ginásio, local da festa.

  Quando os dois entraram no baile, Kentin logo viu sua amiga, ela estava radiante. E não era pelo holofote que colocaram nos dois para sinalizar que mais um par havia chego, mas sim porque aquele vestido que ela escolhera era o melhor que ele havia visto, talvez ficasse normal em outra garota, mas nela havia ficado magnífico. O azul magistral, composto por uma grande fenda ao lado, na saia, e no busto lindas pedrarias pratas, com aquela sandália de salto, também prata, havia ficado lindo. Todos sentiam que aquela noite seria especial, a dança estava animada, mas logo na primeira dança mais lenta, Emily apoiou sua cabeça no ombro de Eric e ficou pensando em tudo que estava acabando. Nos momentos que havia passado, e nos amigos que talvez nunca mais visse. Olhou para Liss dançando com seu acompanhante, rostos colados, olhou para Becky, acompanhada de Carl, também aparentando estar muito feliz. Viu Jerry conversar com uma menina, sentados na mesa, e James... Bom, James estava conversando com Harry, e o papo parecia ir além de amigos. Finalmente estava tudo se encaixando.

  - Vou buscar ponche pra nós. - Eric avisa para Em, que assente.

  Bon Jovi começou a tocar. Kentin havia dito a ele mesmo que ela não iria ficar sem dançar, então ofereceu sua mão à bela moça, pela qual fez uma reverência a seu pedido e foi tomada em seus braços. Dançaram sob a luz fraca e o globo que estava pendurado no meio do ginásio. Eric retornou com o ponche em mãos, mas Kentin apenas disse que ela não queria beber. Em, por sua vez, ri baixinho da atitude dele.

  - Você está magnífica esta noite. - ele fala quando a gira na dança.

  - Dei o meu melhor. - ela balança os ombros e ele ri da sua modéstia.

  - Podemos fugir? - pergunta Kentin.

  - Para quê? - interroga Emily.

  - Quero beija-la, e receio que fazer isso aqui, seria um pouco impróprio. - ele faz um sinal de pouco com seus dedos e ela ri.

  Emily o puxou pela nuca, ambos sabiam o que viria depois. Suas bocas entreabertas se juntaram, as mãos da moça laçaram o pescoço dele. Suas línguas pareciam já se conhecer muito bem, a sincronia estava tão perfeita quanto como de um time de nado artístico. Emily sentia que aquele beijo era o melhor que recebera na vida, e Kentin sentia-se com a sensação de missão cumprida, mas um sinal em sua cabeça alertou: nada acabou, apenas começou. Já para Emily, o sinal foi: ela pode odiar todas as coisas, sentir raiva facilmente, mas sempre há um porto seguro. Ela nunca sentiu ódio por ele, agora muito menos. Ela sentia-se com o poder de voar, e ele com o poder de dar asas para ela.

FIM



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