On The Third Floor

Escrito por Lary Camargo | Revisado por Natashia Kitamura

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Capítulo 1 - Room on the third floor

   voltava da secretaria da Saint Mary’s University com alguns papéis na mão e estava feliz como há muito não se sentia.
   Um dos papéis era sua rematricula no mestrado. Um ano inteiro trancado e agora ela se sentia metade animada e metade com medo: teria de se acostumar com aquela vida mais uma vez. E teria de estudar duas vezes mais e trabalhar duas vezes mais para recuperar o tempo perdido. E a confiança de seu orientador.
   O outro papel era algo que a trazia nostalgia e alegria misturados numa proporção perfeita. Tinha se candidatado a Representante de Andar e havia sido escolhida. Além de não pagar a própria moradia (o que era um alívio, pois sobraria algum dinheiro para mandar para casa), ainda poderia morar no lugar em que havia habitado durante todos os outros anos de faculdade: O terceiro andar da Saint Patrick’s Residence.
   Ela andava em direção ao estacionamento onde seu carro e suas coisas estavam e um grupo de calouros passou por ela sendo escoltados por seus veteranos, provavelmente de alguma república ali perto. Risadas, gritos, os já conhecidos xingamentos dos veteranos a seus calouros... se sentiu de volta! Ainda era estranho, pois ela não costumava ver aquilo de fora, mas ainda era como ela se lembrava... E era bom!
   A Saint Patrick’s Residence (SPR) não ficava muito longe dali, provavelmente nos outros dias viria a pé para a universidade. Logo encontrou o prédio e sentiu de novo aquele misto de nostalgia e alegria. Estacionou o carro e retirou as malas que conseguia carregar...
   O terceiro andar. colocou as malas no chão e se apoiou na parede por um momento. Todos os corredores do SPR eram iguais: cinco quartos ao longo do corredor e um no fundo, o quarto do RA. Do lado aposto do corredor, onde estava, ficava a escada, o elevador e uma porta que dava para a cozinha comum.
   O ano letivo ainda não havia começado, por isso duvidava que já houvesse alguém lá. Era só ela, o corredor e suas lembranças. Lembranças dos melhores anos de sua vida... E da pior e mais desesperadora época de todas também.
   Balançou a cabeça para se livrar de todos aqueles pensamentos e tirou a chave do bolso. Seu novo quarto não lhe era estranho tampouco... Havia passado várias noites, vários dias, pre parties, ressacas, risadas e lágrimas ali quando ele ainda era habitado por outra pessoa. Costumava ser o QG de sua turma...
   começava a retirar suas coisas da mala quando ouviu passos no corredor.
   “Então é verdade! Arranjaram uma nova RA pro 3º andar!” – Disse uma voz à porta. se virou e seu sorriso aumentou de tamanho ao ponto de quase rasgar suas bochechas. Parada ali estava alguém que ela não via há aproximadamente 6 meses.
   “!” – Ela correu abraçar a amiga. Sentia tanta falta dela!
   “Como você chega aqui e não me avisa?” – perguntou, se soltando do abraço e colocando as mãos na cintura.
   “Acabei de chegar, sua maluca! Sai da secretaria e vim pra cá descarregar o carro!” – apontou para a bagunça que seu quarto estava. – “Mas olha só pra você! Paris te fez muito bem, hein?”
   usava uma bota com tachinhas, short jeans e uma blusa que caia nos ombros. Moda era sua vida e ela agora tinha uma loja onde vendia as próprias criações. Era mais velha que e havia sido a RA do 3º andar quando ambas estudavam na universidade.
   “Obrigada!” – riu e jogou o cabelo. – “E você? Como estão as coisas em casa?”
   colocou mais uma pilha de roupa em cima da cama antes de responder.
   “Tudo bem... Eu acho... Bom, não foi fácil voltar e deixar tudo lá de novo... Mas é só mais um ano! Terminar meu mestrado e ir embora...”
   “Você mal chegou e tá falando em ir embora?” – As duas riram. – “Vamos nos concentrar no agora! E AGORA nós vamos tomar um sorvete e você vai conhecer minha loja!”
   “Tomar sorvete? Na minha época, a gente tomava tequila!” – zombou.
   “São 4h da tarde, , se comporta!”
   As duas riram mais e se levantou para irem à sorveteria. Quando estava trancando a porta, ouviu o barulho de passos. O rosto sorridente de um garoto apontou no fim do corredor.
   “LIAM!” – exclamou ao ver quem era.
   O garoto retribuiu com um sorrisão ao ver as duas também.
   “! ! O que estão fazendo aqui?” – Liam se demorou um pouco mais ao analisar ... Estava faltando alguma coisa, mas ele não se sentia confortável para perguntar.
   “Voltei pra terminar meu mestrado!” – Ela respondeu, indo abraçá-lo e sendo seguida por . – “Sou a nova RA do 3º andar!”
   “Isso é ótimo!” – Liam falou, ainda sorrindo. Era um garoto totalmente adorável.
   “E onde estão os outros estudantes?” – perguntou olhando em volta.
   “Fui o único que sobrou da última leva... Murs foi pra JJJ, Sheeran trancou a faculdade, Ferguson se formou...”
   “Aaaah, seremos só nós dois então?” – perguntou. Poxa, queria tanto ser uma RA tão legal quanto tinha sido!
   “Não seja tão otimista! Daqui a pouco isso aqui vai estar fervendo de calouros barulhentos, perdidos, em crise...” – Liam respondeu rindo e fazendo as garotas rirem.
   “E como vai a...” – começou, mas recebeu uma cotovelada de , que mudou de assunto.
   “Estamos indo tomar sorvete, Payne... Quer ir com a gente?”
   “Obrigada, meninas, mas acabei de chegar... Vou desfazer as malas. Mas prazer revê-las!”
   Os três se despediram e as meninas continuaram seu caminho para a sorveteria.

  Liam entrou em seu quarto e a primeira coisa que viu foi um porta-retratos que mantinha ao lado da cama. Viu sua própria imagem sorrir de volta enquanto abraçava uma garota morena muito bonita. A garota sorria também. Foi até o porta-retratos e o virou, colocando a foto para baixo.
   Sentou-se na cama ainda sentindo tanta dor quanto havia sentido durante os últimos dois meses. Danielle ainda era a garota que mais tinha amado e terem terminado o namoro no começo do verão tinha sido o momento mais triste de sua vida. Sabia que voltar era ainda pior, pois a encontraria por aí em festas, pelo campus... Teria que ser forte e teria que se acostumar... Talvez ela arranjasse um namorado, talvez ela JÁ tivesse um novo namorado... O simples pensamento de vê-la com outro fazia doer mais. Liam deitou na cama com as mãos cobrindo os olhos. Teria que se distrair! Procuraria um estágio, aulas extras, festas... Qualquer coisa para acostumar o próprio cérebro a não pensar em Dani.
   Naquela mesma hora recebeu uma mensagem. Sua salvação.
   “E aí, Payne? Já chegou? Vem pra JJJ, tem até um calouro seu aqui! O. Murs”
   “Ótimo!” – Pensou. Festa, trote nos calouros. Sem horas de insônia pensando nela. Sem Dani. Nada de Dani pra ele. Estava em reabilitação do seu namoro.
   “Vou só desfazer a mala e já vou. Calouro? Qual o nome dele? L.Payne”

  “QUAL SEU NOME, CALOURO? E PORQUE VOCÊ TÁ RINDO, IMBECIL?”
   “Niall, Niall Horan!” – O calouro sorridente respondeu. Ele quase dava pulinhos no mesmo lugar de animação. Tomar trote só parecia deixá-lo mais feliz.
   “Que sotaque é esse? Fala direito, porra!” – Um dos veteranos gritou.
   “Sou irlandês!” – Ele respondeu, ainda sem conseguir parar de sorrir. Bom, aquilo explicava bastante.
   “Tá achando que a gente é palhaço, calouro? Pra ficar rindo da gente?”
   “Não, não...” – Niall fechou o sorriso e balançou a cabeça, ainda meio “quicando” de empolgação. Estava mesmo na faculdade! Numa república de verdade! Tomando trote de veteranos de verdade!
   “Você vai ser nosso bobo da corte hoje, Horan! Sua função vai ser nos divertir na festa. Qualquer um que peça, você tem que obedecer!”
   O veterano passou um chapéu de bobo da corte para ele, que colocou sem reclamar.
   “Eu... Eu posso buscar meu violão no quarto?”
   Os veteranos se olharam. Até que enfim um calouro que valesse a pena!
   “Vai lá, Horan... E na volta, enche a geladeira de cerveja!”
   “Ok!”
   “Sem colocar o violão no chão!”
   “Mas como...”
   “SE VIRA, CALOURO BURRO! NÃO QUERIA PEGAR O VIOLÃO?”

  Na estação de trem da cidade, uma garota olhava interessada para as outras pessoas que passavam.
   “Filha? Pegou tudo?”
   A garota se virou para a mãe e fez que sim com a cabeça, abrindo um sorriso.
   “E o endereço do lugar?” – A mãe tornou a perguntar. Ela retirou um documento do bolso de trás da jeans que usava. O papel dizia “Saint Patrick’s Residence – 3º andar, quarto 302.”
   “Vamos pegar um taxi então... Vai ser mais fácil!”
   “Quem diria, ! Estudante de arquitetura e bolsista na Saint Mary’s University exatamente igual seu pai!”
   É... Pois é... só queria se sentir tão animada com aquilo quanto seus pais. Não que não gostasse de arquitetura... Era uma área que realmente a agradava, mas ainda não tinha ideia se era aquilo que queria para o resto de sua vida.
   Mas tinha se esforçado tanto para estar ali e conseguir a bolsa! Não era justo com ela ou seus pais que não se empenhasse agora. Além do mais, não havia outra opção que ela julgasse melhor naquele momento. Sorriu para a mãe.
   “É! É verdade! E vou morar no mesmo lugar que ele!”
   O taxi estacionou em frente ao grande prédio do residencial e e sua mãe desceram e pegaram as malas.
   Na portaria, um senhor risonho lhes entregou a chave do quarto 302 e as duas subiram.
   “Hey!” – ouviu quando estava a porta de seu quarto. Um garoto na porta em frente a cumprimentava.
   “Ah... Oi!” – Ela se virou para o garoto alto e bonito, que exibia um sorriso que quase fazia seus olhos fecharem.
   “Seja bem vinda ao 3º andar do SPR! A nossa Representante de Andar não está aqui agora, mas ela mora ali no fundo. O nome dela é .” – Ele apontou para o quarto nos fundos do corredor. – “E se você precisar de qualquer coisa, pode bater aqui também!” – E apontou para a própria porta.
   A garota sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Obrigada!”
   “Ah, eu sou Liam Payne!” – O garoto estendeu a mão e e sua mãe a apertaram sorrindo.
   “Eu sou ... !”
   “Prazer, ! Eu tô indo numa festa agora, mas qualquer coisa é só gritar!” – Liam se despediu delas e desceu as escadas acenando.
   “Andar bem frequentado!” – Mrs. comentou, acotovelando .
   “MÃE!” – disse, rindo. – “Além do mais, eu vim aqui pra estudar, certo?”
   “Certo!” – A mãe respondeu e as duas entraram no quarto.

  “Que roupa é essa caloura? Tá achando que pode aparecer aqui de pijama?” – Uma garota alta, magra e loira falava enquanto inspecionava a fila de calouras de sua república.
   tirou os olhos de sua camiseta do Pearl Jam sentindo uma antipatia extrema pela garota a sua frente. Mandá-la para um lugar cheio de patricinhas devia ser o que seu melhor amigo considerava uma boa piada. Bom, olhando pelo lado dele... Era mesmo uma boa piada.
   Olhou em volta, para as outras veteranas... Todas pareciam modelos saídas do Victoria Secrets Fashion Show. Seus olhos pararam em uma delas, que rolava os olhos a cada palavra do discurso da life size Barbie e sentiu uma certa simpatia por ela. A garota também era muito bonita e elegante, mas era a única que não parecia fazer muito esforço para tal. Era naturalmente linda.
   “Qual o seu nome, querida?” – A Barbie apontava para uma garota no meio da fila.
   “Lottie. Lottie Tomlinson.”
   “Lottie! Olhem para essa garota, calouras! Bem vestida! Maquiagem impecável! É assim que vocês devem andar enquanto fizerem parte da nossa família. Não se esqueçam que essa republica se chama Monte Olimpo! Ou vocês nos representam como deusas, ou podem ir embora!”
   contou até 10 para não sair pela porta, mas se lembrou que não tinha para onde ir, já que seu amigo ainda estava de férias. Merda!
   O discurso absurdo da loira insuportável ainda durou mais uns quinze minutos e quando finalmente acabou, recebeu mais um olhar de reprovação pela sua roupa. Rolou os olhos e pegou a mochila em seus pés para seguir para seu quarto. As calouras se distribuíam pelos quartos das já moradoras durante a primeira semana, até que se decidissem se iam ou não morar na republica.
   Para seu alívio, ao abrir a porta encontrou a garota que parecia ser legal. Ela sorriu ao vê-la.
   “Hey, não liga pra Taylor... Ela parece ser um pé no saco, mas é só porque fica nervosa no começo do ano! É uma grande responsabilidade cuidar de todas as calouras...”
   duvidava que a tal Taylor pudesse ser mais agradável, mas não queria discutir com a única veterana que parecia humana.
   “Tudo bem... Meu nome é !”
   “Oi, eu sou Eleanor Calder! Tô no 3º ano de moda!”
   “Eu vou começar Letras!”
   “Ah, que legal! Estudamos no mesmo prédio... Eu posso te ajudar a achar suas salas!”
   “Muito obrigada!”
   “Bom, vou descer agora... Fique a vontade... E, a propósito, adorei a costumização da sua camiseta!”
   Ela era mesmo uma garota legal. sorriu e foi tirar as coisas de sua mochila. Mas não sem antes enviar uma mensagem.
   “Vou te matar, seu viado!”

  “Adorei a loja, ! Tá tão a sua cara!” – e voltavam para o dormitório ainda tomando sorvete.
   Ao chegarem à porta do SPR, um garoto saia e segurou a porta aberta para elas. Era um garoto alto, de cabelo preto e enrolado e os olhos verdes. ainda se virou para trás para vê-lo saindo e ele também olhava por cima do ombro. Ambos sorriram um para o outro.
   “Na minha época não era assim não!” – Ela comentou, fazendo rir.
   As duas pararam à porta do quarto de e se sentaram no corredor.
   “Tá pronta?” – perguntou, terminando seu sorvete.
   “Pra começar tudo de novo? Não sei...” – respondeu, também finalizando seu sorvete. – “Mas deve ser um bom sinal eu ter sido escolhida pra ser a RA do 3º andar, não?”
   “Não entendi...”
   “Não sei se isso é destino ou acaso... Mas o que quer que seja, eu sinto como se estivesse voltando pra começar exatamente de onde parei.”
   “É... concordo com você. Deve ser um bom sinal! De qualquer forma, é um recomeço... Recomeços são sempre bons...”
   “É uma nova chance... E eu vou viver como se fosse a última!”
   sorriu e se encostou no ombro da amiga.
   “De volta ao terceiro andar então...”
   “De volta ao terceiro andar!”

Capítulo 2 - Saturday Night

  O despertador tocou em algum lugar longe e precisou de algum tempo para se lembrar que era seu relógio. Era a primeira segunda-feira de sua vida nova... Ou sua vida velha.
   Se levantou e trocou de roupa, mas estava tão desacostumada a essa rotina, que se atrasou entre levantar, ir ao banheiro, se trocar e juntar suas coisas. Estava pensando no que iria comer antes de ir para o laboratório, já que ainda não tinha feito compras. Teria tempo de passar na lanchonete do campus?
   Saiu de seu quarto e encontrou a única caloura de seu andar. saia da cozinha em direção a seu quarto e ainda tinha aquele ar perdido que os novatos geralmente têm.
   “Bom dia ! Como vai?” – falou, chamando sua atenção.
   “Ah, oi!” – Ela disse tímida. – “Bom dia... Eu... Hum... Posso fazer uma pergunta?”
   “Claro que pode!”
   “Eu não sei bem onde fica o prédio da Engenharia & Arquitetura. Você pode me ajudar?”
   estava um pouco atrasada, mas era sua função ajudar as pessoas de seu andar. Deveria ter se lembrado disso! Anotou em seu caderninho mental que precisaria sempre acordar antes para ver se estava tudo em ordem.
   “Claro que posso!” – Ela disse, trancando a porta de seu quarto. – “Tá pronta?”
   “Vou só pegar minhas coisas.”
   entrou em seu quarto e checou rapidamente seu relógio. E então, do 301 surgiu a solução. Liam apareceu comendo uma rosquinha e ajeitando a mochila no ombro.
   “Bom dia, !”
   “Bom dia Liam! Como vai? Como foi a festa na JJJ ontem?”
   “Muito boa! Acho que sábado tem outra! Vamos?”
   “Vamos ver... Não sei se estou nesse pique mais...”
   apareceu de volta com sua mochila.
   “Vamos?”
   sorriu e lançou um olhar pidão para Liam.
   “Liam? Você tá indo pro prédio da Engenharia? A pode ir com você?”
   O garoto sorriu e se virou para a caloura.
   “Engenharia também?”
   “Arquitetura...” – disse, olhando para o chão.
   “Pô, caloura! Arquiteto é empregado de engenheiro! Escolheu mal, escolheu mal!”
   Ela levantou os olhos, se perguntando se ele estava brincando ou não, mas se deparou com a expressão brincalhona do veterano.
   “Tô brincando! Fica tranquila, arquitetura aqui na Saint Mary é uma das melhores do país... Você vai se dar bem!”
   “Ouvi dizer...” – Ela respondeu.
   Eles sorriram um para o outro e checou o relógio mais uma vez.
   “Bom, Liam vai com você, ok ?” – A garota fez que sim com a cabeça. – “Então vamos juntos até lá embaixo!”
   Os três desceram no elevador juntos e se separaram ao chegar em frente à porta do dormitório. seguiu para a direita, para o prédio da Medicina e Liam e para o lado esquerdo.
   Não daria tempo de comer, pensou ... Teria que ir falar com o seu orientador e só então tomar café da manhã.

  “Caloura? Tá pronta?” – Eleanor abriu a porta do quarto e perguntou a , que ajeitava seus livros e escolhia quais levaria em seu primeiro dia de aula.
   “Tô sim... Nós já vamos?”
   “Uhum. Lottie vai com a gente, é minha caloura em Moda também.”
   As duas saíram do quarto e bateram no de Taylor, onde Lottie estava ficando. Não era do agrado de ter que ver a cara da veterana mala logo cedo, mas a missão de evitá-la ficava cada dia mais difícil. Só estava naquela república de patricinhas ainda porque Eleanor era uma das garotas mais legais que já conhecera.
   Para seu alívio, Lottie estava sozinha no quarto e apesar do que o pré julgamento de havia avaliado, ela não era uma wannabe Taylor. Era uma garota muito boazinha e meiga. Era apenas realmente apaixonada por Moda.
   As três saíram em direção ao campus observando o movimento da rua onde a maioria das republicas ficavam.
   “Mas porque você não mora com seu irmão, Lottie?” – perguntou, enquanto elas conversavam sobre suas famílias.
   “Ele mora no Saint Patrick’s Residence e os quartos são individuais... Além disso, eu sempre quis morar em uma república, então ele me indicou a Monte Olimpo.”
   “Qual o nome dele mesmo? Não sei se o conheço.” – Eleanor perguntou, franzindo a testa como se estivesse se esforçando para lembrar.
   “Louis. Está no 4º ano de Engenharia Elétrica...”
   “Acho que não conheço muitos engenheiros... A maioria mora nos residenciais mesmo.”
   “Vou convidá-lo para a festa da JJJ no sábado!”
   “Isso! Convida mesmo! Vai ser legal conhecer seu irmão!”

  “!” – Dani se levantou do computador e foi até a porta do laboratório abraçar a amiga que não via há eras. – “Em que buraco você se escondeu, mulher?”
   “Resolvendo umas pendências não planejadas...” – As duas riram. – “O que eu perdi nesse ano fora?”
   “Além do meu mestrado?” – Dani falou, se fingindo de ofendida.
   “Um dia você vai me perdoar por não ter vindo na sua Defesa?” – perguntou, tirando sua bolsa dos ombros e colocando-a na bancada.
   “Vou pensar no seu caso... E você, como está? E a , já encontrou com ela por aí?”
   “Encontrei ontem... Vamos almoçar juntas nós três hoje? A gente tem tanto papo pra colocar em dia!”
   Dani bateu palmas.
   “Aaaah, eu topo!”
   “Encontrei o...” – começou a dizer, mas parou de falar ao observar um garoto abrir a porta do laboratório. Ele era moreno e tinha traços orientais, tipo indiano. Era magro e tinha olhos castanhos muito brilhantes. precisou piscar algumas vezes para ter certeza de que não era uma miragem.
   “Isso é hora, Malik?” – Dani perguntou rindo.
   “Não me enche, Payzer!” – O garoto respondeu. Tirou a mochila, guardou seu capacete no armário e se voltou para as duas, olhando para com curiosidade. – “E você é...”
   “Eu sou . Comecei meu mestrado aqui e...”
   “Ah sim!” – O garoto a interrompeu. O que tinha de bonito, tinha de... não sabia dizer bem. Não era mau humor. Era um misto de impaciência e gênio forte... E algo que deveria ser um “quêzinho” de bad boy. – “Foi você quem trancou o mestrado porque...”
   “Exatamente!” – Foi a vez de interrompê-lo. Se virou então para Dani. – “Alexander já chegou?”
   “Acho que ainda não... Ele sempre passa aqui para dar bom dia.”
   “Bom, então vou continuar aqui com você e o... Como é seu nome mesmo?” – A garota perguntou, se virando de novo para o recém chegado.
   “Zayn. Zayn Malik.” – Ele respondeu, dando um sorriso de lado e retirando a jaqueta para colocar o jaleco. pode ver as tatuagens de seu braço direito aparecendo onde acabava a manga. – “4º ano de Biologia, Iniciação Científica.”
   “Prazer!” – Ela disse, ainda meio hipnotizada pelo garoto. Mas antes que pudesse prolongar o assunto, Professor Alexander apareceu sorrindo para os três.
   “Muito bom dia! , então você voltou mesmo?!”
   sorriu.
   “Acredite se quiser...” – Ela respondeu.
   “Vou buscar um café e te espero na minha sala.”
   A garota fez que sim com a cabeça e respirou fundo. Era como se o juiz tivesse finalmente apitado o início do segundo tempo.
   voltou da sala do orientador algum tempo depois com uma folha cheia de “tarefas” que deveria fazer para retomar seus estudos. Sabia que apesar de ter passado aquele ano fora estudando bastante nas horas vagas que tinha, ainda não estava “em forma”... Era justo que seu orientador cobrasse mais dela agora.
   “Deu tudo certo?” – Dani perguntou, levantando os olhos do microscópio.
   “Até que ele não quis me matar tanto...” – Ela falou bem humorada, colocando a folha em cima da mesa e já ligando o notebook para começar suas pesquisas.
   Elas continuaram um tempo em silêncio e Zayn de vez em quando entrava no laboratório e depois saía para trabalhar em outro lugar. não se conteve.
   “Hey, Dani... De onde surgiu?” – Ela perguntou, se virando para a amiga e apontando para a porta. Dani riu.
   “O Zayn? Veio conversar com o Alexander no começo do ano para fazer a Iniciação Científica aqui... É meio malinha, mas até que trabalha direitinho...”
   “Ele é um gato!” – acrescentou e as duas riram.
   “É, é mesmo... Mas cuidado, hein? Esse aí adora tirar onda de pegador!”
   “Ih... Não se preocupa! Tô vacinada!”
   se lembrou que ainda não tinha mandado uma mensagem para , chamando-a para almoçar com as duas. Quando terminou de digitar, se voltou para Dani.
   “Alias, fui escolhida RA do 3º andar... Encontrei o Liam ontem!”
   A garota olhou para baixo e coçou a cabeça, sem graça.
   “Nós não estamos juntos mais...”
   De repente tudo fez sentido.
   “Ai caramba! Desculpa Dani!”
   “Não, tá tudo bem... Foi no começo das férias. Eu acho que o namoro se desgastou por sermos de idades tão diferentes...”
   “Poxa Dani, eu não sabia mesmo, senão nem tinha perguntado. E você tá bem?”
   “Não 100%, mas vou ficar. Essas coisas acontecem... Não era pra ser...”
   mordeu o lábio e ficou sem saber se deveria continuar falando sobre aquilo ou não, mas Dani deixou o assunto morrer e ficou um tempo olhando para o nada. Aquilo era triste, os dois era um dos casais mais bonitinhos que já tinha visto.
   “ respondeu?” – Ela perguntou, sorrindo ainda meio triste e querendo mudar o foco da conversa. – “Tô louca pra saber de Paris!”
   olhou para o celular e viu que havia respondido e confirmado o almoço.
   “Sim! Ela espera a gente na loja.”
   “Ótimo!”
   As duas voltaram a trabalhar até dar a hora do almoço.

  A semana passou tranquilamente, seguindo o roteiro de uma típica primeira semana do ano letivo: Os calouros tomando trote, se perdendo pelo campus e conhecendo professores carrascos, incríveis ou que simplesmente não fediam, nem cheiravam. começava a se reacostumar com seus horários e a função de RA por enquanto não pesava, pois só tinha que “cuidar” de Liam e . Liam, por sua vez, respirava aliviado por ter passado aquela primeira semana sem encontrar Dani... Era mais fácil assim. continuava sendo um peixe fora d’água na Monte Olimpo e se sentia frustrada por ainda não ter encontrado seu melhor amigo para bater nele tanto quanto ele merecia.
   Mas enfim, o sábado tinha chegado e isso significava a tradicional Primeira Festa do Ano Letivo na JJJ!
   estava deitada na cama de com as pernas para cima. Alguém precisava ter contado a ela que trabalhar 6 dias por semana e ser a gerente, atendente e caixa da própria loja era muito cansativo! A amiga terminava alguma coisa no computador.
   “Já decidiu se vamos na JJJ ou não?” – perguntou, levantando os olhos.
   se espreguiçou.
   “Hum... Não sei se tenho esse pique mais não... Além do mais, vai ter alguém que a gente conheça?” – Ela perguntou. – “Dani vai?”
   “Dani tá pior que a gente... E ela ainda tá evitando o Liam...”
   “Não acredito que os dois terminaram... Por isso eu não acredito no amor!”
   riu. Tinha perdido as contas de quantas vezes tinha ouvido dizer que não acreditava mais no amor. Mas não podia culpá-la... Ultimamente ela também não acreditava.
   “Ok então... O que vamos fazer? Sair pra comer?”
   “É uma boa! Tem um restaurante novo na cidade!” – se levantou e vestiu as botas. – “Vamos?”
   desligou o computador e as duas saíram.
   “Só um minutinho!” – Ela disse, indo bater no quarto de . – “Hey caloura! É sábado à noite! Vai ficar em casa?”
   “Eu estava estudando...” – Ela respondeu, saindo do quarto e prendendo o cabelo em um coque frouxo.
   “Nããããão, caloura! É a primeira semana de aula! Hoje tem uma das festas mais legais de todas! Você não pode ficar trancada aqui!” – falou, tentando animá-la e concordou com a cabeça.
   “Eu... Eu ainda não conheço ninguém, não tenho companhia...”
   “Você é caloura!” – falou. – “Todo mundo vai conversar com você e te entreter! Aproveita, que essa é a melhor fase da universidade!”
   “A gente te deixa lá se você quiser...”
   “Vocês não vão?” – perguntou, como se até tivesse vontade de ir, mas ainda morresse de medo de ficar sozinha.
   “Não vamos... Estamos meio velhas pra isso!” – disse rindo. – “Vai ! Se estiver ruim, você me liga e eu te busco lá! Combinado?”
   A garota ficou convencida. Sorriu para as duas e correu para o quarto dizendo que precisava de alguns minutos para se arrumar.
   “Ela até parece uma caloura nerd que eu conheci...” – disse rindo e olhando de esguelha para .
   “Pois é... Por isso eu estou fazendo isso pela , porque alguém me tirou de casa em uma Festa da JJJ no meu primeiro ano e foi a melhor coisa que me aconteceu!”
   As meninas riram e logo estavam as três no carro indo em direção à rua das republicas. Ela estava toda lotada de carros e pessoas passando com copos na mão. A casa onde a festa acontecia era obviamente uma azul enorme no meio da rua de onde a música vinha alta. E bem no alto da fachada havia um letreiro: JACK, JOHNNY & JOSÉ.
   parou o carro e ainda vacilou antes de sair.
   “Calma, ... Vai dar tudo certo!” – disse, virando-se para trás e sorrindo para a garota. – “E, qualquer coisa, me liga!”
   Logo que saiu do carro, observou um garoto bem no meio do jardim com um megafone e algumas pessoas deitadas pela grama.
   “MURS!” – gritou, chamando a atenção dele. – “Mais uma caloura pra você! Cuida bem dela, hein?”
   “Filha do terceiro andar?” – O garoto perguntou no mega fone, fazendo sinal para se aproximar. fez que sim com o polegar. – “Pode deixar que eu cuido dela! CALOURA, DEITA NO CHÃO TAMBÉM, JUNTO COM OS SEUS COLEGUINHAS!”
   e trocaram um olhar preocupado, mas depois deram de ombro. Aquilo tudo fazia parte do ritual de passagem de “estudante do colegial” para “estudante de faculdade”.

  Niall era um dos calouros anfitriões da festa, o que quer dizer que era colocado para trabalhar duas vezes mais que qualquer um por ali. O chapéu de bobo da corte tinha virado peça indispensável de seu vestuário e ele agora servia cerveja para um grupo de veteranas lindas que nem podia xavecar.
   “CALOUROOO!” – Ouviu alguém gritar e se virou suspirando, sabia o que viria a seguir. – “ENTÃO VOCÊ É IRLANDÊS, CALOURO?”
   “Sou... Sou sim!”
   “ENTÃO DANÇA!”
   E lá ia Niall fazer a dança irlandesa pela milésima vez só naquela semana. E apesar de ser um pé no saco, ele não queria estar em nenhum outro lugar. Já tinha conhecido tanta gente naquele tempo tão curto e, no fundo, os veteranos eram em sua maioria muito legais... Quando se cansavam de dar trote.
   “Horan... Ô Horan! Vai colocar gelo no isopor, vai!”
   Respirou fundo e foi para a cozinha.

   andava pelo quintal procurando por Eleanor... A veterana tinha se transformado no porto seguro da garota. Tinha medo de ficar dando mole sozinha e ter que aguentar Taylor ou uma veterana mais chata que ela. Não tinha muita paciência para essa coisa de trote. Ouviu seu celular tocar.
   “Nem vou, , sinto muito! Odeio o pessoal da JJJ... M”
   “Faz uma semana que eu tô aqui! UMA SEMANA! E eu não vi sua cara até agora... Parabéns! Premio de Melhor Amigo do Ano!

   Aquilo a deixou mais irritada.
   “Calooooooura!” – se virou e encontrou uma veterana que ela nem conhecia a chamando. Será que tinha tanta cara de novata assim? – “Pega vodka pra mim!”
   “Não sei onde fica...” – Ela deu de ombros, fazendo-a rolar os olhos.
   “Eu podia mandar você se virar, mas vou ser legal... É na cozinha, querida...” – Ela falou, apontando para uma portinha no fundo da casa.
   entrou no cômodo e encontrou um garoto de chapéu de bobo da corte batendo em um saco de gelo. Ele se virou ao ouvir o barulho de gente entrando.
   “Oi, quer alguma coisa?” – Niall perguntou todo solícito.
   “Relaxa... Sou caloura também!” – se sentou a mesa, pensando em dar um tempo da bagunça lá de fora. – “Precisa de ajuda?”
   “Não... Tá tranquilo... Eu acho...”
   “Acho que se você bater o saco de gelo no chão, vai mais rápido...” – sugeriu e o novo conhecido sorriu. – “Sou a , a propósito.”
   “Sou o Niall!” – Ele falou pegando o saco de gelo no colo e molhando a roupa toda. gargalhou. – “Merda!”
   “Você faz o quê?”
   “Letras e você?”
   “Engenharia mecânica!”
   “Você é... “
   “Irlandês... É sou...” – Niall disse rindo, também pela milésima vez na semana.
   “CALOURO! Se você demorar mais, a gente vai colocar neve no copo em vez de gelo!” – Um dos donos da casa apareceu na cozinha, brigando com Niall. Ele jogou o saco no chão algumas vezes e colocou o gelo no isopor. Saiu acenando para e derrubando mais água na roupa por conta do gesto.
   A garota colocou vodka num copo e saiu. Tinha perdido a veterana de vista, mas nem ligou... Voltou a procurar Eleanor.

   ria enquanto tinha que adivinhar o nome dos veteranos alinhados a sua frente. Sempre que errava, ela tinha que começar de novo e eles se misturavam. Talvez o engraçado mesmo fosse errar e vê-los se embaralhar: estavam tão bêbados que a tarefa era mais custosa do que deveria ser.
   “Vai caloura... A última! Eu to passando mal de rodar já...” – Um deles falou.
   “Não, se você errar agora, quem roda é você!” – O outro sugeriu e todos concordaram. ria ainda mais. estava certa, estava se divertindo tanto!
   Da cozinha, Liam surgiu abraçando alguém pelo pescoço. Era um garoto loiro que ria quase tanto quanto ela.
   “! Você tá aqui!” – Ele gritou. Estava meio bêbado. – “Libera a minha caloura aí, Johnson!” – E a abraçou também, assim como o outro garoto, indo para fora com os dois. – “Meus dois calouros favoritos!”
   Porém, em vez de irem para a parte de trás da casa onde a maioria da festa estava acontecendo, foram para a parte da frente. Ao chegarem lá, Liam se endireitou e os soltou.
   “Vamos ficar um tempo aqui pra vocês tomarem um ar... Acho que deu de trote pros dois por enquanto...” – Ele disse sorrindo e parecendo sóbrio novamente. Tinha sido um truque. sorriu pra ele e Niall deu uma gargalhada, dando um tapinha nas costas de Liam e agradecendo.
   Sentaram na grama e ficaram conversando. se apresentou para o outro garoto e ele fez o mesmo. Liam contava para eles histórias de quando era calouro.

  Na parte de trás da festa, estava feliz de conhecer as amigas de Eleanor, já que elas eram tão amigáveis quanto a veterana. Também tinha encontrado algumas meninas que faziam Letras e algumas calouras como ela e elas também foram legais... Por fim, a festa não estava sendo tão ruim assim.
   Ou ela achava que não.
   Tinha conseguido se esconder de Taylor até aquele momento e estava se divertindo conhecendo pessoas novas e se misturando a elas. Ela já havia percebido que Taylor tinha um certo prazer em dar trote nela. Odiava as roupas que vestia, o jeito que falava e sobre o que conversava. E ela tinha conseguido se camuflar até então, mas com uma dor no coração viu que a loira se encaminhava para a roda em que estava, com um sorriso de dar medo no rosto. “! Tava te procurando! Vem aqui, que eu preciso de você!” – Ela disse, colocando a mão no ombro da caloura.
   “Tay... Por favor...” – Eleanor tentou.
   “Fica tranquila, Calder... Não vou fazer nada com a sua favoritinha não...”
   se deu por vencida e foi atrás de Taylor. A missão parecia fácil: roubar uma garrafa de vinho que estava no meio de uma roda de garotos do time de Rugby. Ok, não era tão fácil assim...
   parou ao lado da roda analisando o que ia fazer. Quando um dos garotos saiu para ir ao banheiro, ela aproveitou o espaço e pegou a garrafa. Houve gritos e protestos e um dos caras veio correndo atrás dela.
   “TÁ MALUCA, MENINA?”
   sabia que estava encrencada antes mesmo que qualquer coisa acontecesse, como uma premonição. Ela correu até onde Taylor esperava com as mãos na cintura, mas o chão do quintal era um gramado, como a parte da frente, e ela não viu a pedra que estava em sua frente. Tropeçou e a garrafa de vinho voou de sua mão. Ela viu o líquido voando na roupa de Taylor mesmo antes da garrafa bater no chão e se espatifar aos pés da veterana, sujando-a ainda mais.
   “CALOURA!”
   correu até ela tentando se desculpar, não tinha sido sua intenção. Eleanor olhava de uma para outra sem saber o que fazer.
   “Taylor, me desculpa! Eu tropecei numa pedra... Não foi de propósito...”
   “SOME. DA. MINHA. FRENTE!”
   “Tay...” – Eleanor tentou... Ela nem ouviu.
   “DESAPARECE! NÃO QUERO OLHAR PRA SUA CARA PEDANTE NUNCA MAIS. VOCÊ VAI SAIR DA MINHA REPUBLICA HOJE!”
   “Mas eu não tenho pra onde ir...” – começava a se desesperar.
   “O PROBLEMA É SEU! SE VIRA! EU VOU CONTINUAR AQUI E VOCÊ VAI EMBORA ARRUMAR SUAS TRALHAS E QUANDO EU CHEGAR EM CASA EU NÃO QUERO TE VER MAIS LÁ!”
   Não havia o que discutir... Não havia nada que Eleanor pudesse fazer por ela. A festa inteira tinha parado para ver a briga e ela se sentia extremamente humilhada. Fez que sim com a cabeça e foi saindo sem fazer ideia do que ia fazer. Estava tão desnorteada que nem se lembrou que seu amigo de Bradford também fazia faculdade lá e ela podia ficar uns dias com ele.
   Passou pela casa sem nem ver direito quem estava por ali. Saiu sem fazer ideia de onde ia e se sentou na calçada.
   estava sentada no gramado da frente com Niall e Liam e viu essa garota passar chorando e se sentar na calçada mais adiante, parecendo totalmente desolada. Sem nem avisar os meninos do que ia fazer, foi até lá ver o que tinha acontecido.
   “Hey, o que houve?”
   levantou a cabeça e fungou. Estava meio incerta se era uma veterana mala vindo tripudiar em cima dela ou alguém realmente querendo ajudar. Porém estava numa situação em que nada podia piorar, por isso contou à garota a sua frente o que vinha acontecendo entre ela e Taylor desde que chegou. a ouvia atenta. Logo mais dois garotos se aproximaram, um deles era aquele calouro da cozinha. Os três pareciam preocupados com ela.
   “Calma, eu sei o que fazer!” – disse, tendo uma ideia. Sacou o celular e ligou para . Não demorou muito e ela e já se encontravam ali também.
   “Mas essa Taylor continua sendo um pé no saco?” – perguntou de braços cruzados.
   “Qual é ela? Eu conheci?” – perguntou à amiga.
   “A loira magrela da Monte Olimpo, lembra? Cara de besta, chata pra caralho...” – começou e fez um barulho com a boca de quem tinha se lembrado de algo indesejável.
   “Nossa, caloura... Meus pêsames que você conviveu com a Taylor!”
   fungou de novo, mas estava rindo da conversa das duas veteranas.
   “Você acha que ela pode morar no terceiro andar com a gente, ?” – perguntou ansiosa. A garota sorriu.
   “Claro! Por hoje, caloura, a gente vai pegar suas coisas na república e você fica no meu quarto. Amanhã a gente providencia o seu!”
   se levantou sem saber como agradecer àquelas pessoas ali, totalmente dispostas ajudá-la.
   “Obrigada! Obrigada mesmo!”
   “Fica tranquila, caloura. Há males que vem para o bem...” – falou.
   Elas entraram no carro em direção a Monte Olimpo. Os meninos continuaram por ali.
   “E quem eram as super heroínas, salvadoras dos fracos e oprimidos?” – Niall perguntou em tom de brincadeira e entrou na festa de volta com Liam.

Olá leitoras! Espero que estejam gostando de On the third floor e resolvam acompanhar a fic. Tenho a impressão de que muitas de vocês ainda não têm idade para estar na faculdade, por isso resolvi fazer uma pequena nota explicativa no fim desse capítulo.
   Para começar, vou explicar resumidamente sobre o mestrado que a protagonista faz. Ela, assim como eu, fez um curso na área de Biológicas/Da Saúde. O mestrado, nesses casos, é realizado em período integral e normalmente envolve uma hipótese sobre algum assunto biológico (como genética, por exemplo). Durante 2 anos/2 anos e meio, a pessoa desenvolve métodos de provar sua hipótese e responder suas perguntas e, no fim, “defende” (ou apresenta) seu projeto para uma banca de professores que vão julgar se o trabalho foi bem feito ou não e se a pessoa merece o título de Mestre. O doutorado é um nível acima do mestrado, mas o objetivo é o mesmo. O projeto, porém, normalmente envolve um grau de dificuldade maior.
   Outro assunto comum na universidade é o trote. Sim... O trote geralmente envolve um certo bullying mesmo, como é narrado na fic. Existe uma certa brincadeira sobre essa época ser um período de escravidão para o calouro e também existe um certo prazer dos veteranos em perturbá-los. Mas, também como foi dito na fic, é apenas um rito de passagem do colegial para a faculdade e todo mundo passa por ele (existem casos extremos e diversos exemplos de brincadeiras que passaram no limite, mas isso não é regra). Os veteranos dão trote, mas na maioria das vezes são solícitos caso os calouros precisem de ajuda ou um direcionamento. No fim, eles serão amigos que você vai levar para o resto da Universidade!
   Bom, para essa primeira atualização, é isso! Caso vocês tenham qualquer outra dúvida ou curiosidade me avisem!"

Capítulo 3 - Lonely

  “Oi, por favor... A Lottie está?” – O garoto magro de cabelos escuros e a franja caindo nos olhos azuis perguntou à caloura que atendeu a porta. Ele tinha um rosto de traços finos e bem feitos. Era muito bonito.
   “Vou chamar. Quem é você?”
   “Me chamo Louis, sou irmão dela.” – Ele sorriu para a garota e era um sorriso encantador.
   Não demorou muito e Lottie apareceu no hall de entrada da casa.
   “Looooou!” – Ela veio gritando em direção ao irmão que abriu os braços e a abraçou forte.
   “Eu tava esperando você ir me visitar, mas parece que você esqueceu que tem um irmão aqui!”
   Os dois se soltaram e Lottie convidou o irmão para se sentarem no sofá da sala.
   “Desculpa, maninho... Tava tão ocupada com a republica e a primeira semana de aula!”
   “Tá gostando?” – Ele perguntou, passando as mãos nos cabelos da irmã mais nova, ela abriu um sorriso enorme.
   “MUITO! Aqui é tudo muito legal! E minhas veteranas são as melhores, você precisa conhecê-las... Tava falando de você pra Eleanor esses dias e Taylor...” – Lottie disparou a contar tudo sobre sua primeira semana, as aulas, as meninas da republica e até um incidente com uma das calouras na festa da JJJ no ultimo sábado. Ele nem sabia como começar a contar a ela sobre as novidades que ele trazia do seu fim de semana em Doncaster. – “... E aí acho que ela foi morar no SPR igual você, mas no terceiro andar.” – A garota sorriu ao terminar a história. – “E você? Como foi o fim de semana em casa? Viu a Han?”
   Louis tirou as mãos do cabelo da irmã e abaixou os olhos, passando a mexer na costura do sofá.
   “Lottie... Eu e Hannah terminamos.” – Ele sabia como a irmã ficaria. Ela adorava sua namorada. Era bem possível que ele fosse deposto do cargo de irmão... O caso era sério assim. – “As coisas estavam ficando um pouco difíceis pra nós dois... A distância, a...”
   “Não... Lou! Não acredito! Não acredito!” – Ela a interrompeu e cobriu os olhos com as mãos. – “Mas vocês eram perfeitos! Vocês lidaram com a distância durante todo esse tempo!”
   O garoto suspirou.
   “Acho que nós só estávamos aguentando firme e evitando o inevitável, Lo...”
   “Mas ela te amava! E você também a amava!’
   “É claro que eu a amava... E eu ainda gosto muito dela! Mas os pais de Hannah vão se mudar pra Manchester com ela ano que vem, nós nem vamos nos encontrar em Doncaster mais... Tente entender, Lottie... Você tá fazendo isso ser mais difícil do que a própria Hannah!”
   “Mas é só ano que vem... Vocês passaram as férias juntos pra terminarem no primeiro fim de semana do ano letivo?”
   A garota não podia acreditar! Hannah já era quase como sua irmã também. Louis a namorava há cinco anos e durante quatro anos ambos estiveram na faculdade. Não era possível que esse fosse o motivo!
   “Talvez nós estivéssemos com medo... Não sei... Não sei... Mas foi uma decisão mútua, continuamos amigos e ela continua te amando como antes! Disse que está te esperando em Manchester!”
   Lottie não respondeu. Apenas cruzou os braços e fez que não com a cabeça.
   “Lottie, por favor... Não quero que você fique assim!”
   “Existe a chance de vocês voltarem?” – Ela perguntou, ainda emburrada.
   “Não sei...” – Louis deu de ombros. Como responderia a isso quando nem ele sabia se queria voltar, se havia se arrependido? Quando se namora há muito tempo, é fácil se acomodar às situações e acreditar que está tudo bem. E que tem algo errado quando o namoro termina... Ele genuinamente não sabia como se sentia e ter que se justificar para a irmã, quando nem a própria namorada tinha feito tantas perguntas, era complicado. – “Talvez sim... Talvez não... Não sei mesmo, Lottie!”
   Ela se encostou no sofá e os dois ficaram um tempo em silêncio.
   “Bom, preciso voltar pro dormitório... Que a senhora, aliás, tem que ir conhecer...” – Louis disse, cutucando a perna da irmã, que sorriu.
   “Eu vou sim! E você tem que vir aqui mais vezes... Largar seus estudos malucos e ir numas festas com a sua irmã mais nova!”
   Ele riu e fez que sim com a cabeça. Os dois se levantaram e se abraçaram. Lou fez cócegas na irmã e a abraçou de novo.
   “Juízo, irmãzinha... E vai estudar!”
   “Larga a mão de ser chato, Louis!”
   Eles se despediram e Lou voltou para o dormitório. Era fim de tarde e ele andava de cabeça baixa pensando em como seria ficar solteiro depois de 5 anos namorando.

   ajudava Isah a fechar a loja, ia trancando as portas enquanto a amiga fechava o caixa.
   “Você precisa de uma ajudante, Isah... Vai acabar surtando fazendo tudo sozinha!”
   “Vou mesmo... Ainda mais agora que é troca de estação...”
   “Não sei como você ainda dá conta de desenhar!” – terminou com as portas e voltou para o fundo da loja ver se a amiga precisava de mais alguma coisa. Tinha acabado de sair do laboratório e passou por ali para ajudá-la.
   “Tenho desenhado a noite. Você não conheceu o estúdio, né?”
   “Não conheço não... Aquele dia vim só até a loja!”
   Isah pegou seus pertences e as duas subiram para o segundo andar onde ficava o estúdio e a casa dela. Assim que chegaram, ficou encantada. Conhecia os planos da amiga para sua casa, loja e seu cantinho para fazer seus desenhos há anos e sabia que aquele sobrado era simplesmente a perfeição! O estúdio ficava na primeira porta à esquerda assim que se subiam as escadas da loja. Era um cômodo amplo e bem arejado, com suas janelas largas. No fundo, ficava o escritório e mais a frente, a mesa de desenho, manequins, armários de tecidos e artigos de armarinho, uma máquina de costura e, espalhados pela parede, fotos de desfiles, de Isah em Paris, fotos da faculdade ( reconheceu vários rostos por ali) e desenhos de roupas. Um deles chamou mais a atenção dela, era um vestido de noiva.
   “É o vestido de noiva da Ella, lembra dela?”
   sorriu, teria reconhecido a dona do vestido mesmo se Isah não tivesse dito nada. Era claro que o vestido era de Ella, quando ele tão obviamente faria quem o usasse parecer uma sereia!
   “E como ela está?” – perguntou ainda sorrindo para o desenho.
   “Na Califórnia, fazendo a pós de cinema que ela sempre quis!”
   “Que bom! É bom saber que as coisas evoluíram pra todo mundo...”
   As duas continuaram andando pela sala enquanto Isah ia explicando sua dinâmica de criação... Os olhos dela até brilhavam!
   “... Aí to pensando em procurar uma ajudante da universidade, porque aí ela pode me ajudar na loja, e eu ensino essa parte do desenho pra ela...”
   “Acho uma boa ideia... coloca uns folhetos pelo prédio de Moda. Se você quiser, a , a menina nova do andar, faz Letras lá... Ela pode te ajudar...”
   “Eu passo lá no 3º andar amanhã... E como estão as coisas por lá? Já foi o dia do Catch Me If You Can?”
   “Não... Ainda não... Acho que passaram pra outubro...”
   “Me chama pra ver!”
   As duas saíram do estúdio e foram para a sala da casa de Isah. Tudo era simplesmente a cara dela... Cada móvel, cada peça da decoração...
   “E como anda a vida amorosa?” – perguntou, se servindo de chá e se jogando no sofá.
   “Não anda, né?” – Isah respondeu, fazendo o mesmo. – “Eu só trabalho!”
   “Então você precisa mesmo de uma ajudante! Pra ter tempo pra namorar!”
   “Se eu tiver tempo sobrando, vou querer dormir... Não se iluda! Quero ficar sozinha...”
   As duas riram.
   “E você?” – Isah perguntou, olhando para pelo canto dos olhos. – “Falou com o...”
   “Não. E nem quero!” – a interrompeu, parecendo ao mesmo tempo assustada e certa do que dizia.
   “... Você precisa! Não acredito que ele não sabe de nada até hoje...”
   “Ele sumiu, eu continuei minha vida... Simples assim.”
   “Não é simples...”
   “Você não quer um namorado, eu não quero mexer no passado... Continuamos com a programação normal!”
   “Você é quem sabe...” – Isah deu de ombros. – “Mas falando de coisa boa, vamos sair amanhã à noite? Ir num pub... Fingir que ainda temos 20 anos?”
   riu e fez que sim com a cabeça. 20 anos... Saudades de ter 20 anos!

   e Dani trabalhavam cada uma em seu computador quando Zayn chegou ao laboratório, no seu atraso habitual.
   “Dia!” – Ele resmungou. Não era um garoto de muitas palavras num todo, mas de manhã era um pouco pior.
   Ainda era novidade para trabalhar com um garoto que fosse tão atraente, às vezes ela tinha que se mandar concentrar para não ficar olhando para ele. Ao mesmo tempo, queria distância de dor de cabeça, o que Zayn obviamente era.
   “Vocês vão a Festa dos Calouros nesse sábado?” – Ele perguntou depois que também ligou seu computador e trabalhava em seu projeto.
   e Dani se olharam. Não porque Zayn estava puxando papo, mas porque elas ainda não tinham pensado nisso.
   “Hum...” – Disse . – “Talvez... É uma ideia... Não tenho saído mesmo... Vamos, Dani?”
   Ela fazia uma cara de dúvida.
   “Não sei... Eu tenho umas coisas pra fazer...”
   “No sábado à noite?” – Zayn perguntou, levantando a sobrancelha. – “Para de ser velha, Peazer...”
   “E posso saber porque esse interesse todo, Malik?”
   “Minha banda vai tocar...”
   “Você tem uma banda?” – perguntou e ele fez que sim com a cabeça.
   “Pergunta o nome, , pergunta o nome!” – Dani falou, segurando a risada e Zayn olhou para ela com os olhos apertados.
   “Qual o nome da sua banda?”
   Ele bufou antes de responder baixinho:
   “ZAP...”
   Dani começou a rir e ficou sem entender. Ok, não era o melhor dos nomes, mas não era TÃO ruim assim... Ou era?
   “Pergunta por quê!” – A amiga continuava rindo.
   “Você tem sorte de ser uma garota, Peazer, porque tem horas que eu tenho muita vontade de te bater...” – Ela ria mais ainda. Precisou colocar as mãos na boca porque, afinal, estavam no ambiente de trabalho.
   “Por que o nome, Zayn?” – perguntou inocente... Tinha que admitir, era divertido irritá-lo.
   “São as nossas iniciais... Zayn, Andy e Peter.”
   “Ai, que coisa brega!” – Dani estava com a mão na barriga e não aguentava mais rir.
   “E com esse ego tranquilinho que você tem, você deve ser o baterista...” – disse e Dani quase caiu da cadeira. Zayn virou seu olhar assassino para ela.
   “Deixa eu ver se eu entendi... Você me conhece há uma semana e acha que pode pagar de engraçadinha.”
   “Mas você é ou não é o vocalista?” – perguntou com as sobrancelhas levantadas.
   “Sou... Mas isso não tem nada a ver com nada.”
   segurou a risada também, já bastava Danielle quase tendo um infarto.
   “É, realmente... Não tem nada a ver... Mas olha, eu vou sim ver sua banda, Malik. Tava só te zuando...”
   Antes que ele pudesse responder, Alexander entrou no laboratório e eles precisaram voltar à “postura acadêmica”. Dani teve problemas pra esconder que acabara que chorar de rir e por isso balbuciou um “Preciso ir ao banheiro” e saiu o mais rápido possível.

  “Ai, não acredito! Não acredito que perdi isso!” – Zayn gargalhava e batia com as mãos na mesa.
   “Você é um idiota!” – bufou e parou de contar a história, voltando de novo sua atenção para o prato em sua frente.
   “Não, sério . Você merecia uma medalha de honra ao mérito! Jogar a garrafa de vinho na Barbie Festa foi um feito de vida!”
   “Eu ainda quero te matar por ter me mandado pra lá e por não ter ido me ver nem na república e nem na festa da JJJ!”
   “Eu tava ocupado, já te disse... Você acha que eu curti voltar pra cá um mês antes pra ficar sozinho no laboratório?”
   “Se você chegasse na hora certa todo dia, provavelmente adiantaria tudo da sua Iniciação pra não trabalhar nas férias...”
   “Não começa você também a me encher... Continua a história!”
   olhou zangada para o amigo e voltou a falar sobre o dia da festa.
   “... E então essas duas veteranas chegaram e eu fui morar na Saint Patrick’s Residence.”
   Zayn franziu a testa, já tinha ouvido falar de lá... Quem ele conhecia que morava lá mesmo?
   “E tá tudo bem por lá?”
   “Tá, tá sim. Conheci essas meninas que são muito legais e tô me sentindo muito mais feliz tendo meu canto lá do que naquela republica ridícula...”
   O garoto voltou a rir ao se lembrar da história de e levou um tapa.
   “Ai, que dor... Você não esquece de como bater ardido desse jeito não?”
   “Tava com saudade de você, meu querido!” – Ela disse com um sorriso cínico. – “Você é quem merece um prêmio de honra ao mérito por serviços prestados no seu papel de melhor amigo...”
   “Tava só fazendo o papel do filho da puta que você acha que eu sou...” – Ele disse dando de ombros e cortando o frango em seu prato.
   “Faz sentido...” – respondeu e os dois deram risada.
   “Minha banda vai tocar na Festa dos Calouros sábado. Você está proibida de não ir...”
   “Olha bem pra minha cara, Zayn! Me dá o maior trote de todos com essa primeira semana lixo e quer que eu vá pagar pau pra você?”
   “Mas...”
   “Tô brincando, besta... É lógico que eu vou... Os caras da sua banda são gatos?” – Ela perguntou, com uma expressão marota.
   “Eu lá sei se os caras são gatos, !”
   Ela gargalhou.
   “Só me apresenta eles e eu mesmo decido!”
   Zayn deu de ombros.
   “Vamos sair hoje? Você não conheceu o pub daqui ainda, conheceu?”
   “Como eu ia ter conhecido se tava na republica das meninas mais fachada dessa universidade?”
   “E você pode beber morando nesse lugar que você tá agora?”
   “Pelas histórias que eu tenho ouvido, acho que eu só posso morar no terceiro andar se eu beber!” – disse rindo e dando mais uma garfada em seu macarrão.
   Os dois continuaram comendo e colocando o assunto em dia. estava olhando para a porta quando viu uma pessoa que conhecia entrando. Zayn olhou para trás ao ver a expressão da amiga e tomou um susto. Eram e Dani.
   “Hey !” – cumprimentou ao vê-la e logo tomou um susto ao ver quem a acompanhava. – “Zayn?”
   O garoto fez um aceno tímido e continuou de cabeça baixa. Sabia que as duas imaginariam que fosse seu novo alvo.
   “Você conhece o Zayn?” – perguntou olhando de um pro outro.
   “Somos do mesmo laboratório!” – explicou, apontando para ela e Dani.
   “Ah, que legal! E eu sou de Bradford, como o Zayn... Nos conhecemos de lá!” – Ela disse, dando um sorrisão. Que mundo pequeno!
   “Bom, vamos deixar vocês terminarem...” – falou, segurando o ombro de e acenando para ela e Zayn. Dani fez o mesmo. – “Até depois!”
   Zayn continuou seguindo ambas com o olhar.
   “De onde você conhece a ?” – Ele perguntou e abriu um sorriso torto antes de acusá-lo:
   “ZAYN! ZAYN MALIK!”
   “Que foi?”
   “Não, a não!”
   “Quê? Do que você tá falando... Só quero saber de onde você conhece ela!”
   “Foi ela que me chamou pra ir morar no dormitório... E não, Zayn, ela é legal demais pra você!”
   Zayn riu.
   “Aaaah, ela é legal demais pra mim?!”
   “Nada pessoal, mas você só pega tranqueira!”
   Os dois gargalharam.
   “Com uma melhor amiga como você, eu nem preciso de inimigos...”
   sorriu afetado.
   “De nada, meu querido! Tava morrendo de saudade de você!”
   “Eu não...” – Ele disse rindo.
   É claro que sentiam falta um do outro. Muito! Mas a amizade deles era assim e Zayn estava feliz que, depois de 3 anos, voltariam a morar na mesma cidade.

  Liam passava pelo pátio do campus e viu Niall sentado cabisbaixo num banco mexendo no celular.
   “Hey Horan... O que houve?” – Ele perguntou, parando em frente ao calouro.
   “Ah, oi Payne... tudo bem? Eu... Eu to legal... Saudades de casa só, acho que é normal...”
   “A primeira semana é difícil mesmo... Você tem namorada lá na Irlanda? Dá uma piorada quando tem...”
   “Não, não tenho... Mas nunca fiquei longe da minha mãe mais que um fim de semana...”
   Liam riu. Todo ano a história se repetia, não importava se era calouro ou caloura... Morando longe ou perto de casa.
   “E quando você vai pra casa de novo?”
   Niall deu de ombros.
   “Natal, eu acho...” – O garoto respirou fundo, se levantou e guardou o celular. – “Indo pra lá também?” – Ele perguntou a Liam, apontando para o prédio em frente. O garoto fez que sim e os dois caminharam juntos até lá.
   Na porta da sala de Niall, Liam deu um tapinha solidário em suas costas.
   “Fica assim não, calouro... Já que você se acostuma. Qualquer coisa passa lá no quarto pra...”
   “Iiiiih, tá me estranhando, Payne?” – Niall perguntou rindo e levantando uma das sobrancelhas. Liam riu também e deu um soco nele.
   “Fala sério, rapaz... Você, além de tudo, não faz o meu tipo!” – Ele disse rindo. – “Ia falar pra você passar pra gente sair tomar umas cervejas, po!”
   “Ah bom! Eu vou... Eu vou... Valeu mesmo!”
   Os dois se cumprimentaram e Liam saiu. Ao chegar na sala de aula, abriu sua carteira procurando por uma foto da pessoa de quem ele sentia saudade. A verdade é que ele quase implorou para que Niall passasse lá e o tirasse do quarto. Não sabia ficar sozinho, não sabia ficar sem Dani.

Capítulo 4 - One for the radio

  (Coloque para carregar: Breakdown More – Eric Hutchinson.)

  “Hey I just met you
   And this is crazy!
   But here’s my number
   So call me maybe…”

   (Call me maybe – Carly Rae Jepsen)

   ia andando rápido, cantando a música que vinha dos seus fones de ouvido. Entrou na academia e cumprimentou a recepcionista, subindo para o segundo andar. Gostava de ir à academia no sábado, era mais silencioso.
   Não que fosse nesse dia por causa disso... A verdade é que não tinha tempo durante a semana. Não avistou seu professor ao abrir a porta da sala onde praticava boxe, mas havia alguém na sala. O garoto estava concentrado em bater no saco de pancadas. entrou na sala e fechou a porta, ainda sem ser percebida por ele.
   Ela colocou sua mochila no chão e foi até o fundo da sala procurar pelo professor que não parecia estar em lugar nenhum por ali.
   “Rob foi até a lanchonete... Deve estar voltando já...”
   ouviu o garoto dizer e se virou. Seu primeiro pensamento foi “Caramba!”. Não sabia que adolescentes podiam ser bonitos assim! O garoto que batia no saco de boxe a olhava curioso agora, lançando um sorriso que ela julgava ser uma puta injustiça com o resto da raça humana. Apesar de ser magro, tinha os braços definidos e olhos tão claros e verdes que pareciam de mentira.
   “Ah... Ok, vou me aquecendo então...” – Ela conseguiu dizer, quando voltou a si.
   Ele sorriu mais uma vez e voltou a treinar. virou o pescoço para os dois lados, relaxando e começou a se aquecer.
   “Achei que era a única que malhava no sábado...” – Ela disse, puxando assunto. AINDA não tinha conseguido tirar os olhos do garoto, o que chegava a assustá-la. Pelo amor de Deus, parece que nunca viu um cara bonito! Ele riu.
   “Ainda não consegui arrumar meus horários direito... Sabe como é... Calouro, perdido, primeiras semanas de aula...” – O garoto lançou outro sorriso. Jogou o cabelo para frente e o balançou, voltando a colocá-lo de lado.
   CALOURO. ELE É CALOURO!
   “Então você é calouro? De que curso?” – Ela perguntou.
   “Direito. E você?”
   Foi a vez dela rir... E ficar desesperada.
   “Já terminei a faculdade (não era importante dizer há quanto tempo, era?), mas ainda moro por aqui.”
   “Hum...” – Ele fez e os dois voltaram a se exercitar.
   Rob voltou quando terminava sua primeira série. A garota parou e o cumprimentou e os dois emendaram um papo.
   “E você, Harry? Como estamos aqui?” – Rob perguntou ao garoto.
   “Tudo certo...” – Foi a vez dos dois começarem a conversar e voltou a pular corda.
   Não demorou muito e eles trocaram de aparelho. Harry ficou um pouco impressionado com a força e a concentração de . Será que ela estava fazendo aquele negócio de visualizar alguém no saco?
   “Eu teria medo de brigar com você...” – Ele brincou e ela deu um sorriso convencido.
   “É, não é muito bom mesmo...” – Rob falou para irritá-la e riu.
   “Hey, não sou nenhum monstro não... Mas eu não me aborreceria estando ao alcance do meu braço...” – Ela falou e os três riram.
   A aula seguiu quieta e apenas respirações pesadas e socos no grande saco de areia eram ouvidos por ali. Rob vez ou outra corrigia uma posição ou sugeria um novo exercício. 1 hora e meia depois e ambos estavam ofegantes descendo a escada para irem embora.
   “Acho que vou continuar fazendo aula nesse horário...” – Harry disse, dando um sorriso de lábios fechados e precisou desviar os olhos para parar de pensar tantas coisas erradas. Também resolveu não responder, porque seu cérebro só conseguia pensar “Toma aqui meu telefone!”
   “Bom, até semana que vem então...” – Ela disse, por fim.
   “Até... Meu nome é Harry, a propósito!”
   “O meu é ...”
   Os dois se despediram e seguiram cada um para um lado.
   “Olha...” – Pensou . – “... Eu devo estar mesmo no fundo do poço da minha vida amorosa!”

  “E aí? Alguma interessante?” – perguntou, ainda na cama. Sempre invejava a energia de que conseguia trabalhar a semana inteira, ir à academia sábado e trabalhar mais um pouquinho ainda.
   “Nada ainda... Mas tenho mais duas entrevistas hoje. Me deseje sorte, porque tá difícil...”
   “Ninguém no perfil?”
   “Tem vindo umas meninas tão lesas...”
   riu e checou o relógio... Ok, hora de levantar.
   “Quer que eu vá aí te ajudar?”
   “Você tá muito ocupada?”
   “Não... Meia hora e eu chego aí...”
   “Você tá na cama ainda, ?” – perguntou inconformada. – “Eu ainda vou te arrastar pelos cabelos para a academia... Você vai ver!”
   “Você me ameaça há anos em vão, ... Não tenho medo mais...”
   “Vai à merda...” – A amiga falou rindo do outro lado do telefone. – “E vem pra cá logo que eu tenho que te contar do menino da academia!”

  “Você algum dia vai me perdoar?” – Eleanor perguntou, abraçando . As duas estavam sentadas no corredor do terceiro andar conversando. – “Desculpa por não ter mandado a Taylor à merda naquele dia...”
   “Fica tranquila, El...” – respondeu, sorrindo para a amiga. – “Eu não tava feliz lá mesmo e só aguentei naquela casa por que você era muito legal.”
   “Mesmo assim, eu devia ter te defendido...”
   “Pra ela te expulsar de lá também? Não, sério mesmo, El... Sem ressentimento nenhum! Eu sou é muito grata por você ter me ajudado enquanto eu morava lá...”
   Eleanor sorriu.
   “E vai fazer o que hoje a noite? Quer que eu passe aqui pra te buscar pra Festa dos Calouros?”
   “Acho que vou com as meninas daqui... E a banda do meu amigo vai tocar na festa. Mas se você quiser passar aqui pra ir junto com a gente...” – sugeriu e El fez que sim com a cabeça. “Combinado!”
   abriu a porta de seu quarto atrapalhada com a chave, sua bolsa e o iPad em suas mãos.
   “Ah, oi ! Oi...” – Ela não conhecia a garota com quem estava conversando.
   “Oi... Eu sou a Eleanor!” – A garota acenou sorridente.
   “Eu sou a !” – retribuiu o sorriso e o aceno. – “? Tô saindo, tá?”
   “Tá certo...” – fez que sim com a cabeça e se virou para Eleanor. – “El! A é amiga da ... É na loja dela que você vai fazer a entrevista hoje, né? Do flyer que eu te entreguei?”
   Os olhos de Eleanor se arregalaram.
   “Você é amiga da ?”
   riu e sentiu um tremendo orgulho da amiga. tinha estudado Moda na Universidade e logo emendou sua pós-graduação. Começou a trabalhar na loja mais importante da cidade quando ainda morava no dormitório e, no último ano, enquanto estava fora, passou seis meses estudando e fazendo contatos em Paris e outras cidades da Europa e então voltou para abrir sua própria loja na cidade universitária onde tinha se esforçado e alcançado tanto. Por isso era tão conhecida pelas estudantes, era um exemplo de sucesso.
   “Sou sim... Tô indo lá agora, aliás... que horas é a sua entrevista?”
   Eleanor checou o relógio.
   “ pediu pra chegar umas 16h30... Porque é quando a loja vai estar mais tranquila.”
   “Entendi! Bom, eu te vejo lá então...” – falou sorrindo. – “Vou indo então, que eu falei meia hora pra há uma hora atrás!”
   As duas garotas riram e saiu correndo em direção ao elevador.

   andava pela cidade e chegava próximo a pracinha para qual a loja de ficava de frente, um som de violão vinha de lá. Ao se aproximar, ela percebeu um garoto de chapéu de bobo da corte tocando embaixo de uma árvore... De onde o conhecia mesmo? Da festa na JJJ? Era ele o garoto que estava com Liam e as meninas?
   Demorou um pouco até identificar que música era aquela e então, quando a ficha caiu, seu coração parou de bater um pouquinho.

   “I wanna lay you down in a bed of roses
   For tonight I sleep on a bed of nails
   I wanna be just as close as the Holy Ghost is
   And lay you down on a bed of roses”

  O garoto cantava baixinho enquanto tocava e parecia não se preocupar com as pessoas que passavam por ali. tentou colocar as lembranças que a música traziam no fundo de seu cérebro e foi andando o mais rápido possível para a loja. estava na porta e, ao avistar , sorriu e apontou Niall com a cabeça.
   “Será que eu posso cobrar cover artístico?”
   A garota riu, disfarçando seu nervosismo.
   “Ele não é menino que tava com o Liam no dia da festa da JJJ?” – Ela perguntou, cumprimentando a amiga. deu de ombros.
   “Não lembro, não sou boa com fisionomias... Mas ele tá sempre por aí... andando pra cima e pra baixo com o violão... Deve fugir da república pra ter um pouco de paz, se é que mora em república...”
   “Vamos entrar? Conheci uma das garotas que você vai entrevistar hoje... Ela parece legal...” – não prestava muita atenção no que estava contando, queria entrar logo, fugir da música que o garoto tocava.

  “Still I run out of time or it's hard to get through
   Till the bird on the wire flies me back to you
   I'll just close my eyes
   And whisper: Baby, blind love is true…”

   (Bed of Roses – Jon Bon Jovi)

  Eleanor apareceu na loja cinco minutos antes da hora marcada e sorriu ao vê-la. Usava uma camisa branca com gola boneca e sem mangas e uma saia preta plissada. vinha do fundo da loja e também sorriu quando a garota se apresentou. As duas subiram para o escritório.
   “Pode se sentar...” – falou indicando a cadeira à Eleanor. A garota ainda estava tentando capturar cada detalhe do estúdio.
   “Esse é o meu currículo.” – Eleanor falou, entregando a ela. – “Eu tô no terceiro ano de Moda aqui mesmo, fiz alguns estágios de verão, mas nunca trabalhei em uma loja, de fato...”
   “Isso não é problema, posso te ensinar e te ajudar...” – falou, folheando o currículo da garota e achando-o realmente muito bom. – “Deixa eu te explicar como vai ser o trabalho e, se você tiver uma dúvida, você me pergunta ok?”
   Eleanor fez que sim com a cabeça e, sem perceber, se mexeu na cadeira chegando mais perto da mesa.
   “Eu estou precisando, na verdade, de uma pessoa na loja pra me ajudar a atender, porque por enquanto eu estou sozinha. Eu queria que fosse alguém da faculdade, porque estou planejando ensinar essa pessoa, a parte da criação que eu trabalho aqui em cima no estúdio.” – foi explicando, enquanto El permanecia calada apenas prestando atenção sem piscar. – “Se der tudo certo e eu achar que você corresponde às expectativas, posso conversar com o pessoal que conheci em Paris para um período de estágio lá.”
   Eleanor quase caiu da cadeira. Trabalhar com moda em Paris? Só podia ser um sonho!
   “Mas me conta de você... De como você escolheu Moda, porque resolveu se candidatar a essa vaga...” – continuou e El se endireitou na cadeira começando a contar sobre como a Moda tinha feito parte da sua adolescência e como ela escolhera o curso e aquela universidade. Tirou uma pasta de couro da bolsa e mostrou a ela alguns de seus próprios desenhos. Ainda precisavam de uns acertos aqui e ali, mas eles com certeza impressionaram a futura patroa.
   ainda não tinha achado uma concorrente que parecesse tão competente... Eleanor lembrava-lhe um pouco dela própria, de como ela havia começado. Não era uma decisão difícil... Discutiram quanto El receberia e o horário de trabalho. Quando ambas se levantaram, a garota mal podia acreditar!
   “Te vejo na segunda depois da aula então?” – perguntou.
   “Isso! Você tem alguma preferência sobre as roupas que eu devo usar?” – Eleanor perguntou. “Confio no seu bom gosto...”
   As duas sorriram e se despediram. Ambas sentindo que estavam saindo ganhando.

  “Vaaamos, ?” – insistia. – “Até a Dani vai!”
   “To tão cansada, ... O que eu vou caçar lá?”
   “Vamos ver gente... Beber, dar umas risadas...”
   A amiga respirou fundo se dando por vencida.
   “Você passa aqui?” – Perguntou e ouviu a amiga comemorando. – “Por que eu fui ensinar você a sair de casa, caloura?”
   “Porque você era uma RA muito legal... Passo aí as 22h, tá?”
   “Tá certo...”
   desligou e percebeu que havia mais gente na cozinha. Liam e entraram conversando, mas foi a expressão no rosto do garoto que fez se arrepender de ter tocado no nome da ex dele. Liam, porém, não disse nada e se esforçou para voltar a conversar com tranquilamente como antes.
   “Você vai, né calourinha?” – Ela resolveu nem tocar no assunto.
   “Eu vou... É trote do Liam...” – respondeu, apontando para ele, que ria.
   “Já falei que ela não pode terminar esse semestre sem tomar o primeiro porre!”
   “Olha, Payne, você tá me saindo um ótimo co-RA, viu?”
   O garoto riu mais ainda e bateu continência:
   “Sempre as ordens, senhora!”
   “E a ?” – perguntou.
   “Oi?” – A garota veio ver, pois do seu quarto ouvia as risadas na cozinha.
   “Vai na Festa hoje?” – Liam perguntou e então olhou em volta. – “Eu sou mesmo o único menino?”
   “E tá achando ruim?” – perguntou e as meninas gargalharam.
   “Não, tô achando ótimo... Mas se o papo virar sobre unha, cabelo e essas coisas, eu pulo fora!”
   “A gente vai tentar se controlar perto de você!” – falou e se virou para . – “E aí, , você vai, né?”
   “Vou sim” – Ela respondeu fazendo que sim com a cabeça. – “Zayn vai tocar... Prometi a ele que ia!”
   “Ah, é verdade...”
   “Opa, calma... Quem é Zayn?” – perguntou. – “Seu namorado, ?”
   olhou para ela, também interessada na resposta (e se pegou pensando que não deveria estar tão curiosa).
   “Não, ele é meu melhor amigo... Somos da mesma cidade e crescemos juntos...”
   “Zayn é o cara do laboratório?” – Liam perguntou à e, mais uma vez, ela teve vontade de colocá-lo em uma redoma, para que não escutasse coisas que o levassem a pensar em Danielle. Ela só fez que sim com a cabeça e o garoto também não fez mais perguntas, ainda que e olhassem de um para o outro buscando respostas.
   “Como vocês vão? Não sei se cabemos todos no meu carro...” – mudou o assunto correndo.
   “Vou com Eleanor... A pode ir comigo, se ela quiser...”
   As duas sorriram uma para a outra e ficou combinado assim. Liam coçou a cabeça atordoado e já imaginando quem iria com .
   “Eu... Eu vou com os caras da minha sala... Ou os meninos da JJJ... Não se preocupem comigo...” – Ele deu um sorriso, que no fundo era meio triste, e saiu da cozinha dizendo que ia tomar banho. Logo as meninas fizeram o mesmo.
   Era péssimo ver Liam assim e não poder fazer nada... queria poder ajudá-lo de alguma forma, mas Dani parecia irredutível.

   “E aquele ali?” – apontou. Estava sentada no palco com Zayn e os dois procuravam um alvo para aquela noite.
   “O de chapéu ou o alto?” – Ele perguntou.
   “Não, o alto é o Liam... Mora no mesmo andar que eu lá no dormitório.”
   “Ah, ele é o ex da Peazer então... Sabia que tava reconhecendo!” – E quando olhou para ele confusa, explicou: - “Danielle era aquela que entrou com a no restaurante, lembra?”
   fez que sim com a cabeça e de repente algumas fichas sobre partes da conversa da cozinha mais cedo caíram.
   “Enfim... Não é ele não, é o do lado. O de chapéu.”
   Zayn estreitou os olhos, analisando o garoto.
   “Mas aquele é o Murs, não é? Ele não mora no terceiro andar também?”
   “Não mora, não... Eu saberia... Somos só eu, Liam, e por lá por enquanto...” – ia contando nos dedos.
   Zayn coçou o queixo, puxou o maço de cigarro do bolso de trás da calça e acendeu um.
   “Então ele mora na JJJ agora... Não , você não vai pegar nenhum sem cérebro de república não...”
   A garota rolou os olhos.
   “Às vezes eu acho que você é só um estudantezinho frustrado, Zayn... Se você tivesse amigos aqui, não seria tão pé no saco!”
   “COMO?” – Ele tirou o cigarro da boca quase tossindo e arregalou os olhos para a amiga que ria.
   “Ah, fala sério... Você tem umas implicâncias ridículas!”
   “Não são ridículas... E eu tenho amigos! Eles só não são esses manés que se acham o máximo só porque moram em bando e fazem baderna pelo campus todo e...”
   “Tá bom, Zayn, tá bom... Eu escolho outro...” – o cortou. De vez em quando era muito difícil aturar o amigo. Ela voltou a scannear a festa a procura de outro cara que passasse pela avaliação de Zayn.
   “E aquela?” – Foi a vez dele perguntar. Apontava para uma garota que devia ser caloura.
   “Se ela for caloura, vai ser fácil...” – falou dando de ombros. – “Olha, a chegou!” – Ela disse vendo as garotas na entrada da arena onde estava ocorrendo a Festa dos Calouros. A Festa era como um parque de diversões com álcool. Uma mistura que os estudantes adoravam. – “Vou procurar a e a El e vou lá com elas, ok? Depois do show, eu volto!”
   Zayn soltou a fumaça e confirmou com a cabeça. deu um beijo no rosto dele.
   “Você sabe que eu te encho o saco por que eu te amo, né?” – Ela perguntou, fazendo-o rir.
   “Sei, , eu sei... Também amo você!”
   Ela pulou do palco e foi em direção às amigas. Encontrou no meio do caminho, vindo do tiro ao alvo. Zayn acompanhou as meninas com os olhos até chegarem à e as amigas.

  Liam conversava com Olly quando a viu chegar com e . Logo e se juntaram a elas e Eleanor, por ultimo.
   Estava linda! Os cabelos enrolados... Ela tinha feito luzes, eles estavam mais claros. Usava uma calça skinny preta e botas, um casaco azul e uma blusa folgada com uma cruz na frente. Sempre bem vestida, sempre parecendo perfeita. Ela conversava com as meninas e ria... Nem tinha reparado que ele estava ali.
   “Payne? Ta me ouvindo?” – Olly perguntou e se virou pra ver o que ele olhava. – “Ah...”
   “Desculpa Murs, o que você disse?”
   “Tá tudo bem, cara? Eu vi que a Peazer chegou... Vocês terminaram, né?” – O garoto deu alguns tapinhas solidários nas costas do amigo.
   “Terminei, mas tá tudo bem... Vamos buscar uma cerveja... Cadê aquele calouro irlandês doido?”
   “Deve estar por aí... Ele mal chegou e já conhece metade do campus... O cara não para quieto!”

  “I hope you're ready
   Great times are coming
   I hope you're ready
   I see them coming around”
(Great times – Will.I.Am)

   puxou para irem na montanha russa antes que ela ficasse bêbada e que Zayn começasse a tocar. Enquanto isso Dani, El, e foram buscar bebidas para todas. Estavam no balcão quando Zayn se aproximou.
   “Peazer, ...” – Ele cumprimentou com um aceno de cabeça.
   “E aí, Malik?” – Dani falou, acenando. – “Cadê sua mega banda?”
   “Não começa, Peazer...” – Ele disse, mas deu uma risadinha também.
   “Que horas vocês tocam?” – perguntou quando Zayn se apoiou no balcão ao seu lado. Era uma distância não amigável, ela achava.
   O garoto checou o relógio.
   “Em meia hora... Algum pedido?”
   “De música?” – indagou e só quando as palavras saíram de sua boca ela percebeu quão estúpidas eram. Fechou os olhos quando ele começou a rir.
   “Você pode pedir meu telefone também... Mas nesse caso, eu tava falando de música sim...”
   o olhou de lado e riu.
   “Não... Não consigo me lembrar de nenhuma...”
   “E meu telefone?” – Ele perguntou, sorrindo de lado. – “Ou você pode me dar o seu...”
   “Malik, Malik...”
   “O quê?” – O garoto levantou as mãos se fazendo de inocente, mas o olhar de mormaço continuava ali, estudando cada ação de . – “Somos colegas de laboratório, eu to só querendo ser legal...”
   “Sei... Sei! Já caí na conversa de um músico uma vez, Zayn... Tô mais esperta agora...”
   Os dois riram um pro outro.
   “Não custa tentar...” – Ele falou dando de ombros e a olhando de novo de canto de olho. o empurrou pelo ombro.
   “Vai... Vai se aquecer ou sei lá o que, vai...”
   Zayn saiu rindo e olhando para trás. Assim que ficou longe, Danielle foi a primeira a gritar.
   “! Já falei pra você não dar corda pra ele!”
   começou a rir.
   “Mas eu não fiz nada!”
   ainda estudava o tal Zayn, com o pescoço arqueado para o lado. Eleanor ria das três.
   “Ele é chave de cadeia!” – Dani falou.
   “Eu não ia ligar de passar uma noite na prisão, não, viu?” – soltou, fazendo as meninas pararem de discutir e caírem na gargalhada. – “Nossa, tô falando isso na frente da minha recém contratada! Eleanor, eu não sou assim!”
   “É sim, El... Vai se acostumando!” – falou fazendo-as rir mais.
   e voltaram da montanha russa rindo tanto quanto as outras riam. Logo todas estavam com suas bebidas em mãos procurando um lugar de onde pudessem ver o show da ZAP decentemente.
   Zayn e os meninos subiram ao palco e houve um pequeno alvoroço, porque a banda já era meio conhecida pelos estudantes (principalmente pelas meninas). Zayn era o vocalista e tocava guitarra e violão, Andy tocava bateria e Peter tocava baixo.
   “Pena que eles são feinhos...” – comentou com , sobre os outros dois integrantes da banda fazendo-a rir.
   “Mas o Zayn é gato, hein?” – disse. – “Com todo o respeito!”
   “Não precisa de todo o respeito não, !” – respondeu passando o braço pelo ombro dela. – “Só não armo vocês, porque conheço demais esse vagabundo! Vale nada...”
   Eles agora tocavam I can’t take my eyes off you (n/a: a versão do James Arthur, do X Factor) e Zayn exemplificava bem o que tinha acabado de dizer. Cantava sorrindo de lado e piscando para as garotas da frente. Sim, garotaS. No plural.
   “Não tem problema... Vou pegar mais.” – A amiga falou, apontando para o copo. – “Você quer?”
   fez que não com a cabeça e saiu para o bar. Quando estava quase chegando lá, viu Liam parado sozinho com a mão no bolso, ele parecia triste. ZAP começava outra musica acústica (Coloquem Breakdown More para tocar).

   “I can't write my words
   When I don't have you
   I can't sing my song
   When my strings won't tune
   You won't believe me
   You won't believe me crying…”

  “Hey!” – A garota parou ao seu lado e ele sorriu. – “Tá tudo bem?”
   “Tá, tá sim...” – Liam disse com a cabeça baixa.
   “Certeza?” – procurava seus olhos, mas ele não a encarava de forma alguma.
   “Eu... Eu não quero atrapalhar sua festa com os meus problemas... Mas obrigada por se preocupar...” – O garoto levantou a cabeça e sorriu mais uma vez para a nova amiga. Porém, quando ia abrir a boca para dizer algo à , alguém passou por sua visão lateral. Ele tinha que falar com ela!

   “I can't walk my path
   When I can't stay motivated
   I can't pay my dues
   When it gets too complicated
   You won't believe me
   You won't believe me
   So you'll never see me…”

  Dani ia em direção ao bar e não o viu, ou disfarçou muito bem. Ele respirou fundo e avisou que já voltava.
   “Dani?”
   Ela se virou já sabendo quem a chamava. Tinha evitado aquilo ao máximo e sabia que vir nessa festa seria um erro. Ainda que um dia tivesse que encará-lo.
   “Oi Liam...”
   “Como você tá?” – O garoto perguntou. Ele não a olhava, tirou as mãos do bolso e ficou mexendo nas unhas.
   “Bem... E você?” – Dani se aproximou. – “Liam, eu...”
   “Dani, a gente precisa conversar... A gente precisa... A gente precisa voltar!”

   “Give me a reason and I won’t breakdown
   Give me a reason and I won’t breakdown
   If you go, I’ll never be found
   You gotta give me a reason
   And I won’t breakdown”

  Dani fez que não com a cabeça involuntariamente.
   “Liam... Nós já conversamos! Não tava dando certo! Nós temos idades muito diferentes, nós temos responsabilidades diferentes, prioridades diferentes...”
   “Eu posso mudar! Eu posso ser quem você quiser que eu seja! A gente pode ter uma casa só nós dois, qualquer coisa...” – Ele implorava e seus olhos iam ficando mais vermelhos à medida que ele lutava para não chorar. – “Eu sei que não dá pra mudar o fato de que eu sou mais novo que você, mas eu amadureço! Eu começo a trabalhar pra gente casar!”
   A garota balançava a cabeça de novo.
   “Liam, me escuta! O problema não é você...” – Ela disse, fazendo-o rolar os olhos impaciente.
   “Por favor, Dani, tudo menos o papo do ‘não é você, sou eu’!”

   “I can't keep my beat
   When I don't have you
   I can't shake my sins
   When you won't come through
   How could you leave me?
   Just when you see me crying…”

  Ela respirou fundo e se aproximou mais dele, fazendo carinho em seus braços.
   “Liam... Você é um garoto incrível! Você é doce, inteligente, engraçado, companheiro... É lógico que o problema não era você! E eu também não quero te forçar a mudar seu planejamento pra gente poder morar junto ou casar... Eu não posso te pedir isso!”
   “Mas ninguém tá pedindo! Sou eu que estou falando que faria isso por nós dois!”
   “Não é certo! Esses não são seus planos...”
   “Meu único plano é ter você, Dani!” – Liam fungou. Já não conseguia mais segurar as lágrimas. Estava chorando no meio da Festa dos Calouros, mas quem se importava? – “Eu não tô conseguindo ficar sem você... Eu tô tentando, mas não tá dando certo...”
   “Eu não devia ter vindo nessa festa...” – Dani falou, soltando os braços do ex-namorado.

   “And I can’t feel low down
   When I don’t have legs to stand on
   And I can’t feel low down
   When I there ain’t no ground to land on
   How could you leave me
   How could you leave me
   Now you’ll never see me
   Give me a reason and I won’t break down
   Give me a reason and I won’t break down
   If you go I'll never be found
   You gotta give me a reason and I won't break down…”

  “Vamos tentar, Dani, só mais uma vez… Por favor…” – Ele pediu, segurando as mãos dela. Ela não sabia o que fazer... Gostava muito de Liam, mas já sabia que não daria certo. Eles eram diferentes... Do tipo de diferente que não funcionava.
   “Você vai encontrar uma garota que possa te fazer feliz como você vai fazê-la feliz... Não é justo que você me ofereça tudo isso, Liam, e eu não possa retribuir.”
   “Retribuir com o quê? Eu não tô pedindo nada!”
   “Exatamente! Você não quer nada... E isso não é justo! Não é assim que funciona... Você não é meu escravo, Liam...”
   “Essa conversa não tá chegando a lugar nenhum...” – Foi a vez dele balançar a cabeça negativamente. – “Você tá apaixonada por outro cara, é isso?”

   “Don't walk away expecting I’ll be fine
   Let's work it out or at least change my mind…”

  “Claro que não, Liam!” – Dani respondeu ofendida. – “Eu só acho que não tem porque a gente tentar de novo... Nada vai mudar. Eu não vou deixar você fazer essas loucuras que você tava propondo!”
   Ele soltou as mãos dela e deu um passo para trás.
   “Eu amo você, Dani... Eu ainda amo você!”
   Algumas lágrimas caíram dos olhos dela, que limpou rapidamente.
   “Eu também amo você, Liam, e eu me preocupo com você!”
   “Dani, por favor...” – Ele pediu de novo, mas ela fez que não com a cabeça.

   “Give me a reason and I won’t break down
   Give me a reason and I won’t break down
   If you go I'll never be found
   You gotta give me a reason and I won't break down…”

  “Nós precisamos seguir nossas vidas separados... Mas eu sempre vou me preocupar com você... E me orgulhar da pessoa que você é...” – Dani falou, fazendo carinho na bochecha de Liam. Ele já tinha escutado aquilo no dia em que terminaram. Ainda não fazia sentido...
   Ele se distanciou dela e limpou os olhos.
   “Não vou te perturbar mais... Me desculpa, tá?”
   “Liam...”
   “Tchau Dani!”

  “And I won’t break down if you give me a reason
   But I’ve got no reason so I’ll just break down.”

Capítulo 5 - Get over you

  “Que porra é essa?” – exclamou ao chegar ofegante ao terceiro andar. Porque o elevador não estava funcionando? vinha atrás dela também ofegando, tinha ficado mais na festa com Zayn, afinal a banda principal bebia de graça.
   “Esse elevador sempre para de funcionar?” – perguntou.
   “Não... Não é sempre não! Deve ter dado algum problema...” – falou, procurando sua chave na bolsa. pegou a sua também, murmurou um “boa noite” e entrou no quarto. estava indo para o seu quando ouviu barulho na cozinha. A luz estava acesa. Resolveu voltar e ver o que era.
   Liam estava sentado à mesa, com a cabeça abaixada e apoiada nos braços.
   “Liam?” – perguntou preocupada, se sentando ao seu lado. Dani havia saído da festa antes delas... Parecia atordoada e nada que as meninas dissessem parecia surtir efeito para que ela ficasse mais um pouco. Eles deviam ter conversado.
   Ele levantou a cabeça e enxugou os olhos quando sentiu fazer carinho em seus cabelos.
   “Ela não me quer mais, ... E não tem nada que eu possa fazer...”
   “Você fez tudo o que podia, Liam... Não é que a Dani não te ame mais, mas vocês dois estão seguindo caminhos tão diferentes na vida, que já não parece mais ser compatível, sabe? Ela vai defender o doutorado e ir embora... Nem ela sabe direito o que vai acontecer com a vida dela!”
   “Nós poderíamos continuar juntos até ela ir então...” – Ele falou e mais lágrimas voltaram a cair, cortando o coração de . – “Eu faria o que ela quisesse...”
   “Cada pessoa lida com as mudanças de um jeito... Talvez ela não quisesse se separar de você bem no momento mais difícil da vida dela...”
   Liam afundou o rosto nas mãos.
   “E o que eu faço?”
   “Você segue em frente... Você aprende a viver sem ela... E você sobrevive. Acredite no que eu tô dizendo... Você sobrevive...” – falou, abaixando os olhos.
   O garoto destampou o rosto e olhou para ela.
   “Não foi fácil pra você também, né?” – Ele perguntou, colocando as mãos sobre as dela. – “E você ainda teve que passar por tudo depois... E sozinha...”
   deu de ombros.
   “Pois é... Eu achei que fosse morrer, me desesperei, me revoltei com o mundo... Mas não adianta nada... A única coisa que adianta é seguir em frente...”
   Ele sorriu solidário.
   “Acho que o terceiro andar tem uma maldição amorosa muito forte!” – Falou e riu.
   “E falando em maldição... Porque o elevador tá parado?”
   “Não sei...” – Liam respondeu. – “Mas ouvi um barraco no andar de cima... Deve ser arte do Tomlinson...”
   “Pô, de novo?”
   O garoto riu e limpou os olhos.
   “Vou deitar, ... Obrigada!”
   “Por nada, calouro Payne... Quando precisar... Só chamar!” – Ela sorriu quando ele deu um beijo no topo de sua cabeça.
   “Boa noite...”
   “Boa noite!”

  Segunda-feira e os habitantes do terceiro andar pareciam zumbis andando pela cozinha enquanto tomavam café.
   “Alguém vai consertar essa droga?” – perguntou, entrando de pijama e pantufa e apontando para o elevador.
   “Ouvi dizer que hoje na parte da manhã vinha um técnico...” – explicou. – “A RA do quarto andar tá doida com o Tomlinson. Ele foi se meter a eletricista de novo e ferrou tudo... Tão falando em transferir ele pra outro andar.”
   “Vai sobrar pra cá, ... Dois quartos vagos!” – Liam alertou, levando seu prato para a pia.
   “Pelo amor de Deus! Só falta!”
   “Você disse Tomlinson?” – levantou a cabeça.
   fez que sim com a cabeça e franziu a testa.
   “Você conhece?”
   “A irmã dele entrou na faculdade agora, é caloura da El... Mora lá na Monte Olimpo...”
   “Essa é esperta! Se livrou do irmão maluco!” – falou rindo.
   “Mas ele é gato, viu? Só é meio viado...” – contou às meninas.
   “Jura? Pô, ... Precisamos visitar os outros andares do SPR!”
   “Ok, essa é a hora que eu saio!” – Liam bateu as mãos uma na outra em cima da pia e saiu rindo sob os protestos das meninas, mandando-o voltar.

  “Como ele tá?” – Dani perguntou, assim que entrou no laboratório. Ela demorou um pouco para responder, prolongando o silêncio enquanto colocava sua bolsa na mesa.
   “Ele tá triste... Ele ainda não entende o que fez de errado...”
   A garota passou as mãos no cabelo, exasperada.
   “Ele não fez nada errado... Mas ele nunca vai entender, né?”
   deu de ombros.
   “Acho que ele não entende os motivos... Mas uma hora ele vai se conformar...”
   “Não gosto de me sentir culpada!” – Dani confessou, torcendo as mãos.
   “Essas coisas acontecem, Dani... Não é culpa de ninguém! Eu conversei com ele ontem... Ele vai ficar bem...”
   “Ainda bem que eu tenho você pra cuidar dele!”
   sorriu e deu um abraço na amiga.
   “Acho que vou à biblioteca estudar, você avisa o Alexander se ele perguntar?”
   Dani fez que sim com a cabeça e começou a rir.
   “Tá fugindo do Malik, ?”
   A amiga riu e fez cara de inocente.
   “Claro que não... É que eu preciso mesmo ir lá...”
   “Sei... Sei!”
   As duas riram e juntou alguns livros e saiu.

  A primeira coisa que viu ao chegar à biblioteca foi sentada em uma mesa sozinha cercada de livros. Sentiu que precisava ajudá-la com essa coisa da timidez... Era um problema pelo qual ela própria tinha passado. O que iria fazer? Conhecia alguém da Arquitetura? Bom... As duas conheciam Liam, que era da Engenharia... Ele podia ajudar!
   Bom, por enquanto, ela mesma faria companhia a .
   “Oi !” – falou, se sentando. – “Nunca vi ninguém estudar tanto nas primeiras semanas de aula!”
   A garota sorriu e empilhou alguns livros, dando espaço para .
   “Não posso deixar acumular pra época das provas... E não posso arriscar tirar uma nota baixa. Meus pais me matariam e eu perderia a bolsa!”
   Hum... As coisas começavam a fazer sentido.
   “Entendi... Não sabia que você tinha bolsa! E seus pais são muito rigorosos?”
   “Um pouco...” – respondeu, como se fosse uma coisa com a qual estivesse acostumada. – “Mas eles se preocupam muito com o meu futuro... E meu pai fez arquitetura aqui também, então... Acho que era o caminho mais óbvio.”
   “Então você não curte Arquitetura?”
   abaixou os olhos.
   “Não sei...” – E então olhou de novo para . – “Não, meus pais não me forçaram a nada! Eu escolhi arquitetura, porque acho interessante. Não tinha outra ideia do que fazer, de qualquer forma...”
   “Bom, com o tempo você descobre se gosta mesmo ou não... Eu mesmo vivia em crise com a Biomedicina... Mas no fim, dá tudo certo!” – A garota contou rindo. – “Mas posso te dar um conselho? Não perca nenhuma experiência universitária! Não se afogue nos estudos e esqueça tudo que tem em volta... A verdade verdadeira sobre a Universidade é que você só leva pra vida o que aconteceu fora da sala de aula (n/a: Verdade verdadeira mesmo)!”
   As duas sorriram uma para a outra e fez que sim com a cabeça. Elas voltaram a estudar. Fazia cerca de 2 horas que estavam ali, quando checou o relógio e avisou que precisava voltar para o laboratório.
   “Já sabe onde vai almoçar? Eu vou lá na filar comida...”
   “Não sei ainda, mas qualquer coisa te mando mensagem!” – respondeu rindo.
   Ela voltou a estudar até perceber uma nova sombra sobre ela, levantou a cabeça e viu uma garota de óculos e cabelos vermelhos que ela achava que conhecia da aula de História da Arte.
   “Oi... Eu sou a Jessica. A biblioteca tá cheia... posso me sentar com você?”
   “Claro!” – Ela falou. – “A gente faz alguma aula juntas, não fazemos?”
   Jessica se sentou e abriu o caderno.
   “Acho que sim... De Urbanismo... Talvez?”
   parou para pensar e riu.
   “Não sei... Não me lembro. Alias, meu nome é !”
   As duas sorriram e começaram a conversar sobre o curso. Em 5 minutos, mais um estudante procurando por vaga nas mesas chegou perto delas. Ele usava um chapéu ridículo e o reconheceu.
   “Hey Niall!” – Ela falou, chamando sua atenção.
   “Ah, oi ! Pô, posso sentar aqui? Nunca vi isso tão cheio!”
   “Acho que agora o pessoal finalmente resolveu que o semestre começou!” – Jessica falou e ofereceu a mão para Niall. – “Sou a Jessica!”
   “Sou o Niall!”
   “Por que você usa essa coisa?” – Ela perguntou, olhando para o chapéu.
   “Porque sou o calouro mais legal dessa universidade!” – Ele falou, fazendo careta e riu. – “E porque os veteranos da minha república me obrigam...”
   “E você mora onde, Jessica?” – perguntou.
   “Pode me chamar de Jess...” – Ela disse sorrindo e acertando os óculos no nariz. – “Moro com meus pais mesmo... Sou uma nativa!”
   Os dois riram e eles passaram a comparar morar com pais, em um dormitório e em uma república. olhou para a folha de seu caderno em branco... Estava perdendo tempo de estudo em conversa fiada... Mas talvez tivesse razão... A Universidade era muito mais do que preencher aquele caderno!

  “Tomlinson!” – Harry chamou, entrando na cozinha. Se deparou com algo que deveria ter sido um aparelho de barbear desmontado em cima da mesa.
   “Fala, calouro... Ainda tão querendo a minha cabeça por aí?” – Ele levantou os olhos do objeto e riu.
   “O pessoal lá embaixo tá falando em te mandar pra outro andar... Mas acho que é melhor que ser expulso daqui, né?”
   O garoto deu de ombros.
   “Acho que eu sou um gênio incompreendido...” – Foi a vez de Harry gargalhar. – “E você vai onde com essa roupinha de ‘mamãe, quero ser o Rocky Balboa’?”
   “Vou pra academia... Te contei que conheci uma garota gata lá semana passada?”
   “Não... ela é daqui?”
   “Disse que já terminou a faculdade... Curto umas meninas mais velhas...”
   Louis levantou os olhos com cara de “Por favor, meu filho!”.
   “Você só precisa contar pra ela que é menor de idade então... Senão a coitada vai presa sem nem saber porque...”
   “Mas eu já tenho 18, imbecil!”
   “Olha lá como você fala com seu veterano!” – Louis falou, ameaçando-o com a chave de fenda que tinha nas mãos. – “Que eu corto a energia do prédio e coloco a culpa em você!”
   Harry riu e murmurou um “Maluco...”. Se despediu de Louis e saiu para a academia.
   A porta do elevador abriu no térreo e ele sorriu ao ver a garota de quem estava falando agora pouco para o veterano. Ela passava rápido em direção às escadas e nem o viu.
   “Hey!” – Ele chamou e se virou.
   “Ah, oi... Você mora aqui?” – Perguntou franzindo a testa e então se lembrou que no dia que chegou, ele havia aberto a porta para as duas.
   “Moro sim... E você?” – Ele perguntou, colocando as mãos nos bolsos.
   “Não... Já morei, não moro mais. Vim ver uma amiga...”
   “E ia subir de escada?”
   Ela riu.
   “Me falaram que o Tomlinson tinha estragado o elevador...”
   Harry fez que sim com a cabeça... A fama de Louis era QUASE invejável.
   “Já consertaram...”
   “Ah, que bom... Porque eu tô de salto!” – riu e Harry deu espaço para ela passar. – “Tá indo pra academia?”
   “Uhum... Você só vai aos sábados?”
   “Tô tentando voltar a ir em dias de semana, mas tá difícil... O trabalho não deixa!” – Ela falou, encolhendo os ombros. Harry mordeu os lábios pensando em algo para prolongar a conversa, mas não veio nada em sua cabeça. Deu um passo para trás.
   “Preciso ir... Te vejo no sábado!”
   Ela acenou e entrou no elevador cantando para si mesma o mantra “Ele é calouro! Ele é calouro! Ele é calouro!” enquanto o diabinho em seu ombro falava entre uma frase e outra “Mas é gato! Mas tá te dando mole! Mas você não vai casar com ele...”
   Quando chegou ao terceiro andar, o caos estava instalado! Logo que saiu do elevador, uma bexiga d’água veio em sua direção, molhando sua roupa toda.
   “QUE PALHAÇADA É ESSA?” – Gritou e ouviu uma erupção de risadas pelo corredor. Em uma olhada rápida, viu um intruso... Só podia ser! – “Mas tinha que ser você, né Murs?”
   Olly riu e jogou uma bexiga para cima.
   “Tava com saudade de guerra de bexiga entre os quartos! Mas foi mal a mira... Achei que eram as meninas voltando!”
   “Onde elas foram?”
   “Comprar mais balões, oras...” – Olly falou, como se fosse óbvio.
   Liam apareceu na porta do seu quarto com um balde cheio de bexigas e, ao ver , o colocou no chão, com uma expressão culpada no rosto.
   “Ah, oi ... Eu e o Olly...”
   “Não, Payne, fica tranquilo... Eu nem sou a RA aqui mais... Cadê a , aliás?” – Ela perguntou indo até a porta do quarto dos fundos.
   “Foi no mercado com as meninas...” – Olly respondeu, segurando a risada e fazendo balançar a cabeça.
   Não demorou muito e a porta do elevador se abriu e as três garotas já entraram no corredor gritando e jogando uma bexiga em Olly, que foi pego de surpresa.
   “Onde vocês encheram essa porra?” – Ele perguntou rindo, enquanto e correram até a cozinha e trancaram a porta para encher o resto. Liam gargalhava.
   foi até e a cumprimentou, rindo de sua roupa molhada.
   “E você deixa isso, ?” – Ela perguntou, mas em tom de brincadeira. A bexigada era meio que uma tradição no andar.
   “Desde que todo mundo ajude a limpar depois... Foi como eu aprendi!” – respondeu, dando de ombros e rindo. Abriu a porta do quarto e deixou entrar – “Pega uma roupa minha velha aí e vem também!”
   Ao passar pelo corredor em direção a cozinha, Liam saiu do quarto e acertou uma bexiga em suas costas.
   “Aaaaaah, Payne! Você me aguarde!” – Ela gritou apontando para ele. Na mesma hora e saíram da cozinha com três bexigas nas mãos cada uma.
   “TODAS CONTRA O OLLY!” – Elas gritaram, descarregando suas “munições” no invasor, que em 10 segundos ficou pingando de molhado. Ele tentava acertá-las, mas mal conseguia enxergar.
   “Vocês me pagam! Vocês me pagam! Cadê meu fiel escudeiro? Liam, me ajuda!”
   As meninas gargalhavam e logo se trancaram de novo na cozinha para encher mais bexigas.
   resolveu sair do quarto de bem quando Liam e Olly traziam mais balões para o corredor.
   “Olha a !” – Apontou Liam e a garota tentou voltar para o quarto.
   “Não! Não! Não! Você sabe muito bem que dentro do quarto não vale!” – Olly falou, puxando-a pela mão. – “Payne, por favor... A penalidade pra quem desobedece a regra principal?”
   Liam escolhia a maior bexiga. Colocou-a sobre a cabeça de , que estava imobilizada por Olly, e o garoto torceu-a até rasgar e toda a água cair na garota que rosnava para eles.
   “Vocês me pagam! Deixa eu chegar até a cozinha e pegar as bexigas do meu time!” – Ela ia andando e Olly tentava prendê-la, mas o chão estava liso e ele acabou escorregando, quase carregando-a junto. Risadas por todos os lugares.
   “Não precisa começar a secar o chão com a roupa, não Murs!” – falou, à porta da cozinha. Tinham aberto quando ouviram o barulho dele caindo. correu (ou tentou, no chão molhado) para dentro do cômodo e pegou mais bexigas com e , que ainda estavam mais secas.
   “Já encheram tudo?” – Liam perguntou. – “Então a cozinha não vale mais!”
   As meninas protestaram, mas ele logo fez menção de entrar lá para pegar as bexigas delas e as meninas resolveram colocá-las em uma bacia e fechar a porta.
   Em poucos minutos não havia mais ninguém seco. E depois de um tempo, nem era mais “meninos contra meninas”. Valia todo mundo acertar uma pessoa só, jogar vôlei no corredor estreito com a bexiga d’água e brincar de deslizar pelo chão molhado.
   “Esse é o andar mais legal de todos!” – falou, sentada no corredor, ofegante. – “Ainda bem que eu vim pra cá e sai daquela república!”
   “Não fala assim, que o Murs fica chateado!” – falou, trazendo cervejas da cozinha para todo mundo. – “Ele dava uns pegas na Taylor, que eu me lembro!”
   O garoto escondeu o rosto com as mãos, fazendo todo mundo rir.
   “Como você aguentava?” – perguntou e as meninas riram mais.
   “Ah... Sabe como é...” – Ele respondeu sem jeito e Liam deu uns tapinhas em suas costas.
   “Quem nunca?”
   “O QUÊ?” – perguntou arregalando os olhos. – “Você também, Liam?”
   Ele deu de ombros e bebeu mais um gole da cerveja sem responder, ainda que as meninas só faltassem tentar matá-lo na poça d’água que se formava perto da cozinha. Quando todos terminaram suas cervejas, se levantou e bateu palmas...
   “Agora a pior parte, galera! Limpar essa bagunça toda!”
   Houve um burburinho de reclamações, mas todos se levantaram e foram buscar os rodos e panos de chão na cozinha... Pelo menos estavam em seis e o trabalho seria rápido.
   estava na porta de seu quarto observando Liam passar o cabo do rodo pelo corredor e e pularem, como se fosse uma prova dessas de programa de domingo.
   “Que foi?” – perguntou ao ver a expressão da amiga.
   “Saudade... Só saudade... Ficar vendo eles parece um replay de quando a gente era assim também...”
   “Então você precisa parar de assistir e começar a viver também...” – Ela disse e abaixou a cabeça.
   “Eu disse ao Liam pra seguir em frente, mas acho que eu mesma não to seguindo esse conselho, não é?”
   “Talvez seja o lado negativo de voltar pra esse lugar...”
   “É... Talvez... Mas eu não trocaria o terceiro andar por nada... Eu só tenho que me lembrar que eu ainda tô aqui pra fazer parte disso tudo...” – Ela falou apontando para o corredor. – “E não só como espectadora...”
   “E você tem a mim e todo mundo aqui... Você sabe, né?”
   sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “, , vocês tem que vir brincar disso também!” – gritou, pulando o rodo e rindo. As duas riram e foram até lá também.
   Mas uma nova história precisa de um novo amor, não?

Capítulo 6 - Only the strong survive

CATCH ME IF YOU CAN
   A regra é simples e clara: Você tem que capturar a foto do seu alvo!
   Cada RA está encarregado de trazer o envelope de cada um dos moradores do seu andar para o sorteio.
   Os participantes receberão um envelope contendo a própria foto (que deve ser usada pregada à roupa para ser pega) e a foto de seu alvo.
   A captura do seu alvo lhe dá a possessão das demais fotos que essa pessoa já adquiriu e seu novo alvo passa a ser o alvo da pessoa capturada.
   E que vença o melhor!

  “... Isso vai dar merda...” – alertou, vendo a amiga andar pelo quarto, toda metida à malandra.
   “Vai nada, ... Relaxa aí! O plano é infalível!”
   “Como infalível, criatura?! Os dois não tem nada!”
   “Não TINHAM! A partir dessa semana, vão ter... Eles só precisam passar um tempo prestando atenção um no outro!”
   “Liam tava chorando por causa da Dani duas semanas atrás, !” – ainda achava que ela não deveria se meter a cupido, mas estava difícil convencê-la do contrário.
   “Por isso mesmo! Ele precisa começar a ver outra pessoa! E a é o perfil dele... Fofa, engraçada... Não tem erro!”
   “Tirando o fato que nenhum dos dois demonstrou nenhum tipo de interesse pelo outro...”
   “Detalhes...”
   pegou o envelope de e foi para a reunião de sorteio da competição, deixando o de e Liam em cima da cama. Não era de hoje que ela observava como os dois se davam bem... Nada mais óbvio que querer unir o útil ao agradável. Liam precisava se apaixonar de novo, iria ganhar o garoto mais fofo que uma menina podia querer... Qual era o problema?
   “Vai lá, maluca...” – se despediu da amiga e foi entrando no elevador.
   “Hey hey hey...” – a chamou de volta. – “E nada de ficar dando volta de elevador pra ver se acha seu calouro!”
   “Você tem muita sorte que eu sou educada!”
   As duas riram e seguiram para direções diferentes.

  “! ! Liam!” – passava pelos quartos batendo na porta, com três envelopes nas mãos.
   Os três saíram sem entender, mas logo fez-se a luz para Liam e ele saiu do quarto sorrindo.
   “Poxa, tava demorando esse ano!”
   As meninas continuavam com a sobrancelha arqueada olhando de um pro outro.
   “O que é isso, ?” – perguntou.
   “É uma das maiores diversões de se morar em dormitório! É um jogo que se chama ‘Catch me if you can’! As regras são bem simples e dentro do envelope tem um papelzinho explicando. São três dias de prova e começa a partir de amanhã: Sexta, Sábado e Domingo!”
   e se entreolharam e sorriram... Já tinham ouvido Liam contando sobre o jogo e estavam ansiosas por ele. Quem será que elas tinham tirado? Iam tirando as fotos do envelope quando as repreendeu.
   “Nãããão, suas loucas! Vai que uma tirou a outra! Não! Vocês só podem abrir no quarto!”
   “E se eu não conhecer quem eu tirei?” – perguntou, passando as mãos pelo envelope ainda fechado.
   Liam riu.
   “A graça é essa!”
   “May the odds be ever in your favor!” – disse teatralmente, fazendo todos rirem.

  “Ele é um gato!” – Jess falou, pegando a foto de Liam. As duas estavam na aula de aula na sexta de manhã. tentava prestar atenção na professora, mas ao mesmo tempo não conseguia parar de voltar os olhos para o foto do garoto. Devia ter dado muito na cara no café da manhã, pois ele não parava de lançar olhares estranhos para ela. – “E o que você tem que fazer?” – A amiga sussurrou, ainda com a foto nas mãos.
   “Roubar a foto igual a essa que fica com ele...”
   “Parece fácil...”
   soltou um suspiro.
   “Não sei... Ele já jogou isso algumas vezes, uma vez quase chegou a ganhar... Acho que vai ser difícil!”
   “A gente devia ir estudar lá no terceiro andar, no seu quarto... Esse tal de Liam, olha...”
   “Jéssica!” – falou rindo e tirou a foto das mãos dela. Opa, o que era isso que ela tava sentindo, assim bem lá no fundo? Ciúme? Era mesmo ciúme? Olhou a foto de Liam antes de guardá-la rápido dentro do caderno. Parecia uma adolescentezinha guardando a foto roubada do garoto por quem estava apaixonada.

   olhava mais uma vez para a foto do garoto que deveria encontrar. Já tinha visto ele pelos corredores? No hall? No elevador? Não, nunca... Se lembraria. Seu celular vibrou e ela olhou em volta pra ver se não teria problema checar a mensagem na sala de aula. Era de .
   “E aí? Já descobriu pelo menos de que andar esse cara é?”
   “Nem noção... Acho que vou perguntar pra ! Será que se ela conhecer, ela me fala?”
   “Talvez... Também tem a que foi RA por anos... Alguém tem que saber!”
   “Vou perguntar pra uma delas... Já pensou como vai pegar o Liam?”
   “O QUÊ?”
   “Pegar a foto, besta!”
   “Ah, hahahaha... Ainda não...”

   É... Não ia ser esse ano que as meninas iam ganhar esse jogo...

  Liam estudava os passos da caloura pela cozinha. Ela estava com a foto no bolso de trás da calça. Provavelmente jamais imaginaria que alguém do próprio andar teria a tirado como alvo, ele mesmo estava com a foto em cima da mesa sem proteção nenhuma. Mas não parecia ligar muito, então ele devia ter imaginado que ela o olhava no café da manhã.
   “Muito perigoso andar com a sua foto assim...” – Liam falou apontando e só então se tocou de que estava apontando (e olhando) para a bunda da garota e abaixou a mão, sem graça.
   tirou a foto do bolso e ficou olhando sem saber onde guardá-la.
   “Prende na gola da sua blusa... Ninguém vai conseguir tirar daí sem você ver...”
   “Você é bom mesmo, hein?” – falou, indo se sentar à mesa. – “Menos na parte em que sua foto está soltinha em cima da mesa!” – Ela fez menção de pegá-la, mas Liam riu colocando a mão em cima. Achou que a garota estava blefando.
   “Há! Você também é boa nisso...”
   “Vai saber se guardar a foto no bolso de trás não era uma tática...” - fez uma cara de convencida.
   “É... Acho que a única que poderia tirar ela daí sem receber um tapa seria a , certo?” – Liam disse rindo e soltando a própria foto mais uma vez, enquanto voltava a escrever em seu caderno. podia pegá-la facilmente, mas por algum motivo não o fez. Queria continuar brincando. Era só por isso, certo?

   estava desesperada! Ela sabia ser bem competitiva quando queria e o fato de não ter ideia de por onde começar a procurar o cara da foto a deixava muito brava. Bom, pela foto ele devia ser calouro... Mas de que curso? Chegou ao terceiro andar no final do dia frustrada depois de uma volta de elevador pelos andares, mas como todo mundo estava jogando, todos pareciam se esconder. Entrou na cozinha e jogou a bolsa na cadeira.
   “Dia ruim?” – , que lia uma revista e mexia seu chá, perguntou.
   “Não consigo encontrar meu alvo!” – contou, indo pegar água quente pra fazer um chá também.
   estendeu a mão e entregou a ela a foto.
   “Bonitinho... Mas não conheço...”
   e Eleanor entraram na cozinha cumprimentando as duas.
   “Oi El!” – sorriu ao vê-la. – “Fazendo o que aqui?”
   “Vim ver vocês...” – Ela disse. – “E falou que aqui tem um pequeno tesouro em cookies de chocolate... Vim experimentar...”
   pegou uma latinha em um dos armários e as quatro se serviram de chá e cookies.
   “Mostra pra elas, ... Quem sabe elas conhecem?”
   “O quê?” – Eleanor perguntou, pegando a foto. As meninas explicaram para ela sobre o jogo, fazendo-a se animar. – “Ai, deve ser tão legal!”
   “Você conhece, El?” – perguntou, já perdendo as esperanças. A amiga fez que não com a cabeça e passou a foto para o lado.
   pegou a foto e ia beber seu chá quando viu quem era. Voltou a xícara para a mesa tossindo. olhou de relance para a foto e depois para a amiga.
   “É... Eu conheci sim...” – Ela falou, ainda tossindo. – “Conheço da academia, mas não sei em que andar ele mora!”
   “Ah...” – Poxa, achou que finalmente tinha descoberto!
   olhou de novo para e não foi difícil juntar um mais um. Era o tal calouro que ela tanto falava, não era?
   “Po, mas acho que a vai ficar super feliz em te ajudar a procurar!” – Soltou, batendo nas costas da amiga, que lhe lançou um olhar assassino.
   riu.
   “Não, não precisa... Ainda tenho amanhã e domingo para procurar...”
   “E quem a tirou?” – Eleanor perguntou, se servindo de mais um cookie.
   “O Liam!” – contou rindo.
   “Não acredito!” – Ela soltou.
   “Nem eu...” – disse, fazendo rir ainda mais.

  Ela nem devia estar esperando tanto pelo sábado de manhã como estava. Ia para a academia quase correndo e falando mil coisas consigo mesma. Parou antes de entrar dando uma olhada na própria imagem na porta de vidro.
   “Ridículo, ... Ridículo!” – Falou para o reflexo e entrou.
   Subiu as escadas e entrou na sala de aula de boxe. Rob veio cumprimentá-la, enquanto olhava em volta procurando-o. Nada de calouro por ali. Estava se aquecendo quando ele chegou. Sorriu ao vê-la e acenou.
   “Hey... Bom dia!”
   “Bom dia!” – Ela respondeu, sentindo uma borboletinha se espreguiçando em seu estômago. Tinha hibernado por um bom tempo!
   Harry era um garoto interessante demais para passar batido. Andava em uma corda bamba entre ser um garoto sério que parecia ter muito mais do que... Bom, a idade que deveria ter e ser um moleque extremamente espirituoso. E era nessa de descobrir quem ele era que se via, nos pensamentos dela, dando corda para se enforcar.
   “E você faz Direito? Você não tem cara de quem faz Direito...” – Ela falou.
   “Por quê? Você não me acha persuasivo o suficiente pra ser um advogado?” – Harry perguntou, levantando uma das sobrancelhas e sorrindo. Ele TINHA que parar de fazer isso.
   “Não sei... Acho que ainda não te conheço o suficiente para saber!” – respondeu, dando de ombros e voltando a bater no saco de pancadas. Estava tendo sérios problemas de concentração.
   “E você é formada em que?”
   “Moda...” – Ela respondeu e ele franziu a testa. – “Que foi?”
   “Você fez Moda e luta boxe?”
   “Por quê? Eu deveria ser uma Barbie que tem medo de quebrar a unha?”
   Harry riu, coçando a nuca meio sem jeito.
   “É... Tipo isso...” – Os dois riram. – “Acho que estamos quites nas primeiras impressões erradas!”
   Ficaram um tempo fazendo os exercícios em silêncio e Rob logo puxou papo com um e com o outro e 15 minutos depois estavam dispensados. Estavam saindo juntos e descendo as escadas, quando Harry pendurou algo em seu pescoço. Era a própria foto. Ao perceber que o observava, pegou o objeto nas mãos.
   “Hey, não é nada do que você está pensando! Eu não ando com uma foto minha pendurada no pescoço! É um jogo que temos no SPR. Se chama Catch me if you can! As pessoas tem que roubar as fotos umas das outras e esse cara, o Tomlinson, que mora comigo no quarto andar me ensinou o truque de usar a foto num cordão e...” – Ao perceber que a garota sorria, meio debochada, ele parou de falar e riu também. – “E você sabe de tudo isso, porque já morou lá...”
   Ela fez que sim com a cabeça.
   “Sei de tudo isso e sei também quem tirou você!”
   Harry arregalou os olhos e parou de andar, de frente pra ela!
   “Me conta!”
   “De jeito nenhum!” – Ela falou, cruzando os braços e rindo.
   “Sério, ... Me conta! Eu não digo que foi você...”
   A garota fez que não com a cabeça. Harry ria de nervoso e foi chegando mais perto dela, cutucando-a na barriga.
   “Eu te contei em que andar eu moro... Você vai contar pra pessoa, não vai? Eu nunca vou te perdoar! Me conta quem é... Só me diz o nome...”
   “Sai, Styles!” – falou gargalhando. No fundo, estava adorando! Não se sentia tão adolescente assim há uns bons três anos. – “Não vou contar quem tirou você e se você for bonzinho, só falo qual o seu andar no fim do domingo...”
   Ele fechou a cara e cruzou os braços.
   “Vou passar o fim de semana fora do campus... Vou acampar lá na sua loja, só de vingança!”
   “Não seja um mau perdedor!” – falou, dando tapinhas nas suas costas. Harry ainda tentou persuadi-la a contar quem era, mas ela só fazia que não e ria. Teimosa!

  Qualquer um que olhasse de fora, jamais imaginaria que os dois estavam mesmo na brincadeira. Liam e jogavam videogame no quarto do garoto, ela com sua foto apoiada na perna e a foto dele jogada pela cama.
   “Você não ia sair com os meninos da JJJ?” – A garota perguntou, colocando a língua para fora enquanto virava o controle, fazendo Liam rir.
   “Eu vou... Mas ainda é cedo! Quer ir?”
   olhou para ele pelo canto do olho, Liam sorria olhando vidrado para a televisão.
   “Hum... Acho que não... Só vão meninos, certo?”
   “Bom, algumas namoradas devem ir também...”
   O carrinho de caiu fora da estrada.
   “Opa!” – Ele falou rindo. – “Vai que mais alguém do dormitório vai e você encontra seu alvo!”
   “É... É bem provável que ele esteja lá...” – respondeu meio nervosa.
   “Ele? Então você tirou um menino? Quer que eu veja se sei quem é?”
   “Não, claro que não!” – respondeu, na defensiva. – “Vai que eu tirei você!”
   “Se você tivesse me tirado, já tinha pego minha foto... “ – Ele apontou para a cama.
   “Seria muito fácil...” – A garota respondeu dando de ombros e fazendo Liam rir daquele jeito bonitinho que ele ria, fechando os olhos.
   “Acho que eu não tô te dando o devido crédito!” – Ele disse, pegando a foto e guardando no bolso de trás da calça. – “Ouvi dizer que é um lugar seguro...” – Falou, piscando para ela. – “Você devia fazer o mesmo... Vai que eu tirei você...”
   riu. Guardou sua foto no bolso também, voltando a olhar para a tela.
   “Você é o carrinho de cima, ...”
   já tinha desistido. Passou o sábado parecendo uma maluca dentro do elevador, nas escadas, na biblioteca e até pelas ruas da cidade e nada do garoto que ela tinha que achar. Decidiu, então, que a brincadeira era muito legal (ela estava se divertindo demais assistindo Liam e ), mas não valia a pena perder o fim de semana nisso.
   Era domingo à tarde e ela lia um livro numa cafeteria. A única aberta na cidade. Ainda estava um pouco de ressaca, porque tinha saído com Zayn na noite anterior.
   “Posso me sentar aqui?”
   levantou a cabeça. Um cara de cabelos enrolados e uma expressão de badboy de dar inveja em Zayn segurava um café e um livro e apontava para a cadeira na diagonal da dela. Ainda havia mesas vazias pela cafeteria, mas ele era bonito demais para que ela recusasse.
   “Claro! Senta aí...”
   O tal cara se sentou e sorriu para ela.
   “Meu nome é Aidan.”
   “O meu é .”
   “Nome bonito... E, desculpa perguntar, mas o que é isso no seu braço?”
   olhou para a própria foto presa em sua manga esquerda. Tinha desistido do jogo, mas a regra dizia que quem estivesse participando devia sempre andar com a foto em lugar visível. Ela tampou-a com a mão, sem graça.
   “Estou participando de um jogo no meu dormitório...”
   “Catch me if you can?” – Ele perguntou e tomou um pouco de café.
   “Você tá jogando também?” – arregalou os olhos e esbarrou em sua caneca, quase derrubando. Aidan riu.
   “Não, não moro mais nos dormitórios...”
   O rapaz abriu o livro e começou a ler, deixando contemplando apenas sua capa. Entre uma página e outra e um gole de café e outro, eles trocavam algumas palavras e perguntavam um sobre o outro.
   “Artes Cênicas?” – perguntou, se debruçando na mesa. Os olhos já demonstrando todo seu interesse.
   “Por que não? Só porque vou ser pobre pro resto da vida?”
   Ela riu.
   “Não... Na verdade estou perguntando por que aqui não é o melhor curso de Artes Cênicas do país.”
   Foi a vez de Aidan ficar surpreso.
   “Como você sabe disso?”
   “Porque num passado distante, já pensei em fazer isso...”
   Ele riu fazendo que sim com a cabeça. Tinha um sorriso lindo!
   “Não passei em Londres...” – O garoto deu de ombros. – “Por isso vim pra cá...”
   Continuaram conversando, até que se distraiu olhando pela janela. Sentiu algo em seu braço e, quando se virou, Aidan rodava sua foto nos dedos e exibia um sorriso convencido.
   “Hey, me devolve isso!”
   “Te peguei, ...”
   Não! Não era possível!
   “Você disse que não morava mais nos dormitórios!” – Ela protestou.
   “Também disse que faço Artes Cênicas!” – O rapaz respondeu rindo da cara irritada dela. – “Bom saber que minha atuação anda razoável...”
   “Você nem ta usando sua foto! Você tá roubando!”
   Aidan apontou para o lado de sua jeans. Sua foto se misturava à cor escura da calça e ficava quase imperceptível. bufou e abriu a parte de trás de seu livro tirando a foto de Harry.
   “Toma aqui o meu alvo... Boa sorte... Esse menino simplesmente não existe!”
   “Já capturei 8 pessoas... Acho que vou parar por agora...” – Ele falou, empurrando a foto de volta para ela. – “Além do mais, gostei de ficar por aqui...”
   Se ele fosse um pouco menos bonito, teria levantado e saído dali. Estava muito brava por ter sido enganada! MAS resolveu só bufar mais uma vez e se esconder atrás do livro enquanto Aidan ria dela.

  A porta do quarto de Liam estava aberta. Pelo que tinha ouvido, ele ia sair para ir ao pub com seus amigos. Pegar ou não a foto? De que adiantaria? Não daria tempo de ir atrás do alvo dele para continuar o jogo. Ir ou não ir? Ir ou não ir? Liam passou assobiando para a cozinha. Voltou sorrindo para ela.
   “... ...” – Falou, balançando a foto dela. – “Deixar a coitada sozinha foi dar muito mole, hein? Eu juro que estava tentando te ensinar umas manhas...”
   tirou a foto de Liam que segurava atrás do corpo. Tinha corrido pegá-la quando ele estava na cozinha.
   “Sério? Você estava tentando me ensinar a jogar?”
   O garoto parou de balançar o papel, boquiaberto.
   “Mas como? Então era você mesmo? Mas... Mas então nós tiramos um o outro?”
   vinha saindo cantarolando do elevador e encontrou os dois abismados no corredor.
   “Olá, calourinhos queridos!” – Ela cumprimentou.
   “!” – Liam a chamou. – “Eu e tiramos um o outro! Pode acontecer isso? O jogo acabaria aqui pra nós dois, porque não teria como eu roubar o alvo dela!”
   A veterana fez cara de surpresa.
   “Vocês se tiraram? Nunca vi isso acontecer! Mas acho que foi coincidência mesmo...” – Mentiu descaradamente. – “Os envelopes são misturados e sorteados lá no Hall de entrada...”
   Liam e se olharam e riram. Quais eram as chances?
   “E quem ganhou?” – quis saber.
   “Nós pegamos as fotos na mesma hora!” – contou, ainda rindo.
   “É... Então acho que todos ganharam...” – A garota falou, quase orgulhosa de si mesma, e foi para seu quarto.

   estava lendo um artigo em seu quarto. Já era tarde, mas ela não tinha sono... Às vezes tinha essas crises de insônia. Ouviu então, vindo do corredor, uma risada alta e esculachada. Sentou-se ereta na hora. Não era possível!
   “Shhh... Fica quieto, porra!”
   Era a voz de Liam. O que estava acontecendo? A curiosidade venceu e se levantou da escrivaninha e foi até a porta. O coração batendo descompassado.
   Ao olhar para o corredor, sentiu um misto de decepção e alívio. Liam estava no corredor com aquele calouro que ela havia visto embaixo da árvore na pracinha. Ele parecia totalmente bêbado.
   “Ai , te acordei?” – Liam perguntou e Niall se aprumou, dando um passinho embriagado para o lado. – “Eu fui no pub com o Horan, mas ele ficou mais bêbado que o combinado, aí resolvi trazer ele pra cá...”
   “Não tem problema... Na verdade, eu só achei que era outra pessoa...” – Ela sorriu e estava entrando no quarto quando Niall deu uma risadinha.
   “Você é a garota da JJJ...”
   “Oi?” – voltou a encará-lo.
   “Eu te vi na JJJ... Na primeira festa!”
   “Ah...” – A garota se lembrou. Pela primeira vez percebeu que ele usava mais uma vez o chapéu de bobo da corte. – “Sim, sou eu... Me lembro de você também!”
   “Pô, Payne... Vamos beber mais, vai...” – O calouro se virou para o amigo, passando o braço por seus ombros.
   “Não, Horan... Você já bebeu demais!”
   “Ih!” – Niall falou, parando e batendo as mãos nos bolsos. – “Esqueci... Esqueci...”
   “Esqueceu o que? A carteira? No pub, calouro? Porra!”
   “Não... Meu violão! Cadê meu violão, Liam?”
   “Deve ter ficado no carro de alguém... Amanhã a gente procura!”
   riu. Parecia estar vendo uma cópia loira de alguém que ela conhecia bem.
   “Você precisa de café, Horan...” – saiu da porta em direção à cozinha. – “Vem, eu vou fazer pra você...”
   “Café? Café é legal... Chá é mais... Mas café é legal... Café com whisky...”
   O menino parecia ligado no 220V! foi até a cafeteira e ele se sentou à mesa.
   “Fica aqui, que eu já volto!” – Liam falou pra ele, que fez que sim com a cabeça.
   “Liam é um cara legal, né?” – Ele perguntou para .
   “É, é sim...” – Ela ligou o aparelho e foi se sentar à mesa, de frente para Niall.
   “Porque você usa isso?” – Perguntou, apontando para o chapéu que ele usava.
   Niall deu de ombros.
   “Trote... Mas eu não ligo... Eu até gosto... É engraçado!” – Ele disse, brincando com o chocalho de uma das pontas do chapéu. Então o tirou e colocou em cima da mesa, ajeitando o cabelo. – “É, talvez não tenha sido uma boa ideia tirar...”
   riu.
   “Tá bom assim, fica tranquilo...”
   Ele continuou mexendo no cabelo.
   “Você bebe... qual é seu nome mesmo?”
   “.”
   “Vou te chamar de .” – Não era um pedido de permissão... Era uma afirmativa. – “Você bebe, ?”
   “Só de vez em quando...”
   “A gente tem que ir beber junto algum dia!” – Niall falou sorrindo. Parecia um molequinho, mas algo nele... Talvez o jeito inocente, era encantador! Ele pegou o chapéu e ofereceu a ela. – “Coloca aí o chapéu!”
   “Não vou colocar, Horan...” – Ela disse rindo e indo para trás.
   “Coloca o chapéu... Só pra eu ver como fica...”
   se deu por vencida e colocou o chapéu, olhando para cima e tentando acertar sua franja. Niall sorriu satisfeito.
   “Ficou bom em você!”
   “Eu faço uma ideia!” – Ela zombou, ainda mexendo no chapéu.
   “Você ficou bonita com ele...”
   “Você tá bêbado, Niall, nem tá me enxergando!”
   “To bêbado, não tô cego! E bêbados não mentem...” – O garoto disse, em tom de quem filosofa.
   riu de novo e tirou o chapéu, bagunçando todo seu cabelo.
   “Tava melhor com...”
   “Idiota!” – Ela atirou o chapéu em Niall e os dois riram. Liam voltou à cozinha de pijama quando a garota se levantou de novo para checar a cafeteira.
   “Ih, olha lá, ... Liam dorme de pijama!”
   Os dois trocaram um olhar confuso.
   “Qual o problema, Niall?”
   “Pijama é coisa de menino criado com a vó!”
   Os três gargalharam e depois colocaram a mão na boca juntos. Estavam fazendo muito barulho. Liam deu um tapa na cabeça do calouro.
   “Coloca aí o chapéu, veterano!”
   Ficaram ali pela cozinha até Niall começar a dar sinais de que estava ficando mais sóbrio, o que só aconteceu muitas xícaras de café e muitas risadas depois. Pelo menos diminuía as chances dele causar pelo quarto de Liam quando fossem dormir.
   “Boa noite, !” – Liam deu um beijo no rosto da garota.
   “Boa noite, !” – Niall o copiou e antes de entrar no quarto, colocou o chapéu de novo nela. – “Pode ficar com ele...”
   “Ah, obrigada!” – disse, tirando o chapéu da cabeça e analisando o “presente”. – “Mas vão te matar se você aparecer na republica sem, não?”
   “Então eu volto aqui buscar outro dia!” – Ele piscou e sorriu. – “Cuida dele!”
   Liam levantou as sobrancelhas para , que deu de ombros... Eles se despediram e ela voltou para seu quarto. Um sorriso insistia em nascer no canto de seus lábios toda vez que se lembrava da risada de Niall. Ou era a risada de outra pessoa?

Capítulo 7 - Ultraviolet

  (Coloquem para tocar: Wild Ones - Florida)
   "Tá tudo bem?" – El perguntou, olhando para desconfiada. A garota encarava o nada com os dedos parados nas teclas do computador. Tomou um susto quando Eleanor falou com ela.
   "Oi?"
   "Vim te dar tchau!"
   "Ah! Tchau, El! Até amanhã..." – Ela se levantou e abraçou a amiga, que se despediu de também e saiu do estúdio.
   esperou até que estivessem só as duas e foi até a mesa onde estava.
   "O que houve? Alguma coisa em casa?"
   A garota soltou o ar pesadamente. Tinha ido para casa no fim de semana pela primeira vez desde que havia voltado.
   "Não... Tá tudo bem em casa. Você conhece a minha mãe... Ela é o máximo!" – falou, apoiando o rosto nas mãos. se sentou. – "Mas é tão estranho... Eu não queria ir, pra começo de conversa... É difícil estar aqui me divertindo e ter que sair e voltar pro mundo real!" – Ela falou fazendo aspas com a mão. – "E aí eu cheguei lá e passei dois dias e não queria mais voltar!" – falou dando uma risada meio triste e olhou pra baixo. – "Eu me sinto mal de estar aqui, me sinto irresponsável..."
   "... Mas você só voltou porque precisa terminar seu mestrado. Pra conseguir um trabalho! Você não veio de férias! Mas você também não precisa viver pra isso! Você não pode se sentir culpada por estar se divertindo, por estar feliz..."
   "Eu sei, mas mesmo assim é complicado... Não parece certo."
   "Volta mais vezes pra lá então, se você está se sentindo mal por estar longe..." – sugeriu e fez que sim com a cabeça. – "Mas pode desfazer essa cara murchinha aí... Você sabe que semana é essa!"
   A amiga riu.
   "Não estou com cabeça pra festa, ..."
   "Mas não é qualquer festa! É Halloween! E você vai..."
   "Não vou, não! Nós nem temos mais idade pra essas festas de faculdade!"
   fez uma cara de ofendida.
   "Dou na sua cara se você me chamar de velha mais uma vez!" – As duas riram. – "Vai ! Não quebra a tradição! E, além do mais, você prometeu pra que a gente ia embebedar a nessa festa!"
   "Ih, é... Mas eu posso fazer isso lá no dormitório mesmo."
   "Não acredito, !"
   riu e voltou a olhar para a tela do computador. Porque as coisas tinham que ser tão complicadas?

  "Mas ! Você tem que ir!" – falava, tentando convencê-la. – "Vai ser o primeiro porre da ..."
   "Eu não disse que concordava com isso!" – se defendeu e as outras duas riram.
   "Essa eu quero ver!" – Liam falou, parando na porta do quarto de , onde as meninas estavam.
   "Você vai ajudar, né Liam?" – perguntou rindo e levantou os olhos, curiosa. O garoto a olhava com uma expressão marota.
   "Mas é claro!"
   "Então só temos que convencer a !"
   "Hey, eu não disse que vou beber!" – protestou.
   "Você é caloura!" – Liam falou, debochando. – "E eu nunca te dei trote... Tá na hora!"
   sorriu ao ver os dois discutindo, quase se deu um self five. Devia ir nessa festa? Ela queria, mas ainda se sentia mal por estar na Universidade, indo para festas e se divertindo. Mas agora estava ali, certo? E não iria cancelar seu mestrado. Então qual era a diferença entre sair ou ficar sentindo pena de si mesma no quarto? Não mudaria o fato de que estava longe de casa.
   "Ok... Eu vou nessa festa!" – Ela falou e os três comemoraram. – "E a senhora vai beber sim!" – Disse, apontando para e se levantando da cama.
   "Onde você vai?" – Liam perguntou rindo.
   "Na ! Preciso da minha personal stylist! Preciso de uma fantasia!"

   olhava para cima enquanto a maquiava.
   "Sério, , a próxima vez você vai escolher outra semana pra ter crise existencial! Pra eu providenciar uma fantasia decente pra você!"
   "Ou indecente... Igual a sua!" – disse, segurando a risada e se endireitou.
   "Como é que é? Vou jogar esse lápis de olho em você, !"
   "Tô zuando, besta, você tá linda!"
   estava vestida de gangster. Usava um sobretudo listrado que ia até o meio de sua coxa, um shorts do mesmo tecido do casaco, cinta liga, botas pretas e um chapéu sobre o cabelo, que estava enrolado nas pontas. Estava de causar inveja! A garota ficou umas 2h pensando em uma fantasia improvisada para , mas não tinha nada que pudesse ajudar. As duas, além de tudo, não vestiam o mesmo tamanho. Então ela correu na loja e subiu com um vestido preto de manga longa e as costas aberta, que era simplesmente lindo. Procurou em seu closet e achou orelhas de gato numa caixa de coisas da faculdade e voilà! Era isso ou nada!
   se olhou no espelho e sorriu. A maquiagem tinha ficado fofa e ela se sentia muito mais bonita do que vinha se sentindo por muito tempo. Arrumou as orelhas de gato e sorriu para a amiga.
   "O que eu faria sem você, hein?"
   deu de ombros, convencida.
   "Aceito meu pagamento em tequila!"
   "Tequila! Vamos beber tequila! Quanto tempo não bebemos juntas?"
   "Uma eternidade!"
   Alguém bateu na porta, eram e . estava vestida de pirata. Usava um vestido tomara que caia com um corpete vinho e a saia verde escuro, um chapéu, muitas pulseiras, um pingente de timão no pescoço e botas. era Jessie do Toy Story, mas as meninas tinham costumizado a fantasia, para que não ficasse muito infantil. Em vez de calça jeans, usava uma saia jeans de pregas, cinto, fivela e botas de cowboy, uma camisa branca, corpete e um chapéu vermelho. tinha feito uma trança em seus cabelos, que caia em seu ombro.
   "! Adorei sua fantasia!" – falou ao vê-la.
   "Vocês duas também estão maravilhosas! Duvido que algum cara resista!"
   "A ideia é essa, certo?" – falou, piscando. – "Mas a missão da noite mesmo é deixar a bêbada!"
   "E a gente já pode começar os trabalhos!" – foi até o guarda roupa e tirou uma garrafa de tequila.  As meninas gargalharam. – "Pra já sairmos daqui enxergando todo mundo lindo também!"
   "Vou chamar o Liam!" – falou, quando elas passaram pelo corredor em direção a cozinha. Nem precisou! Quando ela fez menção de bater na porta, Batman apareceu olhando para ela.
   "Jessie!" – O garoto exclamou animado. – "Que irado! Eu adoro Toy Story! Procurei uma fantasia de Buzz, mas não tinha do meu tamanho..."
   Ela riu.
   "Mas a de Batman ficou legal tbm! A gente vai tomar tequila, você quer?"
   "Não posso... Sou o motorista da rodada!"
   Os dois entraram na cozinha e Liam assobiou.
   "Vocês não tão pra brincadeira, hein?"
   "Tá falando da roupa ou da tequila?" – perguntou, picando os limões.
   "Dos dois!"
   "Vai beber também?"
   "Não, vou só apontar e rir!" – Ele falou sentando em uma cadeira e jogou um limão nele.
   Quatro copinhos, quatro pedacinhos de limão, sal e quatro garotas fantasiadas brindando o primeiro porre de uma delas. A noite começava assim e prometia não terminar até que o dia raiasse!
   "Eu não vou abrir a loja amanhã!" – anunciou, chupando o limão de sua segunda tequila.
   "Ousada!" – caçoou.
   "Rebelde!" – Liam completou. – "E posso pedir a palavra pra ressaltar o fato de que a não fez cara feia na primeira tequila dela?"
   As meninas bateram palmas para a amiga, que tirou o chapéu agradecendo. checou o relógio.
   "Melhor irmos logo! Ou vamos ficar bêbadas e dormir na escada." – Ela e apontaram uma para a outra e riram do que parecia ser uma história do passado.
   "Podemos pendurar um saco de limão na porta do carro e bebermos tequila nos sinais vermelhos!" – sugeriu, fazendo rir mais.
   "É, realmente... Eu tinha que ir nessa festa! Tradição é tradição! E ... Exijo que você volte com muitas histórias pra contar! O cardápio do café da manhã será panquecas com pérolas do seu primeiro porre!"
   Todos riram e concordaram e prometeu que ia tentar.
   Depois de uma última passada no banheiro para checarem a maquiagem, os cinco saíram para a festa. Liam ia levá-las, já que tinha se disponibilizado a ser o integrante sóbrio do grupo.
   O lugar parecia magnífico! Para e aquela era a primeira vez no Wonderland (n/a: Eu sei, o mesmo nome da balada de NYI. Me desculpem pela falta de criatividade), a balada onde as festas universitárias aconteciam. Havia pessoas fantasiadas indo e vindo, algumas já bêbadas, algumas com fantasias engraçadas, criativas, inusitadas... Era impossível captar tudo o que acontecia por ali. E eles ainda estavam do lado de fora! checou o celular, esperando uma mensagem de Zayn, mas logo avistou o garoto e riu.
   "Porra, ... Se a gente tivesse combinado não estaríamos parecendo tanto um casal de gêmeos!" – Ele disse, mas estava rindo.
   Zayn estava vestido de Jack Sparrow. Estava de cair o queixo (mas essa era só a opinião suspeita de )! Ele olhou para as outras meninas, cumprimentando-as e sorrindo ao ver tantos pares de perna. Aquela festa era realmente a melhor festa de todas (mas essa era só a opinião suspeita de Zayn).
   "Vamos entrar?" – perguntou e os seis entraram na fila, que apesar de tudo fluía rápido para dentro da festa.
   Liam chamou baixinho quando iam chegando perto da porta.
   "Ela vem hoje?" – Perguntou, parecendo aflito. A garota sorriu solidária.
   "Não... Dani não vem..."
   Liam se sentiu aliviado. O que era diferente da tristeza que sentia antes quando descobria que não ia vê-la. Aquilo era um bom sinal, certo?
   "BEM VINDOS À FESTA!" – gritou, quando todos entraram. e olhavam tudo e não conseguiam parar de sorrir.  – "Para o bar JÁ!"
   As meninas se enfileiraram no balcão e pediram uma tequila cada, Liam encontrou alguns amigos de sua sala e parou antes, Zayn ficou em dúvida entre beber e xavecar alguém, mas decidiu que o bar não ia sair do lugar.
   "Um, dois, VALENDOO!" – falou e as meninas bateram seus copinhos uns nos outros e viraram a tequila. Ok, era a terceira da noite e a qualquer momento agora elas iam começar a dar sinais de embriaguez.
   se virou sorrindo e começando a sentir um formigamento estranho nas mãos e na boca. Estava ficando bêbada? Olhou para o salão e precisou "apertar o zoom" para ver o DJ... Bom, definitivamente não estava normal!
   "Adoro essa música!" – Ela disse, puxando a mão de e saindo para a pista de dança.
   e estavam indo também quando viram Eleanor. A garota estava vestida de borboleta e parecia uma fada de tão linda!
   "TEQUILA COM A EL!" – Elas gritaram juntas e a puxaram para o bar.
   colocava o copinho de novo no balcão quando viu alguém se aproximando e parando ao seu lado. Ao olhar rapidamente, percebeu que conhecia aquele sorriso.
   "Achei que pessoas formadas não vinham a festas da universidade..." – Harry falou, apoiando seu copo de cerveja no balcão. – "Achei que elas eram velhas demais para isso..." – Provocou. Sabia que ela ficaria irritada.
   estreitou os olhos para ele e se virou para o garçom.
   "Cuidado aí, hein? Ficar servindo bebida pra menor... dá até cadeia!"
   "Não sou menor..."
   "Você tem espinha na cara, moleque!" – Ela zombou, dando um sorriso de lado. Harry gargalhou e se virou, apoiando o cotovelo no balcão e bebendo mais da sua cerveja.
   "Antes espinha do que ruga, sabe como é..."
   bufou, fazendo-o rir mais.
   "Ridículo..." – Falou e se virou para falar com El e , mas elas não estavam mais ali. Fez menção, então, de sair andando dali, mas Harry a puxou pela mão.
   "Hey, to brincando... Fica aqui! Eu te pago uma cerveja!" – O garoto falou, sorrindo todo simpático de novo. rolou os olhos e voltou para o balcão.

  "ESSA MÚSICA TA MUITO LEGAAAAL!" – berrava para , El e que riam dela. Tinham passado para a vodka com energético e cada uma segurava um copo. Menos , que segurava dois. – "SEGURA UM COPO, , VOU LIGAR PRA JESS!"
   Ela passou um dos copos para a amiga e sacou o celular de dentro da bolsa.
   "Não, não... Ela deve estar dormindo, !" – falou, tirando o celular da mão dela. – "Amanhã você conta como foi."
   "E SE EU NÃO LEMBRAR AMANHÃ?"
   "Porque ela ta gritando?" – El perguntou rindo para as outras, que deram de ombros.
   "Você vai se lembrar. Se não se lembrar, a gente lembra." – falou, abraçando a amiga, que deu um passinho bêbado para o lado. – "E a gente tá te ouvindo, , pode falar no volume normal."
   "Cade o Liam?" – quis saber olhando em volta.
   o procurava também quando viu um borrão verde pulando ali por perto. Niall, o calouro com quem tinha conversado há alguns dias, sorriu ao vê-la e acenou. Ela fez o mesmo e o viu cumprimentar a garota com quem estava conversando e vir em sua direção.
   "Hey calouro!"
   "Hey... Como você tá?" – Ele perguntou, abrindo um sorrisão.
   "Bem... E você? Adorei sua fantasia!" – disse, rindo. Niall tinha vindo de duende. Estava hilário.
   Ele olhou para baixo e riu.
   "E como está o meu chapéu? Cuidando dele?" – Perguntou. A garota fez que sim com a cabeça.
   "Quase vim com ele hoje..."
   "Bom, você ficou melhor com essa fantasia!" – Niall falou, sorrindo e olhando-a de cima a baixo, meio tímido. – "Você tá tão bonita, que eu queria estar menos bêbado!"
   riu e tomou o copo das mãos dele.
   "Hey! Não se tira o copo de um irlandês! Ainda mais se ele estiver vestido de duende!"
   Ela bebeu e olhou para ele confusa.
   "Achei que você tava bebendo alguma coisa mais forte que cerveja..."
   "Eu to bebendo desde as 14h, na JJJ..." – Niall explicou, dando de ombros e os dois riram. – "Meu copo?" – Ele pediu, estendendo a mão.
   "É verdade que duendes irlandeses realizam três pedidos?" – perguntou, com um sorriso sapeca nos lábios.
   Niall sorriu de lado também e deu um passo para frente.
   "Ouvi dizer que sim... Qual o primeiro pedido?"
   "Seu copo!" – falou, bebendo mais um pouco da cerveja dele.
   "Você tem 3 pedidos e quer o meu copo?" – Ele riu.
   A garota mordeu a borda do copo e sorriu, fazendo que sim com a cabeça. Niall colocou as mãos nos bolsos e piscou.
   "Então é seu..."
   "Daqui a pouco volto aqui para os outros pedidos..." – Ela disse. – "Vou encher o seu copo, que agora é meu!" – Falou, balançando o copo vazio na frente dele, fazendo-o rir, e saiu.
   Niall acompanhou-a com os olhos, enquanto ela sumia entre as pessoas que tentavam chegar ao balcão. Tinha orgulho em dizer que nos últimos dois meses tinha conhecido muitos veteranos e provavelmente a maioria dos calouros. Mas havia algo diferente nela. Algo a mais... O garoto não sabia quais eram os dois pedidos restantes dela, mas começava a descobrir que havia uma coisa naquela festa que desejava muito!

   parou ao lado de , que olhava para a pista de dança procurando alguém.
   "Zayn está ali..." – apontou para perto da caixa de som e entregou um copo para ela.
   "Ah..." – disse, sem graça. – "Não tava procurando ele..."
   "Ah é? Tava procurando quem? O cara da cafeteria?" – a olhou de lado e riu, culpada.
   "Ele era mesmo muito bonito!"
   "E faz Artes Cênicas?" – perguntou, franzindo a testa e tentando lembrar se o conhecia. – "Juro que não tenho nem ideia de quem seja, ..."
   "Pois é... Também nunca tinha visto ele em lugar nenhum... Acho que era um holograma..."
   As duas riram.
   "Hey, cadê a ?" – Uma olhou para a outra. COMO tinham perdido a amiga?

   saia do banheiro arrumando a roupa, rindo e falando sozinha.
   "Cade meu celular? Eu preciso contar pra Jess que isso é muito legal!" – Ela abaixou a cabeça para olhar a bolsa e quase esbarrou em alguém. A pessoa segurou em seus dois braços. Ela levantou a cabeça e riu para Liam. – "Oi Liam!"
   "Oi !" – Ele respondeu rindo. – "Você tá bem? Porque você tá sozinha?"
   Ela deu de ombros.
   "Eu queria vir no banheiro..."
   "Você tá bem?" – Liam repetiu preocupado, examinando-a.
   "Tô sim! Mas acho que tô bêbada!" – Ela riu, fazendo-o rir também. – "Beatles!" – Ela comemorou, ao ouvir Twist and Shout começando.
   "Vem, vamos dançar então!" – Liam falou, segurando sua mão e puxando-a para a pista de dança.
   Quão bêbada estava? Porque ela começava a sentir o formigamento de novo... Mas talvez dessa vez simplesmente não tivesse a ver com a bebida.

  "! El!" – gritou rindo e indo até elas no bar. – "Vocês alguma hora saíram daqui?"
   "Eu acho que não!" – respondeu sinceramente. Ela falava com , mas olhava sobre seu ombro. Onde Harry tinha ido?
   "Cade a ? Preciso zuar ela!" – Eleanor perguntou e, como num passe de mágica, a amiga se materializou ao seu lado com um copo verde nas mãos. – "! O menino é CALOURO!" – Ela falou, fazendo-a rir.
   "Mas eu não fiz nada..." – Falou, rindo e mordendo a borda do copo de novo.
   engoliu em seco. Se estava sendo zuada por pegar um calouro, o que aconteceria com ela? Olhou de novo ao redor e viu Harry se aproximando e a encarando. Que porra de fantasia era aquela? Não tinha reparado o que ele estava vestido. Harry usava uma roupa toda preta e tinha colheres e moedas pregadas a sua camiseta.
   "Eu já falei que você tá MUITO bonita hoje?" – Ele perguntou, quando a alcançou. deu uns passos para o lado, tentando passar despercebida pelas meninas.
   "E você tá vestido de que, pelo amor de Deus?" – A garota quis saber.
   Harry riu e pegou sua camiseta, fazendo com que ela se levantasse um pouco e mostrasse uma de suas "entradas".
   "Imã!" – Ele respondeu, por fim, meio envergonhado. O pequeno ataque cardíaco que estava tendo até passou.
   "VESTIDO DE QUE?" – Gargalhou.
   "Imã..." – Ele repetiu. – "Foi ideia do Tomlinson. Eu não sabia o que vestir... Decidi que queria vir à festa umas duas horas antes..."
   "E por que você decidiu tão em cima da hora?"
   "Vi você entrando no SPR vestida assim..." – Harry confessou, colocando uma das mãos no bolso e levantando as sobrancelhas.
   "RESPIRA! RESPIRA!" – pensou. – "Se concentra no seguinte: Você é quase 10 anos mais velha do que esse menino... Você vai mesmo cair nessa conversinha? Era bonitinho quando você tinha idade pra isso!"
   "Ah ta..." – Ela respondeu descrente, e cruzou os braços. Olhou para os lados e viu as amigas se enfileirando no balcão para outra tequila. Tequila! Ela precisava de tequila! – "Já volto, Styles..." – Disse, deixando-o falando sozinho.
   "Vocês iam beber sem miiim!" – Ela acusou, balançando o dedo na direção de .
   "Você sumiu!"
   "Já acharam a ?" – Ela perguntou, se aproximando do balcão e pedindo sua tequila.
   apontou para a pista de dança. Liam rodava e a puxava de volta para seus braços. A garota ria sem parar.
   "Eu sou um cupido muito foda mesmo..."
   "E uma bêbada muito convencida!"
   As duas riram. foi até os dois e chamou-os para o bar. veio pulando na frente e abraçou as meninas, quase as derrubando.
   "MELHOR NOITE DE TODAAAAAAS!"
   "Acho melhor ela não tomar outra tequila não..." – Eleanor disse, parecendo apreensiva.
   "Tô bem, El! Tô bem…"
   pediu outra tequila e as meninas viraram de novo. Começava uma musica animada que reconheceu ser do All Time Low. Esse DJ era muito eclético!
   "Quero dançar no balcão..." – falou, olhando para com os olhinhos brilhando. Ela se virou para .
   " quer subir no balcão... O que a gente faz?
   "A GENTE SOBE NO BALCÃO!" – falou, batendo a mão na madeira.
   , Eleanor e olharam para ela com os olhos arregalados.
   "... Eu sou dona de uma loja! Não posso subir no balcão!"
   "Você fica naquela viradinha ali que não tem ninguém..." – Ela apontou e analisou o balcão, pensando como subiria.

  "Cause I'm in the zone, turn off my phone, I've got my own agenda…"

  "Precisamos de ajuda!" – falou para , que sorriu.
   "Precisamos do Batman!" – E saiu atrás de Liam.
   O garoto e ela voltaram um tempo depois.
   ", não entendi nada que a falou... Vocês querem subir onde?"
   "No balcão!" – Ela respondeu, com um sorriso gigante. – "Coloca a gente sentada nele?"
   Liam riu e balançou a cabeça.
   "É isso mesmo que vocês querem?"
   "Uhum!" – As duas fizeram juntas e ele as obedeceu. Olhou para as outras meninas. – "Mais alguém?"

  "I feel like dancing tonight,
   I'm gonna party like it's my civil right.
   (Everybody gets kinda awesome.)
   It doesn't matter where, I don't care if people stare, (woah!)
   Because I feel like dancing tonight…"

  "?" – pediu, estendendo a mão e a garota riu e foi içada pra cima também.
   "?" – Liam perguntou, levantando as sobrancelhas.
   "Ah, que se dane!" – Ela disse e também subiu no balcão.
   As quatro mais riam do que dançavam e Eleanor e Liam choravam de rir embaixo. Logo fez-se uma confusão de gente em volta delas.

  "Somebody call the police, (woo-oooh!)
   I think they're coming to get me.
   They say, "you've got the right to remain on the dance floor",
   So show us what you got because you know that you've got more."
   (I feel like dancing - All time low)

  Não demorou muito e dois seguranças apareceram ao lado do balcão, mandando-as descer.
   "Mas o Batman que colocou a gente aqui!" – protestou, enquanto era ajudada por a se sentar no balcão. – "Que absurdo!"
   Logo as quatro estavam no chão de novo e simplesmente não conseguiam parar de rir.
   "Melhor noite de todas!" – repetiu, erguendo os braços.
   "É, moça, mas você vai tomar água a partir de agora..." – Liam falou, entregando uma garrafinha a ela. olhou para buscando apoio contra aquela ideia ridícula dela parar de beber, mas deu de ombros.
   "É o Batman... Ninguém contraria o Batman!"
   "Exatamente... Eu vou cuidar de você agora, porque essas malucas já estão pra lá de Bagdá!"
   riu e bebeu mais um pouco d'água.

   e Harry pareciam ioiôs. Se encontravam no bar, conversavam, saíam, dançavam, ficavam se olhando de lados opostos da pista de dança, se encontravam no bar... Tinham passado a festa toda nesse vai e vem... Os dois sabiam que o interesse era mútuo, mas por algum motivo tudo o que faziam era chegarem cada vez mais perto e então se afastarem. A festa começava a esvaziar e eles discutiam sobre xadrez no bar.
   "A peça mais importante é a rainha!" – insistia, fazendo-o rir de deboche.
   "Claro que não, você deve ter batido a cabeça num lustre quando subiu no balcão!" – Ele provocou. Tinha descoberto um verdadeiro prazer em fazer isso.
   "Cala a boca, Styles! Você..."
   "Como eu ia dizendo..." – Harry a interrompeu. – "A peça mais importante é o rei!"
   "O rei é a peça mais bunda mole do xadrez!" – Ela protestou. – "Ele só anda uma casa e precisa de todas as outras peças pra defendê-lo! Ninguém nem mexe no rei, a não ser que o jogo esteja indo pro buraco..."
   "Isso é só uma opinião feminista!"
   "Você nem deve jogar xadrez!" – zombou.  – "A rainha é a peça mais importante! Qualquer jogador se sente quase pelado quando perde sua rainha!"
   Ele sorriu enquanto a assistia gesticular e quase dar uma palestra sobre a importância da rainha em um jogo de xadrez. Nem conseguia se lembrar mais porque começaram aquela discussão, mas continuava falando como se defendesse o caso diante de um juiz.

  "I saw him dancin' there by the record machine
   I knew he must been about seventeen
   The beat was goin' strong
   Playin' my favorite song…"

   "Você fica linda defendendo sua opinião como se fosse sua vida!" – Harry disse sorrindo e chegando mais perto dela.
   olhou para os lados. De alguma forma tinha acabado na parte do balcão que se fundia à parede, ou seja, não tinha escapatória. Mas convenhamos... Ela não queria ir a lugar nenhum! Os olhos de Harry estavam perto agora e eram de um verde brilhante hipnotizador. O sorriso de lado e as covinhas; o cabelo que ele estava sempre arrumando, como um tique nervoso; o corpo esguio, mas definido e essa mania de sempre irritá-la, de sempre fazê-la ficar brava. Ela não conseguia escolher o que era mais atraente nele. Dane-se se ele tinha "quase 17" como dizia a música que estava tocando naquela hora ("DJ sensacional!" – Pensou ), ela o queria e ele a queria também.

  "An' I could tell it wouldn't be long
   Till he was with me, yeah me
   And I could tell it wouldn't be long
   Till he was with me, yeah me, singin'…"

  A garota respirou fundo e encarou aqueles olhos verdes mais uma vez. Harry deu mais um passo para frente e entortou o sorriso.
   Passou os braços pela cintura dela e deu mais um passo, fazendo com que se encostasse na parede. Não havia mais como fugir.
   "Xeque mate!"

  "I love rock n' roll
   So put another dime in the jukebox, baby
   I love rock n' roll
   So come and take your time and dance with me"
   (I love rock'n'roll - Joan Jett)

   estava sentada em uma mesa perdida em pensamentos.
   "Pensando no cara da cafeteria de novo?" – Zayn perguntou em tom de quem tira sarro, se sentando ao seu lado.
   Ela estava com um pouco de preguiça de brigar com ele (porque com certeza brigariam por algum motivo), por isso só fez que sim com a cabeça.
   "Você tá bem?" – O garoto perguntou, mudando totalmente o tom de voz. Se virou na cadeira para vê-la direito e chegou o rosto mais perto do dela.
   "Você tá de lápis de olho..." – Foi a vez de zombar dele. A garota também chegou mais perto e começou a rir.
   "Ah, vai à merda, !" – Zayn falou se distanciando e se encostando na cadeira. – "Vim aqui ver se você tava bem..."
   "Eu sei, Zayn... Eu sei... Mas eu não me aguentei!" – Ela segurava a risada e ele cruzou os braços, zangado.
   "Faz parte da fantasia, oras..."
   "E quem fez isso pra você?" – Ela perguntou e ele não respondeu de primeira. se segurou de novo.
   "Eu."
   "Porra, Zayn Malik!" – gargalhou e Zayn virou o rosto de lado. Observou sorrir e se aproximar de um cara vestido de... Sério? O cara tava vestido de duende? E estava zuando ele estar usando lápis de olho?

   estava dançando sozinha. Coisa de gente bêbada. Coisa de gente bêbada que tinha se perdido das amigas bêbadas. Começava uma música do Flo Rida e ela sorriu, porque se lembrava de tê-la ouvido há algum tempo em seu quarto e ter se levantado para dançar. Há alguns metros dela, alguém estava parado encarando-a. O sorriso enorme, o chapéu e as roupas verdes, um copo nas mãos. Ao perceber que tinha a atenção dela, Niall começou a cantar a letra da música fazendo gestos. (Coloquem Wild Ones pra tocar)

  "Hey I heard you are a wild one (Ele apontou para ela, que riu e parou de dançar)
   If I took you home (apontou para a porta e levantou as sobrancelhas)
   It'd be a home run (levantou os braços, fingindo que comemorava)
   Show me how you do (Niall apontou para ela de novo e sorriu abertamente)

  I want to shut down the club (Ele apontou para o chão e fez sinal de terminar)
   With you ( ia andando em direção a ele rindo e balançando a cabeça)
   Hey I heard you like the wild ones!"(Niall apontou para si mesmo e continuou sorrindo)

   nem sabia o que estava fazendo, sentia uma linha invisível levá-la até onde ele estava. Parou há alguns metros dele ainda rindo, o garoto parecia orgulhoso de si mesmo.
   "Ainda bebendo..." – Ela disse e ele riu, escondendo o copo em suas costas.
   "Esse você não vai pegar!"
   "Nem se for meu segundo pedido?"
   "Eu canto pra você e você só quer o meu copo?" – Niall perguntou indignado e riu.
   "Então você me dá ele sem ser meu segundo pedido..."
   Niall sorriu torto e virou toda a bebida de uma vez, entregando o copo vazio a ela.
   "Você só queria o copo..." – Falou, parecendo um garoto que tinha acabado de aprontar.
   mordeu os lábios. Eles se pareciam tanto! O que será que isso significava? Que devia continuar? Ficar com Niall, porque se estava começando do ponto onde tinha parado, então era justo que também sua vida amorosa partisse de onde parou? Ou não? Significava que ela sempre escolhia os mesmos tipos e, se já tinha dado errado uma vez, então devia escolher outro?
   O garoto ainda esperava que ela dissesse algo... Ou fizesse algo, mas antes que pudesse decidir, El a cutucou.
   "? Perdemos a de novo!"
   Foi como se alguém tivesse estourado a bolha em que ela e Niall estavam. Antes de sair, ela se virou para ele, que ainda tinha aquele sorriso de menino no rosto.
   "Você é tão fofo, que eu queria estar menos bêbada!" – Falou, imitando o que ele tinha dito a ela e sorrindo de lado. Acenou e saiu com Eleanor atrás de .

  Liam mexia no cabelo de distraidamente, os dois estavam "sentados" em uma das mesas. Ela, na verdade, estava deitada com a cabeça apoiada nos braços e tentava se manter acordada.
   "Tá bem?" – O garoto perguntou pela milésima vez e ela fez que sim com a cabeça.
   "Tô sim... Mas tô com sono..." – respondeu com a voz sonolenta, piscando meio mole.
   Liam sorriu.
   "Vou te levar pra casa... Deixa só eu achar as meninas!"
   "Você é o cara mais legal que eu conheço, Liam..." – Soltou, fechando os olhos e sorrindo. Ele continuou olhando para ela, sem saber o que responder e sorriu de lábios fechados, mesmo sabendo que não estava vendo.
   , e Eleanor vinham em direção a eles. Eram a cara do fim da festa! Aquela coisa de entrar na festa um luxo e sair um lixo cabia bem ali.
   "Ela tá bem?" – apontou para .
   "Tá sim... Mas já deu game over..." – Liam explicou, rindo. – "Vamos embora?"
   "Não achei a ainda..." – falou olhando em volta. Já não tinha tanta gente na festa. Niall corria de um brutamontes vestido de Power Ranger pela pista e havia mais uns quatro ou cinco grupinhos de pessoa. Nada de em lugar nenhum. se voltou para os amigos. – "Vão indo vocês... Fico aqui procurando ela!"
   "E como vocês vão embora depois?" – Liam perguntou.
   "De taxi... Não se preocupem! Levem a pra dormir, tadinha."
   se abaixou e sussurrou no ouvido de para ela se levantar. se endireitou na cadeira e coçou os olhos.
   "Acabou?"
   Todos riram.
   "Acabou, ... Mas foi só a primeira!" – falou rindo e ajudando-a a ficar de pé.
   Ela suspirou e olhou pra Liam.
   "Precisa de ajuda?" – Ele perguntou, indo até ela.
   "Não. Tô bem!" – Ela se levantou, meio mole, mas aparentemente tudo bem mesmo.
   deu uma olhada em tudo e não viu , por isso saiu com eles. Ao chegar à saída, se despediu deles e se sentou em um murinho baixo que tinha na calçada da frente da balada. Tirou o celular da bolsa e digitou uma mensagem para a amiga. Não estava muito feliz com a ideia de ficar ali sozinha, por isso chegou até a ficar contente quando viu que Zayn se aproximava.
   Ele acendeu um cigarro e se sentou ao lado dela, sem perguntar ou dizer nada. Ele tinha sempre que ser assim?
   "E aí? Como foi a festa?" – Ela resolveu quebrar o silêncio. Zayn deu de ombros, estreitando os olhos e soltando a fumaça bem devagar. – "Poxa, ainda bem que você parou aqui pra gente conversar..."
   Ele riu e tirou a peruca de Jack Sparrow, guardando-a no bolso.
   "Tá fazendo o que aqui?" – Perguntou, virando-se para ela.
   "Esperando uma das minhas amigas, que me deu um perdido..."
   "Qual delas?"
   "." – respondeu, incerta se Zayn sabia quem era quem.
   "A de chapéu?"
   "Isso!"
   "Saiu com um cara há uns 15 minutos..." – Ele falou, apontando para o lado esquerdo da porta da festa.
   não sabia se acreditava nele.
   "Um garoto?"
   "Uhum... Porque essa cara? Ela ia virar freira?" – Zayn perguntou, fazendo rir.
   "Não, claro que não! Mas é porque ela não me disse nada..."
   "Hum..." – Ele fez, dando mais um trago e voltando a examiná-la. – "A saber... Você não combina com o duende..." – Zayn soltou, sem mais nem menos.
   "Hum..." – Lary o imitou. – "A saber... Você não tem nada a ver com isso..."
   Ele quase se engasgou enquanto tentava fumar e rir.
   "OUCH! Então é sério mesmo, né?"
   "Sério o que, Malik? Eu tava conversando com um amigo. Tô conversando com você agora e a gente não tem nada também..."
   "É... Acho que nem amigo a gente é... Ou é?" – Ele perguntou e não conseguiu não rir.
   "Sei lá..."
   "É... Eu também não sei..." – Zayn falou, jogando a pontinha do cigarro num lixinho ali perto e voltando até onde ela estava. Ele não se sentou de volta. – "Vem, eu te levo embora!" – Disse, indicando o outro lado da rua com a cabeça.
   "O que? Não precisa!" – respondeu, na defensiva.
   "Eu não vou te atacar, maluca... Fica tranquila! Sua amiga foi embora mesmo, você vai congelar aí esperando por ela!"
   "Eu posso ir de taxi!"
   "Tudo isso é medo de passar 5 minutos num lugar fechado comigo?" – Zayn perguntou colocando as mãos no bolso e sorrindo de lado. Sério! Ele tinha que ser tão bonito assim? Que saco!
   "Como você é pretencioso, Malik..." – Ela se levantou e caminhou até onde ele estava. – "Só vou porque meu pé tá doendo..." – A garota achou que deveria se justificar, já que estava perdendo a discussão.
   Olhou para trás procurando algum sinal de Niall. Sabe aquele verso "I know who I want to take me home..."?

Capítulo 8 - Falling in love

  “Eu não quero mais ele! Não aguento mais!” – Anne reclamou, levantando os braços e olhando para o resto das pessoas sentadas ao seu redor. olhou para o relógio e soltou o ar pesadamente. Estava ali sem tomar banho, sem tomar café e sem nem ter conseguido chegar ao seu quarto para guardar suas coisas. – “Se ninguém quiser o Tomlinson, vou expulsar ele do SPR!”
   Houve um burburinho entre os RAs reunidos ali. Ela poderia expulsá-lo? Teoricamente não havia como provar que ele tinha quebrado o elevador... Em nenhuma das 3 vezes. E, bom, Anne vivia reclamando da bagunça que ele fazia, mas ninguém escutava nada. Nem mesmo o pessoal do terceiro andar, que morava no andar embaixo dele. No fim, só achava aquela menina dramática demais. Olhou de novo para o relógio... Devia estar no quarto, de banho tomado, começando um relatório.
   “Eu fico com ele!” – Ela falou, erguendo a mão. – “Tem dois quartos vagos no terceiro andar. Vamos acabar logo com essa novela mexicana.”
   Alguns RAs a olharam com gratidão. Todo mundo parecia estar ali de saco cheio.
   “Então pronto!” – Charlie bateu palmas e se levantou. – “Tomlinson vai pro terceiro andar e eu vou estudar, que tenho seminário amanhã! Boa noite!”
   Todos começaram a se levantar também e sair. Anne parecia feliz e não podia deixar de se perguntar se tinha feito a coisa certa. O terceiro andar vivia tão em paz até aquele momento...

  Alguém bateu na porta e nem se preocupou em estar de pijama, foi andando até a porta enquanto penteava os cabelos molhados. Devia ser o Tomlinson para pegar a chave do quarto dele. Bom, não era.
   Niall sorria para ela. Tinha sempre essa “aura” feliz, era um raiozinho de Sol irlandês pulando para lá e para cá.
   “Niall?” – Ela perguntou, abaixando o pente.
   “Oi, ! Como você tá?” – Perguntou, passando uma das mãos nos braços meio tímido.
   “Tudo bem e você? Algum problema?”
   “Não... Na verdade vim procurar o Liam, mas ele não tá aí... Você sabe dele?” – Niall apontava para a porta do amigo.
   “Hum...” – fez, indo checar a tabela que tinha com alguns dos horários de Liam, e na parede do quarto. – “Hoje é quarta?”
   Ele fez que sim com a cabeça.
   “Ele deve estar na faculdade ainda. Dá monitoria às quartas.” – A garota franziu a testa. – “Pro primeiro ano. Você não devia estar lá?” – Voltou a encarar Niall, que dava uma risadinha.
   “Acho que eu me esqueci!” – Falou. – “Será que dá tempo?”
   riu e balançou a cabeça.
   “Se você correr, talvez. Mas quer deixar algum recado?”
   Niall olhou para cima, pensando.
   “Hum... Não. Eu venho depois.”
   Vem depois? Mas ele estava indo encontrar Liam, não? Niall acenou e estava indo para o elevador quando o chamou e ele voltou.
   “Você quer seu chapéu?” – Ela perguntou sorrindo e ele riu.
   “NÃÃÃÃÃO! Deixa aí! Os meninos acreditaram que eu fui roubado! Me deixaram voltar a usar boné!” – Niall respondeu e apontou para a cabeça, onde usava um boné verde com a aba virada para trás.
   riu e fez que sim com a cabeça. Os dois continuaram se encarando por um tempo, cada um de um lado do corredor.
   “Niall?”
   “Oi...”
   “Você vai se atrasar pra monitoria.”
   O garoto riu e olhou para o chão, mordendo os lábios.
   “É... Preciso ir. Até mais!”
   continuou olhando para o corredor quando ele já estava vazio. Estava sorrindo de novo. Aquele sorriso que você tenta fechar com todas as forças e ele continua lá, quase imperceptível aos outros, uma curvinha de nada no canto da boca... Mas só quem já se sentiu sorrindo assim sabe que, por dentro, são muitas as “engrenagens” que estão o mantendo ali.
   O elevador se abriu de novo e se aprumou e desencostou da porta. Estava mesmo de pijama? E com um pente nas mãos? Alarme falso. e vinham dividindo um pacote de salgadinhos e conversando sobre algo que parecia sério.
   “!” – exclamou ao vê-la. – “É sério isso de que o Tomlinson vem pra cá?”
   Ela fez que sim com a cabeça e explicou o caso às meninas.
   “Ah, acho que não vamos ter problemas, né?” – perguntou, meio em dúvida.
   “Ainda mais se ele for gato mesmo...” – falou e elas riram.

  “Você tá bem, Horan?” – Um dos outros calouros da JJJ perguntou a Niall, que estava sentado perto da janela com o violão no colo e milagrosamente quieto.
   “Oi?”
   “Tá doente? Com saudade de casa? Tá de TPM? Ou é só viadice?”
   Ele riu.
   “Não, não tô nada não... Tô tranquilo...”
   “Ele tá apaixonado...” – Carl vinha da cozinha com uma garrafa de cerveja, copos e um balde de pipoca equilibrado nos braços. – “Olha a carinha dele, Drew!”
   “Tá apaixonado, Horan? Que belezinha!” – Drew zombou. Niall ria e fazia que não com a cabeça, sem dizer nada. – “É a tal da menina vestida de gata da Festa do Halloween? A dos pedidos? Quantas vezes ele contou essa história pra gente, Carl?”
   “Quarenta e cinco?”
   “Eu acho que ouvi umas 70...”
   “Ah, calem a boca!” – Niall disse, jogando uma almofada neles e sorrindo meio sem graça.
   “Cuidado com a cerveja, porra!” – Carl falou se virando de costas e protegendo “seus preciosos”. – “Para de boiolice e vem assistir futebol com a gente!”
   Niall se levantou e colocou o violão de lado, indo se sentar no sofá e discutindo a partida com eles. Fingindo que não estava pensando nela. De novo.

  Estava começando a ficar frio demais para interagirem na cozinha, por isso as meninas estavam todas no quarto de , que era o maior. Liam bateu na porta e a abriu, parando no batente.
   “O que são essas tralhas no corredor?” – Perguntou, apontando para trás. Elas riram.
   “Coisas do Louis, Liam.” – explicou, meio se encolhendo. Começava a se arrepender da decisão.
   “Então nós fomos mesmo presenteados!”
   “Mas com nos dando um presente...” – caçoou.
   “Oi?”
   Elas explicaram o caso para o garoto, que ainda não parecia muito certo se funcionaria. Mas por fim, deu de ombros e riu.
   “Acho que está sentindo falta de umas ocorrências no andar, meninas...” – Ele disse para e . – “Se a gente soubesse tinha feito outra bexigada!”
   “Não é nada disso!” – Ela respondeu rindo. – “Foi mal, gente... Eu só queria sair logo daquela reunião!” – Confessou e eles gargalharam.
   “A gente dá um jeito nele, , fica tranquila!” – falou, piscando.
   “Bom, vou tomar banho...” – O garoto falou, desencostando da porta.
   “Liam, Niall veio atrás de você. Ele chegou à monitoria?”
   Ele riu com os olhinhos fechados.
   “Meia hora atrasado, mas chegou. Maluco... Falei com ele sobre a monitoria hoje de manhã e ele esqueceu!”
   “Ele é engraçado...” – falou.
   “Ele é. Niall é um dos calouros mais legais que já conheci...”
   Eles ficaram em silêncio e Liam bateu palmas.
   “Bom, vou pro banho. Até mais!”
   “Tchau Liam!”
   As meninas continuavam conversando no quarto quando ouviram mais barulhos no corredor. Se entreolharam e saíram as três. Louis arrastava sua mala até o quarto à esquerda do quarto de e parou ao vê-las.
   “Oi!” – Cumprimentou. – “Sou o Louis... Valeu por salvar minha pele, !”
   Ela sorriu.
   “De nada, Tomlinson... Mas você tá proibido de chegar com qualquer ferramenta que seja perto daquele elevador!”
   Ele riu.
   “Foram erros de cálculo, eu juro. Mas não vou tentar de novo...”
   “Oi, eu sou a . Precisa de ajuda?” – perguntou, toda solícita. se virou para olhá-la.
   Louis sorriu.
   “Não, obrigada. E, ah, eu não sou tão barulhento quanto Anne diz que eu sou, ok? Eu só falo meio alto...”
   Elas riram e continuaram ali olhando para ele. Louis pegou a mala e a colocou dentro do quarto, indo de novo em direção ao elevador.
   “Bela bunda...” – comentou e depois tampou a boca com as mãos, fazendo e gargalharem.

  “Você tá fugindo de mim ou a gente vai conseguir tomar um chá juntas hoje? Preciso saber se o cara da festa é o Styles, . Não me mata de curiosidade!”
   pulou quando seu celular apitou, assustando Eleanor também. Estava nessa de prender a respiração toda vez que recebia uma mensagem. Quantos anos tinha mesmo? Ok, era uma mensagem de . Ela riu e respondeu, não tinha tido tempo suficiente com a melhor amiga desde a festa.
   “Tá tudo bem, El?” – Ela perguntou à estagiária que também checava o celular.
   “Mais ou menos...” – Respondeu. – “Uma das calouras de casa caiu no banheiro. As meninas tão levando ela pro hospital.”
   “Você precisa ir embora?” – perguntou.
   “Não, depois que fecharmos eu vou. No momento não tem muito o que fazer...” – El deu de ombros ainda olhando para o celular, preocupada.
   sorriu solidária e voltou a olhar para o próprio celular, mordendo os lábios.
   “Mas quem te falou que eu fui embora com ele?” – e estavam na cafeteria e a primeira ainda tentava entender como a amiga sabia daquilo.
   “Zayn me contou...”
   “VOCÊ PEGOU O ZAYN?” – quase cuspiu o chá. riu.
   “Claro que não! Eu fui com ele porque ALGUÉM sumiu sem me avisar que ia embora...” – Ela explicou, fazendo se encolher de remorso.
   “Descuuuuuuulpa!”
   “To tê zuando, tonta! Mas me conta como foi!”
   abriu um sorrisão e colocou a caneca de volta na mesa, contando como tinha sido sua noite. Harry era um garoto carinhoso e todo cavalheiro. Os dois passaram metade do tempo discutindo sobre coisas sem importância, era verdade, mas até isso parecia ter sido ótimo e não parava de falar sobre como ele era ridiculamente bonito. “Dá vontade de dar na cara dele de tão bonito!” era a definição exata. Mas não, eles não tinham dormido juntos. Ele tinha a acompanhado até sua casa e tinha sido isso.
   “Sim, , foi só isso!” – Repetiu, para a amiga descrente, que riu.
   “Mas e aí? Quando vocês vão se ver de novo?” – perguntou.
   “Não sei...” – Ela respondeu.
   “Como não sabe? Vocês não se falaram mais?”
   “Ele me mandou umas mensagens... A gente conversou um pouco, mas eu deixei em aberto. Não quero um encontro, não tenho mais idade pra isso...”
   “...” – começou, já sabendo onde daria.
   “Não, , não to fugindo dele... A gente tem se falado. Mas ele tem quase 10 anos a menos que eu. Se nós sairmos juntos, é capaz de alguém perguntar se é meu filho.”
   “Ai, como você é exagerada, ...” – A amiga riu, balançando a cabeça.

   estava trabalhando em seu relatório quando ouviu uma batida na porta. Se pegou pensando se seria Niall de novo, mas encontrou Eleanor.
   “El? Algum problema?” – Ela parecia aflita.
   “Oi ! Desculpa te incomodar... Sabe o que é? Uma das meninas da minha casa se machucou e ela é irmã do Louis Tomlinson... Eu fui até o quarto andar, mas me disseram que ele tava morando aqui agora.”
   “ saiu e fechou a porta.
   “Ele tá morando aqui sim.” – A garota falou, batendo na porta do quarto dele.
   Louis abriu a porta, meio desconfiado, tirando o óculos de proteção que usava. Olhou de para Eleanor e seus olhos pararam nela.
   “Louis, desculpa incomodar, mas a El queria falar com você...”
   Ele sorriu para a garota e saiu do quarto. avisou a ela que estaria por lá qualquer coisa e deixou os dois sozinhos.
   “Oi Louis, meu nome é Eleanor.” – Ela se apresentou sorrindo e o cumprimentou. – “Eu moro na Monte Olimpo com a Lottie e...”
   “Você é a famosa Eleanor, então?” – Louis interrompeu. – “Lottie não para de falar de você! Tava curioso!”
   Eles sorriram um para o outro e a garota ajeitou a alça da bolsa no ombro. “Lottie podia ter avisado que o irmão era lindo, né?”, pensou Eleanor. Estava difícil se manter séria e concentrada. Estava difícil encará-lo também.
   “Então... É sobre ela mesmo que eu vim falar. Ela caiu no banheiro hoje e quebrou o braço...”
   “Ela o quê?” – Ele perguntou alto e depois tampou a boca, olhando para os lados. – “Me desculpe! Onde ela tá? Ela tá bem? Machucou mais alguma coisa?”
   “Não, tá tudo bem agora. Lottie já tá lá em casa, de molho. Mas foi só o braço mesmo. E não foi nada muuuito sério. Mas ela queria te ver.”
   Louis fez que sim com a cabeça, uma expressão preocupada no rosto.
   “Você espera só um pouquinho enquanto troco o meu pijama?” – Ele apontou para a calça xadrez de pano que usava.
   “Claro, espero sim!”
   “Hum, quer saber? Vou assim mesmo... Vou só pegar um casaco!”
   Eleanor riu e deu um passo para trás quando ele fechou a porta. Não demorou muito e já estava de volta com a calça de pijama mesmo e um casaco preto. Os dois saíram apressados para chegarem o quanto antes na república. Louis devia estar pensando na irmã, mas o problema não era tão grave assim que ele não pudesse perceber que tinha acabado de conhecer uma garota muito bonita. E pelo que Lottie falava, bonita E incrível!

  Mais uma manhã “livre” que e Jéssica passavam na biblioteca. Com a chegada de novembro e a aproximação das provas de dezembro, todos os horários de folga eram passados entre livros e anotações. Jess e nem faziam todas as aulas juntas, mas tinham se conectado tanto, que sempre que conseguiam, estudavam juntas.
   “Ai meu Deus!” – Jéssica fez, se endireitando na cadeira. – “Meu muso tá aqui na biblioteca!”
   “Quem?” – se virou e viu Liam entrando. – “Que história é essa de muso, menina?” – Perguntou rindo e acenou para ele.
   “Ele é muito bonito, o que é isso... Olha, , se você não quiser, eu quero!”
   Liam se aproximou delas sorrindo e acenando.
   “Oi , oi...”
   “Jéssica!” – Ela falou estendendo a mão.
   “Oi Jessica, sou o Liam!”
   “Uhum...” – Jess respondeu e então percebeu o que tinha feito e se encolheu, voltando a olhar para seu caderno. Liam se voltou para .
   “Não te vi hoje no café...”
   “Acordei um pouquinho mais tarde, já que não tinha aula...”
   Ele colocou seus cadernos na mesa e se sentou ao lado de , passando o braço pelo encosto da cadeira dela.
   “Já saiu da aula?” – perguntou.
   “Já... Agora de manhã era só meio período... E vocês? Estudando pra prova?” – Liam perguntou olhando de para Jéssica. Elas fizeram que sim com a cabeça. – “Não quero atrapalhar...”
   “Não tá atrapalhando não... São nossos 15 minutos de folga...” – Jess falou e ele riu.
   “Então eu posso ficar aqui mais quanto tempo?” – Ele perguntou e ela checou o relógio. “Quinze minutos!”
   Os dois riram enquanto olhava de um pro outro. Mas que assanhamento era esse? Sem nem perceber, fechou a cara e voltou a atenção para o livro que estava em sua frente.
   “Hey, hora do descanso!” – Liam falou colocando a mão na frente do livro. o olhou, tentando fazer cara de brava, mas ele sorria daquele jeito bonitinho. Se voltou de novo para o livro e lá estava sua mão mais uma vez. Não pensou duas vezes e fez menção de mordê-la. Liam riu e tirou a mão.
   “Calooooooura... Eu sei onde você mora, hein? Vou jogar papel higiênico molhado na sua porta!”
   “ENTÃO FOI VOCÊ!” – Ela acusou e ele colocou a mão na barriga, rindo, sem conseguir responder.
   “Não, aquele foi a ... Mas eu que ensinei pra ela.”
   “E eu achando que o tal Tomlinson que ia ser o problema daquele andar!”
   Jéssica olhava de um para o outro como se assistisse uma partida de ping pong. Não precisaria ser gênio pra ver o que ela via. Ok, então o Liam muso estava indisponível.
   Não demorou muito e Liam se despediu delas e se levantou.
   “Liam and sitting in a tree: K-I-S-S-I-N-G...” – Jess cantou assim que ele sumiu para o andar debaixo, onde ficavam os livros.
   “Larga a mão de ser besta, Jéssica!” – falou, mas sentiu uma tremida nervosa em sua mão que segurava a caneta. – “Quem tava de assanhamento aqui era você!”
   “Isso é ciúmes?” – A amiga perguntou rindo e não respondeu.
   Porque ela estava. Mas não podia admitir nem pra ela mesma.

  Era hora do almoço e Louis corria para visitar a irmã e levar para ela uma de suas comidas favoritas. Bateu na porta e uma das garotas atendeu, levando-o até o quarto onde Lottie estava.
   “Louis!” – Ela gritou animada ao vê-lo.
   “Trouxe frango xadrez pra você!” – Ele falou, erguendo a sacola que tinha nas mãos.
   “Eu bateria palmas, se eu pudesse...” – Lottie falou, fazendo-o rir.
   “Melhor em um prato, né? Eu vou dando na sua boca...” – Ele falou e olhou em volta.
   “Tem prato na cozinha, Lou. Onde as pessoas guardam os pratos...”
   “Besta!” – Louis falou, mostrando a língua. – “Onde fica?”
   “Lá embaixo, à esquerda.”
   Louis desceu as escadas rápido e, ao se virar para entrar na cozinha, esbarrou em alguém. Eleanor deu dois passos para trás quase caindo e ao ver que era ele, começou a rir.
   “Toma cuidado, Tomlinson!”
   “Me desculpa! Me desculpa mesmo! Você tá bem?” – Louis perguntou, segurando-a pelos braços e querendo ter certeza de que estava tudo certo. Eleanor ria.
   “Tá tudo bem, sério mesmo! E lá em cima? Tudo certo?
   “Acho que sim. Ela tá até me zuando...” – Louis contou, fingindo estar magoado. Eleanor riu.
   “Ela é uma linda!” – Falou, sorrindo. – “Adoro sua irmã!”
   “Ela te adora também. Você é a ídola dela!”
   El ficou sem jeito e Louis continuou sorrindo, meio encantando pelo jeitinho meigo da garota.
   “Bom, vou lá tratar da moribunda...”
   “QUE HORROR, LOUIS!” – Ela exclamou e ele mostrou a língua, acenou e foi ate a cozinha correndo.

  “!” – Niall chamou e ela parou para ver o calouro correndo em sua direção.
   “Hey, Horan... Como vai?” – Ela parou e ele lhe deu um beijo na bochecha. – “Fazendo o que por aqui?”
   Estavam na parte do campus onde ficavam os cursos da área da saúde, ou seja, o lugar onde o laboratório de ficava. Mas era um pouco longe do prédio da engenharia.
   “Eu... Vim trazer umas coisas pra um dos meninos de casa.”
   “À essa hora?” – Ela perguntou, tentando checar o relógio, mas tinha muitas coisas nas mãos.
   “Ele vai ficar até mais tarde. Por isso vim trazer as coisas dele...” – Niall explicou fazendo um gesto vago com as mãos. – “Quer ajuda?”
   “Obrigada! Tava precisando mesmo de braços fortes...”
   “Bom, nesse caso, eu vou ter que ligar pra alguém!” – Niall respondeu.
   Ela riu e entregou uma pasta para o garoto carregar.

  “I'm always at the place where your friends meet,
   It's the long way home but I walk your street
   And when I trip and fall right at your feet
   It's not accidental...”

  Foram caminhando lado a lado, jogando conversa fora. Niall era bom em imitar sotaques e o jeito que as pessoas falavam e agora divertia com a sua imitação do Liam.
   “Muito bom!” – Ela gargalhava. – “Já imitou pra ele ver?”
   “Já... Mas tomei trote!” – Ele contou e os dois caíram na risada.
   Era sempre assim quando estavam juntos. Risadas, risadas, risadas... Fazia sorrir só de vê-lo, porque sabia que pelo menos por 5 minutos o mundo seria um lugar menos turbulento e mais agradável. Para Niall, era quase um ataque cardíaco. Lógico que ele tinha intenção de impressioná-la, mas simplesmente não sabia exatamente o que fazer. Por algum motivo, porém, era quando estava sendo o mais natural possível que ela parecia mais interessada.
   Eles pararam na porta do SPR.

   “You are the one that's meant for me
   I'm twisting fate to make believe.
   It's all accidental
   This was always meant to be
   When you're in my arms, you'll see
   It wasn't accidental...”

  “Quer subir?” – perguntou, sem pensar muito. Peraí, estava chamando o garoto pra ir até seu quarto? Até o terceiro andar? Subir pra onde? – “Acho que hoje você encontra o Liam lá em cima...” – Completou, para não dar a impressão errada.
   “Não, hoje não...”- Niall disse, entregando a pasta a ela. – “Consegue levar tudo?”
   “Consigo sim. Obrigada! Você é um amor!” – falou, dando outro beijo em seu rosto. Ela não esperava ter uma vontade tão grande de beijá-lo de verdade, mas sentir seu cheiro de pertinho e sentir a bochecha dele em seus lábios acionou um botão quase imediatamente dentro dela. Ela adorava as bochechas de Niall! Eram coradas, contrastando com sua pele branquinha e estavam ainda mais vermelhas agora. Os dois olharam para o chão.
   “Vou indo!” – Ele disse, todo tímido. – “A gente se vê...”
   “Se cuida!” – falou e ele sorriu, se distanciando.

   “This all feels right time, right place
   Cause everytime I see you face to face
   Our future calls.
   Not saying you bend the truth
   Just doing my best to get you, make you my destiny.”

   (Accidental – Olly Murs)

  Niall foi andando até a JJJ, as mãos nos bolsos e a cabeça baixa, se perguntando porque diabos ainda não tinha a chamado para sair.

Era sábado de manhã e isso só podia significar uma coisa: e Harry fazendo aula de boxe juntos. O que significava outra coisa: dava dois passos para frente e um para trás. O problema maior era ter que fingir que mal se conheciam. Como ela ia se segurar para não pegá-lo no armário de materiais de ginástica?
   Ela não estava com medo de vê-lo. Tá bom, talvez um pouco.
   Harry tinha chegado ao hall do SPR pelas escadas. Simplesmente não ia conseguir passar 10 segundos parados dentro do elevador. Veio pulando dois degraus de cada vez, fazendo até mesmo o senhor da portaria rir quando passou. Ainda não tinham se visto pessoalmente desde que tinham ficado, a academia tinha estado fechada no fim de semana pós Halloween. Ficou em duvida se mandava uma mensagem... Perguntar se queria que ele fosse buscá-la. Ia gostar de ir andando até lá em sua companhia.
   O garoto já se aquecia quando ela chegou e abriu um sorriso lindo que correspondeu. Olhou em volta para saber se podia ir até lá, mas Rob logo apareceu!
   “Trabalhar por duas semanas hoje, hein ?”
   “Seu pedido é uma ordem...” – Ela respondeu, colocando a malinha na prateleira e indo até eles. Poxa, o instrutor nunca estava lá quando ela chegava, tinha que estar bem hoje? – “Bom dia, Styles!” – Cumprimentou e o viu dar um sorriso torto totalmente tentador.
   “Bom dia, !”
   A sorte não estava do lado deles, definitivamente. Rob, que normalmente passava um exercício e saía da sala por quase 15 minutos, hoje parecia não conseguir parar quieto um segundo. Harry se escondia atrás do saco de boxe e tentava falar com sem emitir som, mas ela estava tendo dificuldades para entender. Em uma das vezes acabou rindo alto, chamando a atenção do professor.
   “Você acredita nisso?” – Perguntou, achando que ela estava rindo do que ele estava contando. Como se algum dos dois estivesse prestando atenção. – “E a festa da faculdade, Styles? Ouvi dizer que estava ótima!”
   “Tava legal... Cheia! Mas não sei, já fui a festas melhores...” – Ele respondeu, olhando diretamente para , que o fuzilou com os olhos.
   “Você foi, ?” – Rob perguntou, indo até ela para arrumar sua postura.
   “Não... Ficar em casa de pijama assistindo TV tava bem mais interessante.” – Respondeu, levantando as sobrancelhas para o garoto, que precisou parar de bater no saco para rir em silêncio.
   A aula acabou e antes que pudesse se dar conta, Harry já havia saído da sala. O que? Ele fugiu dela? Já estava sacando o celular para matá-lo via mensagem quando foi puxada para um lugar escuro e apertado. O armário de materiais de ginástica.

  “She knows me well
   Bit of a catch
   To have a local girl
   Hair tied up in elastic band
   With a kiss on the cheek
   For her one-night man
   I don't wanna go alone…”

  “Styles!”
   “Ele não parava de falar... Quanta carência!”
   riu e mordeu os lábios, estavam tão perto! Passou seus braços pelo pescoço dele e o sentiu apertar sua cintura.
   “Mas então você já foi a festas melhores?” – Ela perguntou, fazendo cara de brava e Harry deu uma risadinha.
   “Com companhias melhores...”
   “COMPANHIAS MELHORES?” – A garota gritou e ele tampou sua boca com as mãos. Quando tirou, os dois gargalhavam.
   “Fala baixo!”
   “Desculpa!” – Sussurrou.
   “Estava com saudades...” – Harry confessou, passando os dedos por sua bochecha.
   “Mas estamos aqui agora...” – Ela disse, olhando para cima. Era mais baixa que o garoto.
   Ele fez que sim com a cabeça e se aproximou dela. Abaixou a cabeça e deu apenas um selinho em seus lábios.
   “Você me puxou nesse espaço minúsculo para me dar esse beijinho de n...” – perguntou brava, mas não teve tempo de terminar a frase. Harry a trouxe mais para perto e a beijou “de acordo”. Era só aquela mania irritante que tinha de deixá-la irritada.

  “Tell her that I love her
   Tell her that I need her
   Tell her that she's more
   Than a one-night stand
   Tell her that I love her
   More than anyone else
   If you don't, then I'll tell her myself …”

   (One night – Ed Sheeran)

   aproveitava que o tempo estava frio, mas não insuportável, para ler um livro sentada em um dos banquinhos brancos que havia na frente do prédio dos dormitórios. O céu estava limpo talvez pela última vez no ano e o campus todo forrado de folhas secas.
   Estava absorta no livro que lia e mal percebeu quando alguém se sentou ao lado dela. Tudo bem que havia vários bancos e alguém resolveu sentar justo no dela, mas se abaixasse o livro, teria que interagir e precisava mesmo continuar lendo.
   “Deve ser um livro interessante...” – A pessoa disse, era uma voz vagamente conhecida.
   Abaixou o livro para encontrar Aidan sorrindo para ela. Será que ia pegar mal dar os três pulinhos de São Longuinho ali?
   “Ah, é você...” – Falou, fingindo indiferença. – “Desculpa, hoje eu não tô usando minha foto pregada na manga...”
   Ele riu, levando a cabeça para trás.
   “Se te consola, eu ganhei o jogo...” – Falou e ela levantou as sobrancelhas.
   “Poxa, que bacana!” – Respondeu irônica. – “Ganhou alguma coisa?”
   “Além de prestígio e fama?” – Aidan perguntou, fazendo cara de convencido e rolou os olhos.
   “Você é a versão mais insuportável de um amigo meu...” – Soltou e levantou o livro de novo. Tinha mesmo passado tanto tempo procurando esse idiota? Tudo bem que ele era lindo. Com um sotaque lindo. E um sorriso lindo. Até o jeito convencido dele era lindo! MAS MESMO ASSIM, ela mal aguentava o Zayn... Como iria ter paciência para um que parecia ser a versão 2.0 dele?
   “Hey, eu tava brincando... Pelo amor de Deus!” – Aidan disse rindo.
   “Hum...” – Ouviu a voz de por trás do livro.
   “O que você está lendo?”
   Sentiu ele se mexendo no banco e quando abaixou mais uma vez o livro, o encontrou sentado totalmente virado para ela e bem mais perto do que se lembrava. virou a capa para que ele lesse.
   “Uma biografia do Tolkien. É pra aula de literatura.”
   “Grande Tolkien...”
   “Você gosta?” – Ela perguntou e ele sorriu, concordando vigorosamente com a cabeça.
   “Acho o cara um gênio!”
   “É, eu também...” – sorriu e alisou a capa do livro. Esse era um ótimo motivo para mudar sua opinião sobre alguém! Aidan começou a contar sobre um documentário que havia assistido sobre Tolkien e se pendurava em cada palavra que ele dizia.
   Estava aí uma coisa que não podia falar com Zayn. Ponto para a versão mais velha.

  “And all of the leaves on all of the trees are
   Falling with me down to the ground
   And I'm falling for you…”

   (Falling for you – Bridgit Mendler)

  Sábado a tarde de um dia totalmente agradável e trancada no quarto com o maldito relatório. Vai... Fica um ano fora! Checou o celular de novo, mas não parecia ter mais novidades sobre Harry. Podia ver a amiga sentada na loja fingindo concentração e seriedade por fora e toda boba por dentro. Mesmo que nem ela quisesse admitir pra si mesma.
   Ouviu um violão sendo dedilhado no corredor e seu coração deu aquela já conhecida acelerada. Se lembrava perfeitamente da última vez que tinha ouvido algo parecido por ali. E sabendo quem tinha sido a última pessoa a tocar um violão no terceiro andar, abriu a porta já esperando encontrá-lo.
   “Não queria atrapalhar o relacionamento de vocês, mas acho que o Liam tem te evitado...” – Ela brincou. Niall estava sentado ao lado da porta do amigo ocupando todo o corredor com suas pernas, violão no colo e o boné para trás. – “Serenata?”
   Ele riu.
   “Tava passando por aqui e vim ver se Liam estava no quarto... Perdi meu celular, não tenho mais o número de ninguém...” – Explicou, encolhendo os ombros. – “Te atrapalhei? Tá ocupada? Senta aqui!” – Ele disse rápido, batendo a mão no chão. riu e se sentou no sentido contrário, com as costas na parede do quarto de , esticando as pernas também.
   “Você não tinha que estar estudando pras provas do semestre?” – Ela perguntou.
   “Fico em duvida se você se preocupa mesmo comigo ou é só um instinto maternal...”
   “Talvez os dois...” - disse, apertando uma mão na outra. – “Quantos anos você tem, Niall?”
   “Que tipo de pergunta é essa?” – O garoto a olhou rindo e quase deitando no corredor.
   “O tipo de pergunta que a gente faz quando quer conhecer alguém...”
   Ele se endireitou e sorriu. Talvez mais com os olhos do que com a própria boca.
   “19...” – Respondeu, ainda a olhando para saber qual seria sua reação. Mas levando em consideração que era calouro, não era assim tão novo. – “Passei um ano tentando convencer minha família de que queria sair de casa para fazer faculdade... Um ano perdido...”
   “Sei como é...” – Ela riu sem humor, abaixando a cabeça.
   “E por que você ficou um ano fora?” – Niall perguntou, tentando encontrar seus olhos.
   “Longa história... É um pouco complicado.” – disse, finalmente levantando a cabeça.
   “Não precisa contar... Mas se precisar conversar com alguém...”
   “Obrigada, Niall...” – Eles sorriram um para o outro e ficaram um tempo se encarando em silêncio. – “Mas e aí? Você anda pra cima e pra baixo com esse violão porque é trote também?” – zombou, empurrando de leve a perna de Niall com a sua. Ele riu e segurou o violão direito.
   “O que você quer ouvir?” – Perguntou, dedilhando algo que não era realmente uma música.
   “Me surpreenda!” – ergueu as sobrancelhas e cruzou os braços.
   Niall limpou a garganta.

  “You know you love me,
   I know you care
   Just shout whenever
   And I'll be there…”

   caiu na gargalhada.
   “Porra, Niall! Justin Bieber?”
   Ele parou de tocar, envergonhado, mas também ria.
   “Mas eu te surpreendi, vai...”
   riu mais.
   “É, de fato...”
   “O que você quer que eu toque? Me fala e eu aprendo.”
   “Beatles...” – Ela respondeu, sem pensar muito.
   “Twist and shout?” – Niall tentou, fechando um dos olhos. riu.
   “Algo menos óbvio, vai...”
   “Combinado! Na próxima eu toco uma música menos óbvia dos Beatles!”
   “Vou ficar esperando!” – Ela sorriu.
   Niall fez menção de falar algo ao mesmo tempo que e os dois sorriram sem jeito.
   “Você primeiro...” – Ele disse.
   fez um barulhinho engraçado com a boca. Porém, o contato visual dos dois se perdeu quando a porta do elevador se abriu. saiu e parou ao ver os dois sentados no corredor.
   “Opa, deja vu?” – brincou, olhando para que abaixou a cabeça e riu.
   “Oi?” – Niall obviamente não entendeu e olhou de uma para outra.
   “A gente costumava ficar sentada no corredor ouvindo música... era a RA do terceiro andar na época que eu morei aqui na primeira vez...” – Ela explicou, estreitando os olhos para a amiga. – “, esse é o Niall!”
   O garoto se levantou e a cumprimentou sorridente. Se virou para .
   “Bom... Eu vou indo...”
   “Já?”
   “Já... Preciso descobrir a música menos óbvia dos Beatles. Vou escolher uma tão não óbvia que você nem vai conhecer!”
   “Tonto!” – Ela falou, empurrando-o no ombro.
   Os dois riram enquanto só assistia a cena.
   “Tchau ...”
   “Tchau Horan!”
   E então ele abriu os braços e a abraçou. Era o cheiro bom dele de novo e as pintinhas do rosto e do pescoço bem na altura dos olhos de . Eles se soltaram cedo demais para o gosto dos dois e Niall apertou a mão da garota antes de soltá-la. Se despediu de e foi embora.
   ainda olhava para o elevador e riu.
   “Acho que estamos no mesmo barco, amiga...”

   e tomavam chá na cozinha e a primeira contava à amiga sobre Niall.
   “Ele é igual ao Danny! A risada alta, o jeito divertido, carregar o violão pra todos os lugares possíveis...”
   “... Cuidado com o precipício que você tá pulando...”
   “Eu sei... Mas não é culpa minha! Nós passamos a semana nos trombando! Tem sido assim desde o dia que eu conheci ele! E é sempre bom e eu sempre fico querendo vê-lo de novo!” – Ela tampou o rosto com as mãos.
   riu porque sabia como era.
   “Só não fica caída por ele ser parecido com o Danny! Porque isso não vai dar certo! Ele não é o Danny!”
   Liam e entraram na cozinha gargalhando.
   “Olha, , Liam veio com defeito de fábrica!” – falou rindo e apontando para a marquinha que o garoto tinha no pescoço.
   “Quando você virou essa caloura folgada, hein? Quem criou esse monstro?”
   Os dois gargalhavam e tentavam fazer cócegas um no outro. levantou as sobrancelhas.
   “Acho que fomos nós, Liam...” – respondeu, olhando para os dois e sorrindo.
   Do mesmo jeito que entraram, saíram brincando/brigando da cozinha.
   “Você para de jogar esses dois um pro outro!” – falou assim que eles desapareceram. Ainda dava para ouvir as risadas no corredor.
   “Eu só fiz um tirar o outro no jogo. O resto não fui eu!” – explicou, ainda sorrindo.
   “Acho que está aberta a temporada Love is in the air nesse corredor...” – A garota disse, comendo mais um cookie.
   “E no quarto andar também, certo?” – brincou, fazendo atirar o pano de prato nela.

Capítulo 9 - Memory Lane

  (Coloquem para carregar: Teach me how to be loved – Rebecca Ferguson)

  “Só pra saber... I wanna hold your hand é não óbvio o suficiente, né? Haha... Outra coisa, eu aprender uma música dos Beatles é seu segundo pedido. Só te resta um agora.”
   riu e começou a digitar a resposta:
   “Hahahaha... Tonto! E quem disse que isso foi um dos meus pedidos? Tô te fazendo um favor!”
   Ela abaixou o celular rindo e então percebeu que Liam a observava. Estavam os dois na cozinha, sentada à mesa e ele com uma expressão confusa, apoiado na porta da geladeira.
   “É o Niall...” – A garota explicou, apontando para o celular.
   “Niall? Meu calouro?” – Liam perguntou.
   “Uhum... Aliás, ele tem vindo aqui falar com você constantemente e não te encontra nunca! Dois desencontrados!”
   E de repente tudo fez sentido! Niall havia perguntado mais de uma vez sobre os horários de Liam e mais estranho ainda, vivia dando um jeito de perguntar sobre ela: O que fazia, em que prédio ficava, se era solteira... Liam nunca notava porque sempre parecia apenas curiosidade, sempre vinha misturado a questões sobre outras pessoas... Mas agora era claro que Niall estava interessado em !
   “Hum... Não sei se ele vinha atrás de mim...” – Falou, segurando a risada.
   “Oi?” – Ela checava de novo o celular sorrindo.
   “Niall. Acho difícil que ele tenha vindo atrás de mim tantas vezes!”
   “Mas ele vem!” – não estava entendendo. – “Esteve aqui sábado à tarde semana passada e na outra!”
   “... Você não está vendo mesmo? Eu estava na JJJ sábado à tarde quando Niall saiu! Ele não vem até aqui me ver, ele vem ver você!”
   Era lógico que o motivo era esse. Era lógico que ele vinha vê-la. Mas ouvir isso de outra pessoa tornava tudo mais real. abriu um sorriso gigante e Liam riu da cara dela.
   “Achei que você era mais esperta!” – Falou, indo até a mesa e bagunçando seu cabelo. – “Mas mudando de assunto... É Dia de Ação de Graças amanhã! Teremos a tradicional ceia do terceiro andar aqui ou não?”
   , que ainda estava sorrindo feito besta naquele momento, fechou o sorriso e voltou a encarar Liam, séria. Amanhã era que dia?
   “Amanhã é Ação de Graças?”
   “É, ... Penúltima quinta feira de novembro!”
   Droga! Droga! Droga!
   “É...” – Ela se forçou a dizer, enquanto Liam a olhava perplexo. – “Pode ser sim, Liam! Vou comprar as coisas amanhã a tarde. Tudo já preparado, né? Que ninguém aqui cozinha bem!” – Forçou uma risada no final, mas ele continuava desconfiado de algo.
   “Tá tudo bem?”
   “Tá, tá sim... Eu só... Eu tenho um prazo pra semana que vem e achei que estivéssemos mais longe. É só isso!”
   Liam continuou ali a analisando. Não era legal o que ia fazer, mas tinha que tirar o foco de si.
   “E como você tá? Com relação à Dani, eu digo...”
   Foi a vez do garoto abaixar a cabeça.
   “Acho que me conformei... Já nem penso mais tanto nisso...” – Disse, dando de ombros e sorrindo. sorriu de volta. – “Seguindo em frente, como você me disse.”
   “Você vai ficar bem... Eu sei que vai...”
   “Obrigada, ... Você tem sido uma ótima RA, aliás... Esse andar tem sido muito bom pra me distrair!”
   Os dois sorriram.
   “O terceiro andar nunca falha em nos colocar de pé de novo... É meio como a J.K. descreveu Hogwarts, sabe? O lugar que você pode sempre voltar, porque sempre vai estar lá por você?”
   Os dois riram.
   “Você e suas metáforas...” – Liam disse, rindo. – “Tá tudo bem mesmo?”
   “Sim, senhor!” – respondeu, batendo continência e fazendo-o sorrir daquele jeito que todas as meninas já eram apaixonadas. Ele acenou e saiu, deixando a garota sozinha na cozinha. Ela e o fantasma do Dia de Ação de Graças.

  O dia amanhecia frio e cinza, mas já estava com os olhos abertos. Não tinha conseguido dormir e permanecia deitada estática, mirando o teto. Se sentou na cama e tampou o rosto com as mãos, prestes a reviver aquele dia todo de novo.
   Flashback
   estava sentada na beira da cama de e abaixou as mãos que até então escondiam seu rosto.
   “Mas ... Você tem que ir! É nossa tradição de Ação de Graças!”
   “Não vou, ! Já disse que não vou...” – Ela dizia, andando pelo quarto e recolhendo roupas do encosto da cadeira e de cima da escrivaninha. – “Não me peça pra ficar babando ovo daquela retardada...”
   “Seria melhor se fosse aqui como sempre, né? Um lugar neutro...” – A amiga considerou e fez que sim com a cabeça, ainda nervosa.
   “Mas não... Vamos fazer no castelo da Cinderela, pra ela exibir os dotes culinários e o ninho de amor dela e do ‘coração’!” – Estava fora de si.
   “Ainda acho que você devia ignorá-la e ir sim. São nossos amigos! Vamos pela Izzy? O Harry... O Dougie!”
   negava com a cabeça fervorosamente. Parou no meio do quarto com as mãos na cintura e encarou a amiga.
   “Não me peça pra ir por eles! VOCÊ não tá indo por causa da Izzy ou do Harry, ! Não pensa que me engana! Só tem uma pessoa que você tá interessada em ver hoje à noite!”
   abaixou a cabeça e ficou quieta por um tempo, contornando o desenho da colcha com os dedos.
   “Eu não sei se ele vai... Ele não confirmou com o Tom e nunca me responde...” – Respondeu com a voz fraquinha. percebeu que pegou pesado e se sentou ao lado dela.
   “Hey! Me desculpa! Eu tô descontrolada, você sabe! Não era pra descontar em você!” – Ela abraçou a amiga que continuava quieta e olhando para o chão.
   “Eu só queria que ele desse um sinal de vida, pra variar...”
   “Você conhece o Jones melhor que eu, , sabe que ele é assim.”
   “Podia ser menos assim, né?” – Ela respondeu, limpando as lágrimas que escorriam em sua bochecha e se virando para a amiga. – “Eu preciso de você lá comigo, !”
   “Não me pede isso, ! Eu a odeio! Com todas as minhas forças... Ela... Ela roubou meu melhor amigo!” – Desabafou, colocando para fora sua maior frustração.
   apertou suas mãos e deu um sorriso solidário. Sabia como vinha sendo difícil para ela também.
   “Você não pode fugir dos dois pra sempre, . E foi seu melhor amigo que chamou a gente pra jantar na casa dele...”
   suspirou, foi sua vez de ficar quieta. Claro que sentia saudade dos meninos, de Izzy... E de Tom. Chegava a ser ridículo o quanto sentia saudade de Tom! Mas agora ele estava morando junto com aquela chata e eles se viam cada vez menos. Sairem juntos então... Quase nunca! Desde que Giovanna tinha surgido, Tom parecia sempre ter algum imprevisto, algum compromisso ou uma desculpa esfarrapada para gastar em . Isso a aborrecia como nenhuma outra coisa no mundo. O que estava pedindo era inaceitável... Era sacrifício demais!
   PORÉM, só havia uma pessoa no mundo que a escutava falando sobre como Giovanna era insuportável quantas vezes fosse necessário para que ela se sentisse melhor. Ou que ria quando a garota fazia uma análise detalhada da roupa ridícula que “aquele ser” estava usando. E essa pessoa estava ali do seu lado, encolhida de medo de ver seu ex daqui a algumas horas. Ou pior... De não vê-lo.
   “Ok, ok... Eu vou pra esse jantar com você!”
   abriu um sorriso e a abraçou.
   “E a Falcone?” – Perguntou.
   “Quem é Falcone nessa porra?”

***

  “?” – perguntou, estalando os dedos em frente ao seu rosto.
   A garota se viu sentada à mesa da cozinha, todo mundo tomando café e falando alto como costumava ser toda manhã. Liam e Louis conversavam sobre como colocariam pisca piscas em todo o corredor e as meninas sugeriam montar uma árvore de Natal ali na cozinha. , porém, parecia alheia a tudo isso. Estava ali apenas existindo e parecendo um zumbi na ponta da mesa.
   “Ah, oi ! Desculpa... Tava distraída!” – Falou, voltando a prestar atenção nas meninas.
   “Tá tudo bem?” – perguntou, franzindo a testa para o estado da veterana. – “Você foi dormir tarde?”
   coçou os olhos. O que não foi uma boa ideia, porque ficou com vontade de chorar.
   “É, eu... Tô preocupada com algumas coisas... Contas... Sabe como é.”
   Liam a observava da outra ponta da mesa. A expressão dela continuava triste, mas os motivos mudavam, o que só podia significar que ela estava mentindo. Louis estava explicando e desenhando no guardanapo a gambiarra que ia fazer para acender as luzes, mas o garoto agora acompanhava se levantar da mesa e ir para o seu quarto sem nem tocar em seu chá.
   Flashback
   “Hey Liam... Vai sair?” – perguntou abrindo sua porta e dando de cara com o calouro, sorridente.
   “Vou... Vou jantar com a Danielle...”
   A garota abriu um sorrisão. Então eles estavam mesmo ficando sério!
   “Eu prometo que ano que vem faremos o jantar de Ação de Graças do Terceiro Andar aqui, ok? Aí você e a Danielle podem participar também!”
   Ele sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Queria ter conhecido o pessoal que morava aqui antes... Devem ser pessoas legais!”
   “As melhores...” – respondeu sorrindo. Liam olhou para o relógio, acenou, dizendo que estava na sua hora, e desapareceu pelo elevador.
   A garota continuou encarando a porta do quarto a sua frente. Se lembrou da primeira vez que a viu aberta. De como ficou tímida ao ver que o garoto ali dentro estava só de boxers. De como ele riu alto e de um jeito todo peculiar ao perceber que havia uma espectadora o assistindo trocar de roupa. E de como foi exatamente ali que ela se apaixonou por ele.
   abriu a porta do quarto do RA, onde morava, e a viu parada no corredor sozinha.
   “Liam saiu com a Dani?” – Perguntou, tentando não tocar no assunto crítico. sorriu e fez que sim com a cabeça. – “Não acredito que ela está mesmo saindo com um calouro!” – Riu.
   “Não debocha, ... Quem cospe pra cima, cai na testa!” – A garota zombou.
   “Sem jogar praga!” – Respondeu, colocando suas luvas, e as duas riram. – “Tá pronta?”
   mais uma vez fez que sim com a cabeça. passou seu braço pelo ombro da amiga e as duas saíram abraçadas em direção ao frio e ao vento que assobiava lá fora. Tom não morava mais na cidade universitária e sim em uma cidade maior que ficava há 1h30 dali. Maior e mais bem estruturada, lá havia mais opções de emprego para um produtor musical. Giovanna era jornalista e trabalhava na Seção Feminina do jornal dessa cidade. “Como se ela soubesse alguma coisa sobre se cuidar...” dizia sempre que havia oportunidade.
   O silêncio entre as duas no carro era enlouquecedor. Logo elas, que nunca paravam de falar um segundo! Mas cada uma tinha seu motivo para estar tão nervosa e de certa forma ansiosa com o que estava por vir. checava o mapa e o endereço na letra caprichada de Tom que estava pregado ao rádio do carro. Parou em frente a uma casa que, para sua infelicidade, parecia ser divina.
   “A gente ainda pode voltar!” – Falou, apontando para trás e fazendo rir.
   “Não podemos... Dougie já nos viu...”
   O amigo estava parado do lado de fora da casa fumando e mostrando o dedo do meio para elas. sorriu e se sentiu quente por dentro. Precisava admitir... Enfrentaria 5 Giovannas se precisasse, só para ter seus meninos por mais uma noite!
   “Você não disse que tinha parado com isso, Poynter?” – Gritou ao sair do carro.
   “É cigarro normal, . Parei com a maconha!” – Ele falou rindo e fechando ainda mais seus olhinhos pequenos. Estava ainda mais bonito do que elas se lembravam: Calça skinny, camiseta e uma jaqueta jeans, a barba por fazer e um gorrinho na cabeça.
   “E a Louise? Já liberou ou só depois do casamento mesmo?” – perguntou, indo abraçá-lo. Dougie era o mais novo deles, então era tido como o irmão caçula do grupo, o que significava que ele era o mais protegido. E o mais zuado também.
   “Terminei com ela... Não aguentei... Vocês me conhecem...” – Respondeu, fazendo-as gargalharem. o abraçou também e ele pisou na pontinha do cigarro para entrar na casa com elas.
   “Tá rolando uma aposta que você vai estapear a Giovanna hoje antes do jantar, .” – Ele contou, abrindo a porta. – “Eu apostei que você ganha, então não me decepcione!”
   “Tava aí um bom motivo pra começar as aulas de boxe que você quer fazer!” – brincou e a amiga fingiu que ria para os dois.
   “Palhações! Vocês sabem que eu não vou brigar com ninguém... Vou só fingir que ela não existe...”
   Tarefa difícil quando se trata de ignorar a dona da casa. Giovanna apareceu no hall de entrada limpando as mãos em um pano de prato e parecendo genuinamente feliz em vê-las. ainda não sabia qual era a dela, por mais que tentasse descobrir. Era sempre tão fofa e parecia sempre tão feliz em tê-las por perto, mas proibia Tom de encontrá-las se não estivesse junto. Era ciúmes, claro, principalmente de . Mas era infundado! e Tom se amavam sim, mas não desse jeito. Eles tinham passado por poucas e boas juntos e criado o tipo de amizade que não se encontra em qualquer pub ou ponto de ônibus. Talvez a namorada nunca entendesse isso e Tom não parecia a fim de explicar. Então se distanciou da melhor amiga para que seu relacionamento desse certo. O que fazia Gio feliz. E deixava puta.
   “Oi meninas! Achei que vocês não vinham mais!” – Giovanna exclamou, vindo até elas de braços abertos.
   “Você bem que queria...” – balbuciou, tomando uma cotovelada de .
   “Achei elas no lixo, Gio, trouxe aqui pra gente cuidar dessas mendigas!” – Dougie falou, passando um braço pelo ombro de cada uma.
   “Ótimo!” – A namorada de Tom disse, rindo. – “Bom, garotas, vou voltar pra cozinha... Fiquem à vontade! Dougie, mostra a casa pra elas!”
   “Claro!”
   O garoto as encaminhou até a sala onde três pessoas conversavam animadas. O anfitrião foi o primeiro que as alcançou. Tom, que tinha deixado o cabelo crescer um pouco, estava usando-o para o lado. Usava um suéter verde velho com motivos natalinos, que tinha desde a época da graduação.
   “E desde quando você usa óculos?” – perguntou com a voz sufocada, por estar no meio do abraço de urso dele.
   “A idade vem chegando... Você sabe...” – Ele riu, a soltou e parou na frente de .
   “Você sabe que eu odeio gatos...” – Ela falou, cruzando os braços. Só ali na sala havia três.
   Ele cruzou os braços também.
   “Se daqui cinco minutos você não estiver com Marvin no colo, ponho todos lá em cima e você não vai ver mais vestígio deles...” – Desafiou. E então, para quebrá-la, forçou seu sorriso para o lado esquerdo, o lado onde exibia uma única covinha. – “Será que você pode deixar de ser assim por cinco segundos pra me abraçar?”
   Ela baixou a guarda e abriu um sorriso, se jogando no pescoço dele.
   “Que saudade de você, Fletcher!” – Falou, apertando-o cada vez mais. O garoto a tirou do chão.
   “Também tava morrendo de saudade! Até de brigar com você!” – Tom riu e a colocou no chão.
   Parado ali na sala também estava o casal que e julgavam ser o mais lindo de todos. Izzy, formada em História, havia sido companheira de terceiro andar delas e, quando estava no segundo ano, conheceu Harry. O garoto fazia engenharia e jogava cricket pela Universidade. De longe, parecia um almofadinhas arrogante. De perto também. Mas ALÉM DISSO, ele também era um dos caras mais engraçados que elas conheciam e no fundo, tinha um coração tão grande quanto seu ego. E, bom, seu ego era tão grande quanto sua beleza.
   Todos se cumprimentaram e sentaram ali, sentindo o cheiro bom ( odiava admitir) de comida que vinha da cozinha, contando fatos de suas vidas pós-formados e lembrando histórias de quando ainda estavam estudando. Harry agora contava e encenava um “causo” ocorrido em uma Festa de Halloween passada, que envolvia ele, Izzy e . Todos gargalhavam e tentava interromper para dizer que ele estava contando errado.
   “Quem estava no carro era você, Judd! Eu desci no semáforo e fui correndo na frente!” – Ela corrigia.
   “Mas quem comprou o foguete? Não fui eu?” – Ele perguntava, voltando a se sentar ao lado da namorada.
   “Acho que foi o Danny...” – disse rindo. – “Você lembra, Tom?”
   “Eu? Tava dormindo no porta-malas do carro!” – O garoto lembrou e todos caíram na risada de novo.
   “Tom sempre foi o mais loser quando bebia!” – Dougie se lembrou, enxugando os olhos. Chorava de tanto rir.
   olhou para a amiga ao seu lado que parecia não participar da conversa. Estava sentada reta no sofá, os olhos fixos no portal que dava para o hall de entrada da casa. Lançou um olhar em volta e viu os olhos de Tom irem de para ela com uma expressão preocupada, como se perguntasse “O que a gente faz?”
   “?” – Tom tentou. – “E o mestrado, como está?”
   Ela piscou e se virou ao ouvir seu nome, sorrindo para Tom.
   “Tudo bem... Parece com o que eu já fazia antes de me formar... Só que pior...” – Falou sem muitos detalhes, dando de ombros e rindo. Eles riram também. – “E você?”
   Tom contou que vinha trabalhando na produção do álbum de uma banda talentosa e que de vez em quando saía para compor com eles. Música era a vida de Tom desde que ele se entendia por gente e trabalhar nesse ramo era só o que fazia sentido. Podia não ser o mais rico, mas levantava toda manhã com um sorriso enorme em seu rosto porque passaria o dia trabalhando com guitarras, baterias, microfones, melodias e letras... Giovanna veio da cozinha e se sentou no braço da poltrona onde Tom estava, fazendo carinho em seu cabelo. olhou para os dois e se voltou para Dougie, que contava algo sobre o estagiário burro de sua agência de publicidade.
   “O menino é uma anta... E olhe lá que eu não sou o patrão mais exigente!” – Falou, bebendo mais da sua cerveja e colocando os pés para cima na mesinha de centro.
   E de repente, enquanto todos riam, ouviram um barulho no hall de entrada.
   “Caramba! Que cheiro bom!” – Alguém falou de lá.
   “Falando em anta...” – Harry zombou e tomou um tapa na perna de Izzy. Todos os olhos da sala se voltaram para , que tinha voltado ao seu estado anterior: se endireitou no sofá e encarou o espaço vazio que separava o hall da sala.
   Então, como uma lâmpada que é acesa em meio à escuridão, Danny apareceu onde ela olhava. Os braços e o sorriso abertos de um jeito tão dele, que era quase como se só o rapaz soubesse realmente sorrir. Ele tinha cortado o cabelo, reparou, e estava ainda mais bonito. Usava uma jeans escura, camiseta preta e uma jaqueta de couro. Todos se levantaram para cumprimentá-lo quando Danny colocou a case do violão no chão e tirou a mochila dos ombros.
   “Achei que você não viesse, seu viado!” – Tom exclamou, dando tapas nas costas do amigo.
   ”Quase não cheguei a tempo. Mas tradição é tradição!” – Respondeu rindo e cumprimentando Giovanna e Dougie.
   se levantou também, mas não fazia ideia do que estava fazendo. Suas pernas não a obedeciam, seu cérebro parecia não funcionar e seu coração era a bateria de uma escola de samba. se virou para ver se a amiga estava bem, mas não teve certeza. Ela parecia séria e tensa, mas seus olhos brilhavam. Brilhavam como ela não os via brilhando há algum tempo... E acompanhavam cada passo de Danny, cada movimento que ele fazia.
   Tinha sido assim por quatro anos. era caloura quando chegou ao terceiro andar. Uma garota tímida, que falava pouco e observava muito. Em frente ao seu quarto estava o de Daniel Jones. Segundo ano de Produção Musical, como Tom, mas muito mais interessado em tocar violão e jogar futebol do que nas aulas. No fim, demoraria um ano a mais que o amigo para se formar. Enfim... Ele era o garoto barulhento do quarto da frente, que se trocava com a porta aberta, o garoto que estava sempre tocando violão sentado no balcão da cozinha ou no corredor, que ria alto e contagiava todo mundo com sua risada e parava na entrada do elevador se ela queria passar. Desde o primeiro dia, o olhava com os olhos brilhando, quase em adoração. e Tom ficavam um pouco preocupados ao ver que ela estava cada dia mais hipnotizada. Era perigoso se sentir assim por Danny, considerando sua “ficha criminal” de mulheres no último ano. Mas a garota era mais esperta do que parecia! Por mais que fosse visível que ele já a tinha conquistado, o rapaz precisou de mais do que dois sorrisos para tê-la. Não demorou muito e os amigos pegaram Danny a olhando com interesse, andando atrás dela para ser notado, ouvindo-a explicar o que era uma “enzima transferase” tão absorto que eles quase acreditaram que ele estava mesmo entendendo! Quando ficaram juntos foi como se o universo cantasse “Até que enfim!” e assim eles permaneceram por todo o tempo em que esteve na graduação. Cada um transferiu ao outro um pouco de si: Danny se dedicou mais aos estudos (é, não muito) e a musica de uma forma mais profissional e passou a se divertir mais, começou a beber e a sair com o pessoal do terceiro andar. Todos eles se tornaram melhores amigos inseparáveis. Não era sempre fácil, era verdade... Mas eles estavam sempre lá!
   E era por isso que estava preocupada. Porque conhecia aquele olhar, mas a expressão da amiga ainda era de pânico. Por fim, respirou fundo e sumiu entre eles indo para a cozinha enquanto Danny e Harry se zuavam e o primeiro perguntava à Izzy porque ela ainda estava com aquele metido à besta.
   “Engenheiro, Danny...” – Ela respondeu rindo. – “Preciso ter marido rico, História não dá dinheiro não!”
   Eles riram e se abraçaram e o rapaz passou para .
   “E aí, ?” – Falou, rindo antes mesmo de chegar perto dela. – “Continua secando umas garrafas de tequila por aqui?”
   “Você não presta, Jones!” – Respondeu, descruzando os braços para abraçá-lo e rindo. Era difícil não rir quando ele estava por perto, mesmo que sua cabeça estivesse em “Onde diabos a foi?”.
   Os dois se desvencilharam e ele olhou ao redor.
   “Falta alguém!”

   estava apoiada na pia da cozinha, tomando água. O que iria fazer? Como deveria agir? Tratá-lo bem, tratá-lo mal, simplesmente ignorá-lo? Ele continuava tão lindo quanto antes, tão sorridente quanto antes... Tão Danny Jones quanto antes! Para total azar dela, que devia estar zangada, mas estava no máximo muito, MUITO desnorteada. Antes que pudesse se decidir, ouviu passos vindo para a cozinha e ele se encostou no batente da cozinha, colocando as mãos nos bolsos.
   “Você vai precisar ir mais longe do que a cozinha pra fugir de mim hoje...” – Falou, dando um sorriso de lado e acabando com a força nas pernas dela.
   “Não tô fugindo, Daniel! Vim tomar água!” – Disse, ácida, levantando o copo. Precisava aproveitar enquanto ainda conseguia ser irônica com ele.
   “Quem é Daniel?” – Ele perguntou divertido, olhando para trás teatralmente. não respondeu e colocou o copo dentro da pia. Quando estava se preparando para desencostar dali e voltar à sala, o que significava ir até ele, sentiu que o garoto se precipitou e começou a vir em sua direção. Não! A distância em que estavam estava ótima! – “! Você vai mesmo ficar assim a noite toda?”
   “Assim como, Danny? Puta com você? Não sei... Você acha pouco? Acha que merecia ser bem tratado? Merecia que eu fizesse festa ao te ver?”
   “Não... Não precisava fazer festa...” – Ele respondeu sem jeito, coçando a nuca. – “Mas não precisava sair da sala também!”
   “Já disse que vim só beber água, caramba!” – falou, mais alto do que era necessário. Era isso, já tinha perdido “a boa”. Se estava se indagando como iria tratá-lo, seu cérebro tinha ganho o par ou impar contra seu coração e estava dando a Danny o que ele merecia... Aquilo não ia dar certo. – “Vou voltar pra sala...” – Falou baixo, passando por ele e sumindo pela porta.
   entrou na sala pisando duro e Danny veio atrás todo sem graça. Um silêncio pairou no ar enquanto todo mundo se olhava e olhava para os dois.
   “Torta de climão? Vai um pedaço aí?” – Dougie soltou e tomou uma cotovelada de Harry, mas acabou fazendo rir.
   “Ai Poynter, só você...” – Falou e o amigo a abraçou.
   “Mas conta aí, Jones, tava onde?” – Tom perguntou, tentando reestabelecer o clima tranquilo entre os amigos.
   “Escócia. Tava perto... Semana passada, toquei em Portugal! Portugal é maneiro...”
   Eles se sentaram para ouvir as histórias de Danny ao redor da Europa. Ele tinha viajado para várias cidades tocando em pubs e abrindo shows de artistas famosos. Era a vida que ele tinha pedido a Deus! Viver de música e com o pé na estrada, sem endereço, sem amarras... Só ele e o violão!
   Mas ainda assim, ainda que estivesse “vivendo o sonho”, vê-la tão triste e tão chateada o fazia pensar se tinha escolhido certo. Se deveria mesmo ter ido embora em vez de ficar com ela. estava no sofá maior, entre e Dougie, que a abraçava enquanto ela encostava a cabeça em seu ombro. Os dois, ao contrário, nem tinham se cumprimentado direito...
   Giovanna foi de novo para a cozinha para ter certeza de que estava tudo bem com o jantar e Tom foi atrás dela, voltando com mais cerveja para todo mundo. Meia hora depois e tudo parecia bem, ainda que não falasse diretamente com o ex-namorado.
   “Amsterdam? Você sozinho em Amsterdam?” – Harry gargalhava e Danny tentava parar para continuar contando.
   “É! Aí fui usar a maconha deles... Sério, essa é a pior história de todas!” – Ele tentou começar de novo. – “Eu fiquei chapado por 24 horas direto!”
   Dougie batia as mãos nos joelhos, fazendo que não com a cabeça. Lary passava mais tempo analisando os gestos de Danny do que realmente ouvindo as histórias. Ela tentava encontrar algo que estivesse diferente, que a fizesse gostar menos dele, um motivo... Mas a única coisa diferente era o corte de cabelo... E tinha ficado melhor. Era uma batalha perdida!
   “Eu dormi e acordei chapado, eu juro... Aí fui fazer um passeio pelos canais... Chapado... Vocês precisam ler as asneiras que eu escrevi no telefone pra deixar guardado!” – Ele ria e fazia aspas com uma mão, enquanto tirava o celular do bolso com a outra e lia o que havia escrito. Os meninos não se aguentavam de rir também, Tom parecia prestes a ter uma sincope.
   não aguentava mais! Se soltou do abraço de Dougie e foi caminhando até sair da casa. Precisava de ar fresco e do vento frio em seu rosto. Fechou os olhos e respirou fundo uma vez. Na segunda, a porta da casa se abriu e apareceu ao seu lado.
   “Não tá sendo fácil, não é?” – Perguntou, abraçando-a.
   “Eu ainda tenho que aguentar todas as estórias fantásticas dele?”
   riu com a comparação.
   “Ele não está fazendo de propósito, ... Está empolgado com a vida que está levando...”
   “Eu não quero saber! Quero que ele pare de falar, quero que ele vá embora!”
   “Giovanna ficaria triste se eu saísse sem comer...” – Lá estava Danny de novo. Será que agora ele tinha que estar em todos os lugares? Tinha aprendido a aparatar quando o chamaram pra tocar em Hogwarts? – “, você nos dá licença?” – Ele pediu e a garota se soltou da amiga, apertando seus braços antes de ir.
   “Vai com calma, Jones...” – Disse, antes de entrar.
   Os dois ficaram sozinhos de novo, mas se recusava a encará-lo. Estava encolhida o mais longe dele que a varanda de Tom permitia.
   “Vamos entrar, ... Tá frio aqui!”
   “Tá com frio?” – Ela perguntou irônica. – “Tenho certeza que quando você foi tocar pros pinguins na Sibéria, tava mais frio...”
   “Acho que não existem pinguins na Sibéria...” – Ele riu, tentando se aproximar e ela se encolheu mais.
   “Cinco meses, Danny! Você sumiu por cinco meses! Sem email, sem mensagem, sinal de fumaça, telefonema... Eu nem sabia se você tava vivo ou morto!”

***

  Era engraçado se lembrar de como estava brava naquela época porque ele tinha sumido por 5 meses... Olha só agora! Há quanto tempo não sabia dele!
   “?” – Dani estava sentada ao seu lado, segurando seu braço. – “! O que você tem?”
   “Oi?”
   Ela voltou a realidade e se viu sentada no laboratório, as mãos no teclado do notebook e um arquivo novo de Word aberto sem uma palavra escrita. Zayn a examinava do outro lado da bancada, com a testa franzida. Virou o rosto e olhou para Dani que parecia não saber o que fazer.
   “Foi alguma coisa na sua casa? O que houve?”
   “Não... Tá tudo certo lá... Eu... Eu só não estou me sentindo bem hoje...”
   Dani olhou para o relógio.
   “Já tá quase na hora do almoço... Vai pra casa, fica lá hoje à tarde... Eu aviso o Alexander que você tava passando mal.”
   “Vou pra loja da ...” – falou, se levantando ainda meio perdida.
   “Isso! Fica lá com ela!”
   Dani desligou seu notebook e o guardou, entregando a maleta à .
   “Qualquer coisa me liga, tá?”
   fez que sim com a cabeça e saiu do laboratório, cabisbaixa. Seus pés já a levavam para a loja e casa de sem ela precisar se preocupar. Quando contornava a pracinha, ouviu uma música conhecida, mas que ela, naquele momento, não conseguia dizer qual era. E então uma voz e um sotaque conhecidos vieram lhe ajudar.
   “Something in the way she moves, attracts me like no other lover… Hum, não!” – Niall cantava, sentado embaixo daquela mesma árvore que já havia o visto. Estava concentrado em um papel aberto no chão perto dos seus pé e anotava alguma coisa. notou que ele era canhoto. Canhoto como Danny.
   Ela ficou parada um tempo, observando-o aperfeiçoar a música que estava tocando. Era a música que mostraria a ela, a música dos Beatles que ela havia pedido. Não era justo o que estava fazendo! Não era justo que tivesse Niall quando estava procurando outra pessoa nele. O garoto não merecia nada parecido com aquilo, era bom demais para entrar em uma estória tão mal resolvida.
   Deu dois passos para trás e quase correu de volta para o dormitório. O terceiro andar estava vazio e silencioso como há muito ela não o encontrava. Se sentou com as costas na parede ao lado do quarto de Liam, encarando a porta de seu antigo quarto.
   Flashback
   “...”
   “Você sumiu depois da formatura e nem se deu ao trabalho de me acordar pra dizer tchau! Como você quer que eu entenda? Como você quer que eu perdoe se você nem se deu ao trabalho de se defender, de se justificar? Quase quatro anos de namoro, Daniel! E você desapareceu!” – Ela já estava gritando de novo. Dessa vez, era Danny que se encolhia para longe dela.
   “Como você acha que EU me senti em te deixar?” – Ele perguntou, apontando para o próprio peito.
   “EU NÃO SEI! Eu não sei como você se sentiu! PORQUE-VOCÊ-SUMIU, PORRA!” – Eram cinco meses de mágoas. Cinco meses de ressentimento, de perguntas, de palavrões. Ela quase se sentia bem em berrar com Danny. – “Eu não me importo se você tava na Holanda, Portugal, na puta que pariu ou no inferno! Impossível que não houvesse um sinal de celular, um orelhão, a porra de um correio! Qualquer coisa, Danny, qualquer sinal!” – Ele continuava a encarando sem dizer uma palavra, deixando que ela gritasse tudo o que tinha vontade, sabia que merecia. Sentiu um nó na garganta e abaixou os olhos. – “E você continua aí...” – Ela fez um gesto vago, indicando-o. Estava exausta... Precisava perguntar à quantas calorias gastava mandar o amor da sua vida à merda. Seus olhos e suas bochechas molhados de lágrimas que caiam sem que ela se preocupasse em limpá-las. – “Você continua sem dizer uma palavra...”
   “Tava esperando você terminar...” – Disse, com a voz mais rouca que o normal. sabia o quanto ele odiava brigar. Os dois odiavam... Talvez por isso tinham dado tão certo, mesmo sendo diferentes... O que tinham de semelhante era o que mantinha a linha intacta.
   “Já terminei. Se você tem alguma coisa pra dizer, aproveita agora. Porque se eu voltar lá pra dentro, é nunca mais!” – Ela cruzou os braços e o encarou, fungando. Cortava seu coração vê-la assim e saber que a culpa tinha sido dele.
   “Eu precisava ir embora, ...”
   Ela bateu palmas.
   “Bela explicação, Daniel! Excelente... Se é só isso, eu vou entrar!” – A garota fez menção de alcançar a maçaneta, mas Danny se colocou na frente da porta. A proximidade que vinha evitando até ali, alcançada em menos de 5 segundos. Ela mal podia respirar.
   “Me deixa falar, por favor!” – Ele pediu, implorando com os olhos. Os olhos azuis que ela adorava tanto... – “Era uma chance em um milhão, . Uma oferta que ninguém que eu conheça já tenha recebido. Era o meu sonho, você me ouvia falar disso todo santo dia! De como eu queria viver da minha música, de como eu faria qualquer coisa por isso!”
   “Eu só nunca imaginei que ‘qualquer coisa’ significasse me abandonar, Danny...” – Ela disse e mais algumas lágrimas fluíram de seus olhos para seu rosto.
   “Você não entende... Você era a única coisa que me prendia aqui! Eu passei um ano a mais na Universidade...”
   “Você tá me culpando por isso?” – Ela deu um passo para trás, o olhando como se estivesse o vendo pela primeira vez.
   “Não! A culpa foi minha, toda minha! Mas eu não posso negar, , eu teria passado mais um pra ficar com você! Eu teria jubilado e prestado vestibular de novo... Só pra continuar abrindo a porta do meu quarto sabendo que você estaria no quarto da frente!”
   “Como você quer que eu acredite em tudo isso se você não hesitou um segundo em aceitar essa proposta e sumir sem nem me dizer que estava indo?”
   “Eu não ia conseguir se me despedisse de você!” – Danny chegou mais perto dela. Perto demais! – “Se visse você chorar, eu ia ficar! Se você me pedisse, eu ficaria... Você sabe disso, , sabe que eu nunca menti sobre o que eu sentia! Sabe que é a única coisa que eu amo mais que a música!” – Ele levantou as mãos e secou as bochechas dela, mas a garota só fazia chorar mais.
   “Você ainda podia ter ligado... Ter aparecido quando tinha folga, Danny! Nada justifica o que você fez comigo!”
   “Do que ia adiantar? Do que ia adiantar você saber que eu estava em algum lugar longe pensando em você? Não ia diminuir a distância, não ia trazer você até mim...”
   Ela balançou a cabeça, incrédula.
   “Talvez levasse, seu imbecil... Talvez eu fosse até onde você estava só pra te ver! Talvez eu rodasse o mundo atrás de você...” – Ela deu um passo para trás, ficando longe de suas mãos.
   “Eu achei que estava certo, que estava fazendo o melhor.” – Ele respondeu exasperado. – “Você poderia ir atrás de mim por um dia... Um fim de semana. E depois voltaria pra cá, pras coisas que escolheu pro seu futuro... Nós ainda estaríamos separados... Uma hora deixaria de funcionar!”
   “Então aqui vai uma novidade, Danny, também não funcionou desse jeito que você criou!”
   “Me desculpa, ...” – Ele caminhou até a garota e a segurou pelos ombros.
   “Não faz isso, Danny, por favor...” – Ela tentou se livrar das mãos dele, mas não conseguiu.
   “O que você quer que eu faça? Como você quer que eu me desculpe?” – Ele perguntou, buscando os olhos dela. – “Eu sou um idiota! Eu fiz tudo errado, . Mas eu to aqui agora, sentindo por você exatamente a mesma coisa de cinco meses atrás!”
   “Danny, não...” – Ela tentava andar para trás, para longe dele, mas era impossível! Danny a segurava ali com as mãos, os olhos, o sorriso... Sua presença toda a segurava ali.
   “Se você falar que não quer ficar comigo, eu te solto... Eu te deixo ir... Mas você ainda sente o mesmo que eu... Nós ainda sentimos o mesmo!”
   “Ficar como? Ficar até quando, Danny?” – ainda lutava. Contra ele e contra ela mesma.
   “Eu não posso te prometer que vou ficar pra sempre, mas eu prometo que se você me aceitar hoje, eu vou estar aqui amanhã de manhã...”
   Se fosse um jogo de videogame, a barrinha de energia da garota estaria no vermelho. E piscando. As desculpas dele tapavam o Sol com uma peneira, não eram nem de longe satisfatórias. Mas ela não conseguia mais lutar. Tinha gritado e sido cruel, mas Danny continuava ali. Estaria na merda no dia seguinte de qualquer forma, mas pelo menos teria a manhã para não pensar nisso. Ele tinha prometido que estaria lá de manhã. Levantou o rosto e o encarou. Danny ainda tinha aquele olhar de súplica.
   “Por que você é assim? Por que você não faz nada direito?” – Perguntou com a voz fraca, deixando que ele a trouxesse para perto.
   “Nem ideia... Mas você sabe que meu cérebro não funciona direito...” – Falou, fazendo carinho na bochecha dela.
   “Eu só tenho uma condição...” – disse, quando ele deu mais um passo para frente. – “Se você contar mais uma estória sobre suas viagens maravilhosas, eu quebro a porra do seu violão!”
   Ele não conseguiu se manter sério e riu, fazendo-a rir baixinho também.
   “Eu senti saudades...” – Danny e agora estavam perto o suficiente para sentirem um o batimento cardíaco do outro.
   “Eu não...” – Ela disse irônica. – “Como você é ridículo, Jones!”
   Ele inclinou o rosto e alcançou os lábios dela. A garota passou seus braços pelo pescoço de Danny, embrenhando seus dedos no cabelo dele. Fazia cinco meses que não se beijavam, que não se abraçavam, que não ficavam juntos. Cinco meses de saudade, raiva e todo tipo de sentimento que, no fim das contas, só servem para deixar qualquer beijo melhor. Danny a abracou mais forte, eliminando espaços e a possibilidade de que ela fugisse. Como se ela fosse a algum lugar naquela noite...

   e Danny voltavam de mãos dadas para sala quando Tom parou na frente deles, vindo da cozinha. Parecia furioso.
   “Da próxima vez, tratem de brigar mais rápido e mais alto. Tem gente curiosa e com fome aqui dentro!” – Reclamou, fazendo-os rir. Danny soltou a mão de e entrou na sala dando risada e se jogando em cima de Dougie.
   Tom olhou a amiga de lado e passou o braço por seus ombros.
   “Tá tudo bem?”
   Ela sorriu para o amigo.
   “Tá sim... Quer dizer, por hoje tá. E por aqui?” – Perguntou, indicando com a cabeça. Tom mordeu os lábios.
   “Acho que ela nunca vai aceitar...”
   “Eu não aceitaria.” – disse, dando de ombros. – “Você a trocou, Tom!”
   “Eu não troquei! São duas relações diferentes...” – Ele tentou se justificar.
   “Deveria ser... Mas o que você tem agora é, na verdade, uma namorada e uma amizade por um fio.”
   “Eu não sei o que fazer...” – Ele confessou.
   “Tomar uma atitude é o primeiro passo! Conversa com a Giovanna, explica pra ela que não precisa ter ciúmes, mas que você quer ter um tempo com a ...”
   Ele riu sem humor.
   “Você acha que eu já não tentei, ?”
   Eles não tiveram, porém, tempo de conversar mais a fundo sobre isso porque Gio apareceu da cozinha gritando para todos irem se sentar à mesa. cumprimentou por tê-la deixado tão brava vendo a comida esfriar.
   Como Danny estava proibido de falar de suas viagens e sua vida parecia ser a mais agitada e a única que havia mudado tanto, eles passaram o jantar se lembrando de coisas da época da graduação. parecia ter um prazer gigante em contar fatos sobre Tom que deviam ser desconhecidos de Giovanna. acreditava que em determinado momento de sua amizade teria que fazer como George (o amigo gay de Julia Roberts em O Casamento do seu Melhor Amigo) e salvar a amiga de uma crise psicótica.
   Quando todos já tinham terminado de comer e pareciam sonolentos, Harry se levantou batendo a faca em sua taça (com um pouco mais de força do que usaria se estivesse sóbrio) e chamando a atenção de todos. sentiu Danny segurar sua mão por baixo da mesa e se virou para encará-lo. Os dois sorriram um para o outro.
   “A gente tá aqui reunido em mais um Dia de Ação de Graças pra comemorar todos esses anos de terceiro andar e muito mais além disso... Estamos aqui pra comemorar nossa amizade, comemorar o amor que sentimos um pelo outro...”
   “Mais amor pelo Dougie, no seu caso...” – Izzy o interrompeu, fazendo os outros gargalharem.
   “Ai, como você é viado, Judd!” – Danny zombou.
   “Vocês nem me deixam ser romântico!” – Ele xingou, bravo. Adorava ser o centro das atenções, odiava que cortassem seu barato.
   “Isso é mais a cara do Tom, Judd, convenhamos!” – disse, tentando parecer sensata.
   “Não falo mais nada!” – Harry se sentou de cara fechada, parecendo um garotinho mimado. Quando todos pararam de gargalhar, pediram para ele se levantar de novo e fazer um discurso, mas agora ele estava difícil. Izzy até tentou alguns beijinhos em seu rosto, mas ele parecia irredutível (e adorando o confete). Por fim, Dougie se levantou com a taça nas mãos.
   “Eu termino essa porra então! Muito obrigado, Você aí em cima, pela comida que a fez e que agora é a pressão no cós das nossas calças; obrigado pelo discurso do Harry e faça com que a Izzy aceite logo a homossexualidade dele; obrigada pelo Tom, suas cervejas e sua casa quentinha; obrigado pelo cérebro da , que três anos atrás teve a ideia brilhante de comemorar esse feriado e obrigado, finalmente, pelo sexo de reconciliação que a e o Danny farão hoje ( tampou o rosto com as mãos, mexendo os ombros enquanto ria). Que ano que vem estejamos todos aqui de novo, sendo embriagadamente nós mesmos e sempre nos lembrando de como somos ridículos! Amém!”
   Quem ainda conseguia falar, levantou a taça e respondeu o Amém. apoiou a cabeça no ombro de Danny e o sentiu abraçando-a. Olhou em volta e viu seus amigos sendo, como Dougie havia dito, embriagadamente eles mesmos. Teve uma sensação de segurança, de que nada daquilo poderia acabar. Ledo engano...

  “Danny não calou a boca um minuto!” – ia reclamando, andando na frente dele e de , que vinham abraçados e rindo atrás.
   “Deixa de ser cricri, ! Melhor que a , que como co-pilota é uma ótima Bela Adormecida!”
   riu.
   “Po, , é mesmo... Se eu fosse depender de você pra não ficar com sono...” – Ela olhou para trás e a amiga mostrou a língua.
   “Mas eu tomei cerveja...” – Tentou se justificar. – “Sempre fico sonolenta!”
   “Pois pode ir acordando...” – Danny disse com uma voz sacana, abraçando-a mais forte. – “Que a noite é uma criança!”
   “Nossa, dois!” – riu. – “Vou me despedir de vocês já depois dessa! Boa noite!”
   Ela abraçou a amiga e fingiu que ia bater em Danny que desviou e fez cócegas nela. Entrou sozinha no elevador, deixando os dois se pegando no hall de entrada.
   “I wanna lay you down in a bed of roses… For tonight I sleep on a bed of nails…” – Danny cantava quando os dois saíram abraçados do elevador no terceiro andar. ia andando na frente e o garoto a abraçando por trás, dificultando o trajeto até o quarto. – “I wanna be just as close as the holy ghost is... And lay you down on a bed of roses…”
   Ela tentava acertar a chave na fechadura, mas era quase impossível com o álcool na cabeça e os beijos de Danny em seu pescoço.
   “Well, I'm so far away… Each step that I take is on my way home…” – Ele continuava cantando, enquanto ela finalmente abria a porta. se virou de frente para ele, encarando seus olhos azuis. – “Essa música se parece com a gente...”
   “O Bon Jovi tá com uma loira na cama nessa música, Danny!” – Ela ergueu as sobrancelhas.
   “Mas ele não a ama, ama a garota que está em casa!” – Falou, se curvando para beijá-la, mas se afastou.
   “Oi?”
   “...” – Danny disse, com uma entonação que parecia significar “Não agora!”
   “Então você dormiu com outras?”
   “Amor, sério... Nós vamos brigar agora? Na porta do seu quarto?”
   “Não sei... Me responde você! A gente vai precisar brigar, Daniel?” – disse, cruzando os braços. Ele abaixou a cabeça e fez que não.
   “Não, , não dormi com ninguém enquanto estava longe.”
   Era mentira. Uma mentira deslavada. continuou encarando seus olhos culpados e os viu mudando para um olhar pidão. Um olhar que ela dificilmente desobedecia.
   “A gente ainda vai falar sobre isso, entendeu?” – Falou, descruzando os braços e deixando que eles pendessem derrotados ao lado do corpo. Danny entrou no quarto e a puxou pelas mãos.
   “A gente vai falar sobre o que você quiser amanhã...” – Disse, abrindo o zíper do casaco dela, deixando que ele caísse no chão e lhe dando um selinho delicado. – “Não hoje. Não agora. Agora só importamos nós dois. Só importa que estamos juntos aqui.” – Ele continuou, segurando seu rosto e chegando mais perto. – “E eu amo você. Aqui, agora, eu amo você.”
   não pensou duas vezes e se jogou em seu pescoço. Danny a abraçou mais forte enquanto se beijavam e andou com ela em direção à cama. Deixou que ela se deitasse, tirou o casaco e puxou sua camiseta para cima. mordeu os lábios e sorriu quando o rapaz se deitou sobre ela. Quando estavam juntos, nada importava.
   “When will I see you again?
   You left with no goodbye, not a single word was said…
   No final kiss to seal anything,
   I had no idea of the state we were in…”

   acordou sentindo que estava tomando muito espaço em sua cama minúscula. Devia ter mais um corpo ali, não? Ela se virou e o quarto continuava escuro, mas nem sinal de Danny. Não havia outras roupas pelo chão a não ser as suas. Mordeu os lábios. Não. Não de novo! Claro que não! Ele não faria aquilo! Devia estar na cozinha... Era isso. Estava na cozinha. A garota se levantou e colocou suas roupas, ainda meio desnorteada. Demorou a perceber que havia um bilhete em sua escrivaninha. Ao avistá-lo, ficou parada perto da porta pensando se queria mesmo ler, afinal sabia o que estava escrito.
   “Oi, meu amor! Me perdoa! Me perdoa por isso e por tudo! Ainda não consigo me despedir. E por isso eu vou parar de entrar e sair da sua vida assim. Mas eu te amo. Nunca duvide disso. Você vai ser sempre a minha garota! D. Jones”
   Ela largou o papel em cima da escrivaninha e se sentou na cama em choque. Foi se encolhendo, se encolhendo até ser só uma bolinha soluçante. E chorou sem saber se era tristeza ou decepção. Ou por se dar conta de que sabia que aquilo aconteceria.
   “But don't you remember?
   Don't you remember?
   The reason you loved me before,
   Baby, please remember me once more…”

   (Don’t you remember – Adele)

***

  E estava sentada no corredor chorando daquele mesmo jeito. Aquela lembrança e o que veio depois eram o período mais negro de sua vida, ainda provocava calafrios.
   Liam a viu chorando ali e correu até ela.
   “! O que houve? Fala comigo, o que aconteceu?”
   Mas a garota chorava e fazia que não com a cabeça.
   “Não é nada, Liam... São só umas malditas lembranças. Eu fico assim no Dia de Ação de Graças!”
   Ele se sentou ao seu lado, fazendo com que a amiga apoiasse a cabeça em seu ombro.
   “Eu sabia que você não tava normal! É sobre seu ex-namorado, não é? E... Aquele dia, né? E... Tudo...” – Liam perguntou e fungou.
   “Você sabe quando eu fui embora, Liam, é só fazer as contas...”
   “Aaaah, minha querida!”
   Ele deu um beijo no topo da cabeça dela e ficaram em silêncio enquanto chorava baixinho. Estavam assim há algum tempo, quando a porta do elevador se abriu e Niall saiu por ela, carregando seu violão. Seu sorriso que ia de um lado ao outro do rosto se fechou instantaneamente ao observar a cena a sua frente.
   “? Aconteceu alguma coisa?” – Ele parecia genuinamente preocupado.
   A garota se endireitou e limpou os olhos. (Coloquem Teach me how to be loved para tocar)
   “Liam? Posso falar com o Niall rapidinho?” – Pediu, olhando para o amigo e sorrindo. – “E obrigada por tudo!”
   Liam deu outro beijo em seus cabelos e saiu pelas escadas. Niall mordeu os lábios, ainda confuso.
   “One foot onto the ice
   I hold my breath
   And try to believe
   Can I look at you at different eyes?
   Like the girl that I was when I was 17…”

   Niall se sentou de frente para ela e colocou o violão no chão.
   “O que foi, ? O que você tem?”
   “Eu preciso falar com você... Não tá certo o que eu tô fazendo!”
   “Do que você tá falando?” – Ele parecia perplexo e torcia as mãos, nervoso.
   “Isso não vai dar certo, Niall!” – falou, apontando dela para ele. – “Eu não posso te colocar nesse mar turbulento que tem sido minha vida...” – Ele mordeu os lábios e não disse nada. – “Eu não quero magoar você, você não merece estar nessa situação pelos motivos errados!”
   “Eu ainda não sei do que você tá falando, ... Que situação? Que motivos errados?”
   “The falling empires
   The shattered glass
   The wicked echos of my past
   I've seen it all before that's why I'm asking…”

   “Minha vida é uma bagunça!” – colocou a mão nos olhos e respirou pesado. – “Eu gosto de você, Niall, eu gosto mesmo. Mas eu tenho medo de te magoar, de estar gostando de você pelos motivos errados... Eu não posso fazer isso com você... E... Eu sou muito velha pra você... Isso jamais daria certo!”
   “E você olhou em uma bola de cristal pra saber que vai dar tudo errado?” – Niall parecia ter perdido alguma parte da estória. Em um dia, eles se davam bem e parecia interessada nele. No outro, a garota estava chorando compulsivamente e dizendo que gostava dele, mas era velha demais... Além de outras coisas que ele também não fazia ideia do que deviam significar. – “Eu vim aqui tocar a música dos Beatles que você me pediu pra aprender. A última vez que chequei onde nós estávamos, era aqui... Certo?”
   Ela fez que não com a cabeça.
   “Não posso deixar você fazer isso! Não posso!”
   “Qual o problema, ? Eu não entendo! O que foi que eu fiz de errado?”
   “Você não fez nada... Sou eu o problema! Eu que estou errada!”
   “Errada no quê?”
   “Meus sentimentos estão errados! Você é legal demais, você é fofo demais... E eu acho que não estou pronta pra ficar com alguém! Você precisa ir embora...”
   “, eu não...”
   “É sério, Niall, não há nada que você possa fazer aqui...”
   “Will you still be here tomorrow?
   Or will you leave in the dead of the night?
   So your waves don't crash around me
   I'm staying one step ahead of the time
   Will you leave me lost in my shadows or will you pull me into your life?
   Teach me how to be loved?
   Teach me how to be loved?”

   Ele fez que não com a cabeça e se levantou. Estava ficando bravo com essa conversa em código. Não era fácil fazê-lo perder a paciência, mas ele tinha perdido!
   “Eu não sei o que houve ou o que mudou, mas eu não sonhei, . Eu não inventei na minha cabeça o que achei que estava acontecendo entre a gente... Mas você também não parece a garota que eu conheci. Eu vim aqui dizer a ela que aprendi a cantar Something, porque era a música que fazia mais sentido, porque é só no que eu venho pensando... Eu vim pedir a ela que saísse comigo. Mas pelo jeito ela não está aqui... Então quando você encontrar a garota por quem eu estava me apaixonando, por favor, pede pra ela me ligar!”
   Ele pegou o violão e quando não o impediu de sair e apenas continuou o encarando triste, deu dois passos para trás e desapareceu pelo elevador sem saber direito o que tinha acontecido.
   A garota encostou a cabeça na parede e começou a se arrepender do que tinha feito. Mas ela só estava mantendo-o por perto, porque ele a fazia se lembrar de Danny, não era? E não era certo gostar de alguém por isso, não era certo gostar de Niall por isso. Além disso, gostar de alguém que era como o ex-namorado não era pedir para sofrer o mesmo fim? Ela aguentaria mais um?
   “Can I give myself just one more second chance?
   And put my trust in love
   Please don't hurt me
   If I make myself like a feather in your hands
   And put my trust in love
   Please don't hurt me…”

   Não, ela não conseguiria. Precisava cuidar de si antes de se comprometer a cuidar de alguém. Precisava fechar as velhas feridas antes de ter coragem para se oferecer a abrir feridas novas.

Capítulo 10 - I wanna hold you

   “DECK THE HALLS WITH BOUGHS OF HOLLY… FA, LA, LA, LA, LA, LA, LA, LA, LA...” – Louis berrava no corredor e encarava a porta do seu quarto com a testa franzida. Foi até la e viu que ele pendurava algo em cima da batente da porta do elevador.
   “Louis?” – Chamou, ainda em dúvida sobre o que ele estava fazendo.
   O corredor todo piscava alegremente com as luzinhas que ele e Liam tinham pregado, havia uma guirlanda na porta da cozinha e uma botinha vermelha em cada quarto do corredor. Eles, e pareciam os próprios duendes do Papai Noel, andando para cima e para baixo de chapeuzinho e sapatinhos de lã para aquecer os pés. As aulas tinham acabado, mas o corredor estava sempre quieto, pois agora começavam as semanas de prova. Eles passavam mais tempo na biblioteca ou em aulas extras e monitoria. Por isso tinha quase caído da cadeira ao ouvir a cantoria de Louis, ele não devia estar com o nariz enfiado nos livros também?
   “Oi !” – Ele a cumprimentou de cima da escada, risonho. – “Estou adicionando um item imprescindível a nossa decoração!” – O garoto balançou algo nas mãos, mas ela não conseguiu identificar o que era. – “Um visco!”
   “Aaaah!” – exclamou e começou a rir. – “Segundas intenções, Tomlinson?”
   Ele riu de um jeito quase infantil e deu de ombros, sem responder a pergunta. Quem cala, consente... E até tinha uma vaga ideia de quem Louis queria beijar embaixo do visco.

   tinha voltado a estudar, mas logo foi interrompida mais uma vez por risadas e barulhos na cozinha. Ok, era mais fácil estudar no laboratório, mesmo com Zayn a importunando e desconcentrando toda hora. Largou seus livros e artigos e foi para lá. Deviam ser as meninas e ela estava mesmo com vontade de ficar na cozinha batendo papo e fazendo nada um pouco. Mas ao se aproximar, percebeu que conhecia a risada, mas não era de ou de . Abriu a porta e Eleanor estava sentada à mesa. Apoiava o rosto nas mãos e ria de Louis, que estava de costas para ela no fogão. O garoto jogava panquecas para cima e os dois riam.
   “Oi !” – Ela disse, ao vê-la entrar na cozinha. Tinha os olhos brilhando e um sorriso enorme. Parecia uma bonequinha. – “Estou esperando a e assistindo ao Louis jogar panquecas pra cima!”
   O garoto colocou o pano de prato nos ombros e se virou para elas. Também estava sorridente como nunca tinha o visto.
   “Eu sou quase um mestre panquequeiro!” – Falou, se gabando.
   “Só que não, né Lou?” – El desmentiu, rindo. Os olhos dos dois não se desviavam e ambos se olhavam de um jeito que chegava a provocar inveja em . Era a coisa mais fofa que ela já tinha visto. – “Ele é péssimo, ! Derrubou duas no chão e uma bateu no teto e caiu na pia!”
   “Como você é fofoqueira, Calder!”
   “E você é vesgo, Tomlinson!”
   entendeu o recado... Estava sobrando ali.
   “Vim pegar um copo d’água...” – Mentiu e foi até a geladeira. – “... Mas já to saindo. Não se preocupem!”
   Já no corredor, ouviu as risadas de novo e suspirou. Sentia falta daquele tipo de risada, que é meio de empolgação e meio de nervoso... E para falar a verdade, sentia falta de Niall.

  “Você precisa ir...” – dizia, mas ainda segurava a gola da blusa de Harry. Ele tinha a cabeça apoiada no batente da porta e a olhava sorrindo de lado.
   “OU eu posso ficar e dormir aqui com você...”
   “Não seja oferecido, Styles...” – Ela brincou e deu um selinho nele. Harry a puxou para mais perto pela cintura e foi andando para frente, entrando na casa de mais uma vez. Estavam nessa há alguns minutos.
   e Harry não se desgrudavam desde o Halloween, o que fazia mais de um mês, mas ela se negava a admitir que estavam juntos. Só se viam em sua casa ou em lugares onde não poderia encontrar alguém conhecido. O problema é que seu coração parecia estar aquecendo na beira do campo, pronto para entrar em jogo. Ela se pegava sorrindo para o nada no meio do dia, relendo mensagens, mandando mensagens bobas quando via algo engraçado... El já não acreditava mais quando dizia que não era nada. Além disso, estava ficando difícil inventar desculpas para não sair com Harry como um casal normal faria. Tinha medo de ofendê-lo se dissesse que simplesmente não era assim e não queria ser assim: “um casal normal”. O pior era a diferença de idade e ela tinha vontade de entrar embaixo da mesa imaginando o que os outros empresários da cidade pensariam se chegasse com ele a uma das reuniões de negócios que costumava ir.
   Estavam se beijando no meio da sala de novo. E ela podia sentir as borboletas em seu estômago... Era tão bom quanto era errado.
   “Styles...” – Ela disse, cortando o beijo e respirando ofegante. – “Você precisa ir... Tem prova amanhã!” – ELE TEM PROVA, ! Seu cérebro gritava indignado.
   “Já estudei pra prova, larga a mão de ser chata...” – Harry respondeu, dando selinhos nela. – “Me deixa ficar hoje?” – Pediu, olhando para ela com cara de gatinho.
   riu e deu um beijinho de esquimó nele.
   “Não é justo você usar esses olhos pra me convencer...” – Ela disse, colocando a mão na frente dos olhos dele e o fazendo rir. Bom, o sorriso também não era justo... Tampouco as covinhas.
   “Então eu posso ficar?”
   “Não, não pode, Harry...” – disse, tentando apaziguar a briga interna que tinha dentro de si. Se ele ficasse seria oficial. Se ele ficasse, não teria mais volta. – “Eu ainda tenho que trabalhar em alguns modelos, tenho algumas encomendas! Fim de ano é um inferno na loja, não consigo fazer nada!”
   “Se você soubesse como fica sexy falando de trabalho...” – Ele falou com a voz abafada, enquanto beijava o pescoço da garota.
   “Harry...” – respirava profundamente, tentando não cair em tentação. Decidiu por um meio termo então. – “Tá bom, vai... Você fica aqui mais um pouquinho e depois vai embora. Pode ser?”
   “Eu posso ficar quietinho vendo você trabalhar...” – O garoto levantou o rosto e sorria largamente.
   “Pode mesmo?”
   Ele fez que sim com a cabeça e a soltou de seu abraço. segurou seu rosto e lhe deu um selinho demorado. Os dois saíram de mãos dadas para o estúdio.
   “Só não vou garantir que não vou te jogar em cima da sua mesa de trabalho e tal...”
   “Harry!” – disse rindo, desejando internamente que ele estivesse falando sério.

   e Jess estudavam na cozinha do terceiro andar. Era noite e voltar tão tarde da biblioteca provavelmente as congelaria. Jess iria dormir no quarto de naquele dia para começarem os estudos cedo na manhã seguinte. Elas provavelmente ficariam conversando por boa parte da madrugada e perderiam a hora, mas isso também fazia parte.
   entrou na cozinha usando luvas, gorro, cachecol e muitas blusas... Resumindo, parecia um boneco de neve!
   “Hey! Tava onde? Polo Norte?” – perguntou, levantando os olhos.
   “Tava com o Zayn, que não me deixou sair na rua enquanto não vesti metade do guarda roupa dele!”
   ligou a kettle e se sentou com elas na mesa. Já conhecia Jess de outras noites de estudo.
   “, agora só entre nós...” – falou baixinho, se debruçando sobre os livros. – “O que acontece entre você e o Zayn?”
   A garota riu enquanto tirava as luvas.
   “Ninguém acredita que eu resisto ao charme daquele filho da puta, né?”
   “Nada pessoal, mas eu acho bem difícil alguém conseguir...” – deu de ombros e as duas riram.
   “Quem é Zayn?” – Jess perguntou, interessada.
   “Meu melhor amigo, Jess. Que realmente é um gato, mas com quem eu nunca tive nada...”
   “Nada, nadinha?” – insistiu, com um sorriso torto no rosto.
   “Nos beijamos uma vez...” – confessou, fazendo a amiga comemorar. – “Mas estávamos muito bêbados. Eu, de verdade, nem me lembro direito...” – Falou, franzindo a testa e coçando a nuca.
   “Como foi?” – Jess também se debruçou na mesa. Não sabia de quem estavam falando, mas a história parecia boa.
   “Foi no réveillon passado. Estávamos em Bradford, na casa de um dos nossos amigos... Quando era quase meia-noite, eu e ele já estávamos tão bêbados, que nem estávamos mais sentindo frio. Então saímos para a parte descoberta do quintal para ver os fogos e ele me beijou...” – Contou e sentiu um sorriso nascendo em seus lábios. Sentia saudade dessas festas, de ficar tão bêbada assim com ele.
   “E ele beija bem? Tem pegada?” – perguntou, as duas mãos espalmadas sobre o caderno.
   “Eu não lembro!” – repetiu exasperada, fazendo as duas ouvintes apoiarem a cabeça no tampo da mesa em sinal de desespero.
   “Como você não se lembra de um detalhe importante como esse?” – Jess indagou.
   “É isso!” – falou, batendo a mão na mesa. – “Você tem que beijar o Zayn de novo para nos contar como é!”
   “Maluca...” – rolou os olhos.
   “Você tem!” – repetiu enfaticamente.
   “Não vou fazer isso... Zayn é meu melhor amigo...” – se levantou e colocou a água em uma caneca para preparar seu chá. – “Além do mais...”
   “Boa noite, princesas!” – Liam entrou na cozinha, dando um beijo no topo da cabeça de , que fechou os olhos e sorriu. – “Tudo bem?”
   “Tudo ótimo!” – Respondeu Jess, tomando uma cotovelada de pelo tamanho da empolgação.
   “Estudando? Quando começam as provas de vocês?”
   “Segunda que vem...” – respondeu quando Liam se apoiou na pia ao seu lado, roubando sua caneca e bebendo um pouco do chá. – “Hey, Payne, prepare o seu!”
   “Calooooura...” – Falou em tom de ameaça. Mas Liam já tinha perdido a moral com as meninas fazia tempo, era o veterano mais fofo e inofensivo de todo o campus. pegou sua caneca de volta e lhe deu um tapa no ombro. – “Ok. Então não vou dizer que tem um cara bonitão no corredor procurando por você...” – Ergueu as sobrancelhas e cruzou os braços.
   “Zayn?” – perguntou, se endireitando na cadeira.
   “Não, não é Zayn...” – Liam respondeu, meio de mau humor. – “Porque essa animação toda, ?”
   “Só checando...”
   “Ciumes, Liam?” – perguntou, colocando a língua para fora e sorrindo. lançou um olhar assassino à amiga.
   “Vai ver quem é o cara do corredor, !” – O garoto falou, tomando mais uma vez sua caneca e a empurrando.
   sentiu um nervoso e mordeu os lábios, levando as mãos involuntariamente aos cabelos para ajeitar a franja. Só podia ser... Aidan. Saiu da cozinha sobre um coro de “huuuuum” e fechou a porta, com medo de que ele ouvisse.
   “Hey!” – Falou chamando sua atenção, que estava voltada para a meia natalina com seu nome na porta do quarto.
   “Que legal!” – Ele falou, apontando para a meia. – “No meu andar não tem isso...”
   “Acho que deve ser uma coisa do terceiro andar... Aqui é tudo muito... Único.” – estava em uma daquelas crises pessoais em que você fica muito consciente sobre seu corpo e não sabe bem onde colocar as mãos... Enfim, ela queria se esconder de Aidan! Mas achar uma função para seus braços já resolveria.
   “É... Às vezes ouço as pessoas se referindo ao terceiro andar como ‘Neverland’...” – Aidan riu e deu alguns passos em direção à garota. – “E você, tudo bem? Já começaram as provas?”
   “Ainda não... Semana que vem. E as suas?”
   Ele fez que não com a cabeça. Parecia não conseguir desviar seu olhar dela.
   “Eu... Vim devolver seu livro.” – Falou, erguendo a biografia de Tolkien que havia emprestado a ele.
   “Ah, obrigada!” – A garota falou, alcançando o livro. – “Você gostou?” – Como um ato involuntário, ela passou as páginas rapidamente de um dedo para o outro.
   “Procurando algum dano ao seu precioso?” – Aidan perguntou, sorrindo de lado. – “Relaxa, eu sei cuidar bem de muitas coisas... Livros é só uma delas!” – E piscou.
   Se aquilo não era uma cantada, não sabia o que uma cantada era. Ou não? Ele estava mesmo dando em cima dela, não estava? Ou estava só sendo engraçadinho? Conviver com Zayn dava nisso... Nunca sabia se a cantada era automática ou se o cara realmente queria dizer aquilo. Resolveu dar uma risadinha e olhar para baixo, ganhando um pouco de tempo.
   “Se você diz, eu acredito...” – Aidan deu mais alguns passos para frente. – “Você... Você quer mais um livro emprestado?” – Ele parou tão perto dela, que agora precisava olhar para cima para encará-lo. O garoto fez que não com a cabeça ainda sorrindo de lado.
   “Não, não quero.” – Tirou o livro que tinha nas mãos e o colocou no chão. Fez carinho na bochecha dela com as costas da mão. – “Você é o tipo de garota que a gente não pode deixar passar. Você é especial...”
   imaginava muitos finais para a sua noite, nenhum deles envolvia passar seus braços pelo pescoço de Aidan e sentir mil borboletas em seu estomago quando ele uniu seus lábios. O garoto tinha um cabelo enrolado muito macio e um jeito de beijar que deixou com as pernas completamente bambas, não deixava nada a desejar ao que ela tinha imaginado desde o dia que havia o visto pela primeira vez. Quando eles se soltaram, tinha a visão turva. Aidan sorriu e deu mais um selinho nela.
   “Posso te ver de novo antes do recesso de fim de ano?” – Perguntou, ainda fazendo carinho na bochecha dela.
   fez que sim com a cabeça, sorrindo. Claro que podia! Amanhã! Todo dia!
   “Já sabe onde me encontrar...” – Respondeu, dando um sorriso de lado e fazendo-o rir.
   “Vou procurar pela garota mais marrenta da cafeteria!” – Aidan falou, segurando em seu queixo e lhe dando mais um beijo.
   estava um pouco relutante em deixá-lo entrar no elevador, mas depois de mais um beijo e um “Te ligo!”, o garoto voltou para seu quarto. Ela pegou o livro do chão (“Ai Tolkien... muito obrigado!”) e olhou para cima, reparando no visco que havia ali, quase sorrindo de volta para ela. Quem tinha colocado ele ali? Quem quer que tenha sido, precisava matar essa pessoa de amor.

  A semana de provas começou e isso significava stress, noites mal dormidas e alunos prestes a cair no choro. , porém, já tinha passado por isso e só assistia enquanto seus calouros declamavam fórmulas, dormiam em cima de livros e, nos momentos de desespero, iam procurá-la para procrastinar. O que podia fazer para ajudar era bater de porta em porta oferecendo chá e mandando os mais zumbis irem dormir.
   Sua vida desde o Dia de Ação de Graças também não estava às mil maravilhas. Já tinha passado a depressão daquele dia, mas ainda continuava inquieta, algo a incomodava... Algo não estava certo. E era quando encontrava Niall que tinha uma leve ideia de qual era o problema... Sim, porque eles continuavam se esbarrando. Era uma sina dos dois. O garoto sorria e acenava, mas não se aproximava. Era compreensível e a culpa era toda dela.
   agora estava na janela da casa de , encarando o nada. Niall não aparecia mais para tocar na pracinha. Estava frio... E era semana de provas.
   “Podemos ir!” – disse, vindo do quarto e ajeitando a bolsa no ombro. Parou ao ver a cara da amiga. – “Tá tudo bem?”
   “Uhum...” – Respondeu vagamente, tirando os olhos da árvore onde Niall sempre se sentava.
   “Não foi muito convincente, ...” – Brincou, mas observava a amiga um pouco preocupada.
   “Não é nada mesmo. Sério... Tô um pouco cansada só. Bom, você deve estar também...” “Um pouco...” – soltou o ar. – “El também não tem ajudado muito... Anda com a cabeça nas nuvens!”
   sorriu.
   “Tá apaixonada...”
   “Oi? Por que ela não me contou? Quem é?” – parecia em choque.
   “O Tomlinson!” – respondeu rindo.
   “Mas o Tomlinson não é gay?” – A amiga perguntou realmente em dúvida.
   não aguentou e caiu na gargalhada.
   “Louis parece, mas não é, eu acho... Pelo menos ele dá bola pra El! E não vai me soltar uma dessas perto da menina, !”
   Ela riu também.
   “Não sou maluca, né? Mas que me chocou, chocou... E eles estão juntos?”
   “Acho que ainda não... Mas deve ser em breve!”
   “El... Quem diria!”
   “Eles fazem um casal fofo...” – disse.
   “Fofo e delicado!” – A amiga completou e as duas riram mais uma vez.
   “Nós vamos pro inferno! Somos muito do mal!”
   “Nós somos justas... Só falamos a verdade!” – filosofou e indicou a porta com a cabeça. – “Vamos, senão a Dani vai nos matar pela demora!”

  Mas assim como tudo o que é bom acaba, tudo o que é ruim acaba também. Duas semanas de provas e todos estavam livres e de férias. E o que isso significava? Festa! A porta do pub estava abarrotada de gente. O que era bom, porque o calor humano diminuía um pouco o frio do meio de dezembro que fazia.
   olhava em volta procurando por Aidan. Sabia que o garoto não era muito de festa, mas considerando que todo mundo parecia transitar por ali e que a comemoração era no pub e não no Wonderland, havia uma possibilidade! Infelizmente, tinham se beijado as vésperas das piores duas semanas no semestre. Tinham se visto correndo uma ou duas vezes desde então, mas nada que diminuísse a vontade que tinha de estar com ele.
   e estavam mais a frente conversando com Dani. Liam ainda não tinha percebido sua presença ali, mas assim que a viu segurou a mão de e a puxou um pouco para trás. A garota se assustou.
   “?” – Se virou para ela, parecendo estar com medo. – “Tenho uma missão pra você essa noite!”
   “O que houve, Liam?” – Cada dia se preocupava mais com ele. Cada dia se importava mais com ele. Cada dia pensava mais nele.
   “Você não pode sair do meu lado hoje. Nem um segundo! Se eu for no banheiro, você me espera do lado de fora, mas não me deixa sozinho!”
   Era um pedido muito estranho... Não que ela não tivesse gostado, mas era esquisito.
   “O que tá acontecendo?”
   “A gente vai começar a beber e eu vou ficar chato e resmungão e vou querer ir falar com a Dani. Você não pode deixar!”
   Ah, era isso? O balãozinho de felicidade de murchou um pouquinho.
   “Claro. Não vou deixar você fazer nada de errado!”
   Liam sorriu do seu jeito bonitinho e passou seu braço pelo ombro da garota, trazendo-a para perto e andando em direção a fila. Gostava tanto de !
   “Você é demais, sabia? Nós vamos beber mais do que no Halloween hoje, combinado? Até não termos condições de voltar para casa a pé!”
   Os dois voltaram para perto de .
   “Procurando seu bofe?” – perguntou rindo. Talvez estivesse rindo um pouco mais do que o normal porque Liam ainda a abraçava. mostrou a língua.
   “Acho que ele não vem... Não respondeu minha mensagem!”
   “E cadê a Jess?” – Liam perguntou.
   “Já voltou pra casa... Ela não curte muito vir a esse tipo de festa...” – respondeu.
   “! Nós precisamos corromper a Jéssica igual fizemos com a . Nossa meta do ano que vem!”
   riu e concordou, levantando a mão para um high five com Liam.
   “Seus bestas!” – disse, rindo.

  “Quem é a garota com o Liam?” – Dani perguntou, estreitando os olhos para a fila.
   lançou um olhar rápido para que dizia com todas as letras “Vaaaai... Explica agora!”
   “É uma caloura do nosso andar...” – respondeu, simplesmente. Adorava Dani, mas não via porque ela deveria saber de todos os passos da vida do ex-namorado. Afinal, ela é quem tinha terminado.
   “Hum...” – A amiga fez, como se a resposta não fosse exatamente a que esperava.
   “Mas então...” – resolveu mudar de assunto. – “Vocês vão mesmo me abandonar aqui?” – Perguntou fazendo bico.
   “Você sabe que eu preciso ir embora...” – disse, abraçando-a. – “Preciso passar mais que um fim de semana em casa!”
   “É, eu sei... Tô só fazendo drama...”
   “Ela vai estar bem acompanhada, !” – Dani zombou, mostrando a língua para a amiga.
   “Styles vai ficar aqui com você?” – Ela quis saber, falando um pouco alto demais.
   “Fala baixo, !”
   A amiga tampou a boca com as mãos e as três riram e continuaram zuando o tempo todo enquanto estiveram na fila.
   O pub estava cheio, mas ainda era possível encontrar mesinhas altas para apoiar a bebida no fundo do lugar. Liam foi com e para o balcão e , Dani e foram procurar uma mesa. Pararam no meio do caminho ao encontrarem El e algumas garotas do Monte Olimpo.
   estava olhando ao redor quando parou seus olhos na mesa que mais fazia barulho. Os meninos da JJJ tinham suas canecas acima da cabeça e subiam em suas cadeiras gritando algo que deveria ser o hino da república. Niall parecia cantar uma frase e rir por duas. A garota sorriu ao ver que ele continuava tão irlandês quanto quando o conheceu. Olly tentava subir na mesa, mas foi barrado por um segurança que chegou mandando-os descer e acabando com a confusão. Assim que ele saiu, os veteranos mandaram Niall e mais dois meninos voltarem para cima da cadeira e repetirem o ritual.
   “!” – tocou em seu braço, chamando sua atenção. – “Vamos lá pro fundo?”
   “Vamos... Vamos...” – Falou, desviando seu olhar de Niall que agora fazia a dança típica irlandesa em cima da cadeira.

  “Uma dose para cada prova que fizemos!” – sugeriu, fazendo Liam levantar as sobrancelhas para .
   “Eu vou dar PT antes...” – Avisou, fazendo as meninas rirem. – “Eu tomo uma para cada duas de vocês!”
   “Não, não, não, Payne!” – falou, já passando um copinho de tequila para ele. – “Cada um toma uma até a gente não aguentar mais!”
   “Vocês ainda vão me matar!”
   “Vocês tem que beber comigo, porque vou embora sem ver o Aidan!” – desabafou.
   “Pelo menos você tá com alguém... Olha pra mim e pra !” – Liam disse, apontando dele para a garota e fazendo-a ficar com as bochechas quentes.
   “É... Eu tô olhando!” – Respondeu, dando um sorriso de lado. Se virou e pediu três cervejas para o garçom.
   Os três estavam andando a procura de uma mesa, quando avistou Zayn conversando com um grupo de meninos. Avisou os dois que ia até lá e se separou deles. Assim que a viu, o amigo se despediu dos rapazes com quem conversava e se virou para ela, sorrindo.
   “Sobreviveu a essa semana de provas?” – Falou, abrindo os braços para ela. o abraçou.
   “Acho que sim... Mas não vou abrir meus resultados antes do Natal!” – Os dois riram. – “E você?”
   “Tudo certo... Últimas provas da graduação. Semestre que vem é só no laboratório!”
   “Bem melhor, eu acredito...” – A garota se soltou dele e parou em sua frente.
   “Eu prefiro... Assistir aula é um saco!”
   “Você acha tudo um saco, Malik!”
   Ele franziu a testa.
   “Claro que não! Enfim... Vai pra Bradford amanhã?”
   “Vou sim e você?”
   “Vou passar o recesso aqui...”
   A garota, que estava dando um gole em sua cerveja, tossiu.
   “Como é? Você não vai pra casa? Por quê?”
   Ele deu de ombros.
   “Não faço questão... E a Zap vai tocar numa festa aqui no réveillon... Vou ficar ensaiando com os caras...”
   “Sua mãe vai te matar!” – disse cruzando os braços, sem acreditar no que ouvia.
   “Minha mãe vem me ver dia 24, passar o dia comigo. Pra mim está ótimo... Eu nem curto Natal mesmo...”
   “Você é um Grinch idiota!” – Ela falou, emburrada. Sentia tanta falta de sair com ele na cidade natal dos dois! Ele riu.
   “Vem passar o réveillon comigo! Eu te coloco de graça na festa que vamos tocar!” – Zayn sugeriu sorrindo, mas não desfez a cara amarrada.
   “Vou pensar no seu caso, Malik... Você tem sido um péssimo melhor amigo!”
   “Não fala assim... Tenho feito o melhor que eu posso! Vou até te pagar uma tequila!” – Ele falou, tirando dinheiro do bolso e a abraçando de lado.
   “Peraí, não posso tomar tequila sem o Liam e a !”
   “Quem?”
   “Meus amigos do meu andar. Alías, te acha um gato... Mas se você der em cima dela, eu te capo!”
   “Olha a imagem que você faz de mim!”
   “Aaaah é! Porque eu te conheço bem pouco, né?”
   O garoto riu e a encaminhou para o bar.

   andava entre as mesas para chegar até o banheiro. Bom, na verdade estava indo ao banheiro para passar entre as mesas e ver se encontrava um vestígio de Harry. Sorriu ao vê-lo sentado numa mesinha com Louis. Onde estava El para elas chegarem ali juntas?
   “Hey!” – Acenou ainda de longe, quando seus olhares se encontraram. Harry sorriu e manteve o sorriso no rosto até que ela chegasse até ali. Se levantou da mesa e Louis olhou para trás e sorriu de lado, como se entendesse.
   Ele a segurou pela cintura e fez menção de beijá-la, mas havia muita gente ali. segurou em seu rosto e deu um beijo demorado na bochecha dele.
   “Tudo bom?” – Perguntou, passando os dedos em sua bochecha e tirando a marca do batom. Harry ainda a segurava pela cintura. – “De férias?”
   “Sim... Finalmente... Ia te ligar hoje mais cedo, mas sabia que te encontraria aqui!” – Ele disse, sorrindo mais e deixando ainda mais visíveis suas covinhas. O menino parecia uma pintura!
   “Vai mesmo ficar aqui? Sua mãe não se importa?”
   “Passo o Natal lá e volto... Minha mãe sabe que é um motivo justo...” – Harry disse e piscou. O QUE? A MÃE DELE SABIA? nem sabia o que responder e, por ficar em silêncio por um tempo, ele a soltou. – “Quer uma cerveja? Fica aí que eu vou buscar!”
   Harry deu um beijo no canto dos lábios dela e saiu em direção ao bar. Louis riu e virou seus olhos para ele.
   “Então é você que está dormindo com o Harry.” – Não era uma pergunta. Oi?
   “Oi?” – Ela perguntou.
   “Dá pra sentir a tensão sexual... De longe!” - Lou sorria de lado, como se soubesse um segredo. De fato...
   “Não estamos dormindo juntos...” – disse. Achou que não era conveniente adicionar o “ainda”.
   “Ainda...” – Sem problemas, Louis completou por ela. Bebeu mais um pouco da sua cerveja e se levantou. – “Espero que você esteja usando uma lingerie legal hoje.” – MAS DE ONDE TINHA SURGIDO ESSE MENINO? Depois, como se não tivesse dito nenhum absurdo, perguntou a ela: – “Você é a patroa da El, certo? Viu ela por aí?”
   Foi a vez de sorrir de lado.
   “A Eleanor? Porque? Tá interessado nela?” – Louis mexeu na franja e riu, sem responder. – “Tá lá no fundo do bar, Tomlinson... Vai lá! E cuida bem da minha menina... Senão te mato!”
   O garoto terminou a cerveja e colocou a caneca na mesa.
   “Devolvo a ameaça pra você, ! É bom você cuidar do Styles...”
   Harry, aliás, voltava para a companhia dos dois com duas canecas de cerveja.
   “Bom... Fiquem vocês aí, que eu tenho uns assuntos pra resolver!” – Louis falou. E piscando para , saiu.

  Dani não estava feliz em ver Liam dançando com e e parecendo não ligar muito para sua presença. Foi embora cedo alegando estar com dor de cabeça, deixando sozinha na mesa. A garota ia se levantar para se juntar aos amigos quando Zayn se sentou ao lado dela, sem nem perguntar se podia.
   “Feliz Natal!” – Desejou, batendo sua caneca na caneca de .
   “Feliz Natal, Malik...” – A garota respondeu, tomando um gole da cerveja. – “E aí? Orgulho do laboratório nas provas ou vamos te colocar pra fora?”
   “Não se preocupe. Eu mando meu ‘boletim’ pra você e pra Peazer por email...” – As meninas não perdiam uma oportunidade de encherem o saco dele. Inventaram que ninguém podia continuar no laboratório a não ser que tivesse apenas notas acima de 8,0. – “E você? Tá tudo bem? Tem andando com uma cara péssima...”
   “Nossa, Zayn... Muito obrigada por levantar minha auto-estima!” – Ela disse, rindo.
   “Se você soubesse o que eu tô pensando, estaria com a auto-estima lá em cima.” – Zayn soltou, sorrindo de lado do jeito mais sedutor que um cara de 22 anos conseguia. , porém, colocou as mãos sobre o rosto e começou a rir. Quando deixou que seus braços caíssem sobre a mesa, ele ria como um garoto sapeca.
   “Você não existe, Malik! Eu já nem sei mais quando você tá falando sério ou brincando...”
   “Se você cair, eu tô sempre falando serio. Senão, eu tava brincando.”
   Ela ainda ria.
   “Justo... Muito esperto da sua parte. Mas respondendo a sua pergunta, eu tô bem sim... Só cansada...”
   “Sei... E vai pra casa nas férias? Minha banda vai tocar no réveillon aqui...”
   “Preciso ir, você sabe...” – disse, olhando para baixo.
   “É, eu sei...”
   Os dois ficaram um tempo em silêncio e voltou a olhar o pub. Niall estava com Liam e as meninas. Queria tanto ir lá! Suspirou e voltar a olhar Zayn, que agora se levantava. Ele apontou a caneca.
   “Quer mais? Vai ficar aí sozinha com cara de protagonista de comédia romântica?”
   “Daqui a pouco eu vou...” – riu e o viu piscar e sair. O que aconteceria se ela estivesse interessada em Zayn? Seria mais fácil? Hum… Não!

  “Vou amarrar vocês!” – Niall sugeria para Liam e , que haviam contado a ele e que tinham que ficar juntos até o fim da noite. O garoto se abaixou e puxou o cadarço de seu tênis e o passou pelo pulso esquerdo de Liam e o direito de . Os quatro gargalhavam. Liam já tinha visto Dani indo embora, mas estava se divertindo tanto, que não via porque dizer a que não precisavam mais ser inseparáveis. Na verdade, ele queria mesmo continuar como estava.
   “E como a gente vai ao banheiro agora, Horan?” – perguntou, ainda rindo. Estava ficando bem bêbada. – “Eu vou ter que parar de beber, seu irlandês lazarento?”
   “Você vai no banheiro masculino...” – Liam respondeu simplesmente. – “É mais fácil te aceitarem lá do que eu no banheiro feminino!”
   “Isso é verdade!” – ponderou, bebendo mais cerveja. – “E cuidado agora pra segurar a caneca na mão certa!” – Falou, apontando para as mãos amarradas dos dois.
   “Claro! A gente quebra o braço, mas a bebida fica!” – Liam falou, fazendo-os rir.
   vinha vindo em direção a eles. Niall ficou olhando para ela fixamente um tempo, antes de olhar para baixo.
   “Oi Niall...” – Cumprimentou e ele sorriu em sua direção de lábios fechados. Ela não queria que as coisas ficassem assim entre eles. Às vezes se sentia tão idiota!
   “Oi , tudo bom?” – Ele falou, vindo até a garota e dando-lhe um beijo no rosto.
   Os outros três ficaram se olhando meio sem saber o que fazer... A não ser Liam, tinham uma vaga ideia do que havia acontecido.
   “Tudo certo e você? Como tá?” – perguntou, mordendo os lábios.
   “Eu? Tô bêbado!” – Niall respondeu simplesmente.
   “Estamos todos!” – Liam falou, tentando levar a caneca à boca, mas como a segurava com a mão amarrada, toda hora puxava o braço para seu lado e ria.
   “O que é isso?” – franziu a testa e começou a rir, apontando para os dois.
   O gelo deu uma quebrada e e Niall ficaram lado a lado na roda dos cinco, conversando e pedindo a Liam e que executassem provas com as mãos daquele jeito.
   Todo mundo parecia meio alterado quando o pub começou a esvaziar. Zayn conversava com uma loira no fundo do pub e ela parecia completamente derretida pelos olhos cor de chocolate dele. , Niall e passavam por baixo do braço amarrado de Liam e como se fosse “A dança da cordinha” e Niall estava usando um tênis e o outro se encontrava em cima de um banco porque, sem cadarço, ele saia de seu pé.
   tinha acabado de passar por uma altura bem baixa (que quase não conseguia fazer, porque quando agachava, quase caía) quando seu celular tocou.
   “Onde você tá? Meu trem sai em duas horas... Posso ficar com você até lá?”
   Lógico que era Aidan! Lógico que ela iria encontrá-lo! Se despediu dos amigos e acenou a distância para Zayn, fazendo sinal de que ia ligar para ele. O garoto fez que sim com a cabeça e sorriu.
   “Você, , vai pegar o seu bofe gato!” – falou mole e deu um tapa na bunda da amiga. Ela riu e olhou para , meio desconfiada.
   “Cuida dela... Tá fora de controle!”
   “Eu? O encarregado por ela é o Liam!” – falou, bebendo mais e rindo. – “Você precisa de carona?”
   “Não... Pego um taxi... Alguém tem que ficar aqui cuidando dessa turma!”
   As duas se abraçaram e saiu do pub.
   “Menos uma concorrente.” – Niall comemorou. – “Vai , abaixa direito!”
   “Não quero mais...” – Ela disse, tentando cruzar o braço. Claro que não dava. – “Agora vocês pulam nosso braço!”
   e Niall riram dela e Liam tentou abraçá-la. Claro que não dava.
   reapareceu, depois de sumir quase a festa toda. Harry veio atrás, algum tempo depois, fingindo estar interessadíssimo em seu celular. Parou ao lado da amiga que xingava Niall.
   “Olha sua meia, irlandês!” – Apontava para a meia no chão dele e os dois riam de se acabar.
   “Depois eu jogo fora! Vou ter que comprar outro cadarço também...”
   cutucou .
   “To indo embora...” – Ela falou.
   “Tá... Te ligo amanhã antes do meu trem.” – avisou.
   “Tá certo!” – sorriu e se despediu dos outros também.
   As duas meninas se despediram, prometendo que se ligariam no outro dia. Assim que saiu, Harry se levantou do balcão e foi atrás, dando um sorriso todo feliz para .
   “Perai... É isso mesmo?” – Liam perguntou, franzindo a testa ao ver o calouro. A garota riu e deu de ombros.

  Louis e Eleanor andavam juntinhos pelas calçadas da cidade em direção ao Monte Olimpo. “... E ela tem me ensinado a desenhar também. Tem sido muito bom!” – El contava a ele sobre seu estágio.
   “Deve ser ótimo como experiência! Eu faço estágio na Universidade mesmo, com um dos melhores professores do departamento. Mas meu hobby é mexer nas coisas do dormitório... Pena que normalmente eu deixo alguma coisa estragada!” – Louis encolheu os ombros fazendo a garota rir.
   “Lottie me contou das confusões... E de como você foi parar no terceiro andar...”
   “Aquilo foi proposital!” – Ele brincou. – “O pessoal é muito mais legal lá...”
   Os dois chegaram à porta da república e pararam. Louis colocou as mãos nos bolsos e sorriu.
   “Sã e salva!” – O garoto falou e ela abaixou a cabeça sorrindo. – “Tive ordens expressas da pra cuidar bem de você...”
   El mordeu os lábios e levantou o rosto.
   “E por que ela disse isso?”
   “Porque descobriu que eu... Quero cuidar de você.”
   Os dois sorriram um para o outro e Louis tirou as mãos dos bolsos, dando um toquinho nas orelhas de rena que Eleanor usava. Alguma coisa caiu em seu nariz e ambos olharam para cima. Começava a nevar. A garota estendeu a mão e um floquinho pousou ali. Ela olhou admirada para Louis, sorrindo como uma menininha. Louis não podia esperar nem mais um minuto! Deu mais um passo para frente.
   “Posso cuidar de você?” – Ele perguntou, mexendo no cabelo de El. Ela abaixou a mão e fez que sim com a cabeça, olhando hipnotizada para os olhos azuis do garoto a sua frente. Louis acabou com toda a distância entre eles e a beijou. Havia se perguntado quanto tempo demoraria para se apaixonar de novo depois de ter terminado seu namoro, mas talvez certas coisas não tivessem um tempo determinado. Como ele planejaria que um anjo apareceria em sua vida? Uma garota tão linda e doce? Hannah não era assim... Hannah era sua versão feminina... Era um tornado!
   Louis precisava da paz de Eleanor, de sua voz baixinha e delicada, do toque macio das mãos dela e de como o fazia feliz abraçá-la.
   No fim, nem precisou usar o visco.

  “Cade o Niall?” – perguntou para . – “A gente acha ele e vai embora.”
   “Liam? Vê lá com o Murs se o Horan tá com eles...” – pediu. Os dois já não estavam mais amarrados e Niall tinha sumido pelo pub ao ouvir o hino da JJJ mais uma vez.
   O garoto fez que sim e sumiu até o fundo do bar. Voltou fazendo que não com a cabeça.
   “Olly acha que ele já foi...”
   “Como? Ele já foi? Mas o tênis dele tá aqui ainda...” – levantou o sapato do garoto. começou a rir.
   “Lesado!”
   “Vamos fazer assim... Eu deixo vocês em casa e vou atrás dele!”
   Os dois concordaram e os três saiam do pub, que há essa hora já estava quase vazio.

   e Liam estavam tendo dificuldade em ver o visor dos andares. Os dois, na verdade, tinham tido dificuldade para chegar ao prédio, andar pelo hall e entrar no elevador sem se esbarrarem, rirem alto ou darem alguns passos em falso.
   “Aperta qualquer um!” – Liam falou, batendo a mão no visor e se encostando para não cair.
   Quando a porta abriu, ele se desequilibrou e caiu sentado no corredor. foi tentar segurá-lo e o puxou pela calça, que acabou parando em seu joelho.
   “Caralho!” – Ele se deitou no corredor gargalhando, com a calça no meio das pernas. estava sentada dentro do elevador, com a mão na barriga e chorando de rir.
   “Shhhhh, Liam!” – Ela falou, colocando as pernas no vão das portas, para elas não fecharem. – “Volta aqui!”
   “Acho que vou dormir aqui!” – O garoto ainda ria.
   “Que dormir aí, ou quê?” – se levantou com dificuldade e saiu do elevador. – “Me dá a mão, eu te levanto.”
   “Você tá mais bêbada que eu, ... Vai nos derrubar! Deita aí... A leva a gente pro quarto!”
   “A gente não tá no nosso andar, sem noção!”
   “Não?” – Liam abriu um dos olhos e olhou em volta. Voltou a gargalhar.
   “Shhhhhh...” – A garota fez de novo e estendeu o braço. – “Vem, eu te levanto!”
   Liam fez um esforço para ficar de pé também, subiu as calças e parou apoiado de costas na porta do elevador, o que levou ao óbvio. Assim que a porta abriu, ele cambaleou e bateu com as costas na parede do fundo. correu em sua direção e entrou no elevador antes que ele se fechasse. Apertou o 3 e se virou para o amigo, ele estava apoiado na barra da parede e a olhava de um jeito estranho.
   “O que foi?” – Perguntou, rindo.
   Liam continuava encarando-a daquele jeito intenso. Levantou um dos braços e sem dizer uma palavra, a puxou para perto e a beijou. sabia que queria isso desde sempre... O abraçou e correspondeu ao beijo na mesma intensidade. As mãos dele deslizavam pelas costas da garota e causavam arrepios por onde passavam. Diminuíram a velocidade do beijo e o pararam, ficando um tempo com os rostos muito perto, os narizes se tocando delicadamente. Liam deu mais um selinho nela e soltou uma risadinha alcoolizada. não sabia o que dizer, tinha sido pega de surpresa.
   “Liam, eu...”
   “Você é demais, sabia?” – Ele repetiu o que havia dito na entrada do pub e ela sorriu.
   “Vem, preciso te colocar pra dormir...” – O coração dela ainda batia tão acelerado, que tinha medo de infartar a qualquer hora. O puxou pela mão para fora do elevador e o garoto entrelaçou seus dedos. Antes de entrar em seu quarto, Liam a puxou de novo e a beijou, segurando-a com uma mão em sua nuca e outra em sua cintura. Sussurrou um “boa noite” e voltou meio flutuando para o seu quarto.
   Ficou deitada por um tempão encarando o teto sem conseguir dormir. Não conseguia parar de pensar nos beijos. O que aconteceria dali para frente? E então sentiu medo ao se lembrar da história de e Zayn. Será que ele esqueceria? Que acordaria no dia seguinte com ressaca de mais e memória de menos? A única coisa que tinha certeza era que ela não esqueceria.

   ia devagar pelas ruas, procurando por um sinal de Niall. O encontrou chegando em casa, um pé só com a meia. Devia estar congelando, estava começando a nevar. Parou o carro em frente à república e abaixou o vidro.
   “Hey, Cinderela... Acho que você deixou alguma coisa no pub!” – Falou, fazendo com que ele tomasse um susto e risse ao ver o tênis na mão de . A garota podia simplesmente entregar o sapato e partir, mas precisava estar com ele, precisava de contato. Saiu do carro e foi até Niall. Os dois caminharam até a entrada da JJJ e se sentaram no primeiro degrau, que era coberto.

   “And what I cherished in my mind
   Perhaps it never was
   I loved you just because
   You’re the only one to stop me wasting all my love…”

  “Preciso da sua ajuda!” – Niall falou, entregando a ela o cadarço em seu bolso. – “Não vou conseguir colocar no tênis nessas condições...”
   Os dois riram e pegou o tênis e começou a, pacientemente, laçar o cadarço.
   “Você tá melhor?” – O garoto perguntou, parecendo estar mesmo preocupado.
   “Estou sim... Eu... Tenho uns problemas um pouco complicados, de vez em quando eles desabam na minha cabeça... Eu espero não ter te magoado...”
   Niall deu de ombros e sorriu.
   “Tá tudo bem... E desculpa se eu exagerei também... Eu não sou assim, acredite...”
   “Eu sei que não... Às vezes eu acho que te conheço há muito mais tempo...” – terminou com o tênis e entregou para ele, que o calçou.
   “Também sinto isso com você... É estranho...”
   Se Niall também se sentia assim, talvez tudo isso não fosse por causa de Danny. Talvez os dois realmente se conectassem desse jeito por que sim e pronto.

  "Still sitting on a platform
   Just in case you change your mind
   We can share my wine
   I kept a little back
   But it's getting kinda hard to leave…”

   “Coloca o cachecol. Tá frio!” – disse, apontando para o bolinho que o garoto trazia nas mãos. Ele deu uma risadinha e o colocou de qualquer jeito. Ela se virou e ajeitou o cachecol cuidadosamente. Niall não tirava os olhos dela. Respirou fundo, fazendo olhá-lo.
   “Você não precisa se preocupar comigo...” – Ele disse.
   “Mas eu me preocupo. E é involuntário... É só porque eu quero estar sempre perto.”
   “Você tá sempre por perto... mas nunca parece ser perto o bastante...” – Nial disse, respirando fundo de novo. Por quê? Por que era tão difícil para ele abraçá-la e beijá-la? Por que ela parecia tão impossível? Estava ali agora, há poucos centímetros de distância.
   “Eu queria que fosse perto o suficiente, mas tenho medo de...” – falava, mas ia perdendo a linha do raciocínio à medida que encarava os olhos do garoto.
   “AE HOOOOORAN! VOLTOU PRA CASA SEM O TÊNIS, ANIMAL?” – Murs e mais dois veteranos chegavam à JJJ. quase pulou de susto e se levantou. Niall parecia derrotado.
   “ trouxe ele pra mim...” – O calouro disse, colocando as mãos nos bolsos e levantando o pé.
   “Ae ! Valeu...” – Olly a abraçou, tirando-a do chão. – “Vamos entrar, Horan, que eu não vou vir aqui descolar calouro congelado do chão, não!”
   e Niall se olharam e ela acenou. Niall foi praticamente carregado para dentro sem nem conseguir se despedir direito.
   A má notícia era que a partir do dia seguinte, teriam três semanas sem se ver.

  “Didn't I put you up
   When it was cold for you
   Didn't I wait around
   Because you told me to

  Wash me out your hair
   Like I was never there

  Should I, should I...leave…”
   [James Morrison – Sitting in a plataform]

Capítulo 11 - The heart never lies

  (Coloquem para carregar: Under Control – Parachute)

  Último dia do ano. acordou e deu de cara com um criado mudo que não era o seu, mas ultimamente estava acostumada a vê-lo. Harry tinha um braço passado por sua cintura e o nariz perto da curva de seu ombro. Ressonava e parecia dormir profundamente. Ela se levantou com cuidado para não acordá-lo, pegou as roupas espalhadas pelo quarto e as vestiu. Teria que tomar banho e comer alguma coisa em casa, já estava atrasada para abrir a loja!
   Harry se mexeu na cama e afundou o rosto no travesseiro, se virando para ela depois.
   “Hey... Bom dia!” – Disse, sorrindo e coçando os olhos. – “Onde você pensa que vai?” – Ele perguntou com a voz rouca e mais lenta que o normal.
   “Trabalhar... Alguém tem que fazer isso, né?”
   “Não... Trabalhar não! Ninguém trabalha hoje!” – Harry reclamou, fazendo rir.
   “Trabalha sim! O feriado é só amanhã...”
   “A gente vai poder passar o dia na cama amanhã?” – Ele perguntou, abrindo os olhos de novo e parecendo animado.
   se sentou na cadeira da escrivaninha para vestir os sapatos e olhou em volta. O típico quarto bagunçado de um adolescente. E o adolescente em questão ficava ainda mais irresistível de manhã, com sono e o cabelo amassado. O engraçado era que, exatamente nessas horas, ela não se importava muito com a idade. O rosto de menino e a expressão de homem se misturavam perfeitamente nele e lhe caiam bem.
   “Vamos... Lá em casa, né?” – Ela perguntou se levantando e pegando a bolsa.
   “Isso. Sua cama é maior!” – Harry respondeu sorrindo largamente e levantando o braço, como se pedisse para que ela fosse até lá. se sentou na cama e foi puxada pelo garoto.
   “Harry!” – Gritou, rindo e tentando se soltar.
   “Pronto, agora você não vai mais!”
   “Larga de ser louco, moleque, eu preciso ir! Tô atrasada!”
   Harry estava sorrindo de olhos fechados e tinha uma expressão de menino que aprontou.
   “É cedo, , suas clientes socialites nem tão acordadas ainda!”
   Ela riu ainda mais.
   “Minhas clientes socialites tão dando a festa que a gente vai hoje, mal agradecido...”
   “Você sabe perfeitamente que eu passaria o ano novo em casa... No quarto, pra ser mais exato.”
   se virou e fitou os olhos verdes de Harry e os dois ficaram um tempo em silêncio se encarando. Ela aproximou seus lábios e lhe deu um beijo e depois deixou que seus narizes ficassem se tocando.
   “Você sabe que eu não queria ir tanto quanto você não queria que eu fosse, mas eu sou uma ad...” – Ela parou a frase sem completá-la. Harry levantou as sobrancelhas.
   “Uma o quê?” – Perguntou, desafiando-a
   aproveitou que ele havia afrouxado o abraço e se levantou rápido.
   “Uma administradora!” – Respondeu e fez cara de esperta por ter saído dessa tão bem. – “A dona da loja sou eu e eu ainda tô sem minha ajudante...”
   Harry fechou a cara e fez bico.
   “Então vai logo... Eu vou continuar aqui na minha cama quentinha...”
   mostrou a língua para ele e chegou perto para dar um selinho no garoto, escapando antes que Harry a agarrasse de novo.
   “Até a noite, Styles...”
   “Só se eu resolver ser legal com você, !” – Ela o ouviu dizer quando ia fechar a porta e riu.

   abriu o bilhete pela centésima vez e leu.
   , precisei ir pra pegar o trem antes de conseguir falar com você. Não era pra ter acontecido daquele jeito ontem. Queria conversar com você! Feliz Natal e até ano que vem. L.P.”
   “Não era pra ter acontecido daquele jeito.”
   “Não era pra ter acontecido daquele jeito.”

   Quanto mais abria o bilhete que Liam pregara em sua porta, mais tentava sugar do que estava escrito ali. Como se numa dessas vezes fosse abri-lo e encontrar algo novo lá. Mas não. Eram sempre essas palavras. “Não era pra ter acontecido daquele jeito ontem”. Como odiava essa frase! Como odiava pensar que ele havia se arrependido de beijá-la!
   Depois vieram as mensagens.
   “Oi! Já chegou em casa? Posso te ligar?”
   Que ela não respondeu.
   ? Você tá brava comigo, né? A gente precisa conversar...”
   “BRAVA? Claro que não, Liam Payne! Eu passei a noite acordada sorrindo que nem idiota para o teto porque a gente tinha se beijado, pra ler que você se arrependeu na manhã seguinte.” – Ela rosnava. E não o respondia.
   “Ok, já entendi! A gente se fala pessoalmente. Feliz Natal!”
   “VAI À MEEEEERDA!” – Ela gritou para o celular, assustando seus pais.
   Seus pais, aliás, vinham sendo um problema a parte. Tinham dado livros a ela de Natal. Livros de arquitetura... Livros sobre arquitetos famosos... Livros que só usaria nos últimos anos de faculdade. E cada vez que ela os folheava, sentia um desânimo quase instantâneo.
   Foi enquanto estudava para as provas que aquele sentimento começou. Sabia que ainda era muito cedo para ter certeza e por isso não tinha conversado com ninguém sobre isso, mas a cada noite mal dormida estudando, se dava conta de que não era aquilo que queria para sua vida. Arquitetura era interessante, mas não a deixava apaixonada. Nos últimos dois meses, ao pensar na faculdade, o que a fazia sorrir eram as pessoas e os amigos que fizera lá. E as festas. E Liam. Aaaargh!
   Então ela fechava o livro, embolava o bilhete do garoto, se arrependia, alisava-o de novo e o colocava embaixo do livro para desamassar. Depois corria para o celular, para encher o saco de alguém que a entendesse. Tinha certeza que Jess, ou a matariam quando se encontrassem de novo.
   E apesar de estar “de mal” com o curso, ela contava os segundos para voltar. Liam, por sua vez, continuava checando o celular com uma frequência beirando o TOC. Ela tinha ficado mesmo chateada, não é? Ele entendia completamente... Tinha dado tudo errado. ELE tinha feito tudo errado, se precipitado! Brit se mexeu impaciente na coleira querendo andar e o garoto acordou de seus devaneios. Bom, teria que esperar. Era melhor mesmo que conversassem pessoalmente... Já estavam superlotados de erros de comunicação!

  “Alô?”
   franziu a testa. Aquela não era a voz de , era um garoto. Será que Harry tinha atendido?
   “?” – Perguntou, incerta.
   “Alô! ?” – A voz masculina repetiu. Não era Harry, ela reconhecia o sotaque. Era Niall. Niall?
   “Niall?”
   “Oi? ?” – Ele parecia não estar entendendo nada. olhou para o visor do telefone e realmente estava escrito o nome do garoto. Onde estava com a cabeça?
   Não respondam!
   “Oi Niall...” – Ela falou, fazendo cara de “Ops” e coçando a nuca. – “Ai, me desculpa... Te acordei? Eu, na verdade, ia ligar para a !”
   Ele deu uma risadinha.
   “Não tem problema! Eu tô na cama sim, mas já tava acordado assistindo futebol... Tá tão frio!”
   “Como foi o Natal?” – se sentou com perna de índio no sofá, apoiando os braços nas pernas e o rosto nas mãos. O fato de estar roendo as unhas significava alguma coisa sobre o que estava sentindo ao conversar com ele?
   “Muito bom!” – Niall respondeu, empolgado. – “Tava a família toda lá! Foi hilário! Ri demais!”
   “Eu imagino!” – Ela disse, dando um sorriso enorme ao imaginar uma família de Nialls. – “Mas peraí, ‘lá’? Você não tá em casa?” – Perguntou, franzindo a testa.
   “Voltei hoje de madrugada... Era o voo mais barato...” – Niall não parecia feliz, o que significava que ele devia estar mesmo aborrecido. Era MUITO difícil ouvi-lo com aquele tom de desânimo.
   “Você está na JJJ? Não acredito! Tem alguém aí? Você vai passar o réveillon sozinho?” – Não. Não era justo, coitadinho! Era Niall! E ele era irlandês... Devia ser até pecado negarem uma festa como a passagem de ano para alguém como ele!
   Niall riu, parecendo satisfeito com a preocupação que ela sempre demonstrava.
   “Tem uns caras aqui... Gregory faz estágio na prefeitura e descolou uns convites pra gente pra uma festa chique aí...”
   “O Baile de Gala da Primeira Dama? Niall, você pelo menos tem um terno?” – começou a rir só de imaginar.
   “Eu preciso de um terno?” – Ele ria também e sua dúvida fez a garota gargalhar.
   “Precisa, Horan! Ou você achou que ia numa ‘festa chique aí’ de calça jeans e boné pra trás?”
   “Tava pensando em usar o boné pra frente mesmo...” – Brincou e os dois riram por mais um tempo. – “Você não vem pra cá, né?” – Niall perguntou e quase podia ver suas bochechas ficarem vermelhas e seus olhos brilharem em ansiedade. Ela mordeu os lábios.
   “Tô em casa, Niall... Não tem jeito...”
   “Ah...” – Ele voltou ao tom desanimado.
   Ficaram um tempo em silêncio.
   “Bom...” – disse. – “Vou deixar você assistir seu jogo e ir alugar um terno.”
   Niall riu.
   “Feliz Ano Novo, ! Tô com saudade!”
   A garota sentiu cada célula do seu corpo gritar que também sentia falta dele. Foi um sentimento bizarro! De repente, ela parecia sentir a saudade que também estava dele amplificada e multiplicada por 100.
   “Também tô! Eu... Te ligo quando voltar... E boa festa!”
   “Obrigada, !”
   Os dois desligaram e continuaram na mesma posição que estavam, ainda se perguntando se o que estavam sentindo naquele momento era realmente o que parecia ser. Amor é um treco engraçado!
   se encostou no sofá e encarou o celular. Se lembrou, então, que tudo começou porque ela iria ligar para . Dessa vez, se certificou de que estava ligando certo.
   “Alô?”
   “Oi !” – cumprimentou animada. – “Como você tá?”
   “Tudo certo e você? E aí na sua casa?”
   virou a cabeça, observando a porta atrás do sofá.
   “Tudo bem também... Como se eu nunca tivesse saído daqui!”
   “Viu? Eu te falei que seria assim...”
   “E o Styles?”
   sorriu.
   “Do mesmo jeito de sempre... Lindo!”
   riu da amiga.
   “Você tá TÃO apaixonada!” – Zombou.
   “Tô nada, cala a boca!” – disse, rindo também.
   “Você não sabe o que eu fiz hoje!” – se sentou direito no sofá. – “Fui ligar pra você e liguei pro Niall!” – Ela riu, mas a amiga continuou quieta. – “Ele tá aí, tadinho... Precisou voltar da Irlanda antes...”
   ainda esperou um pouco antes de começar a dizer o que ia dizer, porque tinha medo de estar equivocada. Mas era tão óbvio!
   “... Pelo amor de Deus! Acorda!” – Ela soltou.
   “Oi?” – A amiga respondeu, sem entender o que tinha feito e porque estava tomando uma bronca de .
   “Você tá me zuando com o Styles, mas tá completamente apaixonada por esse menino! Eu fiquei quieta todo esse tempo, porque sei como esse assunto te assusta e como você é traumatizada. Mas você está!” – Ao perceber que não ia interrompê-la, continuou falando. – “Eu vi o jeito como você olhou pra ele lá no corredor, o jeito como você fala dele, como ficava olhando pra pracinha quando Niall não estava lá... , você precisa parar de fugir da sua própria vida e se trancar no passado!”
   “Foi você que me disse pra não me jogar do abismo...” – Foi a única coisa que retrucou.
   “Não, eu disse pra você tomar cuidado! Pra não se apaixonar só porque ele te lembrava o Danny. Mas eu acho que esse não é o caso mais... Niall não é o Danny, ! E dessa vez eu tô te dizendo isso como uma coisa boa!”
   Era verdade. nem tinha reparado, mas já tinha passado da fase de compará-lo ao ex-namorado. Agora quando pensava em Niall, via sim as qualidades similares a Danny: a música, a risada e o jeito despojado. Mas Niall era mais inocente, se é que ela podia definir assim. Não havia a conquistado com olhares e sorrisos de lado, conversinhas ou joguinhos de sedução. se encantou pelo menino que ele era, como era autêntico. O jeito que falava animadamente sobre tudo, como parecia se dar bem com o campus inteiro e conversava de igual para igual com todo mundo... Niall não chegou com o pé na porta, fazendo-a perder a cabeça. Ele foi chegando devagarzinho e, quase sem fazer barulho, tomou conta de todos os pensamentos dela. A garota soltou o ar, se dando por vencida. É... Ela não podia mais fugir do que estava sentindo.
   “?” – a chamou.
   “De qualquer forma, não tem nada que eu possa fazer agora... Ele tá aí e eu tô em casa...”
   “Vem pra cáááá! Você não disse que ele tá sozinho? Vem ficar com ele!”
   “Ele vai naquela festa que você vai... Não vai ficar em casa.”
   “Melhor ainda! Eu arranjo um convite pra você ir! É isso! Você vai vir pra cá e vai encontrar Niall na festa!” – parecia ter sido ligada no 220V. Sempre ficava animada com essas coisas pensadas de última hora. Mas não parecia compartilhar esse sentimento...
   “... Eu não vou. Não vou sair daqui! Prometi pra mim e pra minha mãe que esse seria um feriado nosso.”
   “Sua mãe vai ser a primeira a te mandar vir, se eu bem conheço...”
   “Mas eu não vou pedir... Não posso ficar sempre me aproveitando da boa vontade dela, !”
   bufou impaciente.
   “Você sabe que ela não ia ligar. Você viria hoje e voltaria amanhã... Mas não vou mais insistir. Já disse que você tem que parar de se castigar pelas coisas que aconteceram. Já passou! Já foi!” – Ela disse, meio brava. Não aguentava ver a amiga assim. – “Pensa bem, fala com a sua mãe. Eu vou deixar seu convite com o porteiro do SPR.”
   “...”
   “Chegou cliente, ... Tenho que sair. Até a noite!”
   continuou encarando o celular. O que deveria fazer?
   Ouviu um barulho e a porta atrás dela se abriu e sua mãe apareceu sorrindo.
   “Dormiu?” – perguntou e ela fez que sim e se sentou ao seu lado no sofá.
   “Você tá bem? Tava discutindo com quem no telefone?”
   “...” – respondeu e engoliu em seco. Sua mãe tinha ouvido? – “Mas você sabe como a gente é... Até nossas brigas são meio ridículas!”
   Ela riu.
   “E qual o motivo da briga?” – Perguntou e se deitou nas pernas da mãe.
   “Mãe... Acho que to me apaixonando de novo.” – Disse, incerta.
   “Já não era sem tempo!” – Mrs. brincou e mexeu no cabelo da filha. – “E qual o problema?”
   “O problema é que ele é mais novo, o problema é que eu tô morrendo de medo...”
   “Filha, você é nova ainda! Faz dois anos que não se interessa por ninguém... Que se esconde!”
   “Eu sei... E eu tô disposta a mudar isso dessa vez. Mas quer que eu vá pra lá hoje. Eu não quero, não posso te deixar aqui cuidando de tudo de novo!”
   “Você não quer? Ou está criando obstáculos?”
   “Eu quero, mas...”
   “Então você vai. Eu não ligo pro réveillon, , você sabe... Não é como se fossemos festejar por aqui!”
   As duas ficaram quietas por um tempo. A garota se levantou das pernas da mãe e respirou fundo, coçando os olhos.
   “Vou ver a Jo...”
   E saiu, porque precisava ficar um tempo sozinha.

  Zayn sorriu de lado, presunçoso, ao observar descendo do trem. Ela bufou e estreitou os olhos porque odiava quando perdia uma discussão para ele.
   “Eu sabia que você viria!” – Ele falou quando ainda vinha em sua direção. Colocou a mão nos bolsos do sobretudo e tirou seu maço de cigarro.
   “Não tinha ninguém da nossa turma lá... Teria que passar o reveillon em casa. Aí achei que uma festa de graça e open bar, ainda que envolvesse ficar olhando pra sua cara, fosse a melhor opção.”
   “Qual é, ?” – Zayn disse, acendendo o cigarro. – “Você fez maior cena no pub porque eu não ia pra casa! Você ama ficar olhando pra minha cara!”
   A garota deu um empurrão nele rindo.
   “Nossa, Malik, como você é insuportááááável!”
   Ele deu de ombros, como se a opinião dela fosse insignificante.
   “Vai ficar no SPR ou em casa?” – Perguntou, colocando as mãos nas costas dela, para direcioná-la até o carro.
   “O SPR tá vazio... Não vou ficar lá sozinha não!” – Então se virou para Zayn e ele sorria de lado de novo. – “E para de rir, seu ridículo! Eu só vou ficar na sua casa pra não ficar sozinha!”
   “Daqui a pouco você vai dizer que vai dormir na minha cama também!” – Ele tirou a chave do carro do bolso e apertou o alarme.
   “Bom, no sofá é que eu não vou dormir...” – respondeu e entrou no carro.
   “Você pode dormir na sua cama... no SPR...” – Ela nem respondeu. – “Te comprei um presente de Natal!” – Zayn apontou para o porta-luvas.
   A garota tirou um pacotinho quadrado de lá e o abriu. Era o Ten, seu CD favorito do Pearl Jam, que ela havia emprestado para um ex-namorado e ele não tinha devolvido. Zayn devia ser o único que sabia quão chateada ela tinha ficado. Se virou para olhá-lo, sorrindo de orelha a orelha.
   “Você não fez isso!” – Disse, incrédula. – “Zayn, eu não te comprei nada...” – Ela disse, com vergonha, mas Zayn sorria... E dessa vez era um sorriso “normal”, e era lindo!
   “Você veio pra cá ver minha banda... Já é um presente pra mim!” – Ele respondeu, parecendo ser totalmente sincero sobre o quanto estava feliz de estar ali. Ela sorriu e se deitou no ombro dele.
   “De vez em quando... Muito de vez em quando... Eu amo você, malinha.” – Falou e ele riu e aproveitou o semáforo para dar um beijo em sua testa.
   “Também te amo. Mas só nos anos bissextos...” – Os dois riram. – “Mas e esse cara que você tá pegando aí... Só papo ou faz o serviço direito?”
   “Caramba, Zayn! Como você é indiscreto!” – Pronto. Fim do momento ternura (eles sempre duravam pouco mesmo).
   “Como se você não me perguntasse essas coisas...” – Ele disse, levantando as sobrancelhas.
   Os dois foram discutindo até a casa de Zayn. Se amavam, se matavam... Era exatamente assim que funcionava!

  Eleanor pegou o celular e sorriu, era uma mensagem de Feliz Ano Novo de Lottie. Sentiu um friozinho na barriga... Talvez fosse hora de contar para a garota que estava ficando com Louis. Bom... Teoricamente, eles só ficaram uma vez, mas os dois vinham conversando todos os dias e parecia óbvio para onde o relacionamento deles caminharia.
   “Feliz Ano Novo também, calourinha preferida! Um ano brilhante pra você! Que saudades! Como estão as coisas em Doncaster?” – Digitou rápido e sorrindo, pensando em como entrar no assunto.
   Ficou encarando o celular ansiosa enquanto aguardava a resposta.
   “Um ano brilhante pra você também, El! Por aqui tudo certo... Estou matando as saudades do Lou, já que incrivelmente a gente quase não se vê no período letivo. E o melhor você não sabe! Hannah vai passar o réveillon com a gente!”
   Hannah? Quem era Hannah?
   “Ah, que bom! E, sim, vocês dois precisam dar um jeito de se ver mais enquanto estiverem em Saint Mary! E não só quando você quebra o braço! Hahaha... Hannah? Quem é?”
   Já tinha ouvido Lottie falar dela, mas não conseguia se lembrar quem era... A prima favorita? Amiga de infância? Só se lembrava que era alguém que a garota gostava muito!
   “Hannah! Já te falei dela... A ex-namorada do Lou! Eles terminaram no meio do ano e eu ainda não consigo entender por que. Eles são perfeitos juntos! E agora ela vem passar o Ano Novo conosco! Eles vão voltar! Eles TEM que voltar!”
   De todas as respostas possíveis, essa era a que Eleanor menos esperava. Continuou encarando a tela do celular sem saber o que dizer. Lou tinha uma ex-namorada em Doncaster, ia passar o réveillon com ela e, pelo visto, Lottie a adorava. Seu balãozinho de felicidade furou e saiu voando pelo quarto, indo se esconder em algum lugar que ela não podia achar.
   “Poxa, que legal, Lottie! E você acha que eles voltam? Algum indício?”
   Mordeu os lábios antes de apertar o Send. Leu e releu a mensagem mil vezes, pensando se transparecia algum interesse a mais, mas achou que estava apenas parecendo interessada na estória.
   “Mais ou menos. Primeiro, eles se dão muito bem e não se veem desde que terminaram, o que pode ser bom. Segundo, ouço Louis conversando e rindo todo fim de tarde com alguém e parece ser uma garota. Acho que é Hannah!”
   Eleanor respirou aliviada. Era com ela que Lou conversava e ria todo dia nesse horário, um indício a menos de que Lottie estava certa. Mas ainda tinha o fato de que eles iam passar o réveillon juntos... E tinha todo aquele ritual do beijo a meia noite. Ela não podia perguntar nada a Louis... Não tinha o que cobrar e, teoricamente, nem tinha como saber de tudo isso. Teria que continuar jogando verde em Lottie pra saber o que tinha acontecido. Sentiu um nó no estômago de ansiedade. Tinha tanta certeza de que tudo estava bem...
   “Espero que aconteça o melhor por aí! Tenho que ir me arrumar, florzinha, vou a uma festa aqui também. Divirta-se hoje e que Martin esteja aí para beijá-la a meia noite! Conseguiu falar com ele? Até mais! Beijos El C.”
   Teria que esperar e isso a incomodava muito, mas não havia outra opção. Se levantou e foi ao guarda roupa pensar o que iria vestir, ainda tentando descobrir se em algum momento de suas conversas com Louis, ele havia dado a entender que encontraria uma ex e que isso poderia mudar o que estava acontecendo entre eles. Seu celular tocou na cama e ela achou que era a resposta de Lottie. Abriu um sorriso enorme ao ler a mensagem.
   “Acho que não vou estar com o celular à meia noite, então desde já te desejo um Feliz Ano Novo. E que eu esteja nele, tentando te fazer tão feliz quanto você merece. Queria estar com você quando o relógio batesse doze vezes, mas guardo um beijo para quando nos encontrarmos. Louis T.”
   Hum... Acho que Lottie estava equivocada.

   desceu afobada do carro, pegando a bolsa e correndo para dentro do SPR. Porque tinha que ser assim? Porque tanto drama? Tinha decidido muito em cima da hora que viria e agora estava atrasada! Checou o relógio de novo e percebeu que nem teria tempo para ficar vestindo e tirando mil vestidos e achando que todos não eram perfeitos o bastante. Teria que ir com qualquer um e isso a deprimia e a fazia pensar pela milésima vez se estava fazendo o certo.
   Mandou uma mensagem para , mas tinha certeza que ela não veria. não costumava ficar olhando para o celular quando estava em uma festa.
   O porteiro sorriu ao vê-la e se levantou.
   “Feliz Ano Novo, minha querida!”
   “Feliz Ano Novo, Mr. Anderson! deixou um envelope pra mim com o senhor?”
   Ele sorriu e abriu o armário.
   “Um envelope e um embrulho gigante!”
   franziu a testa. Um embrulho? O porteiro entregou a ela um envelopinho branco e uma caixa listrada de preto e branco com o símbolo da loja de . O queixo da garota caiu, sua amiga devia ser uma espécie de fada madrinha, ou algo assim. Agradeceu o senhorzinho e subiu correndo para seu quarto. A ansiedade quase incontrolável de ver o vestido que lhe dera. E do que estava por vir naquela noite.

   conversava com alguém a quem tinha sido apresentada e ela não fazia ideia de quem era. Continuava olhando para a porta do grande salão esperando por Harry e mal ouvia a conversa. Sorriu ao ver Niall chegando, usando um terno preto e gravata verde e sendo o espírito feliz que sempre parecia ser. Queria tanto que viesse! O garoto a viu também, abriu um sorrisão e acenou. Depois olhou ao redor dela como se procurasse pela amiga.
   “Então eu acho que tudo certo, né?” – O moço perguntou e voltou a olhar para ele.
   “Perdão?”

   estava sentada no cantinho do palco, com os pés balançando para fora, observando Zayn afinar o violão. Eles estavam dando um intervalo para voltarem ao palco logo mais e continuar seu show.
   Era difícil não reparar em como ele estava bonito até para ela, que parecia ser imune ao seu charme. Usava uma camiseta preta, jaqueta de couro e uma calça jeans justa, a barba por fazer e o cabelo milimetricamente despenteado. Os garotos da banda também estavam por ali, bebendo, conversando e olhando o movimento, mas Zayn era sempre muito quieto... Parecia totalmente concentrado na função de afinar seu violão e nada ali o perturbava.
   “Hey, Malik!” – Ela pulou do palco e foi até ele, tirando-o de sua bolha. Zayn levantou a cabeça. – “Já decidiu quem vai beijar à meia noite esse ano?”
   “Vou estar tocando quando der meia noite... Por isso a banda fez o intervalo agora.” – Ele explicou, se levantando e colocando o violão no suporte.
   arregalou os olhos.
   “Como assim? Por que fizeram isso?”
   Ele deu de ombros e colocou as mãos nos bolsos.
   “Não faço nem ideia, mas é isso... Bom, não tem ninguém aqui que eu queira beijar de qualquer forma...” – Zayn respondeu, daquele seu jeito arrogante. – “E você? Cadê o tal cara que você tanto fala? Quando eu vou conhecê-lo?”
   fungou.
   “Aidan está em casa... Só volta ano que vem, como todo mundo que é normal...” – O amigo rolou os olhos. – “É por isso eu também não vou beijar ninguém à meia noite. Ficaremos sem sorte nesse ano, Malik...”
   “Já fomos melhores...” – Zayn disse e checou o relógio.
   “So come on, spin me around
   I don't wanna go home
   Cause when you hold me like this
   You know my heart skips, skips a beat…”

  Então, assim de repente, se virou para a garota e a empurrou até encostá-la no palco. olhou assustada para Zayn e seu coração acelerou de uma forma estranha. Ele não disse nada... Era bem esse o jeito dele. Tirou uma mecha de cabelo do rosto dela e foi em sua direção para beijá-la. ia empurrá-lo, mas se lembrou que precisava contar para como era. Não, isso era uma mentira deslavada, Zayn era irresistível! Como resistir aos olhos dele? Ou o sorriso? O formato do queixo, as mãos, o cheiro... E, merda, como resistir ao beijo dele? Ela passou os dedos pelo cabelo molinho do garoto e precisou repetir a si mesma algumas vezes que não estava gostando TANTO assim. Porém, era meio difícil... Como poderia ter esquecido como era beijá-lo? Era simplesmente o melhor beijo de todos! E, bom, não era só o beijo... Era o jeito como ele abraçava e parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo e agora. Zayn não deixava nada a desejar ao que sua fama de sedutor prometia.

  “I know I should, but I can't leave it alone
   And when you hold me like this
   That's when my heart skips, skips a beat…”

   (Heart skips a beat – Olly Murs)

  Quando eles se separaram, precisou respirar fundo antes de começar a xingá-lo.
   “Você tem merda na cabeça, Malik?” – Ela gritou, quando Zayn se afastou indo buscar o violão.
   “Nós íamos ficar sem a nossa boa sorte...” – O garoto disse, simplesmente e teve vontade de matá-lo. – “Em algum fuso horário do mundo era Ano Novo...”
   “Você é ridículo!” – Ela continuava, muito mais alterada do que deveria. – “Eu... Eu tô ficando com o Aidan!”
   “Eu sei, , relaxa...” – Ele disse, parando na frente dela. – “Não tô te pedindo em namoro, nem nada... Foi só um beijo... Achei que era uma coisa nossa: nos beijarmos no réveillon...” – Ele completou e piscou, indo em direção à escadinha que levava ao palco.
   queria matá-lo! Pensou em ir embora, mas se lembrou que estava de carona com “aquele filho da puta”. E estava dormindo na casa dele também. Merda! Mas por que estava se incomodando tanto? Já tinham se beijado no ano passado e continuaram do mesmo jeito de sempre... Era por causa de Aidan. TINHA QUE SER por causa de Aidan.
   Zayn estava na beira do palco, girando a tampa de sua garrafinha de cerveja... O olhar perdido. Engoliu em seco ao pensar que, se não parasse com essas atitudes impulsivas, arranjaria problemas com sua melhor amiga. E com seu coração.

  Harry a observava passar entre as mesas e conversar com todo mundo. Ficava ainda mais bonita e sexy toda séria e exercendo a parte empresária de sua personalidade. A única desvantagem era que a empresária nem olhava para ele. Tinha o visto chegar e sorriu discretamente em sua direção... E tinha sido isso.
   Ele tinha dado sorte de ter encontrado uns garotos da JJJ e foi se sentar com eles. Os meninos eram muito legais e divertidos, o irlandês, inclusive, parecia ter prego na cadeira e não parava um segundo... Isso porque, segundo ele, estava triste porque não ia ver a tal garota por quem estava apaixonado. Imagina se estivesse feliz! Apesar disso, agora Harry não conseguia parar de segui-la com os olhos, quase mendigando sua atenção. E continuava andando e bebendo champagne (era mais divertida quando bebia tequila) e conversando com caras que poderiam chutar a bunda dele, se quisessem. Foi aí que o garoto percebeu porque eles estavam sempre se vendo em cantos e horários estranhos, nas férias ou na casa de um dos dois. Ela era , 26/27 anos (se recusava a dizer), dona da própria loja. Ele era Harry Styles, 18 anos, calouro em Direito. tinha vergonha dele!
   “Tá tudo bem, cara?” – O irlandês perguntou, colocando a mão em seu ombro.
   “Tá, tá sim!” – Ele respondeu, tirando os olhos dela e se virando para entrar na conversa de novo. Tentando não pensar na raiva e decepção que estava sentindo naquele momento.
   Ainda bem que havia encontrado os meninos e estava conseguindo se distrair. Depois de umas e outras cervejas, se levantou anunciando que ia ao banheiro e saiu. Faltava pouco pra meia noite agora e os meninos também se levantaram para irem ao terraço Estava andando entre as pessoas, quando sentiu alguém puxá-lo para o corredor que dava para a cozinha. Era ela e, ao vê-la de perto, Harry quase se esqueceu de como estava bravo. usava um vestido branco lindo e o cabelo preso em um rabo de cavalo alto. Sorria para ele feliz e parecia uma menininha sapeca fazendo algo errado.
   “Oi, meu amor!” – Ela disse, dando um selinho rápido nele. – “Precisamos nos beijar agora antes que dê meia noite e eu esteja lá fora com a primeira dama e...”
   Harry deu um passo para trás, se livrando das mãos dela.
   “Você... Você é inacreditável!” – Ele disse.
   Se não fosse seu tom de voz, teria achado que era um elogio, mas sua expressão de raiva não deixava dúvidas quanto ao sentido do que ele havia dito.
   “Harry? O que houve?”
   “O que houve?! Houve que você me trouxe aqui pra fazer papel de babaca! Eu não era seu acompanhante, como achei que fosse! Era por isso que você insistiu para virmos separados, não é? Você não tinha que estar aqui antes porra nenhuma!”
   abriu a boca para dizer algo, mas não parecia saber o que dizer.
   “Harry, eu... É complicado, eu...”
   “Não é complicado... É muito simples!” – Ele a interrompeu. – “Você me quer, mas tem que ser do seu jeito, quando lhe convém e ninguém mais pode saber! Não é porque eu sou mais novo, que eu vou ser seu brinquedinho! Pra mim não serve... Pra mim simplesmente não serve!”
   “Não é nada disso, Harry! Eu gosto mesmo de estar com você, mas é difícil pra mim! Como eu vou te apresentar como meu namorado pra essas pessoas?” – Ela apontou para o lado de onde vinha a luz do salão. – “Eles me julgariam pro resto da vida! São essas pessoas que compram na minha loja... Se elas não me respeitarem, não vão mais lá!”
   “E qual é o meu problema, ? Eu não vou babar nessas pessoas! Eu não sou criança! Posso ser mais novo que você, mas eu não sou criança!”
   nunca tinha o visto bravo. Harry normalmente era a pessoa mais calma que ela já havia conhecido... Às vezes era até difícil para ela, já que além de esquentadinha, era ligada no 220V. Mas a fúria em seus olhos chegava a intimidá-la. O garoto só não estava gritando para não chamar a atenção de ninguém. O que, na verdade, era muito legal da parte dele... Realmente, Harry não era criança.
   “Me desculpa, meu amor!” – Ela tentou se aproximar, mas Harry deu mais um passo para trás.
   “Você vai parar com isso? De me esconder?”
   “Eu preciso de um tempo, Harry, para...”
   Ele fez que não com a cabeça.
   “Então eu não tenho mais o que conversar com você... Essa nossa brincadeirinha, ou o que quer que tenha sido pra você, acaba aqui.”
   “Não, Harry!” – tentou puxá-lo, quando o garoto fez menção de voltar à festa. – “Por favor, fica! O que eu te falei é verdade... Eu gosto mesmo de estar com você. Se você soubesse... Soubesse o quanto eu demorei a me abrir... Deixar alguém fazer parte da minha vida de novo...”
   “Mas você não deixou, . Eu não faço parte da sua vida se você tem vergonha do que nós somos...”
   “Isso não é verdade...”
   “Essa é a verdade que eu conheço. Se não for assim, simplesmente não é...”
   E dizendo isso, Harry saiu do corredor com passos firmes, de cabeça baixa e sem olhar para trás. continuou encostada na parede, segurando o choro e tentando se manter inteira para conseguir voltar à festa. Precisava fingir que não estava sentindo nada... Como estava fingindo desde que havia chegado ali.

  (Coloquem Under Control para tocar)

  “I turn my head
   I can't shake the look you gave
   And I'm good as dead
   Cause oh those eyes are all it takes
   And all I want is you

  So I pull away
   All I do is sit and wait
   And I might as well write the words right on my face
   That all I want is you, oh is you”

   tentava manter a pose, quando seu coração parecia prestes a sair pela boca. Parou na entrada do salão, examinando cada metro quadrado a procura de Niall. E se ele tivesse resolvido não vir? E se tivesse passado mal de bêbado e não estivesse mais lá? E se estivesse com outra pessoa? E se... E se desse tudo errado de novo?
   Ela olhou para o palco e Zayn tocava uma música que ela não conhecia, mas que dizia muito sobre o que ela estava sentindo naquele momento.

  “Because I've kept my heart under control
   Oh but lately all this time has taken its toll
   Said I tried to, but I can't hold back what's deep in my soul
   So darling please forgive me
   I want you and you'll just have to know…”

   abriu a bolsa e tirou o celular para olhar as horas. Estava perto demais da meia noite. Ela TINHA que achá-lo logo! Saiu andando em direção ao palco, à procura de alguém que pudesse ajudá-la. Zayn, de lá de cima, franziu a testa ao vê-la e se virou, vendo passar entre os convidados.
   “?” – A chamou, segurando-a pelo braço.
   “! Me ajuda!”
   “O que você tá fazendo aqui?”
   “Eu vim... Eu tô procurando...”
   “Eu vi a por aí!” – a interrompeu, apontando vagamente pelo salão. – “Mas faz um tempinho que não a vejo.”
   “Não, não... na verdade eu vim ver...”
   “Zayn vai ficar feliz de te ver por aqui... Estava reclamando que não tinha em quem dar seu beijo de Ano Novo!” – a interrompeu de novo, rindo. E, na verdade, sentiu um certo ciúmes de pensar na possibilidade do amigo beijá-la, mas fingiu que aquilo não estava acontecendo. – “Ah... E sabe quem mais tá aqui?”
   mordeu os lábios e segurou nos dois ombros da garota para fazê-la parar de falar. “! Eu preciso achar o Niall!” – Era urgente. Era para agora!

  “And all my fears creep and crawl across my skin and
   These four walls are after me and moving in
   And all that I want to do
   Is give up, give in, let this one stay where it is
   But I don't suppose I will…”

   sorriu, porque era exatamente dele que ia falar. Porém, estava prestando atenção no show... Não sabia onde ele estava.
   “Ele tá aqui, mas eu não sei onde, ... Me desculpa!”
   “Não, tudo bem...” – a soltou, começando a ficar sem esperanças... Onde aquele irlandês filho da mãe tinha se metido? Quando ela mais precisava, não esbarrava nele! – “Vou continuar procurando...”
   “Se eu o vir, aviso que você está procurando!”
   “Obrigada, ! Feliz ano novo!”
   “Feliz ano novo, ! E boa sorte!”
   Ela sorriu para a amiga e saiu andando, procurando... A porta para o terraço estava aberta, era o único lugar em que não tinha ido ainda. Quando chegou à porta, uma rajada de vento passou por ela, fazendo-a se lembrar que era dezembro... E ela havia tirado seu sobretudo na entrada. Seria bem melhor se Niall não estivesse ali, mas é claro que o destino não ia ser bonzinho assim!
   O garoto estava de costas, de terno e com as mãos nos bolsos. Ria daquele seu jeito exagerado para os meninos da república, que faziam palhaçadas perto da sacada. O coração de acelerou de novo e ela respirou fundo.

  “Because I've kept my heart under control
   Oh but lately all this time has taken its toll
   Said I tried to, but I can't hold back what's deep in my soul
   So darling please forgive me
   I want you and you'll just have to know…”

  Quando ia dar mais alguns passos em direção a ele, uma garota veio rindo e Niall passou o braço ao redor dos seus ombros. MAS HEIN? Sabia que não deveria ter vindo... O que estava fazendo ali? Tinha dito para ele que não queria nada... Tinha dito que não daria certo! Era bipolar demais para tudo aquilo. Devia ir embora e deixá-lo em paz... Era o que disse que ia fazer, não era? Além de tudo, estava um frio do caramba! Devia ir embora se enfiar embaixo de mil cobertores! Deu um passo para trás sem se virar e escutou um grito. Tinha pisado no pé de uma senhorinha com seu salto agulha. “Olha onde você tá indo, menina!” – A velha gritou e o senhor que a acompanhava olhou para , recriminando-a.
   “Me desculpa! Me desculpa!” – A garota dizia, tentando confortá-la. Os dois saíram xingando até sua décima geração e mordeu os lábios, quase rindo de sua desgraça.
   Se virou para olhar Niall uma última vez, mas dessa vez o garoto a encarava e parecia perplexo. A menina ao seu lado, por sua vez, parecia bem brava. Quando Niall se deu conta de que realmente estava vendo quem achava que estava vendo abriu um sorriso enorme, um sorriso lindo! estava tão linda, parecia um anjo! Estava usando um vestido prateado de manga comprida. Os cabelos caiam cacheados em seus ombros. Foi até ela.
   “Você... Você veio! Você tá aqui!” – Ele estava radiante. não pode deixar de sorrir também. Estava errada! TINHA que estar ali, TINHA que estar com ele! – “Você veio com a ? Eu a vi lá dentro, mas não te vi!”
   “Eu cheguei agora... Vim correndo.” – Ela respirou fundo de novo para tentar controlar sua respiração, seu coração, seu cérebro...
   Nenhum dos dois sabia o que falar. Era isso! Era esse o momento! Eles continuavam se encarando, sem saber muito bem o que dizer ou como agir. Uma gritaria ao redor deles, era a contagem regressiva. Niall sorriu e pegou em uma de suas mãos, entrelaçando seus dedos e a levando para perto da sacada. Assistiram o começo dos fogos lado a lado, ainda de mãos dadas.

  “One of these days I'm gonna find myself a way
   I'll find the courage and I'll find the grace
   And I'm gonna know just what to say
   And you'll walk on up, when you want this love
   When you've had enough and you've given up…”

  Os olhos de Niall se iluminavam com a claridade dos fogos e havia um sorriso satisfeito em seus lábios. parecia nem sentir frio ao admirar como ele parecia ainda mais bonito. Mas precisava falar, era ela quem tinha que dar aquele passo. Tinha sido ela a afastá-lo, era hora de trazê-lo de volta.
   Soltou sua mão da dele, fazendo com que o garoto abaixasse o rosto para encará-la. se prostrou em frente a Niall e respirou fundo, talvez pela vigésima vez naquela noite.
   “Sabe qual foi meu desejo pra esse Ano Novo?” – Perguntou. Sua voz estava fraquinha e ela tremia (mas podia ser de frio)...
   Niall sorriu e fez carinho em sua bochecha com o polegar.
   “Você ainda tem um último pedido... Dizem que um pedido de Ano Novo feito a um duende irlandês se realiza ainda mais rápido!” – Falou, daquele jeito brincalhão que já estava acostumada a associar a ele. E gostar ainda mais dele quando agia assim.
   “Eu desejei não ter mais medo. Desejei não deixar de viver... Não afastar as pessoas. Eu quero ser mais corajosa, Niall! E... Eu desejei que você ficasse comigo!”
   E, nesse momento, ela viu que tinha feito tudo certo. Ainda não sabia se essa certeza vinha do sorriso de Niall ou se seus braços que agora a envolviam ou de como ela precisou deixar de olhá-lo quando fechou os olhos para sentir os lábios do garoto nos seus. Mas estava certa, porque no momento em que se beijaram, não havia mais Danny ou os problemas do passado e do presente. Eram os dois e a conexão que tinham ia além das brincadeiras e das conversas (e do amor pelo álcool)... Ela o beijava sorrindo, porque há muito tempo não se sentia tão viva ou desejada ou querida. Niall era a luz (verde) que vinha do fim do túnel... Era o que ela tinha esperado por muito tempo!
   Quando se separaram, os fogos já haviam acabado e as pessoas voltavam para dentro do salão, fugindo daquele tempo horrível. Os dois, porém, estavam bem ali. Niall sorriu mais uma vez e suas bochechas começavam a ficar ainda mais rosadas de frio. Foi a vez de passar o polegar por elas, sorrindo também.
   “Só uma coisa...” – disse e ele parecia prestar total atenção. – “Último pedido, uma ova! O dos Beatles não era um pedido! Eu tenho mais um!”
   O garoto, que até então estava sério, soltou uma de suas gargalhadas, fazendo-a rir também. Niall voltou a examinar cada detalhezinho do rosto dela.
   “Quantos você quiser... Mais um pedido, mais dois... Eu vou realizar todos!” – sorriu e se aproximou para beijá-lo novamente. – “Mas se você pedir um copo, você perde tudo que pediu antes!”
   A garota riu e ele a abraçou de novo, trazendo-a para perto e a beijando mais uma vez. Não havia um jeito melhor para o ano começar!

  “I've kept my heart under control
   Oh but lately all this time has taken its toll
   Said I tried to, but I can't hold back what's deep in my soul
   So darling please forgive me
   I want you and you'll just have to know.”

Capítulo 12 - I’ve got you

   rodava de carro pela cidade sem saber muito bem o que fazer. Ainda atordoada, ainda aflita. Harry tinha saído da festa assim que a deixou e não atendia suas ligações. Ela também não queria voltar para casa e se deitar na cama onde os dois haviam combinado que passariam o primeiro dia do ano juntos. Podia ir até o SPR atrás dele, podia... Então se lembrou que não estava sozinha na cidade! estava lá, tinha mandado uma mensagem! Será que ainda estava na festa? Será que estava com Niall? Bom, se Deus quisesse ela estava com Niall e eles tinham se acertado finalmente! Mas poderia esperar na cozinha, comendo os cookies da depressão.
   Virou o carro e foi em direção ao dormitório. Lutou contra sua vontade de apertar o “4” no elevador... Seria pior se descobrisse que Harry não estava lá... Seria pior se eles brigassem mais. Falaria com ele no dia seguinte, agora precisava da melhor amiga!
   A porta do elevador abriu e ela sorriu com a imagem que via no fundo do corredor. Niall estava de costas para ela, beijando que desaparecia atrás do garoto. Ela não queria interromper e pensou em dar um passo para trás, mas eles já tinham se separado e a amiga agora franzia a testa.
   “? O que você tá fazendo aqui?” – E, ao perceber seus olhos vermelhos, exclamou. – “O que houve?!”
   sorriu para Niall, que exibia um sorrisão que dava a volta no rosto. Ele era a definição de Felicidade naquele momento.
   “Ah, vocês dois!” – Ela disse e limpou as lágrimas que caiam em seu rosto. – “, a gente conversa amanhã, tudo bem?”
   se soltou do abraço de Niall e foi até ela.
   “O que foi? O que aconteceu?”
   “Nada... Nada...” – Ela tentou sorrir para não preocupar a amiga. – “Aproveita sua noite, vocês dois merecem! Me liga amanhã quando acordar!”
   “... Eu já tava indo embora...” – Niall veio andando em direção a elas. – “Não vai embora, não!”
   “Eu não quero atrapalhar...” – Respondeu, fungando.
   “Você não tá atrapalhando. Niall estava mesmo indo embora...” – olhou para ele e os dois sorriram de um jeito bonitinho. Então ela abriu sua bolsa e tirou uma chave de dentro, entregando-a a . – “Toma, vai entrando no meu quarto, colocando um pijama e preparando chocolate quente pra gente. Eu vou levar esse moço lá embaixo e já venho!”
   A garota fez que sim com a cabeça e olhou agradecida para os dois, que foram de mãos dadas até o elevador, enquanto ela ia para o quarto de .
   “O que você acha que houve?” – Niall perguntou, enquanto eles desciam no elevador. deu de ombros.
   “Não sei... Até onde eu sabia tava tudo bem! Ela... Ela estava com alguém?”
   Niall estreitou os olhos, tentando se lembrar.
   “Na verdade, eu a vi andando muito e conversando com umas quinhentas pessoas...” – O elevador se abriu e os dois saíram e caminharam até a porta. Niall se virou de novo para ela e chegou mais perto. – “Você vai mesmo embora amanhã?”
   A garota deu um sorriso triste e fez que sim com a cabeça.
   “Preciso ir... Só vim porque você é um irlandês muito persuasivo!”
   Niall riu e deu um selinho nela.
   “Ainda bem que você veio! Quando volta?”
   “Semana que vem... Você vai ficar aqui até as aulas começarem?”
   “Vou... Mas não se preocupa! A JJJ continua cheia e barulhenta como sempre!” – Ele disse. – “Posso te ligar enquanto você estiver em casa?”
   “Claro que pode!” – Ela respondeu, fazendo-o sorrir. – “E eu vou errar o número da mais vezes!” – Brincou e piscou. Os dois riram.
   Era óbvio que não queriam se despedir, mas estava lá em cima e Niall ia andando naquele frio para casa. Precisava ir logo! Os dois se separaram e mordeu os lábios.
   “Então... Até semana que vem?”
   Niall fez que sim com a cabeça e deu dois passos em direção à porta, mas voltou e a abraçou de novo, levando-a até a parede do elevador e beijando-a uma última vez.
   “Até semana que vem!” – Disse rindo e se despedindo da garota.
   continuou encostada na parede com o coração na mão e sorrindo feito uma idiota. Então se lembrou de e correu para chegar em seu quarto o mais rápido possível.
   Assim que chegou, seu sorriso desapareceu. A amiga estava deitada na cama, usando seu roupão e chorava silenciosamente enquanto mexia no celular.
   “Hey durona, o que houve?” – Perguntou, indo até a cama e se deitando ao lado dela.
   “Eu sou uma idiota! Foi isso que aconteceu!”
   “Foi o Harry certo? Ele não foi à festa? Fez alguma coisa?”
   fez que não com a cabeça e secou os olhos.
   “Fui eu, , eu que errei! Ele ficou bravo porque eu o ignorei!”
   Ela franziu a testa.
   “Você fez o quê?”
   “Ignorei ele durante a festa. Passei o tempo todo tentando não sorrir para ele, não ir até lá e irritá-lo de alguma forma, não conversar com ele... Eu simplesmente fingi que Harry não estava lá.”
   “E por que você fez isso? Vocês brigaram antes?” – Ainda estava difícil para entender a situação.
   deu uma risadinha irônica. “Não. Estava tudo ótimo... Eu dormi aqui com ele de ontem pra hoje e a gente ia ficar em casa juntos amanhã...”
   fez um gesto impaciente.
   “O que aconteceu então, pelo amor de Deus! Vocês não foram à festa juntos? Não estavam juntos?”
   “, como você esperava que eu apresentasse um garoto de 18 anos como meu namorado ao Prefeito? A essas nojentas que são quem compram na minha loja? Aos empresários daqui? Às pessoas que se sentam comigo numa mesa de café da manhã toda quarta pra decidir o futuro do comércio da cidade?”
   A amiga não sabia o que responder. Ela estava certa e errada ao mesmo tempo. Apesar de achar que Harry não a envergonharia (e na verdade encantaria pelo menos a ala feminina de quem tinha tanto medo), também sabia que essas mulheres eram o tipo de pessoa que fica só esperando alguém andar um milímetro fora da linha para transformar em pauta. Quem assistia de fora até achava que elas eram juízas da Inquisição. E santas.
   “E aí ele ficou chateado...” – tentou completar.
   “Chateado? Chateada estou eu. Harry ficou uma fera! Eu nunca nem conseguia o imaginar bravo, mas ele estava querendo me matar... E com razão, eu sei.”
   “... Eu nem sei o que te falar, porque te entendo... Mas entendo o lado do Harry também... Você não tem que se envergonhar dele ou de estar com ele!”
   “Ele acha que eu só queria me aproveitar dele, sabe? Como se o que a gente tinha fosse sem compromisso...”
   “Bom, não é como se você estivesse tentando demonstrar o contrário...” – falou, se encolhendo, mas não ficou zangada.
   “Eu sei que sempre dizia que não era nada e que eu não estava me envolvendo... Mas quando estávamos só nós dois era diferente, ! Ele sabia que eu estava sentindo o mesmo que ele. E de repente ele não acredita mais isso... Não consegue me entender!”
   “Se coloca no lugar dele... O cara que você tá apaixonada te chama pra uma festa, mas nem liga pra você, porque tá muito ocupado tentando impressionar o resto do salão... Você também ficaria louca de raiva, não ficaria? Desconfiaria se ele dissesse, depois disso, que está sim apaixonado por você!”
   não respondeu. Ao invés disso, cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar de novo. se levantou e a abraçou.
   “Eu trabalhei muito pra chegar até aqui pra ver essa gente torcer o nariz pra mim por um motivo idiota, ! Não agora, não quando eu finalmente sou respeitada!” – Ela disse, tentando parar de chorar. – “Mas por causa disso eu perdi o Harry... O primeiro cara em anos que fez com que eu me sentisse desse jeito de novo!”
   “Você não o perdeu! Mas vai precisar se livrar desse medo de não agradar as pessoas! Você namorar ou não um garoto mais novo não muda nada da sua vida profissional!”
   “Pra essas pessoas interferem... Eu não posso escolher o amor entre amor e trabalho!”
   “Não tem que ser uma decisão de exclusão, !” – estava exasperada. Ainda que entendesse a amiga, não compreendia porque ela estava sendo tão teimosa.
   A amiga fez que não com a cabeça e cobriu o rosto de novo.
   “Eu não quero mais pensar nisso! Eu quero sumir! Sumir!”
   a abraçou mais forte.
   “Você vai pra casa comigo, mocinha. Eu não vou te deixar aqui sozinha!”
   “Não posso ir... tenho que abrir a...”
   Mas não conseguiu completar a frase.
   “Você pode me obedecer uma vez na sua vida, ?” – a interrompeu, mas estava só tentando descontrair. – “Você vai comigo pra casa. E vai ficar lá pelo menos 3 dias descansando e se distraindo!”
   “Não posso! A loja só fica fechada amanhã...”
   “Você vai morrer de fome se passar dois dias com a loja fechada? Não, não vai! Então pronto, tá decidido!”
   ia relutar, mas estava desesperada para correr para longe e se esconder. Sorriu grata para a amiga.
   “Deus abençoe esse irlandês que te trouxe pra cá hoje!” – Falou, fazendo rir. As duas se deitaram de novo. – “Me conta como foi! Preciso de uma alegria pra minha noite de ano novo!”
   sorriu, mas ainda estava preocupada com ela.
   “...”
   “Tá tudo bem. Não quero mais pensar na minha vida hoje. Mas quero pensar na sua! Me conta tudo!”
   A amiga respirou fundo e começou a contar sobre sua noite com Niall. sorria e ria da estória e vez ou outra impedia que uma lágrima caísse de seus olhos. Alguns capítulos começando e outros terminando. Não tinha mesmo como prever a vida, não é? Domingo à noite, véspera do recomeço do ano letivo. As meninas estavam sentadas na cama de , ao redor do pote de cookies, contando as fofocas do final do ano.
   “Mas , não é possível! É o Liam! Ele não pode ter sido cuzão assim!” – falou. – “Você devia ter atendido quando ele te ligou...”
   “Eu tava com muito raiva! Acho que eu ia gritar demais com ele... Na verdade, eu ainda estou. Tô torcendo pra não encontrar com ele hoje!” – Ela respondeu.
   “Não, vamos começar do começo!” – falou, se deitando no colo de . – “Ele disse que tinha se arrependido?”
   recitou o bilhete que Liam tinha deixado em sua porta. Tanto tempo lendo e relendo, já sabia seu conteúdo de cor.
   “Hum...” – Fez , pela centésima vez. Ela e já haviam tentado interpretá-lo de diversas outras maneiras... E lá estavam de novo.
   “A única explicação é que eu fui colocada na friendzone e ele agora tá preocupado de ter estragado nossa amizade... Eu tava bem antes dele me beijar! É lógico que eu tava afim dele, apesar de tentar esconder...”
   “Ainda não me conformo de você não ter contado pra gente!” – a interrompeu e concordou. olhou para a amiga, querendo passar um “Falei pra você não mexer nisso!” por telepatia.
   “Eu tava com medo!” – se justificou, rindo de nervoso. – “Eu achava que ele ainda gostava da Dani e, bom, pelo jeito eu estava certa, né?” – Ela abaixou a cabeça e as três meninas foram abraçá-la.
   “High five da depressão, !” – falou, batendo sua mão na da amiga. – “Mas no meu caso a culpa foi minha, então...”
   “ é outra que tava escondendo o jogo!” – zombou.
   “ era a única que sabia... Na verdade o problema foi esse mesmo. Ter escondido tanto...” – Ela respondeu, dando de ombro com um olhar triste.
   “Não conseguiu falar com ele ainda?” – perguntou e ela fez que não com a cabeça.
   “Ele não atende... Acho que voltou pra casa. Não estava na academia ontem...” “Harry é aquele do andar de cima, né?” – fez cara de dúvida.
   “O que eu tirei no Catch me if you can?” – falou e fez que sim com a cabeça. Foi a sua vez de receber um abraço do grupo.
   “Ai como a gente é loser!” – riu e as meninas a acompanharam. – “Bom, a não... Alguém tem que carregar o time nas costas!”
   “Ah...” – Falou, abrindo um sorrisão bobo. As meninas soltaram um “Aaaaawn!” – “Tô parecendo uma adolescente, gente...”
   “Niall é mesmo muito legal, né?” – disse, sorrindo para ela e se derreteu.
   “Ele é lindo!” – Falou, fazendo as outras se olharem, felizes por ela. – “Não sei se estou mais apaixonada pelo sotaque, o furinho no queixo, as bochechas rosadas, aquela coisa meio leprechaun dele ou a risada... Ai, como eu tô ridícula! Alguém me dá um tiro!” – Tampou o rosto com as mãos e as três gargalharam.
   “Tudo bem, !” – falou, dando um tapinha em sua perna onde estava deitada. – “Você merece!” – e concordaram.
   “Alias, , e o Aidan?” – perguntou curiosa, se servindo de mais um cookie.
   “Preciso contar uma coisa pra vocês!” – A amiga mordeu o lábio inferior, não respondendo a pergunta. – “Zayn me beijou no réveillon!”
   quase caiu da cama e arregalou os olhos.
   “COMO É?” – Elas gritaram. riu.
   “Eu fui zuar que ele não teria um beijo à meia noite e ele me beijou...” – Explicou, meio envergonhada.
   “Mas e aí?” – perguntou. – “Rolou alguma coisa depois?”
   “Não, foi só um beijo. Eu até dormi na casa dele nesse dia e nada aconteceu.”
   “E o Aidan?” – indagou.
   “Vocês estão fazendo as perguntas erradas!” – levantou a mão, interrompendo-as. – “, agora você pode responder se ele tem pegada ou não!”
   As quatro caíram na risada e ficou vermelha.
   “Tem. Tem sim, !” – Falou, ainda rindo. – “Ô se tem!”
   “Tem cara mesmo...” – disse e as outras duas concordaram fervorosamente.
   “Mas enfim... O Aidan volta hoje e tudo volta ao normal...”
   Era o que esperava, porque seu cérebro de vez em quando a deixava nervosa, fazendo-a assistir de novo a um replay de seu beijo com Zayn e isso não era legal.
   “Então o placar geral do fim do ano foi 2 x 2. Dois foras e dois bofes laçados!” – contabilizou. – “Precisamos melhorar isso, time!”
   “3 x 2, na verdade!” – corrigiu. – “El e Louis ficaram no dia da festa do pub!” – Ela lembrou sorrindo e as meninas fizeram o mesmo.
   “Ah, verdade!” – bateu palmas. – “Alias, faltou ela aqui!”
   As meninas concordaram.
   “El chegava hoje a noite só...” – explicou. – “Nem sei se já está aqui!”
   “A gente chama na próxima! Precisamos de mais estórias belezinhas...” – falou. – “Eu adorei nossa horinha da fofoca, aliás! Isso precisa virar um evento semanal!” – Exclamou.
   As três visivelmente compartilhavam da mesma opinião. A diferença de idade entre elas não fazia muita diferença, afinal garotas serão sempre garotas, não importa em que faixa etária estejam. Para e , era divertido ver que o terceiro andar ainda era o mesmo segundo lar de antes. O lugar onde sempre havia alguém para dividir as alegrias e tristezas.
   Continuaram contando mais “causos” até se lembrarem de que as férias tinham chegado ao fim e no outro dia todas acordariam cedo. Se despediram e foram dormir.
   ouviu barulhos no quarto da frente e bufou ao se dar conta de que Liam tinha chegado, mas não tinha ido falar com ela.

  El descia para tomar o café da manhã e vinha ansiosa a procura de Lottie. Sabia que não precisava se preocupar, Ela e Louis estavam bem. Mas precisava saber o que tinha acontecido no réveillon. Assim que chegou à cozinha, a caloura sorriu ao vê-la e acenou. As duas se abraçaram e El se sentou ao seu lado.
   “Que saudade de você, calourinha! Não tinha ninguém pra assistir e comentar Girls comigo!”
   Lottie concordou com a cabeça.
   “Eu sei! Não é a mesma coisa quando a gente não tá assistindo juntas e em tempo real!”
   “E como foi em casa?” – Eleanor perguntou, tentando parecer apenas educadamente interessada. A garota abriu um sorrisão.
   “Foi ótimo! Acabamos passando uma semana na Escócia depois do réveillon! Só eu, minhas irmãs, minha mãe e Louis... Fizemos uma dessas viagens turísticas, Lago Ness e tal...”
   El já sabia disso. Tinha passado algum tempo sorrindo para uma foto de Louis encostado em uma escultura da Nessie.
   “Deve ter sido ótimo! Quero ver as fotos depois! Tão no seu notebook?”
   “Estão sim!” – Disse Lottie e depois checou o celular. – “Tô esperando uma mensagem da Hannah, ela disse que me avisava quando chegasse a Manchester. Ouvi dizer que a estrada está bem ruim por causa do mau tempo.”
   “E... E aí? Louis e Hannah?” – El apoiou o rosto nas mãos e tentou esconder sua curiosidade gigante. Lottie bufou.
   “Você não sabe!” – A garota exclamou, soltando seu sanduiche no prato com força. – “Ele está ficando com alguém! Alguém daqui!”
   “Da-daqui da república?” – Eleanor gaguejou.
   “Nããão, daqui da universidade!” – UFA! – “Ouvi Lou falando pra alguém que estava louco pra voltar, que ligava quando chegasse e que eles tinham que se ver o mais rápido possível. Ele tem alguém aqui, El, você tem que me ajudar a descobrir quem é essa vadia que tá com o meu irmão!”
   “Mas... Mas, Lottie...” – Eleanor não sabia o que fazer, nem o que dizer. – “Talvez ele esteja feliz com essa nova garota... Não era pra ser ele e Hannah! O importante é que os dois continuam amigos e que ela continua gostando de você como antes...”
   A garota fazia que não com a cabeça vigorosamente.
   “Hannah ainda gosta dele e os dois só não voltaram por causa dessa menina!”
   Eleanor engoliu em seco. Lottie parecia realmente ter raiva da “nova garota” do irmão.
   “Ela te pediu para descobrir quem é a menina?”
   “Não... Estou fazendo isso por mim mesma. E você tem que me ajudar, El! Você conhece as meninas do terceiro andar, além da ! Será que é uma delas? Você já viu alguém diferente por lá?”
   “Não... Não é nenhuma delas...” – Deveria falar? Ou deveria esperar e conversar com Louis? Afinal, ele também não contou nada a ela.
   “A gente precisa descobrir! Precisa!” – Lottie repetiu, voltando a comer, e Eleanor deixou o assunto morrer. Nem conseguiu tomar café da manhã mais, estava com o estômago embrulhado.

   trabalhava em seu computador e Niall estava deitando em sua cama mexendo no celular.
   “Tá terminando aí?” – Ele perguntou.
   “Falta só um pedacinho.” – Respondeu.
   “Deita aqui comigo depois...” – Niall chamou, fazendo-a sorrir. olhou para o artigo que escrevia e constatou que tinha trabalhado o suficiente naquela semana. Se levantou e foi até lá, dando um beijo no garoto. Depois se deitou ao seu lado, apoiando a cabeça no ombro dele e entrelaçando suas mãos.
   “Como foi sua semana?” – perguntou.
   “Muito boa. O pai do Carl veio pra cá e ele é muito engraçado! Foi pro pub com a gente, pagou a nossa conta e tudo!” – Ele contou animado. – “Teve uma mega briga lá... Acho que eram uns caras do time de Rugbi... Ou da Engenharia, não sei direito. Na Irlanda não tem caneca de vidro e dardos exatamente por isso! Foi feio...”
   Ele estava empolgado, adorava contar coisas! Niall Gump, o Contador de Histórias.
   “Mas era alguém conhecido? Alguém se machucou muito?”
   Niall riu.
   “Vou te confessar que eu não tava enxergando muito, viu?” – Contou e riu. – “Mas acho que não... E você, tudo certo em casa?”
   O coração da garota deu uma apertadinha... Niall perguntava genuinamente interessado, sem nem saber qual era o “problema” que ela tinha em casa.
   “Tudo certo. Mas tava louca pra voltar...” – Falou e ele abriu um sorriso.
   “Também tava louco pra você voltar...” – Concordou e deu uma tossidinha. – “Hum, ?”
   Ela virou a cabeça para poder olhá-lo.
   “Diga!”
   Niall sorriu.
   “Você quer sair comigo?” – Perguntou e franziu a testa. – “Quer dizer, ainda não tivemos nosso primeiro encontro!”
   “Niall!” – A garota riu. – “Você acha que precisa disso? Nós ficamos no reveillon, seu violão tá aqui desde quarta, você tá deitado na minha cama...” – Ela ergueu a cabeça. – “Alias, tira esse tênis agora!”
   O garoto gargalhou daquele seu jeito típico e colocou os dois pés para fora da cama, tirando os sapatos empurrando-os pelo calcanhar.
   “É, eu sei... Mas seria legal, não seria? É mais... Oficial.” – Explicou.
   deu um beijo em sua bochecha, se derretendo mais uma vez por ele.
   “Então eu aceito sair com você!”
   “E aonde vamos?”
   A garota riu.
   “Você é que tá me chamando pra sair, Niall Horan! Aonde vamos?”
   “Podemos ir ao pub...” – Ele deu de ombros, depois de pensar um pouco. – “Sei que não é muito romântico, mas não imagino nós dois num restaurante chique.”
   “Hey! O que você quer dizer?” – levantou o corpo, se apoiando no cotovelo e rindo.
   “Quero dizer que não vão me deixar entrar de calça jeans e boné pra trás...” – Ele respondeu, se lembrando da conversa que tiveram no ultimo dia do ano passado. gargalhou.
   “Faz sentido!” – E apoiou seu queixo no ombro dele. Não importava muito aonde iam, para ser sincera. – “E quando você vai me levar ao pub, Horan?”
   “Como está sua agenda para amanhã?” – Ele perguntou, levantando uma das sobrancelhas.
   “Há espaços vagos...” – respondeu, tentando ser formal e os dois riram.
   “Então nosso primeiro encontro é amanhã...” – Niall piscou e fez menção de beijá-la, mas se afastou.
   “Desculpa, eu não beijo antes do primeiro encontro...” – Falou, séria.
   “Ah é?!” – Ele perguntou, levantando o tronco. se deitou no travesseiro e fez que sim com a cabeça.
   “É!” – Respondeu, dando um sorriso de lado. Niall se deitou sobre ela, encarando-a de cima. – “Mas acho que posso abrir uma exceção...”
   “Bom mesmo!” – O garoto sorriu e abaixou o rosto para beijá-la. Ela passou seus braços em volta de seu pescoço e o trouxe para perto, mexendo em seu cabelo.
   Era surreal se sentir daquele jeito de novo, pensou. E era ainda melhor que fosse Niall o responsável por aquele sentimento!

  Era sábado à tarde e Eleanor estava sentada na cama de Louis, desenhando croquis para analisar e com a perna esticada em cima do colo do garoto, que jogava videogame. Estavam em silêncio, mas era aquele tipo de silêncio bom que não precisa ser preenchido. Algumas pessoas demoram anos para alcançarem o tipo de relacionamento que suporta esse tipo de silêncio.
   “PORRA!” – Lou gritou, acenando para a TV. Ok, não estavam tão quietos assim, já que Louis Tomlinson tinha essa personalidade quase nada exaltada. El riu da raiva dele com o jogo.
   “Tudo bem aí?” – Perguntou.
   “Esse controle, que às vezes é uma merda e me deixa na mão!” – O garoto respondeu, ainda bravo. Se virou para olhá-la e Eleanor sorria de lábios fechados e balançava a cabeça. Ele fez o mesmo. – “Me desculpa!”
   “Não, tudo bem! Eu acho divertido!” – Ela levantou a cabeça e então percebeu algo que ainda não tinha reparado e se debruçou sobre seu caderno de desenho para alcançá-lo. – “Hey! Você tá deixando a barba crescer?” – Falou, passando o dedo pela linha do maxilar de Louis. Ele sorriu.
   “Você gosta?” – Quis saber, também passando os dedos sobre os pelos ralinhos de sua bochecha.
   “Muito!” – Eleanor exclamou, ainda admirando-o. – “Mas... Você não vai deixar crescer do tamanho do Dave Grohl, né?”
   Louis riu.
   “Poxa! A intenção era essa!” – Ironizou. – “Não, fica tranquila. Eu só deixei por preguiça... Mas se você gosta, vou manter assim.”
   Os dois sorriram um para o outro e El colocou o caderno no chão para ir se sentar ao lado de Louis. Deu um beijo em sua bochecha e embrenhou seus dedos no cabelo dele, fazendo uma espécie de massagem.
   “Louis?” – Ela começou, um pouco apreensiva. – “Eu tava conversando com a Lottie hoje de manhã e ela... Ela... Ela não gosta de mim.”
   O garoto nem tirou os olhos da televisão e deu uma risadinha de deboche.
   “Tá maluca? Minha irmã te adora! Você precisava ouvi-la falando de você pra minha mãe! Quando eu te levar pra conhecer a Dona Jay, você nem vai ter com o que se preocupar!”
   Em primeiro lugar, bom saber que Lottie tinha falado dela durante as férias. Em segundo lugar, Louis estava falando sobre ela conhecer a sogra? Era isso mesmo? Ai caramba! MAS o assunto não era esse e El precisava se concentrar no que era importante naquele momento.
   “Não! Eu quero dizer... Ela não gosta da garota com que você está ficando!”
   Louis deu um pause no jogo e se virou para encará-la.
   “Como é?”
   “Bom, pelo que eu entendi, Lottie é muito apegada a sua ex.” – Eleanor nem conseguia olhá-lo nos olhos. – “Hoje de manhã ela estava me contando sobre como vocês não voltaram porque aparentemente você está ficando com alguém, que ela quer descobrir quem é de qualquer jeito!”
   “Não acredito que Lottie te disse isso! Simplesmente não acredito! Já ta passando dos limites essa coisa dela com a Hannah!”
   “Não fica bravo com a sua irmã! Ela só gosta muito da sua ex, acho que é uma reação normal... Só tô te contando porque eu não sei o que fazer... Devo contar?”
   Louis mordeu o lábio.
   “Não sei. Acho que preciso falar com ela antes, né?”
   Eleanor deu de ombros.
   “Acho que você deve falar primeiro, mas tenho medo da reação dela.”
   “E se eu entrar no assunto e não disser quem é? Tentar fazer com que Lottie entenda que eu tô feliz com essa nova garota e quando ela se acostumar com a ideia contar que é você?”
   Parecia uma boa ideia, mas El ainda se sentia incomodada... Essa coisa de esconder não dava certo. Tava aí o caso da pra provar isso. Alias, será que Louis sabia de Harry? Eles eram bem amigos, não eram? Foco, Eleanor Calder! Foco!
   “Será que vai dar certo?”
   “Ela já te adora! Duvido que vá chiar quando descobrir que estamos juntos!”
   “Uma hora ela vai aceitar, não é?” – Perguntou, voltando a fazer carinho na cabeça dele.
   “Claro que vai! Olha só pra você, Eleanor! O que mais Lottie pode querer pro irmão dela?”
   A garota não pode deixar de sorrir com tudo o que tinha ouvido de Louis naquela conversa, apenas lendo nas entrelinhas. Sua apreensão voou para longe ao vê-lo abrir um sorriso de volta. Não se aguentou e sentou em seu colo para beijá-lo, enquanto Louis a abraçava pela cintura, impedindo que ela se afastasse. Lottie teria que aceitar que Eleanor era a nova garota, porque nada a faria “trocar de cargo”!

  Louis estava na porta de seu quarto, Eleanor tinha acabado de ir embora porque ainda sairia com e naquela noite. Foi quando apareceu para bater na porta de .
   “Hey Lou!” – Ela cumprimentou distraída, mas o garoto nem se mexeu.
   “Você!” – Ele disse friamente e a garota se assustou com seu tom de voz.
   “O que houve, Tomlinson?”
   “Achei que nós tivéssemos um trato...” – Louis disse, estreitando os olhos. – “Ou você se esqueceu?”
   Não, não tinha esquecido. Sentiu seu estômago afundar.
   “Louis, eu...”
   “Você nada! A única coisa que eu te pedi foi pra cuidar dele e na primeira oportunidade, você fez merda!”
   Era o que precisava naquele momento mesmo! Alguém para lembrá-la de como havia sido idiota!
   “Não vou discutir isso com você...” – Falou simplesmente, fechando os olhos demoradamente.
   “Ah, vai sim! Porque eu sou obrigado a ouvir a ladainha “Como eu fui estúpido por não ter percebido que ela não queria nada sério” todo santo dia!”
   “Então manda ele me atender, Tomlinson! Manda ele conversar comigo! Porque eu tô tentando desesperadamente resolver isso e a droga do Styles me ignora!” – Ela estava prestes a chorar, mas jamais o faria na frente dele.
   “Você não quer resolver, quer tapar o sol com a peneira mais uma vez!” – Louis respondeu, do jeito mais arrogante possível.
   “Se você sabe de tudo isso, porque tá aqui enchendo meu saco?” – perdeu a paciência. – “Se ele acha que eu não vou mudar, manda o Harry ir procurar outra! Vai acabar com o seu problema da ladainha!”
   “Não tente se fazer de vitima!” – Louis disse entredentes.
   “Ah, não sou obrigada, Tomlinson!” – respondeu, deixando-o falando sozinho e indo para o quarto de .
   A amiga franziu a testa ao vê-la entrando com os olhos marejados.
   “Que houve? Era você gritando com o Louis no corredor? Quase saí pra ver!”
   foi até ela e a abraçou, começando a chorar.
   “Eu não aguento mais, ! Eu sei que errei, mas eu não mereço isso...” – Falou, entre soluços. – “Não aguento mais!”
   “Calma! Respira e me conta o que houve?”
   As duas se sentaram na cama e ela explicou sua discussão com o engenheiro.
   “Então Harry tá falando sobre isso com todo mundo, mas não quer falar comigo!” – resumiu.
   “Perai, vocês não fazem academia juntos no sábado de manhã? Por que você não o pegou pra conversar depois?”
   A garota limpou as lágrimas de sua bochecha.
   “Harry trocou de horário. Além de tudo, tem isso também.”
   soltou o ar pesadamente, sem saber o que responder.
   “Celular ele não atende, né?” – Perguntou e fez que não com a cabeça. – “Você vai ter que ir lá então!”
   “Sóbria?” – Ela arregalou os olhos e riu. – “Vamos sair pra beber no pub hoje então?”
   “Hum...” – fez e olhou rapidamente para o celular. – “Tinha marcado uma coisa com Niall pra hoje, mas eu desmarco!”
   “Nããão! De jeito nenhum!” – fez menção de segurar a amiga quando ela se levantou e foi até o aparelho. – “, sério, não precisa!”
   Tarde demais.
   “Oi!” – Ela disse, abrindo um sorriso. Estava mesmo parecendo uma adolescente, pensou . – “Tudo bem aí? (...) Ah, que ótimo! Hey, podemos marcar nosso encontro pra amanhã? (...) Hum, é... tá meio que numa emergência... Não, tonto, não é NA emergência, ela tá aqui no meu quarto! (...) Preciso levá-la ao pub para espairecer! (...) Hum... Deixa eu ver com ela.” – A garota tampou a parte de baixo do celular e se virou para a amiga. – “Niall pode ir com a gente hoje? Você se importa?”
   fungou.
   “É claro que não, ! Sou eu que tô indo de penetra, não ele!”
   Ela abriu um sorrisão e voltou para o telefone.
   “Tudo bem... Passamos aí te pegar!” – Disse para Niall – “Isso, no horário combinado mesmo! (...) Larga a mão de ser ridículo!” – E começou a rir. – “Nem vou responder! (...) Até depois! Beijos!”
   Desligou e se sentou de novo na cama.
   “Nada como José e a terapia do “BEBE!” pra gente melhorar essa carinha!” – falou rindo e acabou fazendo sorrir também.

  A porta do elevador se abriu e saiu apressada dele. Liam vinha da cozinha bem na hora e eles quase se trombaram! estreitou os olhos para o garoto.
   “Olha por onde anda, Payne!” – Ralhou, já saindo para seu quarto. Tinha passado a semana evitando-o. Agora era ela que não queria saber das explicações! Ou era isso que dizia a si mesma constantemente.
   “Me desculpa!” – Liam respondeu em voz baixa, encarando o chão. – “, por favor, será que a gente pode conversar? Precisamos resolver isso, eu não quero que as coisas fiquem assim entre a gente!”
   É claro que não quer, pensou , você quer tudo como era antes... Que a gente seja amiguinhos e você possa continuar se lamentando por sua ex em paz.
   “Tô atrasada, Liam! Vou sair com a e a El... A gente se fala quando eu voltar, pode ser?”
   Ele sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Eu espero!”
   A garota entrou em seu quarto, o coração disparado. Liam tinha que continuar sendo fofo e gentil quando tudo que ela fazia era ser hostil? Será que nunca perceberia que ela queria ficar com ele?

   dirigia para o pub e ia no banco do passageiro. Niall, por sua vez, estava no banco de trás e se apoiava nos dois bancos da frente, como um garotinho. Ia imitando Liam, para o divertimento das meninas.
   “Tá muito igual!” – ria. – “Quem mais? Quem mais?”
   “Tô aprendendo a imitar a agora!” – Niall respondeu.
   “OI?” – Ela se virou no banco para encará-lo.
   “Niall!” – O garoto a imitou. – “Tira o tênis de cima da cama!”
   gargalhou e bateu as mãos no volante.
   “Ai, caramba! Desculpa , mas tá muito igual!”
   A amiga cruzou os braços e olhou feio para os dois.
   “Seu ridículo!” – Ele continuou, no mesmo tom de voz e sotaque da garota. aproveitou o sinal vermelho para secar os olhos, estava chorando de rir. – “Para de rir, !”
   “Quem vê pensa que eu sou chata desse jeito!” – resmungou, se virando para frente.
   “É, Niall, tadinha! Ela NUNCA fala assim!” – disse, irônica e Niall se encostou no banco para rir.
   “Vão à merda vocês dois!” – xingou, mas também estava rindo. O garoto voltou a se sentar entre os bancos e deu um beijo no ombro dela. – “Agora você vem de graça, né Horan?”
   “Se fudeu, companheiro!” – tirou a mão do volante e deu um tapinha solidário no joelho dele.
   Ao chegarem ao pub, foram direto ao balcão. e tinham uma “terapia” para quando estavam depressivas que parecia funcionar bem. Pelo menos momentaneamente.
   “Ele não quer falar comigo!” – declamou, levantando o copo.
   “Bebe!” – respondeu. As duas bateram seus copos e viraram a tequila. Niall só observava.
   “Perai, então eu vou ter que beber contra um cara?” – Perguntou, puxando um dos copinhos de tequila para si. – “Deve ter alguma sessão do Manual dos Homens falando que isso é proibido!”
   As meninas riram.
   “Você só bebe então, Horan... Não precisa fazer parte do resto.” – sugeriu.
   “Eu só entro com o apoio moral? Aí gostei!” – Ele levantou seu copinho e virou a tequila. – “Tomei pensando em você, !”
   “Isso!” – Ela respondeu, rindo. – “Mais três, garçom!” – Disse, batendo a mão no balcão. se virou para Niall e sorriu. Era muito legal que ele tivesse aceitado que os acompanhasse e ainda estivesse fazendo um esforço para alegrá-la.
   “O que foi?” – Ele perguntou, ao perceber que a garota o observava.
   “Nada... Só tô te olhando...” – respondeu e chegou mais perto para dar um selinho nele. Infelizmente, não podiam ficar namorandinho, porque precisava dos dois naquela noite. Ela se virou e Niall a abraçou por trás, apoiando o queixo em seu ombro.
   “Mas e aí, ? Quando eu der um pé na bunda da vocês vão fazer esse ritual também?”
   “Como é que é?” – riu e virou o pescoço para ver a expressão dele. Niall se segurava para continuar sério.
   “Então... Quando você der um pé na bunda da , primeiro eu vou te matar. Mas depois a gente vai vir pra cá sim...”
   Os três gargalharam e foram para o segundo round.
   Algumas tequilas terapêuticas depois, eles se sentaram em uma das mesas. Niall saiu para cumprimentar alguns conhecidos e as meninas ficaram sozinhas.
   “Tá melhor?” – perguntou. deu de ombros.
   “Tô mais bêbada... E tô me divertindo. Então acho que tô melhor sim...” – Respondeu sorrindo. – “E caso eu não tenha dito isso ainda, Niall está totalmente aprovado!”
   Foi a vez da amiga sorrir.
   “Tem sido ótimo...” – Disse, procurando o garoto com os olhos pelo pub. – “Mas o assunto hoje não é esse. Apesar de ter te encorajado, não acho que você deva bater lá no Harry hoje.”
   “Nem era minha intenção mesmo...” – balançou a cabeça. – “Não quero meter os pés pelas mãos mais do que já meti!”
   deu um abraço de lado na amiga enquanto Niall vinha pulando até a mesa.
   “Vamos dançar?” – Sugeriu, animado.
   “E você dança?” – franziu a testa.
   “Qual é, ? Eu te conquistei dançando Wild Ones!”
   A garota deu uma risada de deboche.
   “Por favor, Niall! Você CANTOU Wild Ones, porque se tivesse dançado, nós nem estaríamos juntos!”
   riu dos dois.
   “Então eu desafio vocês duas a me vencerem lá na pista de dança!” – Ele falou, apontando para trás.
   se levantou e se virou para a amiga.
   “Vamos?” – Perguntou, entrelaçando seus dedos aos de Niall.
   “Vão vocês... Acho que vou tomar outra tequila...” – Os dois continuaram olhando para ela, sem saber se iam ou se ficavam. – “Podem ir, sério. Eu vou sentar aqui e ser a juíza de quem dança melhor!”
   “Não vale, você é mais amiga da !” – Niall brincou.
   “Te dou uma vantagem!” – Ela respondeu, piscando. – “Agora vão logo, aproveitem que a música é boa!”
   deu um beijo no rosto da amiga e saiu rindo com Niall. sorriu também, alguém tinha que ser feliz nessa vida...
   Já estava ficando tarde (ou cedo) quando e Niall vieram gargalhando se sentar à mesa com . Niall usava um óculos de sol. Hein?
   “De onde surgiu?” – perguntou, rindo também e apontando para o acessório.
   “Niall pegou de alguém...”
   “E porque ele tá usando óculos de sol?” – Ok, talvez ela não tivesse bebido o suficiente.
   “Porque ele é um sexy motherfucker, né?” – falou e se virou para Niall que dava uma risadinha bêbada e fazia que sim com a cabeça. Ela tirou seus óculos e colocou em cima da mesa. – “Você tá bem bêbado, né?”
   Niall continuou fazendo que sim com a cabeça sem responder. Continuava rindo.
   “Acho que é hora de ir embora...” – constatou, rindo dele. – “Vem, seus dois pés de cana!”
   “Quem ganhou, ? Quem ganhou?” – Niall perguntou, passando os braços pelos ombros das duas.
   “Depois que você surgiu usando óculos de sol, acho que foi você!”
   “Aeeeeeeee!” – Ele as soltou para comemorar e precisou puxá-lo para entrar no carro.
   Quando chegaram a JJJ, Niall deu um beijo na bochecha de .
   “Obrigada pela carona e por me ensinar a terapia secreta de vocês!” – Falou e a garota riu.
   “Eu é que te agradeço por ter me deixado atrapalhar seu encontro com a !”
   “Atrapalhar? Eu vou é me vangloriar de ter tido um encontro duplo com duas veteranas gatas pro resto da minha vida! Vou virar rei nessa república!”
   As meninas riram e saiu do carro também para ir até a porta com Niall. Os dois foram correndo e tentando fazer cócegas um no outro até lá. Ao chegarem às escadas, parou no primeiro degrau, abraçando Niall e o olhando de cima.
   “Obrigada por hoje! Por ter sido tão legal com a , ela tava precisando da gente...”
   “Não foi nada! Mesmo! Eu me diverti muito!”
   se inclinou e o beijou. Desceu do degrau para que ficassem do mesmo tamanho.
   “Ainda quer marcar um outro primeiro encontro?” – Ela perguntou.
   “Você acha que nosso próximo primeiro encontro pode ser no seu quarto?” – Ele perguntou, levantando uma das sobrancelhas. , por sua vez, estreitou os olhos enquanto o analisava. – “Prometo não subir de tênis em cima da cama.”
   Ela riu e deu um selinho demorado nele.
   “Tá ficando muito atrevido, Niall Horan... Mas vou pensar no seu caso...”
   O garoto deu um sorriso de lado e a beijou de novo.
   os observava do carro e sorria. Já tinha decidido que se Harry não quisesse perdoá-la, iria procurar outra pessoa que pudesse fazê-la feliz daquele jeito. Talvez o garoto tivesse aparecido apenas para mostrar a ela que ainda era possível se apaixonar de novo... E era isso que iria fazer!
   Mas não sem antes tentar uma última vez...

   e saíram do elevador rindo.
   “Louis devia ir com a gente na próxima, você viu quantos números de telefones El ganhou?” – comentava.
   “E pra mim que tô solteira, nada, né?” – falou, brava.
   As duas então pararam ao perceber que não estavam sozinhas no corredor. Liam estava sentado na porta do seu quarto, olhando para as duas.
   “Liam?” – franziu a testa.
   “O que você tá fazendo aí?” – perguntou, num tom de voz um pouco mais agressivo que o de .
   “Eu disse que te esperava voltar...” – Ele explicou.
   olhou de um para o outro e sorriu.
   “Bom, eu vou dormir... Boa noite, vocês dois e não se matem!”
   olhou para ela como se pedisse ajuda, mas não havia como fugir dessa vez. Ela deu dois passos na direção do garoto e parou com os braços cruzados, encarando o chão.
   “O que foi?”
   “A gente precisa conversar sobre o que aconteceu antes do Natal...”
   “Eu não tenho nada pra falar.” – Ela deu de ombros, se fazendo de indiferente. – “Então pode começar.”
   Liam tirou uma das mãos do bolso e coçou a nuca.
   “É que... O que aconteceu... Não era pra ter sido daquele jeito...”
   “Já li isso no bilhete que você me deixou... Alguma novidade?” – continuava ríspida.
   “, eu sei que estraguei tudo. Me perdoa, por favor! Eu estava bêbado e eu sei que isso não justifica, mas dizem que a bebida entra e a verdade sai, né?” – A verdade? Oi? – “Se eu soubesse que você ia ficar tão chateada... Eu jamais! JAMAIS! Tentaria alguma coisa...”
   “Liam... Não estou entendendo...” – Dessa vez ela parecia menos arisca. Estava visivelmente confusa.
   “Eu deveria ter dado algum sinal do que eu queria. E eu fui idiota de colocar nossa amizade em risco, eu sei! Eu nunca nem te perguntei se você era afim de alguém.”
   Tinha alguma parte dessa conversa que tinha perdido? Porque alguma coisa estava errada!
   “Eu...” – Ela tentou, mas Liam a interrompeu.
   “Me desculpa, por favor . Se você quer que sejamos só amigos, por mim tudo bem! Eu não vou nunca mais colocar isso em risco. Me desculpa por ter interpretado errado e...”
   “Calma, Liam, calma! Me dá um tempo!” – levantou a mão, fazendo-o calar. – “Vamos voltar pro começo. Você queria me beijar e acha que eu estou brava porque quero que sejamos amigos. Mas você disse no bilhete que tinha sido um erro! Não faz sentido!”
   Liam deu um passo para frente.

  “Never felt like this before
   Are we friends or are we more?
   As I’m walking towards the door
   I’m not sure…”

  “Eu não podia ter te beijado daquele jeito! Nós dois bêbados, sem saber se você estava sentindo o mesmo ou não. Sem te chamar pra sair, nem nada...”
   Fez-se a luz na cabeça de . E era uma luz azul linda! Era quase uma chuvinha de luz. E fogos de artifício! E uma musiquinha de fundo! Ela abriu um sorriso gigante, quase chorando.
   “Liam, seu imbecil!” – Falou, chegando mais perto dele. – “Como você pode ser tão cego? Como pode desconfiar por um minuto que eu não estava sentindo o mesmo?” – O garoto mordeu os lábios e sorriu fechando os olhos. – “Eu passei metade daquela noite acordada imaginando se tinha sido real! E aí na manhã seguinte você me joga um balde de água fria!”
   aproveitou a proximidade para dar uns tapas no braço de Liam. Ele riu e deu uns passos para trás, tentando se livrar.
   “Então estamos bem?” – Ele perguntou, voltando a encará-la daquele jeito intenso do elevador.

  “But baby if you say you want me to stay
   I’ll change my mind
   Cause I don’t wanna know I’m walking away
   If you’ll be mine
   Won’t go, won’t go….”

  “Isso depende.” – ajeitou a alça de sua bolsa no ombro. – “Você vai vir até aqui ou vai ficar aí? Do outro lado do corredor?”
   Não foi preciso perguntar duas vezes. Liam chegou até ela em dois passos largos e a abraçou. Os dois se encararam uma ultima vez antes de se beijarem e quase não conseguiu manter os pés no chão. Agora era sem nenhuma sombra de dúvidas! Liam sentia o mesmo que ela, provavelmente seu coração estava acelerado como o dela estava e as borboletas no estômago eram as mesmas! Agora era sério!

  “So baby if you say you’ll want me to stay, stay for the night
   I’ll change my mind…”

   [Change my mind – One Direction]

Capítulo 13 - We are the young

  “Você tá ficando com o meu muso!” – Jess acusou, fingindo estar ofendida. ria e tentava não fazer muito barulho enquanto copiava a matéria.
   “Que muso, Jéssica?! Acho hilário quando você chama o Liam assim!”
   “Você tá rindo, né? Foi uma apunhalada pelas costas, ! Você nem falou que era afim dele!”
   “Eu tava meio confusa... Eu te contei da primeira vez que ele me beijou...”
   “Fica aí me fazendo passar vontade! ‘Primeira vez que ele me beijou, segunda vez que ele me beijou’... Poxa vida!”
   “Larga de ser tonta, Jess!”
   As duas riram e tamparam a boca com as mãos para que a professora não chamasse a atenção delas.
   “Mas sério agora.” – Jess voltou a dizer, quando pararam de rir. – “Se é pro muso estar com alguém que não seja eu, ainda bem que ele está com você!”
   “Obrigada pela confiança!” – deu uma batidinha no joelho da amiga e sorriu.
   “Confiança nada! É que sendo você minha amiga, não vai ligar de dividir o Liam comigo de vez em quando! Nos fins de semana, feriados e tal...”
   “Jéssica!”
   “Algum problema, ?” – A professora perguntou lá da frente do auditório, deixando a garota vermelha.
   “Problema nenhum, Mrs. Chang! Me desculpe!”
   Ela abaixou a cabeça sob o olhar crítico da professora e voltou a copiar a matéria. Jess discretamente passou um bilhetinho para ela.
   “Isso que dá roubar o muso dos outros...”
   segurou a risada de novo e rabiscou a resposta rapidamente.
   “Você me paga, sua mala!”

  Era hora do almoço e isso significava Reunião na JJJ. Afinal, era de suma importância decidir qual seria o entretenimento pós aula.
   “Beer Pong então?” – Drew perguntou, apontando para todos os presentes.
   “Eu não vou poder...” – Niall surgiu da cozinha. Ainda era um mistério para os meninos como ele comia tanto e ainda era magricelo. – “Vou sair com a minha garota hoje...”
   Os garotos olharam para ele e riram.
   “Olha lá, Murs... O calouro achando que é gente... ‘Minha garota’! Vira homem, rapaz!” – Gregory dava cotoveladas no colega e os dois gargalhavam.
   “Quem é essa coitada, Horan?” – Olly perguntou.
   “Você conhece... É a , do terceiro andar do SPR. Estava aqui comigo no dia que perdi o sapato e...” – Ele respondeu, abrindo um sorrisão.
   “A ? Você tá me dizendo que tá pegando a ?” – O veterano não conseguia esconder sua surpresa.
   Niall fez que sim com a cabeça.
   “Qual o problema?”
   Olly se virou para Gregory.
   “Horan tá pegando a ex do Jones!”
   “A EX DO JONES?” – Gregory quase caiu da cadeira. – “Ô loco, calouro! Mas ela não...”
   “Sei lá... Às vezes não, ela sumiu...” – Olly respondeu, antes que ele terminasse. – “Mas mesmo assim... É a ex do Jones!”
   Niall não estava entendendo nada.
   “O que tem a ?”
   “Calouro, você tá pegando a ex do cara mais mito dessa universidade nos últimos tempos!”
   Niall se sentou e franziu a testa.
   “O que ele fazia?”
   “Música, eu acho... Ou alguma coisa assim... A última coisa que ele fazia era frequentar as aulas!” – Gregory contou. – “Mas o cara organizava umas festas animais! E ele tocava pra caralho!”
   “Ele morava aqui?” – O ânimo do calouro ia diminuindo a cada palavra sobre o tal Jones.
   “Não, morava no terceiro andar. Aí é que tava! Ele nem morava em república e era popular! A fama dele era gigante!” – Olly respondeu. – “Eu era calouro no último ano do Jones aqui e morava lá no SPR também, né? Ele era um veterano maneiro!”
   Niall continuava quieto (o que era de se estranhar). Será que era o tal Jones o problema de ? Não, não deveria ser... Se ele tinha ido embora quando Olly ainda era calouro, fazia muito tempo... Ela com certeza teve outros namorados depois dele, certo? E, pelo que ele tinha entendido, o problema dela era familiar. Não tinha nada a ver com ex-namorados.
   Ainda assim não era muito legal saber que todo mundo idolatrava o ex da sua atual.

   estava deitada na cama, encarando o teto e se perguntando porque diabos Niall estava 1h atrasado e não respondia o celular. Começava a ficar preocupada que algo tivesse acontecido. Pulou da cama e saiu do quarto, talvez Liam soubesse de algo.
   O garoto estava na cozinha e preparava algo no fogão sob os olhares apaixonadinhos de . Impressão sua ou todo o andar estava amarrado com alguém?
   “Olá pombinhos!” – cumprimentou. sorriu e Liam se virou para cumprimentá-la de volta. – “Só amor nesse terceiro andar, hein?”
   “É verdade, né? Precisamos fazer uma noite dos casais!” – O garoto respondeu, rindo. – “E cadê o seu irlandês, ?”
   “Boa pergunta!” – Ela disse, tentando parecer que não estava tão preocupada. – “Você sabe do irlandês?”
   Liam fraziu a testa, em uma expressão pensativa.
   “Hum... Não me lembro de nada na faculdade que possa ter segurado ele por lá... Ele não tá na JJJ mesmo?”
   “Não sei... Ele não me atende...”
   “Calma, ... Não deve ser nada.” – falou, ao perceber que a amiga não estava em seu estado normal.
   “É, fica tranquila... Todo mundo ama o Niall! Ninguém ia fazer nada contra ele!”
   sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Bom, vou continuar tentando falar com ele. Obrigada, gente!”
   Saiu da cozinha e voltou para o seu quarto. Quando foi fechar a porta, Niall pulou de trás da cama.
   “HAAAAAA!” – Ele gritou, fazendo com que a garota pulasse quase de volta para o corredor.
   “Você tá maluco?” – atirou uma almofada nele, que agora se contorcia de tanto rir em sua cama. – “Posso saber onde o senhor estava?”
   Ele não conseguia responder, ainda estava rindo.
   “Ai, muito bom! Muito bom!” – Repetia sem parar.
   “Niall! Sério agora. Niall! Onde você tava?” – Ela perguntou e o garoto saiu da cama e foi até lá para abraçá-la.
   “Oi! Como você tá?” – Indagou, dando um selinho nela.
   “Tô preocupada com você...” – Ela disse, com a voz um pouquinho mais calma. Era uma pamonha, sempre tinha sido. – “Onde você tava?”
   “Na JJJ, tava tendo campeonato de Beer Pong! Na verdade, a culpa foi do Drew que desafiou a Reis de Paus pra um campeonato. Aí todo mundo da república tinha que participar...”
   E lá foi ele em mais uma de suas estórias... se sentou na cama enquanto assistia Niall contar e gesticular, se perguntando o que era aquilo que estava martelando no fundo da sua cabeça. Decepção porque ele tinha esquecido que tinha marcado com ela? Raiva porque tinha se preocupado à toa? Tentou se livrar desses sentimentos estranhos, porque sabia que eles não levavam a nada. Niall estava bem e feliz e, pelo jeito, tinha ganhado o campeonato já que era bom de mira porque jogava golfe. Sorriu para ele quando a estória acabou.
   “Eu ainda não entendi o que uma coisa tem a ver com a outra, mas o importante é que vocês ganharam, certo?” – Ela disse e o garoto fez que sim com a cabeça, indo se sentar ao seu lado.
   “Aí eu fui tomar banho e demorei um pouco mais...”
   “Eu provavelmente ficaria mais brava se você aparecesse sem tomar banho!” – brincou e ganhou um selinho de Niall. – “Mas me avisa na próxima vez que você for se atrasar, por favor?”
   “Pode deixar... E aí, quer sair pra jantar? Ou quer pedir alguma coisa?”
   “Podemos sair... Ou podemos assaltar a cozinha e comer o que o Liam preparou pro jantar!”
   “Ótima ideia!” – Ele se levantou em um pulo e ofereceu a mão para levantá-la também.
   preferiu não entrar em uma discussão sobre horários. Niall preferiu não entrar em uma discussão sobre o ex dela.

   e Aidan estavam sentados naquele mesmo banco em frente ao SPR onde começaram a conversar. Ele era um pouco quieto demais, mas ela já estava acostumada com o silêncio de Zayn, então não era realmente um problema. Tudo mudava, porém, quando estavam falando sobre filmes e livros, as paixões de Aidan. Aí era que se calava para ouvi-lo falar sobre seus atores, diretores e escritores favoritos.
   Mas naquele dia, os dois não estavam conversando. Ela o ajudava com as falas para um teste que teria mais tarde.
   “É um texto muito bom!” – comentou, voltando as páginas para ver quem era o responsável.
   “É, é sim. Jim é um cara genial! E é ambicioso... Por isso tô tão empolgado! Se der certo, ele quer levar a peça para outros lugares!”
   levantou a cabeça.
   “Outros lugares... Tipo, outras cidades?” – Perguntou e Aidan fez que sim com a cabeça vigorosamente. – “Mas e a faculdade?” – A pergunta na verdade era “E eu?”, mas ela achou que ia parecer maluca.
   “Bom, é meu ultimo período, então eu só tenho aulas de orientação do TCC... Eu teria que voltar pra cá só uma vez por semana.”
   Não, ele não estava mesmo pensando nela.
   “Poxa... Que legal!” – Foi o que conseguiu dizer, sem demonstrar a decepção.
   “Mas iria ser mais pro meio do semestre. Ele quer testar a peça aqui, primeiro... E, bom, eu tenho que entrar, né?”
   “Você vai...” – o encorajou, sorrindo, e voltou seus olhos para o script. – “Vamos de novo então! Do começo...”

   e tomavam café na cafeteria do campus.
   “Tô me sentindo tão velha hoje...” – falou, se apoiando no encosto da cadeira.
   “O que houve?”
   “Nada... Mas tô me sentindo assim. Acordei com saudade dos meninos...” – Ela falou, observando a reação da amiga, que baixou os olhos para a mesa. – “Dougie ainda tá na Australia?”
   “Aquele lá não volta mais...” – levantou os olhos e riu, falar de Dougie era sempre divertido. Sempre tiveram ele como um irmão caçula. – “Encontrou uma brasileira por lá...”
   riu. Era bem a cara do Poynter.
   “E Harry e Izzy? Às vezes eu acho que foi culpa minha que todo mundo tenha se distanciado...”
   “Foi a vida que distanciou a gente, ... Todo mundo cresceu e foi cuidar dos próprios problemas...” – estendeu o braço e segurou sua mão. – “Tom mora há algumas horas daqui e nunca mais deu notícias. Algum deles foi te ver enquanto você esteve em casa?”
   fez que não com a cabeça.
   “Harry e Izzy me ligaram algumas vezes... É difícil pra eles também, foram morar longe... Mas o Tom, nem lembro quando foi a última vez que o vi...”
   “Então... Não foi culpa sua, da Izzy ou do Harry... E também não foi culpa do Tom, como eu achei por muito tempo.” – Ela deu de ombros. – “É a vida... Quem sabe algum dia a gente volte a ser como era... Quem sabe... Mas é bom sentir saudade, quer dizer que há coisas boas para serem lembradas!”
   “Tem razão... Acabou? Acabou! Mas existiu!” – falou e as duas riram e tomaram mais um pouco de café.
   “Mas vamos deixar de baixo astral e de se sentir velha!” – disse, se animando de novo. – “Vamos na festa hoje?”
   “Festa, ?” – A amiga perguntou, desconfiada. – “Em dia de semana? Será que tem algum calouro bonitão afetando essa sua disposição?”
   A garota riu e levantou os braços.
   “Pega em flagrante! Não dá mesmo pra esconder nada de você, né ?”
   “Não você!” – Ela respondeu.
   “Mas então... Nós vamos, né?” – perguntou terminando seu café.
   “Não posso. Infelizmente, nessa eu vou ter que te abandonar... Tenho que ir pro laboratório 7h da manhã, amanhã. Eu e Dani temos mil coisas pra fazer!”
   “Ah, não acredito, !”
   “Não tenho culpa! Exatamente amanhã eu vou madrugar! Mas as meninas devem ir... Você vai com elas!”
   “Mas elas estão todas de casalzinho...” – reclamou e então se lembrou. – “Ah, bom, você ia estar também...”
   “Eu passei tanto tempo solteira, que você se esquece que eu desencalhei, né?”
   As duas riram.
   “Tudo bem... Eu vou com elas então!”
   fez que sim com a cabeça.
   “E boa sorte com o Styles...”
   “É! Vou precisar de sorte!” – A amiga respondeu, torcendo as mãos.

  Lou estava se arrumando para a festa quando ouviu uma batida na porta. Abriu um sorrisão e ajeitou a franja, indo atender.
   “Chegou cedo, linda!” – Falou, abrindo a porta. Mas não era Eleanor, era Lottie. Engoliu em seco. – “Hey, pequena! É você? O que tá fazendo aqui?”
   Lottie cruzou os braços.
   “Você tá esperando alguém, Louis?” – Perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.
   “Hum... É...”
   “Nem precisa responder. Eu já sei que você tá ficando com alguém!” – Acusou.
   “Lottie, a gente precisa conversar... Mas entra, vai!”
   Ela entrou e se sentou na cama, ainda de braços cruzados. Louis continuou no batente tentando tomar tempo. O que ia fazer? Como ia avisar Eleanor? Resolveu deixar a porta aberta para que ela visse Lottie antes de entrar.
   “Quem é ela?” – A garota perguntou, ofensiva. – “Quem é?”
   “Porque essa raiva toda, Lottie? Eu não estou fazendo nada errado!”
   “Não é uma questão de estar fazendo alguma coisa errada! A questão é que você acabou de terminar com a Hannah, que ainda gosta de você, e já tá aí com uma garota qualquer...”
   “Primeiro: Eu e Hannah decidimos terminar juntos. Para de achar que eu sou o vilão dessa história! Segundo: Eu não ACABEI de terminar com ela, faz seis meses já! E aconteceu... Eu encontrei alguém incrível e tô muito feliz! Você pode, por favor, aceitar que eu tô feliz?”
   “Quem é ela?” – Ela repetiu, simplesmente. – “É alguém daqui, né? Foi por isso que você trocou de andar?”
   “Se eu te falar quem é, você vai encher o saco da garota? Ou vai aceitar que nós estamos bem?”
   “Hey!” – Alguém cumprimentou. E então Eleanor paralisou na porta do quarto.
   “Oi El! Tá fazendo o que aqui?” – Lottie perguntou.
   Louis arregalou os olhos para a garota, quando eles discretamente trocaram olhares.
   “Eu... É... Vim ver a , vamos à festa juntas hoje, mas escutei sua voz. Veio visitar seu irmão?”
   Ela entrou e abraçou a garota, que abriu um sorrisão. Louis soltou o ar, parecendo aliviado.
   “Estou conversando com o Louis sobre aquele assunto que te contei.”
   “Ah-ah... Sei...” – Eleanor falou, nervosa. Foi até o garoto e o cumprimentou, tentando parecer normal. – “E aí, Louis? Como vai?”
   “Tudo certo, Eleanor. Vai à festa com as meninas?”
   “Vou sim!” – Ela sorriu, se distanciando. – “Você vai?”
   “Vou... Styles vai descer aqui depois...”
   “Ah, muito bom!”
   Os dois se perguntavam se estavam disfarçando alguma coisa, porque era meio nítido que estavam travados. Lottie não devia mesmo ter a mínima desconfiança que a garota poderia ser a namorada de Lou, porque parecia alheia ao climão no quarto.
   “Todo mundo vai hoje? Posso ir também?” – A irmã falou, parecendo esquecer o assunto anterior.
   Lou e El se entreolharam de novo.
   “Vamos sim, Lottie! Vai ser legal!” – Eleanor disse, sorrindo. Ia por água abaixo sua noite com Louis... Mas era melhor do que ter que contar qualquer coisa para ela. – “Quer que eu te leve em casa pra se trocar? Depois a gente volta!”
   “Ah, pode ser!” – A garota se levantou da cama e se virou para Lou. – “Nossa conversa ainda não acabou!”
   “Enquanto você achar que está certa, não acabou mesmo...” – Ele respondeu, levantando uma das sobrancelhas.
   El e o Louis trocaram um olhar de cumplicidade.
   “Tchau, Louis. Prazer revê-lo!” – Ela disse e saiu com Lottie.
   O garoto acenou e deixou que o braço caísse ao lado do corpo. O problema era maior do que ele achava.

   já estava de pijama e pronta para dormir quando ouviu a risada de Niall no corredor. Ele bateu na porta e entrou.
   “Hey! Vai assim pra balada?” – Perguntou divertido, indo até ela e dando-lhe um beijo.
   “Eu não vou hoje. Tenho que acordar cedo amanhã!”
   “Todo mundo tem!” – O garoto respondeu, rindo. – “Ah, ! Vamos? É a primeira festa do semestre!”
   “Nós saímos no sábado, Horan!” – lembrou, sorrindo.
   “Mas não era festa da faculdade! Vamos, vai... Vou lá encher o saco do Liam enquanto você se arruma!” – Ele disse, já indo até a porta.
   “Eu não vou mesmo. Tenho que madrugar amanhã no laboratório, Niall. Não consigo mais virar a noite e acordar linda no outro dia... São as desvantagens de não estar mais tão jovem...” – Falou, tentando ser engraçada e indo se sentar na cama.
   “Para com esse papo de velhice! Você tá na flor da idade!” – O garoto brincou, indo até lá fazer cócegas nela. – “Você foi na Festa de Halloween! Também era dia de semana...” “Mas eu não tinha nada importante no outro dia, podia chegar atrasada e com sono... É sério, Niall, se eu pudesse você sabe que eu iria!” – falou, fazendo carinho no cabelo dele. O garoto fechou o sorriso, se dando por vencido. – “E o senhor, vê se não vai faltar aula amanhã! É aquela que você já tem um monte de falta, não é?”
   “Como se seu ex frequentasse aula...” – Niall respondeu em um tom ininteligível e se levantou da cama.
   “Oi?” – franziu a testa e o encarou, sem entender o que ele tinha dito.
   “Nada, nada...” – Falou, indo até a porta. – “Boa noite então...”
   “Hey! Não fica bravo...” – Ela tentou, mas Niall já acenava e saia para o corredor.
   respirou fundo, olhando em volta e se perguntando se aquilo estava certo. Precisava de que? De sua conselheira espiritual. Sacou o celular.
   “!” – Chamou, quando a amiga atendeu. E disparou a falar antes mesmo que ela respondesse. – “Você se sentia meio mãe do Harry quando estavam juntos? Ai, desculpa falar dele, mas é que eu tenho me sentido assim com o Niall... Como se eu fosse mais a mãe dele do que a namorada. Mas a gente não namora... Então eu não sou namorada mesmo... Bom, pelo jeito não mesmo, porque ele tá puto porque eu não vou hoje. Fica de olho nele pra mim na festa hoje? Não deixa nenhuma caloura cheia de amor pra dar chegar perto do meu irlandês! Nem veterana cheia de amor também! Nem...”
   “! RESPIRA!” – gritou, interrompendo o ataque psicótico da amiga. – “Vamos começar de novo e do começo!”
   “Você já tava saindo pra festa, né?”
   “Tava, mas isso não importa agora. Começa de novo, mas sem surtar dessa vez!”
   “Eu tenho me sentido meio mãe do Niall esse dias...” – Ela resumiu. – “Como se eu tivesse sempre me preocupando demais, dando bronca demais, sendo chata demais...”
   “Tudo isso veio no pacote do seu ‘Tô velha’ dessa semana?”
   riu.
   “É, talvez tenha vindo... Mas eu não quero ser esse tipo de namorada, se é que um dia eu vou ser namorada...”
   “Não surta, Niall te adora. Ele deve ter ficado um pouco chateado porque você não vai hoje, mas depois passa.”
   “Ele saiu daqui batendo a porta, ... Mas esse nem é o problema maior. O que eu faço com essa noia de que eu tô sendo mãe dele?”
   “Você relaxa, ! Desde quando você é louca?” – As duas riram. – “Eu sei que você se preocupa com o Niall desde sempre! Mas tenta maneirar, se segura quando você achar que o comentário é desnecessário... Ele é um menino, às vezes ele precisa se estrepar pra aprender.”
   “Ele é um menino...” – repetiu. – “Não sei se isso me alivia ou me deixa mais paranoica. Mas você tem razão! Acho que o que eu preciso é saber dosar essa preocupação, né? Pra não virar encheção de saco.”
   “Exatamente! Exatamente! E pode deixar que eu cuido do irlandês hoje!”
   “Não. Hoje você cuida do Styles.”
   riu.
   “Se ele quiser falar comigo já tá bom...” – Respondeu, desanimada.
   “Ele vai, fica tranquila!” – encorajou. – “Agora vai lá e arrasa! E obrigada mais uma vez!”
   “Imagina, não fiz nada... Nenhuma chance de você ir mesmo?” – tentou e riu.
   “Não, já to embaixo das cobertas...”
   “Boa noite então, velhinha!”
   “Boa noite, !”

  Festas da Universidade normalmente implicavam a rua do Wonderland cheia de pessoas, carros, trote, gritos, música e aquele arzinho de excitação que precede as noites memoráveis.
   andava com Eleanor em direção à fila e tentavam conversar, mas Lottie as fazia companhia. Por sorte (ou azar), as primeiras pessoas conhecidas que viram foram Louis e Harry perto da bilheteria.
   “Vou lá falar com o meu irmão e o amigo gato dele e já volto!” – Disse, saindo de perto delas.
   “Só falta esse projeto de empata foda querer pegar o Styles agora...” – resmungou, fazendo Eleanor rir.
   “Não fala assim dela, tadinha!” – El defendeu a caloura. – “Sei lá, ela é muito apegada a tal da ex-cunhada. Sem contar que eu não sei não, Lou diz que Hannah ficou numa boa depois que eles terminaram, mas às vezes eu acho que é ela que coloca minhoca na cabeça da Lottie...”
   “Faz sentido... E vocês já decidiram o que fazer? Vai por mim, esconder sempre dá problema!”
   “Lou quer que ela entenda que precisa apoiá-lo independente de quem seja antes de contar que sou eu... Às vezes eu acho que é a melhor opção, às vezes acho que não...” – Eleanor parecia mesmo confusa. – “O que eu sei é que vou ter que passar a noite longe dele por causa disso!” – Falou, acenando discretamente para o garoto que piscou para ela.
   “E eu vou ter que agarrar o Styles pelos cabelos pra gente conversar...” – falou, encarando o garoto, que evitava olhar em sua direção.
   “Noite divertida a nossa!” – El ironizou, rindo. – “A gente devia fazer igual a e ir dormir!”
   As duas riram.

  Liam e estavam perto do bar acompanhados de , que continuava checando a porta à espera de Aidan. O garoto já estava atrasado, mas como ele nem ia e aceitou “dar uma passada” só por causa dela, não tinha muito do que reclamar.
   “Ele vem mesmo, ?” – perguntou, preocupada.
   “Vem sim. Mas ele fez teste pra uma peça hoje à noite. Ia comer e tomar banho ainda...”
   “Entendi!” – respondeu, olhando em volta. De longe reconheceu alguém. – “O Aidan eu não sei, mas olha o Zayn vindo ali...”
   Liam rolou os olhos e deu uma bufada discreta, que não passou despercebida pelas meninas.
   “Tudo bem aí?” – perguntou, achando estranho o comportamento do amigo.
   “Tudo... Tudo certo!” – Liam falou, balançando a cabeça. – “Eu... Não vou muito com a cara do Malik, mas nada demais...”
   continuou olhando para ele. Só havia um motivo para ele não gostar de Zayn: Danielle.
   “Nada demais?” – Ela indagou. Queria MUITO saber o motivo, mas ainda não podia perguntar demais. Ainda não tinha esse “poder”.
   “Nada demais!” – Ele repetiu e forçou um sorriso.
   também entendeu que havia algo e Liam não era de ódio gratuito. Ela ia bater tanto em Zayn se ele tivesse feito algo!
   “Oi, ! Que cara é essa pra mim? Acabei de chegar, nem deu tempo de fazer nada!” – O garoto se aproximou e a puxou para um abraço. Liam olhou para o outro lado, avistou Niall e foi até lá. ficou ali, meio sem saber o que fazer.
   “O que você fez pro Liam?”
   “Pra quem?”
   “Pro Liam, moleque! O que você fez pra ele?” – cruzou os braços e parecia realmente brava.
   “Tá maluca, menina! Eu nem vi esse cara hoje!”
   “Não foi hoje! O que você fez no geral, assim!”
   Zayn fez um barulho de impaciência e girou os olhos de forma entediada.
   “Payne achava que eu dava em cima da Peazer quando entrei no laboratório...”
   “O que você obviamente fazia, porque é você!” – ergueu as sobrancelhas. queria sair dali, não queria ouvir. Não queria saber que Liam tinha ciúmes de Dani. Eleanor? ? Alguém?
   Foi a vez de Zayn se irritar.
   “Bom, se você já deu minha sentença, eu nem sei por que tô sendo julgado, ...”
   “Não vem de graça, Zayn! Você é assim! Dá em cima de todo mundo! Certeza que deu em cima da Danielle, como dá em cima da agora!”
   O garoto abriu um sorriso torto.
   “Isso tudo é ciúmes?”
   “Que ciúmes? Que ciúmes? Eu tô puta porque você deu em cima da namorada de um amigo meu...”
   “EX-namorada, ...” – corrigiu, entrando em pânico com a conversa.
   “Isso, ex-namorada... Desculpa !” – falou e se voltou para o garoto. – “Por que você não aprende? Por que você não toma jeito? Não sossega com alguém?”
   “E por que eu faria isso? Pra deixar minha garota esperando na balada... Tipo você nesse momento?”
   ficou vermelha. De vergonha e de ódio.
   “Quem disse que eu tô esperando?” – Mentiu.
   “Você tá olhando a porta desde o minuto em que eu te vi aqui... e seu namoradinho não tá por aí...” – Zayn fingiu que procurava alguém atrás dela. – “Ou tá?”
   “Isso é ciúmes?” – cruzou os braços mais uma vez e devolveu a ironia.
   “Tô morrendo de ciúmes...” – Ele respondeu, em deboche.
   “Algum problema aqui?” – Uma terceira voz perguntou. Zayn o olhou dos pés a cabeça, com cara de desprezo.
   “Oi Aidan!” – o abraçou e deu um selinho nele. – “Não, problema nenhum. Esse é o Zayn, meu melhor amigo. Zayn, esse é o Aidan.” – Ela sorriu vitoriosa para o amigo, que cumprimentou o recém-chegado ainda com cara de desprezo e logo sumiu na multidão.
   “Tudo bem mesmo?” – Ele perguntou, se virando para e mexendo em seu cabelo.
   “Tudo ótimo! Como foi o teste?”
   , a essa altura, já tinha resolvido que dar uma volta no banheiro era uma ótima opção!

  “! Tequilaaaaaaa!” – Quem mais poderia ser? Niall vinha pulando pela pista de dança até onde a garota estava com Eleanor. Ele a abraçou e cumprimentou El sorrindo, já puxando as duas para o balcão.
   “Já tá bêbado, Horan?” – perguntou, rindo.
   “Mais ou menos. Mas vamos ficar mais! Oi, eu sou o Niall!” – Ele disse, elétrico, se dando conta que ainda não tinha se apresentado para Eleanor.
   “Oi Niall, sou a Eleanor!” – A garota respondeu, rindo.
   “Tequila, né? Tequila!” – Niall perguntou, mas não deixou que elas respondessem e pediu 3 tequilas no balcão.
   Lottie veio meio correndo do banheiro e agarrou a mão de Eleanor.
   “El! El! A música! A música da república!” – Ela gritou animada e puxou a veterana para a pista de dança.
   Eleanor riu e a seguiu sem hesitar. Era por isso que se preocupava tanto com esse lance todo dela ser contra Louis ter uma nova namorada: Gostava muito de Lottie e sabia que Lottie gostava dela também. Por mais que estivesse cada dia mais apaixonada pelo garoto, tinha conhecido sua irmã mais nova antes e se apaixonado por ela antes (não do mesmo modo, claro). Manter essa amizade era tão importante quanto manter o que ela e Lou estavam criando. As duas gritavam a letra da música uma para a outra e riam enquanto dançavam, se divertindo com em uma das noites do pijama na Monte Olimpo.
   Enquanto isso, no balcão, e Niall discutiam o que fazer com a tequila sobressalente.
   “A gente divide!” – Ele sugeriu.
   “Pode tomar...” – empurrou o copinho na direção do irlandês. Queria estar sóbria quando fosse falar com Harry. – “Toma pela !”
   Os olhos de Niall se iluminaram.
   “Isso! Vou tomar pela !” – Exclamou, seguindo o ritual e bebendo o líquido dourado. – “Ela tá brava comigo...” – Soltou, olhando para e parecendo meio triste.
   “Não ta não! Ela acha que você tá bravo com ela...”
   “Vocês conversaram?” – Niall perguntou, parecendo interessado.
   “Por cima...” – mentiu. Não ia contar que a melhor amiga tinha tido um leve ataque, né? – “Mas se você tá bem e ela tá bem... Vocês só tem que se entender!” – Falou, dando de ombros.
   “Você tá certíssima! Eu vou lá!”
   “Oi? Lá onde?”
   “Lá no quarto dela!” – Niall respondeu, como se fosse óbvio. Bateu as mãos nos bolsos para ter certeza de que estava com a carteira, chave e tudo que lhe pertencia. – “Valeu o conselho e a tequila, !”
   Nem deu tempo dela dizer a ele que acordar às 3 da manhã não seria bom para a reconciliação. Só riu do garoto e então olhou em volta, procurando por Harry.

   ouviu uma batida na porta e se virou na cama. Só podia ser brincadeira! Bom, se não era brincadeira, era alguma coisa muito séria... Ninguém bateria na sua porta 3h da manhã! Ela foi até lá e cerrou os olhos, que se incomodaram com a claridade do corredor.
   “Niall?”
   Ele sorriu.
   “Oi! Vim dormir com você!” – Falou simplesmente.
   podia bater nele com um taco de cricket por tê-la acordado no meio da madrugada, poderia xingá-lo por ter saído mais cedo sem se despedir direito, poderia até bater a porta na cara dele... Mas ao ver o garoto parado em sua porta, bêbado e sendo encantadoramente impulsivo e desajuizado, tudo o que ela conseguiu foi puxá-lo pela mão para dentro do quarto. Passou os braços em volta do pescoço dele e juntou seus corpos. É, fazia tempo demais que não se beijavam, na opinião dela. Era hora de dar um jeito naquilo! Niall sorriu de novo quando seus lábios se encostaram e ele a abraçou pela cintura.
   Quando se separaram, foi até o guarda roupa pegar outro travesseiro e o garoto se sentou no puf ao lado da cama, a bebida começando a passar para o estágio sonífero. Niall começava a ter dificuldade em manter o olho aberto.
   “Hey! Mocinho! Você não vai dormir assim, levanta o braço!” – Ela pediu e o garoto riu levantando apenas um braço. riu também. – “Os dois, seu bobo!” – Ele fez o que ela pedia e a garota puxou sua camiseta para cima. – “Agora levanta pra tirar a calça e o tênis...”
   Niall novamente seguiu as instruções e tirou os sapatos. Depois desabotoou a calça jeans e deu uns pulinhos para que ela caísse, se livrando também dessa peça.
   “Você tá me deixando sem roupa, ?” – Perguntou, dando um sorriso de lado.
   “Quem veio pra cá bêbado foi você... Se eu abusar do seu corpinho, a culpa vai ser toda sua!” – Ela entrou na brincadeira.
   Niall riu e entrou embaixo das cobertas, sendo acompanhado por , que sentiu um amor repentino pelas pintinhas que desciam do pescoço para as costas do garoto. Os dois se encararam por um tempo.
   “Você vai mesmo acordar bem cedo amanhã, né?” – Ele perguntou e fez que sim com a cabeça. – “É uma pena... Se a gente pudesse ficar mais tempo acordados... Você sabe...” – Falou e bocejou. A garota nem teve tempo de rir ou responder nada. Niall fechou os olhos e dormiu. Assim, instantaneamente.
   A garota fez carinho no cabelo dele e se aninhou perto de Niall para dormir também. Ficava mais apaixonada por aquele ser perturbado a cada segundo.

   andava pela pista de dança a procura de Harry, mas ele parecia ter sumido. Será que estava com alguém? Louis e Liam conversavam com mais alguns meninos em uma roda perto da pista, mas o garoto não estava com eles. Avistou, então, uma pessoa conhecida sentada em um dos sofás, parecendo triste e sendo espremida por um casal que se beijava apaixonadamente ao seu lado. Por que estava sozinha?
   “Oi ! O que houve? Porque você tá aqui sozinha e tristinha?” – Perguntou, indo até ela.
   A garota deu de ombros.
   “ está com Aidan, tinha perdido você e Eleanor de vista e Liam... Sei lá, do Liam!”
   “Vocês brigaram? Aconteceu alguma coisa?”
   “Não. Mais ou menos... Ele ficou bravo, porque ia conversar com o Zayn e Liam não gosta dele por causa da Dani e saiu de perto, aí eu fiquei sem saber se ia falar com ele...” – contava, parecendo perdida.
   “Não entendi. E você tá aí murchinha porque o Liam não gosta do Zayn?”
   “Ah...” – A garota parecia envergonhada com a lógica de seu cérebro. – “O problema deles é a Dani... Não sei. Liam ainda deve gostar dela... Ele saiu bravo e nem me falou nada! E também não veio me procurar...”
   “Ele deve estar achando que você está se divertindo com a gente, como em todas as festas! Vem, levanta daí! Vamos beber, dançar e ir atrás do Payne!” – ofereceu a mão e a segurou e se levantou, sorrindo.
   As duas voltaram para a pista de dança e pararam perto da roda onde Liam e Louis estavam, Eleanor e Lottie se juntaram a elas. Os garotos logo cumprimentaram os amigos e foram até lá também.
   Liam chegou sorrindo perto delas e deu um beijo no rosto de .
   “Você sumiu!” – Falou.
   “Não, você que sumiu...” – Ela respondeu. – “Tá tudo bem?”
   Liam coçou a nuca.
   “Eu... Me desculpa! Não gosto daquele garoto amigo da , mas isso não tem mais nada a ver...” – Ele abanou com as mãos, como se quisesse colocar o assunto para trás. – “Não fica brava comigo! Vem aqui!” – Falou, abrindo os braços e um sorriso lindo.
   sorriu e foi abraçá-lo. O garoto deu um beijo na testa dela, fazendo levantar a cabeça. Liam aproveitou e abaixou o rosto para beijá-la. Uma hora teria que se livrar dessa paranoia que tinha sobre ele e Dani.
   sorriu para os dois e se virou para Louis, que conversava (e dançava. Dançava muito, na verdade) com El e Lottie.
   “Hey, Lou. Posso só te falar uma coisinha?” – Ela pediu, segurando-o pelo ombro. O garoto parou de dançar e se virou para ela, mas em vez de ouvi-la, sorriu e falou primeiro.
   “! Era com você mesmo que eu precisava conversar! Queria pedir desculpas por termos discutido aquele dia... Eu não tinha que me meter! Mas é que é difícil ver um amigo mal e não fazer nada...” – Ele colocou as mãos nos bolsos e deu de ombros.
   A garota sorriu.
   “Eu entendo, Tomlinson. Teria feito o mesmo se fosse uma das minhas amigas... E alias...” – Ela olhou rapidamente para Eleanor, que conversava com Lottie, e voltou os olhos para o garoto. – “Como prova de que não há ressentimentos, vou te ajudar. Acho que consigo 5 minutos de paz pra vocês, pode ser?”
   Louis mordeu os lábios e fez que sim com a cabeça. se virou para Lottie.
   “Hey, então você é a caloura que Eleanor falou? Que faz Moda também?”
   Louis passou por trás dela e deu um toquinho no cotovelo de Eleanor, que entendeu o movimento.
   “Ela mesmo, !” – El falou, passando o braço pelos ombros da caloura. – “Lottie, essa é a , minha chefinha e ídola.”
   “Eu sei! Eu sei quem ela é!” – Lottie respondeu, com os olhos brilhando. – “Sempre passo pela sua loja e fico babando! E seus desenhos são lindos e...”
   “Bom, vou deixar vocês aqui conversando rapidinho e vou até o bar, ok?” – Eleanor falou, piscando para que fez um discreto aceno de cabeça. A garota saiu quase correndo, procurando Louis com os olhos.
   “Olha só, Deus! Quantas boas ações pros amigos eu fiz hoje!” – Pensou . – “Dá uma força aí com o Harry!”

   voltava da porta da balada, tinha acabado de se despedir de Aidan. Estava se sentindo estranha. Meio triste, incompleta... Saiu em direção ao lado esquerdo da pista, onde avistou os amigos. Liam abraçava por trás e os dois riam de algo que Louis falava. O garoto por sua vez, aproveitava seu jeito espalhafatoso para esbarrar em El e tocar no braço dela toda hora. Lottie ria, alheia ao que era óbvio. Ela não pode deixar de sentir inveja deles... Quando estava com Aidan, estava só com ele. O garoto não parecia muito inclinado a ficar amigo de seus amigos e isso a incomodava um pouco. Resolveu que não queria ir até lá naquele momento, não estava no humor. Olhou em volta e se sentou em um dos banquinhos do bar.
   Estava lá, curtindo sua depressãozinha, quando viu Zayn se aproximando. O garoto se sentou no banco vazio ao seu lado, o costumeiro silêncio misterioso. Tudo o que não queria era brigar com ele agora!
   “Eu nunca dei em cima dela.” – Falou, como se já estivessem em uma conversa.
   “Em cima de quem, Malik?” – perguntou, sem paciência.
   “Da Peazer. Eu nunca dei em cima dela. Alguém provavelmente foi falar merda de mim pro Payne, que acreditou que eu não faria uma exceção à namorada dele.” – O garoto respondeu sério.
   Eram seus olhos e o modo como ele falava que indicavam para que Zayn contava a verdade. Ela sempre soube dizer quando era ou não mentira.
   “Por que você é assim, Zayn? Por que faz tanta questão dessa fama? Por que não disse para Liam que não deu em cima dela?”
   Ele deu uma risadinha de deboche, girando a garrafinha de cerveja nas mãos.
   “Você, que me conhece, não acreditou em mim, ... Porque ele acreditaria?” – Falou, virando seus olhos castanhos para a amiga. – “Eu não faço questão de fama nenhuma, só não me importo com o que pensam. Se Liam quer achar que eu dava em cima da namorada dele, a última pessoa que ele vai escutar sou eu! Então foda-se...”
   se sentiu culpada e deu uma batidinha solidária na mão do amigo, sorrindo.
   “Você é um dos seres humanos mais fascinantes que eu conheço, Zayn Malik...”
   “E você é a mais mentirosa!” – Respondeu, rindo. – “Mas e aí? Cade seu namorado? O que você tá fazendo aqui sozinha?” – Zayn olhou em volta.
   “Ele já foi... Estava cansado e precisava acordar cedo amanhã...”
   “Poxa! Como será acordar cedo em dia de semana?” – Zayn perguntou irônico e tomou um tapa de .
   “Para de ser idiota!” – Ralhou.
   “E por que você não foi junto?”
   “Queria ficar aqui com todo mundo...” – Ela respondeu, sabendo que seria zuada por ele. Zayn olhou em volta mais uma vez, sendo o mais teatral possível.
   “Todo mundo? Quem?”
   “Não me enche, que eu não tô boa!”
   Foi a vez do garoto entender através dos gestos de que ela dizia a verdade. Zayn se levantou e colocou a mão nas costas dela.
   “Vem, eu te levo embora!”
   arregalou os olhos.
   “Você vai me levar pra casa?”
   “Você vai ficar aqui triste? Claro que não, a gente vai conversando até você se sentir melhor!”
   se levantou também. Na verdade, ela não queria mesmo mais ficar lá.
   “Sabe o que eu acho? Que é muito injusto as garotas que você ilude não conhecerem esse seu lado...”
   Zayn sorriu.
   “Eu não preciso usar esse meu lado com elas, garotas não curtem caras bonzinhos...” – Ele disse, enquanto os dois iam para a saída e algumas garotas o olhavam interessadíssimas. – “Além disso, só tenho vontade de ser legal com você mesmo... E nem é sempre!”
   Os dois riram.
   “E você vai me levar embora?” – Ela tornou a perguntar, ainda descrente. – “Sem levar ninguém pra casa?”
   “Eu vou levar você, .” – Zayn respondeu, confuso.
   “Quero dizer levar alguém pra SUA casa.”
   “Você quer ir pra minha casa?” – O garoto franziu a testa.
   “Não, animal... Tô perguntando se você vai sair zerado da festa, sem levar uma garota pra casa...”
   “Ah!” – Ele fez quando finalmente entendeu. Deu de ombros, despreocupado. – “Depois que eu te deixar em casa, ligo pra uma delas... Não se preocupa, , eu não vou dormir sozinho hoje!”
   “Você não vale nada, Malik! Nada!” – deu uns tapas em seu braço enquanto o garoto ria.
   Ser amiga de Zayn era como ter dois gêmeos idênticos como melhores amigos. Um era sensível, fofo e jamais a deixava na mão, independente de qual fosse a situação. O outro era arrogante, cínico e, bom, era extremamente sexy também. O difícil, às vezes, era distingui-los.

   estava prestes a desistir. Começava a achar que ter visto Harry na fila tinha sido uma alucinação. O garoto não estava mais por lá, em lugar nenhum! Estava indo em direção à saída, já se dando por vencida, quando avistou alguém bagunçando o cabelo e jogando a franja para o lado. Só podia ser ele!
   Harry, porém, conversava com uma garota. Era bem verdade que ela parecia muito mais interessada do que ele, mas ainda era um impecilho para a aproximação de . Harry levantou os olhos e a viu, encarando-o de longe, e não desviou o olhar. Disse alguma coisa à garota, que se despediu e saiu andando, e colocou as mãos nos bolsos, desafiando com os olhos a ir até lá. E ela foi.
   “Oi...” – Falou, olhando para baixo e depois para os lados, ao ficar de frente para ele. – “Como você tá?”
   “Bem...” – Ele respondeu, simplesmente, dando de ombros. – “E você?”
   “Tudo indo. Você... Você parou de ir à academia?” – agora fazia a aula de boxe sozinha, o que era mil vezes mais sem graça e extremamente depressivo.
   “Troquei de horário.” – Harry estava sendo o mais seco o possível, o que a deixava sem chão.
   “Harry... Eu tentei te ligar, ir atrás de você pra gente conversar e você nunca me atendeu! Não é possível que você não tenha mais nada pra falar ou pra ouvir!”
   “Você pensou no que aconteceu? Vai parar de me esconder?”
   “Harry, me escuta! Eu não tenho vergonha de você! Eu adoro você, adoro ficar com você! Nunca foi brincadeira e você sabe disso. Mas eu não preciso misturar minha vida pessoal e minha vida profissional e...”
   Harry estreitou os olhos.
   “Eu não te pedi pra misturar! Eu só não quero ser ignorado, não quero que você finja que eu não existo, pra depois me puxar pra um canto escuro da festa!”
   “Eu sei que eu errei aquele dia e me arrependo! Me desculpa, por favor... Vamos tentar de novo!” – colocou sua mão sobre a mão de Harry, fazendo uma leve pressão, como se implorasse para que ele reconsiderasse.
   “Começar de novo onde? Escondidos no seu quarto ou no meu? No armário da academia? Só Louis e vão saber?”
   “Se eu te disser que vai ser assim por um tempo, mas que eu prometo que isso vai mudar, você aceitaria?” – Ela perguntou.
   Harry fez que não com a cabeça.
   “A gente já teve esse tempo...”
   “Você não dá o braço a torcer, Styles! Só eu tenho que mudar? Só eu tenho que ceder? Você nem quer tentar, né? Por que você não fala logo que não quer mais nada e a gente acaba com isso logo?!” – começava a se irritar. Ainda estava desesperada para fazê-lo entender, mas seu sangue começava a ferver com a teimosia de Harry.
   “Me dá um beijo!” – Ele disse, de repente. – “Aqui, agora, na frente de todo mundo!”
   ficou paralisada, olhando para Harry totalmente sem reação. Olhou ao seu redor e não viu ninguém que conhecia... Não aconteceria nada, não teria “repercussão” nenhuma entre as pessoas que ela tanto temia. Mas também não provava coisa alguma. O que aconteceria se ela o beijasse? Ele iria perdoá-la, era isso? Estariam juntos de novo se ela o beijasse? Sob quais circunstâncias? Franziu a testa.
   “Harry...” – Estava disposta a discutir isso com ele, mas o garoto deu um passo para trás.
   “Viu? Não tem ninguém aqui que você conheça e que saiba de nós, a não ser Louis e talvez a Calder, mas você continua se importando mais com seu status e sua pose!”
   “Nada é nada disso! Por que diabos você não me deixa terminar de falar!” – Ela perdeu a paciência.
   “Porque eu não preciso ouvir pra saber! E eu acho que não tem mais nada pra gente conversar... Você pode parar de me ligar e ir atrás de mim agora! Me deixa em paz!”
   O garoto saiu como um raio, se perdendo entre as pessoas e continuou ali. Tinha dado uma de Santo Ântonio com metade das amigas na festa e era isso que recebia? Ia jogar na loteria no dia seguinte, porque tinha batido no fundo do poço do azar no amor.

Capítulo 14 - Love is easy

  (Coloquem para carregar: You make it real – James Morrison http://www.youtube.com/watch?v=rRxccy-zcJ8 e Something – Beatles http://www.youtube.com/watch?v=Cr03NK3_Akc&feature=youtu.be&t=35s)

   estava encostada em sua escrivaninha com os braços cruzados e olhava para Niall, que estava deitado na cama ajeitando uma bolsa de gelo no joelho. Ela queria ser menos mãe e mais namorada, mas ficava difícil quando seu namorado (seu namorado? Peguete? Ficante? Seu... Seu Niall) tinha a brilhante ideia de ir jogar futebol com a equipe oficial da universidade, mesmo sabendo que um de seus joelhos era imprestável.
   “Tá doendo muito? Tem certeza que não quer ir ao hospital?” – Ela perguntou, ainda meio indignada. Convenhamos que não era lá muito agradável ser pega desprevenida com a ligação de alguém quase morrendo de dor.
   “Não precisa... Já passei por isso outras vezes... Não tem o que fazer, só operando!”
   “E aí, mesmo sabendo disso, você vai jogar futebol contra aqueles cavalos, Niall? Tenha dó!”
   O garoto se encolheu e olhou para ela como um bichinho acuado. soltou o ar, se sentindo culpada, e um Baby (da Família Dinossauro) imaginário bateu em sua cabeça com uma panela gritando “NÃO É A MAMÃE!”. Ela sorriu para ele, que ainda fazia cara de coitado, e foi até lá se redimir.
   Engatinhou na cama até suas mãos estarem na altura dos quadris do garoto e colocou sua perna direita cuidadosamente entre as pernas dele (precisava ser namorada, poxa!). Niall observava o movimento sem dizer nada.
   “Você quer um beijinho pra sarar?” – Ok, aquilo era ridículo... Ela soava melhor como mãe. Aaaargh!
   Mas Niall era Niall. Ele gargalhou e entrou na brincadeira.
   “Tem que ser no joelho?” – Perguntou, elevando uma das sobrancelhas e fazendo uma voz de conquistador. segurou a risada. – “Porque eu posso pensar em outros lugares e tal. Se você cuidar de mim direitinho, eu posso retribuir depois e...”
   “A little less conversation, a little more action, please...” – cantou e os dois riram. Ela abaixou o corpo, se deitando sobre Niall e o beijou. Viu? Não tinha sido tão ruim assim não ser mãe... Aliás, estava tudo ótimo do jeito que estava!
   Mas alegria de pobre dura pouco... Ele deslizava a mão por baixo da camiseta da garota e passava o dedo suavemente pela sua coluna, quando teve a brilhante ideia de chegar com o corpo um pouco mais para cima. Sua perna entre as pernas de Niall se mexeu bruscamente e, claro, acertou o joelho machucado dele.
   O garoto fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás, fazendo uma cara de dor horrível. Estava vendo estrelas e nem era do jeito que tinha planejado!
   “Caralho! Me desculpa!” – saiu de cima dele, se sentando ao seu lado na cama, e parecendo desesperada. – “Niall! Me perdoa... Eu sou muito desastrada, que merda!”
   O garoto abriu os olhos e elevou o tronco para examinar o próprio joelho. Se sentou na cama e ajeitou o gelo de novo, soltando o ar devagar. Depois se deitou mais uma vez e com a mão alcançou a perna de .
   “Eu... Eu acho que to vendo a luz...” – Brincou, com uma voz além túmulo. – “Meu último desejo é...” – Abriu um dos olhos e deu um sorriso de lado. – “... Acho que nesse horário não é apropriado dizer!”
   , que prendia o ar enquanto Niall encenava, bufou e deu um tapa no braço do garoto.
   “Filho da puta! Eu tô quase morrendo aqui! Tá doendo mesmo ou você tá tirando com a minha cara?”
   “Eu vou sobreviver...” – Ele disse, sorrindo para ela e batendo na cama, ao seu lado. – “Deita aqui... Sem chegar perto do meu joelho...” – o olhou de rabo de olho, mas fez o que Niall pedia. Se deitou junto a ele e apoiou a cabeça em seu ombro. Os dois ficaram um tempo em silêncio. – “?” – O garoto chamou, meio incerto.
   “O que foi?”
   “É... Os meninos da república... É... Me falaram sobre seu ex esses dias... É... Jones o nome dele?” – Falou, mordendo os lábios. se sentou na cama com os olhos arregalados.
   “Falaram o quê?”
   “Que você namorava esse cara, que todo mundo idolatrava...” – Niall nem sabia direito porque tinha entrado no assunto.
   “Foi só isso?” – Ela perguntou. – “Que Jones era idolatrado?”
   “Por quê? Tinha mais alguma coisa pra falarem?”
   “Não... Não...”
   “Por que vocês terminaram? O que houve?”
   Aquele assunto agora? Sério mesmo?
   “Ele foi embora...” – Ela respondeu, dando de ombros. Tudo o que não queria era se aprofundar na conversa. – “Por que foram falar dele pra você?” – estava odiando aquilo. Por que é que tinham falado de Danny? Ela havia se esquecido que Olly o conhecia... E que Jones vivia na JJJ.
   “Estavam me zuando... Que não era possível que eu estivesse com a ‘mina do Jones’!” – Niall imitou o jeito de falar dos amigos, parecendo desgostoso.
   “Isso é ridículo!” – bradou, brava. – “Não acredito que te falaram isso! Só pra começar, eu não sou a ‘mina do Jones’! Que babaquice! Que desnecessário!”
   O garoto sorriu para a indignação dela.
   “Eu nem sei por que toquei nesse assunto... Vem aqui de novo.”
   respirou fundo e se deitou. Mais silêncio.
   “Não faz diferença quem ele era, Niall... Eu tô feliz com você! Sou a garota do Horan agora!” – Falou, se virando para olhá-lo. Niall exibia um sorriso gigante.
   “É... Você é!” – Falou e ela virou o corpo para alcançar seus lábios (tendo um cuidado dobrado com o joelho ferrado).
   Foda-se o tal de Jones! Se ele tinha sido burro o suficiente para não estar ali naquele quarto, naquele momento, então nem era tão mito assim!

   e Jess estudavam na cozinha do terceiro andar; a primeira andava irritada e sem paciência desde a última festa.
   “ ! A folha de papel não é o Liam! Para de tacar a borracha nela desse jeito!” – Brincou, mas no fundo estava preocupada com a amiga. – “Já te falei pra desencanar desse assunto, ele gosta de você! Ele tá com você agora...”
   “Pode pegar pra você, se quiser. Eu era mais feliz quando minha maior preocupação eram as provas!”
   Jess deu uma risadinha e ergueu as sobrancelhas.
   “Você tá me dando o Liam? Tem certeza disso? Olha que eu pego pra mim mesmo, hein?”
   riu também.
   “Não, não to te dando nada! Esqueci que ele é seu muso!”
   “Agora já era, ! Vou aqui ligar pra ele e...” – Jéssica fingiu que ia ligar para Liam, mas parou em estado de horror quando o próprio entrou sorridente na cozinha. gargalhou. Era muito engraçado vê-la na presença do garoto... Parecia uma adolescente vendo um rapaz de boyband!
   “Olá, minhas queridas! Tão rindo de que?” – Liam acenou e foi até (que balançava a cabeça ainda rindo), dando um beijo nela. Depois parou com as mãos em seus ombros e sorriu abertamente para Jéssica. – “Hey, Jess! Você sumiu, menina!”
   Ela corou com o jeito afetuoso que Liam lhe dirigiu a palavra. Era meio ridículo ter um crush no namorado da melhor amiga, mesmo que ela parecesse levar na brincadeira. Sorriu e levantou o rosto para responder.
   “Tava com uns problemas em casa, mas agora já tá tudo bem.” – Falou. – “E, bom, a gente tava de férias. Graças a Deus!”
   Ele riu.
   “É verdade... E ainda bem que a nerdice de vocês foi interrompida nas férias! Senão eu matava as duas!” – Liam continuava fazendo massagem nos ombros de . – “Tá tão frio... Vamos tomar um chocolate quente?”
   ergueu a cabeça e sorriu.
   “Vamos!” – Depois olhou para Jess. – “Vamos, né?”
   Ela sorriu.
   “Claro!”
   “Eba!” – Liam comemorou. – “Vou só me agasalhar melhor! Me esperem aqui.” – Ele deu outro beijo em antes de sair.
   As duas ficaram encarando a porta quando o garoto saiu.
   “, a próxima vez que você ficar de graça achando que esse moleque não gosta de você, te dou uma livrada na cara!” – Jess disse, rindo e levantando um livro de teoria quase tão grosso quanto a Bíblia.
   arregalou os olhos.
   “Que horror, Jess!”
   “Se isso não é gostar de alguém, eu não sei o que é!” – A amiga falou apontando para a porta, por onde Liam tinha desaparecido.
   sorriu e abaixou os olhos para seu caderno, o corpo se aquecendo do coração para fora.

  Niall estava sentado na cafeteria com as costas apoiadas na parede e as pernas em cima do colo de . tomava café com eles, sentada de frente para o casal.
   “! A gente já tá quase no meio de fevereiro e você ainda não se inscreveu na academia! Você prometeu que ia esse ano, lembra?” – A amiga cobrou, assoprando o conteúdo de sua caneca.
   Niall soltou uma risadinha.
   “Eu vou! Te prometi que ia, mas é que tá tão frio...” – reclamou, se encolhendo.
   “Tá precisando mesmo, gordinha!” – Niall zombou, cutucando a garota na barriga.
   “AH É?” – Ela arregalou os olhos para ele, que gargalhou, enchendo a cafeteria com sua risada. – “Só eu, né?”
   “É, eu não preciso, não!” – Niall respondeu, colocando a língua pra fora e flexionando os braços.
   “Não, não precisa não! Palmito!” – zuou.
   “Falou aí o Mr. Músculo...” – soltou, tomando um pouco do seu café.
   “Covardia minha namorada e a melhor amiga se juntarem pra me esculachar! Eu tô em minoria!” – Niall resmungou. se virou para ele bruscamente, era a primeira vez que o garoto a chamava de namorada. Tinha sido tão natural, porém, que Niall continuou discutindo com como se nada tivesse acontecido. Ela queria gritar e pular em cima dele e enchê-lo de beijos, mas se contentou em continuar admirando-o com cara de apaixonada. – “E contundido!”
   “Oooh, coitado do irlandês contundido!” – disse, irônicamente. – “Aí mesmo que você tinha que fazer algum exercício... Ou fisioterapia!”
   “Tô fazendo fisioterapia... Quando eu lembro!”
   “Assim não vai sarar nunca!”
   Dani entrou na cafeteria e , que estava de frente para a porta, acenou para ela. A garota sorriu e fez seu pedido no balcão, indo se sentar ao lado de .
   “Que saudade de você!” – Ela falou, abraçando a recém-chegada. – “O que aconteceu com nossos almoços semanais?”
   “Meu doutorado aconteceu!” – Dani respondeu. Parecia mesmo muito cansada. – “ sabe... Tenho quase morado no laboratório! Estou saindo agora!”
   “Eu faço ideia! Mas tá tudo dando certo?” – perguntou.
   “Na medida do possível...” – A garota respondeu, dando de ombros. Se virou para a única presença masculina da mesa. – “E você deve ser o famoso Niall!”
   Tanto Niall quanto abriram um sorrisão.
   “É, sou eu! Prazer!” – Ele estendeu a mão, para cumprimentá-la. Dani sorriu. – “E você deve ser a Dani!”
   “Muito prazer!” – Respondeu, sorrindo para ele.
   A porta da cafeteria se abriu e quase engasgou. Liam vinha de mão dada com e Jess vinha atrás do casal. Antes que ela pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Niall levantou a mão e os chamou.
   “Eba! Reunião na cafeteria!” – Ele exclamou, animado.
   O clima de descontração, no entanto, se desfez assim que eles chegaram à mesa e viram Dani. fechou o sorriso quase imediatamente, meio derrotada, e folgou os dedos, esperando que Liam fosse soltar sua mão. O garoto, porém, continuou segurando-a do mesmo jeito.
   “Oi... Oi todo mundo!” – Ele disse, dando um oi geral, extremamente sem graça. Dani olhou para as mãos enlaçadas dos dois e abaixou a cabeça, quieta.
   “E aí, Payne?” – Niall perguntou, animado. Ele era péssimo para ligar nomes a pessoas e parecia imune ao desconforto da situação.
   “E aí, cara? E esse joelho?” – Liam falou, fingindo que ia bater no joelho do amigo, que puxou a perna.
   “Tá indo... Já tá doendo menos...” – Explicou. – “Mas traz essa mesa do lado pra cá! Senta aí, gente!” – Disse, para os três de pé.
   Jess e trocaram um olhar nervoso.
   “Hum... Nós vamos subir pra continuar estudando...” – Jess explicou, recebendo um sorriso de gratidão da amiga. – “Viemos buscar um chocolate quente pra tomar lá em cima...” – Mentiu e concordou com a cabeça.
   “Você vem?” – Ela perguntou baixinho para Liam.
   O garoto fez que sim com a cabeça e sorriu.
   “Vou, vou subir com vocês! Bom, até depois...” – Ele se despediu e as duas sorriram e acenaram, saindo da loja.
   Dani continuava estática, encarando sua caneca e parecendo triste. não sabia o que dizer a ela. Olhou para , que trazia a mesma expressão preocupada no rosto.
   “Precisamos armar alguém pra Jess...” – Niall soltou, ainda ignorando o climão. – “A coitada tá segurando vela!”
   virou a cabeça para ele, não conseguindo segurar a risada.
   “Ela não pode ser vela, mas eu posso, né Horan?”
   Niall percebeu que tinha falado bobeira e gargalhou.
   “A gente precisa arranjar alguém pra você também, !”
   Enquanto isso, ainda encarava a amiga a sua frente.
   “Dani...” – Chamou, querendo puxar conversa. A garota pareceu acordar de um transe e se levantou.
   “Preciso ir pra casa.” – Disse, de repente, fazendo até mesmo Niall parar de falar.
   “Dani, espera...” – tentou, mas a garota parecia não ser capaz de ouvir.
   “Até... Até depois...” – E saiu, o mais rápido que conseguiu.
   “Que merda!” – falou, soltando o ar.
   “Eu...” – começou.
   “Eu sei que você avisou, !” – a interrompeu. – “Mas eu continuo achando que não fiz nada errado. Liam tá feliz... E quem decidiu terminar foi ela.”
   “Ai, caramba!” – Niall falou, dando um tapa na testa quando finalmente entendeu. – “Ela é a ex do Liam, né? Po, desculpa...”
   “Não foi sua culpa...” – falou. – “Uma hora ia acontecer... Amanhã eu falo com ela!” Um silêncio chato se abateu sobre os três... Mas não durou muito.
   “Mas , diz aí, você quer que eu te arme pra quem? Eu conheço um monte de calouro... Tem que ser menor de 20 anos mesmo?” – Niall perguntou e riu, jogando um guardanapo nele.
   “Ridículo!”

   estava atrasada para a aula e ainda tinha que arrumar suas coisas com uma das mãos, pois a outra estava ocupada segurando o celular.
   “Mas e no sábado, que filmes de terror você quer assistir?” – Zayn perguntou, do outro lado da linha.
   “Sábado?”
   “É, é o que costumamos fazer quando estamos juntos no Dia dos Namorados, não?”
   colocou a pasta na cama e abriu a porta do quarto, desajeitada.
   “Zayn, eu vou sair com o Aidan sábado...” – Ela respondeu sem graça. Sabia que não havia motivos... Tinham passado os últimos anos separados e sem “comemorar” o Dia dos Namorados desse jeito. – “E, Malik, por favor! Como assim você não tem um encontro no sábado?”
   “Bom, você era prioridade...” – O garoto contou, deixando ainda mais sem graça. – “Mas nada que uns telefonemas não resolvam!”
   Ela riu, andando a passos largos pelo corredor e alcançando o elevador. Não havia mais ninguém ali, estava mesmo muito atrasada.
   “Não vai faltar mulher nessa universidade querendo sair com você no Dia dos Namorados! Aliás, você não me conta mais nada... Não tem nenhuma garota fixa?”
   Ele deu uma risadinha.
   “Não. Não tenho paciência pra esses mimimis...”
   “Que sensível, hein Malik?” – Os dois riram. – “Hey, você não devia estar no laboratório?”
   “Tô chegando! Você não deveria estar na aula?” – Zayn perguntou.
   “Deveria, mas você me atrasou!” – respondeu, andando tão rápido pela rua que chegava a estar ofegando.
   “Peraí então...” – Ele falou e desligou.
   Peraí então? Menino maluco! precisou diminuir a velocidade das passadas para não chegar morrendo ao prédio de Humanas. Ainda faltavam alguns quarteirões quando ouviu uma buzina. Zayn vinha em sua direção e parou o carro ao seu lado.
   “Entra aí, eu te levo!” – Disse, abrindo a porta do carona.
   “Mas seu laboratório é pro outro lado!” – Ela falou, entrando no carro.
   “ e Dani já estão acostumadas com o meu atraso...”
   riu e os dois foram para o prédio dela. Se despediram e ela correu para a sala, mas foi interrompida por Aidan, que vinha andando sozinho pelo corredor.
   “Você!” – Ele exclamou quando a avistou. – “Tava te procurando dentro da sala!”
   Ela deu um selinho no rapaz e sorriu.
   “Estou atrasada, acabei de chegar! Mas então? Você queria falar comigo?”
   Aidan abriu um sorrisão e , por alguns segundos, achou que ele falaria sobre os planos para sábado.
   “Vim te contar que passei no teste! Começo a ensaiar hoje a noite!”
   “Poxa, que legal! Sabia que você conseguiria!” – Ela respondeu, fazendo carinho nos braços dele. Ainda não sabia se estava realmente feliz ou não. Isso significaria que ele iria viajar com a peça, não era? – “E quais os planos para sábado?” – Perguntou. Queria mudar de assunto.
   “Hum... Tenho que ensaiar...” – Aidan começou, não foi mais capaz de manter o sorriso no rosto. – “Mas podemos fazer algo depois, combinado?”
   Ela fez que sim com a cabeça.
   “Bom, preciso entrar ou vou perder a chamada...”
   “Eu vou também! Te ligo a noite!” – Ele a abraçou e deu um selinho demorado na garota.
   observou enquanto Aidan ia para sua sala e soltou o ar pesadamente. Era bom que o garoto arranjasse mesmo algo incrível para os dois fazerem no sábado, porque via a magia que tinha percebido nele no começo desaparecer lentamente.

  Na terceira resposta atravessada de Dani para , até Zayn levantou a cabeça do artigo que estava lendo e franziu a testa. A garota parecia estar mal-humoradíssima naquela manhã e estava descontando na amiga.
   “Dani, qual o problema?” – Ela perguntou, quando se cansou daquela hostilidade toda. – “Você precisa de ajuda? Eu fiz alguma coisa de errado quando passei seus dados na estatística?” – tentava achar o motivo para aquelas reações.
   “Por que você não me contou? Por que você me deixou descobrir daquele jeito ontem?” – Danielle colocou para fora. Zayn olhava de uma para a outra parecendo perdido. Elas nunca brigavam e, na maioria das vezes, o irritavam tagarelando o dia todo! O que tinha acontecido?
   olhou para baixo, como se aquelas palavras a tivessem atingido. Pareciam fazer sentido para ela.
   “Dani, eu não sabia se você queria ou não saber sobre a vida de Liam!” – Respondeu, ainda sem olhá-la nos olhos. – “Você nunca mais falou dele... Achei que tivesse seguido em frente...”
   “A questão não é a forma como a informação me afetou. Liam está solteiro, pode fazer o que quiser da vida... Mas eu fui pega no susto, ! Sem saber o que dizer ou como reagir...” – Danielle parecia mesmo muito chateada.
   “Me desculpa, Dani! Me desculpa mesmo...” – A amiga se sentou ao seu lado. – “Eu estava pensando em como ia chegar ao assunto com você, eu tinha a intenção de te contar...”
   “Quem é ela? Desde quando eles estão juntos?” – Ela levantou a cabeça e seus olhos estavam marejados. coçou a nuca.
   “Ela se chama , mora no terceiro andar também...” – A garota contou e se encolheu involuntariamente. Mal sabia Dani que ela não só havia sido cúmplice, mas também quem começou tudo aquilo. – “Eles estão juntos desde...” – E então? Qual data diria? – “... Desde antes do Natal...”
   Dani fungou e limpou algumas lágrimas teimosas que caiam de seus olhos. Zayn continuava observando a cena, perplexo.
   “Hum... Bom, você teve tempo de me contar antes...” – Acusou.
   “Eu sei... Mas me desculpa, por favor...”
   Era uma situação complicada para . Não teria “feito mal” se ela tivesse contado, não afetaria Liam e . Mas era como se sua lealdade estivesse dividida... Era amiga de todos os envolvidos, independente dos diferentes tempos de amizade. Além do mais, ela não sabia como iria, de uma hora para outra, dizer “Então, Dani, Liam está com outra…”, quando a amiga se recusava a falar sobre ele.
   “Eu ainda gosto dele, sabe?” – Ela confessou, ainda tentando parar de chorar. – “Não do mesmo jeito de antes e eu sei que estamos separados por que eu quis, mas... Não sei, é uma sensação estranha... Como se eu o estivesse perdendo.”
   O nome disso era orgulho ferido, Zayn pensou. Mas resolveu que não ia se meter.
   a abraçou e afagou os cabelos de Danielle, que se deixou ser abraçada (o que devia ser um bom sinal).
   “Me desculpa de novo, Dani....” – Ela disse.
   “Tá tudo bem...” – A amiga respondeu. – “Vai passar... Eu nem devia estar me preocupando com isso. Não tenho tempo pra vida pessoal agora e foi esse um dos motivos para terminar com Liam...” – Dani falou, se soltando do abraço de e limpando suas lágrimas.
   “O que eu posso fazer por você? Pra te ajudar?” – falou, de um jeito culpado.
   Ela se levantou da cadeira e prendeu os cabelos.
   “Inventa uma boa desculpa pro Alexander... Vou trabalhar em casa hoje!” – Respondeu, juntando seus pertences. Não se passaram nem cinco minutos e Dani estava saindo do laboratório como um raio, carregando suas coisas.
   continuou fitando a porta, meio sem reação. Olhou então para Zayn, que tinha uma expressão confusa no rosto demonstrando bem o que ela própria estava sentindo. Ele deu de ombros numa resposta muda a uma pergunta que não precisou ser feita.
   Era por isso que não namorava... Garotas eram difíceis demais!

  “Você tá séria...” – Niall disse, mexendo no rádio do carro de . Ela o levava à fisioterapia após o dia de trabalho. – “O que houve? Foi alguma coisa que eu fiz?”
   Ela se virou para olhá-lo e sorriu, fazendo carinho em sua perna.
   “Claro que não! Eu só... Eu e Dani discutimos hoje de manhã por causa de ontem.”
   Niall franziu a testa.
   “Por que Liam está namorando a ? E ela brigou com você?”
   “Ela tava triste...”
   “Mas ela também não pode descontar em você...” – Niall comentou, dando de ombros.
   “Dani queria que eu tivesse contado antes, porque foi pega de surpresa... ela não está errada. Mas nós já estamos bem, eu só estou preocupada com ela...”
   Niall não respondeu e continuou mexendo no rádio. riu quando ele parou em uma rádio tocando Baby.
   “Olha, a música que eu toquei pra você!” – Ele disse, rindo.
   “Porra Niall!” – A garota tentava ficar séria. – “Ninguém na JJJ te zoa por você gostar disso?”
   “E você acha que eles sabem?” – Ele respondeu, colocando a língua para fora.
   “Bom saber! Já tenho com o que te chantagear!” – falou, lançando um olhar de esguelha para o garoto, que lhe deu um beijo na bochecha.
   “Mas falando de coisas importantes...” – Niall voltou a se sentar direito. – “Tem algum plano pra sábado?”
   queria mesmo saber aonde os dois iriam. Principalmente depois dele tê-la chamado de “namorada” no dia anterior.
   “Me diz você...” – A garota disse, sorrindo de lado.
   Niall se animou.
   “Então!” – Começou, tirando algo de seu bolso. – “Você sabia que esse fim de semana é carnaval no Brasil?”
   “Hum?”
   Ele passou um flyer para , que tentou olhá-lo rapidamente sem perder a atenção na rua.
   “Esse fim de semana é carnaval no Brasil e na república ao lado da JJJ tem uma brasileira! Então vai ter um Carnaval lá sábado! Nós vamos, né?”
   Não era bem isso que esperava para o Dia dos Namorados. Ela nem conseguiu fingir animação, mas forçou um sorriso para o garoto.
   “Claro! Se você quiser, nós vamos sim...”
   Ele comemorou e voltou a mexer no rádio. Chegaram à fisioterapia e parou o carro.
   “Precisa de ajuda pra entrar?” – Ela perguntou, se virando no banco e encostando a cabeça. Niall sorriu.
   “Não precisa, obrigado!” – Ele chegou perto e deu um beijo delicado nos lábios da garota, depois fez menção de dizer alguma coisa, mas mudou de opinião. Sorriu e se despediu dela. – “Te vejo depois?”
   “Vou estar aqui, perneta!” – brincou, os dois riram e ela continuou observando enquanto Niall entrava na clínica.
   Tudo bem. Se estivesse na companhia dele, sobreviveria sem uma noite romântica no Dia dos Namorados. E isso devia ser amor, né?

  Era tarde de quarta-feira, o que significava que Eleanor estava trabalhando na loja de e contava a ela sobre os planos para o fim de semana.
   “PARIS?” – exclamou, quase caindo da cadeira. – “Você e Tomlinson vão para Paris?”
   El fez que sim com a cabeça, sem conseguir fechar um sorriso que parecia estar sendo mantido por um cabide.
   “Não é nada glamouroso, nem nada, porque somos universitários falidos, você sabe!” – Explicou. – “Vamos na sexta à noite até Londres e pegamos o Eurostar. Vamos ficar num hotelzinho barato, nada muito chique...”
   “Mas é Paris, Eleanor! Me deixa ter inveja de vocês dois em paz!” – As duas riram, El parecia flutuar. – “E a Lottie? Como vocês vão despistar a sarninha?”
   “Não fala assim dela!” – A amiga falou, mas ainda ria. – “Ela vai voltar pra Doncaster, ver o mocinho dela.”
   “Menos mal...” – falou, parando com o rosto apoiado nas mãos. – “Ai, que saudade de Paris!”
   Eleanor saiu para o depósito, deixando-a perdida em pensamentos. Alguém tossiu na entrada da loja, um homem, e por alguns segundos achou que era Harry. Mas era um de seus fornecedores de tecido, Matthew.
   “Oi Matthew, como vai?” – Ela perguntou, se endireitando na cadeira.
   “Tudo ótimo e você?” – O rapaz sorriu, todo simpático. o analisou, enquanto o ouvia discursar sobre as novidades que tinha, tentando ser o mais discreta possível. Matthew era um rapaz alto e era possível perceber os músculos definidos de seu braço através da camisa que usava, cabelos negros e grandes olhos azuis. Na verdade, era muito atraente, mas ela nunca parecia ter reparado. Estava sempre tão bitolada em trabalho! – “E então, o que vai ser essa semana?”
   acordou de seu transe.
   “Desculpa Matt, estava distraída! Mas acho que vou querer os mesmos de sempre, e um rolo desse novo que você falou aí!” – Falou, sorrindo meio de lado e jogando um charme enquanto escrevia em sua agenda.
   O rapaz anotou o pedido sorrindo também e então partiu para o papo furado. Já era de praxe que ele tentasse chamá-la para sair, mas nessa semana parecia que a resposta seria diferente.
   “E então? Como passou a semana?”
   “Tudo certo e você?” – respondeu, voltando a apoiar o rosto nas mãos. – “Senta, você deve estar cansado... Quer água, café?”
   Matthew começou a reparar algo de diferente no tratamento que estava recebendo.
   “Não, não, tudo bem! Mas quem sabe você não queira ir tomar um café comigo outra hora? Jantar talvez?”
   levantou as sobrancelhas.
   “Não seria uma má ideia... Quando?”
   Era a primeira vez que ela não sorria e abanava com as mãos, dizendo “Ando tão ocupada, Matt!”.
   “Como está essa sua agenda lotada no sábado?” – Matthew mordeu os lábios. – “Acha que pode arranjar um horário pra mim?”
   “Posso tentar...” – Ela respondeu. – “Você me liga?”
   Matthew abriu um sorriso enorme e tamborilou com os dedos em seu iPad.
   “Claro! Melhor, eu passo te pegar às 8h, ok?” – Ela fez que sim com a cabeça, sorrindo. – “Até sábado então...”
   “Até sábado, Matt!” – acenou, enquanto ele saia todo feliz da loja.
   Assim que o rapaz saiu, a garota voltou os olhos para sua agenda, anotando seu encontro. Talvez fosse a invejinha que sentiu de El que a levou a agir daquele jeito, talvez fosse a carência ou até mesmo uma tentativa de fuga de seu cérebro. Ela estava desesperada para se livrar das lembranças de Harry, desesperada por um novo começo! Manhã de sexta feira era o período em que mais salas tinham o horário livre (porque obviamente ninguém queria sair quinta feira e ainda ter que ir para a aula na manhã seguinte!). Porém, a essa altura do ano letivo, isso significava salas vazias e biblioteca cheia. e Jessica, como de costume, ocupavam umas das mesas.
   olhava para todas suas anotações e cada vez mais percebia que aquilo definitivamente não a fazia feliz. Mas o que a fazia feliz então? Além de Liam e as meninas, é claro. Ela não queria ir embora, isso estava fora de questão, também não sabia se era possível trocar de curso, mas manter a bolsa de estudos que recebia. E, se pudesse, para que curso se transferiria? A garota abriu a boca uma ou duas vezes para colocar seus pensamentos em palavras para Jess, mas não conseguiu. E, pra seu alívio, logo ouviu uma voz conhecida.
   “Sabiiiia que encontraria as duas aqui!” – Niall comemorou e, sem nem perguntar, jogou suas coisas na mesa e se sentou com elas. – “Josh! JOSH! Aqui, cara!”
   Metade dos presentes lançaram olhares raivosos para Niall e sua gritaria. Um garoto de cabelo preto, sorridente e com os cabelos arrepiados apareceu por entre as prateleiras de livros e foi se sentar com os três.
   “Você é muito folgado, Horan!” – Jess brincou, puxando suas coisas para caber as coisas dos dois recém-chegados na mesa também. – “Quem disse que a gente deixou vocês se sentarem aqui?”
   “Qual é, Jess! Eu sempre abuso da nerdeza de vocês pra ter onde sentar na biblioteca!” – Ele respondeu, piscando. – “A propósito, esse é o Josh, meu colega de sala. Ele toca violão, canta e compõe!” – Niall contou, olhando diretamente para Jéssica. – “Josh, essa é a Jess!”
   O garoto sorriu tímido, cumprimentando-a.
   “Você escreve? Que legal!” – falou, puxando papo. Não queria mesmo estudar e tinha pego no ar a intenção “Operação: Cupido” do amigo. Na verdade, Niall não conseguia esconder muito. Josh coçou a nuca.
   “Eu escrevo um pouco, nada muito genial como o Niall fez parecer...” – Ele riu e as meninas o acompanharam. – “E canto também, tô procurando uma banda!”
   “Você toca também, não toca, Niall? Deviam formar uma banda juntos...” – Jess sugeriu.
   “Não tenho essa ambição...” – O garoto respondeu. – “Mas, hey, o que vocês vão fazer sábado? Vamos na Festa da brasileira do lado de casa? Carnaval!” – Ele contou, animadíssimo. – “Você vai, né Josh?”
   “Vou, vou sim!” – O garoto confirmou com a cabeça.
   “Jess? ? Chama o Liam!” – Niall se virou para as duas.
   “Niall! Você tem problema? Você vai numa festa no Dia dos Namorados? O que a falou disso?” – perguntou, franzindo a testa.
   O queixo de Niall caiu, em choque. Isso explicava porque a garota não parecia ter transbordado felicidade quando ele falou da festa. Que burro!
   “Eu não lembrei! Porra, gente, é a primeira vez que eu namoro! Nunca comemorei isso!”
   Os outros três riram.
   “Então eu acho bom você se lembrar até amanhã e planejar algo!” – aconselhou.
   “O que você e Liam vão fazer?” – Niall quis saber, desesperado por ideias.
   deu de ombros.
   “Nem ideia... Ele não quis me contar.”
   “Merda!” – Xingou o garoto.
   “Bom, acho que vamos só nós mesmo na festa, Jessica!” – Josh comentou, sorrindo e fazendo-a sorrir também.
   “Eu não saio muito, mas quem sabe...” – Ela respondeu.
   Niall e trocaram um olhar de aprovação. Só precisavam tirar Jéssica de casa agora.

   estava sentada em sua cama aguardando Aidan ligar avisando que tinha saído do ensaio e que estava indo buscá-la. O corredor estava silencioso: Louis, maior propagador de barulho, tinha ido com Eleanor para Paris no dia anterior; Liam e tinham ido jantar juntos e estava se arrumando para sair com Niall.
   O tempo passava, porém, e nada de noticias do garoto. Ela ouviu sair falando com Niall no telefone, ouviu alguém passar pelo corredor tempos depois, mas não reconheceu quem era, e quando estava cansada de esperar resolveu ela mesma ligar para Aidan.
   “Oi!” – Falou, assim que ele atendeu (então ele não estava ensaiando mais, certo?).
   “Oi ! Já ia te ligar, tudo bom?”
   “Tudo, e você? Onde você tá?” – A garota precisou tampar o ouvido livre para ouvi-lo.
   “Então, o ensaio vai terminar tarde hoje. Estamos comendo uma pizza, pra dar um intervalo...”
   “Entendi...” – Ela não estava nada, NADA feliz. – “Mas você ainda vai passar aqui e me levar pra sair, né?”
   “Hum... Não sei se vai dar... Você quer vir pra cá assistir o ensaio?”
   Claro que ela não queria! Queria fazer um programa romântico como Louis e Eleanor e e Liam! Aidan não tinha mesmo preparado nada?
   “Não sei, Aidan, não sei...” – Ela respondeu, desanimada.
   “O que você tem?”
   “Nada, só achei que nós faríamos algo juntos hoje...” – reclamou, uma ardência chata nos olhos que só podiam significar que ela estava segurando o choro.
   “A gente fica junto amanhã, prometo!” – Aidan respondeu, meio tentanto contornar a situação. – “O seu pessoal não vai numa festa hoje? Vai com eles!”
   “Não, Aidan, o meu pessoal não vai à festa nenhuma... Estão todos ocupados com o Dia dos Namorados!”
   “Ah, então é isso?”
   fungou.
   “É, é sim...” – Confessou. Achando que agora sim ele entenderia e mudaria de ideia.
   “, nós não temos que comemorar essa data, porque todo mundo ta comemorando! Nós nem somos namorados oficialmente e...”
   Aquela a pegou em cheio. Então eles eram o que? Friends with benefits? Porque ela certamente não estava ficando com mais ninguém... Ele estava?
   “Ah, obrigada por esclarecer isso. Eu estava entendendo a nossa situação toda errada então!” – Respondeu, brava. – “Bom ensaio pra você!” – Falou e desligou o celular na cara do garoto, apertando o aparelho na mão e se controlando para não atirá-lo na parede.
   Aidan ligou de novo, mas ela não atendeu. Não queria mais falar com o rapaz. E, para falar bem a verdade, estava morrendo de medo que ele dissesse que eles deviam terminar (terminar o que não sabia, afinal não estavam namorando) porque estavam em páginas diferentes. O celular vibrou mais uma vez. Nova mensagem.
   ! Você pode me atender, por favor?”
   “A gente conversa amanhã, Aidan. Você tá muito ocupado hoje, de qualquer forma.”

   Respondeu e desligou o celular. Olhou em volta e foi envolvida pelo silêncio. Não havia ninguém pra quem ela pudesse correr. As meninas estavam todas com seus respectivos namorados, tendo provavelmente a noite mais mulherzinha do ano, da qual todas elas falariam no dia seguinte. Sua alternativa era ficar sozinha no quarto.
   Bom, na verdade... Havia alguém...

  “Liam, eu odeio andar sem ver onde eu tô pisando! Você pode, por favor, tirar essa venda do meu rosto?” – ralhou, fazendo Liam gargalhar.
   “E você pode, por favor, deixar de ser tão ansiosa! Tá chegando! Cuidados com os degraus!”
   O garoto a guiava pelas mãos e ela ia subindo só Deus sabe para onde. Andaram mais um pouco em um solo plano e depois mais um lance de escadas.
   Quando pareciam ter chegado, Liam soltou a mão dela, ficou em sua frente e desamarrou a venda. piscou algumas vezes para acostumar seus olhos, o lugar não estava muito iluminado. A primeira coisa que viu foram os olhos castanhos de Liam, encarando-a com ansiedade sobre o que ela ia achar. Nem importava muito onde estavam, estava com ele e só este pequeno fato já a fazia extremamente feliz!
   Ela olhou em volta, ainda sem ter ideia de onde estavam. O teto era rebaixado e todo de madeira. Havia um balde com gelo e champagne sobre um lençol no chão à esquerda e uma variedade de comida também. Antes que pudesse indagar, porém, Liam segurou suas duas mãos mais uma vez e as colocou em seus ombros. Segurando-a pela cintura, a puxou para mais perto e uma musica conhecida começou a tocar no fundo (Coloquem You make it real para tocar).

  “There's so much craziness surrounding me
   There's so much going on, It gets hard to breathe
   When all my faith has gone, you bring it back to me
   You make it real for me
   When I'm not sure of my priorities
   When I've lost sight of where I'm meant to be
   Like holy water washing over me
   You make it real for me…”

  “Achei que seria legal sair pra dança com você. Você se lembra que nós dançamos juntos no Halloween?”
   sorriu, claro que se lembrava!
   “E como eu poderia me esquecer, se foi quando você segurou minha mão pra me puxar pra pista que eu comecei a perceber que eu não queria que você me largasse mais?”
   Liam chegou mais perto e deu um selinho demorado na garota.
   “Talvez eu tenha demorado um pouco mais...” – Ele falou. – “Talvez eu não estivesse prestando atenção ao que eu estava sentindo... Talvez eu tivesse medo de voltar a sentir tudo isso...”
   “Não tem mais?” – perguntou, o estudando com cuidado. Liam fez que não com a cabeça.

  “… And I
   I'm running to you baby
   You are the only one who saved me
   That's why I've been missing you lately
   Cause you make it real for me
   When my head is strong, but my heart is weak
   I'm full of arrogance and uncertainty
   But I can't find the words you teach my heart to speak
   You make it real for me…”

  “Não tenho que ter medo, a vida não é uma ciência exata. Não é porque deu errado uma vez, que nunca vai dar certo.”
   “E eu? Preciso ter medo?” – continuava olhando para ele como se as respostas estivessem mais em suas expressões faciais do que em suas palavras. Mas Liam a encarava com total certeza de tudo que estava dizendo.
   “Não. Eu não quero nunca te machucar como me machucaram. Eu não vou fazer isso!”
   A garota mordeu os lábios, aquilo era tudo o que ela precisava ouvir. Era o todo o peso que vinha carregando, todas as dúvidas e o medo dele ter uma recaída saindo de suas costas. Sorriu para a música. A conhecia, conhecia a letra... Ele também tornava TUDO real para ela!
   “E eu também não vou te machucar! Eu vou ficar aqui com você... vou cuidar das feridas abertas, vou cuidar de tudo!” – Ela deu um passo para frente e passou os braços em volta do pescoço do garoto, encostando seus lábios nos de Liam.
   Ele sabia que era verdade e se sentia tão feliz! Era tão bom sentir tudo de novo, poder se entregar de novo e amar alguém de novo! No fim, Dani estava certa. Ele precisava de alguém que fosse amá-lo na mesma medida. Nem mais, nem mais... Sem sobras, sem faltas...

  “… And I
   I'm running to you baby
   Cause you are the only one who saved me
   That's why I've been missing you lately
   Cause you make it real for me
   Oh, everybody's talking in words I don't understand
   You've got to be the only one who knows just who I am
   You shout it in the distance, I hope I can make it through
   Because the only place I want to be is right back home with you…”

  Quando se separaram, abriu os olhos e mais uma vez se pegou olhando para o lugar onde estavam.
   “Afinal, onde é que nós estamos?”
   “No sótão da casa da .”
   “ONDE?” – A garota riu ao ouvir a resposta.
   “Bom, eu queria um lugar onde pudéssemos ser só nós dois e nós pudéssemos dançar, comer, ficar juntos... Pensei em um parque, mas nesse frio... Impossível! Aí me lembrei que é a pessoa que eu conheço que mora há mais tempo aqui... Então fui perguntar. Ela não sabia, mas falou que me emprestava o sótão... O que você achou?” – Liam contou e perguntou, ansioso.
   nem sabia o que dizer... Era tudo perfeito... As luzinhas pisca-pisca que serviam como iluminação, a música, o espacinho para eles comerem.
   “Você é incrível! Você é maravilhoso!” – Ela disse, por fim. Incapaz de expressar exatamente o quão maravilhada estava.

  “… I guess there's so much more
   I have to learn
   But if you're here with me
   I know which way to turn
   You always give me somewhere,
   somewhere I can run
   You make it real for me…”

  “Não. Você é que é incrível!” – Liam respondeu, passando seu nariz delicadamente pelo nariz da namorada. – “Você me salvou! Você me trouxe de volta!”
   “Eu precisava de você... Iria te buscar em qualquer lugar que você estivesse!” – falou e os dois riram e se beijaram mais uma vez.
   A música seguinte era mais animada e então eles puderam dançar exatamente como na primeira vez no Wonderland. Aquele era a noite perfeita para os dois, tudo o que precisavam naquele momento era um do outro.

  “And I
   I'm running to you baby
   Cause you are the only one who saved me
   That's why I've been missing you lately
   Cause you make it real for me
   You make it real for me.”

   bateu na porta, ainda fungando e apertando os braços contra o corpo. Estava muito frio! Zayn abriu e arregalou os olhos ao vê-la.
   “! O que aconteceu?” – Ele perguntou preocupado, a colocando para dentro.
   “Eu... Briguei com o Aidan.” – Falou, entrando e enxugando suas lágrimas. O garoto fechou a cara.
   “O que ele fez?” – Perguntou, conduzindo-a até o sofá, onde ela se sentou. Zayn se ajoelhou em sua frente, como um pai conversando com sua filhinha.
   “Resolveu me contar bem hoje que nós não estamos namorando, nem nada do tipo pra fazermos algo junto no Dia dos Namorados.”
   Zayn fez um barulhinho de impaciência.
   “Por isso odeio essa data! Você, mulheres, sempre esperam demais!”
   “Zayn, será que você pode não ser escroto por 5 segundos?” – gritou, assustando-o. – “Tô aqui na maior fossa e você quer ficar aí com seu papinho de macho alfa?”
   Ele fez que sim com a cabeça.
   “Me desculpa. Mas então... Ele te disse isso e daí?”
   “E daí que foi isso, oras... Ah, quer saber? Esquece...” – Ela falou, limpando as lágrimas e se levantando para ir embora. Precisava de uma das garotas, não dele. Zayn se levantou também.
   “Quê?! Onde você vai?”
   “Embora... Você não quer ouvir essa baboseira e tem um encontro daqui a pouco. Nem sei o que eu vim fazer aqui!”
   Ele deu dois passos largos e alcançou.
   “Larga de ser ridícula! Pega o edredom e se cobre, você tá gelada. Eu vou dar um telefonema e volto pra preparar um chá pra gente.” – Zayn foi dizendo, forçando-a de volta para a sala.
   O garoto saiu em direção ao quarto, pegando o celular no bolso traseiro da calça. se sentou no sofá novamente e puxou o edredom para o colo. Sorriu sozinha para a sala. Era engraçado como qualquer que fosse o problema, sempre podia contar com ele. Mesmo se eles quase se matassem antes!
   Mas a garota não podia de deixar de sentir pena da coitada que ficaria sem o encontro com Zayn naquela noite. Provavelmente seria tão ruim quanto ela estava se sentindo... Quase sentiu remorso, mas se lembrou que ele nunca pegava ninguém decente mesmo...
   “Pronto.” – Zayn falou, desligando o celular sem nenhuma sombra de desapontamento. – “O que você quer assistir?”
   “Qualquer coisa de terror! Com muito sangue, zumbis e sem nenhum pingo de amor!” – respondeu, fazendo-o rir. O garoto se agachou e pegou uma coleção de DVDs embaixo da TV.
   “Escolhe aí enquanto eu faço o chá!”
   espalhou os DVDs pelo sofá, tentando escolher. De lá da cozinha, ouviu Zayn cantarolando alguma coisa e sorriu. Adorava a voz dele!
   “Quando é o próximo show?” – Perguntou.
   “Não sei... Março, talvez... Preciso olhar depois. Você vai, né?”
   Ele SEMPRE fazia questão da presença dela.
   “Claro, Malik!”
   Zayn apareceu no balcão estilo americano, que separava a cozinha da sala. Ficou alguns segundos observando ler o resumo dos filmes atrás da capa dos DVDs. Não ficava a vontade assim com nenhuma outra garota e era bem por isso que não namorava. Além de tudo, não podia imaginar a ideia de ter alguém dizendo a ele para não se encontrar mais com a amiga por ciúmes ou algo do tipo. era mais importante do que todas elas.
   A intensidade com que esse pensamento surgiu em sua cabeça o assustou. A felicidade que estava sentindo por tê-la ali também.

   tentava ligar para o celular de Niall, mas só dava caixa postal. Ela já não queria ir na maldita festa, ficar brincando de esconde-esconde com ele não estava ajudando. Assim que chegou na JJJ, os meninos disseram que ele tinha ido até seu quarto. Não o encontrou pela rua, não o viu no elevador, era muito pouco provável que estivesse lá. Bufou, andando pelo corredor, mexendo nos cabelos para que continuassem ondulados e xingando mentalmente o salto da bota que usava. Era por isso que o Carnaval era no Brasil! Porque lá não era inverno, pensou com raiva. Tirou a chave da bolsa e abriu a porta falando palavrões baixinho. Assim que entrou em seu quarto, porém, deixou a bolsa e a chave caírem no chão.
   Niall estava sentado bem no meio de sua cama. Violão no colo, boné para trás e ela riu ao ver que ele usava o terno do réveillon. Ele levantou a cabeça ao ouví-la e abriu seu sorrisão. Aquele que já não sabia mais viver sem, que fazia tudo ficar bem.
   “Me disseram uma vez que calça jeans e boné pra trás não servem pra festas chiques... Achei melhor usar um terno.” – O garoto disse, dando uma risadinha e a fazendo rir também.
   “Você é a pessoa mais linda desse mundo!” – exclamou, indo até ele. Niall se ajoelhou na cama e foi encontrá-la. Os dois se abraçaram e ela distribuiu beijinhos por todo o rosto do garoto.
   “Não, eu sou retardado! Me esqueci do Dia dos Namorados...” – Ele contou, a abraçando pela cintura. – “Não deu tempo de preparar nada elaborado, mas tenho uma coisa pra você!” – Falou, enquanto tirava o boné e bagunçava os cabelos, era uma mania que tinha.
   “Achei que o presente fosse você de terno!” – brincou, fazendo-o rir.
   “O presente sou eu sem o terno!” – Ele respondeu, levantando uma das sobrancelhas e os dois gargalharam de novo.
   deu mais um beijinho em seus lábios. Niall fez sinal para que ela se sentasse na cama. Ela tirou as botas e fez o que ele pedia, o garoto foi até a escrivaninha para tirar o paletó e a gravata. Se sentou de novo de frente para a namorada e colocou o violão no colo.
   “Uma vez você me disse que aprender uma música dos Beatles não era um dos seus pedidos, era você me fazendo um favor... E, bom, obviamente você estava certa!” – Ele disse, dedilhando o violão e olhando onde seus dedos estavam. Depois levantou a cabeça para encará-la. – “Não sei se contei na época, mas ouvi um balde de músicas até decidir qual eu iria tocar. Porque significava que eu ia dizer pra você tudo o que eu tava sentindo naquele momento, que me fazia lembrar de você! E mesmo agora, ela ainda expressa tudo o que eu tô sentindo!” – Niall sorriu, fez o mesmo. – “Eu já te disse uma vez qual música eu aprendi, mas nunca tive chance de tocar ela pra você... E já que eu não comprei um presente...” – Finalizou, sorrindo. não conseguia tirar os olhos dele, não conseguia parar de sorrir, de sentir seu coração flutuando. Ele tossiu para limpar a voz (Coloquem Something para tocar).

  “Something in the way she moves
   Attracts me like no other lover
   Something in the way she woos me
   I don’t wanna leave her now,
   You know I believe and how!”

  Ele ia cantando baixinho e tocando o violão todo sério e concentrado. estava dividida entre querer ouvir a música toda e jogar o violão pela janela, já que era o instrumento que os separava. Nem se lembrava mais como era bom e arrebatador gostar tanto de alguém. Ela poderia passar a vida sentada naquela cama, se Niall continuasse tocando.
   O garoto, por sua vez, estava tão nervoso que temia esquecer a letra ou um dos acordes pelo caminho. Mas era quando tirava os olhos do violão e via seu sorriso e como os olhos dela brilhavam que tudo valia a pena. Não só o dia de hoje, mas tudo o que tinha acontecido até chegarem àquele momento. Pensando um pouco, ele tinha visto algo a mais nela desde a primeira festa. Aquela na JJJ em que foi expulsa da república em que morava e foi até lá ajudá-la. Tudo o que veio depois foi apenas consequência.

  “Somewhere in her smile, she knows
   that I don’t need no other lover
   Something in her style that shows me
   I don’t wanna leave her now,
   You know I believe and how!”

  Era oficial! estava completamente e irremediavelmente apaixonada por ele, por cada detalhe, por cada característica de sua personalidade, por ele ter se preocupado em preparar algo quando percebeu que tinha esquecido o Dia dos Namorados, estava apaixonada até mesmo por ele ter esquecido o Dia dos Namorados, por estar cantando Beatles, pelo modo como a olhava quando a música fazia sentido para os dois.

  “You’re asking me will my love grow? I don’t know, I don’t know
   You stick around and it may show. I don’t know, I don’t know…”

  Niall encolhia os ombros quando dizia “I don’t know”, fazendo rir. A garota mordeu os lábios, esperando para que a música acabasse e ela pudesse beijá-lo finalmente.
   Talvez fosse o simples fato de que, em sua cabeça, aquela noite seria sobre se divertir e rir com o namorado e de repente ele estava ali sendo incrivelmente romântico que fazia tudo ainda mais perfeito para ela. Era o tal do fator surpresa. Ela tinha sido surpreendida da melhor maneira possível!

  “Something in the way she knows
   and all I have to do is think of her
   something in the things she shows me

  I don’t wanna leave her now,
   You know I believe and how!”

  Quando a música acabou, Niall levantou o rosto e arqueou as sobrancelhas numa indagação muda sobre o que ela tinha achado. não respondeu. Se levantou e gentilmente tirou o violão de seu colo e o colocou no chão. Voltou para a cama ainda em silêncio e quando o garoto ia abrir a boca para dizer algo, ela o beijou. Um beijo devagar, um beijo sem pressa nenhuma de acabar, um beijo tão doce e delicado quanto aquele momento. Niall a abraçou pela cintura e se arqueou para trás, deitando na cama e a trazendo com ele. se levantou para tirar o casaco e se deitou novamente sobre ele voltando a beijá-lo.
   “Como tá o seu joelho?” – Ela perguntou, entre um beijo e outro.
   Niall segurou-a pela cintura mais uma vez e fez com que ela rolasse para o lado, até ficar com as costas no colchão. Deitou-se sobre ela, distribuindo beijos por toda a área de seu pescoço, começava a achar que precisava de mais pele descoberta por ali. Sorriu de lado, enquanto uma de suas mãos passeava pela barriga de por dentro da blusa, fazendo com que a peça de roupa subisse.
   “Que joelho?” – Respondeu, quando já nem se lembrava mais qual tinha sido a pergunta. A garota tinha uma das mãos ocupadas desabotoando a camisa de Niall e a outra acariciava a parte de baixo dos cabelos dele, perto da nuca.
   E foi quando estavam parcialmente sem roupa que ela se deu conta de que seria a primeira vez que transaria com alguém que não era Danny. Por um momento achou que ia surtar! E se ela não soubesse fazer “de outro jeito”? E se Niall não gostasse? E se ela fosse completamente desastrada ou parecesse não saber o que estava fazendo? Era ridículo ter esses pensamentos como se fosse sua primeira vez de verdade, mas não conseguia parar.

  “… And it's hard to love again,
   When the only way it's been,
   When the only love you knew,
   Just walked away...
   If it's something that you want,
   Darling you don't have to run,
   You don't have to go...

  Just stay with me, baby stay with me…”

  Porém, alguns itens foram cortados da lista de preocupações quando Niall demorou um tempo consideravelmente grande para desabotoar a calça dela e tirá-la. Ele também teve problemas com a própria calça, pois ao contrário do que tinha dito, estava sim sentindo o joelho. não conseguiu se segurar e riu, tampando o rosto com as mãos. Ele ria também, meio sem graça, sentado na beira da cama.
   “Volta aqui, Horan!” – Falou ternamente, puxando-o de volta para cima dela.
   Antes de voltar a beijá-la, Niall se apoiou nos cotovelos e a encarou, mexendo em seu cabelo espalhado pelo travesseiro.
   “Eu... Eu acho que amo você!” – Falou, nervoso.
   TUDO, tudo nele era irresistivelmente encantador! Tudo tinha esse ar de inocente e de espontâneo. Era impossível não se apaixonar, não se envolver! Niall, por sua vez, estava realmente incerto se a amava ou não. Simplesmente porque nunca tinha sentido nada parecido antes, não tinha com o que comparar.
   levou uma das mãos ao rosto do garoto e fez carinho em sua bochecha, sorrindo.
   “Eu também acho que te amo. E acho que você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida nos últimos tempos, acho que nem lembro quando me senti tão bem assim e acho que cada dia gosto mais de estar com você e...”
   Niall a interrompeu e a beijou, um pouco mais intensamente do que antes. Não havia mais nada a ser dito, não havia mais paranoias bobas... Havia o que estavam sentindo e havia a química e a atração física que tinham desde sempre. Era suficiente. Perfeitamente suficiente.

  “Well, I'm not sure what this is gonna be,
   But with my eyes closed all I see
   Is the skyline, through the window,
   The moon above you and the streets below.
   Hold my breath as you're moving in,
   Taste your lips and feel your skin.
   When the time comes, baby don't run, just kiss me slowly…”

   (Kiss me slowly – Parachute)

Capítulo 15 - The guy who turned her down

  [Coloquem para carregar: Laura Welsh – Hollow Drum]

   chegou ao terceiro andar e tirava as luvas quando percebeu que havia alguém parado no corredor. Aidan estava encostado em sua porta e mexia no celular com uma expressão séria. Levantou o rosto ao perceber os passos e guardou o aparelho no bolso.
   “Onde você tava?” – Ele perguntou, parecendo preocupado. Era manhã de domingo e só agora ela estava voltando.
   “Na casa do Zayn...” – respondeu, sem emoção na voz. Passou por ele e tirou a chave da bolsa.
   “Zayn? Quem é Zayn?” – Aidan parou ao seu lado, tentando fazê-la olhá-lo nos olhos. – “Como assim você passou a noite na casa de um cara?”
   “É o meu melhor amigo. Apresentei vocês na festa, lembra?” – se virou para o rapaz, sem se dar ao trabalho de alterar seu tom de voz. A noite anterior tinha sido agradável demais para que se sentisse culpada. Não era a vilã dessa história! – “Minha outra opção era ficar sozinha no meu quarto...” – Continuou, levantando as sobrancelhas.
   Ela fez menção de abrir a porta e deixá-lo falando sozinho, mas Aidan segurou em sua mão.
   “... Me desculpa por ontem, por favor!” – Falou, conseguindo fazer com que ela o olhasse finalmente. Tentou transmitir o quanto se sentia mal pelo que tinha feito na troca de olhares. A garota desistiu de entrar no quarto e pela primeira vez baixou a guarda.
   “Você não tem que se desculpar.” – Ela disse com a voz triste, cruzando os braços e encarando o chão. – “Se você não acha que nós estamos juntos, a culpa é minha por ter entendido errado. Eu só te peço pra me deixar sozinha... Eu não vou saber fazer do seu jeito, já me envolvi demais!”
   “Não! Não, !” – Aidan chegou mais perto, segurando seus braços para que ela os descruzasse. – “Eu... Eu quis dizer uma coisa e acabou soando como outra e depois você desligou o celular e eu precisei voltar pro teatro... Enfim... Eu não quis dizer que não levo a sério o que nós temos!” – Ele explicou, chegando ainda mais perto e segurando as duas mãos dela. – “Eu adoro o que nós temos e quero continuar com você. Só achei que não fossemos o tipo de casal convencional, que faz esse tipo de programa e comemora esse tipo de data! Foi isso o que eu quis dizer!”
   fungou, tentando não chorar de novo.
   “Eu sou uma garota, Aidan! É claro que eu quero comemorar o Dia dos Namorados. Principalmente quando eu acho que estou namorando...”
   “E se é isso que você quer, então nós estamos!” – Ele disse, tirando a franja dos olhos dela e segurando seu queixo para que ela levantasse a cabeça e o encarasse. – “Hey... Você lembra que eu te disse que você era especial? O tipo de garota que não se pode deixar passar?” – fez que sim com a cabeça. – “Eu estava falando sério! Eu não vou te perder de bobeira, tá me entendendo?” – Aidan falou, abrindo um sorriso e recebendo outro de volta.
   Ele se aproximou mais e deu um selinho demorado nos lábios dela. o abraçou e fez com que o selinho se transformasse em um beijo de verdade. Sentia-se bem em tê-lo de volta. Tinha passado todo esse tempo tentando convencer a si mesma de que não precisava dele ou de um namorado ou de qualquer um... Mas agora se sentia tão aliviada de terem resolvido tudo, que o mero pensamento de que era melhor mesmo se não ficassem juntos parecia ridículo!
   “Pronto! Assim que eu gosto” – Aidan disse, dando um beijinho delicado em sua bochecha. – “Estamos bem?”
   “Estamos...” – respondeu sorrindo e fazendo carinho em seu cabelo.
   “Que bom... Porque tenho uma surpresa pra você no meu quarto. Ainda dá tempo de comemorar o Dia dos Namorados?” – Ele perguntou e a garota deixou seu queixo cair ao ouvir aquilo, fazendo-o rir. – “Vem!”
   Aidan a puxou para o elevador, em direção ao seu andar. o seguiu, quase flutuando pelo caminho. O que será que ele tinha aprontado? Mal podia esperar!
   Estava tão fora do ar que nem viu a mensagem de Zayn dizendo que, se precisasse, ela poderia passar a tarde lá na casa dele de novo.

  Março chegou com a promessa do começo da primavera no final do mês. Estava tão frio, porém, que temperaturas mais quentes pareciam um sonho distante. E era por causa do frio que e Niall ainda estavam na cama naquela tarde de sábado. A garota estava sentada em meio aos muitos edredons, digitando o que era o seu arquivo “dissertacao1.docx”, dos muitos “dissertação.docx” que ainda viriam após as correções de Alexander.
   Era engraçado pensar que em alguns meses defenderia seu mestrado e voltaria para casa, como era o combinado com sua mãe. Tinha estado lá no ultimo fim de semana e, apesar de tudo parecer bem com todo mundo, ela não pode deixar de se sentir estranhamente perdida sem Niall a rodeando pela casa. E, bom, isso era um pouco preocupante por uma série de motivos.
   “Niall...” – Ela chamou. O namorado tinha um dos braços passados por sua cintura e dormia pesadamente. Essa era a coisa com ele: quando estava acordado, era o ser humano mais hiperativo já visto; mas quando dormia, era quase como se tivesse morrido. fez carinho em seus cabelos e ele se mexeu, ainda sem dar sinal de vida. – “Niall!” – Tentou de novo. – “Ni...” – Ele abriu um dos olhos preguiçosamente e sorriu para ela, se encolhendo sob os edredons (ninguém mandou dormir de boxers!).
   “Oi... Terminou aí?” – Ele perguntou, depois levantou a cabeça e olhou para a televisão. – “Já acabou o jogo?”
   riu.
   “Já! São 5 horas da tarde já!”
   “E você terminou o que tava fazendo?”
   “Uhum!” – colocou o notebook no criado mudo e se deitou de novo, sendo abraçada direito por Niall. Ficaram com o rosto de frente um para o outro. – “Niall... Você acha que somos um daqueles casais?”
   “Que casais? Tipo Angelina e Brad? Provavelmente... Só que mais bonitos...” – Ele respondeu, sério.
   riu.
   “Palhaço! Não... Um daqueles casais chatos que não se desgrudam, sabe? Que passam o tempo todo juntos e nunca mais saem com nenhum dos amigos e tal...”
   Niall olhou teatralmente por cima do edredom e pelo quarto.
   “Há quanto tempo nós estamos aqui?”
   Era impossível falar sério com ele. A garota deu um tapinha em seu ombro enquanto ria de novo.
   “Tô falando sério...”
   Ele voltou a deitar a cabeça no travesseiro.
   “Os meninos da republica tem me cobrado um pouco por passar menos tempo lá...” – Niall contou. – “Apesar de não ser uma coisa que fazemos de propósito, talvez a gente esteja em falta com nossos amigos... Alguém mais reclamou?”
   “Não... Eu estava só pensando no fim de semana passado... Senti tanto sua falta em casa!”
   O garoto abriu um sorrisão e chegou seu rosto mais perto do dela.
   “E quando você vai me levar pra conhecer sua família?”
   engoliu em seco. Erm... Não em uma data próxima. Sabia que precisava contar a ele, mas... Não, não hoje. Não agora.
   “Podemos pensar nisso depois... Nosso problema agora é como não ser um daqueles casais!”
   “O que você sugere? Tô com preguiça de pensar...” – Niall falou, voltando a fechar os olhos.
   “Precisamos de mais tempo com nossos amigos, criar uns programas diferentes... Vamos tentar isso essa semana? Ficar menos tempo juntos e mais tempo com eles?”
   “Uhum...” – Ele respondeu sonolento. nem tinha certeza se ainda estava ouvindo. Deu um beijinho de leve em seus lábios e o sentiu apertando o abraço, para que ela chegasse mais perto. – “A gente pode começar isso só amanhã, né? Tá tão bom aqui!”
   deu uma risadinha e também fechou os olhos. É... Deixa para amanhã...

  “Olha quem vem aí, El! Quem é ela mesmo? Acho que é alguém que troca as amigas pelo namorado!” – brincou, ao ver entrar na loja. Ela mostrou a língua e riu, indo cumprimentar Eleanor.
   “Não vem não, que até onde eu sei todas nós aqui estamos amando e sendo amadas e passando mais tempo com os respectivos bofes!”
   “Bom, eu tenho que aproveitar quando Lottie não está prestando atenção...” – El explicou, dando de ombros. Seu namoro com Louis continuava às escondidas da irmã dele, mas estava cada vez mais difícil encobrir e dar desculpas de, por exemplo, porque ela não investia no professor de francês gatinho que lhe dava mole. deu um tapinha solidário em seu ombro.
   “E quando vocês pensam em contar a ela, El? Isso já tá ficando ridículo!” – A amiga falou.
   “Nesse fim de semana, provavelmente... Mas ainda estamos pensando em como faremos isso.”
   “Cara, eu ainda acho que ela vai adorar...” – se intrometeu. – “Quem melhor pra ser cunhada dela que você?”
   “A Hannah...” – Eleanor falou, torcendo o nariz. – “Queria saber qual é a dessa menina! O que ela tem de TÃO legal!”
   “Ela provavelmente droga a coitada da Lottie.” – respondeu fazendo as duas amigas rirem.
   “E você, ?” – se sentou na mesa no fundo da loja, balançando os pés no ar.
   “Bom, eu não definiria como ‘amando e sendo amada’, como você disse agora pouco... Mas tudo bem... Matt é um cara bacana.” – deu de ombros e levantou as sobrancelhas.
   “Que desanimo! Ele parece ser tão fofo!” – El falou. – “Bom, ele já se derretia todo por você toda vez que vinha aqui. Agora então... Só falta vir com a aliança no meio dos tubos de tecido!”
   “Nem dê essa ideia pra ele!” – exclamou, levantando o dedo para a estagiária, fazendo-as gargalhar de novo.
   “Então... Qual o problema?” – perguntou. – “Além do fato óbvio de que ele não é o Styles.”
   A amiga riu, meio triste, e abaixou os olhos.
   “Ele não ser o Styles é 99% dos problemas.” – Ela confessou. – “Sinto falta daquele cabeça dura!”
   “Tem visto ele?” – Eleanor quis saber, fez que não com a cabeça.
   “Não frequentamos os mesmos lugares, né? Ele mudou o horário na academia...”
   “Louis sai com ele de vez em quando...” – A amiga contou. – “Diz que ele tenta esconder e se esforça pra ser natural, mas que dá pra perceber que alguma coisa o incomoda.” soltou a respiração pesadamente.
   “Não era pra ser assim, sabe? Nós nos divertíamos tanto... Era tão bom! Mas o que tá feito, tá feito. E Matt, apesar de não ser o Harry, é um doce comigo! A gente se vira com o que tem...” – Ela mordeu os lábios e se virou para El. – “Louis sabe se ele tem ficado com alguém?”
   “Hum... Acho que sim. Nenhuma menina fixa, mas ele fica com algumas de vez em quando...” – Eleanor respondeu.
   “Bom... Eu não devia me importar, né? Tô com o Matt...” – sorriu e desceu da mesa e foi abraçá-la. – “Viu, ? Por isso você não pode sumir com aquele duende irlandês!”
   Ela riu e deu um beijo no rosto da amiga.
   “O duende irlandês, aliás, quer saber quando é a próxima terapia de tequila...”
   Foi a vez de rir.
   “Diga a ele que provavelmente em breve!”
   “Olha, dependendo de como for com a Lottie esse fim de semana, eu vou também!” – El se voluntariou e as meninas foram abraçá-la.
   “Mas e aí, suas protagonistas de novela mexicana? Onde vamos almoçar?” – perguntou, esfregando as mãos.

  , Jessica e almoçavam no restaurante da faculdade quando Josh entrou. O garoto reconheceu as duas conhecidas, sorriu e acenou para elas antes de chegar até o balcão. deu um cutucão em Jess.
   “Mas olha quem tá aí, Jess!” – Falou, ainda dando umas cotoveladas nela. se virou para olhar o que as duas observavam.
   "Quem é?"
   “Um amigo do Niall que nós conhecemos...” – Jess contou, ficando vermelha com o ataque de .
   “E que é um gatinho e que... Perai!” – se virou para a amiga ao seu lado. – “Como foi lá na festa de Carnaval? Você nem me contou!”
   Jess corou mais ainda e evitou olhar para a amiga.
   “Eu não fui...”
   “COMO É QUE É?” – gritou, fazendo Jess ter vontade de entrar embaixo da mesa. , que até então estava perdida, se virou para Jessica também.
   “Vocês não iam... Ninguém ia!” – Ela tentou se justificar.
   “O gatinho ia!” – falou.
   “Eu não ia aparecer lá sozinha...” – Jess retrucou, dando de ombros e voltando os olhos para seu prato.
   “Tá bom, vai... Eu te entendo...” – disse, por fim, dando uns tapinhas solidários no ombro da amiga. – “Vou chamar o Niall e bolar um plano pra vocês se encontrarem...”
   “Hey! Eu não disse que tô interessada nele...”
   “Bom, ele é bem interessável...” – falou, o analisando no balcão. – “Se é que essa palavra existe...”
   Josh voltou a carteira para o bolso de trás da calça, fez um aceno com a cabeça e se virou para as mesas, tentando achar um lugar para sentar. sorriu encorajando-o a se aproximar.
   “Senta aí, Josh!” – Ela falou, apontando a cadeira de frente para Jéssica, que não sabia para onde olhar.
   “Obrigada, meninas! Oi Jess!” – Ele disse, sorrindo. E, ao se sentar à mesa nas péssimas cadeiras imóveis do refeitório, sua perna roçou nas pernas dela, que se encolheu, tímida. – “Opa, desculpa!” – Ele disse, sorrindo ainda mais.
   “Essa é a , Josh... Acho que você não a conhece...” – falou. precisava admitir, a amiga tinha virado outra pessoa desde quando a tinha conhecido, no início do ano letivo. Diferente para melhor, claro. Mais falante, extrovertida... Mas ainda tão nerd quanto no primeiro dia. – “, esse é o Josh. Ele estuda com o Niall.”
   ofereceu a mão para cumprimentá-lo e sorriu.
   “Prazer!”
   “Prazer!” – Josh falou e se virou para Jéssica e . – “Aliás, eu e Niall vamos a uma palestra/apresentação sexta... Se vocês quiserem ir também?”
   “Uma o quê?” – Jess perguntou, ganhando a atenção plena dele.
   “É um cara que vai tocar violão e contar umas histórias, porque ele já esteve em tudo quanto é lugar... Sei lá, eu e Niall vimos alguém comentando por aí e resolvemos ir!”
   “Estranho, não vi ninguém falando sobre isso... Nada nessa faculdade é bem divulgado, né?” – reclamou e os outros três concordaram com a cabeça. – “A peça do Aidan mesmo... É de graça pros estudantes daqui, mas ninguém divulga nada!”
   “Pois é... E parece que vai ser bem legal. Vocês querem ir?” – A pergunta dele era para todas as meninas, mas seus olhos estavam em Jéssica, que foi chutada embaixo da mesa (e dessa vez não era Josh).
   A garota sorriu e acertou os óculos no nariz.
   “Parece ser legal... Eu ia curtir ir...” – Ela respondeu, fazendo Josh sorrir de volta.
   “Vou avisar o Zayn!” – falou, puxando o celular.
   Os quatro continuaram almoçando e conversando. Jess tentava desesperadamente não demonstrar como estava nervosa e nem parecer idiota quando ria de algo que Josh falava. Ele era mesmo bem “interessável”, não era?

  Eleanor tinha sido dispensada de sua aula de desenho com naquela noite porque a patroa sairia para jantar com Matt. Porém, estava sentada em seu quarto tentando terminar um desenho que tinha começado e que estava, talvez pela primeira vez, gostando bastante.
   Se reclinou na cadeira e se espreguiçou, olhando satisfeita para o vestido que estava criando. Estava alcançando sua caneca no criado mudo quando Lottie colocou a cabeça para dentro de seu quarto.
   “Hey!” – Ela cumprimentou, alegre. Toda vez que ela aparecia era o mesmo ataque do coração. El sempre achava que ela ia entrar gritando que sabia de tudo.
   “Hey, você! Não tinha te visto hoje ainda!” – El sorriu, convidando-a para entrar.
   Lottie entrou no quarto e parou atrás da amiga.
   “Tá ficando tão lindo! Você é tão talentosa, El!”
   “Obrigada! Eu estou realmente feliz com esse! Eu consigo imaginar o tecido aqui, sabe?” – Ela disse apontando para a saia do vestido. Lottie colocou as mãos no ombro dela.
   “Você vai mandar fazê-lo?”
   “ disse que no fim do ano letivo me ajuda a costurar o que eu gostar mais e coloca na loja...”
   “Acho que já temos um campeão!”
   “É, acho que sim...” – El tomou mais um gole do chá.
   “Tenho boas notícias!” – Lottie falou, saindo de trás da cadeira. – “Hannah vem pra cá esse fim de semana.”
   A mão de Eleanor desceu involuntariamente, fazendo a caneca bater no tampo da mesa e espirrar chá por todo seu desenho. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela nem sabia por qual dos motivos estava mais chateada.
   “Ai, caramba!” – Falou, observando seu desenho todo borrado e molhado.
   “El!” – Lottie falou. – “O que houve?”
   “Eu... Eu me distraí!” – Falou, correndo no banheiro para pegar uma toalha e tentando não chorar. – “Que merda!”
   Lottie continuava olhando-a sem saber o que fazer ou como ajudar. A garota tentava secar o papel, mas o desenho já estava arruinado. Ela levantou os olhos para a amiga, se dando por vencida.
   “Não fica assim, El!” – Lottie falou, indo abraçá-la. Algumas lágrimas caíram de seus olhos. – “Você vai fazer outro ainda mais bonito que esse! Você vai, com certeza!”
   Eleanor fungou e se desvencilhou do abraço, tentando por tudo esconder o segundo motivo de sua tristeza.
   “Então, a Hannah vem pra cá?”
   “Vem! Nesse fim de semana!”
   “Louis já sabe?”
   “Não!” – Lottie falou, fazendo cara de quem aprontou. – “Vai ser uma surpresa... Nós temos tentado combinar isso há séculos!”
   El limpou as lágrimas em sua bochecha.
   “Mas eles já não se viram no réveillon, Lo, e não deu em nada?” – Ela começava a ficar cansada da teimosia da cunhada e da tal ex-namorada de Louis. Ele não a queria mais, que saco!
   “Sim, mas naquela época ele estava começando com a vaca... Você sabe que no começo é tudo lindo, né? Eu queria ver a cara dela quando visse a Hannah e o Louis pelo campus!”
   Bom... Ela já estava vendo.

   e Matt voltavam de mãos dadas do jantar. Ela tinha que admitir que o rapaz era muito engraçado, ainda estava rindo de algo que ele havia dito há algum tempo atrás.
   Além disso, Matthew parecia empenhado na tentativa de fazê-la se sentir feliz. Era fofo, romântico, mandava mensagens bonitinhas durante o dia, ligava nos fins de semana e sempre que aparecia na loja “a negócios” tentava ser o mais profissional possível, mas não saia de lá sem roubar um beijo dela antes de ir embora.
   Eleanor costumava passar alguns segundos examinando depois que Matt saia, mas nunca dava sua opinião. Porque, apesar de tudo, ria, se despedia e rapidamente voltava seus olhos para os papéis que estava lendo antes dele aparecer. Sem suspiros, sem sorrisinhos bobos, sem acenos de cabeça que diziam “para de pensar nele e foca no trabalho!” E se sentia verdadeiramente agradecida por El não colocar em palavras o que ela também sabia que era verdade.
   Não estava apaixonada.
   Mas estava viva e isso significava que ainda estava tentando. E nesse momento, andando pela rua de mãos dadas com ele, os dois caminhando pertinho um do outro para diminuir o frio que o vento trazia, ela quase conseguia sentir o tipo de intimidade comum nos casais.
   “Onde vamos? Sua casa? Tomar um café antes?” – Matt perguntou.
   “Podemos tomar um café!” – disse, sorrindo. Estavam andando pela rua onde ficava sua cafeteria favorita. – “Adoro o café daquela lojinha ali!” – Apontou.
   Estavam no meio do caminho quando o avistou. Vinha andando de cabeça baixa por causa do vento, as mãos enterradas nos bolsos do sobretudo. Tão lindo que parecia uma visão. Tirou as mãos do casaco e mexeu no cabelo daquele jeito peculiar e ao fazer isso levantou a cabeça (Coloquem Hollow Drum para tocar).

  “You know I see you in another light.
   Where did the days go when it all felt right?
   And all I know is there was fire in the room.
   But it got cold too soon…”

  A garota não foi rápida o bastante para se desvencilhar de Matthew e quando Harry a olhou, o casal ainda estava de mãos dadas. Os olhos dele passaram por seu rosto e se prenderam nesse fato por algum tempo antes de se virar e entrar na cafeteria. A cafeteria que e Matt entrariam também.
   “Hum... Matt...” – Ela começou, nervosa. – “Acho que não preciso de café... Quer ir direto para casa?”
   “Tá tudo bem?” – Ele perguntou, olhando-a. Tinha estado distraído por algum tempo com as vitrines.
   “Claro... É que tá frio...” – mentiu, tentando sorrir.

  “Listened to the rain, and it doesn't sound the same.
   And it was fun, fun, fun.
   The silence in your road, we're not talking anymore.
   We better run, run, run.
   The way you look at me in any opportunity until I come undone.
   It's the sound of our hearts getting louder beating like a hollow drum.
   Like a hollow, hollow, hollow drum...”

  “Hum, posso comprar para levar então? Eu realmente queria um café...” – Matt falou. Não tinha como impedi-lo, não tinha desculpas.
   “Claro... Eu te espero aqui fora...” – Ela disse, soltando suas mãos. – “Lembrei que tenho que ligar para Eleanor, rapidinho...”
   “Dá folga pra sua estagiária, coitada!” – O rapaz brincou, sorrindo.
   deu uma risadinha forçada e continuou do lado de fora quando ele entrou na cafeteria, mas ficou olhando para dentro pela vitrine. Harry terminava de fazer seu pedido e seu olhar parou em Matt quando o mesmo se aproximou. Olhou em volta procurando-a e então seus olhos encontraram os de .

  “So hold your tongue, you can't look me in the eye.
   And you won't remember, you won't even try.
   All I knew is there was fire in the room.
   But it got cold too soon.”

  Não havia definição para sua expressão. Ele estava sério. E triste. E decepcionado. E com raiva. Mas de algum modo também havia presunção em seus olhos, uma vez que , ao escolher ficar do lado de fora, dava a entender que tinha medo de ficar tão perto dele. Eram todos esses sentimentos que ela pensava distinguir. O garoto continuou a encarando por mais algum tempo, até que ela desviou o olhar e deu um passo para trás para que seu rosto ficasse encoberto pelo logo da loja no vidro.
   As perguntas giravam em sua cabeça. Por quê? Por que as coisas tinham que ser assim? Porque ele não podia ser a pessoa que ia sair da cafeteria e segurar em sua mão e acompanhá-la até sua casa?

  “Listened to the rain, and it doesn't sound the same.
   And it was fun, fun, fun.
   The silence in your road, we're not talking anymore.
   We better run, run, run.”

  A porta se abriu e Harry saiu de lá, colocando a mão livre de volta no bolso. Passou em sua frente sem nem olhá-la direito, o que feria mais do que qualquer olhar indecifrável. Quando Matthew apareceu, precisou inventar uma desculpa esfarrapada para que o rapaz não subisse. A intimidade que estava sentindo não existia mais. A vontade de tentar também não. Só havia o sentimento de culpa... A solidão... Um buraco.
   Mais uma vez havia um buraco.

   “The way you look at me in any opportunity until I come undone.
   It's the sound of our hearts getting louder beating like a hollow drum.
   Like a hollow, hollow, hollow drum...”

  Harry continuou andando sem olhar para trás, se forçando a não olhar para trás.
   Ele estava certo todo esse tempo… O cara que estava com era mais velho, era da idade dela. Sentiu uma raiva imensurável, e uma tristeza do mesmo tamanho. Mas enquanto assoprava seu chocolate quente, o que ele realmente pensava era que sentia muita falta de . Queria ser o cara a levando para casa, comprando o café dela. De alguma forma, a queria de volta.
   Seu celular apitou e ele quase desejou que fosse ela, mas era a garota com quem tinha ficado na noite anterior perguntando onde Harry estava e o que estava fazendo. Sem muita emoção, mentiu que estava em seu quarto estudando e continuou andando sem rumo pela cidade.
   Ele queria de volta, nem que fosse para provar para ele mesmo que não precisava ser mais velho para tê-la. Mas o que podia fazer agora?

   “It's the sound of our hearts getting louder beating like a hollow drum.
   Like a hollow, hollow, hollow drum…”

   “A gente pode dar um tempo nesse negócio de não se ver? Tô com saudade! Você vem?”
   sorriu para a mensagem. Era sexta feira à tarde e isso deveria significar liberdade, mas ela ainda tinha uma longa lista de referências para corrigir.
   “Não vou conseguir sair agora. Mas passo aí te buscar e te levar pro terceiro andar depois. Chega dessa brincadeira! Você é só meu essa noite, Horan!”
   Continuou olhando para o nome do namorado no celular, sorrindo. Pra falar a verdade, estava morrendo de saudade dele, mas não fazia a menor questão de ir nessa palestra, apresentação, sei lá o que onde Niall estava. O garoto nem tinha conseguido explicar para ela quem era o cara!
   “É alguém que morou aqui, estudou aqui, nasceu aqui... Não sei direito...”
   “Qual o nome dele?”
   “Hum... Johnson, Johnny... Não sei direito também...”
   “Você sabe alguma coisa com certeza, criatura?”
   “Que vai ser no Anfiteatro 9... E que eu tô com fome!”
   Iria terminar suas referências e ir buscá-lo. Seria a melhor utilização do seu tempo. Suspirou, colocando o celular de lado, e voltando sua atenção para o notebook.

   “Você vai sim, para de graça.”
   Enquanto isso, no terceiro andar, respondia a mensagem de uma Jessica surtada com a notícia de que ela não iria mais. Enviou a resposta, voltou os braços para debaixo do cobertor e deu play de novo no seriado que assistia.
   não estava se sentindo bem, mas não era algo físico... Simplesmente precisava de um tempo sozinha, sem ninguém perguntando a ela o que iria cair na prova, sem cálculos, datas, nomes, sem pensar em nada importante... Sem se dar conta de que Arquitetura não era mesmo o que ela queria para o resto de sua vida e como aquilo era o maior dos problemas que já enfrentara.
   Por isso tinha dito a Jess que não ia mais com o pessoal para a apresentação e, ao invés disso, tinha vestido seu pijama e agora estava deitada sozinha em seu quarto vendo Jessica Day brigar com o Nick Miller pela milésima vez.
   O problema é que não conseguia se desligar. Seus pensamentos pareciam aquelas bolinhas com dezenas de ventosas que grudam em qualquer superfície lisa. Se puxasse um deles e tentasse jogá-lo fora, acabava colado em algum outro lugar. Se mexeu incomodada na cama achando que, no fim, a ideia de ficar sozinha tinha sido a pior de todas. Que ótimo!
   Ouviu alguém batendo na porta e logo Liam colocou a cabeça para dentro, franzindo a testa.
   “? Você não devia estar com as meninas? Ou estudando? Tá tudo bem?”
   sentiu um nó na garganta. Não estava tudo bem e ela começava a ficar cansada de fingir que estava. Fez que sim com a cabeça, sem dizer nada, olhando para ele sem se levantar da cama. Se abrisse a boca, choraria.
   “Uhum...” – Fez, por fim.
   O garoto a olhou desconfiado e entrou no quarto, indo até ela.
   “O que você tem?” – Perguntou com a voz terna e se abaixou para que seus rostos ficassem no mesmo nível.
   desviou seus olhos do dele e piscou algumas vezes para se livrar da vontade de chorar.
   “Eu só tô cansada...” – Mentiu. A mentira que ela vinha contando para si mesma há algum tempo.
   Liam a estudou mais um pouco; depois se levantou e segurou em seus ombros, fazendo com que ela erguesse a parte superior do corpo, se sentou na cama e a colocou no colo.
   “Eu consigo enxergar dentro de você que não tá tudo bem...” – Ele disse, com a voz grave e séria. – “E eu tô aqui. Pedindo, quase implorando, pra você me deixar te ajudar...”
   “Liam...” – começou, se aninhando no colo dele, mas evitando perder o contato visual que tinham. – “Eu... Eu não sei o que eu fazer. Eu sinto que tô lutando em uma batalha perdida...” – Ela tentava explicar. Era tão difícil colocar em palavras! – “Eu não estou gostando do curso como eu achei que ia gostar... Não sei se é isso mesmo que eu quero! Mas se não for isso, o que mais poderia ser? E o que eu vou dizer para os meus pais? Eles vão ficar tão decepcionados!”
   Já não era mais possível enxergar o rosto de Liam. As lágrimas saiam se atropelando dos olhos de . As lágrimas de desespero que ela vinha guardando há tanto tempo. Nem acreditava que estava dando voz aos seus pensamentos pegajosos. O namorado, por sua vez, a abraçou mais forte.
   “... Calma! Você tem que colocar sua cabeça no lugar. Essa é uma decisão muito difícil e importante, mas não é o fim do mundo! Você só não pode se precipitar...”
   “Eu sei, eu sei...” – Ela disse, limpando os olhos. – “Mas não é de hoje que eu venho pensando nisso, Liam... E, se eu for ser bem sincera, durante esse ano todo, tudo o que eu fiz foi pelos meus pais. Eu nunca estudei porque eu realmente estava interessada ou apaixonada pela matéria!”
   “Isso é muito grave, ! Não tá certo fazer isso com você mesma... Não são quatro ou cinco anos... É a sua vida inteira!”
   “Você acha que eu não sei? Mas o que vou fazer? Meus pais não podem pagar minha faculdade, eu dependo dessa bolsa! E... Bom, eu nem sei o que eu quero!”
   Liam mordeu os lábios. Realmente não era uma situação fácil.
   “Vamos dividir o problema em partes para resolver devagar. Primeiro, nós precisamos descobrir do que você gosta. Eu vou te ajudar! Vamos ler livros de cursos, fazer testes vocacionais, passar a madrugada no Google... O que for preciso. É isso que vamos fazer. Sem pensar no resto, por enquanto... Vamos nos concentrando aos pouquinhos...” – Disse, mexendo nos cabelos de para que ela se acalmasse. – “Tá bem? Vamos fazer assim?” – Perguntou, buscando os olhos da garota.
   sentiu um arroubo sem tamanho de gratidão por ele. No meio de todo o caos que se encontrava, havia Liam. E parecia bastar para que ela reencontrasse seu equilíbrio. A garota fez que sim com a cabeça o encarando.
   “O que eu faria sem você?” – Ela perguntou. – “O que eu faria se não te encontrasse no quarto na frente do meu?”
   “Você me procuraria...” – Liam respondeu, sorrindo. – “Foi o que você me disse, lembra?”
   “Lembro... E provavelmente é exatamente o que eu faria!”
   Ele encostou sua testa na dela e seus lábios foram de encontro aos da namorada quase instantaneamente. passou seus braços em volta do pescoço de Liam, que a abraçou pela cintura, deitando-a na cama. O beijo se intensificou e ele desceu as mãos até a barra da camisa de pijama que usava, fazendo pressão em sua cintura e brincando depois com o cós de sua calça. Quando se levantou e puxou a própria camiseta para cima, ficando livre dela, o coração de deu um solavanco e a garota precisou tomar fôlego para falar.
   “Liam...” – Chamou, com a voz fraquinha e ofegante. – “Eu...” – Como ia dizer aquilo?” – “Eu... Nunca fiz isso...” – Confessou.
   Liam, que tinha voltado a deitar-se sobre ela, levantou o rosto para encará-la e mordeu os lábios, nervosa. Nunca tinham exatamente conversado sobre isso. O garoto a examinou, sem saber bem o que fazer. Ele nunca tinha parado para pensar, mas realmente... Se era seu primeiro namorado...
   “...” – Ele começou, se apoiando nos cotovelos para levantar o tronco e fazendo menção de sair de cima dela. – “Eu não...”
   A garota, porém, se sobressaltou e o segurou pelos ombros, o forçando a voltar.
   “Não... Não... Mas eu quero! E quero que seja com você! Hoje.”
   Liam ainda a observava, incerto do que fazer.
   “Você tem certeza?”
   fez que sim com a cabeça.
   “Você sabe que pode falar se mudar de ideia, né?” – Ele perguntou, chegando mais perto. O coração dela voltando a martelar quase dolorosamente.
   O garoto lhe deu alguns beijinhos de leve nos lábios. Depois desceu os beijos devagar pelo seu pescoço e colo, voltando as mãos para a barra do pijama dela.
   Tinha que ser ele. Tinha que ser naquela hora.
   E achando que a melhor ideia para se distrair era assistir seriados...

  Jessica balançava a perna nervosamente olhando para o outro lado do corredor. Um bolo de já estava contabilizado. Quantos mais levaria?
   O suposto palestrante/músico/sabe-se-lá-Deus-o-que-mais passou por ela com o violão em punho e conversando animadamente com alguém que deveria ser um estudante já formado. Até que não era feio...
   No fim do corredor, viu vir conversando com Zayn e respirou aliviada... Pelo menos não estaria totalmente desacompanhada.
   “Jeeeeess!” – A garota deu um sorriso largo ao avistá-la. – “Hum, veio toda gatinha!” A garota corou, olhando para baixo. Já era tenso ser zuada, ser zuada perto do Zayn era um pouquinho pior!
   “Tô normal...” – Falou, passando a mão pela camisa que usava (e que havia sido escolhida cuidadosamente).
   “Sei... Sei...” – brincou, mas foi até ela para lhe dar um abraço da solidariedade.
   Zayn parecia entediado, para variar, olhando pela janela e parecendo estar morrendo de vontade de ir até lá fora fumar. Será que dava tempo? Porém, antes que pudesse dizer a o que estava pensando em fazer, Niall e Josh apontaram no fim do corredor. O irlandês vinha no seu imperturbável andar, que era quase como se pulasse, e Josh ria com ele, vindo com as mãos nos bolsos. deu um apertão no braço de Jess.
   “Ele é tão gatinho!” – Falou.
   “É... Ele é...” – Jess concordou/confessou.
   “E aí? E aí?” – Niall falou, quando os alcançou. Cumprimentou as meninas com um beijo no rosto e apertou a mão de Zayn. – “Você trabalha com a , né?” – Perguntou, animado.
   “Uhum...” – Zayn respondeu sem emoção, recebendo um olhar assassino de .
   Niall ficou um pouco sem graça e mudou seu alvo.
   “Hey, Jess... Cade a ?”
   Jess ainda estava atrapalhada tentando lidar com sua timidez e o fato de que parte do seu cérebro tinha saído do ar. Quando foi que se deixou ficar assim? Tudo culpa de falando na cabeça dela! E a amiga nem estava ali para ajudá-la!
   “Ela... Não vem... Não me explicou direito o porque, na verdade...” – Disse, franzindo a testa e mexendo os braços, meio sem saber onde colocá-los. Seus olhos passaram por Niall e foram até Josh, que sorria prestando atenção no que ela dizia. – “Ah, oi Josh!”
   “E aí, Jess? Bom ver você!” – Falou, dando um aceno com a cabeça.
   “A gente pode entrar?” – Zayn perguntou, apontando para a porta e todos concordaram e foram em direção ao anfiteatro.
   o cutucou nas costelas.
   “Se comporta!” – Ameaçou.
   “O que eu fiz, porra?” – Zayn falou entredentes, dando um passo para o lado e tentando não perceber que sentiu um arrepio com o toque da amiga. As coisas estavam começando a ficar muito estranhas!
   Se sentaram em uma das fileiras no meio da sala. Jessica primeiro, depois Josh e Niall e por fim e Zayn. Os espectadores fizeram silêncio quando as luzes ficaram um pouco mais fracas e o tal cara, no auge dos seus 25 anos ou algo assim, entrou no palco. Algumas pessoas na primeira fileira assobiaram e gritaram. Ele era conhecido? O rapaz deu uma risada alta e apontou para os “fãs”.
   “Boa tarde! Obrigada por virem...” – Ele disse, pegando o violão no meio do palco e passando a alça pela cabeça, ajeitando-a. – “Meu nome é Daniel Jones, estudei aqui nessa mesma universidade há algum tempo atrás e, devo dizer, nunca fui tão bem tratado como hoje!”
   Algumas pessoas riram e Zayn franziu a testa.
   “Mas esse não é o...” – Começou, se curvando para olhar para Niall. O garoto falava com Josh animadamente e parecia desconhecer totalmente a identidade do tal rapaz.
   “Oi?” – perguntou, olhando de Zayn para Niall. – “Quem é quem?”
   “Hum... Nada...” – O amigo voltou a se recostar na cadeira. – “Não tenho nada a ver com isso...”
   Foi a vez de franzir a testa confusa, mas não arrancou mais nenhuma palavra dele e logo Daniel começou a tocar a primeira música.
   “Esse cara é bom!” – Niall exclamou.

   vinha subindo as escadas rapidamente, meio ofegante. não estava errada de todo, não ia matá-la fazer um pouco de exercício (talvez não fazer, sim, fosse matá-la). Abriu a bolsa enquanto andava, procurando o celular para mandar uma mensagem para Niall perguntando se a palestra já tinha acabado.
   A coisa toda começou quando ela ouviu duas risadas combinadas. Duas risadas que ela conhecia bem e que não era de maneira alguma para serem ouvidas juntas. Levantou os olhos e a cena em sua frente fez seu coração parar.
   Dois pares de olhos azuis a encararam. O primeiro era amigável, feliz, pacífico... Os olhos que ultimamente a tranquilizavam, a divertiam, os olhos que faziam com que ela se sentisse amada novamente. O segundo par de olhos azuis, porém, traziam a confusão que ela própria estava sentindo. Medo, susto... Eram os olhos que haviam prometido muitas coisas a ela no passado, os olhos nos quais ela tinha acreditado. E que tinham a jogado no mais escuro e fundo dos poços em que já tinha estado. Ela se lembrava desses olhos, mas também se lembrava de como foi quando eles se distanciaram de sua visão.
   Caminhou em direção à dupla sendo assistida por ambos e se sentindo pequena, frágil e bizarramente artificial. Porque estava indo naquela direção? Tinha que correr no sentido oposto!
   “Até que enfim! Achei que ia ter que ir te sequestrar naquele laboratório!” – Niall brincou alegre e sorriu para ele.
   “Eu... Tava tentando terminar tudo!” – Falou, forçando um sorriso maior. O namorado enlaçou seus dedos nos dela e deu um selinho em seus lábios. estava prestes a desmaiar.
   “Perdeu, !” – Niall continuou. Tanto ela quanto Danny pareciam completamente incapazes de falar. O rapaz continuava a encará-la, descrente. Seus olhos iam de vez em quando para Niall e voltavam para ela. – “Esse é o Danny, o palestrante! Ele é um gênio! Esteve em tudo quanto é lugar tocando. Acabou de chegar da América do Sul!” – Contou.
   Danny sorriu para ele pelo elogio, mas ainda parecia desnorteado. Tão desnorteado quanto .
   “América do Sul?” – Ela perguntou, diretamente para Danny, que pareceu intimidado ao ouví-la falar com ele.
   “Uhum...” – Respondeu, abaixando os olhos, incapaz de encará-la por mais tempo. Seu celular tocou e ele quase agradeceu de joelhos por poder se livrar, ainda que por alguns segundos, do julgamento dela.
   “Sei que combinamos de ir para casa, mas o que você acha de darmos uma passada no pub antes?” – Niall perguntou para , com a voz um tom mais baixo, dando-lhe um selinho.
   “Na verdade...” – Ela começou, pensando em que história ia contar. – “Eu vim mais pra te dizer que aconteceu umas coisas em casa e eu não tô muito bem...” – Mentiu.
   “O que houve? O que aconteceu?” – Niall chegou mais perto dela, segurando seu rosto com as duas mãos.
   continuava a olhar para o garoto, mas percebia que cada um de seus movimentos era estudado meticulosamente por Danny, em sua visão lateral.
   “Nada demais, mas acho que não vou ser uma boa companhia hoje...” – Falou, segurando as mãos dele em seu rosto e fazendo carinho nelas com seus polegares (impedindo também que Danny continuasse olhando para ela).
   “Eu vou embora com você...” – Niall disse, decidido. – “Faço chá e coloco você na cama.”
   sorriu.
   “E depois vai pra gandaia, né?” – Zombou, fazendo-o gargalhar.
   “Você que inventou a semana dos amigos...”
   Assim, sem enxergar Danny, quase podia voltar ao normal. Mas sua realidade logo virou de cabeça para baixo de novo quando o rapaz tossiu, voltando para perto deles. Niall tirou as mãos de seu rosto e a abraçou pela cintura. Os olhos de Danny o traíram, observando o movimento.
   “Hum... Você vai pro pub então?” – Ele perguntou para Niall.
   “Agora não...” – Respondeu, olhando para a namorada. – “Tenho que cuidar de um assunto mais importante!”
   olhou para baixo, sem saber o que fazer.
   “Ah... Entendo... Ok...” – Danny disse. – “Bom, foi um prazer conhecê-lo!”
   Estendeu a mão trêmula, que Niall apertou sem maiores problemas. O garoto não sabia mesmo quem ele era, né?
   , contudo, não ia conseguir tocar nele. Era muito mais do que podia suportar! Antes que essa ideia passasse pela cabeça de Danny, ela acenou e saiu andando, meio correndo, puxando Niall pelas mãos. Quando já estavam longe, diminuiu os passos. Sua visão estava turva... Aquilo só podia ser um pesadelo.
   “Você realmente não parece bem...” – Niall falou, preocupado. – “Tem certeza que não é nada grave? Eu não preciso sair, , posso passar a noite cuidando de você!”
   Ele era tão adorável! Tão especial! A garota sorriu, passando os braços em volta de seu pescoço e continuando a andar no corredor, abraçada a ele por trás. Deu um beijo em seu ombro antes de responder.
   “Não precisa! Eu só tenho que dormir... Vai ficar tudo bem!” – Falou, tentando convencer a si própria.
   Os dois entraram no carro dela e foram para o SPR onde Niall, como havia prometido, preparou um chá e ficou observando-a enquanto ela tentava dormir, fazendo carinho em seus cabelos. fingiu que tinha pego no sono e o garoto lhe deu um beijo na testa e saiu do quarto, pedindo a no corredor que ficasse de olho na namorada.
   A garota se encolheu e se escondeu embaixo do edredom, tentando sumir da vista de todos. Tentando sumir do mundo. O mundo que, mais uma vez, incluía Danny Jones.

  Quando acordou na manhã seguinte, sentiu como se tivesse tomado o maior porre da história. Como podia ter ressaca sem ter colocado uma gota de álcool na boca?
   Levantou da cama, planejando ir até a cozinha buscar um copo d’água para tomar um analgésico. O motivo da dor de cabeça, porém, estava escorado na porta do elevador, batucando com as mãos nas pernas e parecendo impaciente. Danny se endireitou ao vê-la e deu um sorriso de lado.
   “Sabia que a encontraria aqui!” – Falou. Já não parecia mais tão assustado quanto no dia anterior. Para o desespero de , ele se parecia mais com o garoto confiante que ela havia namorado. – “RA, hein? Cade a ?”
   “O que você tá fazendo aqui?” – rosnou. Não era justo que ele aparecesse dois anos depois achando que podia falar com ela como se fossem grandes amigos separados pela vida.
   “Precisava te ver...” – Ele respondeu simplesmente. – “Quer tomar um café?”
   A situação era inevitável. Se Danny estava de volta e disposto a falar com ela, não tinha mais para onde correr.
   “Vou trocar de roupa...” – falou, ainda séria, e Danny deu dois passos em direção a ela. – “Hey, onde você tá indo? Me espera aqui!”
   Não tinha mais onde se esconder.

Capítulo 16 - Too close for comfort

  (Coloquem para carregar: When I was your man – Bruno Mars (cover do Tom) http://www.youtube.com/watch?v=X-8rp1tWsnI)

   continuava perdida e zonza. Nem tinha tido tempo de ligar para ! O que faria sem os conselhos da amiga? Como lidaria com essa situação totalmente sozinha?
   Os dois andavam lado a lado sem trocar uma palavra. Ele parecia não saber por onde começar e ela parecia não querer começar nada. Não tinham combinado aonde iam, mas sendo eles, tinham certeza que acabariam no parque que ficava atrás da faculdade. Tinham ido tantas vezes juntos àquele lugar que seus passos eram quase movidos por piloto automático. Pararam juntos no meio da ponte e ficaram encarando o vento fazer ondinhas na água. Total e absoluto silêncio por mais um bom tempo.
   “Você está linda!” – Danny se atrevou a dizer, olhando-a de rabo de olho.
   Ele estava também. Parecia mais velho, o cabelo mais curto, mais forte e não parecia certo que ele usasse óculos de sol e jaqueta enquanto ela estava de moletom e tênis... Mas ela jamais devolveria o elogio.
   “Obrigada!” – Disse seca.
   “A ainda mora aqui?”
   “Mora. Montou uma loja pra ela no centro da cidade...”
   Danny abriu um sorrisão, parecendo genuinamente feliz pela amiga.
   “Ela queria tanto! Jura?”
   “Uhum.” – Ela tentou não gostar de ouví-lo tão feliz pela felicidade de .
   “E os meninos? Tom, Harry...”
   deu de ombros.
   “Não me lembro quando foi a última vez que falei com eles, a não ser o Poynter. Tudo mudou bastante depois que você foi embora...” – Ela disse. – “... Pela segunda vez.” – Completou.
   “Visitei o Dougie ano passado, quando estive na Austrália...” – Danny comentou. Estranho, Dougie não tinha dito nada a ela... Mas a fidelidade da amizade masculina sempre foi dita como muito maior que a feminina, né? Não era de se surpreender.
   A garota ergueu as sobrancelhas.
   “Você esteve na Austrália?” – Perguntou, admirada. – “Teve algum lugar em que você não passou nos últimos dois anos... Além daqui?”
   Ela não podia evitar alfinetá-lo. Era a defesa que tinha! O que mais faria senão jogar toda sua raiva e frustração nele?
   Danny não respondeu e voltou a olhar para o lago. O silêncio caiu sobre os dois mais uma vez.
   “Não sabia que você tava namorando...” – Ele disse, algum tempo depois.
   “E como você esperava saber?” – Ela perguntou, franzindo a testa. – “Uma notinha nas colunas sociais? Bola de cristal?”
   “Talvez o Tom...”
   “Já te disse que não falo com ele há um século! Ele não te contou isso? Que sumiu depois que casou? Que resolveu que a Falcone e a vidinha dos dois eram mais importantes que eu ou mesmo a ?” – Mas então, pareceu lembrar-se de algo e arregalou os olhos para Danny. – “O que Tom te contou?” – Perguntou urgente.
   “Como assim?” – O rapaz a observava atento.
   “Se você esperava que Tom te contasse que eu estava namorando, é porque ele te contou outras coisas... Antes.”
   Danny continuou a encarando, tão intensamente que parecia tentar ler a mente da ex-namorada. Por fim, deu de ombros.
   “Nada... Tom não me disse nada.”
   cerrou os olhos tentando decidir se acreditava ou não. Decidiu que aquele era um assunto para ser discutido mais para frente. A conversa tinha que seguir uma ordem. E só havia uma pergunta para começar. A pergunta que rodava na cabeça dela desde que o viu no corredor na tarde do dia anterior.
   “O que você tá fazendo aqui, Daniel?”

  Eleanor estava sentada na sala lendo uma revista. Mais folheando a revista do que realmente lendo, na verdade. Estava tão ansiosa e agitada, que não conseguia fazer suas pernas pararem. Lottie tinha saído para buscar Hannah na rodoviária e elas já deveriam estar voltando.
   Na noite anterior, ela havia se desesperado e ido até o quarto de Louis contar a ele o que ia acontecer. O garoto bufou e xingou, mas não havia nada que os dois pudessem fazer para impedir os planos de Lottie sem que ela soubesse que El havia falado com Lou. Ela iria fingir que nem o conhecia direito, ele ia fingir surpresa quando a visse e os dois passariam mais um fim de semana sem contar a verdade à irmã caçula.
   Ouviu um “click” na porta e se levantou rapidamente, alisando o vestido com a mão e arrumando o cabelo. Mulher é mesmo um bicho ridículo...
   A porta se abriu e as duas entraram gargalhando. Lottie abriu um sorrisão ao ver Eleanor parada no hall de entrada as esperando.
   “El! Finalmente você vai conhecer a Hannah!” – Ela disse.
   Hannah era loira, magra e tinha um rosto bonito. Usava vestido e botas e parecia estar amando a ideia de passar o fim de semana com a ex-cunhada e o ex-namorado. Abriu um sorriso quase tão grande quanto o de Lottie e foi até Eleanor para abraçá-la.
   “Oi El!” – Falou, animada. – “Lottie me falou tanto de você, que parece que nós já somos amigas!”
   Oi?
   A garota deu umas batidinhas nas costas da recém-chegada e a abraçou, completamente sem jeito.
   “Acho que posso dizer o mesmo...” – Foram as palavras que conseguiu dizer.
   Hannah a soltou e Lottie avisou que iam subir com a mochila dela, mas já voltavam.
   “E nós vamos direto para o SPR acordar o Lou!” – Falou, fazendo Hannah rir como uma menininha.
   “Você acha que ele vai gostar?” – Perguntou, enquanto subiam as escadas.
   “Ele vai amar, né?”
   Eleanor as observou desaparecendo para o andar de cima e mordeu os lábios. Será que ainda tinha como pular fora dessa?

  Liam cantarolava uma música conhecida acompanhando o autofalante, enquanto passava pelos corredores do supermercado. Tinha prometido a que faria o almoço deles.
   Estava absorto pensando em que molho faria para o macarrão (não era um Jamie Oliver na cozinha, poxa... Tinha que fazer algo simples!) quando alguém parou ao seu lado e deu uma tossidinha. Era Danielle.
   “Ah, oi Dani! Como vai?” – Ele falou, sorrindo. Lembrava-se da última conversa dos dois e estranhamente pareceu que havia sido anos atrás. Se lembrou também do encontro na cafeteria e de como tinha sido incômodo. Considerando tudo isso, fazia muito tempo que não tinha uma conversa normal com Danielle!
   Ela sorriu também, ajeitando a cestinha de compras nos braços.
   “Tudo bem e com você?”
   “Tudo certo... E seu doutorado?” – Percebeu que não doía mais falar com ela... Ou saber da vida dela. Na verdade, era quase como encontrar um velho amigo de escola. Aquele interesse em saber o que a pessoa tem feito no tempo em que passaram sem se ver.
   “Andando...” – Ela respondeu, também estava feliz em poder voltar a conversar com ele. – “... E quase me deixando louca!”
   Os dois riram.
   “Mas tem dado certo pelo menos?”
   “Defina dar certo...” – Ela brincou, ainda rindo. – “Bom, não sei... algumas coisas sim, outras não. Mas...” – Dani o encarou e mordeu os lábios. – “... Eles aceitaram meu pedido e eu vou passar um ano em Praga, fazendo parte do meu projeto lá. Uma vez eu te contei que tinha vontade de ir, lembra?”
   Liam fez que sim com a cabeça, é lógico que se lembrava. Tinha sido o começo das brigas e discussões deles sobre o futuro. Tinha sido o começo do fim.
   “Isso é ótimo, Dani! Exatamente como você queria!” – Ele não estava mentindo ou fingindo. Estava mesmo feliz. – “Quando você vai?”
   “Mês que vem... Só tenho que arrumar meus documentos e ir.”
   “Você merece, tem trabalhado tanto!” – O garoto falou. Queria que ela soubesse que era verdadeiro.
   “Obrigada, Liam! Era... Era importante pra mim, saber que você apoia...” – Danielle abaixou os olhos e mexeu distraída em algo dentro de sua cesta. – “Fico feliz que você esteja feliz também. Sua felicidade é visível nos seus olhos... É radiante!” – Levantou a cabeça e sorriu. – “De verdade.”
   Liam sorriu de volta. É difícil entender quando coisas ruins acontecem, mas normalmente elas fazem muito sentido algum tempo depois. Os dois realmente tinham que se separar no ano anterior. Para que ele conhecesse . E para que Danielle pudesse ir viajar sem sentir que deixava coisas para trás. Os dois precisavam estar livres para o que a vida ia trazer.
   “Vai ter festa?” – O garoto perguntou, fazendo-a franzir a testa, confusa. – “De despedida?”
   “Ah, acho que sim...” – Dani respondeu. – “Ainda não contei pra ninguém, a resposta saiu ontem... Mas acho que vamos sim...”
   Liam fez um aceno com a cabeça.
   “Me avisa, hein?” – Pediu e ela concordou com a cabeça. – “Posso... Posso te dar um abraço?”
   Ele só sabia que queria abraçá-la e não sentia que era algo errado. Podia não amá-la mais como antes, mas Danielle seria sempre alguém de quem ele se lembraria com carinho. Ela era alguém especial.
   A garota fez que sim com a cabeça e colocou a cestinha no chão indo até ele. Liam abriu os braços e a envolveu, sorrindo. Dani se segurou para não chorar, porque sabia que não deveria. Sabia que tinha feito tudo do jeito certo... Mas seu coração ainda apertava um pouquinho. Assim, bem pouquinho.
   “A gente se vê, Liam!” – Ela falou, se soltando do abraço dele.
   Até mais, Dani!” – O garoto disse, voltando a olhar para os molhos. – “E parabéns!” – Exclamou, voltando os olhos para ela.
   Dani pegou sua cestinha e saiu do corredor. Um ano depois, agora sim parecia o fim. E era um final feliz.

  Danny não respondeu a pergunta de primeira. Virou-se, dando as costas para o lago, de forma que ficasse mais fácil ver o rosto de . Ela continuou olhando para ele, esperando a resposta.
   “Meu contrato acabou... Eu resolvi voltar em vez de renová-lo.” – Falou, dando de ombros.
   “Por quê?”
   “Porque eu queria voltar... Voltar a ter um endereço, um lugar só meu...” – Ele abriu e fechou a boca e olhou para o outro lado. É claro que ele também tinha voltado por ela. Claro que queria que o endereço fixo fosse um lugar onde os dois pudessem morar juntos... Devia dizer? – “Me cansei de não ter pra onde voltar depois de um dia de trabalho... De não ter pra quem voltar...”
   sentia que estava entrando em terreno perigoso, tinha medo do rumo que aquela conversa tomaria. Tinha medo do que não sentia há muito tempo. Medo dos sentimentos ainda estarem por ali. Sem nem perceber, deu um passo para a esquerda, se afastando mais dele.
   “Foi você quem escolheu viver assim, Danny...” – Ela disse, colocando as mãos nos bolsos e olhando para o horizonte. – “Era o seu sonho...”
   “E foi bom enquanto durou... Não estou reclamando.” – O rapaz respondeu. – “Mas acabou. Tudo acaba...”
   “É... Tudo acaba...” – repetiu.
   Danny olhou para baixo, ainda sem saber se queria ou não dizer a ela tudo o que tinha ensaiado dizer. parecia fria e distante... Uma barreira que ele não podia ultrapassar.
   “Quer tomar alguma coisa? Você saiu de casa sem comer.” – Disse, mudando de assunto.
   A garota piscou e virou os olhos para ele.
   “Não tô com fome...”
   “Já passou da hora do almoço.”
   “Eu acordei tarde.”
   Continuava teimosa. Continua brava com ele. Continua a mesma, mesmo estando tão diferente.
   “Você quem sabe...” – Danny deu de ombros e se virou para o lago de novo.
   “E o que você veio fazer aqui, Danny? Voltar pra Inglaterra, tudo bem... Mas por que você voltou pra cá?”
   “Você não tem nem ideia mesmo?” – Ele se inclinou na grade e a encarou.
   engoliu em seco. Mais um passo para o lado.
   “Você veio só pra palestra? Ou vai ficar?” – Perguntou, cruzando os braços e olhando para baixo.
   “Ainda não sei. Me chamaram pra falar sobre como foi a experiência e eu vim... Nem pensei muito.”
   “Quando você chegou?”
   “Anteontem. Vim direto pra cá... Minha mãe deve estar surtada!” – Falou, dando uma risadinha. abriu um sorriso pela primeira vez.
   “Não, não deve não. Kathy já tinha desistido de você muito antes de você ir embora...”
   Danny deu uma das suas risadas características. Alta, alegre, única. E agora, apesar de ainda achá-las parecidas, sabia que podia distinguir a risada de Niall ou Danny facilmente e a qualquer distância. Seu estômago se contraiu ao pensar em Niall. Apertou o celular desligado no bolso ao pensar que ele tentaria ligar e não conseguiria. Se sentiu culpada, se sentiu errada.
   “Podemos ir até o outro lado do lago?” – Danny perguntou, se aproveitando do momento de descontração. – “Senti saudade desse lugar. De andar por aqui... Com você.” – Ele se desencostou da grade e colocou as mãos nos bolsos. ficou em dúvida sobre o que fazer. Olhou mais de uma vez para o outro lado. O lado de onde tinham vindo. – “Não se preocupa, não vou te agarrar em um dos arbustos... A não ser que você queria, você costumava gostar...” – Ele disse, sorrindo de lado.
   rolou os olhos e saiu andando na frente, em direção ao outro lado da ponte. Danny riu e a acompanhou.

  Eleanor tinha o queixo encostado nas mãos e observava Hannah se sentar quase no colo de Louis no sofá da Monte Olimpo. Por que mesmo estava fazendo parte disso? Lottie lançava olhares otimistas a ela de vez em quando, como se dissesse “Nosso plano vai dar certo!”. E Lou, quando conseguia, olhava para Eleanor com terror nos olhos, do tipo “Me ajuda a sair daqui!”. Não tinha adiantado a cara de poucos amigos que ele havia feito ao abrir a porta do quarto, não tinha adiantado a expressão facial de total tédio durante o almoço, nem dizer à irmã que “eles conversavam depois”... As duas pareciam alheias à realidade, em um mundo onde ainda havia esperanças para Louis e Hannah como um casal.
   “Vocês querem alguma da cozinha?” – Ela disse, por fim, se levantando.
   “Ah, a gente podia fazer pipoca pra comer assistindo filme, né?” – Hannah falou, olhando em volta. – “O que vocês acham? Ou a gente podia dar uma volta... Quero conhecer a cidade.”
   “Ou você podia voltar pra Manchester... Ou você podia ir pro inferno...” – O lado negro de Eleanor pensou. – “Ela parece uma maluca drogada em Prozac!”
   “Decidam aí. Vou beber água...” – Foi o que ela realmente disse, secamente. Estava cansada de esconder seu mau humor.
   Hannah olhou para a garota saindo do cômodo e depois para Lottie, de olhos arregalados.
   “O que ela tem?” – Lottie deu de ombros. – “Será que tá com ciúme de mim?” – Perguntou, fazendo Louis olhá-la quase com desprezo. – “Digo, por sermos tão amigas?”
   “Não deve ser isso... El é um doce...” – Lottie disse, ainda olhando para a porta por onde a amiga tinha sumido.
   “Deve ser só um dia ruim, Han, o mundo não gira em torno de você...” – Louis completou, fazendo as duas olharem ofendidas para ele. Mais alguém estava perdendo a paciência.
   Hannah mordeu os lábios e continuou olhando para o ex-namorado, desconfiada, quando ele se levantou e foi para a cozinha também.
   “Vou pegar um copo d’água...”
   Louis entrou na cozinha e encontrou Eleanor parada na porta, olhando para o quintal.
   “Hey...” – Chamou baixinho, dando uma olhada na porta e lhe dando um beijo rápido nos ombros. – “Você está bem?”
   “Sabe o que eu não entendo?” – Eleanor começou. – “Por que Lottie gosta mais dela do que de mim. Sei que é uma coisa ridícula de se dizer, mas é a verdade... É só no que eu tenho pensado durante todo o dia. Desculpa, Louis, mas essa menina é péssima!” – Falou, apontando para a sala, fazendo o namorado rir e lhe dar um selinho.
   “Hannah não costumava ser assim, acredite em mim. Sempre foi extrovertida demais e espontânea demais, mas nunca foi desagradável como está sendo agora. E talvez eu tenha terminado quando percebi que ela estava mudando...” – Lou disse, dando de ombros. – “E não se preocupe com o que a Lottie acha ou quem a Lottie prefere. Eu prefiro você!” – Completou e Eleanor o puxou para o quintal, para poder beijá-lo em paz, mas quase desejando que elas os pegassem em flagrante. Seu lado negro deu uma risadinha satisfeita.

  “Você precisa aprender a escrever direito, Malik...” – falou, apertando o botão do viva-voz no celular, e voltando a digitar. Estava corrigindo a primeira versão da monografia do garoto.
   “Vai à merda...” – Foi o que ele respondeu, naquele tom entediado. Era quase como se tivesse dito “Beleza!”
   “Tô falando sério. Você não espera que eu vá corrigir sua tese de doutorado, né?”
   “Achei que eu tava te pagando pra isso...” – Ele zombou. Estava deitado no sofá de sua casa, zapeando pelos canais, sem achar nada interessante.
   “Pagando em quê? Porque minha conta bancária tá zerada!”
   “Você tá precisando de dinheiro?” – Ele perguntou, parecendo preocupado.
   “Não... Claro que não, Zayn! Foi maneira de dizer...” – coçou a cabeça. Havia se esquecido que já tinha reclamado de dinheiro para ele uns dias atrás.
   “Por que você sabe que pode pedir, né? Tenho uma poupança dos cachês dos shows...”
   “Desculpa aí, ricão!” – Ela brincou, mais para descontrair. – “Fica tranquilo, playboyzinho! Não tô passando fome, não!”
   “Bom... Eu posso te pagar em bebidas então...”
   “Essa sim é uma boa ideia!”
   “E quando você pode?” – Zayn rolou de barriga para cima no sofá e encarou o teto. Não estava fácil encontrá-la desde o dia dos namorados. Ou estava com Aidan ou ia sair com o Aidan ou ia assistir a peça de Aidan ou...
   “Hum...” – fez, pensando. Ultimamente estava complicado encontrá-lo. Além da faculdade e de ter um namorado, havia o fato de que seu namorado não gostava muito da ideia dela ter um melhor amigo. Sempre que Aidan a pegava no celular com Zayn era a mesma ladainha!
   “O que esse cara quer?” ou um “Você quer sair com ele, vai em frente... Parece importante...” cheio de sarcasmo ou “Você vai ficar aí falando com o seu amigo ou vai vir?”, todo impaciente.
   “Esquece... Quando você puder me avisa, tá?” – Zayn falou, antes que ela pudesse responder.
   “Zayn...”
   “Não, não tem problema. Aliás, melhor desligar, né? Não quero que ele brigue com você... Tchau, !” – Ele falou, com a voz meio derrotada, e desligou o celular.
   Continuou deitado no sofá, brincando com o celular e encarando o nada. Podia aceitar não vê-la quando eles moravam a quilômetros de distância, como havia sido até o ano anterior. Mas saber que ele e moravam na mesma cidade e os dois não conseguiam se encontrar por causa de um babaca qualquer o deixava muito bravo. Nunca tinha deixado de lado por causa de ninguém e se sentia incomodado que ela fizesse isso.
   Mas mais do que qualquer sentimento de raiva, sentia saudades. Brigar com ela pelo celular não era a mesma coisa. Olhou para o celular de novo, pensando se deveria ligar para alguém... Combinar um encontro.
   Foi o desânimo em pensar nisso que o alertou. Zayn devia estar “com defeito”.

  Niall ia andando em direção à loja de , tentando pela milésima vez ligar para o celular de . Caixa Postal de novo.
   Virou a esquina e encontrou a própria olhando para uma vitrine sorrindo. Era um pet shop.
   “Hey!” – Niall chamou sua atenção. – “Achei que ia te encontrar na loja...”
   A garota sorriu ao vê-lo e voltou os olhos para a vitrine.
   “Fechei mais cedo hoje... Tava aqui olhando esses filhotinhos. Acho que quero um!”
   Niall deu uma batidinha no vidro fazendo um deles pular e colocar as patinhas para cima. Os dois riram.
   “Você sabe da ? Não consigo falar com ela...” – Ele perguntou. – “Achei que fosse encontrá-la com você.”
   franziu a testa e tirou o próprio celular da bolsa. Nenhuma chamada perdida, nenhuma mensagem. Estranho...
   “Hum... Não sei de nada não. Será que ela voltou pra casa?” – Indagou, mais para ela do que para Niall. Discou e tentou ligar para a amiga. Nada também. – “Vocês tinham combinado algo?” – Quis saber, enquanto digitava uma mensagem.
   “Não, mas ontem ela não tava se sentindo bem... Falou alguma coisa sobre a casa dela...” – O garoto falou, passando a mão pela nuca. – “Eu nunca sei qual é o problema lá, mas sempre parece importante, então...”
   tirou os olhos do visor do celular e encarou Niall. Sentiu um pouco de pena dele. Precisava dizer a que contasse logo tudo para o namorado. Não era justo que ele ficasse assim, às escuras.
   “Não deve ser nada grave...” – Ela disse, para tranquilizá-lo. – “Eu saberia...”
   “Espero que não...”
   enviou a mensagem e guardou o celular, voltando a olhar para os cachorrinhos.
   “O que você acha desse bernese?” – Perguntou, apontando para o filhote gordinho preto, branco e caramelo.
   “Acho que ele ia gostar de brincar com a cortina da sua sala!” – Niall respondeu, rindo.
   “É... Eu também acho...” – tamborilou os dedos no vidro, fazendo o animalzinho vir até eles, e sorriu. Seria uma boa ideia ter um bichinho para encher sua casa de barulho e ocupar suas noites.

  Harry ia voltando da biblioteca quando viu sair do pet shop com um cachorrinho no colo e deu um sorriso involuntário ao observar a cena. Ela estava cada dia mais bonita e era uma covardia com ele. Horan, o irlandês da JJJ, vinha andando ao seu lado e os dois conversavam animadamente. “De onde eles se conhecem?”, pensou com um certo ciumes. Então se lembrou de tê-la visto com o cara mais velho. Será que ainda estava com ele? Será que tinha sido só aquele dia e, talvez, terem se encontrado estragou tudo? Aquela opção pareceu anima-lo. O garoto diminuiu os passos para continuar vendo-a a distancia. Não queria cruzar com .
   Ela se despediu de Niall e atravessou a rua, indo em direção à sua loja/casa. Este, por sua vez, acenou e começou a andar na mesma calçada, vindo de cabeça baixa olhando para a tela do celular. Quase passou reto por Harry.
   “Hey, cara!” – Ele o cumprimentou, trazendo sua atenção de volta. Niall desfranziu a testa ao reconhecê-lo e abriu um sorriso.
   “Opa! E aí, cara? Quanto tempo! Você sumiu!”
   Harry riu da animação dele.
   “Pois é… Mas e aí? Como tá o pessoal da JJJ?”
   “Todo mundo do mesmo jeito… Bebendo, indo mal na faculdade e ganhando todos os beer pong do campus!” – Niall respondeu, dando de ombros. – “Mas e aí? E a sua garota do reveillon? Se resolveu com ela?”
   “Nós terminamos aquele dia, cara…” – Harry respondeu sem jeito, coçando a nuca. Por algum motivo não quis completar com um “Alias, era ela que tava ali com você, como vocês se conhecem?”
   “Que sacanagem! Bom, pelo menos você não tem uma namorada perdida…” – O amigo falou apontando para o celular.
   “E a namorada é aquela que não ia na festa?”
   Os olhos de Niall se iluminaram.
   “A própria! No fim ela apareceu e nós estamos juntos desde então…” – Contou. Harry não pode deixar de sentir um pouco de inveja. Os dois então perceberam que o assunto ia morrer e se cumprimentaram de novo. – “Po, aparece lá na JJJ! Onde você disse que mora mesmo?”
   “SPR!”
   “É onde a mora!” – Niall exclamou. – “Minha namorada…” – Explicou.
   ? A melhor amiga de ? Bom, isso explicava eles se conhecerem.
   “Ah! Acho que sei quem é… Do andar do Tomlinson?”
   “Você conhece o Tomlinson também? Precisamos marcar alguma coisa mesmo então!”
   Harry riu.
   “Vamos combinar sim! Só me avisar ou me chamar lá no quarto andar!”
   “Tá certo! Cara, eu vou indo que eu ainda tenho que achar ela e encontrar o Murs na cafeteria.”
   “Beleza! Bom te ver, Horan!”
   “Se cuida, Styles!”
   Os dois sairam um para cada lado. O mundo era mesmo muito pequeno!

   e Danny já haviam andando pelo parque por tempo suficiente. Tempo demais até, ela achava. Danny a envolveu direitinho em um papo sobre o passado e sobre lembranças que ambos tinham da época da faculdade. Estavam rindo como velhos amigos e isso era preocupante. Olhou para o relógio e se assustou. Quanto tempo tinha passado ali?
   “Danny, preciso ir embora...” – Falou, quase como se pedisse desculpas.
   Estavam de volta à ponte e ele se apoiou na grade, parecendo incomodado.
   “Fica... Fica mais... Vamos tomar um café?” – Não era uma ideia, era um pedido.
   “Preciso ir pra casa... Ligar para o...” – Ela levantou a cabeça, tirando os olhos do celular, e mordeu os lábios. – “... Preciso ir pra casa.” [Coloquem When I was your man para tocar]

  “Same bed but it feels just
   A little bit bigger now
   Our song on the radio
   But it don't sound the same
   When our friends talk about you
   All it does is just tear me down
   Cause my heart breaks a little
   When I hear your name
   It all just sounds like
   Too young, too dumb to realize…”

  “Quanto tempo você tá com ele?” – Danny perguntou, ainda parecendo totalmente desconfortável.
   não queria responder. Era ridículo, mas não queria dizer “3 meses”. Queria que Danny achasse que ela havia superado há muito mais tempo. Que, na verdade, nunca tinha se importado tanto assim.
   “Um tempo...” – Respondeu vagamente, dando de ombros.
   “E a gente, ?” – O rapaz levantou a cabeça.
   “A gente?” – Ela deu uma risadinha irônica. – “A gente, Daniel? A gente o quê? A gente quem?”

  “That I should've bought you flowers
   And held your hand
   Should've gave you all my hours
   When I had the chance
   Take you to every party
   Cause all you wanted to do was dance
   Now my baby is dancing
   But she's dancing with another man…”

  Danny soltou a grade e se encostou nela, de costas para o lago.
   “Eu voltei por você!” – Ele disse. Ainda usava óculos de sol, mas era certo que a encarava. – “Você sabe disso, né? Você sabe que eu tô aqui por sua causa. Que essa palestra foi só uma desculpa pra estar aqui, pra te ver.”
   fez que não com a cabeça.
   “Você não pode desaparecer e voltar cinquenta anos depois falando essas coisas, Danny!” – Não era justo! Não era justo ele abrir uma porta qualquer e cair de volta na vida dela! Mais uma vez. – “Eu não te entendo! Você deve ter um problema psicológico! O tempo passa dentro da sua cabeça? Você sabe que sumiu por dois anos? Pior! Você sabe que fez isso depois de passar 5 meses longe, voltar do nada, que parece ser sua especialidade, dormir comigo e ir embora sem se despedir... Pela segunda vez? Você tem a mínima noção de tudo o que você fez, Danny?”
   “Eu nunca quis te magoar... Tudo o que eu fiz foi porque achava que tava fazendo o certo...”

  “My pride, my ego, my needs and my selfish ways
   Cause the good strong woman like you to walk out my life
   Now I'll never… Never get to clean up the mess I made
   Ooh and it haunts me every time I close my eyes
   It all just sounds like
   Too young, too dumb to realize…”

  “Desculpa, Danny. Não é suficiente...” – falou, dando de ombros. – “Você repetiu o mesmo erro...” – E então lhe ocorreu um pensamento. – “Você já sabia, não é? Que ia me deixar antes que eu acordasse?”
   O rapaz abaixou a cabeça e demorou a responder.
   “...” – Ele começou. – “Eu só queria ficar com você enquanto podia. E sabia que não ia conseguir me despedir... Eu nunca consegui. Sou um covarde!”
   “É... Você é.” – respondeu, concordando vigorosamente com a cabeça. – “E sua covardia custou tudo o que a gente tinha... Tudo o que a gente construiu em quatro anos de namoro.”
   Danny olhou para o outro lado e não disse nada. colocou a mão nos bolsos de novo, olhando para o lago.

  “That I should've bought you flowers
   And held your hand
   Should've gave you all my hours
   When I had the chance
   Take you to every party
   Cause all you wanted to do was dance
   Now my baby is dancing
   But she's dancing with another man”

  “Teria sido melhor se a gente se falasse?” – Ele perguntou, fazendo voltar a olhá-lo. – “Eu digo... Se nós continuássemos em contato enquanto eu estava longe? Teria evitado você estar com outro cara hoje, se eu tivesse ficado naquela manhã?”
   nem conseguia se imaginar segundo essa opção. Não havia como saber como seria com Niall, tampouco... Talvez eles virassem amigos e só, porque a garota estaria esperando por Danny. Ou talvez só teria feito com que os dois ficassem juntos antes... tinha demorado tanto para admitir o que sentia, por causa do que havia passado com o ex-namorado!
   Resumindo, o que ela sabia era que tudo teria sido completamente diferente! Sob esse ponto de vista, o período mais conturbado de sua vida teria uma luz no fim do túnel. Teria sido menos depressivo, menos solitário. Ela não teria sentido tanto medo.
   “Teria evitado a raiva que eu sinto de você...” – Foi o que respondeu. Porque era a única certeza que tinha. – “Isso faz diferença na sua vida? Na minha faz...”
   Danny colocou os dedos por baixo dos óculos de sol e secou os olhos. abaixou a cabeça para não ver a cena.
   “Eu não queria ter te machucado tanto...” – Ele falou, com voz de choro. – “Eu te amava tanto! E eu ainda amo você, ! Eu não vou embora de novo! Eu te juro!”
   “Você demorou demais...” – Ela também sentiu um nó na garganta e se odiou por isso. – “Eu não podia te esperar pra sempre sentada naquele corredor, Danny!”

  “Although it hurts
   I'll be the first to say
   That I was wrong
   Oh I know i'm probably much too late
   To trying apologize for my mistakes
   But I just want you to know…”

  “Ele é o amor da sua vida?”
   “Oi?”
   “O irlandês, seu namorado. Ele é o amor da sua vida?” – Danny perguntou.
   Ele não tinha o direito de perguntar aquilo! Não tinha direito nenhum de querer que ela comparasse o que havia sentido por ele e o que estava sentindo agora.
   “Essa pergunta é ridícula!” – disse, fechando a cara.
   “Por que ridícula? É uma pergunta como outra qualquer...”
   “Porque eu não morri, Danny! Como eu vou saber quem foi o amor da minha vida, se eu não cheguei nem na metade dela ainda?” – Respondeu, astutamente.
   “Você me entendeu...” – O rapaz também fechou a cara.
   “Entendi. E minha resposta é essa.” – deu de ombros.
   “Você não o ama...” – Danny respondeu, vindo em sua direção. – “Não como me amava. Nunca vai ser como era com a gente. Eu também tentei, , eu também falhei.”
   “Eu nem quero que seja como era com a gente, Danny. Eu quero um amor novo, quero sensações novas...”
   “Eu posso te dar isso... Um amor novo. Se é isso que você quer, pode ser tudo diferente.” – Ele quase implorava.
   “Não, Danny, a gente não pode. EU não posso.”
   “Por favor, ...” – Pediu, se aproximando mais e levantando os braços para tocar seu rosto. Assim que suas mãos alcançaram as bochechas dela, se encolheu e deu um passo para trás.
   “Danny... Não...” – Falou, também quase implorando. – “Eu... Eu... O amo sim. Amo o Niall. Ele me faz feliz!” – Deu dois passos para trás. – “Você não queria tomar café? Vamos... Vamos sair daqui...”

  “I hope he buys you flowers
   I hope he holds your hand
   Give you all his hours
   When he has the chance
   Take you to every party
   Cause I remember how much
   You love to dance
   Do all the things I should've done
   When I was your man
   Do all the things I should've done
   When I was your man…”

   se sentou na cafeteria, exausta. Estava com dor de cabeça e querendo fugir do mundo mais uma vez. Não, queria que Danny sumisse de novo, isso sim. Dessa vez ela não ligaria. Dessa vez, ela ia fazer a dança da vitória. Encostou a cabeça nos braços enquanto ele estava no balcão fazendo os pedidos. Precisava falar com ! Precisava falar com alguém que não fosse Danny. Tirou o celular da bolsa, ligou-o e viu mais chamadas perdidas dela e de Niall.
   Estava escrevendo um pedido de socorro para a melhor amiga quando alguém gritou.
   “EU NÃO ACREDITO! NÃO ACREDITO NO QUE EU TÔ VENDO!” - Era a voz de Olly. Merda! – “O HOMEM! O MITO! DANNY JONES!”
   (sentada de costas para a porta) se virou, colocando metade do corpo no corredor entre as mesas, e seu coração gelou.
   Parado atrás de Olly estava Niall, com uma expressão confusa. A garota se levantou para ir até lá, mas assim que a viu, seus olhos se arregalaram e ele abriu a boca em choque.
   “Niall...” – Ela começou, chamando a atenção dos outros dois. O garoto fez que não com a cabeça e saiu da cafeteria. – “NIALL!”
   Olly a encarou e mordeu os lábios, também entendendo o problema.
   “...” – Danny tentou, mas foi em vão. Ela já havia saído atrás do namorado.

Capítulo 17 - That’s the truth

Coloquem para carregar: No Name – Ryan O'Shaughnessy

  “Niall…” – o chamou pela décima vez. O garoto ia na frente, andando muito mais rápido do que deveria já que seu joelho estava detonado. Ela desistiu de chamá-lo, não iam discutir no meio da rua de qualquer forma! Ele foi andando até a JJJ, balançando a cabeça de vez em quando e passando as mãos pelo cabelo.
   Ao chegarem à república, se apressou para segurar a porta antes que ele a fechasse. Assim que entraram no hall de entrada, Niall bufou e se virou.
   “Eu sou tão burro! Sou tão idiota! Como eu não me toquei ontem?” – Ele gritou na direção dela. Os meninos que estavam na sala arregalaram os olhos e juntaram suas cervejas e caixas de pizza, indo para a cozinha.
   “Niall! Calma... Não... Não é nada disso que você tá pensando!” – Aquela frase era TÃO cretina! Mas realmente não era o que parecia.
   “Então aquele cara não era seu ex? Não era o tal Jones, o mito, o cara que todo mundo idolatra?”
   abaixou a cabeça.
   “É ele sim, mas...”
   “E você sabia que eu ia na palestra, apresentação, sei lá o que dele e não me falou nada? Você deixou eu ir até lá apertar a mão do cara e dizer que ele era um gênio? Deixou eu convidar ele pra sair comigo e com a minha namorada?”
   Ela levantou os olhos e balançou a cabeça vigorosamente.
   “Não, Niall! Eu não sabia, eu...”
   “Era por isso que tava toda estranha! E eu preocupado com você! Preocupado porque você tava mal ontem e sumiu hoje!”
   “Eu fui pega no susto, também não...” – Mas ela não conseguia terminar nenhuma frase. “... E você passou o dia com ele! Sem me avisar, sem me contar nada! Nem a sabia! O que você ia fazer depois? Convidar ele pra conhecer o seu quarto? Pra se lembrar como era namorar o incrível Jones?”
   “NIALL!” – Foi a vez dela gritar. As coisas começavam a sair do controle. – “Pelo amor de Deus me escuta por cinco segundos!” – O garoto cruzou os braços e deu um passo para trás, fazendo que não com a cabeça. – “Sim, ele é meu ex-namorado. O Jones que todo mundo fala... Mas eu também não sabia que ele iria voltar! Fazia dois anos que eu nem sabia por onde ele andava! E eu fiquei em choque quando vi vocês dois juntos e conversando, eu fiquei sem saber o que fazer, como agir...”
   “E aí você mentiu pra mim...”
   “Eu ia fazer o que? Te dizer ‘Ih, Niall, esse é meu ex-namorado que me largou e sumiu por 2 anos... Corre, que é cilada!’ na frente dele?”
   “Se você tivesse se dado ao trabalho de me contar direito o que se passou entre os dois, eu teria entendido com um sinal ou algo assim. Mas por algum motivo você sempre me vem com meias histórias e um ‘é complicado’ no final.”
   não podia negar, aquilo era verdade.
   “Eu sei... Eu sei. E não tenho desculpas pra isso e nem pra ter mentido. Mas eu só queria sair dali! Sair de perto dele...”
   “Entendi. Você queria fugir dele ontem, mas passou o dia com o seu ex hoje... Faz sentido.” – Niall falou, irônico. Seu tom de voz doía mais do que suas palavras. Nunca tinha o visto usar de tanta ironia.
   “Ele apareceu no terceiro andar hoje de manhã. A gente precisava conversar... Eu precisava saber o que ele tava fazendo aqui! Porque ele voltou...”
   “E em que parte do seu dia lotado você pretendia lembrar que tinha namorado?”
   “Eu passei o dia me lembrando disso, Niall...” – respondeu entredentes. Se ele ao menos soubesse como tinha sido difícil driblar Danny! – “Passei o dia me sentindo mal e pensando que tinha que te ligar e te explicar tudo... Que não era justo te deixar no escuro. Você acha que eu não sei que estou errada? Eu vim atrás de você justamente pra te pedir desculpas e te explicar. Mas você precisa acreditar no que eu tô dizendo... Senão não faz o mínimo sentido!” – Ela disse. Sabia que não estava por cima para dar lição de moral, mas realmente não via porque continuar tentando falar com Niall se ele não estava disposto a aceitar.
   “Eu só achei que você confiasse em mim...” – O garoto respondeu, magoado. Ele encarava o chão. – “Achei que não ia ter que passar por essa situação de ser o último a saber.”
   “Você quer ouvir a história?” – Ela perguntou. Estava tão cansada... Seu cérebro parecia estar sendo espremido como uma esponja desde o dia anterior. – “Eu não te contei porque eu não gosto de nada relacionado a ela, Niall. E isso inclui o Daniel.”
   O garoto levantou a cabeça e mordeu o cantinho do lábio inferior.
   “Eu não queria que fosse um esforço... Mas achei que nós pudéssemos contar coisas um pro outro. Eu te contei tantas coisas!”
   Ela fez que sim com a cabeça e respirou fundo.
   “Resumindo, porque a história é longa...” – Começou, colocando as mãos nos bolsos. – “Eu namorei o Danny por quatro anos, durante toda minha graduação. Aí na noite da minha formatura, ele sumiu... Desapareceu sem deixar um bilhete, um endereço, não respondeu meus telefonemas, minhas mensagens... Sumiu e foi viver de música pela Europa afora. Por cinco meses. E então ele voltou no Dia de Ação de Graças e eu achei que ia ser diferente e que daquela vez ele não ia me abandonar sem dizer nada... Mas eu estava errada. Ele me abandonou pela segunda vez e eu passei dois anos sofrendo por isso. Me escondendo, me impedindo de viver... Achando que, se Danny tinha feito aquilo, então não havia mais ninguém que poderia me fazer feliz...” – deu um passo a frente e Niall a encarou, começando a entender várias coisas. O Dia de Ação de Graças! O dia que ela tinha a ele que os dois não dariam certo. – “Felizmente, eu estava errada de novo. Porque eu conheci o garoto mais adorável e encantador do mundo e, mesmo morrendo de medo e tentando me afastar, eu não consegui impedir que ele entrasse na minha vida. E agora meu medo é de perdê-lo por um motivo idiota!”
   sabia que estava faltando uma parte importante na história que tinha acabado de contar a ele. Mas precisava contá-la primeiro para outra pessoa. Niall deu um sorriso, ainda meio tímido, e também deu um passo a frente.
   “Você tem noção do que eu senti quando te vi com aquele cara e percebi que ele era o seu ex?” – Ele disse. Não estava mais brigando, seu tom de voz era meio desesperado, na verdade. – “O tal Jones de quem todo mundo sempre falava quase babando e que parecia muito melhor que eu aos olhos de todo mundo? Que EU mesmo achava muito melhor? Era o fim do jogo pra mim...”
   A garota fez que não com a cabeça e, sem pensar, colocou seus braços em torno do pescoço do namorado.
   “Mas não é fim do jogo! Eu amo VOCÊ, Niall! Se hoje eu disse ao Danny que ele podia ir embora de novo porque eu estava feliz e nós não íamos voltar, eu só tive essa certeza porque eu tô com você e é com você que eu quero continuar!”
   Niall passou seus braços pela cintura dela e a trouxe mais para perto afundando seu rosto na curva do pescoço da namorada.
   “Você tá falando sério? Você não vai me trocar por ele?” – Ele perguntou com a voz abafada. mexeu em seu cabelo e lhe deu um beijo no pescoço.
   “Você tá maluco, irlandês? Você é meu amuleto da sorte! E você prometeu realizar todos meus pedidos...” – Ela respondeu, fazendo-o dar uma risadinha. Niall levantou a cabeça e a encarou bem de pertinho, sorrindo. – “Você é precioso demais pra eu te perder...”
   Seus lábios estavam muito próximos agora, mas os dois ainda ficaram um tempo apenas abraçados e sorrindo um para o outro. Foi que inclinou o rosto e chegou mais perto, fazendo com que suas bocas se tocassem.
   Era verdade que os casais precisavam de tensão às vezes, porque aquele foi provavelmente o melhor beijo que já haviam trocado até então. Niall deu dois passos e a encostou na porta, beijando-a ainda mais intensamente. Quando perceberam que teriam que sair do hall de entrada da república, se separaram e começaram a rir, pensando se iam para o quarto de Niall (que era mais perto, mas menos conveniente já que a casa estava cheia) ou para o dela (longe, porém não devia ter ninguém no terceiro andar a essa hora).
   Decidiram que Niall precisaria de uma bolsa de gelo para o joelho no outro dia.

  Os dias que se seguiram foram tranquilos até demais para o gosto de . Acabou pegando a mania de checar se havia algum barulho suspeito antes de sair do quarto. Queria, pelo menos, ter opção de escolha se Danny estivesse parado do lado de fora da porta. Mas nada aconteceu. Depois de sair correndo atrás de Niall e tê-lo deixado na cafeteria, não havia o visto mais. Talvez tivesse desistido e ido até a tal gravadora, produtora ou sei lá para dizer que ia sim renovar o contrato, afinal não o queria mais. Ou talvez simplesmente tivesse ido visitar a mãe, ou Tom, ou Harry...
   , assim que conseguiu, correu contar para tudo o que tinha acontecido. Se surpreendeu ao ver uma bolinha de pelos pretinhos pulando desajeitada em seus pés e percebeu que a amiga tinha novidades também.
   “Esse é o Hendrix.” – Ela disse, pegando o filhotinho no colo. – “E se você tentar achar a razão psicológica para isso, eu te bato!”
   riu e coçou as orelhas do cachorrinho.
   “Fica tranquila, amiga. Eu sei, mas não vou falar nada.”
   As duas riram e se sentaram para colocarem o papo em dia. ainda estava com a boca aberta e a expressão confusa depois de ouvir sobre a volta de Danny. E de seu novo sumiço. Quem havia colocado o mundo de cabeça para baixo?
   “E você e o Niall?”
   “Estamos bem. Ele aceitou minhas desculpas e, como Daniel sumiu, acho que ele desencanou...”
   “, pelo amor de Deus! Você precisa contar tudo pra ele logo!”
   “, nem o Danny sabe ainda! E agora ele sumiu pela milésima vez...”
   “Você vai esperar o Jones reaparecer? , pode levar dez anos!”
   A garota abaixou a cabeça, sabia que estava certa. Mas ainda não se sentia pronta... Alguma coisa lhe dizia que Danny iria voltar dessa vez e ela contaria a ele. E depois para todo mundo e para Niall.
   “E você e o Matthew?” – Ela mudou de assunto.
   deu uma risadinha sem humor.
   “Eu comprei um cachorro. Achei que isso respondia todas as perguntas sobre mim.”
   “Podia ser um cachorro de vocês dois...” – tentou, fazendo a amiga dar a mesma risada.
   “Não, não é o caso.” – tirou os olhos do filhote, parecendo triste. – “Encontrei o Styles uns dias atras...”
   “E aí?”
   “E aí, nada. Ele me viu com o Matt e depois saiu sem nem trocarmos uma palavra...”
   “, agora eu é que falo pelo amor de Deus! Larga de ser orgulhosa e vai atrás dele! E para de pensar se vão te julgar ou não, foda-se!”
   “Eu não posso! Eu não consigo...” – A garota falou, parecendo ainda mais triste. – “Não consigo dar o braço a torcer!”
   As duas continuaram ali conversando, fazendo carinho em Hendrix e tentando chegar a um consenso sobre seus problemas. Ainda bem que continuavam se amando mesmo quando ignoravam o conselho uma da outra.
   Mas tudo seguia dentro dos conformes e bem (na medida do possível) para elas.

  “STYLES, MEU QUERIDO!” – Louis gritou, ao ver o calouro saindo do SPR. Harry riu ao ver o veterano. – “Tá sumido!”
   “Eu? Quem mudou de andar e casou foi você!” – Brincou, indo até Lou, que parecia estar voltando da biblioteca e carregava uns 5 livros. – “Quer ajuda?”
   “Você tá muito ocupado?”
   “Não... Dá uns livros aqui, eu te ajudo!” – Falou, pegando os primeiros livros da pilha. – “E como tão as coisas?”
   “A vida anda uma desgraça!” – Falou. – “Lottie inventou de trazer minha ex pra cá!”
   “Ela ainda não sabe de você e da Calder?”
   “Não... Sempre acontece alguma coisa quando a gente tenta contar...”
   “E o que sua ex veio fazer aqui?” – Harry franziu a testa, entrando no elevador com o amigo.
   “Causar, Styles. Ela veio causar. El ficou uma fera com a Lottie, mas não podia fazer nada... E Hannah tá diferente, mais inconveniente... Foi um caos!” – Harry tentou segurar, mas soltou uma risadinha e deu uns tapinhas solidários nas costas de Louis. Sempre tem alguém tão na merda quanto a gente. – “E você, Styles? Soube que a tá namorando um cara...”
   “Namorando?” – Ele perguntou. Achava que podia ser alguma coisa menos séria.
   “Pelo que eu ouvi, sim...” – Lou respondeu, já se arrependendo de ter dito aquilo. – “Achei que você soubesse, desculpa! Eu e minha boca grande!”
   “Não, tá de boa...” – O garoto coçou a nuca, entregando os livros a Louis na porta de seu dormitório. – “Tá tudo bem. Superei já!”
   É, tava com cara mesmo...
   “Tava indo onde?” – O veterano perguntou, tentando consertar. – “Eu, Liam e o Horan vamos no campo de futebol hoje. O time da Universidade joga as 9 horas...”
   “Tava indo na academia. Mas topo sim... Uns caras da minha sala jogam. Eu desço aqui então! Até mais, Tomlinson.” – Falou, saindo meio chocado com a notícia. E bravo consigo mesmo por se sentir abalado com isso ainda.

   continuava digitando sua dissertação e começava a achar que, como todas as outras dissertações da Terra, a sua só ficaria pronta em cima da hora. Ela não se ajudava, porém, e no momento trocava mensagens com Niall e segurava a risada se lembrando de cenas do Saint Patrick’s Day. Por algum motivo obscuro ela e o namorado não se lembravam de metade da festa e, mesmo uma semana depois, ainda se pegavam relembrando cenas e conversas e mandavam um para o outro, tentando refazer a ordem cronológica dos fatos. Estava segurando a risada e dizendo a Niall que ele tinha sim puxado uma velha pra dançar macarena quando ouviu alguém bufar ao seu lado.
   Por um segundo, achou que Zayn estava incomodado com suas risadinhas, mas o garoto olhava o próprio celular e estava com a testa franzida.
   “Hey!” – Ela chamou. – “O que você tem?”
   Zayn não respondeu, em seu jeitinho simpático de sempre, e continuou digitando. Levantou a cabeça quando terminou e percebeu que ainda o encarava.
   “Nada... Não é nada...” – Falou, estressado. Mas também meio decepcionado.
   Quem é que tinha o deixado assim? Será que ele tinha levado um fora? Hum... Difícil. Será que uma de suas peguetes finalmente tinha dito a ele que Zap era um nome horrível?
   “Pode se abrir comigo, Malik! Sou eu...” – disse, fingindo que eram grandes amigos apenas para irritá-lo. Se atreveu até a dar um soquinho em seu braço. Era legal demais irritá-lo! O garoto arqueou as sobrancelhas.
   “Você tomou seu remédio hoje?” – Perguntou, fazendo-a rir.
   “Parei de graça. Sério agora, tem alguma coisa que eu possa fazer?”
   Zayn ficou um tempo a encarando, como se a avaliasse. Depois pareceu achar que ela era digna de confiança.
   “Não aguento mais esse cara que a tá namorando...” – Confessou.
   se sentiu um pouco culpada. Ultimamente estava passando tempo demais com Niall e de menos com as garotas. Não sabia o que Aidan havia feito.
   “O que houve?” – Ela quis saber.
   “Ele fica me cortando! Colocando minhoca na cabeça dela... A gente não se vê nem metade do que se via antes...”
   estava vendo o que achava que estava vendo?
   “Zayn... Ela tá namorando. Começo de namoro é assim mesmo... Ela tá dando atenção pra ele.” – Explicou. Era isso que ela também vinha fazendo...
   “Não... Você não tá entendendo! Esse cara tem um problema pessoal comigo!”
   “Que namorado não teria?” – deixou escapar, fazendo Zayn sorrir de lado.
   “Seu namorado tem?” – Ele perguntou, erguendo uma sobrancelha e voltando a se parecer mais com o garoto que ela conhecia.
   “Não. Niall nem liga, na verdade... Aliás, ele acha que você canta pra caramba!” – Respondeu, fazendo o sorriso de lado desaparecer. Voltou à expressão zangada/magoada de antes.
   “De qualquer forma, ele fica falando na cabeça da e ela vai se afastando cada vez mais! Ela é minha melhor amiga, caralho! Ela é... É a única pessoa com quem eu realmente me sinto confortável!” – Ele olhou para baixo e deu um sorriso triste. – “ costuma dizer que eu só sou legal com ela...”
   já tinha ouvido uma história parecida antes e não acabava bem. E, por conhecer algo tão semelhante e por conhecer o garoto o suficiente, pode entender algo que nem ele e nem sua amiga viam.
   Zayn estava apaixonado por .

  “Eu desisto, !”
   continuava encarando a mensagem que tinha recebido de tarde. Não sabia mais o que fazer! Sentia pressão dos dois lados: seu namorado não ia com a cara de Zayn e sempre dava piti e seu melhor amigo cobrava que as coisas fossem como antes. Queria voltar para a época medieval e dizer para os dois: “Duelem e se resolvam!”, enquanto virava as costas e ia ler um livro.
   Ainda não sabia o que responder, mas o tempo estava passando e deixar a mensagem sem resposta era ainda pior. A porta da cozinha se abriu e ela tirou os olhos do aparelho e encontrou .
   “DR?” – Ela perguntou, analisando a expressão da garota.
   “Com o melhor amigo... Serve?” – Respondeu, passando as mãos no cabelo.
   “O que o Zayn fez dessa vez?”
   deu uma risadinha sem humor.
   “Pior que dessa vez eu nem sei se é ele que tá errado... Tenho tentado me equilibrar e dividir meu tempo entre Aidan, a faculdade e meus amigos, mas parece que com o Zayn não tá dando certo! Além do mais, Aidan não gosta dele... O que torna tudo mais difícil.”
   se sentou de frente para a amiga. Conhecia uma história como aquela.
   “Eu já passei por isso... Mas vi a situação sob outro ponto de vista.” – Ela começou, fazendo levantar os olhos, interessada. – “Eu também tinha um melhor amigo e ele era a pessoa que eu mais amava nesse mundo, chegava a ser ridículo! Éramos nós dois contra o mundo sempre e, mesmo depois eu conheci a e minhas outras amigas, ele ainda era o meu porto seguro. O meu amigo mais especial...”
   franziu a testa. Nunca tinha parado para pensar, mas era isso. Zayn era seu amigo mais especial, mesmo com as meninas, mesmo com a distância, mesmo com o jeito arrogante dele às vezes.
   “O que aconteceu?” – Ela perguntou, querendo ouvir mais.
   “Aconteceu uma outra mulher...” – respondeu, dando um sorriso triste. – “Tom conheceu a atual esposa e, aos pouco, foi me podando da vida dele. No começo essa garota parecia me adorar, achei que nem seria tão mal se eles ficassem juntos... Mas quando percebeu como nossa amizade era, ela começou a criar barreiras pra gente se ver, não passava meus recados pra ele, inventava programas quando a gente combinava de sair... Foi um inferno assistir a isso de mãos atadas e Tom não fez muito também, porque estava apaixonado... Giovanna falava, ele obedecia. No fim, ele se formou, foi embora morar com ela, casou... E nós mal nos falamos hoje.” – segurou o choro. Odiava tanto pensar nisso! Em como tudo tinha mudado quando ela jamais imaginou que seria possível. estendeu o braço e apertou sua mão, solidária. – “Eu não tô te falando que é isso que vai acontecer... Cada caso é um caso. Mas eu já estive do lado do Zayn na história e dói muito perder seu melhor amigo pra alguém que nunca vai amá-lo mais que você... Entende?”
   concordou.
   “Eu não quero perdê-lo também!” – Falou, fazendo que não com a cabeça como se a ideia fosse absurda. – “Zayn é meu amigo desde sempre... A gente continuou melhores amigos mesmo quando ele se mudou pra cá!”
   “Que bom que você sabe o quanto essa amizade é importante. E é compreensível esse ciúmes do Aidan, mas tenta passar por cima disso. Nunca vai ser igual enquanto você namorar, mas se vocês dois estão sofrendo por isso e seu namorado tá tranquilo, é porque a situação não tá tão equilibrada quanto você acha que tá.”
   entendeu o recado. Só ela estava cedendo. Cedendo... Cedendo... Exatamente como o amigo de fez. Mas o que ela faria se um dia percebesse que não tinha mais contato com Zayn nem para ligar e aborrecê-lo sem motivo? E se só se desse conta tarde demais?
   “Você tá certa, ! E eu nunca enxergaria sozinha!” – Levantou o rosto e apertou as mãos de mais uma vez. – “Obrigada mesmo! E não fica assim... Quem sabe a história não acabou? Quem sabe vocês ainda tenham outra change de voltarem a ser amigos como antes?”
   sorriu de volta.
   “Eu duvido... Mas vou ficar feliz se souber que você conseguiu consertar os erros antes de ficar irremediável!”
   “Eu vou!” – afirmou. – “Vou agora!”
   Pegou o celular de novo e digitou uma mensagem:
   “She says we've gotta hooooold on to what we've got! It doesn't make a difference if we make it or nooooot…
   Sem drama, Zayn Malik! Chego aí na sua casa em meia hora! (Te amo, seu marrento!)”

   Depois deu um beijo no rosto de e foi se arrumar. A garota sorriu para a porta da cozinha se fechando e voltou a olhar além da janela acima da pia. Quisera ela poder dar um jeito e ter seu melhor amigo de volta!
   Ficou um tempo por ali, se lembrando de Tom, até se dar conta de que ja era tarde e ela deveria ir embora. Estava saindo da cozinha em direcao ao quarto de , mas parou ao perceber uma algazarra no quarto de Liam. e Eleanor dividiam a cama dele enquanto os meninos berravam na frente da TV para Louis e Niall que disputavam uma partida de futebol no videogame. Mas entao, percebeu um quarto garoto. Alto, magro e com um tique nervoso de jogar a franja para frente. Ele ria de Niall, que estava perdendo, e o zuava com um jeito todo peculiar de falar.
   Desde quando Harry Styles era frequentador do terceiro andar?

  (Coloquem No Name para tocar)
   "Every now and then I see a part of you I've never seen
   Birds can swim and fish can fly
   The road is long
   I wonder why"

  Zayn estava sentado no balcão da cozinha de sua casa e observava cozinhar. Ela tinha essa mania de sempre girar a colher o mesmo número de vezes para a direita e para a esquerda, mas nem devia perceber. E mordia os lábios algumas vezes, parecendo incerta sobre a receita.
   "Que foi, moleque?" - Ela perguntou, olhando-o de rabo de olho e percebendo que o garoto a observava. O garoto balancou a cabeca, se livrando de seus devaneios.
   "Você tem certeza que essa gororoba vai dar certo?" - Ele indagou, apenas para irritá-la. - "Tá com uma cara estranha!"
   "VOCÊ tem uma cara estranha, Malik! Vai à merda!" - Ela retrucou, jogando o pano de prato nele, que gargalhou.
   Zayn puxou o maço de cigarro do bolso e recebeu outro olhar de lado.
   "Que foi?"
   "Voce é retardado? Vai disparar o alarme de incêndio!"
   "Eu desliguei o alarme da cozinha..." - Ele respondeu, acendendo o cigarro. - "Fica tranquilinha, mae!"
   "Vou. Vou ficar sim... Sabendo que você desligou o alarme do cômodo mais perigoso da casa só pra fumar essa merda!"
   Ele sorriu ao perceber que estava realmente preocupada.

  One of these days you'll realize
   What you mean to me
   Ohh-hh, every now and then I see a part of you I've never seen
   Every now and then I try to tell you just how I feel
   Heavens talk, the rain begins, the sky turns black
   Nobody wins

   mexeu mais um pouco a panela e desligou o fogão. Zayn pulou do balcão e foi andando atrás dela até a sala.
   "Que porra é essa, afinal?"
   "Chama brigadeiro. É um doce brasileiro... Uma menina da minha sala me ensinou. Voce vai querer?" - Ela ofereceu uma colher a ele, que a mergulhou na panela pegando um pouco. Sorriu ao sentir o gosto. Teria que dar o braço a torcer... Estava delicioso!
   "Até que ficou bom!"
   "Vindo de você, devo considerar um elogio!"
   Zayn pegou mais uma colherada e ficou observando enquanto fazia o mesmo, assoprava o doce e levava a colher à boca. Seus pensamentos em resposta a essa cena foram no mínimo assustadores. Eles vinham e voltavam, sendo desde um pouco cafonas até os mais impróprios possíveis. O que aquilo significava? Porque ultimamente ele SEMPRE acabava tendo esse tipo de pensamento?

  Well, I try to talk but I can't
   My soul has turned to steel
   This happens every now and then when I try to tell you just how I feel

  "A gente pode ir assistir filme deitados na sua cama?" – pediu, já indo em direção ao quarto do garoto, que estava preso no chão. – "Você vem?"
   Ele tentou ser o mais natural possível e se deitou ao lado dela, a panela de brigadeiro no meio. Estava sem fome, estava sem vontade de fazer nada. Estava morrendo de medo.
   A garota deu play no filme e se ajeitou na cama, encostando a cabeça no amigo, que pareceu se petrificar ao sentir o rosto dela em seu ombro. Ele nunca tinha se sentido assim. Nunca tinha ficado tão estranho. Era , porra! Sua melhor amiga! Aquilo nao podia ser verdade... Não estava apaixonado, nao estava! Ele estava so com ciumes por que estava namorando. Era só isso.
   "Tá tudo bem?" - se virou para ele.
   "Tá. Tá tudo bem sim..." - Zayn respondeu e sorriu, fazendo-a franzir a testa.
   "Voce tá sendo educado?"
   Ele riu de nervoso.
   "De vez em quando eu sou legal, lembra?"
   riu e se levantou pegando mais uma colherada de brigadeiro. Antes de se deitar, afastou o braco de Zayn e se deitou em seu peito. O garoto levou o braço até a cintura dela e seu coração deu um solavanco. Olhou para baixo e ficou admirando-a por longos minutos, desejando mexer em seu cabelo, mas apavorado demais com essa ideia.
   Estava na merda. Estava muito na merda.
   Estava apaixonado pela última pessoa por quem deveria ficar apaixonado.

  So if you ever love somebody
   You gotta' keep them close
   When you lose grip of their body
   You'll be falling
   'Cause I'm falling
   Deeper in love
   In love
   In love
   In love..."

   olhava em volta para todos os folhetos e livros espalhados em sua cama. Ela e Liam tinham embarcado em uma missão de descobrirem qual era sua verdadeira vocação, mas ainda nao haviam chegado a nenhuma resposta definitiva.
   Presa ao seu mural estava uma lista com dez profissões que ela considerava interessantes e que, de alguma forma, poderiam fazê-la mais feliz que Arquitetura. Mas ainda tinha medo. Medo de errar mais uma vez, medo de dar outro tiro no escuro. Tambem estava apavorada com a ideia de se empolgar com outra faculdade e não conseguir arranjar uma maneira de cursá-la. E havia ainda algo pior: E se precisasse ir embora e deixar o namorado, as meninas e o terceiro andar?
   Suspirou mais uma vez e voltou a ler sobre Economia. Mas não, essa definitivamente não iria para a sua lista.
   Olhou de novo para o mural. Psicologia ainda estava no número 1 e parecia ser realmente um curso legal. Ela se lembrava de dizendo a ela para se enturmar, para viver a faculdade e, apesar de saber que lidaria com casos BEM mais graves do que esse, gostava da ideia de ajudar pessoas a se sentirem melhor, se libertarem do que as prendiam e se tornarem mais felizes. Mas sera que tinha vocação?
   Liam abriu a porta e sorriu ao vê-la em meio a um mar de papéis.
   "Ia perguntar se você tá pronta, mas acho que não, né?" - Ele disse, sorrindo.
   olhou para o relógio. Tinham combinado de ir ao cinema, mas ela havia perdido completamente a noção da hora.
   "Liam! Eu me esqueci!" - Ela disse, pulando para o chão e correndo para o guarda roupa, fazendo o namorado rir. - "Quanto tempo nós temos? Pega minha bolsa!"
   O garoto entrou no quarto rindo e fez o que ela pedia, se sentando na cama depois.
   "Algum curso novo no Top10?" - Ele quis saber.
   "Hum... Design de Interiores. Os pros são que ia ser bom depois desse primeiro ano de Arquitetura e meus pais aceitariam mais fácil, por ter alguma relação com o curso que eu já to fazendo. Os contras sao que eu acho meio coisa de dondoca desocupada (Liam gargalhou) e que não tem aqui na Saint Mary."
   "Ja te falei pra não se prender a esse detalhe!"
   fechou a porta do guarda roupa e o encarou.
   "Nao é um detalhe! Eu não quero ir embora!"
   "Mas existem outras faculdades aqui por perto..."
   "Mas em nenhuma tem o terceiro andar. Eu não seria eu sem esse lugar, Liam. Estar na faculdade não seria a mesma coisa... Eu não quero ir, não quero deixar o lugar que me mudou em tão pouco tempo!"
   "Se é por causa do terceiro andar, tudo bem. Mas se fosse por causa de mim..." – Ele falou, com um ar de riso.
   sorriu de lado.
   "Logico que é por sua causa também... Voce faz parte do pacote do terceiro andar!" – Explicou.
   Liam abriu os braços e a namorada foi até ele e se sentou em seu colo.
   "Eu so não quero interferir numa decisão tão importante..." - Ele disse.
   "Tarde demais... Voce ja é parte da decisão, você ja é parte de tudo!"
   O garoto deu um selinho em seus lábios e sorriu.
   "Eu amo você!"
   "Tambem amo você."
   passou seus braços pelo pescoço do namorado e o abraçou, distribuindo beijos pelo seu rosto. Depois se lembrou que ja estava atrasada e se levantou correndo para continuar a se arrumar. Liam jogou os papéis na escrivaninha e se deitou na cama.
   "A gente pode ficar por aqui também..." - Tentou, com um olhar maroto.
   "Liam Payne, Liam Payne..." - A garota chamou, rindo. - "Se comporte. A gente pode voltar pra cá mais tarde, mas prometi a Jessica que íamos hoje, ela fica toda sem graça perto do Josh."
   "E esse Josh ai? Gente boa? É o calouro amigo do Niall, ne? Hum..."
   riu ao perceber a preocupacao do namorado.
   "Ta com ciumes, Liam?" - Perguntou, enquanto colocava os brincos.
   "E só um instinto protetor. Jessica é tipo uma irmã caçula pra mim."
   "Voce acabaria com todos os sonhos impuros dela dizendo isso." - resmungou, rindo só para si.
   "Oi?" - Liam nao tinha certeza se havia entendido direito.
   "Nada..." - A garota falou, pegando sua bolsa e puxando o namorado pela mão. - "Eu não disse nada. Vem!"

  “E um pássaro aqui. Sei lá, ia ficar maneiro. Também tenho vontade de fazer uma no peito, uma frase… Mas nao sei o que ainda…” – Louis tinha passado os últimos 15 minutos contando a El as ideias mais absurdas que tinha para tatuagens. Os dois estavam deitados na cama do garoto e pareciam ser os únicos habitantes do terceiro andar naquela tarde fria de sábado.
   “Vira homem, Louis!” – Foi o que Eleanor respondeu, segurando a risada. O namorado se sentou na cama de uma vez, parecendo extremamente ofendido.
   “Como é que é, Eleanor?”
   A garota deu uma risada sapeca.
   “To brincando…”
   “Retira já o que você disse!”
   Ela fez que não com a cabeça.
   “Não?” – Ele perguntou de novo, indo para cima dela. – “Tem certeza?”
   A garota gargalhou e se levantou, correndo em direção a cozinha. Se apoiou na pia e deu um gritinho quando o namorado entrou no comodo.
   “Você esta em apuros, Calder!” – Ele disse simplesmente, caminhando devagar em sua direção, com as mãos nos bolsos.
   “Não, Lou, não!” – Respondeu, rindo.
   “Quem mandou eu virar homem?” – Ele perguntou, se aproximando, com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso de lado.
   Eleanor mordeu os labios e sentiu as mãos de Louis em sua cintura, a puxando para perto.
   “Lou, aqui não… As menin…” – Começou, olhando para a porta da cozinha.
   “Não tem ninguém aqui agora. Relaxa…” – Foi o que o garoto disse antes de beijá-la. Ele deu dois passos para frente, a encostando de novo na pia.
   À medida que o beijo se intensificava e o clima esquentava, El foi colocada sentada em cima do balcão. A ideia de continuarem aquilo na cozinha parecia ridicula, mas nenhum dos dois parecia estar raciocinando direito. Qualquer um podia entrar a qualquer momento.
   Qualquer um mesmo…
   “LOUIS! ELEANOR!”
   Os dois se separaram ainda meio desnorteados. Lottie estava parada segurando a porta da cozinha e os olhava chocada. Não havia como contornar a situação. Eleanor estava usando apenas calcinha e uma regata do namorado, Louis estava sem camisa e os dois estavam, em um português claro, se atracando no meio da cozinha do terceiro andar.
   “Lottie!” – Louis se virou, coçando a nuca. El pulou para o chão, completamente envergonhada.
   “Eu não acredito que isso tá acontencendo. E bem embaixo do meu nariz! BEM EMBAIXO DO MEU NARIZ!” – Ela atirava sua raiva para os dois, mas seus olhos estavam cravados em Eleanor.
   “Lo…” – Ela tentou, torcendo as mãos nervosamente.
   “Cala a boca! Não fala comigo! Que nojo de você, que nojo de você!”
   “Você é que não vai falar assim com ela!” – Louis respondeu. – “Ninguem é criança aqui, Lottie! Para de agir como uma!”
   “Bem que a Hannah me falou que tinha alguma coisa errada com os dois. Que Eleanor não tinha ido com a cara dela… Que tinha sido estranho Louis ir atrás de você na cozinha… Ela tava certa! E eu te defendi! Disse que você nunca faria isso comigo!” – A garota não parecia estar ouvindo, continuava fora de controle e irada com Eleanor.
   “Lottie, me escuta…” – Ela começou de novo. – “Nós iamos te contar! Eu nunca quis mentir, mas estava com medo da sua reaç…”
   “Que nojo! Que nojo de você!” – Ela gritou de novo, lançando um olhar de desprezo para os dois e sumindo pela porta.
   “Louis…” – El se virou para o namorado com os olhos cheios d’agua. Os dois tinham demorado tanto, que as coisas acabaram acontecendo da pior forma possivel.
   “Calma, meu amor!” – Lou foi até ela e segurou seu rosto com as duas mãos. – “Não fica assim. Eu vou atrás dela e você fica aqui me esperando.”
   “Não, eu quero ir falar com ela! Eu preciso!”
   “Deixa eu ir primeiro. Me espera! Não se preocupa, vai ficar tudo bem! Eu te amo... Não esquece disso!” – O garoto deu um selinho demorado na namorada e saiu correndo pela porta.
   Eleanor abafou o choro colocando as mãos no rosto. O olhar que Lottie tinha direcionado a ela tinha sido como se a garota estivesse vendo algo podre. Nojo mesmo, como havia gritado mais de uma vez. Era horrível! O que aconteceria dali para frente?

  O terceiro andar, porém, não estava completamente desabitado. colocou a cabeça para fora da porta ao ouvir a gritaria, mas não parecia haver nada de errado. Saiu franzindo a testa e estava quase chegando à cozinha, quando o elevador se abriu. Para sua surpresa, Danny saiu de lá de dentro.
   “Hey! E ai?” – Ele perguntou animado. – “Vim te procurar aqui, mas achei que você ia estar em algum outro lugar… Até que o tempo tá bom… Pelo menos não tá chovendo…”
   Perai! PERAI! Mas uma vez ele parecia completamente alheio a tudo o que já havia sido conversado, discutido e gritado entre eles dois. Que porra de memória de Dori era essa que ele tinha?
   “Danny... O que você tá fazendo aqui?” – Ela começava a ficar cansada de perguntar isso toda santa vez que se encontravam.
   “Vim te ver, oras…” – O rapaz respondeu, como se fosse óbvio.
   “Eu perguntei num geral… Eu nunca vi ninguém sumir e reaparecer com a mesma facilidade que você!”
   “Fui pra casa… Precisava dar sinal de vida pra minha mãe. Mas agora voltei de vez! Acredita que tem uma kitnet vaga perto do pub? Acho que vou…”
   “Voltei de vez”? “Kitnet perto do pub”? devia ter deixado quem quer fosse gritando os pulmões para fora, devia ter ficado quietinha em seu quarto. Tinha se esquecido da política de SEMPRE checar antes de sair.
   “Você vai se mudar pra cá?” – Ela perguntou, para confirmar seus piores pesadelos.
   “Acho que sim. Tom me chamou pra passar um tempo com ele... Mas acho que vou ficar por la só enquanto arrumo um emprego por aqui. Pensei em ir no pub, perguntar se eles não precisam de um musico residente, sabe?”
   colocou as mãos nas têmporas, tentando não surtar.
   “Você devia ficar morando com o Tom de vez. A cidade é maior… Mais oportunidades…” – Tentou.
   “Eu quero ficar perto de você…”
   “Jones, pelo amor de Deus. Que parte da nossa última conversa você não entendeu?”
   “Eu entendi tudo. Não quer dizer que eu concorde, que eu não vá tentar ou que eu não possa ficar por aqui… A gente pode sair de vez em quando, sei lá…”
   “Nós não somos amigos, Danny. Desculpa te desapontar e jogar isso na sua cara, mas é a verdade e você sabe disso. Nunca fomos e não vamos ser agora. Nós dois nunca vamos sentar num bar e jogar conversa fora como velhos amigos.”
   O rapaz deu de ombros, como se não estivesse ouvindo nenhuma novidade.
   “Não quero ser seu amigo…” – Foi o que respondeu. Mas então pareceu ligeiramente desapontado. – “Você e o garoto se acertaram, por fim?”
   “Sim! Eu e Niall estamos muito bem, obrigada. E não vamos brigar de novo por sua causa, eu vou cuidar disso pessoalmente… E se você tá ciente de que não vamos ser amigos, pode ir embora…” – Falou, apontando para o elevador.
   Ele a encarou e mordeu os labios, parecendo pensar se dizia o que queria dizer ou não.
   “Eu disse que você seria pra sempre a minha garota. Na carta. E você se esqueceu disso.”
   Não, ela não tinha esquecido. Se lembrava de cada palavra daquele bilhete. De todas elas.
   “Você também disse que ia parar de entrar e sair da minha vida, lembra?” – Falou, erguendo uma das sobrancelhas. – “Além do mais, eu ERA sua garota. Mas não sou uma garota mais…”
   “Continua agindo como uma…” – Danny respondeu, cruzando os braços. – “Quantos anos ele tem, ? 15? O que isso significa? Crise dos 25? Sindrome do Peter Pan? Não esperava essa falta de maturidade de você…”
   O sangue dela esquentou e subiu, como água em ebulição. Imatura? Ele estava se atrevendo a chamá-la de imatura? Ele não sabia do que estava falando!
   “Imatura? Eu sou imatura?” – Ela repetiu, erguendo a voz a cada sílaba. – “Nós temos uma filha, Daniel!” – Berrou na direção dele. – “E enquanto você estava andando pelo mundo com uma guitarra na mão e uma ideia na cabeça, eu estava aqui grávida, em depressão e trancando meu mestrado pra cuidar dela! A imatura aqui passou quase o ano todo longe da propria criança, pra terminar minha pós e poder ter uma qualificação melhor e arranjar um emprego melhor! E você, Senhor Maturidade? Onde você esteve esse tempo todo?”
   A garota sentiu uma especie de alívio em colocar tudo aquilo para fora. A verdade. Toda a verdade. Danny, por sua vez, parecia incapaz de qualquer reação.

Capítulo 18 - Little Joana

Coloquem para carregar: No Name – Let her go – Passenger e Love shine down – Olly Murs

  Danny ainda parecia sem reação. Mas de alguma forma, não parecia tão chocado quanto achou que ele ia ficar.
   “…” – Começou.
   “Vamos sair do corredor.” – Ela disse em uma voz mais branda. – “Vem…” – Falou, indo para o quarto. Suas conversas com Danny sempre acabavam com toda sua energia vital. Ela entrou e se encostou na escrivaninha, cruzando os braços. Agora que havia passado a “adrenalina”, começava a temer essa conversa. O rapaz entrou logo atrás dela e ficou um bom tempo parado perto da porta com as mãos no bolso encarando o chão.
   “...” – Ele tentou de novo. – “Eu… Eu já… Tom tinha me contado.”
   “COMO?” – Já estava gritando de novo. Não podia dizer que não suspeitava… Mas ainda assim estava querendo matá-lo. Mais uma vez. Desde quando ele sabia?
   Danny levantou a cabeça, parecendo muito mais sério e preocupado do que já o tinha visto na vida.
   “Ele, na verdade, deixou escapar… Achava que você já tinha me contado.”
   “E COMO eu ia ter te contado se eu nem sabia por onde voce andava?” – Ela perguntou, exasperada. O rapaz deu de ombros.
   “Não sei… Mas então ele acabou soltando algo sobre a bebezinha e ficou transtornado quando percebeu que eu não fazia ideia do que ele tava falando.”
   “Transtornada tô eu!” – disse, mais para ela do que para o ex-namorado.
   “Foi aí que eu decidi voltar…” – Ele explicou, indo para mais perto dela. – “Ver como você estava. E como ela estava…” – Mordeu os labios. – “É uma menina, né?”
   “E por que você não disse isso assim que chegou, criatura? Nós passamos um dia todo no parque!”
   Tudo era sempre do jeito mais dificil quando se tratava dele. Porque seu cérebro tinha que dar tanta volta?
   “Eu quis! Mas ai nós acabamos entrando no assunto do seu namorado e eu não sabia se era ele que cuidava dela ou se…”
   “Nós conversamos sobre o Niall no meio da tarde, Daniel! Por que você NUNCA faz nada certo? Eu to tão cheia disso!”
   O garoto abaixou a cabeça de novo.
   “Voce também não me contou antes.” – Ele acusou.
   “Porque eu tava tentando digerir a ideia de que você tinha voltado mais uma vez. Nao se esqueça que sua ficha criminal depõe contra você, como eu ia saber se ia durar mais de 24h?”
   Danny fez que não com a cabeça e foi se sentar na cama, apoiando o rosto nas mãos. Suspirou e se virou para .
   “Onde ela está?”
   “Em casa, com a minha mãe.”
   “Ele… Ele a conhece?” – Perguntou, obviamente se referindo a Niall. fez que não com a cabeça.
   “Ninguém aqui sabe. Bom, algumas pessoas sabem...” – Ela não o encarou, focou um ponto na parede e parou seu olhar ali. Danny franziu a testa, ela podia vê-lo em sua visão lateral. – “Não é que tenho vergonha dela…” – Começou, tentando se justificar mais para si mesma. – “Mas seria tão dificil explicar! Além do mais, eu não esperava me envolver com as pessoas como me envolvi. Não era pra ser como tem sido… O plano era só vir, terminar o mestrado e voltar pra casa.” – Ela sentiu vontade de chorar. Porque agora não se imaginava mais indo embora, mas era o que tinha prometido a sua mãe.
   tirou os olhos da parede e se virou para Danny. Ele ainda tinha aquele olhar meio desesperado.
   “Eu teria voltado antes, se eu soubesse… Se Dougie tivesse me contado, por exemplo.” – Falou, fazendo-a dar um sorriso triste.
   “Eu o fiz prometer que não contaria, se um dia te encontrasse... Todos eles, na verdade. Tom claramente não se lembrou disso… Era um assunto nosso e nós tinhamos que resolver. Mas na minha cabeca você não ia passar 2 anos fora, não ia demorar tanto…”
   Ficaram os dois em silêncio mais um tempo. Tanta coisa estava errada nessa história! olhava para o seu ano e se perguntava porque ainda escondia aquilo… Mas só de pensar em contar para as meninas e para Niall, seu estômago se contorcia. Ainda havia Danny nessa história e, como sempre, tudo era confuso e embolado quando seu ex-namorado estava envolvido.
   “Como ela se chama?” – Ele perguntou, quebrando o silêncio.
   “Joanna.” – respondeu, fazendo-o dar um sorriso.
   “Como a música!”
   A garota se permitiu sorrir também. Ele se lembrava!
   Um dia, quando ainda estava no segundo ano, entrou na cozinha do terceiro andar e encontrou Danny e Tom compondo. Os dois tinham o violão em punhos e o segundo escrevia a letra em seu caderninho. se sentou na bancada da pia para escutá-los e logo se apaixonou pela nova música. A letra não tinha muito sentido, mas era cativante… Tinha essa melodia alegre e a fazia se lembrar de coisas coloridas e do verão. Se chamava Little Joanna. Naquela tarde, olhando para seu namorado, a pessoa que mais amava na vida, ela decidiu que a filha deles se chamaria Joanna… Essas coisas que as mulheres apaixonadas pensam.
   Jamais imaginou que “usaria” o nome tão cedo. E que teria de repetir o verso “Danger is never near when Joanna is here” como um mantra todos os dias. Ao acordar, ao meio dia, na hora de dormir...
   “Sim, como a musica.” – Respondeu, simplesmente.
   “Eu quero conhece-la, !” – Danny pediu, mas a reação imediata da garota foi fazer não com a cabeça.
   “Não, Daniel, não!” – Falou, se livrando da nostalgia que se lembrar da música trazia. – “Eu não vou deixar você fazer isso com ela!”
   “Fazer o quê?”
   “Você pode entrar e sair da minha vida quantas vezes quiser… Eu já me acostumei. Eu já superei. Mas você não vai entrar na vida dela e sumir depois! Eu não vou deixar você quebrar o coração da minha menininha como quebrou o meu!”
   Ele se levantou em um pulo e se aproximou dela, segurando seu rosto com as duas mãos.
   “Voce ainda não entendeu que dessa vez eu não vou embora, né? Que eu voltei MESMO por vocês duas. Eu sei que você não tem porque confiar em mim, , mas confia. Por favor! Eu entendo se você nao quiser voltar comigo, eu entendo se você tem um outro namorado. Mas ela é minha filha também. Eu quero vê-la, quero conhecê-la. Eu to me mudando pra cá por isso!”
   odiava quando ele fazia isso, quando implorava desse jeito. Nunca foi muito resistente aos olhos azuis do garoto. Se soltou de suas mãos e foi andando até a porta.
   “Eu vou pensar, Danny.”
   “Não. , por favor! Não pensa… só me deixa ver ela. Pode ser aqui… Pode ser na sua casa, se você não quiser trazê-la pra cá…”
   Era um direito dele, apesar de tudo. Apesar dele ter sumido no mundo, apesar do quão dificil tinham sido esses dois anos… Mas ela tinha tanto medo!
   “Vamos fazer assim: Quando você tiver uma casa e um emprego aqui, eu trago a Jo. Assim eu vou saber que você vai ficar pelo menos um pouco… Eu vou poder te dar mais um voto de confiança.”
   Danny fez que sim com a cabeça, era justo.
   “Se é assim que você quer, é assim que vai ser…”
   Ele mordeu os labios e continuou olhando para ela esperançoso. E feliz.
   “Você pode ir agora, Danny…” – abriu a porta e se encostou nela. Exausta, como era de costume.
   “Me dá seu telefone… Eu te ligo…” – Ele pediu.
   não achava uma boa ideia. Mas ainda era melhor que topar com ele de surpresa no corredor. Apanhou um post it e anotou o número.
   “Você tem celular então?” – Perguntou. – “Achei que esse negócio de se comunicar não era sua praia…”
   “Eu mudei…” – Danny respondeu, simplesmente. Pegou o post it e colocou no bolso indo até a porta. Se virou quando estava no batente. – “Eu sinto muito, . Por tudo… Por todas as coisas erradas e tudo o que você passou sozinha. Eu realmente sinto muito!”
   A garota fez que sim com a cabeça. Acreditava em suas palavras e achava que podia perdoá-lo… Mas a verdade é que jamais se esqueceria.

  Louis correu atrás de sua irmã, mas quando tentou gritar com ela no meio da rua, a garota se virou e foi andando furiosa até ele.
   “Nao se atreva a fazer um escandalo aqui!” – Disse, entredentes. – “Ja não basta o que eu precisei presenciar agora pouco!”
   “Pelo amor de Deus, Lottie!” – Ele rolou os olhos. – “Nós estavamos só nos beijando!” Ela levantou o dedo, fazendo-o se calar.
   “Eu disse que aqui não! Você adora falar alto e dar seu showzinho, mas eu não vou tolerar isso!”
   Se virou mais uma vez e saiu andando decidida na frente. Louis soltou o ar com raiva e coçou a nuca antes de voltar a caminhar atrás dela. Quando chegaram à república, o garoto parou na sala com as mãos no bolso e foi curto e grosso:
   “Você vai parar de ser criança agora e vai pedir desculpas a Eleanor.” – Falou, encarando a irmã. – “AGORA!” – Enfatizou.
   “Não mesmo!” – Lottie cruzou os braços. – “Ela mentiu pra mim, me enganou, fingiu que ia me ajudar com a Hannah e continuou se fazendo de morta. Eu nem tenho palavras pra descrever a raiva que to sentindo dela!”
   “Lo, por favor!” – Ele rolou os olhos. – “Eu e El tentamos contar antes, mas você estava fora de controle! Eleanor tava com tanto medo de te magoar…”
   “É… Realmente pegar ela se agarrando com o meu irmão me magoou menos…” – Lottie disse, irônica.
   “Para com isso! Como você esperava que El te contasse antes, quando você vivia falando mal da minha nova namorada?”
   A garota arregalou os olhos.
   “EU NÃO ACREDITO! Não acredito que ela te contava tudo o que eu dizia! Cada hora tenho mais nojo dessa menina!”
   Louis estava segurando a vontade de chacoalhar sua irmã até ela parar de falar de Eleanor daquele jeito. Lottie não era assim! Não era a garota que estava em sua frente.
   “Lottie! Pelo amor de Deus, você precisa recobrar o juizo! Parece que a Hannah bagunçou sua cabeça. Nós estamos falando da sua veterana favorita! A garota em quem você me disse que queria se espelhar… Que te ajuda com as coisas da faculdade, que te apresentou a …”
   Mas aquilo só pareceu magoá-la mais. Dessa vez, porém, ela respondeu com a voz embargada.
   “Exatamente por tudo isso eu não esperava uma atitude tão baixa, Louis… Porque eu confiava nela, porque ela era minha melhor amiga aqui…”
   “Ela tava sofrendo também, Lo. Tava desesperada…”
   Lottie fungou e cruzou os braços.
   “Ela teve milhões de chances de me contar. Eu não quero mais saber…”
   Louis não ia conseguir nada ali. Infelizmente…
   “Só queria que você soubesse que eu e Eleanor vamos continuar juntos. Independente do que você ache...”
   Ela deu de ombros, se segurando pra não chorar.
   “Se pra ela é mais importante não perder o namorado do que uma amiga…” – Lou fez menção de dizer algo, mas a garota descruzou os braços e deu um passo para trás. – “Boa noite pra você e pra sua namorada. Passar bem.”
   E subiu para o seu quarto, deixando o irmão falando sozinho na sala.

  Jess voltava da aula respondendo uma mensagem de e nem percebeu que alguém corria para alcançá-la. Tomou um susto quando um Josh sorridente a cumprimentou.
   “Hey! Então você mora por essa bandas?”
   “Ah, oi Josh! Tudo bem?” – A garota corou e quase derrubou o celular no chão. Muito bom que agora que ela finalmente conseguia conviver com Liam sem passar vergonha, ficava toda boba com Josh! Muito bom! – “Na verdade tô indo ao banco resolver algumas coisas. E você? Achei que você morasse na JJJ.”
   Ele riu e, de algum jeito, chegou mais perto dela enquanto caminhavam pela calçada, fazendo suas mãos roçarem uma na outra.
   “Não… Somos só colegas de classe. Mas confesso que tenho passado bastante tempo lá ultimamente. Talvez eu me mude pra JJJ ano que vem… Seria legal!”
   Jess concordou sorrindo, meio hipnotizada.
   “Também penso em sair de casa. Mas não sei… Teria que deixar minha mãe… Ao mesmo tempo, acho que é uma puta experiência morar sozinha. Não sei…”
   “Tem seus pontos altos e seus pontos baixos… Eu curto, mas também fico preocupado com meus pais…”
   Ele poderia falar por horas e Jess provavelmente não se cansaria de encará-lo. Tinha um sorriso tão lindo! E a barba por fazer… E o cabelo… Ok, tinha perdido o fio da conversa e pela expressão no rosto de Josh, ele havia feito uma pergunta!
   “Desculpa, Josh, o que foi?”
   “Seu aniversario… É nesse sabado, não é? O que vamos fazer?”
   Vamos? VAMOS? Vamos os dois? Vamos todo mundo? Vamos quem? Cade o sujeito dessa frase?
   “Hum… Ainda não sei…” – Decidiu esperar que ele fosse mais claro. – “Alguma ideia?”
   Josh deu de ombros e colocou as mãos nos bolsos.
   “Niall e Olly estavam falando de ir pro pub. Parece que vai ter alguma comemoração lá. Achei que fosse o seu aniversário…”
   Ah… Não era “vamos nós dois” então.
   “Pub! Pub é uma boa. Não costumo sair…”
   “Eu sei…” – Josh a interrompeu. – “Mas é seu aniversário poxa… Você tem que ir!”
   Como ela diria que não? Apenas sorriu e concordou com a cabeça.
   “Eu vou!” – Disse simplesmente, fazendo-o sorrir.
   “Que bom… Porque seria dificil entregar seu presente se você não fosse…” – O garoto disse, dando um sorriso de lado. Jess parou de andar.
   “Meu o quê? Que presente?”
   Ele riu.
   “Você vai ter que ir pra descobrir…” – Falou, ainda parecendo um garotinho que iria aprontar. Parou de andar também. – “Vou atravessar aqui, Jess, até sábado então!” – Falou, acenando e indo para o outro lado da rua ainda com aquele sorrisinho.
   Jess nem sabia mais para onde estava indo. Só então se deu conta de que Josh sabia seu aniversário e ela achava que nunca tinha dito a data a ele. E como ia sobreviver com essa curiosidade sobre seu presente até sabado? Olhou para o celular em sua mão e correu digitar uma mensagem para . Precisava surtar com alguém. Já havia passado da fase de fingir que não estava afim do garoto.

  “Mas é meu aniversário…” – Jess tentou de novo.
   “Mas é a despedida da Danielle!” – retrucou. Estavam nesse ping pong há uma meia hora. – “Você vai, porque você tem que receber seu presente do Josh, e eu fico em casa quietinha estudando e pesquisando mais sobre as outras faculdades…”
   “! Não acredito que você vai me abandonar! Você sabe que eu vou surtar, que eu vou querer não ir!”
   A amiga sabia mesmo, mas achava que não tinha nada a ver aparecer na despedida da ex-namorada do seu namorado.
   “Jess, vai ser tão estranho…”
   “Estranho por quê? Não é como se fosse na casa dela a festa. Nós estamos indo no pub comemorar meu aniversário, oras… Nós nem precisamos ficar perto da Danielle…”
   se deu por vencida. Afinal, era aniversário da sua melhor amiga e ela pela primeira vez estava animadíssima para sair. Com motivos específicos, lógico, mas ainda assim era raridade.
   “Tá bom, vai…” – Falou, pulando da cama. – “Espero que esse presente do Josh seja bom mesmo, ou eu mato esse merdinha!”
   Jess riu e correu pular na amiga.
   “Obrigada, , obrigada!”
   “De nada. Agora vamos arrumar umas roupas bem sensacionais, que a gente tem que abafar nesse pub hoje!”

  O pub não estava muito lotado, mas se tratando de um sábado, estava cheio o suficiente para ter um filinha do lado de fora.
   ainda estava inquieta e desconfortável em estar ali, mas era quando via a expressão ansiosa de Jess que acreditava que tinha mesmo que ter vindo. Além do mais, estava tão curiosa quanto a amiga para saber qual seria o presente do Josh! Liam a abraçou quando deram mais alguns passos na fila e ela tentou relaxar. Não havia nada de errado! Estava tudo em sua cabeça.
   “Finalmente!” – Jess exclamou quando passaram pela porta. precisou rir da empolgação da amiga. Não foi dificil encontrar os outros: e Isa estavam com Dani, como era de se esperar, e Louis e Eleanor estavam com elas. Niall ria de alguma coisa que Olly tinha dito perto do palco. E então ela o avistou. Josh também estava com eles e os três conversavam com um cara mais velho, que devia ser o contratado da noite para tocar. Seu estômago deu uma cambalhota e ela apertou as mãos para controlar o nervosismo.
   “E aí, gatinhas? O que vão beber?” – Liam perguntou, puxando pela mão em direção ao bar.
   “Vamos de leve hoje, né?” – falou, fazendo o namorado fingir admiração. Ela riu e deu um tapa no braço dele. – “A gente tem que estar sóbria até o Josh entregar o presente da Jessica!”
   “Josh, Josh, Josh… Vocês só falam desse cara! To ficando com ciume!” – Liam brincou.
   “Náo é facil ser tirado do posto de muso, né?” – respondeu, fazendo Jess arregalar os olhos para ela. A garota soltou uma risada alta e tampou a boca com as mãos. Por sorte, Liam estava ocupado tentando chamar a atenção do barman e não ouviu.
   “Te mato, !” – A amiga ameaçou, fazendo-a rir mais. – “Olha a aí!” – Jess apontou para a porta do pub onde apareceu olhando em volta, provavelmente procurando-as. Sorriu ao avistá-las e foi até elas.
   “Trocada pela peça mais uma vez! Feliz aniversário, Jess!” – Falou, enquanto cumprimentava as duas e dava um tapinha na cabeça de Liam.
   “Onde ele foi hoje?” – perguntou, se referindo a Aidan. Como o rapaz havia previsto, a peça tinha feito sucesso o suficiente para ser levada para outras universidades do pais e ele agora viajava quase todos os dias para qualquer lugar do Reino Unido. Não vinha sendo fácil para .
   “Sei la…” – Ela respondeu, brava. – “Nem quis saber também…”
   “Bebe, , bebe pra esquecer!” – Liam passou um copo para ela, mas antes que a garota pegasse, ele puxou de volta. – “Ou você também não vai beber por causa do Josh?” – Ele disse, torcendo o nariz e fazendo Jess rir. rolou os olhos.
   “Hein?” – olhou de um para o outro.
   “Liam ta com ciumes do Josh…” – explicou, passando as canecas para as meninas e indo em direção ao namorado para mordê-lo. O garoto desviou e riu, dando a lingua. – “Vem, vamos achar uma mesa…”
   Eleanor estava sentada na mesa das meninas, com a cabeça encostada no ombro de Louis. Ela se endireitou ao ver Lottie se aproximando, mas a garota os ignorou e passou reto em direção ao banheiro. Aquela cena já estava virando rotina para ela e era um inferno que morassem na mesma republica sem se falar. Ainda mais porque viviam grudadas! Eleanor sentia falta até de ouví-la xingando a tal namorada do irmão. Todas as vezes que tentou se aproximar da garota, foi completamente ignorada. Lottie não dava uma brecha para que elas pudessem conversar e se acertar… Simplesmente fingia que El nem existia! E se trancava no quarto… Ou saía do cômodo se ela entrava.
   Louis percebeu o olhar perdido da namorada e deu um beijo em sua bochecha, conseguindo a atenção dela para si.
   “Vai ficar tudo bem…” – Ele disse, sorrindo e mexendo no cabelo de Eleanor. – “Eu prometo, ta?”
   El fez que sim com a cabeça e se inclinou para dar um selinho em Lou. Pelo menos tinha ele.
   “Eu sei… Mas queria que fosse rápido!”
   “Logo, logo a Lottie vai perceber como nós fazemos bem um pro outro. Como eu tô feliz e como você tá feliz… E vai entender!”
   Ela sorriu e deu mais um selinho nele.
   “Você é lindo!”
   Louis riu.
   “É, eu sei…” – Respondeu, fazendo a namorada rir. – “Agora fica aqui com as meninas, que eu vou lá falar com o Styles.”
   Ele se levantou e deu mais um beijinho na namorada. Uma hora ia ficar tudo bem. TINHA que ficar tudo bem.

  Zayn ja estava ali fazia um bom tempo. Ja tinha feito uma social com Dani e agora estava bebendo sozinho e assistindo o artista da noite tocar. Na verdade, estava bebendo muito mais do que deveria e começava a ter dificuldades em visualizar o músico.
   Só o que ele sabia nos ultimos tempos era que precisava se livrar do que estava sentindo. Beber parecia uma boa opção, apesar de não ser permanente. Pelo menos sua vista ficava embaçada e ele não a acharia pelo pub. Mas podia ser pior, não podia? Pelo menos o tosco do namorado dela não estava por ali.
   Balançou a cabeça e a apoiou nas mãos. Por quê? Por que estava acontecendo com ele? Tinham sido amigos por tanto tempo e nada tinha acontecido! Ok, eles se beijaram algumas vezes, mas tinha sido inofensivo. Ou não? Ou ele havia cavado a própria cova sem perceber?
   Alguém parou ao seu lado e foi quase um alivio quando ele percebeu que era e nao .
   “Ah, é você?”
   “Sim… Sou eu. Vim checar se você estava bem…”
   Zayn a olhou de esguelha. Se sentia muito vulneravel ao perceber que alguém podia sacar que ele não estava em sua melhor forma.
   “To ótimo…” – Respondeu e observou se sentar no banco a sua esquerda. Acabou tendo uma ideia… Uma dessas sem pé nem cabeça. – “Hey, seu namorado não tem mesmo ciúmes de mim? Nem se eu te beijasse?”
   A garota franziu a testa e se virou para encará-lo.
   “Como é?”
   “To com vontade de brigar hoje…” – Confessou, sem ter certeza de porque estava dizendo isso a ela. Talvez estivesse mesmo bem bêbado.
   “E você quer brigar com o Niall?” – não se segurou e gargalhou. – “Ai, Zayn, você é hilário!”
   “Qual o problema?”
   “Nenhum… Mas só a visão de vocês dois brigando já me mata de rir!” – Ela limpou os olhos e se endireitou na cadeira. – “Se você quer brigar, vamos fazer a coisa direito, Malik!” – olhou pelo pub tentando achar alguém “brigável”. Sorriu e apontou para o balcão. – “Bingo! Olha ali o Max George do time de Rugbi! E se não me engano a namorada dele vai ser nossa nova Iniciação Científica no próximo ano… Nossa não, que eu vou embora. Vai ser sua IC! Hum… Cade ela? Hells! Oi Hells!” – A garota ergueu o braço e chamou a namorada do rapaz acenando. Zayn franziu a testa e abaixou a mão dela o mais rápido que conseguiu.
   “Você tá maluca, ?” – Falou, parecendo apavorado. – “Eu quero brigar, não morrer!”
   gargalhou mais, mas parou ao perceber a expressão sem esperança de Zayn.
   “E posso saber por que essa vontade toda de apanhar?”
   O garoto ficou um tempo analisando se ela era digna de confiança.
   “Hum…”
   “Não precisa dizer… Eu sei qual é o problema. Você tem que contar pra ela, Zayn!” Foi a vez dele franzir a testa. Como? Como ela sabia? Ou a garota estava só jogando verde? Não, ela sabia… De algum jeito ele tinha essa certeza.
   “Não, não tenho. Ia estragar tudo… Não se esqueça do cuzão do namorado dela…”
   “Às vezes é dificil lembrar do Aidan… Não é como se ele fosse o rei da interação…”
   Zayn sorriu ao ouvi-la falando mal do namorado da amiga. Era infantil, ele sabia. Mas era bom de qualquer jeito.
   “E você? Não vem me dar conselhos quando você é a primeira a esconder coisas do seu irlandês.”
   se encolheu e mordeu os lábios.
   “Você tem razão… Somos dois covardes!”
   Zayn bateu seu copo na caneca de como se comemorasse a divisão do título de fracassados entre os dois.
   “Você é legal, … Tem certeza que seu namorado não ligaria se eu te beijasse?” Ela riu.
   “Meu querido, meu namorado tá jogado no chão fazendo um dance off com o Tomlinson…” – Ela disse, rindo e apontando. – “Acho que ele nem notaria!”
   Zayn olhou para . A garota ria e olhava para onde Niall estava em completo extase. Não parecia nem remotamente chateada com o fato de que, como havia dito, seu namorado nem ligaria se ela estivesse com outro cara agora.
   Ficar apaixonado era ridiculo! Ele não queria ficar assim!
   A garota se levantou e tirou os olhos do namorado, voltando a olhar para o amigo (podiam se considerar amigos, certo?).
   “Você vai ficar bem? Niall não é uma boa dupla pra brigar, mas pra beber ele é ideal!”
   Zayn sorriu.
   “Muito obrigado por oferecer seu namorado, mas vou ficar por aqui. Acho que eu também não sou o rei da interação.”
   riu e o analisou mais uma vez antes de sair. Era um pouco de partir o coração…
   (Coloquem Let her go para tocar)

  “Well you only need the light when it's burning low
   Only miss the sun when it starts to snow
   Only know you love her when you let her go
   Only know you've been high when you're feeling low
   Only hate the road when you're missing home
   Only know you love her when you let her go
   And you let her go…”

  Ele observou enquanto se levantava da mesa e ia para a frente do pub. Ela parou com as mãos na cintura a uma certa altura e ofereceu a mão a alguém. E então Niall apareceu pulando ao seu lado. Ela riu e o fez se virar para limpar as costas da camiseta do namorado. Danny não podia vê-la direito, mas parecia estar dizendo alguma coisa que o fazia gargalhar. Ele se virou de frente para ela e abriu os braços dando dois passos para frente e a abraçando, em um gesto largo. o abraçou tambem e deu um beijo em seu ombro parando com o rosto virado para o ouvido do garoto. Niall sorria e fazia que sim com a cabeça, como se concordasse com o que ela estava dizendo.
   Doia ver a cena, mas Danny parecia estar hipnotizado. Estudava cada detalhe e cada gesto dos dois esperando encontrar uma falha ali, uma falha por onde pudesse entrar. Mas não havia nada errado… Eles pareciam loucos um pelo outro.
   tirou a cabeça do ombro de Niall e o encarou. O garoto sorriu de lado e se inclinou para beijá-la, descendo suas mãos para a cintura dela. Aquilo era demais… Danny não queria mais ver nada.

  “Staring at the bottom of your glass
   Hoping one day you'll make a dream last
   But dreams come slow and they go so fast
   You see her when you close your eyes
   Maybe one day you'll understand why
   Everything you touch surely dies…”

  “Quem diria que eu viveria pra ver Danny Jones sentado quietinho no fundo de um pub!”
   O garoto se assustou, mas ao levantar a cabeça só pode sorrir.
   “!” – Exclamou se levantando da mesa e dando um abraço de urso na amiga. – “Você tá linda! me contou da sua loja! E de Paris! Você conseguiu!” – Ele a colocou no chão e percebeu que a amiga ria. Nem tinha dado tempo para ela respirar.
   “Isso tudo é saudade?” – Ela perguntou sorrindo largamente. Danny apontou para a cadeira ao seu lado e se sentou. – “Você tá lindão também, seu filho da puta que some no mundo e não presta pra dar um sinal de vida!” – Falou, dando tapas no braço dele.
   Danny percebeu que sentia muita falta de tomar bronca de . E que talvez, se ele tivesse tomado mais broncas dela, não teria feito metade das cagadas do passado.
   “Eu sei… Eu sei… Pode acreditar, é só nisso que eu tenho pensando ultimamente… Que eu não devia ter desaparecido e ficado sem contato nenhum… Eu perdi tudo o que tinha aqui.”
   O garoto parecia a derrota em pessoa. mordeu os lábios.
   “Danny…” – Ela não sabia bem o que dizer. Estava sentindo pena dele no momento… Mas sabia demais sobre a história para deixá-lo passar como vitima.
   “Não precisa dizer nada. Eu sei que a culpa é só minha…” – E então forçou um sorriso se virando para a amiga. – “Você conhece? A…” – Ainda era difícil e esquisito dizer. – “Nossa filha?”
   sorriu.
   “Conheço sim, mas não a vejo desde janeiro. É a criança mais adorável do mundo, Danny! E tem os olhos azuis como os seus…”
   “Big blue eyes…” – Eles disseram juntos e riram.
   “É… Exatamente como na música!” – A garota falou tomando mais um gole de sua cerveja.
   Os olhos de Danny, contra sua propria vontade, voltaram para e Niall.

  “Well you only need the light when it's burning low
   Only miss the sun when it starts to snow
   Only know you love her when you let her go
   Only know you've been high when you're feeling low
   Only hate the road when you're missing home
   Only know you love her when you let her go
   And you let her go…”

  “E o irlandês?” – Danny perguntou, meio sem saber o que exatamente queria saber. Talvez ele quisesse ouvir que não iria durar, que não era sério… Mas era vísivel, mesmo de longe, que esse não era o caso. voltou os olhos para onde ele olhava e viu a amiga abraçada ao namorado, não pode deixar de sorrir, apesar de ser provavelmente a última coisa que deveria fazer.
   “Ele é um dos caras mais legais que já conheci…” – Ela respondeu, sabendo que iria machucá-lo, mas não podia mentir. – “Na verdade, se não fosse a situação, vocês provavelmente seriam melhores amigos! Ele seria seu calouro preferido.”
   Danny suspirou e deu mais um gole na sua cerveja, chegava a ser irônico a letra da música que tocava no pub naquele momento.
   “Mas e os dois? Quer dizer… Ah, , eu nem sei o que eu tô perguntando. Você… Você acha que algum dia…”
   Ele nem precisou completar.

  “Staring at the ceiling in the dark
   Same old empty feeling in your heart
   'Cause love comes slow and it goes so fast
   Well you see her when you fall asleep
   But never to touch and never to keep
   'Cause you loved her too much and you dive too deep”

   fez que não com a cabeça e mordeu os lábios novamente.
   “Não faz isso, Danny. Você sabe que eu sempre fui Team Jones… Sempre te defendia quando vocês brigavam e salvei o namoro dos dois umas vinte vezes…” – A garota falava olhando diretamente nos olhos do amigo. Queria ter certeza de que ele não faria nenhuma burrada. Mais uma. – “Mas dessa vez eu não vou deixar! Você não sabe como é vê-la triste todo santo dia, cheguei a me esquecer a última vez que a vi rindo, ela não tinha mais vontade de viver! E olha pra ela agora! Foi ele, Danny. Foi Niall que fez isso… Só Deus sabe como eu amo você, mas eu não posso te dizer pra tentar. Não posso te dizer que você tem chances…”
   Danny abaixou a cabeça, fazendo que sim.
   “Eu entendi, . Não vou tentar nada. É só… Tão estranho!”
   “Eu imagino… Mas ela tá bem agora… E é isso que importa, certo?”
   “É, é sim.”
   se virou e apoiou a cabeça no ombro do rapaz.
   “É bom ter você de volta, de qualquer forma. Sinto falta de vocês…”
   Danny sabia que ela queria dizer “sinto falta do Tom”.
   “Vocês não se falam mais? disse que Tom sumiu também…”
   “É, deve ser uma coisa dos meninos do terceiro andar.” – Os dois riram. – “Ele não sumiu. Continua na casinha de boneca dele, com a esposa perfeita dele e o emprego dos sonhos dele… Acho que nós crescemos pra lados diferentes. E o que a gente tinha se quebrou…”
   “Não era pra ser assim…”
   “Muitas coisas não eram pra ser do jeito que são, Danny… Eu aprendi a me conformar…”

  “Well you only need the light when it's burning low
   Only miss the sun when it starts to snow
   Only know you love her when you let her go
   Only know you've been high when you're feeling low
   Only hate the road when you're missing home
   Only know you love her when you let her go
   And you let her go…
   And you let her go…”

  Olhou de novo para . Olly e mais um pararam ao lado de Niall e o chamaram, indo em direção ao palco. O garoto foi atrás deles, levando pela mão.
   É… Talvez ele também tivesse que se conformar…

  Eleanor, e Jess estavam rindo de Harry e Louis, que discutiam como um casal de velhos. Liam tinha ido ao banheiro e, na volta, parou para converser com Danielle, fazendo morder os lábios e estreitar os olhos um número considerável de vezes. Jessica, porém, não prestava muita atenção. Josh andava para cima e para baixo com Olly e, apesar de já tê-la cumprimentado, parecia ter se esquecido completamente de seu presente. Começava a ficar chateada com a atitude dele. Observou enquanto eles passavam mais uma vez: Olly com o braço passado pelos ombros de Josh e bagunçando seu cabelo. Seu estômago despencou. Sabe quando parece que um amigo está levando o outro pra conhecer uma garota? A cena lhe dava essa impressão. Niall e vinham rindo atrás e o quarteto ia em direção ao palco. Jess queria ir embora dali.
   Os garotos chegaram na beirada do palco e cumprimentaram o cantor, subindo em seguida. Niall pegou o violão, e parou na frente do microfone principal. Mas hein?
   “Oi gente, beleza?” – Falou, dando um sorrisão. – “Eu sei que vocês não ligam a minima e só querem escutar uma boa música, mas hoje é aniversário de uma amiga nossa. Jess, você ainda tá aí?”
   Jess engasgou. O que estava acontecendo? se virou para olhá-la, tão perplexa quanto ela. A garota levantou a mão timidamente fazendo Niall, Olly e Josh sorrirem. O terceiro, alias, parecia completamente tímido e sem saber onde colocar as mãos. se virou e fez sinal para elas irem até lá. As garotas obedeceram.
   “Ótimo!” – Niall voltou a falar. – “Nós temos um presente pra você então. Josh, toda sua!”
   Josh se posicionou em frente ao microfone onde antes Niall estava falando, Olly parou no microfone de trás, para fazer os backing vocals e o irlandês ficou do outro lado do palco, violão a postos.
   “Oi Jess!” – Josh disse, encarando-a. Ainda parecia completamente constrangido. – “Feliz aniversário! Essa é pra você!”
   Jess prendeu a respiração enquanto Niall tocava a introdução da música.
   (Coloquem Love Shine Down para tocar)

  “Where do I go from here?
   Tell me, baby, if I can't have you near
   I've been running in circles for you
   Gotta fever of a hundred and two
   Can't fake how I feel for you.

  This foolish heart of mine gets frustrated
   Can't read between the lines
   And the signal that I'm waiting for
   Is always locked behind the door
   And it makes me want you more!”

   abraçou a amiga de lado e provavelmente foi a melhor decisão a ser tomada. Jess achava que ia morrer! Josh tinha uma voz linda e grossa. Segurava o microfone de um jeito irresistivelmente sexy e cantava de olhos fechados, abrindo de vez em quando apenas para se certificar de que a garota ainda estava prestando atenção.

  “Whoa, so let your love shine down on me and I will surrender
   Wear my heart upon your sleeve
   Just put your trust in me and I will be there forever
   So let your love shine down on me”

  Jess não conhecia a música, mas a letra era perfeita! Bom, ele não precisaria pedir duas vezes…
   Olly fazia o backing vocal e uns passinhos estilo boyband com Niall. Provavelmente só estavam avacalhando porque Josh não estava vendo. dançava ali perto, cantarolando junto. Das duas uma: Ou era uma música conhecida e só Jéssica não sabia ou a amiga tinha estado nos ensaios da “apresentação”.

  “If I could have my way
   I'd take you, baby, out every night and day
   You're the battery to my heart
   And without you I can't start
   Don't you leave me in the dark, whoa, yeah

  So let your love shine down on me and I will surrender
   Wear my heart upon your sleeve
   Just put your trust in me and I will be there forever
   So let your love shine down on me.”

  Aquilo era tão perfeito, que não devia ser real.
   “Isso tá acontecendo mesmo?” – Jess perguntou para , que dava um sorriso de orelha a orelha.
   “Você recebeu uma serenata, amiga!”
   “Acho que vou morrer!” – Jess exclamou, fazendo a amiga rir alto.

  “You know I wanna believe, I wanna see the light
   So let your love shine down on me
   You know I wanna believe, I wanna see the light
   So let your love shine down on me

  You know I wanna believe, I wanna see the light
   So let your love shine down on me
   You know I wanna believe, I wanna see the light
   So let your love shine down on me, just shine it right down”

  Eles cantaram essa parte batendo palmas e o público os acompanhou. Jessica olhou em volta maravilhada. Niall e Olly faziam o backing vocal no mesmo microfone e Josh agora tinha os olhos abertos e olhava diretamente para ela, que só conseguia rir.
   “Você é maluco!” – Falou, fazendo questão de ser bem clara para que ele entendesse por leitura de lábios. O garoto sorriu ainda mais abertamente.

  “So let your love shine down on me, just shine it right down
   You know I wanna believe, I wanna see the light
   So let your love shine down on me, shine down, shine down on me

  You know I wanna believe, wanna see the light
   (So let your love shine down on me)
   Love shine down on me
   (Surrender)

  You know I wanna believe, see the light
   (Wear my heart upon your sleeve, ooh)
   Love shine down on me

  You know I wanna believe, see the light
   (Just put your trust in me and I will be there forever)
   Love shine down on me
   You know I wanna believe, love shine down on me
   (So let your love shine)”

  Niall terminou a nota final e todos aplaudiram loucamente. Liam (vindo sabe-se lá de onde) assoviou alto, acompanhado de Louis. As meninas batiam palmas fervorosamente e Jess tentava não desmaiar. Olly fez um milhão de reverências e desceu do palco. Niall entregou o violão ao cantor (que aproveitou para parabenizar a garota também) e pulou do palco, colocando as mãos nos joelhos. foi até lá abraçá-lo.
   Jessica sabia que a pior parte vinha agora. Josh desceu do palco meio sem saber como ir até ela e a garota também não sabia o que fazer. Parecia estar sentada sobre um holofote e aquilo era totalmente desconfortável. O garoto, talvez para ganhar tempo, foi até os meninos cumprimentá-los e agradecer. Jess deu alguns passos para trás, tentando se camuflar na multidão. Como ele parecia estar demorando demais, ela resolveu que precisava de água e saiu até o bar. Era muita grosseria?
   “Hey…” – Alguém disse em seu ouvido, quando ela tomava o primeiro gole d’água. Era Josh, obviamente.
   “Josh! Ahn…” – O que ela deveria dizer além de “você é perfeito e eu quero te colocar num potinho”? – “Eu… Eu adorei seu presente de aniversário. Aquilo foi tão legal! O melhor de todos! Você… Você canta muito bem!”
   “Obrigada!” – Ele disse, sorrindo de lado e se apoiando no balcão. Jess rapidamente perdeu as contas de quantas vezes olhou para os lábios do garoto. – “Mas aquele não foi meu presente de aniversário pra você.”
   Ela franziu a testa. Tinha entendido errado?
   “Não?”
   “Não… Aquele foi o presente de Niall e Olly…” – Ele continuava sorrindo de lado como se a desafiasse a perguntar qual era o presente dela. E ela sabia qual era. Ela definitivamente sabia qual era.
   “Hum… E quando eu vou receber o seu?”
   O garoto se desencostou do balcão e deu um passo em sua direção.
   “Tá pronta?”
   Ela fez que sim com a cabeça.
   “Tô!” – Seu coração ia sair pela boca, ela tinha certeza.
   “Então fecha os olhos!”
   Jess o encarou uma última vez antes de obedecê-lo. Assim que fechou os olhos, sentiu as mãos do garoto em sua cintura e o rosto dele se aproximando. Josh, porém, deu um beijo de leve em sua bochecha, fazendo-a se arrepiar ao sentir a barba por fazer dele em seu rosto. Ia abrir os olhos e protestar, mas sentiu mais um beijo em sua outra bochecha e entendeu o jogo. Só não sabia se iria aguentar esperar.
   E então ele encostou seus lábios nos dela e Jessica sorriu e passou seus braços pelo pescoço de Josh, trazendo-o para mais perto. Pensou ter escutado uma gritaria em volta e quase conseguia imaginar quem seria. Naquele momento, no entanto, nada era mais importante do que beijar o seu novo “muso”. Não sabia como alguém algum dia bateria aquele presente de aniversário.

   sorria observando os meninos cantarem para Jess ainda encostada no ombro de Danny, que evitava olhar para o palco e por isso continuava bebendo com o olhar perdido. A garota viu quando Harry se juntou ao grupo. Ao SEU grupo.
   “Estou apaixonada por um cara mais novo, Danny…” – Ela soltou, ainda olhando para Styles.
   “Você também?” – Ele disse, contrariado, fazendo rir.
   “É… Eu também. A diferença é que eu não estou na faculdade mais. Eu tenho uma loja, eu tenho que sair e ir em reuniões com pessoas mais velhas e importantes... Eu não posso ficar por aí com um menino de 18 anos…”
   “A que eu conheço ia mandar todo mundo a merda e ia ficar com o carinha, porque ninguém paga as contas dela.”
   “Bom, as pessoas que me julgariam são as pessoas que pagam minhas contas, sim…” – Ela respondeu triste. – “De qualquer forma, foi melhor assim. Tô namorando um cara da minha idade agora… É melhor…”
   “Melhor pra quem? Por que se você estivesse feliz, não tava com essa cara!”
   se levantou do ombro do amigo.
   “Ai Danny! Não precisa jogar na minha cara que eu tô um trapo!”
   O garoto deu uma das suas gargalhadas altas e a abraçou.
   “Tô tentando ajudar…”
   riu também.
   “Eu sei… Eu só… Não trabalhei minha vida inteira pra jogar tudo pela janela…”
   “A opinião dos outros só vai importar se você se deixar afetar… Pensa nisso!” – Danny bebeu o último golinho de sua cerveja e se levantou. – “Vou no banheiro, , vai ficar por aqui?”
   “Hum… Não, acho que vou voltar pra lá com as meninas… Você tá bem?”
   Danny deu um sorriso triste.
   “Vou ficar…” – Então deu um beijo nos cabelos da amiga e estava se afastando quando pareceu se lembrar de algo que precisava dizer e voltou. – “Não sei como Tom consegue morar tão perto de vocês e ficar longe, de verdade…”
   deu um sorrisão, sentindo um arroubo de amor por Danny, e se levantou para abraçá-lo.
   “Você continua odiavelmente inodiável, Jones. E eu te odeio por isso!”
   Os dois riram e ele saiu, indo ao banheiro.
   observou mais uma vez o pessoal em frente ao palco quando Jess saia para ir até o bar e Josh ia atrás dela. os seguia com os olhos, se virando, e então percebeu que Harry estava na mesma “roda” que ela. riu, observando a amiga franzir a testa sem disfarçar e lançar os olhos pelo pub, provavelmente procurando-a. Quando os olhos das duas se cruzarem, a amiga pareceu perguntar “Hein?” fazendo-a rir e dar de ombros.
   não estava entendendo de onde Harry tinha surgido, mas ele parecia integradíssimo. Niall e ele, alias, pareciam velhos conhecidos. Tinha perdido alguma coisa?
   “De onde você conhece o Styles, Niall?” – Perguntou tentando parecer apenas curiosa, abraçando o namorado quando ele voltou para perto dela.
   “A gente se conheceu no Ano Novo, naquela festa da primeira dama, sabe? Ele tava com uma menina, mas ela não tava nem aí pra ele… Alguma coisa assim… Aí ele ficou sentado com a gente…”
   “Hum…” – fez, mordendo os lábios. Só faltava Niall querer perguntar agora! Mas nesse momento Jess e Josh (graças a Deus) voltaram para perto deles e o foco se virou todo para os dois, que estavam morrendo de vergonha.
   “High Five, , high five!” – Niall saiu pulando pela roda para cumprimentar sua parceira de Operação Cupido.
   aproveitou para ir até o banheiro e depois procurar , que devia estar com Dani e Eleanor.
   Estava chegando perto da fila do banheiro feminino quando viu Danny vindo em sua direção. Ainda era bizarro demais vê-lo por todos os lugares de repente.
   “Oi!” – Ele cumprimentou, parando em sua frente.
   “Oi, Daniel!”
   O rapaz fechou a cara.
   “Para de me chamar de Daniel! Odeio quando você me chama assim! Eu nem fiz nada… Hoje…”
   Ela riu e abaixou a cabeça.
   “Ok… E aí, Danny?”
   “Nem vai me perguntar o que eu tô fazendo aqui? Eu tenho uma resposta boa dessa vez!” – Danny disse, abrindo um sorriso sapeca.
   rolou os olhos, mas também sorria.
   “O que você tá fazendo aqui, Daniel?” – Recitou, como se fosse uma (péssima) atriz.
   O garoto franziu a testa ao ouvir seu nome inteiro mais uma vez.
   “Eu moro aqui!” – Disse, orgulhoso.
   “Aqui no pub?” – Foi a vez dela franzir a testa.
   “Não, ! Por favor… No fim da rua. E vou começar a tocar aqui semana que vem. Tom me arranjou uns bicos de compositor também com um pessoal da gravadora dele. O que quer dizer que eu posso ir pra lá de vez em quando e continuar morando aqui.”
   “Hm…” – A garota não sabia bem o que devia responder. Ainda era meio irreal “tê-lo” de volta. – “Então…”
   “Então… Eu cumpri minha parte no trato.” – Danny começou de novo e olhou para a ex-namorada com os olhos brilhando. – “Eu quero conhecê-la, ! Eu quero muito!”
   Ela soltou o ar… Não havia mais saída e não havia mais porque prolongar aquilo. Fez que sim com a cabeça.
   “Ok, Danny. Eu trago ela pra cá no fim de semana que vem, pode ser?”
   Os olhos dele pareceram brilhar ainda mais e ele abriu aquele sorrisão que, perdoem o cliché, iluminava o lugar todo.
   “Sério? Sério mesmo?” – Danny perguntou e a abraçou. Foi… Estranho. Ela conhecia o abraço, mas não era igual antes. Ela não era a mesma de antes. De alguma forma, porém, foi um alivio saber que estava imune aos braços de Danny. Um problema a menos para se preocupar. O rapaz percebeu que não tinha sido abraçado de volta e a soltou, um pouco sem graça. – “Obrigado, ! Obrigado mesmo…”
   “De nada...” – Ficaram um tempo meio sem saber o que fazer. – “Hum, preciso ir ao banheiro, Danny.”
   “Ah!” – Ele riu e saiu da frente, coçando a nuca. – “A gente se ve então?”
   “Uhum. Eu te ligo mais no fim da semana, combinado?”
   “Combinado!”
   Danny fez menção de abraçá-la de novo, mas pensou melhor e apenas acenou.
   respirou fundo. O pior tinha passado? Ou o pior estava por vir?

  , e Liam saiam do pub, cantando alto a música dos Beatles que vinha de lá de dentro. Então o barulho de algo caindo e alguém resmungando os interrompeu..
   Zayn estava na outra calçada e parecia muito bêbado, xingando o maço de cigarro que havia caido no chão.
   “Zayn?” – chamou e foi até lá. Recolheu o pacotinho e quando tentou segurar no braço do amigo, ele se afastou em um movimento rápido.
   “Sai, , sai daqui!”
   “Zayn? O que houve?”
   “Não houve nada. Eu tô super bem, não tá vendo?” – Ele respondeu, rispido. Pegou o maço da mão dela e tentou tirar um cigarro para fumar, tendo uma dificuldade enorme em executar a tarefa.
   O que estava acontecendo? Porque ele estava naquele estado… E sozinho?
   “Você não tá bem não. Vem, eu te ajudo a ir embora…”
   Ele ficou ainda mais irritado e se afastou ainda mais dela.
   “Dá um tempo, ! Cade seu namorado? Vai atrás dele e me deixa em paz…” – Bufou e saiu resmungando para o outro lado. – “Me deixa em paz!”
   continuou olhando para onde o amigo estivera com cara de interrogação. O que tinha sido aquilo?

   observava Joanna, com as mãos apoiadas no berço. A menininha parecia um anjinho dormindo e mexia os pezinhos enquanto sonhava, fazendo a mãe sorrir. Precisava pegá-la no colo e colocá-la na cadeirinha para voltar para Saint Mary, mas estava com tanto dó de acordá-la!
   Como se pudesse ler pensamento, Jo piscou e abriu os olhos. Seus grandes olhos azuis, tão parecidos com os de Danny.
   “Oi princesinha!” – falou, fazendo-a sorrir. Colocou as duas mãos dentro do berço e a pegou. – “Você tá ficando pesada!” – Brincou.
   “Mamãe!” – Jo falou, estendendo os bracinhos. Suas palavras ficavam mais vez mais compreensíveis e seu vocabulário parecia aumentar cada vez que a via. Era a coisa mais linda do mundo!
   Ficou um tempo em silêncio observando a filha analisar os pingentes de sua gargantilha com atenção.
   Mrs. parou na porta ao ver a filha balançando a neta em silêncio.
   “Tudo bem por aqui?”
   levantou a cabeça e sorriu.
   “Tudo sim…”
   “Vai dar tudo certo, . Todo mundo vai adorar a Joanna!” – Disse, como se soubesse o que ela estava pensando.
   Jo se virou ao ouvir seu nome.
   “Vovó!” – Falou, virando seus braços para a avó e Mrs. entrou no quarto para pegá-la.
   “Então você vai passear, Jojo?” – Falou, fazendo a bebezinha rir.
   “Você não quer mesmo ir?” – perguntou, desejando que ela fosse.
   “Vou ficar aqui torcendo por você. Mas acho que essa batalha você tem que vencer sozinha…”
   A garota concordou. É, ela tinha razão. Pegou Joanna de novo e deu um beijinho em sua mãe.
   “And I start to believe that danger is never near, when Joanna is here…” – Cantou e Mrs. sorriu, fazendo que sim com a cabeça. – “Hora de você conhecer um monte de gente legal, Jojo. E deles te conhecerem também!”
   “Ente iegal…” – Jo repetiu, do seu jeitinho.
   deu um beijo em sua bochecha. Era hora de colocar todas as cartas na mesa. Para todo mundo.

Capítulo 19 - Down goes another one

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  Na noite anterior
   parou na soleira da porta da cozinha. Matt estava no sofá brincando com Hendrix, que se divertia buscando e trazendo de volta uma bolinha laranja e depois se esparramava no chão para o rapaz coçar sua barriga. sentiu uma certa inveja de Hendrix. Porque o filhote (que estava cada dia maior) podia amá-lo tão fácil assim e ela continuava tentando e tentando e tentando em vão?
   Percebeu que não fazia mais sentido continuar com isso. Estava enganando Matthew e a si mesma. Tinha começado aquele relacionamento pelos motivos errados e estava persistindo no erro por acomodação.
   O rapaz levantou o rosto e sorriu quando percebeu que ela se aproximava do sofá.
   “Hendrix está ficando cada dia mais esperto! Tava vendo uns tutoriais no youtube… Acho que quando ficar mais quente, podemos levá-lo ao parque e eu posso ensinar uns truques pra ele…”
   “Hum… Matt, podemos conversar?”
   mordeu os lábios. Não, eles não iam estar juntos quando esquentasse.

  Niall e chegavam ao quarto dela depois do jantar. O garoto tirou a camiseta e a calça e se jogou na cama.
   “Vai dormir aqui?” – Ela perguntou, apesar da resposta ser óbvia. Foi até o guarda roupa pegar um pijama.
   “A mãe do Dylan tá lá na JJJ. Cedi minha cama pra ela.” – Ele explicou, já puxando o edredom e entrando embaixo. Então pareceu se lembrar de algo e voltou para pegar seu celular no criado mudo. – “Nossa, esqueci de responder o Styles!” – Falou.
   Então esse negócio de Harry ter entrado para o “grupo” era sério mesmo, não era?
   “O Styles? Nunca vi esse menino com vocês e agora ele tá sempre no meio da galera…” – Ela soltou, meio contrariada.
   Niall abaixou o celular.
   “Que tom de voz é esse? De onde voce conhece o Styles?”
   E agora? Contar a verdade?
   “Ele… …” – gesticulava, mas nem foi preciso mais do que essas duas palavras, pois Niall logo se lembrou de encontrar no corredor do terceiro andar na noite de Ano Novo. E se lembrava também da resposta de Harry quando lhe perguntou sobre a garota da Festa de Reveillon: “Nós terminamos naquela noite, cara…”
   “Aaaaah!” – Ele fez, quase caindo da cama. – “Era o Styles! O cara contra quem estava bebendo no nosso primeiro encontro!”
   mordeu os lábios e fez que sim com a cabeça, indo até o banheiro.
   “Ela vai me matar se descobrir que eu te contei, mas é… Os dois ficaram um tempo juntos, mas não deu certo…”
   “Ela ainda gosta dele, né?” – O garoto perguntou, mas não respondeu. – “Eu acho que ele ainda gosta dela.”
   “Vocês conversaram sobre isso?” – A namorada quis saber.
   “Por cima, tanto que ele nem chegou a me dizer quem era… Styles é um cara legal.”
   “Eu imagino que sim… Não tivemos muito contato.” – Ela disse, voltando.
   “Que doideira! e Harry… Jamais imaginaria!” – Niall ponderou. Então resolveu por um fim no assunto e ergueu as sobrancelhas, chamando para se juntar a ele na cama.
   Ela sorriu quando Niall a puxou para perto assim que se deitou.
   “Vou pra casa amanhã cedinho, tudo bem?” – A garota perguntou, encarando os olhos azuis de Niall bem perto dos seus. Sentiu uma ansiedade repentina.
   Ele franziu a testa.
   “Amanhã? Você não me falou nada… Aconteceu alguma coisa?”
   “Não!” – Ela disse rápido, para tranquilizá-lo. – “Eu vou e volto. Só tô te avisando porque você vai acordar sozinho aqui amanhã. Deixa a chave com uma das meninas?”
   “Claro! Você… Você quer que eu vá junto? Eu não ia me importar…”
   Aquele sentimento de ansiedade continuava a incomodando… Era um frio na barriga estranho. Antes de responder ao pedido dele, se perguntou se devia contar tudo logo e simplesmente levá-lo junto. Mas achou melhor não. Contaria amanhã quando voltasse da casa de Danny. Era melhor…
   Então sorriu, levando as mãos até o cabelo do namorado e fazendo cafuné nele. Como era possível alguém ser assim tão adorável?
   “Não precisa se preocupar… Fica aqui dormindo até mais tarde. Eu te ligo no fim do dia, assim que eu voltar.”
   Niall queria perguntar. Queria saber o que era essa coisa que nunca contava. Duvidava que fosse algo muito grave, porém, porque acreditava que ela não esconderia algo sério. Talvez sua mãe tivesse alguma coisa… Talvez fosse algo com o pai… Ela nunca falava sobre o pai. Sorriu de volta para .
   “Não vou recusar, então! Seu quarto é mais escuro que o meu, sua cama é melhor que a minha…”
   riu e deu um selinho nele.
   “Você só tá comigo pra dormir aqui, né Horan?”
   “Pra dormir com você aqui, eu diria…” – Ele respondeu. – “Sempre bom ter uma fixa, né?”
   Ela deu um tapa em seu braço rindo e sentiu os lábios do garoto em seu pescoço. O abraçou forte e sussurou um “Eu amo você” no ouvido do namorado.
   E a ansiedade desapareceu… Porque qualquer sentimento ruim desaparecia fácil quando estavam só os dois.

***

  Danny abriu a porta e quase caiu para trás ao vê-las. carregava Joanna nos braços e a bebezinha balançava uma girafa de pelucia nas mãos. Tinha os cabelos castanhos e cacheados e olhos azuis como os seus. Usava um vestidinho branco e vermelho cheio de joaninhas e chupava chupeta. Era a criança mais linda que ele já tinha visto! Olhou para em extase.
   “Ela… Ela é linda!”
   “Oh!” – Jo falou, deixando a chupeta cair. Olhava para ele e estendia a girafa em sua direção.
   O rapaz abriu um sorriso enorme observando a filha e então voltou a olhar para ainda mais encantado.
   “Ela tá te dando a girafa, Danny.” – disse, sorrindo, tirando-o do estado de choque.
   “Ah, obrigada!” – Falou, pegando o bichinho de pelucia e sorrindo feito um louco. – “Ela tem nome? A girafa?”
   “Nenem!” – Jo falou, apontando.
   “Nenem! E você é um nenem muito lindo, sabia?” – Danny disse, aproximando seu rosto do rosto da filha, que riu. – “Posso… Posso pegar ela, ? Ela vai estranhar?”
   A garota fez que não com a cabeça.
   “Vai nada, ela é dada igual você mesmo…” – Brincou, fazendo Danny rir.
   “Vem aqui, Jo!” – Pediu e a menininha ofereceu os bracinhos a ele. – “Quantos anos ela tem?”
   “Um ano e oito meses.” – respondeu, ajeitando a bolsa no ombro quando Danny pegou Joanna de seu colo. – “É só fazer as contas, Jones…”
   Mas duvidava que Danny estivesse escutando. Tinha Jo em um dos braços e fazia uma voz engraçada, falando com ela como se fosse a girafa de pelucia na mão livre. A pequena parecia estar adorando.
   “Podemos entrar?” – pediu, tirando os olhos dos dois. – “Tô com sede!”
   Danny nem respondeu. Apenas refez seu caminho para dentro da casa, ainda brincando com a filha, e o acompanhou.
   Precisava admitir duas coisas: A primeira era que Danny e Jo haviam se conectado naturalmente e de primeira. Não que a filha não se desse bem com as pessoas sempre. Como havia dito, ela era muito dada… Mas com o pai, nem parecia que era a primeira vez que se viam.
   A segunda era que a casa de Danny era bem arrumada e até simpática. Se lembrava do estado do quarto do garoto no terceiro andar alguns anos atrás e meio que tinha esperado encontrar algo parecido. Havia se surpreendido mais uma vez.
   Foi buscar água na cozinha por si mesma, já que o rapaz parecia incapaz de reagir ao mundo ao seu redor. Estava hipnotizado pela própria filha. Quando voltou a sala, encontrou Danny colocando Jo para andar. A menina parecia um bonequinho de corda, os pezinhos se movimentando antes mesmo de tocarem o chão.
   Assim que alcançou o solo, Jo foi correndo até o violão encostado no sofá.
   “Alguma dúvida que ela é sua filha?” – brincou, fazendo Danny levantar o rosto e olhá-la, sorrindo de orelha a orelha.

   estava em casa para o fim de semana. Tinha decidido contar aos pais finalmente sua decisão em mudar de curso… Mesmo que ainda não estivesse bem certa sobre que curso iria tentar. Estava entre Psicologia e Administração. Pelo menos de sua longa lista, sobravam apenas essas duas “finalistas”. Já era um avanço e ela devia muito a Liam pela ajuda. Sorriu ao pensar no namorado e tirou o celular do bolso para lhe enviar uma mensagem. A verdade é que queria que ele pudesse estar ali. Até seus pais queriam conhecê-lo! Mas o garoto parecia estar ocupado naquele fim de semana com coisas da faculdade.
   “, o almoço está na mesa!” – Sua mãe chamou e ela respirou fundo, guardando o celular.
   Engraçado como nosso cérebro parece fazer qualquer coisa para evitar o momento quando precisamos dizer algo importante, né? quase não conseguia comer. E tinha pensamentos do tipo “Vou contar quando terminar minha salada.”, “Hum, meu pai começou um assuntou novo, vou esperar ele terminar.” e “Mas e se eu esperasse até o jantar?”.
   Porém, sem que ela pudesse evitar, o assunto surgiu na mesa.
   “E a faculdade, filha, tudo certo?” – Mr. perguntou.
   “Hum… Tá sim…” – respondeu vagamente, em uma tentativa de se auto-sabotar.
   “E você tá gostando?” – Foi a vez de sua mãe questionar.
   Diante da pergunta, não havia mais como deixar para depois. Colocou o garfo e a faca deitados no prato e encarou os pais, mordendo os lábios.
   “Então, na verdade eu queria conversar com vocês sobre isso…”
   “O que foi?” – Sua mãe perguntou, alarmada, também abaixando os talheres. – “, você andou tirando notas baixas?” – A garota abriu a boca para responder, mas Mrs. continuou. – “Ai, meu Deus! Esse namoro tá te desconcentrando? Filha, você sabe que…”
   “Mãe! MÃE!” – falou, interrompendo-a. – “Minhas notas estão ótimas e meu namoro não atrapalha em nada.” – Já começava a se arrepender de ter entrado no assunto. Seu pai apenas a observava e seu olhar era indecifrável. – “Eu só… Eu só… Não gosto de Arquitetura.”
   Ao dizer isso, abaixou os olhos para o prato, incapaz de encarar o pai, que ainda mantinha a expressão séria.
   “Não gosta como?” – Sua mãe perguntou.
   “Não gosto… Não me interesso…” – E respirou fundo. – “Tô pensando em mudar de curso.”
   Houve um silêncio desconfortável na mesa e mordeu os lábios.
   “, filha, pelo amor de Deus. Você tem noção do que isso significa?” – Sua mãe perguntou, colocando as mãos nas têmporas.
   “Claro que tenho, eu…”
   “Depois de tudo, você vem me dizer que não gosta de Arquitetura? Depois de todo esforço meu e do seu pai? De tudo que fizemos por você?”
   Aquilo enfureceu a garota.
   “Eu também me esforcei, mãe! Eu também deixei de fazer mil coisas pra me dedicar aos estudos e conseguir a bolsa! Minha vida sempre foi programada por vocês! E eu tentei! Eu juro que eu tentei… Mas eu não gosto do curso…”
   Mr. continuava quieto, apenas observando as duas discutirem. Em que ele estava pensando? queria muito saber o que se passava na cabeça do pai.
   “Não existe não gostar do curso! Você sempre adorou Arquitetura!”
   “O que eu sabia de Arquitetura antes de entrar na faculdade? às vezes a gente acha que gosta das coisas e não gosta, mãe… Você acha que tá sendo fácil pra mim?”
   “Que curso você quer fazer?” – Foi a primeira vez que seu pai entrava na conversa e a olhava fixamente.
   “Psicologia ou administração.” – respondeu, encarando-o. – “Tô mais inclinada pra Psicologia.”
   “E como você tem certeza que dessa vez é o curso certo?” – Ele perguntou e a filha deu de ombros.
   “Eu não tenho…”
   Ele não disse mais nada. Mas era como se a garota estivesse em um julgamento e seu pai fosse o advogado de acusação dizendo “Nada mais a perguntar, Meritíssimo”. Mais um silêncio de matar.
   “Se você não tem certeza, você vai voltar pra cá, . Trabalhar com o seu pai. Se você não sabe o que quer, não vai ficar pulando de um curso pra outro!”
   “Não!” – falou, alarmada. Não havia a menor chance dela voltar. Não havia a menor chance dela deixar o terceiro andar. – “Não, mãe, eu já sei o que eu vou fazer, eu...”
   “Não consigo acreditar que você tá fazendo isso! Abrindo mão da sua bolsa!” – Mrs. escondeu o rosto nas mãos.
   se levantou, tentando não chorar. Não conseguia ficar ali sendo interrompida em cada frase que tentava formar. Tinha sido um erro contar aos pais agora.
   “Aonde você vai?” – O pai perguntou, ao vê-la andar para fora da cozinha.
   “Voltar pra Saint Mary.” – Ela disse enquanto entrava em seu quarto e voltava suas coisas para a mochila.
   “!” – A mãe gritou.
   “Não é lá que vocês querem que eu fique? Fazendo o curso que vocês escolheram, na universidade que vocês escolheram, na residencia estudantil que vocês escolheram? Pois bem… É pra lá que eu tô voltando!” – Ela berrou de volta e bateu a porta.
   Nunca tinha sido “a rebelde”, sempre tinha seguido tudo o que seus pais planejaram para ela. Mas agora não conseguia aceitar que eles decidissem de novo o que ela deveria fazer. Iria tentar o plano que havia bolado com Liam para trocar de curso e manter sua bolsa. O plano que nem conseguiu mencionar.
   Pegou o celular e mandou algumas mensagens. Precisava das pessoas que, pelo menos, a escutavam.

  Zayn se levantou do sofá para atender a porta de má vontade. Era e ele abaixou a cabeça.
   “Ah… É você?”
   franziu a testa para o tom de voz dele.
   “Zayn, o que houve? Eu to tentando falar com você há dias!”
   Mesmo sem ser convidada, ela entrou e deu uma olhada no lugar. Parecia que um furacão tinha passado por lá. Zayn não costumava ser o mais organizado, mas como estava sempre trazendo “visitas”, mantinha a casa num nível pelo menos habitável. Se virou de novo para ele, ainda parado na porta e repetiu a pergunta.
   “O que você tem, Zayn? Tô preocupada! O que foi aquilo na saída do pub? E porque você tem me evitado?”
   O garoto mexeu no cabelo, um pouco envergonhado. Se lembrava de como havia sido grosso com ela. E como havia ignorado suas ligações e mensagens desde então.
   “Não tenho te evitado, .” – Mentiu. – “Eu tô ocupado com a minha monografia, a Danielle precisava de ajuda pra terminar as coisas dela antes de viajar… Tá tudo corrido.”
   Ela cruzou os braços. Sabia que não era só isso, sabia quando o melhor amigo estava mentindo.
   “Zayn… Me conta, por favor, o que tá acontecendo?” – Pediu pela terceira vez. E foi então que ela percebeu, enquanto ele olhava perdido pela sala, tentando achar algo para dizer. Foi o jeito como ele parecia agoniado, o jeito como ele parecia perdido. – “Você… Você tá apaixonado!”
   O garoto tirou os olhos do chão e a encarou. Não, ela não poderia saber de jeito nenhum. Ele não ia contar, seria a pior situação do mundo. Deu uma risada sarcástica e atravessou a sala, voltando para o sofa onde suas coisas estavam.
   “Claro!” – Respondeu, ainda tentando parecer irônico. – “Claro que tô! Olha bem pra minha cara, !”
   “Tô olhando! E é por isso que eu to falando. Você tá apaixonado!” – Dessa vez ela afirmou. – “Quem é, Zayn Malik? Quem conseguiu essa proeza?”
   abriu um sorriso, mas algo dentro dela parecia não estar assim tão feliz. Se ele queria se afastar dela por que estava apaixonado, o que aconteceria se começasse a namorar a garota? Se é que já não estava a namorando… Além disso, quem era essa menina? Que havia transformado o Zayn marrento e confiante que ela conhecia nesse garotinho tentando esconder seus sentimentos em sua frente? Não queria confessar e muito menos admitir, mas estava sim com um pouco de ciúmes.
   “Eu não estou apaixonado. Larga a mão de ser louca!” – Ele disse, bravo.
   “Tá tão na cara! Me conta quem é! Eu conheço?”
   Então ele a encarou e pela primeira vez considerou dizer a o que estava sentindo. Contar que estava a evitando porque não conseguia conviver com ela e seus novos sentimentos por ela. Falar que precisava que os dois fossem mais do que haviam sido até então, que vinha imaginando beijá-la tantas vezes, que estava se tornando ridiculo. Mas quando abriu a boca, o celular dela tocou. levantou a mão para fazê-lo esperar e checou suas mensagens.
   E a coragem se foi… Saiu pela janela aberta e ele abaixou a cabeça, balançando-a.
   “Hum… Zayn… Preciso ir pra casa…”
   Ele deu uma risadinha sem humor.
   “Claro que você precisa. O que o seu namorado fez agora?” – Perguntou.
   levantou os olhos e o encarou, parecendo muito brava.
   “Não é o Aidan, pra sua informação!” – Falou, bufando. – “E eu to ficando tão cansada de brigar com ele por causa de você e com você por causa dele…”
   Zayn deu um sorriso de lado. Eles brigavam por sua causa?
   “O que houve então?”
   “ precisa de mim.” – falou, guardando o celular e já indo para a porta. Então se virou para o amigo de novo. – “Mas nossa conversa não acabou! Eu te ligo mais tarde.”
   “, por favor…” – Ele pediu, dessa vez em uma voz baixa. – “Eu… Eu não quero falar sobre isso.”
   A garota pareceu assustada. Então era verdade! E porque ele não queria contar a ela?
   “Zayn, eu…”
   “Eu preciso me concentrar nas minhas coisas, tá?”
   “Por que você não quer me contar?”
   “Você precisa ir. A gente se fala…” – Disse, vagamente, sem nem mesmo se levantar para acompanhá-la até a saída.
   sabia que ele voltaria a ignorar seus telefonemas e mensagens e aquilo a incomodava. Tentou dizer mais alguma coisa, mas o garoto já estava afundando em seus papers. Já estava a evitando.
   E então a pergunta voltou a sua cabeça. Quem era ela?

   “Jojo, meu amor, solta o Hendrix!” – pediu, se levantando para ir até a filha, mas a impediu.
   “Deixa ela brincar…” – Falou, fazendo a amiga se sentar de novo. E então bateu na perna dela. – “Mas me conta como foi hoje com o Danny!”
   sorriu.
   “Surpreendentemente bom. Ele tá apaixonado, ! Não conseguia parar de babar um segundo!”
   riu, porque imaginava mesmo que seria exatamente assim.
   “Ele tava tão ansioso!”
   A amiga franziu a testa.
   “Você falou com ele?”
   “Aquele dia do pub. Foi uma ótima conversa na verdade… Não vou mentir, tava com saudade daquele cabeção!”
   “Vocês dois sempre foram os conselheiros um do outro…” – se lembrou, sorrindo. – “Mas e você? Me disse que tinha novidades…”
   sorriu meio culpada.
   “Terminei com o Matt…”
   não podia dizer que era uma surpresa, mas mesmo assim, esperava que a amiga tentasse por mais algum tempo.
   “Quando? Ontem?”
   fez que sim com a cabeça. Não parecia triste ou arrependida, o que só podia significar que havia feito o certo.
   “Não tinha mais como seguir com isso, . Hendrix gostava mais dele que eu!” – Falou e as duas riram e se voltaram para o filhote.
   O pobre cachorrinho, alias, passava por maus bocados nas mãos gordinhas de Joanna.
   “Filha!” – falou, se levantando e indo até eles.
   “Deixa, . Sua filha ama meu filhinho!” – brincou.
   “Mas é amor demais!” – respondeu rindo e se ajoelhando em frente à menininha, que tentava colocar a orelha de Hendrix na boca. – “Ele não é de comer, meu amor… É só pra fazer carinho nele. Assim, olha…” – Falou, passando a própria mão nos pelos do filhote. Jo observava atentamente os movimentos da mãe.
   “Cainho” – Repetiu.
   “É… É só pra fazer carinho!”
   Joanna começou a fazer carinho em Hendrix e riu para ao perceber que estava fazendo certo. observava as duas com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto nas mãos.
   “Quem vai morder vocês duas sou eu!” – Falou, fazendo a amiga rir. – “E agora… Contar pro Niall, né?”
   se virou e a encarou.
   “Vamos pro SPR e eu ligo pra ele.”
   “…”
   “Eu vou contar, , vou contar hoje, prometo. Mas preciso ir pra casa. Não vou bater na JJJ com a Joanna no colo!”
   se deu por vencida e se levantou, indo buscar a bolsa. Não foi nada fácil tirar Jo de perto de Hendrix… Mas sabia que o pior mesmo estava por vir.

   “ me contou…” – Niall disse, entregando um controle para Harry e indo se sentar na cama dele, no quarto andar. – “De você e da …”
   Harry não estava esperando por isso.
   “Contou o quê?”
   “Que vocês dois namoravam e… Que ela era a garota do reveillon…”
   O garoto não respondeu de primeira. Continuou concentrado em escolher seu time, mordendo o lábio inferior.
   “Não chegamos a namorar. E, de qualquer forma, não era pra ser… Te contei que ela estava me ignorando naquela festa idiota.” – Ele respondeu, por fim. – “E ela ta namorando outro agora… Um cara mais velho.” – Disse, com uma certa amargura e então se virou para Niall. – “Você conhece ele?”
   Niall fez que não com a cabeça, sem olhar para o amigo e encarando a televisão.
   “Nunca saimos juntos… Sei lá Styles. Conheço a ha pouco tempo, mas eu sei que ela ficou bem triste quando vocês terminaram. E mesmo agora, ela não parece 100% feliz…”
   Bom, Harry também não se sentia 100% feliz e isso sempre o incomodava. Fazia mais de quatro meses e continuava incomodando. Eles não se falavam mais, eles mal se encontravam (e quando se encontravam era a coisa mais estranha do mundo, como o dia da cafeteria) e mesmo assim, ainda parecia que algo ia acontecer e mudar o destino dos dois. Ele constantemente se perguntava se deveria deixar passar, se deveria ir atrás dela e dizer que estava tudo bem e que aceitava qualquer condição. Engraçado como, depois de um tempo, o que parece tão “questão de honra” por uma época da vida se torna menos importante. Mas era tarde demais. Tinha se passado muito tempo… O tempo, que amenizava tudo, tinha sido seu pior inimigo nessa história.
   “Não tem nada que eu possa fazer agora…” – Harry respondeu, dando de ombros.
   “Sempre tem algo a ser feito. Vocês podiam, pelo menos, voltar a se falar…”
   “Não acho que é tão fácil assim…”
   “Não devia ser dificil… Se você quiser, eu posso ajudar!” – Niall tirou os olhos do jogo e sorriu para Harry dando um tapinha na sua perna.
   “Obrigada, ajudante de Santo Antonio!” – Harry zombou, fazendo-o rir. – “Me avisa se ela terminar com esse cara e eu vejo o que faço!”
   “Assim que se fala! Vai pra cima dela, Styles!” – Niall cantou, como se estivesse torcendo em um estádio e fazendo o amigo gargalhar.
   “Figura!”
   Ficaram mais um tempo jogando e então Niall checou seu celular e, pela hora, imaginou que Louis e Liam teriam voltado do Congresso que tinham ido.
   “Vou lá buscar aqueles dois viados no andar debaixo e já volto. Vai treinando enquanto isso, Styles. Você é muito ruim!”
   “Vai à merda, Horan!”
   “To indo! Já volto!”

   e sairam do elevador e ouviram conversas no quarto de . A porta estava aberta e Jess e estavam lá também, no que parecia ser uma reunião para animar .
   “O que houve?” – perguntou preocupada.
   Jess levantou os olhos para responder, mas eles pararam na bebezinha no colo de . Franziu a testa.
   “Quem é?” – Perguntou.
   olhou também e pareceu entender algo. continuava olhando da bebezinha para as duas na porta. suspirou.
   “Vocês tão ocupadas? Vamos lá no meu quarto…”
   As garotas se levantaram, ainda sem entender nada, e foram para o último quarto do corredor.
   colocou Joanna na cama e as meninas se sentaram em volta dela, tentando prestar atenção em e não na criança risonha que vez ou outra oferecia um bichinho ou um brinquedo a elas e praticava um monólogo inteligível.
   “Jo… Jo é…” – respirou fundo de novo. Se era tão dificil contar as meninas, ela nem queria imaginar como seria com Niall. – “Jo é minha filha.” – Disse de uma vez.
   As reações foram diferentes. Jess quase caiu da cama, colocou a mão na boca como se não acreditasse e voltou a olhar para Joanna sorrindo, o que não passou despercebido por .
   “Liam tinha te contado?” – Perguntou a , que encarou a amiga e fez que sim com a cabeça. sorriu.
   “Não briga com ele, ! Ele só me contou porque um dia comentei que tava preocupada com você e o que te fazia ir sempre pra casa… E aí ele me contou, mas eu mantive segredo… Nem a Jess sabia!” – Ela falou, apontando e Jess concordou, ainda meio em choque.
   riu.
   “Fica tranquila, . Eu jamais brigaria com o Liam por causa disso. Ele sempre foi um cavalheiro comigo sobre esse assunto. Sempre preocupado, mas nunca perguntando demais.”
   “Mas …” – ainda tentava achar as palavras. – “Como… Como?”
   E então a garota se deu conta que nunca havia contado NADA sobre Danny para as meninas. Se sentiu uma péssima amiga e começou a história toda do começo. Era hora de ser completamente sincera.
   “… E foi isso. E agora ele resolveu voltar e hoje eu levei a Jo pra ele conhecer.”
   “E por que você não contou pra gente antes?” – Jess perguntou, fingindo que ia fazer cócegas em Joanna.
   balançou a cabeça.
   “Eu não sei! Eu sinceramente não sei…” – Respondeu, olhando para as meninas. – “Eu nunca imaginei que esse ano seria assim. Nunca imaginei que encontraria vocês... O Niall… Meu plano era voltar pra ca, terminar meu mestrado e ir pra casa. Nem pensei que iria conhecer pessoas, me divertir, me apaixonar de novo. Acho que eu tava tentando manter essas duas vidas separadas. Mas não precisava… Eu só passei por um sofrimento a toa…” – Ela deu de ombros. – “As vezes a gente não percebe que tá sendo estúpida…”
   “E o Niall, ?” – perguntou, mordendo o canto dos lábios. também se voltou para a amiga.
   “Eu também vou contar hoje pro Niall…”
   E como se falar o nome dele três vezes o fizesse aparecer num passe de mágica, o garoto surgiu na porta do quarto.
   “Ué, você já chegou? O que tem eu?” – Perguntou, com seu típico sorrisão.
   Seus olhos então cairam da namorada para a menininha em cima da cama. Ela também o encarava e sorria.
   “Oi!” – Jo falou, mostrando os dentinhos.
   Niall franziu a testa e voltou os olhos para atrás de respostas para suas perguntas.
   se sentou direito, olhando para a amiga, que ainda estava petrificada e incapaz de falar.
   “Meninas, vamos lá no quarto da ?” – Falou, chamando , Jess e , que logo se levantaram. pegou Joanna e murmurou um “Boa Sorte!” para .
   Niall as observou saindo do quarto, cada uma com uma expressão de velório pior que a outra. O que estava acontecendo? [Coloquem Apologize para tocar]
   “?” – Ele chamou de novo, ainda com a testa franzida.

  “I'm holdin' on your rope,
   Got me ten feet off the ground.
   And I'm hearin' what you say,
   But I just can't make a sound.
   You tell me that you need me,
   Then you go and cut me down...”

  “Niall. É que… Ela… Eu ia te contar antes…” – Como começar? Simplesmente soltar a bomba? Contar a história em ordem cronológica? O problema era que, ao contrário das meninas, Niall conhecia todo o resto da história. Só essa parte havia sido propositalmente evitada. A demora não estava ajudando muito e o garoto dava sinais de impaciência. – “Niall, essa é a Joanna. Minha filha.”
   Seu rosto empalideceu ainda mais e a sombra de sorriso que ainda havia ali desapareceu. Niall pensou ter ouvido errado. Ele tinha ouvido “minha filha”, mas não era possível. Não… não tinha uma filha… Que ideia ridícula! Se bem que… Havia uma certa semelhança entre a menininha e ela, Niall havia reparado assim que a avistou. Ele encarou a namorada, que parecia apavorada. Mas… Não. Como ela teria uma filha?
   O garoto fechou os olhos e balançou a cabeça, para clarear os pensamentos.
   “Sua o quê?”
   Ela engoliu em seco e torceu as mãos.
   “Minha filha.”

  “But wait...
   You tell me that you're sorry,
   Didn't think I'd turn around
   And say...”

  A cama da garota separava os dois mas, naquele momento, sentiu como se a distância entre eles fosse um abismo sem fim. Quando tentou dar um passo a frente, Niall deu um para trás e parou.
   “Sua filha.” – Ele repetiu, a voz baixa e grave. – “Como assim você tem uma filha?”
   “Eu ia te contar isso antes… Mas eu não sabia como… Eu acabava evitando…” – tentava se justificar, mas não era isso que Niall havia perguntado. Sua expressão começava a mudar e não era uma mudança boa.
   “!” – Ele falou, levantando a mão e fazendo-a se calar. – “De quem ela é filha?”
   A garota abaixou o rosto e passou a mão pela testa antes de responder.
   “Danny…”
   Niall deu uma especie de risada de descrença e balançou a cabeça de novo, colocando as mãos nos bolsos. Sua cabeça parecia prestes a pifar. tinha uma filha do ex, que agora tinha voltado. E além de toda a confusão que essa história significava no relacionamento dos dois, ainda havia esse ponto: Ele podia “competir”com um ex namorado… Mas ele não podia competir com o pai da filha de .

  “That it's too late to apologize.
   It's too late...
   I said it's too late to apologize.
   It's too late, too late…”

   “Eu nem sei por onde começar…” – Ele disse, dando outra risadinha sem humor. tentou de novo se aproximar, mas mais uma vez o garoto se afastou instantaneamente.
   “Lembra da história que eu te contei? De como ele sumiu, reapareceu e sumiu de novo?” – Ela tentava contar, mas sabia que o fato de “ter deixado isso passar” a deixava em maus lençóis. – “Eu fiquei grávida quando ele voltou. Foi horrível… A pior fase da minha vida…”
   Niall não estava escutando. Ele olhava através da janela, sem realmente enxergar.
   “Quanto tempo nós estamos juntos, ?” – Ele a interrompeu.
   deu de ombros.
   “Uns cinco meses…”
   “E a gente se conhece há uns oito, certo?”
   Ela fez que sim com a cabeça.
   “Niall…”
   “E você tá me contando hoje que tem uma filha…”
   “Eu quis contar antes, eu…”
   Niall fez que não com a cabeça.

  “I'd take another chance,
   Take a fall, take a shot for you.
   I need you like a heart needs a beat,
   But it's nothing new.”

   “Não, você não quis. Você teve todas as oportunidades do mundo pra me contar antes…” – Ele parou de olhar a janela e a encarou. Seus olhos cheios de lágrimas partiram o coração de . – “Eu sempre imaginei qual era o problema que você tinha em casa… Algo com a sua mãe, problemas com o seu pai, um irmão, alguém que você não gostava de mencionar… E me matava saber que tinha algo que te deixava mal e eu não podia ajudar. Mas eu nunca achei que pudesse ser algo assim… Porque na minha cabeça você nunca deixaria de me contar se fosse muito grave… Ou importante.”
   “Eu não queria que você se preocupasse…” – tentou começar, mas foi interrompida de novo.
   “E quando você me contou do seu ex… Você mais uma vez me escondeu isso. Não dá pra dizer que não houve oportunidades, …”
   “Eu sei, Niall… E eu tô me sentindo tão mal por isso! Mas eu tava com medo da sua reação…”
   “As meninas sabiam?”
   fez que não com a cabeça.
   “Só a sabia. E o Liam… Porque ele já morava aqui na época…”
   Mas aquilo não diminuia o que Niall estava sentindo. Na verdade, só agravava.
   “Sabe o que eu acho, ?” – A frase vinha toda carregada de magoa e a garota se encolheu esperando Niall continuar. Ele visivelmente lutava para não chorar. – “Que você nunca acreditou de verdade no que eu sinto por você. Você nunca acreditou que alguém pudesse amar você como seu ex te amou…”

  “I loved you with a fire red,
   Now it's turning blue
   And you say...
   Sorry, like an angel
   Heaven let me think it was you
   But I'm afraid...”

   “Claro que não, Niall! Eu te disse mais de uma vez que foi você que me trouxe de volta! Que me fez ter vontade de estar apaixonada de novo…”
   Ele deu aquela maldita risada irônica de novo.
   “Você não se deu ao trabalho de me contar que tinha uma filha! Você não me levou pra conhecer sua familia! Eu sou o cara com quem você passou um tempo enquanto voltava pra fazer seu mestrado e que, tudo bem não ter nada profundo com ele, você ia embora mesmo… Eu ia te pedir pra ficar, ! Eu ia te pedir pra ficar aqui comigo!” – Dessa vez ele não foi forte o bastante e as lágrimas desceram em sua bochecha.
   “Você ia me pedir pra ficar?” – Ela abriu um sorriso em meio às próprias lágrimas. Ultimamente vinha considerando TANTO essa opção…
   “Porra, !” – O garoto estourou. – “E você ainda quer que eu acredite que você sabe o quanto eu amo você? Você, de verdade, achou que eu ia falar um “até logo!” e te dar um abraço no fim do ano letivo e ia ser isso?”
   “Eu não sei… Nós nunca conversamos sobre isso, Niall…”
   “Pois é… Nós nunca conversamos sobre um monte de coisas. Tem alguma coisa errada aí, né?”
   “Me perdoa, por favor!”
   Ele limpou as lágrimas de seu rosto com raiva.

  “It's too late to apologize.
   It's too late.
   I said it's too late to apologize.
   It's too late...”

  “Acho que no fim você tava certa desde o início…”
   franziu a testa. Que início?
   “Sobre o quê?”
   “Sobre o que você me disse no dia de Ação de Graças. Sua vida é complicada demais… Complicada demais pra eu estar no meio disso…”
   Era o que ela mais temia. Porque ainda achava que Niall não merecia estar nesse furacão… O problema é que agora ele era o que a mantinha sã e salva e ela não queria que o namorado a soltasse.
   “Não, Niall, por favor…” – Dessa vez ela não se segurou e pulou a cama para chegar onde o garoto estava. Ele tentava se afastar e limpava os olhos com mais raiva. – “Me perdoa! Por favor… Por favor!”
   “Eu não sei o que fazer… Eu só… Quero sair daqui…” – Ele falou, ainda se afastando dela. – “Eu não sei quando você pretendia me contar isso, , mas definitivamente agora é tarde demais!”
   “Vamos conversar, Niall!”

  “It's too late to apologize.
   It's too late.
   I said it's too late to apologize.
   It's too late.”

   “Eu só quero sair daqui…” – Ele repetiu e foi em direção à porta. parou derrotada onde estava. Não estava acreditando naquilo. Não… Ele não podia estar indo embora… O garoto voltou para encará-la uma última vez. – “A propósito, ela é linda! E tem o seu sorriso.”
   E, dizendo isso, desapareceu o mais rápido que pode pelo corredor. apareceu na porta do quarto de quase imediatamente e olhou para a amiga parada na porta do próprio quarto. fez que não com a cabeça e começou a chorar ainda mais.
   Seu arrependimento era tão grande que a sufocava. Ela sabia. Sabia que havia o perdido.

Capítulo 20 - Silence is a scary sound

Coloquem para carregar: Drive you home – Parachute

  Uma semana havia se passado desde a ultima conversa de e Niall e entre levar Joanna de volta para sua cidade natal, reuniões com Alexander sobre sua dissertação e defesa e as milhares de horas escrevendo, lendo e repassando sua aula, só agora a garota tinha conseguido um tempo para ir até a JJJ. Estava cansada, deprimida e aquela era a pior hora para se ter um problema na vida pessoal. Tinha que tirar Niall de seus pensamentos de cinco em cinco minutos para se concentrar, precisava usar toda sua força e autocontrole para ficar em seu quarto escrevendo, cumprindo as metas que havia imposto a si mesma em vez de ir atrás dele, se segurava para não mandar uma mensagem para o namorado (ou ex-namorado) a cada hora que pensava nele… E então no fim do dia, quando finalmente se deitava sozinha em seu quarto, não conseguia dormir independente do tamanho do seu cansaço. Não havia ninguém para perguntar como foi seu dia, nenhum irlandês sonolento ali para lhe dar um beijo de boa noite.
   Bateu na porta, torcendo as mãos nervosamente e meio que recitando o que iria dizer a Niall. Não demorou muito e ouviu alguém do lado de dentro, Olly abriu a porta e seu sorriso alegre virou um sorriso meio triste, meio de pena ao ver parada ali.
   “He-Hey !”
   “Oi Olly!” – Ela cumprimentou, tentando sorrir também. – “Tudo bem?”
   O rapaz mordeu os lábios e se apoiou na porta.
   “Ta sim. Hum… Não vou te perguntar o mesmo. Niall me contou o que aconteceu…” – Falou. – “Eu…”
   “Obrigada por nunca ter dito nada a ele antes, Olly…” – se lembrou que estava para dizer isso ao amigo há algum tempo. Olly sempre soube, mas nunca havia se metido. Ela sabia que estava ferrada, mas talvez estivesse ainda mais ferrada se Niall tivesse descoberto por outra pessoa. Ele sorriu.
   “Quando eu me mudei pra JJJ você ainda tava grávida, mas depois sumiu… Não nos vimos mais! Nunca fiquei sabendo se você tinha tido seu bebê mesmo… Nunca me senti confortável pra perguntar também.” – Olly contou, dando de ombros e colocando as mãos nos bolsos.
   “Tive sim. É uma menininha linda!” – disse e sorriu. – “Mas agora preciso me acertar com esse irlandês, Murs… Não consigo mais ficar sem ele…”
   Ele deu uma risadinha e olhou para baixo.
   “Niall é doido por você também, ! Espero que vocês se acertem, mas…”
   “Ele tá aí?” – A garota interrompeu e perguntou, esperançosa.
   Olly fechou o sorriso e fez que não com a cabeça.
   “Ele voltou pra Irlanda…”
   O QUÊ? NÃO! Seu queixo caiu. não podia acreditar que ele havia retornado a Irlanda. Na hora nem se preocupou se iam voltar, só conseguia pensar em como Niall amava aquele lugar, a faculdade e a JJJ. Não podia acreditar que tinha sido a responsável por ele ter desistido de tudo. Teria que ir até lá! Bater na casa dele em Mullingar e…
   Mas então Olly arregalou os olhos, entendendo a expressão de horror no rosto de e corrigiu o que havia dito.
   “Não! Não, ! Ele não foi embora pra sempre! Ele só… Ele precisava de um tempo… Daqui… De tudo…” – Explicou, mexendo as mãos.
   soltou a respiração em alivio.
   “Você quase me matou agora, Olly!” – Falou, colocando a mão no coração. – “Quando ele volta?”
   O rapaz deu de ombros de novo.
   “Ele não disse…”
   “Ele trancou a faculdade?” – perguntou, temendo a resposta.
   “Não. Só deu uma esticada no feriado de Páscoa…”
   fez que sim com a cabeça. Bom, não tinha mais o que fazer ali então. Só esperar… Talvez pedisse a Liam para ficar de olho quando Niall voltasse. Sorriu uma ultima vez para Olly.
   “Obrigada de qualquer forma, Murs.”
   “De nada, . E to torcendo por vocês.” – Ele falou e sorriu. – “Mesmo!”
   “Obrigada!”
   Ela acenou e saiu, indo de volta para o terceiro andar. Para seu quarto vazio… E sua mente superlotada.

   estava olhando para a própria agenda. A data da sua reunião com o pessoal responsável pelas bolsas da Saint Mary’s University seria no próximo mês.
   Ela e Liam vinham se preparando desde que ela havia voltado de casa. Desde então, falava apenas o suficiente com seus pais, o que sempre a deixava bem triste. Não tinha que ser assim. Ela só queria ser livre para tomar as próprias decisões. E se fosse a decisão errada, então teria que achar um jeito adulto de consertar, mas pelo menos seriam seus erros. Era isso que queria que seus pais entendessem. Ela queria ter as rédeas da própria vida!
   Ouviu alguém batendo em seu quarto e achou que era o namorado.
   “Entra!” – Gritou.
   Silêncio e ela olhou para trás. Pra ser sincera, Liam nunca batia. Se virou e encontrou seu pai entrando em seu quarto, parecendo um pouco sem graça.
   “Bom dia!” – Ele disse, ainda meio desconfortável.
   “Pai?” – franziu a testa e olhou para o quarto, que estava uma bagunça. Pulou da cadeira e começou a recolher suas roupas (e algumas roupas de Liam) espalhadas por ali. – “Bom… Bom dia! Entra!”
   “Tudo bem?”
   “Tudo e o senhor? Tá tudo bem em casa?” – Seu pai NUNCA tinha estado ali. Tudo o que ela podia supor era que algo grave havia acontecido. Era sua mãe, não era? Porque ele estava ali sozinho? – “Algum motivo especial pro senhor ter vindo?”
   Mr. sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Tudo certo sim! Mas sua mãe tem andando tão triste depois daquela briga, . Você precisa voltar pra casa e conversar com ela…”
   mordeu os lábios. Sua mãe ia ter um treco e a culpa era dela. Era isso!
   “Pai, eu…”
   “Mas eu vim até aqui pra matar as saudades desse lugar e de você, filha. Vim pra gente conversar direito sobre essa ideia de uma nova faculdade. E de como você vai fazer isso.”
   “Você promete me escutar dessa vez?” – Ela perguntou, um nó se formando em sua garganta. Mas era meio que um choro de felicidade. Aquilo era exatamente o que ela queria!
   “Vou. Prometo!” – Ele levantou a mão direita como se fizesse um juramento e deu uns pulinhos de felicidade, indo abraçá-lo.
   “Então eu vou me trocar e nós dois vamos dar uma volta pelo campus pra matar as saudades daqui e a gente conversa direitinho!” – Ela disse, se animando e correndo para o banheiro. – “O senhor vai querer conhecer meu namorado?” – Perguntou, colocando a cabeça para fora.
   Seu pai fez uma expressão de poucos amigos.
   “Depois que almoçarmos, que eu não quero perder a fome.”
   riu e entrou de novo no banheiro, mandando uma mensagem rápida para Liam.

   “Meu pai veio pra cá pra me ouvir, não é demais? Ah, e ele quer te encontrar mais tarde. Se arruma e se comporta e eu te ligo mais tarde. Amo você! Xx

  "Jogar bola? VOCÊ VAI JOGAR BOLA?"
   Essa era a pior parte. A parte do cérebro de Niall que agora falava como ela. A parte que sabia exatamente o que ela diria em todas as situações, quando ficaria brava, quando iria rir e quando iria puxá-lo para mais perto para poder abraçá-lo direito e susurrar um "Ridículo!".
   Como alguém se torna assim tão importante em um tempo tão relativamente curto? Ele não conseguia entender o que estava sentindo, mas doía demais… Era muito ruim!
   "Você tem sorte do seu pai ser tão de boa e nem te perguntar por que você tá aqui e não na faculdade..." - Um de seus amigos se sentou ao seu lado. Percebeu que estava há algum tempo na mesma posição, com o meião na metade da canela.
   "É feriado de Pascoa..." - Niall respondeu, dando de ombros e seu amigo o olhou de rabo de olho.
   "Meio estendido esse seu feriado, não?" - Niall não respondeu, continuou ajeitando seu meião e a chuteira. - "Sério, irmão, conta aí o que aconteceu..."
   Ele olhou para frente e respirou fundo.
   "Terminei com a , Sean..." - Contou, voltando a olhar o amigo.
   "Sua namorada de lá?"
   "Ela mesmo..."
   "Mas se terminar com ela fez você ficar com essa cara de enterro e voltar pra casa, cara, então você não devia ter terminado!"
   " tem uma filha!" - Niall soltou. Ainda parecia mentira quando ele dizia em voz alta, era absurdo demais! Sean se engasgou com a água que estava tomando.
   "Ela o quê? E não tinha te contado antes?"
   O garoto fez que não com a cabeça e deu mais um suspiro. "E o pai da criança voltou pra cidade e eu nem sabia da existência dele até um tempo atrás... Resumindo, um rolo muito maior do que eu achei que ia encontrar na vida."
   Sean deu uns tapinhas solidários nas costas do amigo.
   "Po, cara, não sabia! Você sempre ficava tão boiola falando dessa sua namorada!"
   Pela primeira vez no dia, Niall deu uma gargalhada. Aquela era uma definição hilária, porém bem real, de como ele era quando ainda estavam juntos.
   "Pois é. E eu ainda to bem boiola porque a gente terminou... Uma merda essas coisas!" - Ele terminou de amarrar o cadarço da chuteira e apoiou os cotovelos nas pernas. Inconscientemente, se pegou pensando se e estavam fazendo a terapia da tequila por causa dele.
   "E nenhuma chance de vocês voltarem?" – O garoto quis saber, copiando o gesto do amigo e observando o campo de futebol.
   "Não sei... Eu vou ser sincero: gosto tanto dela, que perdoaria as mentiras e tudo. parecia bem arrependida. Mas não sei se faz diferença mais. O cara voltou e agora todo mundo sabe... Talvez ela volte com ele pra ficarem cuidando da bebezinha juntos. Como eu posso competir com isso? Eu tenho 19 anos, cara! To no primeiro ano da faculdade! É demais pra mim!" - Ele desabafou. - "E, de qualquer forma, vai defender o mestrado e vai embora. E foi por isso que ela nunca me contou nada. Porque uma hora ou outra a gente ia acabar de qualquer jeito..."
   Sean parecia sem saber o que dizer para consolá-lo e voltou a dar tapinhas em suas costas.
   "Realmente é um rolo gigante, cara... Mas o que tiver de ser, será!"
   Niall se levantou e voltou a olhar o amigo.
   "É, eu sei. Mas enfim... Vamos jogar antes que essa droga de joelho comece a doer!" - Ele deu uns pulinhos na beirada do campo e começou a se mover em direção ao meio. - "Aliás, meu pai sabe que eu to aqui por isso. Ele não ficou bravo, nem nada. Só disse que não vai adiantar eu fugir por muito tempo..."
   "Bob Horan é um cara sábio..." - Sean concluiu e passou o braço pelos ombros do amigo.
   Niall sabia que não podia se esconder por muito tempo, mas ainda achava que a fuga era melhor do que encará-la.

   tomava um sorvete enquanto andava pelo campus com seu pai, que apontava para alguns lugares e contava algumas coisas sobre a Universidade “na época dele”. Fazia muito tempo que não tinham um tempo pai e filha e ela estava realmente feliz em tê-lo ali. Liam, talvez de propósito para evitar o sogro, havia avisado que iria se atrasar um pouco para encontrá-los. não achou ruim, porém. Ainda não tinham conversado sobre a mudança dela de profissão e queria que fossem só os dois mesmo.
   Estavam andando de volta para o dormitório, quando a garota avistou um casal atravessando a rua. Josh tinha um braço passado pelo ombro de Jess e ela o abraçava pela cintura. Vinham conversando, rindo e sendo a coisa mais adorável que já tinha visto. Ela sorriu para a cena, mas não conseguiu chamá-los a tempo. Teria que zuar a amiga mais tarde.
   Chegaram até o banquinho em frente ao prédio do SPR e Mr. o apontou para se sentarem. terminou o sorvete e se virou para o pai, começando a se sentir um pouco nervosa.
   “Então?” – Seu pai disse. – “Vamos começar do começo!”
   limpou a garganta e olhou para baixo. Não tinha que ter medo, não estava fazendo nada errado!
   “Primeiro, eu queria que o senhor soubesse que eu sou muito grata pelo que você e a mãe fizeram por mim e pelos meus estudos. Se aquele dia ficou a impressão de que eu não levo isso em conta, me desculpa!” – Ela falou, levantando os olhos. – “Eu tentei, pai! Tentei mesmo! E nunca descuidei das minhas notas mesmo quando já não achava mais que queria Arquitetura, porque sei que devo isso a vocês dois.”
   “O que eu quero que você entenda, filha, é que eu e sua mãe só estamos preocupados com você!” – Mr. segurou a mão dela. – “Nós só queremos ter certeza de que você não está tomando nenhuma decisão precipitada. Nem baseada em outras pessoas.” – O olhor que seu pai lançou então, dizia com todas as letras que ele falava de Liam.
   “Liam não tem nada a ver com isso, pai. Eu comecei a me sentir desmotivada antes mesmo de iniciarmos nosso namoro. A única coisa em que ele interferiu foi na minha sanidade mental nas últimas semanas. Ele tem me ajudado a pensar racionalmente sobre o assunto. Sobre qual faculdade eu quero fazer, sobre o que escolher e sobre como fazer para manter minha bolsa.”
   Mr. fez que sim com a cabeça.
   “E no que vocês pensaram?”
   “Eu marquei uma reunião com a Coordenação de Graduação. Vou perguntar a eles se tem como fazer a transferência e manter a minha bolsa. Se tiver como, vou começar Psicologia. Eu andei lendo muito e conversando com várias pessoas e acho que vou gostar. Eu e Liam fizemos uma lista de assuntos que me interessavam e fomos pesquisando um por um.”
   olhou esperançosa para o pai. Queria que ele visse o quanto estava sendo madura com relação àquilo. E parecia que havia surtido efeito, Mr. sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “E se não der certo…”
   “Se não der certo, eu vou continuar com a minha bolsa e a Arquitetura. Não vou jogar nada pro alto, pai, fica tranquilo. Termino Arquitetura e, se conseguir um emprego que pague uma segunda faculdade, então eu tento de novo…”
   “Tenho muito orgulho de você, filha!” – Mr. falou sorrindo. – “Você se transformou numa garota muito responsável!”
   sorriu e chegou mais perto do pai, apoiando a cabeça em seu ombro.
   “O senhor concorda com o plano então? Posso seguir em frente?”
   “Pode sim! E faça o favor de ligar pra mim e pra sua mãe assim que sair dessa reunião!” sorriu e sentiu mais um peso saindo de suas costas. Podia enfrentar qualquer coisa se seus pais e Liam estivessem ao seu lado.
   “Pai?”
   “Diga.”
   “Traz a mãe da próxima vez? No dia que ela veio me trazer nós nem passeamos muito! Quero que ela conheça as meninas do terceiro andar, a loja da …”
   Mr. sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Trago sim, prometo! Só vim sozinho hoje porque achei que seria mais fácil conversarmos assim…” – Então ele olhou para o relógio. – “Seu namorado tá atrasado!”
   “Ele deve estar chegando. Falando no diabo… Olha ele lá!” – se levantou e sentou direito no banco. Seu sorriso aumentou ao vê-lo virando a esquina meio correndo. Liam parou de correr ao avistar os dois, alisou a camiseta e mexeu nos cabelos. Como se ele precisasse de qualquer uma dessas coisas para parecer perfeito…
   “Hum… Boa tarde, Mr. !” – Ele disse, antes mesmo de cumprimentar a namorada. Estava com a voz mais grave e formal. – “Eu sou o Liam.”
   “Oi Liam, como vai?”
   queria rir de como ambos estavam sérios demais. Ela nunca tinha apresentado ninguém ao pai, não sabia o que esperar. Depois de se cumprimentarem, o garoto se virou finalmente para ela e lhe deu um selinho desajeitado, meio sem saber se podia fazer isso na frente do sogro. Depois a abraçou pela cintura, mas manteve o próprio corpo a uma boa distância do corpo da namorada.
   “E então? Já almoçaram? Quais os planos pra essa tarde?”
   “Aonde você quer ir, pai?” – perguntou. Mr. deu de ombros, o bom humor foi embora assim que Liam apareceu. Ciúmes puro!
   “Qualquer lugar… O parque tá aberto hoje?”
   “Acho que sim… Vamos lá?” – A garota disse animada.
   “Podemos ir lá então…” – Mr. falou e saiu andando um pouco a frente, fazendo Liam levantar uma das sobrancelhas para .
   “Tá tudo bem… Ele só tá tentando digerir que não é mais o único homem da minha vida.”
   Liam deu uma olhada rápida no homem andando na frente e então roubou um beijo rápido dela.
   “E aí?” – Perguntou baixinho.
   fez que sim com a cabeça.
   “Ele concordou com o nosso plano!”
   Os dois sorriram um para o outro, trocando um olhar cumplice. achou que podia explodir a qualquer hora de felicidade!

  Era final do expediente e tinha aceitado ir tomar café com Eleanor, depois da estagiária insistir algumas vezes.
   “Tenho que ir lá ver como a tá, El! Antes da reunião!”
   “ vai ficar bem… Meia horinha a mais, meia horinha a menos…” – A garota falou, parecendo mais empolgada do que o normal.
   Entraram no café preferido de , que só precisou olhar para o fundo da loja para descobrir porque El estava tão empenhada em leva-la até lá.
   “Louis!” – Eleanor chamou, fazendo o namorado e Harry olharem para as recém chegadas. – “Não acredito que vocês tão aqui!”
   queria matá-la! Foi andando atrás dela, pensando se fingia uma ligação de , se escapava pela direita, se desmaiava… Mas era tarde demais.
   “Hey, vocês duas!” – Louis cumprimentou, seguindo o teatrinho que os dois deviam ter ensaiado.
   “E aí, Styles?” – El cumprimentou.
   O garoto, percebeu, estava na mesma que ela. Parecendo totalmente desconfortável com a “surpresa”.
   “Oi Louis, oi Harry.” – Ela acenou, tentando soar o mais natural possível.
   “Oi…” – Harry começou sem saber se a chamava pelo nome ou pelo apelido. Coçou a nuca e deu um sorrisinho sem graça.
   Eleanor se sentou de frente para Louis, só sobrando o lugar em frente ao garoto vago. Os dois se olhavam e desviavam o olhar tantas vezes, que provavelmente ficariam tontos. Era ridículo! odiava como Harry sempre a fazia se sentir uma adolescente.
   “!” – Louis chamou, fazendo-a desviar o olhar mais uma vez. – “Você anda vendo minha namorada mais do que eu! Será que você pode dar uma folga?”
   “Não tenho culpa se você é insuportável e ela prefere trabalhar do que te ver, Tomlinson!” – respondeu, dando um sorriso maldoso.
   Harry deu uma risadinha. Adorava quando ela dizia coisas assim. Estava com saudade de deixá-la irritada, de ouvir respostas assim a comentários que ele fazia.
   “Eu tô fazendo hora extra pra nossa viagem de férias, Lou…” – El respondeu, segurando a mão do namorado por cima da mesa.
   “Vocês vão pra onde?” – Harry quis saber.
   aproveitou que ele prestava atenção no casal para observá-lo. Estava com o cabelo grande demais. Já se imaginou mandando-o ir cortar aquela juba. De qualquer forma, continuava lindo… E estava mais forte. Tinha sondado Rob algumas aulas atrás, sabia que ele continuava treinando. Precisava só descobrir o horário… Podia aparecer por lá e fingir que era porque não teria tempo no sábado. Isso! Por que nunca tinha pensado nisso antes?
   “… Por causa da .” – Ouviu El dizer e três pares de olhos se voltaram para ela. Harry percebeu que ela estava o olhando e sorriu. Não um sorriso convencido… Era mais como um sorriso de “Eu sei, eu tô sentindo isso também.”
   “O que foi?” – Perguntou. Tinha perdido metade da conversa.
   Louis fez uma cara de deboche.
   “Não tava prestando atenção?”
   pularia no pescoço dele antes de pedir seu café!
   “Não, Louis. Sua voz me entedia…”
   “Vocês tão que tão hoje, hein?” – El cortou, dando risada. – “Tava contando pra eles que você me indicou pros seus amigos estilistas na Bélgica, , pra eu ir lá conhecer o ateliê deles. E que eu vou durante a viagem…”
   “Ah sim!” – sorriu. – “Julién está doido pra te conhecer!”
   Harry mordeu os lábios e foi sua vez de observá-la. Ficava sempre mais linda falando de qualquer coisa ligada ao trabalho. Ela amava aquilo mais do que tudo e seus olhos brilhavam de um jeito único.
   “Vocês não vão pedir nada?” – Ele se ouviu falando e olhando diretamente para ela. – “Eu acho que quero outro croissant.”
   “Eu… Eu vou também, você quer que eu peça o seu, El?”
   “Um mochaccino, por favor, !” – Ela respondeu sorrindo, ao ver os dois se levantarem juntos.
   “Deixa que eu pego.” – Lou começou, mas recebeu três olhares assassinos em sua direção. – “Ou não. Ou eu fico aqui te fazendo companhia.”
   “Obrigada, lindo!” – El respondeu satisfeita, olhando Harry e andarem lado a lado até o balcão.
   Os dois ficaram em silêncio por um tempo, a situação ainda era esquisita.
   “Hum… Queria que você soubesse que eu não tenho nada a ver com essa armação…” – Harry falou, quebrando o silêncio e apontando para trás. riu.
   “Eu também não!”
   “Eu sei, vi sua cara de choque!”
   Os dois riram e trocaram outro desses olhares que estavam trocando fazia 15 minutos.
   “Como você tá?” – perguntou, depois de fazer seu pedido a uma das atendentes. Harry deu ombros.
   “Bem, eu acho. Nada de muito diferente… E você?”
   “Eu tô solteira!” – Foi o que ela quis responder, mas se segurou. – “Bem também. Comprei um cachorro.”
   “Eu sei, eu te vi.” – Foi o que ele quis responder, mas se segurou. – “Um cachorro? Gatos são muito melhores que cachorro! Sempre gostei mais de gato…” – Disse, dando um sorriso de lado. Sabia que iria irritá-la.
   “Por isso que eu comprei pra mim e não pra te dar, Styles… Odeio gato.” – Ela respondeu, fazendo-o rir alto. Era isso! Era exatamente disso que estava morrendo de saudade!
   “É, eu sei… Você já me disse uma vez.”
   Se olharam, talvez pela milésima vez naquele dia. Dessa vez, porém, havia algo quase suplicante no modo como um encarou o outro.
   “Seus mochaccinos, senhora.” – A atendente simpática disse, cortando-os. – “E o croissant do seu namorado!”
   Nenhum dos dois desmentiu, mas Harry olhou para baixo à menção da palavra “namorado”. Se lembrou que agora tinha um e o gelo que ambos estavam quebrando naquela tarde não significava muita coisa.
   “Obrigada!” – Ela agradeceu e ambos voltaram para a mesa, interrompendo Lou e El que riam de algo.
   “Valeu, chefinha!” – A estagiária disse e pegou sua caneca. – “, Lou nunca participou de uma guerra de bexigas!”
   “É porque essa é uma atividade exclusiva do Terceiro Andar.”
   “Vocês fazem guerra de bexiga dentro do SPR?” – Harry pareceu assustado.
   “Sim!” – falou, abrindo um sorriso nostálgico. – “Nem lembro como isso começou, mas meio que virou uma tradição nossa. Tem regras e tudo! É muito divertido!”
   “E eu moro no terceiro andar agora e nunca participei de um!” – Louis parecia revoltado.
   “Chama o Murs. É sempre ele que começa essas coisas…”
   “Posso participar do próximo?” – Harry pediu, sorrindo para .
   “Você não mora no terceiro andar…” – Ela deu de ombros.
   “Bom… Você também não…” – O garoto respondeu, levantando as sobrancelhas.
   “Oooouch!” – Lou falou, em sua habitual voz quase gritada. – “Uuuum a zero pro Styles!”
   iria responder que ela morou lá por tempo suficiente, mas estava ocupada demais olhando as covinhas de Harry, que gargalhava. Deixou passar.
   Era como se nada tivesse acontecido. Os quarto pareciam mesmo dois casais de longa data, conversando, se zuando e eventualmente rolando os olhos para os comentários de Louis. Porque não podia ser simples assim? acabou nem vendo o tempo passar e, quando se deu conta, estava atrasada para sua reunião. E nem tinha tido tempo de telefonar para !
   “Foi ótimo conversar com vocês, mas preciso ir…”
   “Fica aí, , você é tããão legal!” – Louis disse irônico e tomou um tapa no braço. Ja diria o ditado: “Dá dinheiro, mas não dá intimidade”.
   “Olha Eleanor, se um dia eu matar seu namorado, você sabe que foi por um bom motivo!” – Ela disse antes de beijar a garota. E então se aproximou de Harry. – “Tchau, Styles. Foi… Foi bom te ver!” – Soltou e ele segurou em sua cintura enquanto dava um beijo em sua bochecha, fazendo-a se arrepiar. Não estava esperando por isso.
   Saiu do café ainda meio desnorteada e pensando no que faria agora que ambos estavam conversando normalmente.
   Porque TINHA que fazer algo!
   Harry continuava olhando pelo vidro da loja como se ainda pudesse vê-la.
   “Pobre , trabalha demais…” – El começou.
   “Ela tá trabalhando mais ainda depois que terminou, né? – Lou perguntou, fazendo o amigo virar o rosto para ele quase imediatamente. Trocou um sorriso vitorioso com Eleanor.
   “Sim.” – El apoiou o rosto nas mãos e suspirou. – “Tadinha…”
   E enquanto Harry voltava a olhar pela janela, analisando aquela nova informação, o casal de namorados fazia uma dança de comemoração silenciosa. Mereciam o prêmio de “Restauração de Casais” do ano!

   estava sentada na cama de Aidan “assistindo” enquanto ele andava, falava e gesticulava animadamente. “… E aí ele me perguntou quando foi a última vez…”, ela captou apenas esse pedaço de frase do monólogo do namorado e se pegou pensando quando tinha sido a última vez que tinha prestado atenção em absolutamente tudo o que ele estava dizendo, quando tinha sido a última vez que tinha se importado. Não se lembrava! Será que Aidan se dava conta? Ou ele também não sabia a última vez que havia se preocupado com o namoro dos dois? era mais sua espectadora oficial do que qualquer outra coisa… A pessoa para quem ele contava passo a passo como o espetáculo da noite anterior havia sido. Então eles trocavam alguns beijos e discutiam algumas vezes por causa de Zayn e era isso. Mas até a discussão estava escassa ultimamente, já que Zayn havia banido de sua vida.
   Ela suspirou. O que será que Zayn estava fazendo? Onde ele estava agora? Quando iria tocar de novo? Talvez não fosse o namoro que estivesse diferente, talvez fosse . Ela não tinha mais que dividir sua atenção entre os dois e ter todo o tempo para Aidan estava servindo para provar a ela que seu namoro era… Chato!
   Lá estava ele falando e falando e falando e… A garota se levantou sem dizer nada e pegou sua bolsa.
   “?” – Aidan chamou ao vê-la já quase na porta.
   “Ah! Você reparou que eu tava saindo?” – Disse, irônica.
   Ele franziu a testa, sem entender.
   “O que foi?”
   “Aidan, seja sincero. O nosso relacionamento, do jeito que está, tá bom pra você?”
   O rapaz deu de ombros, olhando em volta. Não fazia ideia de que conversa era aquela.
   “Tá… Tá… Tudo bem…” – fez que sim com a cabeça e deu as costas, continuando a andar. – “Hey, tá indo onde?”
   “Cansei… Vou dar uma voltinha…” – Soltou, batendo a porta ao passar.
   “!”

  Enquanto caminhava para a casa de Zayn, continuava pensando em quem poderia ser a tal garota por quem ele estava apaixonado. Ainda estava nessa, ainda estava completamente intrigada pela identidade da pessoa que tinha “tirado seu melhor amigo dela”. Agora sabia exatamente como tinha se sentido, como o próprio Zayn tinha se sentido. Não devia ser a … Ele provavelmente nem ligaria se ela tem namorado ou não se estivesse apaixonado. Quem mais poderia ser? Quem mais Zayn conhecia?
   E por que aquilo a incomodava tanto?
   Bateu na porta, já sabendo que iria ter que se forçar dentro daquele apartamento.
   [Coloquem Drive you home para tocar]

   “You won't cry, standing on the porch because you said goodbye
   Told him you were leaving, now you're high and dry
   You had nowhere else to go, I open up the door and let you come inside
   Ooh you didn't mean it
   Ooh he's gonna ask where you've been
   Ooh before you go back, baby let me tell you this…”

   “?” – Ele abriu a porta, mas o tom de sua voz não era bravo. Estava feliz em vê-la. Estava morrendo de saudades dela.
   “Hey… Eu sei que você não quer me ver, que tá ocupado… Mas posso ficar? Só um pouquinho? Sem perguntas sobre…” – E antes que Zayn respondesse, ela deu uma olhada geral pela sala. – “A não ser que você esteja com alguém aí, não quero atrapalhar…”
   O garoto sorriu de lábios fechados. Estava com a cabeça encostada na porta, a encarando. sorriu de volta para ele. Não, ele não estava acompanhado. Moveu o corpo dando passagem para a amiga, que entrou e colocou a bolsa na mesa, se virando para ele de novo.
   “O que ele fez dessa vez?” – Zayn perguntou, fechando a porta.
   “Você sempre acha que o problema é esse…” – respondeu, cruzando os braços.
   “Eu acerto 80% das vezes…” – O garoto ponderou, dando de ombros. – “Por que você ainda tá com o Aidan, ?”
   Tentou esconder as verdadeiras intenções por trás daquela pergunta. Ela podia ter alguém melhor… Ela podia ficar com ele.

   “When it's over and the thrill is gone
   If you come back and you've got it wrong
   You know that you don't have to leave
   You don't have to go
   Yes, when it's over
   Let me drive you home
   Ooh, let me drive you home”

   se sentiu culpada com a pergunta. Porque era acomodada? Porque, principalmente agora, não queria ficar sozinha. Sem ele… E sem Zayn.
   “Ele não fez nada, Mr. Always Right… Eu só… Eu queria ver você…” – Confessou.
   Zayn sentiu um formigamento engraçado pelo corpo todo… E as tais borboletas no estômago. Era horrível, estava virando uma dessas pessoas! Ia ficar igual a e Horan! Não! Não podia deixar isso acontecer!
   “…” – Ele começou, sem saber exatamente o que ia dizer. Queria que ela ficasse, mas também queria que ela fosse embora. A garota, porém, levantou a mão fazendo-o se calar.
   “Eu prometo que não vou nem falar, se você quiser!” – Ela disse, passando os dedos sobre a boca, como se fechasse com um ziper. – “Não vou atrapalhar! Só queria te ver e ficar aqui um tempo… Você sabe que eu gosto da sua casa!”
   Os dois sorriram.
   “O que você tava fazendo? Antes de eu arrebentar a porta e vir me humilhar pelo seu amor?” – Ela brincou, mas Zayn se mexeu desconfortável, sem saber o que fazer com os braços.
   “Tava vendo TV…” – Respondeu, olhando para o chão.
   “Posso ver com você?” – Ela perguntou, fazendo cara de pidona.
   O garoto fez que sim e indicou o quarto com a cabeça. pulou e, sem se tocar que aquilo seria estranho nas condições em que se encontravam, o abraçou por trás. Zayn respirou fundo, sentindo o queixo da amiga em seu ombro. Seria uma noite difícil para ele.

   “Yeah, summer heat, staring at the ceiling, but I just can't sleep
   Wondering what you're doing
   When it comes to me, there's nothing I can do, it's always up to you
   Yes and I lie awake in bed at night
   I picture you when I close my eyes
   I can see you there, in the porch, in the light
   I might never feel your kiss
   Baby let me tell you this…”

  Lá estava ele de novo… Na cama com a única garota que ele queria que estivesse em sua cama ultimamente, mas sem coragem nem para se aproximar dela. Estava espremido no seu canto do colchão.
   “Parabéns, Zayn Malik!” – Pensou. – “Logo você… Com medo de mulher e na friendzone!”
   , conforme o prometido, estava assistindo TV quietinha ao lado dele. Porém, só havia feito aquele voto de silêncio porque achou que uma hora ou outra o ouviria resmungar “Mas e então? O que aquele idiota fez?”. Estava enganada, Zayn parecia um poste… não se mexia e não dizia uma palavra… E, se ela soprasse, ele caia da cama por estar tão na beirada!
   Enquanto devia estar olhando para a TV, se pegou procurando uma pista da tal garota. Aquilo tinha virado uma obsessão! Estava reunindo coragem para perguntar a ele, como quem não quer nada, que horas a namorada dele chegaria quando reparou em um bilhete colado na tela do notebook. “Ligar para Dani”.
   Danielle! Era ela!
   Virou o rosto para onde Zayn estava e o encarou, estava se sentindo estranha.
   “É a Dani, não é?” – Perguntou, sem rodeios. TUDO fazia sentido!
   Zayn se virou para olhá-la ao ouvir sua voz e franziu a testa.
   “O que é a Dani? Do que você tá falando?”

   “When it's over and the thrill is gone
   If you come back and you've got it wrong
   You know that you don't have to leave
   You don't have to go
   Yes, when it's over
   Let me drive you home
   Ooh, let me drive you home”

   apontou para o bilhete.
   “O bilhete! Você tá apaixonado pela Danielle!”
   O garoto levantou a cabeça e viu do que ela estava falando.
   “O que uma coisa tem a ver com a outra? Eu tenho que ligar pra Peazer pra saber onde estão as lâminas que ela deixou prontas.” – Explicou.
   “Não adianta tentar me enganar, eu te conheço!” – acusou. Como ela nunca tinha percebido? E porque saber aquilo em vez de aliviá-la, a deixava mais tensa?
   Zayn se virou para olhá-la de novo, devia ser brincadeira. Aquilo era ridículo! De onde tinha surgido?
   “, de onde você tirou isso, criatura? Eu já te falei que nunca dei em cima dela!”
   “Exatamente!” – Ela exclamou. – “Você jamais conseguiria dar em cima da garota por quem estivesse apaixonado! Você não sabe ser sutil!”
   Ele não conseguiu ficar sério. Riu da própria desgraça e de como era hilário estar ouvindo aquilo dela. , porém, entendeu como uma confirmação.
   “Você só pode estar brincando!” – O garoto zombou.
   “Tudo se encaixa! Você começou a ficar assim quando ela resolveu ir embora! E… E o porre na despedida dela!” – foi enumerando. – “É por isso que você tem andando desse jeito! É ela, não é?”
   Os dois se encararam por alguns segundos em silêncio. O rosto dela estava bem próximo e Zayn se segurava para não tomar nenhuma atitude idiota. estava ansiosa pela resposta, ele podia notar. Que tipo de ansiedade era aquela? Será que havia um fiozinho de esperança?

   “Baby 'cause I need to know, do you feel it? Can you feel it?
   Baby 'cause I need to know, is it real? Yeah”

  A garota piscou para se livrar, ainda que por um tempo mínimo, dos olhos castanhos de Zayn. Sentiu uma pontadinha em seu coração enquanto aguardava a resposta dele. Talvez não quisesse saber. Talvez não quisesse ouvir.
   “É você, .” – Ele disse, simplesmente. Saiu… Zayn nem tentou segurar. Continuou a encarando enquanto a expressão de mudava para “totalmente confusa”.
   “O quê?”
   “É você, eu tô apaixonado por você!”

  “When it's over
   And the thrill is gone
   If you come back and you've got it wrong
   You know that you don't have to leave
   You don't have to go
   Yes, when it's over
   Let me drive you home
   Ooh, let me drive you home”

Capítulo 21 - P.O.V.

Coloquem para carregar: Mr. Right – A rocket to the moon e UNI – ED Sheeran

  Zayn se arrependeu do que havia dito assim que a última palavra saiu de sua boca, o encarava em choque sem saber o que dizer. Por alguns segundos considerou fingir uma risada e dizer “Como é fácil te enrolar! Não tô afim de você não, convencida… É da Dani mesmo, olha aí que problemão!”. Devia ter segurado, devia ter esperado esse sentimento passar... Porque um dia ia passar, não ia?
   “Zayn...” – tentou começar, mas não fazia ideia do que dizer. Como assim Zayn estava apaixonado por ela? Desde quando? Piscou para se livrar do contato visual que faziam. – “Eu não sei o que te falar. Eu não... Eu nem imaginava!”
   Ele abaixou a cabeça.
   “Não precisa falar nada. Eu... Nem era pra eu te contar!”
   “Desde quando você tá... Assim?” – Não ia conseguir dizer “apaixonado por mim”.
   Zayn deu de ombros e se sentou na cama, abraçando os joelhos.
   “Não sei. Um tempo... Não faz diferença, faz?” – Perguntou.
   “Foi antes de... Foi antes do Aidan?” – não sabia exatamente porque estava perguntando isso, mas rezava para a resposta ser negativa. Porque então Zayn estaria assim há muito tempo. E porque se ele estivesse apaixonado por ela antes e tivesse dito algo... Bom, talvez a situação fosse diferente. O amigo fez que não com a cabeça.
   “Foi esse ano que começou, acho. Sei lá... Esse tipo de coisa não tem data certa, né?” se sentou também e se virou para Zayn.
   “Você tem certeza? Quer dizer, pode ser só ciúme...”
   Já era a coisa mais esquisita do mundo ter que conversar sobre isso com . Mas ter que falar para era ainda pior! Ter que dizer a ela que sabia que não era só ciúmes, porque já tinha sentido ciúmes antes e não era como ele se sentia agora era uma ideia completamente idiota. Porque? Porque tinha aberto a boca, para começo de conversa?
   “Eu sei que não é.” – Respondeu simplesmente, dando de ombros. – “Acredite, eu passei muitas noites sem dormir pensando o que era isso que eu tô sentindo!”
   se encolheu ao ouvir aquelas palavras. Ele tinha passado noites sem dormir? Esse não era o Zayn que ela conhecia. E, para falar a verdade, ele não vinha sendo o Zayn que ela conhecia há algum tempo... Era por causa disso? Ele estava tentando se afastar, se livrar do que achava que estava sentindo?
   “Eu não quero que você se afaste!” – disse, sabendo que estava sendo um pouco egoista. – “Mas eu vou entender, se estiver machucando você...”
   O que o machucava não era ficar perto dela. Era saber que Aidan estava sempre pisando na bola e mesmo assim podia tê-la e ele não.
   “Eu só preciso de um tempo. Talvez passe...” – Zayn forçou um sorriso e o abraçou de lado, apoiando a cabeça em seu ombro.
   “Eu te amo, Zayn, e eu não quero te fazer sofrer. Eu... Eu não sei como agir! O que a gente faz? Como vai ser daqui pra frente?”
   O garoto não tinha uma resposta para aquela pergunta e agora estava se sentindo culpado por ter causado aquilo.
   “A gente vai dar um jeito...” – Falou, meio incerto, e deu um beijo no topo da cabeça da amiga. Aquilo estava lhe dando uma dor incômoda, um sentimento de perda...
   o soltou e deu um beijo em seu rosto, fazendo-o fechar os olhos e abaixar a cabeça. Não era só um beijo, era um prêmio de consolação. Ela ia continuar com Aidan e ele teria que fingir que não sentia nada, se ainda a quisesse por perto.
   “Acho que vou embora.” – Ela disse baixinho, se virando na cama para calçar os sapatos. Quando terminou, se voltou para ele. – “Você vai ficar bem? O que eu posso fazer pra te ajudar, Zayn? Eu não quero te ver assim!”
   Ele fez que não com a cabeça e a olhou.
   “Vai ficar tudo bem...” – Respondeu.
   ainda ficou um tempo olhando para ele e desejando que pudesse voltar no tempo e ter ficado quieta sobre o bilhete para Dani. Se antes estava se sentindo estranha por saber que ele estava apaixonado por alguém, agora se sentia quase irreal por saber que era por ela. A gente nunca quer ver o melhor amigo sofrendo por amor... Muito menos quer ser a causa do sofrimento! Zayn continuava imóvel na cama, por isso ela saiu do quarto e foi fazendo o caminho para a porta sozinha.
   Algo fez “click” na cabeça de Zayn. A amizade, pelo visto, já tinha ido para o saco... Então ele não podia perder a garota que queria! Se levantou correndo e a encontrou quase na porta.
   “! Espera!”
   A garota se virou, erguendo uma das sobrancelhas.
   “O que houve?”
   “Me promete uma coisa!” – Zayn se aproximou e segurou seus braços, a encarando. – “Me promete que, agora que você sabe que tem opção, não vai passar um dia sequer com aquele mala te tratando mal!”
   “Zayn... Aidan não...”
   “Ele te trata mal sim! Ele não te trata como você merece!” – Ele mordeu os lábios. – “Me promete que vai pensar... Pensar em mim de outro jeito daqui pra frente.”
   O jeito como ele a olhava era quase irresistível. Sempre tinha sido imune ao charme de Zayn (com uma ou outra recaida pelo caminho) e seus olhos e seu rosto todo, mas agora sentia uma certa fraqueza nos joelhos. Porém, qualquer que fosse o jeito como pensaria nele a partir de agora, ainda tinha um namorado. Ainda tinha que resolver sua situação com Aidan e SE resolver sobre o que queria fazer com a própria vida amorosa. Não seria justo com ninguém se ela se precipitasse.
   “ Eu vou... Vou tentar.”
   Zayn a soltou e colocou as mãos no bolso, não poderia exigir mais que isso dela. Fez que sim com a cabeça. parou na porta antes de sair.
   “Se cuida!”
   “Você também...” – Ele respondeu, dando um sorriso triste.
   fechou a porta e colocou a mão na testa, tentando entender o que havia acontecido em sua vida nos últimos minutos. Zayn estava apaixonado por ela. E ela... Estava completamente confusa!

  Niall ainda achava estranho passar mais tempo no 4º andar. Os meninos vinham mantendo uma solidariedade silenciosa e, sempre que era possivel, combinavam as coisas no quarto de Harry. O garoto sabia que uma hora ia encontrá-la, mas desde que havia voltado da Irlanda vinha fugindo do terceiro andar como o diabo da cruz. No entanto, a vida tinha uma ideia diferente e ele já parecia saber o que estava por vir assim que o elevador parou.
   tinha Joanna nos braços e uma mochila. Estava conversando com a filha, que segurava um boneco de pano nas mãos, e nem reparou que o elevador já estava ocupado. Assim que ergueu os olhos, porém, parou de falar imediatamente.
   Niall estava de volta! E estava ali! Será que tinha vindo falar com ela? Continuou na mesma posição, aguardando o garoto se mexer, mas um estava tão estático quanto o outro.
   “Ahn… Oi!” – Cumprimentou-o, ainda sem entrar no elevador e esperando que ele saisse. Tinha estado distraida com Jo e não vira que Niall nao estava vindo de baixo, mas do quarto andar.
   “Oi…” – Ele respondeu nervoso. Mais silêncio, que só foi interrompido pelo barulho das portas se fechando. se assustou e colocou a mão livre no espaço, para que ela voltasse. – “Você não vai entrar?”
   “Achei que você estivesse saindo…” – Ela confessou, o olhando sem entender.
   “To descendo.”
   Niall evitava olhá-la e mirava os próprios pés. , ainda confusa, finalmente entrou no elevador e parou ao lado dele, que estava de cabeça baixa e mordia o cantinho da unha. Foi tudo muito rápido. Estavam indo do segundo para o primeiro andar quando sentiram um solavanco e o elevador parou. Niall deu um passo para trás instintivamente. Não! Aquilo não podia acontecer! Não agora! franziu a testa e olhou para cima, sendo imitada por Joanna.
   “Mas o que…” – Soltou. Virou-se para o painel e apertou o botão do térreo outra vez, mas nada aconteceu.
   “Tomlinson!” – Os dois disseram na mesma hora e se entreolharam. Já era uma piada interna sempre culpar o amigo por qualquer problema no elevador, mesmo que o garoto nem estivesse presente. Aquele milissegundo de cumplicidade fez com que ambos percebessem quantos dias tinham passado separados e como sentiam saudades um do outro.
   Mas Niall tinha algo a mais para se preocupar naquele momento. Culpa do Louis ou não, aquele elevador estava parado e ele estava dentro. Enclausurado naquele cubo suspenso e minusculo. Deu mais um passo para trás e suas costas encontraram a parede. O espaço estava ficando menor, não estava? Ele estava se sentindo quente, estava se sentindo sem ar. Quanto tempo ficariam ali antes de consumirem todo o oxigênio? Iriam morrer sufocados. Iriam morrer.
   “Niall? O que você tem?” – o chamou, preocupada ao perceber que ele empalidecera e toda a cor de seus lábios havia sumido. Niall tinha as duas mãos espalmadas na parede atrás dele e parecia em pânico.
   O garoto fechou os olhos e respirou fundo duas vezes.
   “Eu… Eu sou claustrofóbico.” – Contou, com a voz fraquinha.
   franziu a testa de novo. Era o que? Desde quando?
   “Você nunca me disse que era claustrofóbico!” – Ela falou, se virando para vê-lo melhor.
   Niall abriu os olhos e a encarou sem expressão. Seu olhar caiu em Joanna e voltou para a garota, como se dissesse “você quer mesmo me acusar de não ter de contado alguma coisa?”. mordeu os lábios e quebrou o contato visual.
   “Você quer…” – Ela começou, tentando mudar o foco.
   “Não me pede pra ficar calmo!” – O garoto a interrompeu, ríspido. Não ia adiantar pedir para se acalmar! Era um medo irracional, ele não tinha controle sobre aquilo!
   “Eu não ia…” – respondeu em voz baixa. Doía dez vezes mais ser tratada daquele jeito por ele! Sabia que Niall não estava em perfeitas condições e suas ações não podiam ser levadas em conta, mas mesmo assim machucava e não era nem de longe como ela havia imaginado o encontro dos dois. – “Ia te perguntar se você queria que eu tentasse interfonar, já que você tá assim.”
   O garoto fez que sim com a cabeça, se arrependendo profundamente do jeito como havia falado com ela. Bufou e se sentou no chão, apoiando os cotovelos nos joelhos e a testa nos braços, ainda mais bravo e incomodado consigo mesmo.
   “Merda!” – Xingou.
   colocou Joanna e a mochila no chão e olhou mais uma vez o visor do elevador, procurando por instruções sobre o que fazer em caso de emergência. A garotinha estava quietinha, chupando chupeta, e completamente alheia ao que estava acontecendo. Assim que foi colocada no chão, se dirigiu para Niall.
   Ele sentiu duas mãozinhas em seu braço e levantou a cabeça. Jo se apoiava nele e sorria, balançava as perninhas como se estivesse dançando. Parecia estar tentando animá-lo. Covardia! Quais eram suas chances contra aquela criaturinha? Niall sorriu para ela, completamente encantado.
   “Oi lindinha!” – Falou, abaixando os joelhos e a segurando pela mãos. – “Cade seu bonequinho?”
   “Ali.”
   , que estava ocupada conversando com alguém da segurança, se virou ao ouví-los conversando. A cena partiu seu coração: Niall segurava uma das mãos de Joanna, que voltava para perto da mãe para pegar seu boneco no chão. Ele a olhava sorrindo, parecendo totalmente absorto na criança.
   “Oh!” – Joanna mostrava o bonequinho de pano para o garoto.
   “Uh! Um pirata!” – Ele disse. – “Que medo!” – Jo olhou incerta para o boneco e Niall se tocou de que não devia dizer a um bebê para ter medo de algo que ele carrega para cima e para baixo. – “Ah não! Esse é um pirata bonzinho!”
   “Piata bonjinho!” – A menininha repetiu, fazendo-o se derreter por dentro.
   “Isso!” – Ele vibrou. Nem se lembrava mais que estava preso dentro do elevador. – “Ele é bonzinho, olha, ele tá sorrindo!”
   Niall sentou direito e puxou Joanna para se sentar em seu colo enquanto cantava uma música fingindo que era o boneco.
   terminou de falar com o segurança e finalmente pode prestar atenção nos dois. Era pedir muito querer exatamente o que estava vendo para o resto da vida? Ia chamá-lo para tentar conversar quando se lembrou de que precisava avisar Danny que iria se atrasar. O único problema é que não queria falar com ele enquanto Niall pudesse ouvir.
   Tirou o celular da bolsa e digitou uma mensagem rápida, dizendo que estava presa no elevador, mas que logo estaria lá. Voltou-se então para o garoto, que agora prestava uma atenção absurda nas palavras sem sentido que Jo falava.
   “Niall…” – Chamou e ele levantou a cabeça. O sorriso perdendo um pouco do brilho, como se ele estivesse voltando a realidade. – “Eu queria…”
   Mas foi interrompida pelo toque do próprio celular. Era Danny, lógico!
   Se não atendesse, iria desesperá-lo. Se atendesse, ia perder a chance de qualquer conversa com Niall. O garoto pareceu entender quem estava ligando e piscou, encostando a cabeça na parede e fechando os olhos de novo. passou o dedo pela tela, aceitando a ligação.
   “Hey!” – Cumprimentou, fingindo uma voz calma, quase alegre. Não queria de jeito nenhum que Danny aparecesse por lá. A situação já estava errada o suficiente.
   “Oi! Onde você tá? Que história é essa?” – Niall ouviu a voz que vinha do celular. Estavam em complete silêncio e Danny falava alto... Era impossível não ouví-lo! Apertou mais os olhos, tentando pensar em algo que pudesse tirar sua atenção daquilo.
   “Tá tudo bem. Já falei com os seguranças e eles já foram ver o que aconteceu e vão tirar a gente daqui.”
   “A Jo tá com você? Ela tá bem?”
   olhou para a filha, que agora brincava sozinha com o pirata já que Niall tinha voltado ao estado transtornado de antes.
   “Tá ótima! Ela é muito pequenininha pra entender que a gente tá presa aqui, né?”
   Danny riu.
   “Linda! E vocês tão sozinhas aí?”
   A pergunta de um milhão de dólares. Niall abriu os olhos e a encarou, quase a desafiando. Ela queria chorar.
   “Fica tranquilo, Danny!” – Desconversou, fazendo Niall balançar a cabeça negativamente e voltar a posição anterior. – “Te aviso quando sairmos daqui, tá?”
   “Tá. Qualquer coisa me avisa! Você prefere molho branco ou bolonhesa no macarrão?”
   rezou para o elevador despencar de vez. Depois se lembrou de Jo e “des-rezou” rapidamente.
   “Qualquer coisa, Danny!”
   “Almondega! Você gosta de almondega! Lembrei!”
   Era muita tortura, Niall pensou. Tudo era torturante demais! Estar preso em um elevador, ouví-los conversando, pensar na intimidade que eles tinham, saber que Danny conhecia mais de do que ele… E agora também tinha Jo. Ele abriu os olhos e viu a menininha em seu colo, ainda falando sozinha. Ele queria cuidar das duas! Nunca havia se sentido tão impotente! Para piorar, mais uma onda de claustrofobia tomou conta dele.
   “A gente se fala depois. Beijos.”
   desligou o celular sabendo que não havia mais volta no clima dentro daquele elevador. Porém não conseguia pensar em si mesma quando Niall parecia estar prestes a surtar e respirava descompassado.
   Sem pensar, ela se ajoelhou ao lado dele e segurou sua mão, fazendo-o se assustar.
   “Eu nunca te vi assim!” – Ela disse, apavorada.
   “Eu não costumo ficar me enfiando em caixas de fósforo…” – Niall respondeu ainda de olhos fechados e apertando a mão dela. Os dois deram uma risadinha.
   “Você precisa parar de pensar nisso.” – disse, se sentando ao lado dele. – “Vamos lá, imagina que você tá no seu lugar favorito do mundo!”
   Niall abriu os olhos e a encarou. Mais uma coisa errada para se dizer contabilizada no placar. sabia em que ele estava pensando.

  Flashback
   Niall estava deitado de barriga para baixo, na diagonal e só de boxers na cama de .
   “Acho que esse é meu lugar favorito no mundo!” – Constatou, fazendo (na escrivaninha) rir.
   “Você só gosta daqui pra dormir.”
   Ele se virou de barriga para cima e se apoiou no cotovelo, olhando para a namorada.
   “Tem mais coisas que eu gosto de fazer aqui também…” – Disse, levantando as sobrancelhas e fazendo gargalhar.
   “Como você é indelicado, Horan!”
   “Tava falando de assistir futebol, sua pervertida.” – Niall retrucou e foi sua vez de gargalhar da expressão sem graça da namorada. Se levantou e foi até lá, parando atrás da cadeira dela e fazendo massagem em seus ombros. parou de digitar ao sentir as mãos deles e fechou os olhos.
   “Você existe mesmo, irlandês? Ou é só um leprechaun que eu inventei na minha cabeça?”
   “Eu acho que existo… Meus professores costumam me dar presença quando eu respondo a chamada…” – Niall respondeu e os dois riram.
   se virou para olhá-lo. Gostava tanto quando ele fazia essa cara de quem tinha aprontado!
   “Que bom que você existe então… Porque eu tô tendo umas ideias aqui. Sobre como aproveitar o resto da noite…” – Ela falou, abaixando a tampa do notebook e se levantando para abraçar o namorado.
   Niall deu um sorriso de lado e a segurou pela cintura.
   “Espero que sejam as mesmas ideias que eu…” – Ele falou, indo em direção ao pescoço dela.
   “Assistir futebol?” – perguntou, se afastando um pouco e Niall apoiou a testa em seu ombro.
   “Ok! 1 a 1, vai…” – O garoto disse, ainda rindo.
   o puxou para perto de novo e sussurou “Seu pervertido” em seu ouvido, enquanto se deixava ser levada para a cama por ele.

***

  “Aaaahn… Não.” – tentava consertar o erro pensando no que dizer. – “Imagina que você tá em um campo de futebol! E seu joelho não está doendo…”
   Niall continuava de olhos fechados, mas o que dizia sobre o tal campo de futebol entrava por um ouvido e saia pelo outro, porque agora ele estava pensando no que ela havia dito antes. Estava pensando no quarto dela. Na verdade, estava se lembrando da primeira vez que passou a noite lá.

  Flashback
   Niall bateu na porta. tinha mandado uma mensagem para ele, dizendo que havia voltado de férias e ele mal podia esperar para vê-la.
   Assim que a garota abriu a porta, os dois pareceram disputar quem abria o maior sorriso.
   “Foi aqui que pediram um loiro, irlandês, gato e com talentos musicais?” – Ele perguntou, em uma voz sedutora.
   se encostou no batente da porta, sorrindo.
   “Foi sim… Mas não tinha um número maior não?” – Brincou e não se aguentou ao ver a expressão horrorizada de Niall.
   “Vou ver se consigo fazer a troca para a senhora.” – Ele respondeu, fazendo menção de sair. A garota o puxou de volta rindo e passou os braços pelo pescoço dele.
   “Tava com saudades…” – Falou.
   “Eu também. Parecia que não ia chegar nunca!” – Niall a abraçou também.
   Os dois se olharam por alguns segundos, mas estavam ansiando há tempo demais para se beijarem de novo e logo Niall encostou seus lábios nos dela, acabando logo com aquela vontade.
   A garota foi andando para trás, o puxando para dentro do seu quarto. Quando se separaram, Niall levantou os olhos e a primeira coisa que viu foi o chapéu em cima do guarda roupa. Ele apontou, sorrindo.
   “Você guardou?”
   olhou para trás vendo do que ele estava falando.
   “Claro!” – Ela respondeu. – “Você pediu!” – Os dois se olharam de novo e o garoto parecia entorpecido. – “Não era pra guardar?”
   “Era! Quer dizer… O fato de você ter guardado…” – Niall parecia não saber como colocar em palavras o que significava saber que, desde o primeiro “encontro”, ela tinha guardado aquilo porque ele havia pedido. Resolveu pelo jeito engraçadinho, que parecia ser mais a cara dos dois. – “Você já me queria desde aquele dia!”
   corou. Mas para falar a verdade… É, ela o quis desde aquela noite em que o conheceu bebado, de chapéu de bobo da corte.
   “E você me quis desde o dia que me viu na JJJ!” – Ela retrucou, levantando uma sobrancelha.
   “Eu quis várias veteranas gatas aquele dia, …” – O garoto confessou e tomou um tapa no braço que o fez gargalhar.
   “Não tem nem vergonha de falar um absurdo desse!”
   “Mas eu tô sendo sincero, oras… Elas tavam me dando mole, porque eu era o calouro da republica.” – não sabia se era muito audácia ou muita inocência.
   “Vou te beijar, pra ver se você para de falar bobeira.”
   “Ta aí uma bela ideia!”
   Os dois riram e se beijaram mais uma vez e, antes que ela pudesse pensar duas vezes, se ouviu falando:
   “Fica aqui comigo hoje?”
   Niall estava com a testa encostada na dela e fez que sim com a cabeça.
   “Seu pedido é sempre uma ordem!”

***

  O elevador deu mais um solavanco, afastando Niall de seus pensamentos. também parou de falar e olhou para cima.
   “Finalmente!” – Disseram juntos de novo.
   pegou Jo do colo do garoto e se levantou. Niall se levantou também e continou encostado na parede de trás de braços cruzados.
   A porta se abriu no térreo e uma série de pessoas veio encontrá-los para checar se tudo estava bem. Os dois pareciam exaustos para o pequeno tempo que passaram trancados. Às vezes o cansaço mental é quase como cansaço físico.
   Quando finalmente todos foram embora, Niall tentou escapar o mais rápido possível, mas o chamou.
   “A gente precisa conversar! Eu quero falar com você!”
   O garoto estava fazendo o caminho de volta para se aproximar, quando o celular dela tocou e ele parou.
   “É o Jones, né?” – Perguntou e deu dois passos para trás. – “Você tá atrasada, . A gente se fala depois…”
   Ele coçou a nuca e se virou de novo, indo para a JJJ.
   continuou no saguão, segurando o celular com uma chamada não atendida, a mãozinha de Jo e o choro.

   tirou Jo do carro e pegou a mochila no banco de trás. Tinha decidido passar o dia com ela e Danny, mas já não sabia se era a melhor opção. Queria correr de volta para o SPR e falar com Niall. Ou ficar curtindo sua própria tristeza sozinha, independente do quão dramático fosse isso. Mas tinha dito ao ex que passaria a tarde com eles, enquanto ele brincava com a filha e ela estudava para sua defesa.
   Bateu na porta e o ouviu correndo. Danny abriu com aquele sorrisão que ia de uma orelha a outra e pegou Joanna no colo assim que a viu.
   “Ha! Olha quem tá aquiiiii!” – Falou, a levantando e mordendo sua barriga. Jo morria de rir. Era inexplicável como ela já havia se afeiçoado a Danny. – “Oi ! Que coisa foi essa no elevador?” – Ele disse por fim, segurando a filha direito.
   “Tá tudo certo agora…” – A garota respondeu cansada. – “Tudo bem? Como foi sua semana?”
   O rapaz sorriu ao perceber o tom de interesse. Era mil vezes melhor agora que ela não berrava com ele.
   “Ótima! Fui ver o Tom quarta e trouxe comida pra semana inteira!”
   riu, apesar de achar que não teria vontade de rir naquele dia. O fato de Danny estar só de samba canção (não deveria, porém) deu uma leve melhorada em seu humor.
   “E como ele tá?”
   “Do jeito de sempre… Sendo o Tom…”
   sorriu e soltou um suspiro alto… Sentia saudade daquele nerd, ex-gordo… E de Harry… E de Dougie.
   “Podemos entrar? Ou você vai continuar se exibindo assim na porta?”
   Danny sorriu de lado.
   “Tá com ciúmes?”
   “Com ciúmes? Eu to assistindo de camarote!” – respondeu, fazendo os olhos de Danny brilharem. Ele ja tinha ouvido essa frase antes.

  Flashback
   entrou no corredor e ouviu os acordes do violão que ela já conhecia. Só podia ser ele… Seu coração acelerou assim que o pensamento de se encontrar com Danny mais uma vez passaram por sua cabeça. Tentando não ser explicitamente rapida, entrou em seu quarto, se livrou de seu material e tentou dar um jeito no cabelo. Depois riu de como estava sendo ridicula. Estava só indo até a cozinha!
   Assim que abriu a porta, seus olhos caíram no garoto sentado no balcão da pia. Estava só de samba canção, como sempre, e balançava os pés no ritmo da música que tocava. Não estava cantando, apenas murmurando a melodia com aquela voz perfeita que tinha. Levantou os olhos e sorriu de lado para ela… Começando então a cantar a música.
   “Reaching out to touch a stranger… Electric eyes are everywhere. See that girl, she knows I'm watching. She likes the way I stare…”
   A garota corou e abaixou a cabeça indo até a geladeira, sem cumprimentá-lo.
   “If They Say Why? Why? Tell them that is Human Nature… Why? Why? Does he do me that way…”
   “Não tá tão calor assim pra você ficar de samba canção, Jones…” – Ela comentou. Teoricamente, haviam discutido na noite anterior. Danny sempre a deixava maluca e sabia disso. Era esse o problema… Ela podia se fazer de difícil o quanto fosse, mas o garoto sabia que era só questão de tempo. Ele a tinha desde o primeiro dia!
   “Tá com ciúmes?” – Ele perguntou, parando de cantar e sorrindo de lado para a garota. Colocou o violão no chão.
   fechou a geladeira e se virou para ele, com o melhor sorriso cinico que conseguiu colocar em seu rosto.
   “Com ciúmes? Eu to assistindo de camarote!” – Falou, erguendo uma das sobrancelhas e dando um sorriso sacana.
   Era por isso que ele a adorava… Danny nunca sabia o que esperar! Ela entrava ali e corava só porque ele estava cantando e logo depois o olhava do jeito mais pervertido possível (mesmo sendo a doçura em pessoa). Não importava o que estava tentando esconder de todo mundo e dele mesmo… Estava apaixonado por ela. Estava mesmo!
   deu uma risadinha vitoriosa e voltou para a geladeira. Nem percebeu quando Danny parou encostado na mesa e tomou um susto ao vê-lo tão perto.
   “Você quer me matar?” – Falou, tentando controlar sua respiração. Impossível quando Daniel Jones estava ali, ha um palmo de distancia, de samba canção, a olhando daquele jeito. – “O que você quer, Jones?”
   “Num plano geral?” – Ele perguntou, mordendo os lábios. – “Você!”
   A visão de ficou turva. Ela ia se render… Não ia conseguir lutar, mesmo sabendo que ia se dar mal em suas mãos. Era bem o tipo de garota que caia totalmente nas conversas de caras como Danny. Era um alvo fácil.
   Tentou uma última tirada, tentou ser engraçadinha, ser irônica.
   “Quantas meninas você já pegou nessa cozinha com esse mesmo papinho?” – Perguntou, estreitando os olhos.
   Ele riu. Aquela risada que adorava. Alta, feliz, Jones.
   “Várias…” – Danny respondeu simplesmente, fazendo-a abrir a boca de ódio. Continuou falando antes que fosse interrompido e se aproximou dela, segurando sua cintura. – “Você precisava ver sua cara agora!” – Riu. tentou se desvencilhar, mas seus olhos estavam colados nos olhos de Danny. Ela não iria sair dali, nem se estivesse livre para ir. – “Eu tô falando sério. Eu quero você.”
   “Por quanto tempo, Danny?” – Ela perguntou, colocando seu maior medo para fora. – “Até eu ceder e me cercar pelo corredor perder a graça?”
   “Quando você ceder e eu não precisar mais te cercar pelo corredor, eu vou ter mais tempo pra ficar andando só de samba canção e violão atrás de você. Cantando a música que você quiser!” - Ele brincou.
   “Tá vendo? Você não leva nada a sério…” – se desvencilhou dele e tentou sair da cozinha, mas Danny a alcançou.
   “, me escuta! Eu tô falando sério! Por favor, me dá uma chancezinha só… 15 dias de teste e você pode devolver o produto se não gostar!” – Ele disse, dando um sorrisinho e se aproximando mais dela ao perceber que estava considerando. – “Só uma chance!”
   Foi só a primeira vez de muitas. A primeira vez que não soube se afastar de Danny. A primeira que ela se deixou levar totalmente pelos olhos azuis do garoto e sua cara de pidão. A primeira vez que Danny a beijou.
   O primeiro beijo… O primeiro amor.

***

  Depois de almoçarem, Danny puxou um colchão até o meio da sala, o cobriu com um cobertor e despejou ali uma duzia de brinquedos. Joanna olhou maravilhada para ele e para o colchão, sem saber o que pegar primeiro. O rapaz a colocou sentada ali e ficou admirando enquanto sua princesinha obervava os bichinhos.
   “Jo é sempre tão boazinha assim?” – Perguntou, fazendo levantar os olhos. Ela estava no sofá, com o notebook no colo e vários artigos espalhados em volta dela.
   “Ela dá um pouco de trabalho pra dormir só. Mas normalmente é a criança mais adorável desse mundo!” – Respondeu, sorrindo para a filha. – “Não é, meu amor?”
   “É!” – Jo respondeu, fazendo os dois rirem.
   Danny se sentou no colchão também.
   “Jojo… Fala papai!” – Tentou, sem sucesso. – “Fala, meu amor? Pa-pai!”
   A menininha o encarou. Já sabia o que significava “fala”, mas ainda precisava de uma referência sobre o que era a palavra.
   “Você tem que ensinar pra ela que papai é você, Danny.” – explicou.
   “Hum…” – Ele fez e apontou pra ele mesmo. – “Quem eu sou? Quem eu sou? Papai!”
   “Papa…” – Jo falou, apontando para o pai.
   “Isso! Papai! E ela, quem é? É a mamãe, Jo?”
   “Mamãe!”
   “Mamãe de quem?”
   Jo apontou para si mesma.
   “Do nenem!”
   Danny gargalhou e a pegou no colo, fazendo cócegas.
   “Sua coisa linda!”
   sorriu para a cena e voltou os olhos para a tela do notebook. Seria impossível se concentrar com os dois “conversando” e ela ja tinha dado o dia como perdido. Na verdade, já sabia que isso aconteceria e havia adiantado um pouco suas coisas no dia anterior.
   Mas assim que tentou focar, não foi Danny rindo da filha que roubou sua concentração. Foi a cena que havia visto mais cedo no elevador. Niall e Joanna. Niall sorrindo e brincando com ela. E a expressão triste que tomou conta dele assim que começou a falar com Danny no celular. Eles precisavam conversar, ela precisava dizer ao garoto para dar uma chance aos dois. Vê-lo com Jo no colo só fez com que ela quisesse ainda mais que eles dessem certo. Pareceu possível.
   “Olha , olha !” – Danny chamou, fazendo-a levantar os olhos. Seu sorriso foi-se abrindo involuntariamente.
   Jo colocava e tirava os óculos de sol do rapaz e quando aproximava o objeto do rosto, quase caía para trás de tanto rir. Devia estar achando o máximo o efeito da lente escura em sua visão. e Danny continuavam assistindo e, toda vez que Joanna ria, os dois gargalhavam junto. Ele então olhou para a ex-namorada no sofá.
   “Senta aqui com a gente...” – Pediu. , mais uma vez, pareceu ser chamada à realidade.
   “Não posso! Tenho que terminar de ler uns quinze artigos!” – Ela falou, apontando para a tela do notebook.
   “Ah, larga isso aí!” – Danny falou, fazendo-a rolar os olhos. – “Um diazinho só! Se fosse eu, já estaria sentado aqui há meia hora!”
   sorriu.
   “Você sempre foi mais irresponsável do que eu!”
   Danny riu também. De fato...

  Flashback
   (Coloquem Mr. Right para tocar)
   “Vamos, Danny! Levanta!” – chamou pela milésima vez, enquanto tirava seu pijama e procurava algo para vestir. O namorado continuava deitado de bruços na cama dela.
   “Cinco minutinhos...”
   Ela riu.
   “Você já falou isso cinco vezes!”
   Danny se virou na cama para conseguir vê-la.
   “Acho que não vou hoje. Tom assina pra mim...”
   “Você sabe que vai cair de turma desse jeito, né?”
   “Aí eu fico mais um ano aqui com você...” – Ele respondeu dando de ombros e fechou a porta do guarda-roupa para encará-lo.

  “My girlfriend's got a boyfriend, funny
   He doesn't make a dime all day
   And all her girlfriends' boyfriends make money
   What more can I say?

  It's true
   He never made it through a day of school
   The only thing he studied was you
   He knows your body better than you do”

   “Você não vai fazer isso!”
   “Um ano a mais, um ano a menos... Eu adoro isso aqui mesmo!”
   A garota nem respondeu. Odiava quando ele falava da universidade daquele jeito, como se não fizesse diferença, como se fosse só mais uma festa.
   “Você é a pessoa mais irresponsável que eu já conheci!” – disse com raiva e se sentou de costas para ele na cama, para amarrar os sapatos.
   Danny percebeu que tinha a deixado brava e levantou o tronco, chegando perto dela e dando um beijo em seu ombro.
   “Foi mal, eu sei que você não gosta quando eu falo assim. Eu vou... Pra segunda aula. Tá bom? Hey, tá bom?”
   o olhou de esguelha, sabendo que seria a pior decisão a ser tomada. Lá estavam eles... os olhos azuis de Danny, acompanhados pela carinha de cachorrinho abandonado. Ela ainda tentou se levantar, mas a batalha já estava ganha e ambos sabiam disso. Danny a puxou de volta, fazendo-a se deitar na cama com ele.
   “Daniel!” – Ela tentava parecer brava, mas estava rindo. – “Se você quer se atrasar, tudo bem! Mas eu vou chegar na hora!”
   “Qual sua primeira aula?” – Ele perguntou, se sentando e desamarrando os tenis dela.
   bufou.
   “Evolução Humana.”
   Ele deu uma risadinha, jogando o tenis dela na beirada da cama.
   “Nada que você que não consiga aprender sozinha depois...”
   “Danny...” – A garota tentou começar, meio choramingando. Ele terminou de tirar os sapatos dela e se deitou de novo, a abraçando pela cintura.
   “Uma aula, . Duas horinhas.” – Falou, já começando a beijá-la na bochecha e no pescoço.
   “Pra quem tava com sono, o senhor tá muito acordado!”
   Ele deu uma risadinha sapeca.
   “E pra quem tava decidida a ir na aula, a senhora se entregou muito fácil.”
   bufou de novo.
   “Odeio você!”
   “Odeia nada!” – Danny falou, se deitando sobre ela e erguendo o rosto, fazendo carinho na bochecha dela. – “Eu sou seu errado preferido!”
   E ele era...

  Maybe I'm your Mr. Right
   Baby, maybe I'm the wrong you like
   Maybe I'm a shot in the dark
   And you're the morning light
   Whoa
   Maybe this is sad but true
   Baby, maybe you've got nothing to lose
   You could be the best of me
   When I'm the worst for you”

   (Mr. Right – A rocket to the moon)

***

   se pegou rindo das lembranças. Há muito tempo havia bloqueado todas elas de revisitarem seu cérebro, pelo motivo óbvio. Em um passado não muito distante e por meses e meses, se pegava lembrando de coisas assim e tentando achar falhas ou sinais do que iria acontecer na manhã seguinte a sua formatura. Nada... Eles viviam se amando, se matando e , na maioria das vezes, tinha que atuar como terapeuta de casais para conciliar os dois, mas tudo parecia perfeitamente normal e bem para ela. Antes, lembrar de Danny e de seus momentos com o rapaz costumava doer horrivelmente... Não era mais o caso. Ela agora conseguia sorrir e sentir até um pinguinho de nostalgia... Aquele sentimento agridoce de saudade. E era mil vezes melhor!
   Olhou para frente e lá estava ele, brincando com a filhinha dos dois. Quantas vezes tinha imaginado aquela cena exatamente como estava vendo? Quantas vezes desejou aquilo? Quantas vezes chorou achando que era impossível? Mas agora a cena estava ali e estava feliz. Feliz e incompleta, porém. Ela, Danny e Jo já não era mais a sua ideia de perfeição.
   Voltou a pensar em Niall. Deveria mandar uma mensagem para ele? Combinar de se encontrarem? Enquanto pensava no que fazer, seu celular tocou e sentiu seu estômago gelar com a possibilidade de ser o garoto, mas era . Atendeu a ligação e lançou um olhar rápido para Danny, que a observava atento. Não queria contar para a amiga sobre o elevador com ele ali.
   “Hey, desculpa, só vi sua mensagem agora! O que houve?” – Ouviram a voz de dizer.
   Ele pareceu entender e se levantou.
   “Vem Jojo, vamos lá no quarto buscar o violão do papai!”
   “Iolão!”
   “Você gosta do violão né, pequena?” – Danny perguntou, segurando a mãozinha da filha e entrando com ela pelo corredor em direção ao quarto. sorriu satisfeita.
   “Fiquei presa com o Niall no elevador hoje.” – Contou, com a voz um pouco mais baixa. Um minutinho de silêncio, em que ela devia estar ouvindo a resposta de , e voltou a falar. – “É. Ele tá de volta, finalmente... Mas nós não conseguimos conversar.”
   Danny não pode deixar de ouvir e a cara triste de durante todo o almoço e seu olhar perdido enquanto deveria estar estudando começaram a fazer sentido. Ela tinha deixado escapar há algum tempo atrás que eles tinham terminado, mas não havia dado mais detalhes. A ideia de passar a tarde com a ex namorada e Joanna surgiu dai, não podia deixar de sentir uma pontinha de esperança. Não conseguiu ouvir mais da conversa quando chegou ao quarto e a filha soltou um gritinho de felicidade e correu para o instrumento. Danny riu.
   “Das duas, uma, meu amor. Ou você vai ter o talento do seu pai ou a quedinha por músicos da sua mãe!” – Brincou, enquanto Jo passava os dedos pelas cordas e ria.

  De volta à sala, tinha contado sobre como Niall tinha quase desmaiado dentro do elevador para e como os dois haviam sido interrompidos por Danny duas vezes e a amiga tentava achar a luz no fim do túnel.
   “Você vai ter que ir atrás dele pra vocês conversarem!” – Disse.
   fez que sim com a cabeça.
   “Eu sei... E eu vou! Mas hoje não vai dar, vou passar o dia aqui com o Danny e a Jo. Niall não ia querer me ver de novo, de qualquer forma.”
   “E como ele tá? O Danny.”
   “Paparicando a Joanna, pra variar...” – Ela sorriu. – “Engraçado... Hoje eu tava lembrando de umas coisas, . Da época que eu e Danny namorávamos e... Não dói mais, sabe?”
   A amiga mordeu os lábios do outro lado do telefone. Iria se odiar mais tarde por dizer isso, mas se lembrou da expressão triste de Danny no pub.
   “... Se... Se tudo desse errado com o Niall... Você acha que... Você e Danny...”
   Que pergunta era aquela?
   “! Não é hora de voltar a ser a reatadora oficial de & Jones!” – riu, deixando de responder. A amiga riu também.
   “Vai saber...” – resolveu não aprofundar a conversa. – “De qualquer forma, não tem muito o que fazer sobre o Niall agora, tem? Vocês tem que conversar direito... E é isso!”
   “Você precisava ver ele e a Jo hoje, ! Era a coisa mais linda do mundo!”
   “Eu imagino! Suas duas crianças!” – A amiga brincou e as duas gargalharam.
   “Era isso que eu queria. Só isso que eu queria!” – disse, meio triste. – “Por que é tão difícil juntar duas pontas da minha vida?”
   “O que tiver de ser, será. Paciência!”
   “É... Acho que sim. E a senhora? Já bolou o plano pra pegar o Harry?”
   “Ainda não. Mas bater na porta dele e falar ‘Quero seu corpo, Styles!’ anda me parecendo uma boa ideia!”
   As duas riram.
   “Aposto que ele iria gostar!” – falou, ainda rindo.
   “Aposto que eu ia chegar lá e ia ter uma garota com ele!”
   “Ia nada, ! Para com isso!”
   Um latido do outro lado do telefone.
   “, tenho que ir! Tem um ser aqui doido pra ir passear! Você vai ficar bem?”
   Ela sorriu.
   “Vou sim, , não se preocupa! O que tiver de ser, será, né?”
   “Isso aí! Fica bem, hein? Amo você!”
   “Também te amo!”
   Elas desligaram e parou para escutar o que acontecia pela casa. A música vinha do quarto de Danny. Ela já tinha desistido de estudar mesmo... Se levantou e foi até lá. Jo estava sentadinha na cama e observava atenta os movimentos do pai pelas cordas. se encostou na porta, fazendo-o parar de tocar.
   “Hey, tudo certo?” – Ele perguntou, vendo-a ainda com aquela carinha. Ela fez que sim com a cabeça. – “Era no telefone? Ela... Ela tá bem?” – Não queria soltar que tinha ouvido um pedaço da conversa, mas definitivamente queria saber mais.
   “Tá sim...” – E então uma duvida surgiu em sua cabeça. – “Danny?”
   “Hum...”
   “Quando você encontra o Tom, ele... Ele pergunta da gente? Da ?”
   Danny sorriu e colocou o violão deitado na cama.
   “Pergunta. E faz uma cara de sofrido... Já briguei com ele por morar tão perto e ser um idiota que fica evitando vocês.”
   “E o que ele diz?”
   “Que uma pessoa que sumiu por dois anos e deixou a namorada grávida não pode dar opinião nenhuma sobre ser idiota ou não.”
   Era isso? Estavam fazendo piada agora? não aguentou e soltou uma risada alta, fazendo até Jo se assustar.
   “Eu ACHO que ele tá com a razão!”
   Danny abaixou a cabeça, envergonhado.
   “ sente muita falta dele, né?” – Perguntou.
   “Sente... Eu sinto também. Falta de todo mundo!”
   O rapaz sorriu como se lembrasse de algo prazeroso.
   “Nós éramos um grupo barulhento!”

  Flashback
   A nevasca, a pior dos últimos 10 anos, tinha impedido a faculdade de abrir naquele dia. Todas as aulas haviam sido canceladas e muito provavelmente seriam canceladas no dia seguinte também.
   Era quase impossível sair do prédio e, mesmo se desse, ninguém estava tentado a se aventurar. Não precisavam de nada que não tivessem, porém. Estavam todos alojados na cozinha, onde o aquecedor funcionava melhor, a geladeira tinha comida e cerveja e o mais importante: Eles tinham um ao outro.
   “Qual é a desse namorado novo da Izzy?” – Danny perguntou, entrando na cozinha e fechando a porta. – “Cara mais mala!”
   ergueu as sobrancelhas.
   “Isso tudo é ciume, Daniel?”
   Dougie deu uma risadinha abafada.
   “Claro que não, . Não começa! Mas ele é meio imbecil, né?”
   Tom balançou a cabeça de um lado para o outro como se estivesse ponderando o que achava do tal Judd.
   “Ah, melhor que o tal de Martin que ela tava namorando antes!”
   “Não acho não... Eu nem entendo as piadas dele!”
   “Você não entende nada num geral, Danny...” – falou, fazendo todos rirem e Danny fechar a cara.
   “Todo mundo contra mim então, é isso? Esse almofadinhas metido a besta enfeitiçou vocês!” – Ele bradou e quando estava levantando o dedo para adicionar mais xingamentos à lista, tomou uma portada nas costas. Harry entrou na cozinha num gesto largo.
   “E aí, galera? Tudo bom? Qual o assunto?”
   Ninguém conseguiu se segurar e o cômodo explodiu em risadas enquanto Danny soltava um palavrão atrás do outro e coçava as costas. ficou com dó.
   “Vem aqui, Danny!” – Falou, abrindo os braços e o namorado foi se sentir em seu colo, ganhando beijinhos onde tinha machucado.
   “E aí Judd, tudo bom?” – Dougie perguntou.
   “Tudo sim! E essa nevasca, hein? Eu tinha treino de Cricket hoje! Uma merda!” – Ele disse, esfregando uma mão na outra.
   Danny rolou os olhos.
   “Cade a Izzy? Só tá faltando ela aqui. A fez chocolate quente pra gente tomar com whisky!” – Tom apontou para o caldeirão em cima do fogão.
   “Tá vindo aí!” – Harry respondeu e se sentou em uma cadeira perto de Dougie, passando o braço pelos ombros dele. Os dois tinham essa coisa meio amor homossexual desde o dia em que foram apresentados. A brincadeira costumava ser de que Judd só estava com Izzy para poder ver Dougie todo dia. Nenhum dos três negava.
   Apesar do que Danny achava ou não (ainda levaria uns dois meses para ele mudar completamente de ideia e se tornar melhor amigo do garoto), Harry era divertidíssimo, todos gostavam dele, Izzy estava apaixonada e os dois formavam um casal lindo! O quase climão na cozinha não durou muito e, logo depois de todos se servirem de chocolate quente batizado, Tom pegou o violão e começou o que eles chamaram de Luzinha, luau na cozinha.
   As vozes começavam a ficar mais desafinadas e as risadas mais frouxas (principalmente das meninas e de Danny), quando percebeu uma cheiro ruim.
   “DOUGIE POYNTER! Já falei pra você não fumar essa merda aqui dentro!” – Brigou, fazendo o amigo se encolher.
   “Mas ... cigarro normal ativa o alarme de incêndio!” – Se defendeu.
   “Mas o cheiro dessa desgraça é horrível, Poynter!” – falou, saindo de trás do namorado para também dar sua bronca.
   “Apaga isso aí, vai...” – Tom se intrometeu, fazendo sorrir em aprovação. – “Você tem fumado demais, a propósito. Não vai morrer se parar dois dias pra não impestiar o corredor todo!”
   “Chato pra caralho!” – Dougie balbuciou enquanto apagava, fazendo Harry rir.
   “Vocês tão perturbando o clima paz e amor hippie dessa Luzinha!” – Danny falou.
   “Eu tava tentando manter o clima hippie!” – Dougie respondeu, com a cara sapeca e até as meninas riram. Era impossível ficarem muito tempo brigados!
   “Chega desse assunto!” – Izzy abanou as mãos, em um gesto levemente bêbado. – “Mais uma, Tom! Mais uma!”
   Tom se aprumou na cadeira e limpou a voz.


  

  “There's no combination of words I could put on a back of a postcard.
   No song that I could sing, but I can try for your heart.
   Our dreams, and they are made out of real things,
   like a shoebox of photographs with sepia-toned lovin…”

  As meninas bateram palma animadas e começaram a cantar junto.

  “Love is the answer at least for most of the questions of my heart
   Like, Why are we here? And where do we go? And how come it's so hard?
   It's not always easy and sometimes life can be deceiving
   I'll tell you one thing, it's always better when we're together”

  Danny se levantou e ofereceu a mão para , que a aceitou e os dois começaram a dançar. deitou a cabeça no ombro de Tom, ainda cantando, e ficou observando os amigos. Sua definição de felicidade era simplesmente essa.

  “Mmm, it's always better when we're together
   Yeh, we'll look at the stars when we're together
   Well it's always better when we're together
   Yeh, it's always better when we're together”
(Better Together – Jack Johnson)

***

  “É, nós éramos…” – disse, como se também se lembrasse de algo prazeroso. – “Você sabe se o Dougie vem nessas férias?”
   “Não sei... Agora que ele tá namorando lá, duvido um pouco!” – Danny deu de ombros.
   “É, é verdade!”
   Ficaram um tempo em silêncio, observando as tentativas de Jo de se levantar sozinha. Ela estava ficando impaciente com a falta de música.
   “Vou voltar pra lá, tá?” – falou, apontando para trás.
   “Te atrapalha se eu ficar tocando lá?” – Danny perguntou, se levantando também e pegando Joanna e o violão, um em cada braço.
   Atrapalharia, mas ela não teve coragem de dizer e os três voltaram para a sala.
   Jo logo se perdeu no meio dos bichinhos de novo e Danny se sentou em um canto do colchão, concentrado no violão. Por algum tempo, até achou que teria meia hora de paz para ler mais do que um parágrafo. Então o ex namorado começou a melodia de uma música conhecida e ela levantou os olhos, sorrindo.

  “Little Joanna's got big blue eyes
   Coconut cream and coffee colored thighs
   I could die lying in her arms
   where castles are made of sand
   We start to dance
   But only the music is bleeding when crickets replace the band”

  Jo também conhecia a música, costumava cantá-la todas as noites em que tinha colocado a filha para dormir. Era sua canção de ninar! A garotinha pegou sua chupeta e se deitou em seu monte de brinquedos. Danny olhou para ela, deitadinha em cima dos bichos de pelúcia, e quase se perdeu no meio da música. Como era possível amar tanto alguém que ainda não ia nem ao banheiro sozinha?

  “She will always be my sunkissed trampoline,
   She goes up and down in my heart,
   Turned into jelly beans
   And I'm starting to believe that danger's never near,
   When Joanna is here.”

   cantou os últimos versos com Danny e ambos se olharam. Ela achou ter percebido algo a mais no jeito como ele a encarou, quase um pedido silencioso. O rapaz logo desviou os olhos e a garota também abaixou a cabeça.
   Voltou a pensar no que tinha perguntado mais cedo. Ela voltaria para Danny? Naquele exato momento, o que ela tinha certeza era que acreditava que o rapaz não iria mais embora. Mas isso era suficiente? Sabia que seria o melhor para Jo, não precisar viver dividida entre duas casas e duas famílias. E ele parecia mais maduro, mais responsável. Ainda assim, não sabia se queria.

  “God, I love Joanna
   But she don't understand much
   I love it when our hands touch
   Knowing that I'm near”

  Parecia uma criança teimosa, todos seus pensamentos terminavam em “Mas eu queria mesmo o Niall...”. Se considerava, por exemplo, continuar em Saint Mary (para ficar com Danny), no final acabava pensando “E aí vou ter mais tempo para tentar falar com o Niall e a gente se entender.” Tudo voltava para o irlandês... Porque era ele que amava agora, era dele que ela vinha sentindo tanta saudade. Coçou os olhos, cansada, e soltou um suspiro. Pegou o celular de novo e ficou encarando a tela. Ligava pra ele? Mandava mensagem? Esperava?
   Danny observava enquanto sua garota se mexia impaciente no sofá, indo e voltando com o celular, parecendo perdida e chateada. tinha razão, era horrível vê-la triste daquele jeito! Não pode deixar de pensar no que havia feito, não conseguia medir a tristeza que havia causado a ela e isso apertava seu coração. Queria voltar no tempo, queria voltar a noite da formatura e fazer tudo diferente!

  Flashback
   (Coloquem U.N.I. para tocar)
   “Isso é absurdo, Danny, e não vai dar certo!” – Tom disse pela milésima vez. Os dois estavam sentados na mesa reservada a eles e as meninas, no baile de formatura de .
   “O que você queria que eu fizesse, cara? Se eu contasse sobre o contrato pra ela, ela ia me pedir pra ficar. E eu ia ficar!” – Danny respondeu, também pela milésima vez.
   Tom balançou a cabeça. Como Jones planejava simplesmente sumir do mapa e largar a namorada sem notícia nenhuma?
   “Isso vai dar merda! Depois não fala que eu não avisei!”
   Danny respirou fundo.
   “Não vai... E eu devo voltar perto do Natal e aí nós conversamos direitinho. andou tão ocupada com o laboratório que nem percebeu que não tem mais nada no meu quarto! Fica tranquilo, Fletcher...” – Falou, dando tapinhas nas costas do amigo emburrado. – “Assim que eu arranjar outro número de celular, eu mando pra você. Mas você tem que me prometer que não vai entregar pra !”
   Tom continuava não acreditando que estava mesmo ouvindo aquilo.
   “Inacreditável! E... E a gente nem pode fazer uma festa de despedida!”
   Danny riu e se lembrou de algo.
   “Você não contou pra , né?”
   “Claro que não! Além de tudo, vou tomar uma senhora bronca dela quando as meninas descobrirem que eu sabia!” – O garoto falou, bravo.
   “Não vai, porque vocês quase não se falam mais. Sério Tom, você tá aí falando um monte de mim, mas só tem feito merda também!”
   Tom não queria entrar no mérito dessa discussão. Resolveu xingar Danny mais.
   “De onde você tira essas coisas, Jones? Essas ideias de girico? Conta logo pra coitada da menina! Que complicação!”
   “Você nunca vai entender!” – Ele resmungou.
   “E nunca vai te perdoar!”
   Danny engoliu em seco, também tinha medo disso. Mas era covarde e tinha mais medo de vê-la chorando e pedindo para que ele ficasse. Era um contrato sem tempo limite tocando pelo Reino Unido e Europa, ele não sabia quando teria férias, folga ou tempo para vê-la. Estava apenas cortando o mal pela raiz. Quando se estabilizasse como artista da produtora, poderia pedir mais tempo para si e então voltaria para se acertar com ela. Era o que achava... E era um plano genial, não era?

  “(…) And I'm always saying everyday that it was worth it,
   Pain is only relevant if it still hurts,
   I forget like an elephant, or we can use a sedative and go back to the day we fell in love just on our first kiss
   So am I close to you anymore, if it's over
   And there's no chance that we'll work it out”

  Ele observou calado enquanto e dançavam na pista. Mesmo da distância que estava, podia dizer que ambas estavam ficando bêbadas, porque não paravam de rir e dançavam como se ninguém estivesse olhando. Sorriu para a cena, sentiria saudade das duas.
   falou alguma coisa e fez que não com a cabeça ainda rindo e então parou de dançar e olhou em volta. Seus olhos encontraram os de Danny e ela abriu um sorriso ainda maior que o dele. O chamou para ir até lá e colocou as mãos na cintura como se o desafiasse a não ir. Ele se levantou, ainda sob o olhar de censura de Tom, e colocou as mãos nos bolsos, indo até a namorada.

  “Oh you and I ended over U N I
   And I said that's fine, but you're the only one that knows I lied
   You and I ended over U N I
   And I said that's fine, but you're the only one that knows I lied”

   “Você e são as garotas mais lindas dessa festa!” – Ele disse, se aproximando.
   “E a Izzy!” – lembrou. – “Ela e Harry são o casal mais lindo aqui hoje!”
   “Achei que nós fossemos o casal mais lindo!” – Danny brincou e parou na frente da namorada.
   “Você dá uma abaixada na nossa média!” – Ela provocou, fazendo-o cerrar os olhos, fingindo indignação.
   “Ah é?!”
   fez que sim com a cabeça e deu mais um passo para frente, o abraçando.
   “É uma pena pra alguém tão maravilhosa como eu ser vista com um cara tão meia boca, mas fazer o quê?” – Ela continuou a encenação dando de ombros.
   “Ainda bem que eu sou rico!” – Danny riu, entrando na brincadeira e dando um selinho na namorada.
   Assim que abriu os olhos, franziu a testa.
   “Você não tá bêbado?”
   Ele iria viajar bem cedo no dia seguinte, não podia se dar ao luxo de estar de ressaca.
   “Ando mais resistente. Bebo, bebo... E nada!” – Mentiu, ainda sem convencê-la. Ela tentava ler nas entrelinhas.
   “Hum. Aonde vamos amanhã? Já decidiu? Churrasco de ressaca da minha sala ou um programa mais light?”
   Ele não queria responder, não queria mentir mais. Estava ocupado estudando cada detalhe do rosto da namorada.

  “Because if I was gonna go somewhere, I'd be there by now,
   And maybe I can let myself down
   And I'm thinking that I'm unaware
   I keep my feet on the ground and keep looking around,
   to make sure I'm not the only one to feel low…”

   “O que você tem? Tá estranho!” – começava a achar Danny muito distante e distraído... E não era daquele dia.
   “Eu amo você!” – Ele disse de repente. – “Eu amo tudo em você. Amo a pessoa que eu me tornei nesses últimos quatro anos por sua causa. E eu amo saber que eu sou um pouquinho da pessoa que você é hoje...”
   A garota sorriu. Devia ser um desses discursos que as pessoas resolvem fazer em datas importantes, quando ficam meio emocionadas (e bêbadas).
   “Você é o amor da minha vida, Daniel Jones! Você é a melhor coisa errada que me aconteceu!” – respondeu, se lembrando das muitas vezes em que eles haviam concordado que Danny era o cara errado certo para ela.
   O garoto mordeu os lábios. Como se despedir da pessoa que você mais ama sem que ela perceba que é uma despedida?

  “Because if you want, I'll take you in my arms and keep you sheltered
   from all that I've done wrong
   And I know you'll say, that I'm the only one
   But I know God made another one of me to love you better than I ever will”

  Se não havia palavras, tudo o que podia fazer era beijá-la. Como se fosse o último, já que havia aquela possibilidade. foi pega desprevenida por toda aquela emoção e pressa, mas não reclamou. Jamais reclamaria se estivesse nos braços dele. Se beijaram por longos minutos, como se Danny não quisesse que o beijo acabasse nunca mais. A garota sorriu quando eles se separaram e ele parecia incapaz de dizer nada.
   “Retiro o que eu disse. Você tá bêbado sim!”
   Ele riu, uma risada meio triste.
   “Besta!”
   olhou em volta procurando por .
   “A gente podia ir embora, né?
   Ele não queria ir, não queria que a noite acabasse, mas deu de ombros.
   “Você tá cansada? Se você quiser, a gente vai...”
   “Vou só ver se a vai com a gente. Vamos dormir no seu quarto ou no meu?” – Ela perguntou, antes de sair atrás da amiga.
   “No seu. O meu tá uma zona... Faz uma semana que você não inspeciona lá!”
   “Deve estar um chiqueiro!” – torceu o nariz. – “Fica aqui, eu já volto!”
   Ela saiu e Danny ficou encarando seus sapatos e tentando não chorar. Será que algum dia se arrependeria, como Tom estava prevendo? Bom, era tarde demais para mudar sua decisão. Era pagar pra ver...

  “Cause you and I ended over U N I
   And I said that's fine, but you're the only one that knows I lied
   You and I ended over U N I
   And I said that's fine, but you're the only one that knows I lied…”
   (U.N.I. – Ed Sheeran)

***

  “?” – Danny chamou, quando terminou Little Joanna e se recuperou de como seu cérebro tinha ficado se lembrando de sua última noite com a ex namorada. Ela levantou a cabeça, curiosa com o tom de voz dele. – “Posso voltar a te perguntar se você acha que Niall é o amor da sua vida?”
   Por que aquilo de novo? Logo hoje?
   “Por que você quer saber?” – Ela não estava brigando dessa vez, queria só saber qual era a finalidade.
   Danny deu de ombros.
   “É só uma pergunta...”
   “Não sei. Eu honestamente não sei... Eu sei o que ele representa pra mim hoje. Não tenho certeza se acredito mais em ‘amor da vida’, pra ser sincera.” – respondeu.
   Não era o que ele queria ouvir, óbvio.
   “Você ainda é o amor da minha.” – Confessou, olhando-a nos olhos. Ela fez que não com a cabeça.
   “Mas você parou pra pensar o que isso realmente significa, Danny? Não quer dizer que vai ser eterno, nem que foi o último.”
   “Ainda significa que foi o maior...” – Ele disse, levantando as sobrancelhas.
   “E que não foi feito pra durar...” – completou. Diante da certeza dela, não havia o que responder. A garota resolveu suavizar o assunto. – “Duvido que você não tenha namorado ninguém enquanto estava fora, Daniel! Se eu bem te conheço, você quebrou pelo menos um coração em cada lugar que passou!”
   Ele riu, ainda meio cabisbaixo.
   “Eu tive algumas namoradas sim... Estava saindo com uma garota no Brasil antes de vir pra cá.”
   “Espero que você tenha avisado a coitada que estava indo embora!” – falou, colocando a língua para fora e os dois riram.
   “Eu disse a ela o que iria fazer... Que eu tinha uma família.”
   “Não é bem uma família, Danny. É mais uma filha linda e uma ex namorada gritando 2 anos de frustrações na sua cara!”
   Eles riram de novo.
   “Podia ser uma família...” – Danny mordeu os lábios e se encheu de coragem. – “Fica comigo, ! Vem morar aqui com a Jo... Não vai embora!”
   Ela balançou a cabeça vigorosamente.
   “Nós já conversamos, Danny. Eu tenho que ir e eu vou.” – E sua mente teimosa gritou. “A não ser que o Niall peça, aí eu fico sim!”. Ridículo, aquilo era ridículo! – “De qualquer forma, não seria justo com você. Eu estaria... Estaria pensando em outra pessoa.”
   Danny deu uma risadinha sem humor.
   “Esse irlandês não sabe a sorte que tem...”
   abaixou a cabeça.
   “Você podia ir lá dizer isso pra ele...” – Respondeu baixinho, voltando a pegar o celular. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela nem sabia de onde estava vindo. Aquele tinha sido um dia muito estranho! Secou os olhos rápido, mas não rápido o suficiente. Assim que a viu daquele jeito, ele não pensou. Danny se levantou e se sentou no sofá ao lado de , a puxando para seu colo.
   Ela sabia que não deveria deixar, mas se sentiu confortável e protegida naquele abraço. Deitou a cabeça em seu peito e continuou chorando baixinho, talvez estivesse segurando aquilo desde o elevador.
   “Me desculpa, Danny. Me desculpa!”
   “Você não precisa pedir desculpas por nada, !” – Ele disse, dando um beijo no topo da cabeça dela. Ficaram assim por vários minutos em silêncio, até que Danny resolveu quebrá-lo. – “Obrigada por mudar de ideia!”
   Mudar de ideia? não se lembrava de ter mudado de ideia sobre nada!
   “Sobre o quê?”
   “Sobre sermos amigos...”
   Ela levantou a cabeça, sorrindo.
   “Obrigada por mudar de ideia tambem. Obrigada por voltar!”
   Danny sorriu de volta e mexeu a cabeça, como se dissesse a ela para se deitar nele de novo. obedeceu e eles voltaram a ficar abraçados por mais algum tempo.
   O que tinha acabado de dizer era verdade. Por mais que achasse que nunca diria aquilo, por mais que a surpreendesse mais do qualquer outra coisa... Estava feliz que Danny estava de volta.

Capítulo 22 - Unsaid Things

Coloquem para carregar: Garotos – Leoni, Too young to feel this old – You me at six e Let me love you – Zayn (Mario cover)

  “Queria te pedir desculpas pelo elevador e por tudo. Por favor, Niall, vamos conversar! Eu sinto falta de cada coisinha idiota que nós faziamos juntos e tô morrendo de saudade! E eu queria que você soubesse que, se você pedisse, eu não hesitaria um minuto. Eu ficaria aqui com você. Eu daria um jeito. Amo você, se cuida! X”
   olhou para o celular, insatisfeita. Carente demais, suplicante demais... Não se parecia nem um pouco com o tipo de mensagem que ela trocaria com Niall. Tinha que dizer tudo aquilo sim, mas tinha que ser pessoalmente. Apagou tudo e encarou a barrinha piscando no celular.
   Podia aparecer na JJJ de novo. Se recusar a sair de lá enquanto Niall não falasse com ela! Bom, se a mensagem não era suplicante demais, fazer isso definitivamente era. Podia... Hum... “Coincidentemente” encontrá-lo na Faculdade de Engenharia. Boa! Iria lá como se estivesse procurando . E seria bom encontrá-lo num lugar onde ele não poderia gritar, nem sair correndo.
   Estava nesse devaneio com o celular na mão quando alguém deu uma tossida falsa perto dela. Era Alexander. se assustou e se sentou direito, largando o celular quase imediatamente.
   “Você quer falar comigo, Alexander?” – Disse.
   “Na minha sala, por favor.”
   Zayn ergueu a cabeça e olhou para a garota, alarmado. Ela levantou as sobrancelhas de volta como se dissesse “O que será que eu fiz?” e saiu atrás do orientador.
   O garoto, na verdade, não estava prestando atenção na realidade a sua volta, por isso também se assustou com o tom de seriedade na voz de Alexander. O que tinha aprontado? Enquanto não podia saber, voltou a se concentrar em seu próprio problema. Baixou os olhos para o celular novamente. Ele também escrevia uma mensagem.
   “Sei que tá tudo confuso e estranho entre a gente, mas não nos falamos desde aquele maldito dia. Eu entendi, . E se você quer assim, podemos ser amigos. Vou tocar na parque no sábado. É a última festa antes das provas e eu queria muito te ver lá. Pode ser? ZM X”

   estava sentada no quarto de , com Jess deitada em suas pernas e no computador. Elas deviam estar estudando, mas no momento ouvir música e discutir se Jessica devia ou não se mudar de casa no próximo semestre estava mais interessante.
   “Nós ainda temos um quarto vago aqui...” – falou, apontando para algum lugar além da porta.
   “E vai ter mais um quando a for embora.” – se lembrou. – “Queria que ela não fosse... Vocês sabem quem vai ser o próximo RA?”
   “Muda todo ano?” – Jess perguntou.
   “Não todo ano... Só quando um RA sai.”
   “Entendi...” – Então a garota pareceu considerar a ideia pela primeira vez. Sair da casa onde nasceu, morar no terceiro andar... De qualquer forma, ela já passava metade do seu tempo lá! Seria uma questão de não ter que voltar tarde da noite para casa e simplesmente atravessar o corredor para dormir. Não teria mais o beijo de boa noite dos pais, era verdade... Mas continuariam na mesma cidade. Poderia ir almoçar com eles todos os dias, se quisesse. Era uma questão de conquistar independência, a independência que às vezes ela invejava nas amigas. Hora de cortar o cordão umbilical. – “Eu... Eu vou conversar com meus velhos e ver o que eles acham.”
   estava batendo palmas animada quando seu celular tocou. Era uma mensagem de Zayn e seu coração ficou apertado. “Eu entendi, . E se você quer assim, podemos ser amigos”. Mordeu os lábios, andava evitando ao máximo pensar naquilo. Não tinha se decidido ainda no que fazer. Era estranho “considerar” Zayn como qualquer coisa que não fosse como seu melhor amigo, só que agora até ver o nome dele em seu celular lhe trazia uma ansiedade estranha. Mas era... Zayn! Seu melhor amigo garanhão que nunca ficava com ninguém mais de três meses! Como saberia que aquilo não era só ciumes, orgulho ferido ou “fogo de palha”? Do outro lado havia Aidan. E como andava seu namoro? Indo de mal a pior, para ser sincera. No começo, sempre que fazia alguma merda, Aidan tentava ao máximo se redimir... E sempre conseguia. Agora ele parecia ou não saber que estavam quase batendo no fundo do poço ou sabia e não se importava.
   “?” – Jess chamou, estralando os dedos em frente ao seu rosto e acordando-a. – “Que foi, mulher? De quem era a mensagem?”
   “Zayn.” – Ela explicou, apertando o celular. – “Me chamando para ir vê-lo tocar sábado.”
   “Você já decidiu o que fazer?” – perguntou, curiosa.
   “Não. Ainda não. É só... Tão estranho!”
   “Sou suspeita... Sou Team Zayn!” – brincou, fazendo as amigas rirem. – “Amiga, sério, qualquer que for sua decisão sobre ele, você PRECISA criar coragem e terminar com o Aidan! Você anda tão tristinha...”
   Era verdade. Mas faltava exatamente aquilo: Coragem. Era ridiculo, ela sabia, mas sempre que começava o assunto, pensava que talvez depois que a peça acabasse finalmente teria seu Aidan do início de volta. E se segurava nesse pensamento para não ter que encarar a realidade. A realidade que envolvia trocar o certo pelo incerto: terminar com o namorado e se jogar nos braços do seu melhor amigo, o maior galinha que conhecia.
   “Eu sei... Eu sei...” – Falou, cansada. – “Mas nós vamos, né? Vê-lo tocar...”
   As garotas fizeram que sim com a cabeça.
   “Josh vai se apresentar também. Ele finalmente arranjou uma banda!” – Jess contou, toda orgulhosa, fazendo e sorrirem.
   “Mas que amigas groupies eu fui arrumar!” – zombou e recebeu uma almofadada e as três gargalharam.
   “A gente devia estar estudando...” – disse, ainda rindo e se espreguiçando.
   Jess fez um barulho de descontentamento e se levantou das pernas dela.
   “Vamos... Falta pouco!”
   se levantou também, dando um suspiro longo.
   “Quando é a reunião, ?” – perguntou.
   “Me passaram pra depois das provas... Acho que eles querem me avaliar com todas as notas disponíveis.” – Ela deu de ombros. – “Então tô aqui... Vou estudar até meus neurônios cozinharem!”
   Jess a abraçou de lado.
   “Vai dar tudo certo!”
   Ela sorriu para a amiga. Se não desse, ainda teria Jessica para acompanhá-la em todas as aulas e minimizar seu sofrimento e todo o resto da turma para animá-la também... E era por isso que ela nunca cogitaria mudar de universidade. Porque seu “happy place” era perto daquelas pessoas.

   fechou a porta, ainda meio nervosa e se sentou.
   “Larga a mão de ser louca!” – Pensou. – “Você não fez nada de errado. Deve ser alguma coisa sobre a defesa.”
   “, eu queria que você desse uma lida nisso com muito cuidado, por favor.” – Alexander falou, passando um bloquinho de folhas pela mesa.
   Ela leu o título e as palavras no cabeçalho “Pedido de Auxílio Financeiro para Projeto de Doutorado”. Folheou as páginas rápido e percebeu que se tratava de um projeto que, de alguma forma, dava continuidade ao que ela vinha fazendo no mestrado. Voltou a olhar para o orientador.
   “Alexander, eu...”
   “Eu sei que você tem que ir embora, que essas coisas são complicadas... Mas eu queria que você lesse e pensasse com carinho. Esse pedido vai ser mandado de qualquer forma, mas eu queria muito que você fosse a doutoranda.” – Ele explicou. – “Se você resolver que não quer mesmo, eu vou abrir a vaga e fazer as entrevistas... Mas você tem prioridade.”
   sentiu vontade de chorar. Não é que queria ir embora, era que precisava ir embora. Fez que sim com a cabeça e folheou o projeto de novo, só para ter o que fazer com as mãos.
   “Até quando posso responder?” – Perguntou simplesmente.
   “Segunda-feira que vem. No final tem um formulário para você colocar seus dados, caso se interesse.”
   Ela concordou de novo, ainda quieta. Alexander pareceu triste também com a partida dela.
   “Acho que você tem que pensar nisso direito, . Você claramente não quer ir... Às vezes a gente faz uma tempestade em copo d’água por uma coisa que se resolveria facilmente com diálogo. Você tem alguma outra proposta de emprego?”
   “Não...” – Ela respondeu com a voz fraquinha de quem segura o choro. Não tinha começado a procurar nada. Procurar emprego seria confirmar que iria mesmo voltar para casa e ela ainda estava fingindo que isso não ia acontecer.
   “Então... Você tem uma semana para pensar e decidir, ok?”
   “Ok!” – queria sair dali logo para não chorar na frente do chefe. Seria muito embaraçoso! – “Obrigada pela confiança, de qualquer forma!” – Sorriu e ele sorriu de volta.
   “De nada! Agora vai lá estudar que, pra qualquer decisão que você tomar, vai precisar de um certificado! E pra isso, vai precisar arrasar na defesa!”
   “Vou fazer o possível!”
   Ela se levantou, pegando os papéis. Foi direto para o banheiro para esconder as lágrimas.
   Quanto mais corria desse assunto, mais ele voltava batendo na parte de trás dos seus joelhos e a desequilibrava de novo!

  “O que a acha disso?” – Danny perguntou, trazendo aquele assunto a tona pela milésima vez.
   Os três estavam sentados na cafeteria e mais uma vez o tópico era a partida da . levantou os olhos, meio sem saber se queria se meter na discussão. bufou e sua cabeça viajou logo para os papéis em sua escrivaninha. Não tinha contado sobre a proposta de Alexander para ninguém.
   “De novo, Danny?”
   “Sim, de novo. Vou ficar te importunando até você recobrar o juízo! , o que você acha disso?”
   A garota olhou de um para o outro e deu de ombros, voltando a mexer o café.
   “ e eu nunca conversamos sobre isso.” – respondeu por ela, também abaixando a cabeça.
   Danny voltou a encarar a amiga, esperando por ajuda, mas parecia que ela não queria MESMO se meter naquele assunto.
   “E não conversaram por quê?” – Ele perguntou, olhando para as duas.
   “Porque minha ida não está aberta a discussões, Jones! O combinado sempre foi esse e é assim que vai ser, cacete!” – perdeu a paciência, ela não queria mais falar e pensar sobre aquilo. Não queria mais ficar sendo lembrada do que estava por vir toda hora. Só a deixava mais triste. – “Você sabe muito bem onde eu moro, pode ir lá ver a Jo quando quiser. Eu não vou desaparecer no mundo por dois anos! Que saco!”
   Ela se levantou de repente e saiu sem nem olhar para trás.
   “Eu disse, Jones, eu disse...” – se manifestou, finalmente. – “Você está fazendo tudo errado... Nunca adianta ser insistente e chato com ela, você sabe disso!”
   Danny suspirou. O que mais o incomodava era essa teimosia em nem sequer discutir sobre permanecer em Saint Mary... Ela não TINHA que ir embora. Sabia quão flexível e tranquila Mrs. era.
   “O que eu faço pra ela ficar então, ?” – Perguntou, desesperado.
   A amiga tinha uma expressão triste.
   “Se eu soubesse, já tinha feito...”

   andava meio pulando pela rua, parecendo uma princesa da Disney. O que só podia significar uma coisa: O que estava prestes a fazer tinha a ver com Harry Styles.
   E tinha mesmo!
   Ela havia fechado a loja mais cedo e se dirigia para a academia no horário que Rob havia deixado escapar que o garoto estaria por lá. Tudo uma questão de perguntas sem propósitos e uma viagem de mentirinha no sábado de manhã... TERIA que ir na academia outro dia, poxa!
   Rob sorriu ao vê-la.
   “Ah! Minha boxer preferida!”
   “Oi Rob! E aí? Decidi vir hoje em vez de sábado, tem problema?”
   “Claro que não! Vai subindo e se aquecendo, que eu já vou!”
   fez que sim a cabeça e subiu dois degraus de uma vez. Ao chegar ao grande salão onde praticava... Ninguém. Mas claro! Claro que Murphy ia rir dela mais uma vez. Jogou sua bolsa no canto com raiva e foi se aquecer.
   Pobre saco de pancadas!
   Harry entrava na academia respondendo uma mensagem de Louis e nem havia visto Rob apoiado na mesa da recepção.
   “E ai, Styles? Tá atrasado, meu garoto!”
   Ele levantou a cabeça, meio perdido.
   “Ah, oi Rob! Desculpa, tava meio enrolado, quase nem vim!”
   “Você tem companhia hoje! Vão se aquecendo e já que eu subo.” – O instrutor disse empolgado, mas Harry deu um sorriso amarelo. Seria mais uma garota chata, de voz irritante e com preguiça de fazer os exercícios. Subiu as escadas, desanimado.
   Estava estupidamente enganado e percebeu isso rapidamente ao ver uma bolsa que não lhe era estranha. Bom, não a bolsa, propriamente dito, mas o chaveiro. O chaveiro com iniciais que ele conhecia bem.
   Ouviu a respiração ofegante de alguém e se virou. Lá estava ela: Toda séria e concentrada, contando baixo enquanto pulava corda. Ele não conseguiu se conter e sorriu ao vê-la. Bem nesse momento, também levantou o rosto. Fez um movimento estranho e a corda bateu em sua cabeça fazendo os dois rirem e ela corar.
   “Hey...” – Ela cumprimentou, ainda sem graça e ajeitando a corda nas mãos de novo.
   “Oi! Não... Não sabia que ia te encontrar aqui hoje...” – Harry falou, tirando sua mochila e indo para onde os pesos ficavam.
   “Vou viajar esse sábado, precisei trocar de horário.” – Mentiu e ele sorriu de novo.
   “Bom ter companhia, pra variar. Rob às vezes fala demais!”
   Os dois riram de novo e voltaram a se olhar da mesma forma que se olharam na cafeteria. Aquela mesma suplica silenciosa. A vontade de dizer coisas que não tinham sido feitas para serem ditas num lugar público. Harry, então, quebrou o contato visual e foi se aquecer, deixando desnorteada. Quando finalmente conseguiu voltar a se concentrar, Rob se juntou aos dois.
   “Meus alunos preferidos!” – Ele disse, ao entrar na sala, fazendo-os rir.
   Harry e se olharam mais uma vez e abaixaram a cabeça. Parecia que estavam de volta a novembro do ano passado. Os olhares, as risadinhas, as piadas sem emitir som enquanto Rob contava algo que nenhum dos dois queria saber... Parecia certo de novo. Parecia que ainda estavam juntos.
   1 hora e meia depois, tomava água e secava o rosto quando o sentiu parar ao seu lado.
   “Isso foi divertido! Você devia começar a fazer aula nesse horário!” – Harry sugeriu, mordendo os lábios.
   “Fica horrível pra mim, pra ser sincera. Tenho que fechar a loja correndo... Você é que devia voltar para o sábado! Qual é, Styles! O que você faz sábado de manhã?”
   Ele rolou os olhos.
   “O que todo mundo normal faz, ... Coloco 1 litro d’água do lado da cama e durmo até a ressaca passar.”
   Ela riu e colocou as mãos na cintura.
   “Você costumava fazer aula nesse mesmo horário!”
   “Eu tinha meus incentivos...” – Harry falou erguendo as sobrancelhas e a pegando desprevinida. Cutucou a garota na barriga e foi saindo. se virou rápido
  . “Não tem mais?”
   Ele parou de andar e se virou, sorrindo de lado.
   “Talvez eu ainda tenha...”
   Foi a vez de morder os lábios. O garoto ajeitou a franja daquele jeitinho que ela adorava e acenou.
   Dois corações batendo muito mais acelerados do que durante a aula de boxe. E só tinha uma certeza: Estava de volta à maratona.

  Louis bateu na porta e, sem esperar que alguém atendesse, foi entrando sem cerimônias. Encontrou quem procurava deitado no sofá, o violão no colo e os olhos na TV (duvidava que ele estivesse prestando atenção, porém). Foi até o amigo e o pegou de surpresa quando, segurando sua calça e sua camiseta, o virou de lado.
   “Que porra é essa, Tommo?” – Niall perguntou, se livrando das mãos do amigo e voltando a se deitar direito.
   “Vim ver se você já criou raiz nesse sofá!”
   O garoto bufou e não encarou Lou.
   “Que saco!”
   “Horan, pelo amor de Deus, larga a mão de ser bunda mole! Você tem duas opções, meu querido: Ou você vai atrás da ou você desencana e segue sua vida. Agora ficar nesse sofá 24/7, você não pode mais.”
   “Eu nem sei se ela ainda me quer, cara... Deve estar feliz com a filha e o Jones...”
   “Niall, eu moro no terceiro andar, você esqueceu? Se tem uma coisa que ela não tá, é feliz.”
   “Deve ser só o stress da defesa...” – Ele resmungou.
   Lou cruzou os braços e bateu o pé repetidamente, em sinal de impaciência.
   “Ok, acredite no que você quiser. Então você vai desencanar dela?”
   “E de qualquer forma, nem adianta mais porque ela vai emb...” – Niall começou, como se não tivesse escutado o que Louis havia dito, mas foi interrompido.
   “Ela vai pra Marte, por acaso? Vai cruzar o Atlântico? Ela mora há 2 horas e meia daqui, qual é a dificuldade?”
   Por mais que Niall não quisesse admitir, Louis estava certo. A distância não seria problema se ele tivesse certeza de que eles ainda ficariam juntos. Abaixou a cabeça e coçou a nuca, frustrado. O problema não era ela ir embora, era o Jones. Se pelo menos soubesse o que estava se passando.
   “Danny aparece por lá?” – Perguntou, e soube a resposta antes mesmo de Lou dizê-la.
   “Hm... De vez em quando. Eles têm uma filha juntos, Niall... A presença do cara vai ser meio constante agora.”
   “Constante demais pro meu gosto!” – Levantou a cabeça. – “Você a conheceu? A Joanna?”
   Lou abriu um sorriso pela primeira vez e fez que sim com a cabeça.
   “Uma graça!”
   “É... Ela é...”
   Silêncio. O assunto morreu e Lou percebeu que não ia conseguir tirar Niall do modo “drama mexicano” facilmente.
   “Ok, desisto! Não vou mais falar na sua orelha sobre isso. A gente vai fazer guerra de bexiga antes da festa hoje a noite. Vamos?”
   “Onde?”
   “No meu iglu, Horan! Porra, claro que é no terceiro andar, né?”
   Niall não conseguiu não rir do amigo. E então se lembrou que já havia ouvido e comentarem sobre essa guerra de bexiga.
   “Mas...”
   “Ela não tá lá. Foi estudar na biblioteca porque diz que eu falo muito alto...”
   “Mas que mentira deslavada, não, Tommo!?” – O amigo ironizou e gargalhou.
   “Tá rindo, tá bom. Vamos então? Cade o Murs? E aquele seu amigo calouro gente boa?” Niall se levantou e pegou a carteira, chave e celular em cima da mesa.
   “Murs tá no estágio. Que calouro? O Josh?”
   “É, que namora a Jessica. Liga pra ele, chama ele também! Estamos desfalcados.”
   “Quem não ta aí?” – Niall quis saber. Quanto tempo tinha vegetado no sofá?
   “Payno. Foi conhecer a sogra...”
   “Tá fudido...”
   Os dois riram e Niall se sentiu mais animado, acompanhando Louis para fora da JJJ. Era um alivio saber que não a encontraria por lá, tinha medo de vê-la e descobrir que e Danny estavam juntos, seria demais para ele...

   ia apressada para o SPR falando com no telefone.
   “Mas você não tá no terceiro andar? El me ligou desesperada!”
   A amiga estava fazendo um esforço hercúleo para não rir e manter a farsa.
   “O Tomlinson começou a gritar e eu saí de lá pra estudar, . Deve ser alguma coisa com a Lottie... Será que ela foi lá causar de novo com os dois?”
   bufou e apertou o passo.
   “Merda! El não me contou nada de diferente sobre ela nos últimos tempos, achei que estivesse tudo do mesmo jeito!”
   sentiu um pouco de pena ao ver o desespero da amiga, mas sabendo do plano, apenas continuou a história.
   “Pra ela te chamar, deve ter sido sério...”
   A garota passou correndo pela recepção na residência estudantil e entrou no elevador. Assim que saiu, ainda com o celular a mão, sentiu alguma coisa se chocar com a sua perna e seu jeans inteiro ficou molhado. olhou para baixo e depois para frente, sob uma explosão de risadas.
   “Eu vou te matar!” – Ela disse simplesmente e pode ouvir a amiga gargalhando do outro lado da linha antes de desligar. – “QUEM-FOI?”
   Olhou melhor para o corredor e começou a reconhecer o rosto dos meliantes. Josh abraçava Jess por trás e os dois davam risadinhas tímidas meio em dúvida sobre para quem tinha sido o “vou te matar!”, Niall e Louis gargalhavam e se apoiavam um ao outro para não cairem no chão. Eleanor se escondia atrás do namorado, morrendo de medo de ser despedida e estava segurando uma bexiga em posição de lançamento, mas parecia petrificada. Mas então havia outro garoto parado bem no meio do corredor. Ele ria e lançava um olhar desafiador para ela. Harry Styles era a personificação da perdição bem diante de : uma camiseta branca já molhada e marcando seu abdomen, o cabelo molhado e a expressão de moleque em suas feições de homem. Ela nem conseguiu falar por um tempo e apenas o encarou.
   “Joga outra, Harry! Duvido!” – Louis falando, fazendo-os desviar o olhar.
   “Você, Louis Tomlinson, é um homem morto!” – A garota ameaçou, atravessando o corredor e se escorando na porta de para retirar as sandálias. – “Alguém tá com a chave da ?”
   Ela evitou olhar para Niall, mas sua visão lateral captou o irlandês colocando as mãos no bolso e fitando o chão. Eleanor foi até lá rindo.
   “Deixa suas coisas no quarto do Lou, chefinha!”
   “A senhora, Eleanor Calder, está encrencadíssima também!” – falou, colocando sua bolsa na cama do namorado da estagiária. – “Isso foi traição!”
   Ela riu.
   “Foi tudo parte de um plano muito bem bolado por mim e pelo Lou. Confia!” – estreitou os olhos, mas El riu mais uma vez e saiu do quarto. – “Vem logo!”
   E então, quando fechou a porta, sentiu outra bexiga sendo estourada em suas costas.
   “TOMLINSON!”
   O garoto deslizou pelo corredor rindo e foi parar atrás de Niall.
   “Desculpa por isso, !” – disse, chegando perto dela e lhe entregando alguns balões. – “Os meninos queriam muito brincar e o Lou tava indócil!”
   “Não tem problema... Mas vocês podiam ter me contado! Eu vinha mesmo assim...” – As garotas olharam para ela com uma das sobrancelhas levantadas. – “Ok, talvez eu desse uma desculpa. Mas vocês precisavam tanto assim da minha presença?”
   “Tem que ter uma velha pra inspecionar, né?” – Niall explicou, dando de ombros.
   “Mas o que é isso? Todos contra a ?” – Falou e logo jogou uma bexiga em Niall, acertando seu braço e o enxarcando. O garoto deu aquela sua risada típica e ela não pode deixar de pensar na melhor amiga.
   “Não, agora que você chegou, a gente pode brincar disso direito!” – Eleanor falou, puxando um balde cheio de bexiga para perto de si e Jess e logo pularam para o lado delas do corredor. – “Meninas contra meninooos!” – Gritou e logo o caos estava instalado.
   Lou gritava ordens para os meninos, que uma hora se encheram dele e gastaram todo um balde de bexigas em sua cabeça, deixando-o completamente molhado. Todos se revezavam para encher mais balões e quando acharam que tinham chegado ao último pacote, Harry apareceu com mais uma sacola cheia. Jess e Josh eram o casal ternura e, assim que a primeira fase “guerra dos sexos” acabou, ficavam sempre juntinhos e Josh toda hora aparecia para defendê-la ou distribuia beijos por todo o rosto da namorada e a ajudava com o cabelo molhado. Porém, estavam cercados por uma maioria de mau amados e logo viraram um easy target. Cada vez que faziam alguma coisa fofinha, eram bombardeados. Lou e El, no outro extremo, às vezes precisavam ser separados para não gastarem todas as munições neles mesmos. Niall se apoiou na parede no meio da brincadeira e todos pareceram alarmados pela sua expressão de dor. e Jessica logo se aproximaram dele, perguntando sobre seu joelho.
   “Tá doendo um pouquinho, mas...” – Ele dizia. E então abriu um dos olhos e soltou uma risada. – “PEGUEI VOCÊS!” – Gritou, enquanto e Harry rasgavam bexigas em cima da cabeça delas, que soltavam todo tipo de palavrões, fazendo os outros rirem.
   Os três se cumprimentavam e trocavam high-fives e se pegou em mais uma cena envolvendo ela e Styles se olhando pelo que parecia a eternidade. Até quando ficariam assim? Até quando seria só isso?
   “Vai calouro, tô mandando!” – Ouviram a voz de Lou ecoar pelo corredor.
   “Que você tá pagando de veteranão aí, Tomlinson?” – Ela perguntou, parando com a mão na cintura. Niall estava no meio dos dois, mais perdido que cego em tiroteio. – “Joga nele, Niall!”
   “Eu sou veterano da Engenharia, portanto mais veterano dele que você!” – Louis retrucou.
   “Veterano é universal, meu querido!”
   “Joga logo a bexiga nela, Niall!”
   “Horan, você tem que me obedecer, eu sou mais velha!”
   “Ah, vão tomar no cu vocês dois!” – O garoto soltou, se abaixando e pegando mais bexiga e acertando os dois.
   Houve uma salva de palmas e até e Louis gargalharam.
   Mas então, antes mesmo de todas as bexigas acabarem, os combatentes começaram a se cansar. E ainda tinham a festa em algumas horas! Jess se sentou no chão com Josh e Niall um de cada lado.
   “Eu definitivamente vou morar aqui no próximo ano!” – Falou, como se finalizasse uma conversa. – “Não tem como não amar esse lugar!”
   Niall olhou para a porta de e suspirou. Sentia tanta saudades dela! Tanta saudade daquele corredor...
   enrolou seu cabelo fazendo pingar um pouco de água no chão.
   “Preciso ir embora, o Hendrix ficou sozinho...”
   “Ir embora sem limpar o corredor?” – Lou perguntou teatralmente, fazendo-a revirar os olhos. – “Pode isso?”
   “Eu não fui convidada pra nada disso! Não assinei contrato nenhum!” – Ela respondeu.
   “Vamos fazer assim: Você recebe uma última bexigada e eu te deixo ir embora.”
   Ela cruzou os braços pensando em argumentar, depois olhou para si mesma. Ainda estava molhada... Uma bexiga a mais, uma bexiga a menos...
   “Vai então, Tomlinson.”
   Lou se virou para Harry, que conversava com , e sorriu.
   “Styles? Você pode vir aqui me fazer um favorzinho?”
   Os dois o encararam. Eleanor deu um sorrisinho vitorioso.
   “Uma última bexiga d’água na , por favor.” Ele pareceu confuso e olhou para ela, que fez que sim com a cabeça, dando-lhe permissão. Harry escolheu um balão e parou de frente para a garota, os dois estavam mais perto do que tinham estado desde o reveillon. encarou os olhos verdes próximos aos seus quase em extase. Por um segundo se esqueceu onde estavam e que não estavam sozinhos. Respirou fundo.
   Harry ainda não tinha feito nada, também a encarava e parecia incapaz de agir ou de quebrar aquele momento. Ele queria dizer mil coisas, pedir desculpas por ter sido tão duro, perguntar se ela ainda o queria como ele a queria... Mas não conseguia se mover. Quando finalmente se lembrou do que deveria fazer, ergueu os braços e sussurrou “Me desculpa!” antes de molhá-la de novo. Os dois riram e ele tentou enxugar seu rosto com as mãos, mas era um exercício inutil. E então disse as únicas palavras que ele não queria ouvir.
   “Eu preciso ir embora...” – Disse, como se pedisse desculpas. Ela queria ir correndo para casa, tomar um banho, colocar uma roupa decente e aí sim encontrá-lo. Estava cansada, estava molhada e tinha ido para lá direto da loja. Não era como tinha imaginado fazer as pazes com ele.
   Antes que pudesse dizer isso a ele, Harry sorriu meio derrotado e fez que sim com a cabeça.
   “Vou me secar...” – Disse, dando um tapinha no braço de Louis e desaparecendo pela escada.
   Lou colocou a mão nos olhos como se não pudesse acreditar.
   “, você pode pelo amor de Deus ir atrás desse menino?” – Ele disse.
   “Mas eu...”
   “Tá dando pra cortar o clima de vocês com uma faca!” – Completou. Os outros riram e mordeu os lábios nervosa.
   “Vai, !” – Eleanor encorajou.
   “Hum... Ok então.” – Falou, ainda meio incerta.
   “Vai logo, !” – Niall apareceu ao seu lado, dando um leve empurrão em suas costas.
   E então ela se encheu de coragem e foi andando em direção as escadas. Não conseguiria passar 2 segundos paradas no elevador!

   bateu na porta do quarto já conhecido. Mordeu os lábios e deu alguns pulinhos ansiosos antes de encontrá-lo parado na batente. Harry segurava a camiseta branca e pareceu surpreso ao vê-la ali.
   “Harry...” – A garota chamou, sem se lembrar exatamente como tinha ensaiado começar. Tentava não parecer muito indiscreta quando olhava para ele sem camisa, mas era quase impossível. – “Harry...” – Disse de novo, tentando colocar as palavras em ordem.
   Para ele também não estava sendo fácil. nem tinha reparado, mas sua camisa também estava colada ao corpo e Harry estava achando terrivelmente sexy o jeito como ela havia amarrado os cabelos. Levou um banho de água fria quando a ouviu dizendo que precisava ir embora, ainda no andar de baixo, mas lá estava de novo... O olhando daquele jeito que alternava entre ternura e luxuria. Dessa vez nada atrapalharia. Dessa vez não haveria mal entendidos. [Coloquem Garotos para tocar]
   Antes que ela pudesse continuar, a puxou pela mão para dentro do quarto.

  “Seus olhos e seus olhares
   Milhares de tentações
   Meninas são tão mulheres
   Seus truques e confusões”

   sorriu ao se ver parada de novo ali. O quarto continuava exatamente como se lembrava: as roupas espalhadas, a escrivaninha abarrotada de livros, papéis, casacos e copos da Starbucks. A bagunça que ela, em um passado não muito distante, de vez em quando arrumava, de vez em quando mandava Harry arrumar... E o cheiro! O cheiro dele por todos os lados, estava cercada por um de seus perfumes preferidos e se sentia tão feliz e leve, que parecia estar sonhando.
   “Queria falar com você!” – Ela começou, torcendo as mãos. – “Queria te pedir desculpas por ter sido tão estúpida. Eu nunca tive vergonha de você, Harry... Eu só... Eu achava que estava fazendo alguma coisa errada e que isso podia colocar tudo o que eu havia conquistado com tanto custo a perder.”
   Harry não parecia estar escutando, porém. No momento, se encontrava escondido atrás da porta de seu armário e não dizia nada. se calou também, passando um braço no outro e tentando se aquecer. A ideia de ir correndo direto da guerra de bexigas já não parecia mais muito inteligente.
   O garoto fechou a porta do guarda roupa e rumou até ela com uma toalha na mão, parou em sua frente e a embrulhou. Ainda calado...

  “Se espalham pelos pêlos
   Boca e cabelo
   Peitos e poses e apelos
   Me agarram pelas pernas
   Certas mulheres como você
   Me levam sempre onde querem...”

  Ficaram assim por um tempo: enrolada na toalha e Harry friccionando os braços dela para esquentá-la. Ele continuava sem camisa e sem abrir a boca. Seus olhos passeavam por onde suas mãos estavam, o pescoço e o rosto da garota que envolvia.
   queria que ele dissesse algo, mas não parecia ser o caso. Por isso, voltou a falar.
   “Eu demorei pra perceber que estava fugindo do inevitável. E eu tentei... Eu juro que tentei fazer o que parecia direito! Mas simplesmente não funcionou pra mim. Eu não quero um cara da minha idade, que todo mundo considera ‘um bom partido’. Eu quero o garoto do quarto andar... Que me irritava e me fazia rir e discutia comigo se gatos eram melhores que cachorros! E eu tô aqui pra saber o que você quer, Styles.” – o encarou e suspirou ao perceber a intensidade do olhar dele sobre si. Harry dava um sorrisinho de lado e assim que parou de falar, ele também parou de mexer os braços.
   “Terminou?” – Ele disse, pela primeira vez. A garota fez que sim com a cabeça, incapaz de cortar o contato visual. – “Que bom!”
   E sem mais demora, Harry fez o que ambos ansiavam há tanto tempo.

  “Garotos não resistem
   Aos seus mistérios
   Garotos nunca dizem não
   Garotos como eu
   Sempre tão espertos
   Perto de uma mulher
   São só garotos”

  Era isso! Era isso e só isso. A toalha caiu no chão quando passou seus braços pelo pescoço de Harry e se arrepiou quando foi puxada por ele para mais perto e sentiu os dedos frios do garoto em sua nuca e cintura. Era como se precisassem se beijar por todo o tempo que passaram separados antes que o mundo acabasse, era urgente e intenso.
   Haviam sentido tanta falta um do outro! De como se beijavam e se entendiam sem muitas palavras... Talvez fosse isso que Harry estava tentando provar enquanto falava e ele não respondia. Não precisavam daquilo. Sabiam o que tinha acontecido e sabiam o que estava errado... E também sabiam que nada mais importava, que só queriam estar juntos exatamente daquele jeito! Ambos sorriram abertamente quando se separaram. Harry chegou a dar uma risadinha, como se não pudesse acreditar que estavam mesmo juntos de novo e tomou um tempo para estudar pela milésima vez o rosto do garoto em sua frente. A covinha, o sorriso, os olhos, o cabelo molhado caindo nos olhos...
   Mas apesar de saber que estava tudo bem, sentia que tinha que dizer tudo a ele. Que não ia escondê-lo mais e estava disposta a apresentá-lo como seu namorado para todo mundo. O começo de sua frase, porém, coincidiu com Harry começando a desabotoar sua camisa. Ela riu.
   “Calma, Styles, preciso te falar uma coisa antes!”
   O garoto levantou a cabeça.
   “Você não pode falar enquanto eu termino aqui?”
   rolou os olhos, ainda rindo.
   “Não! Eu tenho que falar primeiro!”
   “A gente não pode conversar deitado na minha cama?”

  “Seus dentes e seus sorrisos
   Mastigam meu corpo e juízo
   Devoram os meus sentidos
   Eu já não me importo comigo
   Então são mãos e braços
   Beijos e abraços
   Pele, barriga e seus laços
   São armadilhas e eu não sei o que faço
   Aqui de palhaço, seguindo os seus passos”

  Era impossível ficar séria olhando para aquele sorrisinho de lado, aquela expressão adoravelmente marota que provavelmente o livrava de todos os apuros em que ele se metia. deu um tapinha em seu braço.
   “A gente vai chegar lá, mas me ouve primeiro!”
   “Só mais um...” – Harry falou, desabotoando mais um botão da camisa dela.
   resolveu ignorar e continuar.
   “Se você ainda quiser, eu vou te apresentar pra todo mundo como meu namorado e vai ser tudo do jeito que tem que ser.”
   “Você tá me pedindo em namoro?” – Ele perguntou.
   “Só se você for aceitar...”
   Os dois riram e Harry a encarou. Estava tão linda e parecia tão decidida de que iria assumí-lo com seu namorado dali para frente! Tinha aquele brilho nos olhos que sempre carregava consigo, aquela certeza... Ela parecia sempre ser assim e ele amava poder ver tudo isso de perto mais uma vez.
   “Hum...” – Fingiu considerar. – “Deixa eu te beijar de novo enquanto eu penso...”
   E dessa vez pareceu não se importar com os botões de sua camisa ou com qualquer outra coisa. Porque ela tinha Harry de volta. E não iria mais deixar nenhum tipo de insegurança levá-lo embora novamente.

  “Garotos não resistem
   Aos seus mistérios
   Garotos nunca dizem não
   Garotos como eu
   Sempre tão espertos
   Perto de uma mulher
   São só
   Garotos...”

“Vou matar você, a Eleanor e o Tomlinson... DE AMOR! Obrigada por darem um empurrãozão pra essa história desenrolar! Como recompensa, vou ser uma péssima amiga e te abandonar hoje a noite pra ficar aqui com o meu menino. Me perdoa?? xx”
   riu da mensagem e começou a digitar a resposta enquanto andava no meio do pessoal. Já esperava que não aparecesse e tinha combinado de encontrar as meninas na festa, já que se atrasou para se arrumar. A banda de Josh se apresentava e logo seria a vez de Zayn, por isso ia andando em direção ao palco, esperando que as encontrasse por lá.
   “Se você saisse daí, AÍ SIM você seria uma péssima amiga! Que eu e El não gastamos nosso tutano nesse plano e nem nosso dinheiro em bexiga a toa! Aproveita seu Styles, você merece (mas quero saber de tudo amanhã, obviamente). Te amo! xx”
   sorriu para a tela do celular, realmente contente pela amiga. Ela merecia ser feliz! Os dois mereciam ser felizes! Levantou a cabeça, ainda procurando as garotas pela multidão. Logo avistou o cabelo ruivo de Jess ao lado de .
   “Hey!” – Cumprimentou, dando um beijo na bochecha de cada. – “Cade a e os meninos?”
   “Foram no bar, já que eles voltam!” – respondeu. Jessica estava muito entretida babando no namorado.
   “E como foi sua mãe com o Liam hoje?” – se lembrou porque a amiga não estava no corredor naquela tarde.
   deu risada.
   “Meu pai ficou puto, porque ela amou o Liam!” – A garota contou. – “Falou até que tinha me dito que ele era lindo no primeiro dia!”
   “E ela disse mesmo?”
   deu de ombros.
   “Não me lembro, mas acho que sim.” - As duas riram. – “Meu pai vai ter que odiar ele sozinho...”
   “Coisa de pais...” – deu de ombros e se virou para o palco pela primeira vez, quando a banda de Josh começava a última música que tocariam.
   [Coloquem Too young to feel this old para tocar]

  “We're not young anymore,
   what are you so scared of?
   Is it being alone when we no longer have the sun?
   I don't need easy if you're there for me to lean on.
   I went looking with my eyes closed.
   Now I know I've found the one.”

  Josh abriu os olhos e sorriu para Jess ao cantar esses versos. e soltaram um suspiro juntas ao observarem os dois. Tão fofinhos!
   Liam apareceu com dois copos e entregou um deles para , cumprimentando em seguida, parecendo todo animado. Ele tinha mesmo sido bem tratado pela sogra, não? Abraçou a namorada por trás e ficaram os dois dançandinho ao som da banda de Josh. olhou para trás e avistou Niall vindo em direção a eles com .
   Eles riam de alguma coisa e a garota sorriu ao observar que Niall trazia um copo verde nas mãos. Parecia uma eternidade desde aquela festa de Halloween, mas ela ainda se lembrava de tudo perfeitamente. A fantasia que ele usava aquele dia, os pedidos, os sorrisos que deram início a tudo, Wild Ones... Sentiu um aperto no peito, desses que a gente sente às vezes quando se lembra de algum momento e morre de vontade de voltar para eles.

  “Can we learn to love again?
   Can we learn to feel again?
   Cause we're too young to feel this old
   Yeah, we're too young to feel this old…”

  Se virou para frente de novo e esperou os dois chegarem onde eles estavam.
   “!” – chamou, indo abraçá-la. Niall parou do outro lado de Liam sem cumprimentá-la. – “Achei que você nem vinha mais!”
   “Demorei anos, mas cheguei! Quase perdi a banda do Josh!”
   Jess se virou para elas radiante ao ouvir o nome dele.
   “Ele é o máximo, não é?”
   “É sim!” – As amigas responderam em unissono e riram. Não demorou dois segundos para Jessica ser perdida novamente.
   “El tá por aí? Preciso mostrar pra ela a mensagem que a me mandou!”
   abriu um sorrisão.
   “Eles se acertaram finalmente!”
   “Sim! Finalmente!”
   Niall deu uma olhada por cima do ombro e sorriu. Ela estava tão bonita, mesmo parecendo um pouco cansada. E devia estar exausta mesmo... Sabia que ela vinha estudando feito uma doida e que, agora que todo mundo sabia, trazia Joanna para passar mais tempo no terceiro andar. Queria saber como se sentia em relação a ele... Se algo tinha mudado.

  “Give up the ghost, it'll never be as good as that again,
   like that time it left us both in stitches on our bed.
   Better late than never, here comes your better half.
   If the shoe fits then you need to learn to run and live, my friend”

   ficou um tempo dançando e absorvendo aquela música: “If the shoe fits then you need to learn to run and live, my friend”… Mais uma vez estava com medo de viver. Mais uma vez estava pensando demais. Se queria Niall de volta, teria que ir até lá buscá-lo. Era ela quem havia errado, era quem tinha que ir atrás dele primeiro. Se o garoto não quisesse mais ficar com ela, teria duas opções: Esperar que um dia mudasse de ideia, como havia feito ou teria que aprender a viver sua vida sem ele. Mas jamais tomaria uma decisão sobre qual caminho seguir se não desse o primeiro passo.
   Respirou fundo algumas vezes. O que ia dizer? Ia dizer ali mesmo? Agora?
   “Tá tudo bem, ?” – perguntou, colocando a mão no ombro da amiga.
   “Tá sim... Tô só tomando coragem...” – Ela respondeu, apontando Niall discretamente.
   sorriu e fez que sim com a cabeça, a encorajando, e apertou sua mão.
   “Vai dar tudo certo! Aproveita que hoje é dia!”
   As duas riram.
   deu um passo para trás e dois para o lado, parando atrás de Niall. O garoto e Liam batiam os pés juntos no ritmo da música e ele mexia os braços como se tocasse uma bateria imaginária. A garota mordeu os lábios quase se impedindo de estragar aquele momento. Mesmo de costas, parecia adorável.
   Quando Niall voltou a abaixar a mão que não segurava o copo, a segurou fazendo-o se assustar. Seu coração disparou ao perceber quem era.

  “Can we learn to love again?
   Can we learn to feel again?
   Cause we're too young to feel this old
   Yeah, we're too young to feel this old.”

  “Posso falar com você? Você… Quer terminar de ver o Josh tocar?” – perguntou receosa.
   Ele sorriu e se virou de frente para ela e de costas para o palco.
   “Não, tudo bem. Tava no ensaio deles até ontem... Muito boa a banda, né? Josh tava doido pra encontrar uns caras que tocassem esse tipo de música. Aí o Max chamou ele e...”
   A garota sorriu ao observá-lo daquele seu jeitão empolgado, falando do que gostava. Parecia ter se esquecido completamente de que não estavam mais juntos e estava só tagarelando sobre seu dia, como antes. Niall parou de falar ao perceber que estava fazendo isso e coçou a nuca, encarando o chão.
   “Desculpa, me empolguei. O que você ia dizer?”
   soltou o ar.
   “Eu só queria pedir desculpas... Por tudo, Niall. Porque nunca te contei da Joanna antes e nem do Danny. Foi um erro besta e eu estraguei tudo. Me desculpa por ter demorado tanto pra vir te falar isso também. A verdade é que de novo eu tava morrendo de medo de tudo! Meu problema é sempre esse!”– Ela falou de uma vez, esperando que ele estivesse ouvindo apesar do barulho. – “E me desculpa pelo dia do elevador! Se eu pudesse, passaria a noite inteira te pedindo desculpas... Eu só quero que fique tudo bem entre a gente. Não quero mais que você fuja do terceiro andar, não quero mais que seja estranho quando a gente tá no mesmo lugar...”

  "I'm just a boy," he said.
   "I'm just a girl," she said.
   "We're in love," they said.
   What happens next, who cares?

  "And I'm just a boy," he said.
   "I'm just a girl," she said.
   "We're in love," they said.
   What happens next, who cares?”

  Sabe quando você ouve uma pessoa dizer milhões de coisas, mas parece que só uma faz sentido? Era assim que Niall se sentia. Seu coração estava na boca, prestes a pular para fora, parado ali em frente a sua garota. Quando sentiu a mão de na sua, achou que era a hora. Finalmente iam se acertar, finalmente a teria de volta! Mas foi aí que seu cérebro se apegou demais a apenas uma palavra do discurso dela: “Eu SÓ queria pedir desculpas...”, “Eu SÓ quero que fique tudo bem entre a gente...”.
   Só. Ela não queria mais nada além daquilo.
   Sentiu-se sendo engolido chão adentro. Não era isso que queria ouvir, não era isso que achava que ia ouvir quando finalmente conversassem. Então se lembrou de Louis dizendo que Danny ia ao terceiro andar vez ou outra, se lembrou da conversa deles no elevador... Era inevitável. Lógico que eles voltariam! Tinha perdido e devia ser um bom perdedor. A garota SÓ queria que Niall aceitasse suas desculpas e ele já havia a perdoado há muito tempo. Forçou um sorriso e deu de ombros.
   “Claro que perdoo, ! Claro que perdoo!”
   Ela sorriu de volta e se aproximou, mas Niall abaixou a cabeça e ela só pode dar um beijo em sua bochecha. Ficando totalmente sem graça com a reação do garoto, se afastou.

  “Can we learn to love again?
   Can we learn to feel again?
   Cause we're too young to feel this old.
   Yeah, we're too young to feel,
   We're too young to feel this old.”

  O barulho de palmas os assustou e ambos olharam em volta. A apresentação do You me at six, a banda de Josh, parecia ter terminado. Assim como o assunto entre e Niall. A garota parecia totalmente perdida.
   O que tinha acontecido? Porque Niall não quis beijá-la? Tinha demorado demais? Tinha perdido sua chance?
   Burra! BURRA! O que estava pensando da vida? Que sempre haveria o Ano Novo e a contagem regressiva e ela sempre poderia esperar pelo último minuto para correr atrás dele e tudo daria certo? Niall era incrível demais, era precioso demais... Ela não o merecia.
   Soltou o ar enquanto tentava se recompor e forçou um sorriso.
   “Eu... Acho que tô indo embora...” – Se ouviu dizendo. – “Ainda tenho umas coisas pra fazer...”
   Niall fez que sim com a cabeça.
   “Hum... Ok.”
   “A gente se vê?”
   “Claro!” – O garoto respondeu e lhe entregou o copo que segurava. – “Ouvi dizer que você coleciona...”
   teve vontade de chorar. Pegou o copo e ficou mirando o objeto em suas mãos, sentindo saudades novamente do que nunca mais teria. Acenou e se virou para sair.
   “Até mais, Niall...”
   A garota sumiu antes que ele pudesse responder. Ia passando esbarrando nas pessoas, sem se importar muito. Queria chegar em casa logo, queria poder chorar em paz. Alguém a segurou e ela se virou esperançosa, mas não era Niall.
   “? Tá tudo bem?”
   “Oi Danny!” – Disse, limpando as lágrimas rapidamente. O rapaz franziu a testa.
   “O que aconteceu?”
   “Nada... Nada. Eu tô indo pra casa, tá? Tch...”
   Mas Danny não deixou que ela saísse.
   “Sério... O que houve?”
   “Não houve nada. Eu só... Eu tô ansiosa e tive um ataquezinho de nervoso.” – Mentiu. – “Vou pra casa e já que passa!”
   “Sozinha? Nem pensar! Vou com você.”
   Mas não queria companhia. Muito menos a de Danny naquele momento.
   “Tá tudo bem. Mesmo! Eu preciso ficar sozinha, Danny. Obrigada, mas não precisa não...”
   Tentou se controlar e sorriu, querendo tranquilizá-lo.
   “Me liga amanhã então. Pra eu saber que tá tudo bem.”
   “Ligo...” – disse vagamente, já se livrando das mãos dele.
   Antes de sair, viu Niall passando entre as pessoas e sua expressão também não era das melhores. Ficou observando-o um tempo e os olhos de Danny acompanharam os seus e ele entendeu o motivo do estado da ex namorada. Não disse mais nada e deixou que fosse embora. Balançou a cabeça, se sentindo impotente.

   começou a bater a perna nervosamente no chão, enquanto observava o palco vazio. Era um tipo estranho de ansiedade. Não tinha visto Zayn desde o dia em que ele havia dito que estava apaixonado por ela. lhe deu um abraço de lado ao reparar em seu desconforto. E Liam se virou ao perceber o movimento da namorada.
   “Que houve, ?” – Perguntou.
   “Zayn é o próximo a tocar e a ...” – começou a responder por ela, mas Liam bufou ao ouvir o nome do garoto.
   As duas fecharam a cara para ele.
   “Zayn não deu em cima da Danielle, Payne!” – falou, enfurecida. – “Ele me disse que nunca fez nada e eu acredito!”
   “Além do mais, ele agora está apaixonado pela , então é bom você parar com esse ódio gratuito, Liam! Porque se eles começarem a namorar, nós vamos sair todos juntos!” – completou, parecendo brava também. Ela normalmente não falava nesse tom de voz, o que significava que devia mesmo prestar atenção.
   Ele coçou a nuca, meio sem graça.
   “Eu não sabia... Desculpa, ! E desculpa, .” – O garoto disse, apertando o abraço na namorada.
   “Tá tudo bem... Ai, acho que preciso beber!” – A garota falou, incapaz de ficar ali parada. Se já estava inquieta antes, ficou mil vezes pior depois de ouvir a amiga falar em namoro e encontros de casal. Com Zayn? ZAYN? – “Já volto, gente.”
   Saiu apressada para o bar e nem percebeu o rosto conhecido até ser chamada de volta.
   “?” – Lottie a chamou.
   Fazia tanto tempo que não conversava com a Tomlinson caçula (talvez por ela ser contra El e Lou), que quase não se lembrava que havia a conhecido antes das meninas.
   “Oi Lottie! Como você tá? Quanto tempo!” – a cumprimentou sorrindo.
   “Tudo bem... Muito tempo mesmo! E você? E a faculdade? E seu namorado? – Ela perguntou, parecendo mesmo interessada. Infelizmente, aquele não era um assunto que queria discutir. – “Fui assistir a peça dele, quando estava aqui ainda! Ia te contar, mas...”
   Lottie parou de falar e seus olhos se fixaram em um ponto acima do ombro esquerdo de , que se virou para saber o que a garota estava olhando.
   Eleanor puxava Louis pela mão em direção ao bar e os dois gargalhavam. Quando chegaram ao balcão, ele a abraçou por trás e lhe deu um beijo demorado na bochecha. Eleanor se virou de frente para o namorado e os dois ficaram um tempo ainda rindo e conversando, enquanto ela mexia em seu cabelo.
   sorriu e virou o pescoço para ver a expressão de Lottie. A garota observava a cena séria, porém não parecia brava.
   “Eles são um dos casais mais lindos que eu já vi, Lo.” – Não parecia que ela ia responder, por isso continuou. – “Sei que você era muito apegada a Hannah e não sei como era o namoro dela com o Lou, mas olha só pra esses dois! Você conhece alguém mais apaixonado?”
   Lottie voltou a olhá-los. Eleanor descansava a cabeça no ombro do namorado, que a abraçava pela cintura enquanto eles eram atendidos no bar. Talvez fosse porque tinha pego os dois em uma cena um pouco traumatizante, se agarrando na cozinha, mas nunca tinha conseguido imaginá-los sendo fofos um com o outro. Fugiu tanto deles depois, que não se permitiu observar a dinâmica do casal. Na verdade, nunca tinha sido capaz de visualizá-los como os via agora. Lou e El pareciam mesmo felizes! O jeito cuidadoso como o irmão mexia nos cabelos da garota e como ela ria sem parar de algo que ele havia dito. Eleanor pagou as bebidas e os dois sairam de mãos dadas de novo, pelo meio do povo.
   “Se você pudesse escolher a melhor garota no mundo pro seu irmão, Lottie...” – começou, voltando a olhar para ela. – “... Você não escolheria a Eleanor? Porque nós não conhecemos o Lou há tanto tempo quanto você, mas ninguém tem dúvidas de que ela é incrível e perfeita pra ele.”
   Lottie fez que sim com a cabeça. Ela havia entendido.
   A questão nem era quem ela escolheria para Louis. A questão é que ele já havia escolhido. E dentre todas as pessoas daquele campus, ele havia mirado em sua melhor amiga. A garota que estava sempre lhe dizendo palavras de encorajamento, mesmo nas segundas de manhã, antes de uma prova. A garota que sempre aparecia com um remédio para ressaca, um chá para dor de cabeça, bolsa de água quente para cólica... Sua companheira de república, sua parceira de festas, sua amiga para todas as horas. Se El pudesse cuidar de Lou como cuidava de Lottie, então seu irmão estava em boas mãos. Nas melhores mãos. Havia sido um tiro certeiro.
   “Eu...” – Não sabia bem o que dizer, mas pelo jeito compreendeu que tinha feito sua parte e sorriu.
   “Eu sabia que você ia entender! E vê se aparece mais no terceiro andar agora, hein?” – falou, abraçando-a. – “Eu preciso ir! Meu melhor amigo...”
   E assim que disse aquelas duas palavras, Zayn e os garotos subiram no palco. Lottie sorriu e fez que sim com a cabeça.
   “Vai lá! E bom show!”
   As duas se abraçaram de novo e saiu andando em direção ao palco, mas parou para observar Zayn, quando o garoto chegou perto do microfone.
   “Boa noite!” – Ele disse, meio tímido. – “Obrigado a todo mundo que largou os cadernos e revisões essa noite pra vir beber e ouvir a ZAP.” – Zayn deu um de seus sorrisos avassaladores e se pegou prendendo a respiração. Não era uma reação normal. – “A primeira música que vamos tocar não costuma estar em nosso repertório, mas convenci meus brothers a tocarem só hoje...” – E enquanto os garotos começavam os primeiros acordes, ele se aproximou mais do microfone e disse. – “Você sabe que essa é pra você.” [Coloque Let me love you]
   Seus olhos castanhos passearam pela multidão, mas ele não a viu. O pessoal do terceiro andar estava bem perto do palco e as garotas o encaravam boquiabertas, mas não estava com elas.

  “Mmmm... Mmmmm... Yeah...Mmmmm... Yeah, Yeah, Yeah
   Mmmm...Yeah... Mmmm.... Yeah, Yeah

  Baby I just don't get it
   Do you enjoy being hurt?
   I know you smelled the perfume, the make-up on his shirt
   You don't believe his stories
   You know that they're all lies
   Bad as you are, you stick around and I just don't know why”

   mordeu os lábios. Era para ela, não era? Porque se Zayn tivesse mudado de opinião e estivesse cantando para outra garota, iria capá-lo! Queria chegar mais perto do palco para vê-lo melhor, mas não queria sair andando para não se distrair. Mesmo que seus olhos não tivessem se encontrado, ela o encarava e observava cada um de seus movimentos. E o jeito como ele cantava e segurava o microfone. E seu corpo magrinho se balançando de um lado para o outro. Sua proteção invisível contra o charme de Zayn Malik começava a ir por água abaixo.

  “If I was your man, baby you
   Never worry bout what I do
   I'd be coming home back to you
   Every night, doin' you right
   You're the type of woman deserves good things
   Fistful of diamonds. hand full of rings
   Baby, you're a star
   I just want to show you, you are”

  Ele continuava a procurando, mas não conseguia ver nada. havia respondido que ia, porque não tinha aparecido? Estava de novo com Aidan?
   Precisava se conformar que não havia sido escolhido. Era só o amigo e continuaria sendo... Mas teria que pedir um tempo a ela. Não saberia fingir que estava tranquilo com a situação e que não via problemas em ser só o ombro que ela usava quando o namorado a magoava. Estava cantando uma música para ela, porra! Estava colocando tudo o que sentia para fora! Quando havia feito isso no passado? Nunca! Mas e daí, certo? nem estava ali para ouvi-lo.
   Mas aí vinha o refrão, que dizia pura e simplesmente o que ele mais queria:

  “You should let me love you
   Let me be the one to give you everything you want and need
   Baby good love and protection
   Make me your selection
   Show you the way love is supposed to be
   Baby you should let me love you, love you, love you”

  O coração de disparou ao ouvir a voz única de Zayn cantar que ela deveria deixar que ele a amasse. Conhecia seu melhor amigo bem demais para saber que era a primeira vez que expunha o que sentia daquele jeito. Então podia confiar que era real. Estava mesmo apaixonado por ela!
   O que deveria fazer? O que deveria fazer? Como resposta, uma parte de seu cérebro a lembrou de todas as vezes (só naquele último ano) em que Zayn havia sido perfeito com ela. O Dia dos Namorados, o dia que estava triste na balada e ele a levou embora, o CD de presente de Natal, as mensagens que eram fofinhas até quando ele estava tentando irritá-la... O beijo no Ano novo. Ah, aquele beijo! Fechou os olhos se lembrando da sensação de tê-lo tão perto, das mãos a abraçando e o corpo dele a empurrando para mais perto do palco. Abriu os olhos e suspirou.
   Se podia ter tudo aquilo, porque estava com o pé atrás? Seria tão fácil se apaixonar por Zayn!
   E, se estava disposta a se apaixonar por outra pessoa, então precisava enxergar o óbvio: Não havia mais salvação para seu namoro.

  “(...)
   If I was your man, baby you
   Never worry ‘bout what I do
   I'd be coming home back to you
   Every night, doin' you right
   You're the type of woman deserves good things
   Fistful of diamonds. hand full of rings
   Baby, you're a star
   I just want to show you, you are”

  Rumou decidida em direção ao palco, mas antes que pudesse chegar na metade do caminho, sentiu um empurrão muito forte vindo de alguém muito maior que ela. Uma briga se iniciava ali e ela se viu no meio de um empurra-empurra entre as pessoas envolvidas e as que tentavam se afastar. Antes que conseguisse sair, ouviu um grito agudo da garota em sua frente, que se virou apressada e acabou batendo sua cabeça na dela quando as duas trombaram. quase chorou de dor e a garota fez o mesmo.
   “Ai, me desculpa!” – A desconhecida disse, levando a mão a cabeça, os olhos cheios de lágrimas.
   “Tá tudo bem...” – respondeu num murmurio. Precisava sair dali!
   Ia dando passos para trás junto com as outras pessoas quando alguns policiais apareceram e começaram a dissipar a confusão, mas ela ainda se via meio zonza no meio do aglomerado de gente. Os baderneiros foram levados e a roda que havia se aberto foi fechando lentamente.
   Olhou para o palco e Zayn ainda cantava, mas tinha a testa franzida... Talvez fosse possivel ver a briga lá de cima.
   A garota estava tentando chegar perto dele, mas precisou parar porque ainda estava se sentindo zonza. Havia sido uma senhora cabeçada!
   “, o que houve?” – Era a voz de Liam e ele parecia alarmado.
   “Eu só... Foi só um encontrão.” – Ela respondeu, abanando o braço livre. – “Acabou que eu tava no meio da confusão de agora pouco!”
   “Eu sei! me mandou ver se te encontrava!”
   “Eu só preciso de um tempinho e...”
   “Sua testa tá roxa!” – Liam exclamou, quando tirou a mão que escondia o machucado. – “Acho melhor ir ver isso aí!”
   “Não, tá tudo bem! Me leva onde as meninas estão, eu...”
   “Não senhora!” – Ele disse, já a conduzindo na direção contrária. – “Vamos pelo menos colocar um gelo nisso aí!”
   “Eu preciso...” – falou, apontando para o palco. Estava sendo levada para o lado errado.
   “Tem um posto de pronto atendimento perto da saída! Vou te levar lá pra, pelo menos, colocarem um gelo!” – O rapaz disse, gentilmente.
   choramingou, mas nem era de dor. Queria terminar de ouvir sua música, queria que Zayn soubesse que ela havia escutado!

  Niall estava sozinho no bar da festa desde que havia se despedido de . Começava a enxergar tudo embaçado e estava se sentindo o cocô do cavalo do bandido.
   Já havia passado por vários estágios: Começando pela negação, claro. Aquilo não estava acontecendo, ele estava sonhando. Depois ficou com muita raiva. E nessa hora pensou em ligar para a ex-namorada para dizer que, para alguém que havia dito que não gostava de Danny e nada relacionado a história deles, ela havia o aceitado de volta muito fácil. E aí se sentiu invencível. Quis levantar e ir atrás de e bater em Jones, se fosse preciso. Agora estava no estágio de completa miséria. Se sentindo o maior perdedor de todos os tempos.
   E foi enquanto estava no fundo do próprio poço que percebeu alguém se aproximando, mas nem se deu ao trabalho de levantar a cabeça.
   “Vai por mim... Não adianta beber.”
   Ha! Mas era só o que faltava mesmo. O que ele estava fazendo ali?
   Niall bufou e não respondeu. Danny se sentou no banco ao seu lado e continuou falando.
   “Eu sei exatamente o que você tá tentando fazer... Já passei por isso também. Já tentei matar a imagem dela afogada em mil copos... Não funciona.”
   Devia ser divertidíssimo humilhá-lo daquele jeito. Por que Jones não sumia? Já a tinha de volta, por que estava pisando nele? Por que não ia ficar com de uma vez?
   “Eu achei que você fosse mais esforçado, irlandês. Que não ia tirar o time de campo assim tão fácil. Eu entendo... deu uma mancada séria contigo.”
   O que Danny sabia sobre os dois? Aquilo o deixava ainda mais enfurecido! Segurava o copo tão forte que as pontas de seus dedos começavam a ficar brancas.
   “Mas você ainda gosta dela, não gosta?”
   “O que você quer, Jones?” – O garoto grunhiu.
   “O mesmo que você...” – Danny respondeu. Niall deu uma risadinha sarcástica. Disso ele já sabia, era pra contar a novidade. – “Quero que fique aqui e não volte pra cidade natal dela.”
   Niall levantou a cabeça pela primeira vez e o encarou. Danny olhava sério para ele de volta.
   “Achei que ela fosse ficar com você.”
   “ continua teimando que não pode, mas eu sei que ela só precisa ser convencida a ficar, que é isso que ela quer.”
   Por que Jones estava dizendo aquilo pra ele?
   “E por que você não faz isso?” – Niall perguntou, com amargura.
   “Porque eu já tentei e não deu certo.” – Danny se virou no banco, apoiando os cotovelos no balcão e olhando para frente. Odiava admitir que não tinha mais a mesma influência nela.
   “E por que você tá me dizendo isso?” – Niall ainda o encarava com os olhos semi cerrados, tentando entender qual era a de Danny. Devia ser alguma piada.
   “Porque eu achei que você queria que ela ficasse também. Mas já vi que tava enganado...” – O rapaz começava a perder a paciência.
   “E você é um ex super gente boa e tá me dizendo tudo isso pra construir sua casinha no céu?!” – Niall continuava desconfiado das intenções de Jones.
   “Se ela ficar, eu posso ver minha filha quando eu quiser. Se ela ficar, a Joanna também fica.” – Danny disse, simplesmente, voltando a encarar o irlandês.
   “E por que você acha que vai ser diferente se eu pedir?”
   “Porque eu sei que tem que ser você, caralho! Porque quando EU fui embora, só a poderia ter me feito ficar...” – Ele disse e se levantou, tirando a carteira do bolso. – “Quer saber? Foda-se você! Eu achei que você gostasse da de verdade e que não ia querer perdê-la, mas você não tá nem aí! Só te digo uma coisa, irlandês: Se ela ficar por MINHA causa, ela vai voltar a ser MINHA.” – Danny jogou uma nota de £5 perto do copo de Niall. – “Por conta da casa...”
   E dizendo isso, saiu como um raio. Tirou o celular do bolso e digitou uma mensagem.
   “Tá em casa?”

   estava mais calma e tinha resolvido que, já que parecia ser mais uma noite de insônia, iria ficar estudando o quanto aguentasse. Achou seu celular que vibrava embaixo de uma pilha de papel, era uma mensagem de Danny.
   Leu e ficou meio sem saber o que responder... Não queria preocupá-lo, mas também não queria puxar assunto. Enquanto pensava, colocou o celular de lado e se virou para a pilha de papéis. Seus olhos pararam no formulário que Alexander tinha dado a ela.
   Mordeu os lábios e leu o título mais uma vez. Folheou o documento e se prendeu em algumas palavras que leu ali. Palavras complicadas, mas que faziam parte da sua vida... Sorriu ao pensar que estava finalizando seu mestrado. Aquele sentimento de dever cumprido tomando conta dela...
   Mas e o futuro? Porque aquele projeto não podia fazer parte dele? Se lembrou do que o orientador havia dito: “Às vezes a gente faz uma tempestade em copo d’água por uma coisa que se resolveria facilmente com diálogo.” Sabia exatamente o que ele queria dizer! E sabia exatamente com quem tinha que falar.
   Pegou o celular e discou o número que sabia de cor, sem saber se seria atendida... Já era tarde. Sorriu ao ouviu a voz conhecida do outro lado da linha.
   “Mãe?” – Chamou, apreensiva.
   “Aconteceu alguma coisa, ?” – Merda! Tinha a assustado.
   “Não! Não! Me desculpa ligar há essa hora, mas eu precisava conversar. A senhora já tava dormindo?”
   “Tava deitada, mas não tava dormindo não. O que aconteceu?” – Mães nunca dormem... Ou dormem? Será que ela um dia seria assim com Jo?
   “Eu...” – não sabia como começar. Ficou passando a mão pela calça do pijama, parecendo uma menininha que queria pedir para dormir na casa da amiguinha. – “Eu queria pedir uma coisa...”
   Mrs. bocejou.
   “Pode pedir.”
   “Se... O que aconteceria se eu quisesse ficar por aqui pra fazer o doutorado?”
   Sua mãe soltou uma gargalhada, fazendo-a franzir a testa.
   “Eu tô esperando essa ligação há um ano, !”
   mordeu os lábios, mas achou que poderia entender aquilo como um sinal positivo.
   “O que a senhora acha?”
   “Eu acho o óbvio, filha. Que você tem que fazer o que vai te fazer mais feliz...”
   “Eu... Eu não iria mais deixar a Jo aí pra senhora cuidar dela. Ia trazer ela pra cá e dar um jeito de conseguir conciliar tudo...” – falava e coçava a cabeça enquanto pensava “só não sei como ainda”.
   “Acho que seria o certo. Sua filha tem que crescer com você.”
   “Muita gente dá conta de mil coisas, né?”
   “Uhum... A gente é mulher. A gente faz o que quiser fazer!”
   As duas ficaram um tempo em silêncio. ainda se indagava porque aquela conversa tinha demorado tanto. Ela REALMENTE sofria muito por antecipação e fazia muita tempestade em copo d’água. Um acúmulo desnecessário de drama!
   “E a senhora?”
   “Eu o quê?”
   “Vai ficar sozinha aí?”
   Mrs. riu de novo.
   “Primeiro, eu vou tirar uma férias! Depois eu me viro. Eu já ficava sozinha aqui quando você tava na graduação, meu amor.”
   “Eu sei, mas... Não sei... A senhora quer vir pra cá também? A gente vende essa casa e compra uma aqui. Não tô falando isso pra senhora cuidar da Jo, juro!” – se apressou a dizer.
   “Eu sei que não... Mas gosto de morar aqui. Tenho minhas amigas, minhas atividades...” A garota fez que sim com a cabeça mesmo sabendo que a mãe não podia vê-la. Aquilo estava mesmo acontecendo?
   “Obrigada, mãe! Obrigada por tudo! Eu... Me desculpa por... Qualquer coisa... Você é demais!” – estava meio sem saber o que dizer. Mrs. parecia estar se divertindo.
   “Desculpa pelo que, meu amor? Tenho certeza que você faria ou ainda vai fazer o mesmo pelo Jo.”
   limpou uma lágrima rebelde que descia de seus olhos.
   “Com certeza vou fazer! E espero que um dia possa te retribuir por isso!”
   “Quero uma neta crescendo linda e saudável e uma filha doutora. Aí nossa dívida está paga.”
   As duas riram e a garota limpou os olhos.
   “Combinado!”
   “Posso voltar a dormir agora?”
   “A senhora disse que não estava dormindo!” – Mais risadas. – “Boa noite, mãe! Te amo!” “Também te amo, amorzinho! Beijos!”
   desligou o celular e respirou fundo, absorvendo a informação.
   Ia ficar! Ia fazer o doutorado em Saint Mary! Ia trazer Jo para morar com ela e ia continuar a ver as meninas do corredor, os garotos, e Danny!
   Se sentia eufórica, tinha vontade de pular e gritar e correr em círculos. Na verdade, fez uma espécie de dancinha no meio quarto. Mas assim que o pico de adrenalina baixou, só uma vontade permaneceu. Só havia uma pessoa para quem queria contar aquela novidade. Estava indo até o celular, que tinha ficado em cima da mesa, quando ouviu alguém batendo em sua porta. Quem seria aquela hora?
   Inconscientemente deu uma ajeitada em seu cabelo e abriu a porta.
   “O-oi!” – Disse, surpresa.

Capítulo 23 - The last song

  [Coloquem para carregar: XO – John Mayer e Love is in the radio – McFLY]

  (Coloquem para tocar: Not a bad thing – Justin Timberlake)

  “Said all I want from you is to see you tomorrow
   And every tomorrow, maybe you’ll let me borrow your heart
   And is it too much to ask for every Sunday?
   And while we're at it, throw in every other day to start”

  Niall estava parado no corredor e apoiava as mãos no joelho.
   “Oi!” – Ele respondeu, ofegante, e levantou o dedo como se tivesse que dizer algo, mas precisava de tempo para se recuperar. deu alguns passos para fora do quarto e encostou a porta.
   “Niall? O que houve? Você tá bem?”
   “Eu vim correndo!” – Explicou, ainda na mesma posição. – “Meu joelho...”
   “Tá doendo?” – Ela se aproximou mais dele. – “Você tem ido na fisioterapia?”
   Niall a encarou pela primeira vez e deu um sorriso triste.
   “Não... Não tem ninguém pra pegar no meu pé e me mandar ir.”
   sorriu de volta, entendendo o que ele queria dizer. O garoto respirou fundo e se endireitou, dando um passinho bêbado para o lado ao fazer isso.
   “Eu vim aqui pra te falar uma coisa!”
   Ela percebeu que ele estava bêbado e deu uma risadinha.
   “Quão bêbado você está, Horan?”
   Ele riu também e tentou parecer mais sóbrio.
   “Um pouco. Mas... Mas sóbrio o suficiente pra te falar isso!” – Deu uma tossidinha e limpou a garganta antes de continuar. Era tão adorável! – “, fica! Fica aqui em Saint Mary! E traz a Jo pra cá! Por favor! Por favor? E… Fica comigo? Fica aqui comigo!” – Pediu.

  “I know people make promises all the time
   Then they turn right around and break them
   When someone cuts your heart open with a knife, and you're bleeding
   But I could be that guy to heal it over time
   And I won’t stop until you believe it
   'Cause baby you’re worth it”

  O coração da garota ia sair pela boca! Era como se ele tivesse lido seus pensamentos e aparecido ali para dizer tudo o que ela havia imaginado para a conversa que tiveram mais cedo. E era melhor ainda! Porque agora sabia que sim! Ia ficar! Queria saltar pelo corredor todo de felicidade.
   “Niall…” – começou a dizer isso para ele, mas talvez algo em seu tom de voz deu a ideia contrária ao garoto, que se adiantou e segurou em seus braços.
   “Por favor, ! Me deixa cuidar de você e da Joanna! Eu sei que sou só um calouro, não tenho emprego, nem estágio, sou imaturo e mal sei cuidar de mim... Ok, eu te dou mais trabalho que a Jo, mas...”
   “É, você tá certo sobre tudo isso... Você é um moleque ainda pra assumir essas responsabilidades, principalmente com a Jo.” – interrompeu e Niall diminuiu a pressão que fazia em seus braços. Ele sabia! Sabia desde o início que Danny estava só tirando uma com a cara dele! Os dois já estavam juntos e Jones havia o convencido a ir até lá para implorar pelo amor dela, só para ouvir que tinham voltado. – “Mas eu não preciso de um pai para Joanna. Ela já tem um... Que é surpreendentemente um bom pai.” – Disse, mais para si mesma do que para Niall, e depois ergueu o rosto de novo para encará-lo. – “O que eu preciso é do meu namorado de volta. Dos meus beijos de boa noite e das minhas aulas pra entender futebol e rugbi. Eu preciso da voz rouquinha dele quando acorda e da preguiça em levantar da cama. Eu preciso do meu namorado tocando violão pra mim, preciso do sentimento gostoso de cuidar dele e de saber todo dia como ele está, se tá bem, se tá feliz... Eu preciso fazer meu namorado feliz de novo, Niall. Por que é isso que ME faz feliz...”

  “So don't act like it’s a bad thing to fall in love with me
   'Cause you might look around and find your dreams come true with me
   Spend all your time and your money just to find out that my love was free
   So don't act like it’s a bad thing to fall in love with me
   It’s not a bad thing to fall in love with me”

  Niall pensou em interrompê-la e beijá-la durante todo o discurso, mas simplesmente não conseguiu. Precisava saber se ela sentia falta de todas as coisas que ele sentia também. Claro que as listas batiam! Não era a mesma coisa passar as tardes de sábado assistindo futebol, se não tinha alguém perguntando “Que time é?”; “Por que a torcida tá gritando isso pra ele?”; “O que? Por que o gol foi anulado?”. Dormir e acordar recentemente eram uma tortura, a começar pela cama! Ninguém para abraçar, nem os beijinhos para convencê-lo a se levantar e as conversas antes de pegar no sono. A saudade que havia sentido de tocar violão e vê-la sorrir quando conhecia as melodias e cantarolar baixinho, porque tinha vergonha da própria voz, era imensurável. Além disso, seu cérebro tinha se acostumado a depender da preocupação dela. Como havia dito, tinha a impressão de que dava mais trabalho para que Joanna, mas agora era meio dependente dessa atenção toda e, ao mesmo tempo que queria cuidar das duas, precisava que ela cuidasse dele também.
   Quando finalmente terminou e o olhou curiosa, esperando sua reação, Niall riu. Estava se sentindo tão aliviado por ter escutado aquilo, que só conseguiu rir ao se dar conta de que tudo estava bem. Diante da alegria dele, ela só pode rir junto. Não havia Danny, história do passado, história mal contada, história não contada... Tudo tinha ficado para trás e, naquele momento, o mundo era só aquele corredor e os dois.
   Niall voltou a segurar os braços dela e levou suas mãos ao rosto do garoto, fazendo carinho em suas bochechas rosadas. Se estudaram por alguns segundos, correndo os olhos pelo rosto um do outro e se atendo aos seus detalhes favoritos: as pintinhas dele, os olhos dela, os sorrisos, a curvinha do maxilar perto da orelha...

  “Now how about I be the last voice you hear tonight?
   And every other night for the rest of the nights that there are
   And every morning I just wanna see you staring back at me
   'Cause I know that's a good place to start

  “E então? Posso ter meu namorado de volta?” – Ela perguntou, fazendo-o sorrir. Niall passou os dedos devagar pelos braços da garota e colocou as mãos em sua cintura, a trazendo para perto.
   “Esse é seu último pedido?” – Ele perguntou, fazendo os olhos de se iluminarem. Os pedidos!
   “É sim, seu duende... É tudo o que eu quero!”
   Niall fechou os olhos e sorriu ao ouvir aquilo. Inspirou profundamente se sentindo tão bem, que poderia explodir de felicidade. Enquanto estava de olhos fechados, sentiu se aproximar. Ela tirou as mãos de seu rosto e as deslizou para seu ombro e nuca, o garoto agora podia sentir o cheiro do seu perfume e sua respiração. Permaneceu de olhos fechados, queria que todos seus sentidos pudessem apreciar tê-la de volta. deu um beijinho de leve em seus lábios, mas foi o suficiente para que ele a abraçasse mais forte.
   “Meu irlandês!” – Ela disse baixinho.
   “Minha garota!” – Niall respondeu. Então abriu os olhos e sorriu instantaneamente vendo-a tão perto e em seus braços. Já havia adiado demais aquele beijo! Se inclinou e alcançou os lábios dela, acabando com qualquer distância entre eles. retribuiu a intensidade. Seus dedos passeavam pela nuca, pescoço e ombros do garoto. Ela também necessitava senti-lo da maneira mais completa possível.

  “I know people make promises all the time
   Then they turn right around and break them
   Then someone cuts your heart open with a knife
   Now you're bleeding
   Don't you know that I could be that guy to heal it over time
   And I won't stop until you believe it
   Cause baby you're worth it”

  Ficaram se beijando pelo que pareceram horas, nenhum dos dois queria quebrar aquele momento, nenhum dos dois queria se distanciar um centímetro que fosse.
   “Eu senti tanta saudade!” – disse, finalmente, meio desesperada. E enquanto dizia isso, distribuía beijinhos por todo o rosto do garoto, que ria de olhos fechados. Niall então a olhou e mexeu em seu cabelo, meio distraído. Mal podia acreditar que estavam mesmo juntos de novo! – “Se você acordar sóbrio amanhã e não se lembrar que a gente voltou, eu te mato, irlandês!”
   Ele gargalhou.
   “Já te falei que não tô tão bêbado assim! E mesmo se estivesse, se eu acordasse e tivesse dormido com você, nem ia tentar lembrar o que aconteceu! Ia te agarrar pra ter certeza que era verdade e voltar a dormir...”
   riu e deu um tapinha em seu braço.
   “Besta!”
   “Mas falando sério agora...” – Niall voltou a fazer carinho no rosto dela. – “Quando a gente brigou, eu te disse que queria que você ficasse, mas eu nunca cheguei a pedir realmente. Eu sei que é complicado, , mas eu queria você aqui comigo! A gente dá um jeito! Eu posso procurar um estágio ou... Não sei! Mas... Mas se você não puder mesmo, então a gente namora a distância. Eu vou te ver um fim de semana e você vem pra cá no outro.” – Ele disse rápido, para que a garota tivesse certeza que ele estava disposto ao que fosse preciso. – “O que você acha?”
   “2 minutos antes de você chegar eu liguei pra minha mãe. Nós conversamos e... Eu vou ficar, Niall. Vou ficar aqui com você, com a e com todo mundo!” – Ela contou, seu sorriso se alargando a cada palavra que dizia. O sorriso de Niall fazia o mesmo, ambos se olhavam radiantes e, quando ela terminou a frase, o garoto a abraçou e a tirou do chão, rodando-a.
   “Você vai ficar! Você vai ficar aqui comigo! É isso mesmo, né? Eu não entendi errado, não?”
   ria de novo quando foi colocada no chão.
   “Seu joelho, maluco!”
   “Não importa, não importa!” – Niall estava fora de si.
   “Sim, eu vou ficar! Vou trazer a Jo pra cá e vamos morar aqui. Alexander me propôs um doutorado e eu vou aceitar.”
   “Isso é música pros meus ouvidos!” – O garoto falou, ainda com aquele sorriso de cabide. Ele abaixou o rosto e encostou sua testa na dela, que fechou os olhos. – “Eu te amo! E vou cuidar de você e da Jo...”
   “E eu vou cuidar de você.” – prometeu. Os dois ficaram um tempo em silêncio até que ela suspirou e passou seu nariz de leve pela bochecha do namorado, subindo depois para morder o lóbulo de sua orelha e voltar distribuindo beijos pelo pescoço dele. Um para cada pintinha que havia ali – “Niall?”
   “Hum...” – Ele respondeu como pode, concentrado demais no carinho que ela fazia.
   “Será que a gente pode entrar?”
   Ele deu um sorriso de lado quando ambos se encararam.
   “Achei que você nunca ia pedir!”

  “So don't act like it’s a bad thing to fall in love with me
   'Cause you might look around and find your dreams come true with me
   Spend all your time and your money just to find out that my love was free
   So don't act like it’s a bad thing to fall in love with me
   It’s not a bad thing to fall in love with me”

   se virou para abrir a porta e Niall a abraçou por trás, como se eles não pudessem ficar 5 segundos separados. Porém a soltou quando entraram no quarto e abriu os braços.
   “Lar, doce lar!” – Exclamou, com um sorrisão no rosto. Ela pegou as coisas espalhadas pela cama e colocou tudo em cima da escrivaninha. Antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, o garoto tirou os tênis e puxou a camiseta que usava por cima da cabeça rápido, fazendo rir.
   “Você vai fazer tudo sozinho?” – Perguntou com as sobrancelhas arqueadas e Niall gargalhou daquele seu jeito.
   “Vem aqui me ajudar... Tô bêbado!” – O garoto brincou mexendo a cabeça para que ela chegasse mais perto.
   foi até lá e colocou as mãos no rosto do namorado, fazendo-o sorrir de lábios fechados.
   “Já falei que tava com saudades?” – Perguntou.
   “Não lembro... Pode falar de novo!” – Ele respondeu, fazendo-a rir mais uma vez.
   “Eu tava com saudades...” – repetiu em um fio de voz. Niall passou seus braços pela cintura da namorada.
   “Eu tava enlouquecendo de saudade!” – Ele contou. – “Eu te ouvia brigando comigo de vez em quando na minha cabeça...”
   encostou seu rosto na curva do pescoço dele e Niall a abraçou mais forte, levantando uma mão pra afagar o cabelo dela.
   “Brigando? Mas que imagem ótima você tem de mim!”
   Niall riu.
   “Aparentemente é uma das coisas que eu mais gosto em você.”
   “Bom saber!” – Ela levantou a cabeça e deu um beijinho em seus lábios.
   Niall não deixou que se distanciasse e a beijou de novo, os dedos brincando com a barra da blusinha que ela usava, antes de tocar sua barriga por baixo do pano. Ok, eles já tinham conversado demais! E havia mais coisas que ambos estavam sentindo saudade. O beijo foi se intensificando e o número de peças de roupa parecia estar acima do permitido. Um problema que eles foram resolvendo enquanto iam desajeitadamente até a cama. se ajoelhou no colchão para ajudá-lo com a calça e se deitou depois, sendo acompanhada por Niall.
   A cama que ele tanto adorava. A garota que ele tanto adorava.

  “No,
   I won't fill your mind
   With broken promises and wasted time
   And if you fall, you'll always land right in these arms
   These arms of mine”

   estava deitada sobre o peito de Niall, sentindo um prazer imensurável em escutar o coração do namorado e sentir sua respiração. Sentia que nada podia ser mais perfeito que aquela noite e um sorriso insistia em nascer em seus lábios mesmo se ela tentava fechá-lo. Achava que, pela primeira vez em dias, seria capaz de simplesmente cair no sono e dormir como uma pedra... Porém, logo descobriu que estava ligeiramente enganada.
   Sim, ia ficar. Sim, tinha Niall de volta. Sim, já tinha o que fazer, pois aceitaria a proposta de Alexander e tudo isso era ótimo. Mas ainda tinha muitas outras coisas para resolver.
   Onde ela moraria? Não podia criar Joanna em uma residência estudantil. E quem cuidaria de Jo enquanto ela estava no laboratório? Teria dinheiro para colocá-la numa escolinha? A filha era tão pequenininha! Tudo mudaria tanto quando se mudasse de vez para lá. Será que Niall aguentaria a nova rotina que eles teriam que adotar?
   “Ainda acordada?” – Niall perguntou, mexendo nos cabelos da garota. levantou o rosto, apoiando o queixo no peito dele e sorriu.
   “Tava só pensando em umas coisas...” – Respondeu vagamente. Não queria incomodá-lo com suas dúvidas naquele momento.
   “Alguma coisa que eu possa ajudar?” – Ele quis saber, sorrindo de volta. Era mesmo a pessoa mais adorável do mundo!
   “É só... Coisas que eu preciso arrumar agora que decidi que vou ficar. Onde vou morar...”
   “Você vai sair daqui?” – O garoto a interrompeu.
   “Não posso criar a Jo no SPR, Niall. Não pra sempre...” – explicou e ele fez que sim com a cabeça e mordeu os lábios. Precisava ajudá-la a achar um lugar... Ou as duas acabariam morando com o Danny!
   “Nós podemos...” – Começou.
   “Não, senhor! ‘Nós’ nada. Você vai continuar morando na JJJ. Não quero que você se preocupe com isso!”
   Niall riu.
   “Eita! Que rebeldia pra não morar comigo!” – Falou, fazendo-a rir também.
   “Besta! Você sabe que não é isso. Eu só não quero que você se preocupe e mude sua vida inteira por minha causa.”
   “Você podia ir morar na JJJ, então.” – Ele zombou e riu mais.
   “Claro! Porque tudo o que eu preciso pro bom desenvolvimento da Jo é tomar café com o Murs de cueca e beer pong todas as quintas.”
   “As quartas.” – Niall a corrigiu e ambos gargalharam. – “De qualquer forma, eu vou te ajudar a achar uma casa então. Imagina, ter uma casa inteira pra ser meu lugar favorito no mundo?!”
   deu um beijo onde seu queixo estava apoiado e sorriu para o namorado.
   “Você é tão incrível, Horan! Sério... Incrível!”
   Ele deu um sorriso de lado e voltou a mexer nos cabelos dela.
   “Qualquer que seja o problema, nós vamos resolver juntos, ok? Meu problema ou seu ou da Jo... Nós vamos dar um jeito em tudo.”
   fez que sim com a cabeça e subiu na cama para beijá-lo. Sentia-se tão segura e acreditava tanto nas palavras do namorado! Se Niall havia dito que os dois dariam um jeito, então eles dariam mesmo.
   “Obrigada, meu amor!”
   “De nada! Agora deita aqui e relaxa.” – Ele a abraçou mais forte e a garota voltou a encostar a cabeça no peito do namorado, parecendo mais tranquila. Sorriu ao receber um beijinho no topo da cabeça.
   Iria finalmente dormir com o(s) anjo(s).

  “Don't act like it's a bad thing to fall in love with me
   'Cause you might look around and find your dreams come true with me
   Spent all your time and your money just to find out that my love was free
   So don't act like it's a bad thing to fall in love with me
   It's not a bad thing to fall in love with me
   Not such a bad thing to fall in love with me”

  Zayn vinha carregando a case do violão nas costas, sentindo algo entre raiva e decepção. Poderia aceitar que só o queria como amigo, mas ela nunca havia faltado um show antes! Já havia tirado o celular do bolso e o guardado mil vezes, pensando se mandava uma mensagem para saber onde ela estava, mas acabou desistindo por fim. Porque tinha uma boa ideia de onde a garota poderia ter ido. E não queria confirmar suas suspeitas.
   Para sua surpresa, assim que virou para entrar em seu corredor, a encontrou sentada no chão e encostada na porta de sua casa. Ela tinha uma das mãos na cabeça e parecia triste. Ele bufou, cansado daquilo.
   “O que ele fez?” – Perguntou sem rodeios e de má vontade, fazendo se sobressaltar e se virar para olhá-lo. Tinha um roxo enorme na testa. Mas era só o que faltava! Aidan agora batia nela também?! Ele se livrou da case do violão e caminhou rápido até onde a garota estava. – “Eu não acredito nisso! Eu vou matar aquele filho da puta!”
   franziu a testa. Do que Zayn estava falando?
   “Oi?”
   “Levanta, nós vamos na delegacia. Eu não acredito que você deixou chegar nesse estágio, . Porra!” – O rapaz parou ao seu lado e parecia enfurecido. Delegacia? O quê?
   “Do que você tá falando?”
   “Eu não aguento mais isso, ! Como você se submete a essas coisas? Eu já te falei que você não precisa. Eu já...” – Zayn estava transtornado. – “Enfim... Levanta daí. Nós vamos na delegacia e depois no hospital.”
   “Malik! Será que você pode, por favor, parar de falar em código? Que delegacia?”
   “Se esse Aidan está te batendo... Foi a primeira vez? Ele estava bêbado? Esse roxo tá horrível e...”
   finalmente entendeu e levou a mão a testa, mas precisou rir, deixando-o ainda mais nervoso.
   “Zayn, a única pessoa que bebeu aqui foi você! Claro que Aidan não me bateu, perdeu o juizo? Eu... Eu estava vendo você cantar no parque hoje e... Acabei no meio de uma confusão.” – Ela contou, ficando muito tímida de repente. Tudo o que tinha ensaiado dizer tinha sumido de sua cabeça no meio dessa confusão que ele havia feito.
   Ele respirou fundo algumas vezes tentando se acalmar, mas manteve o olhar atento nela por algum tempo... Poderia estar mentindo. Mas não, parecia ser verdade.
   Então... Então ela tinha ido?
   “Você estava no parque?” – Perguntou, oferecendo-lhe a mão para levantar, que aceitou. Porque estava tão difícil encará-lo?
   “Zayn? A gente pode conversar na sua casa?” – A garota perguntou, ainda um pouco tímida e tendo dificuldades de respirar. Se sentia ridícula!
   Zayn por sua vez sentiu borboletas no estômago ao ouvir isso e era tão... Estranho! Se sentia ridículo!
   “Claro...” – Respondeu. Bateu as mãos no bolso procurando pela chave e se lembrou que estava em sua case. Foi até lá, pegou o violão e abriu a porta.
   Os dois entraram e logo o clima parecia esquisito novamente. Era estranho para ambos estarem se sentindo daquele jeito.
   “Então você foi no show hoje? Porque não estava com as meninas?” – Ele tornou a perguntar.
   “Eu estava! Aí sai pra buscar cerveja, encontrei a Lottie e quando vocês começaram, eu parei pra ouvir.” – Ela explicava, mexendo mais as mãos do que era preciso. – “... E começou uma briga do meu lado e uma menina me deu uma cabeçada e aí o Liam me achou e eu acabei indo pro lugar de pronto atendimento, pra colocar um gelo no galo.”
   Zayn a observava com os olhos estreitos e os braços cruzados... A história parecia meio sem pé nem cabeça, mas não tinha porque ela estar mentindo. Se aproximou para examinar a testa da amiga, que prendeu a respiração.
   “Ficou feio!” – Disse. – “Quer colocar mais gelo?”
   se arrepiou quando ele tocou seu rosto e Zayn pareceu perceber, porque sorriu de lado. Devia ser tão acostumado a causar isso em outras garotas!
   “Não, não precisa. Eu... Hum... Gostei muito da primeira música que vocês tocaram.” – Começou, sem nem saber de onde vinha aquela coragem toda.
   Ele abaixou os olhos para fixá-los nos dela e mordeu os lábios.
   “Você gostou?”
   fez que sim com a cabeça. Estava entorpecida pelo momento.
   “Zayn... Você acha que isso pode dar certo? Nós nos conhecemos bem demais! Eu sei todos os seus podres!”
   Ele riu.
   “Todos? Acho que não...”
   A garota franziu a testa.
   “Ah, não? Então você não me conta tudo?”
   “Te conto só o que eu acho relevante...”
   “Ah é? É pior do que tudo o que eu já ouvi?”
   Ela o encarou brava, fazendo-o rir e se aproximar mais.
   “Você quer parar de ser idiota, ? Eu já não te falei que tô apaixonado por você de verdade? Não vai ser nada parecido com o que eu já te contei...”
   mordeu os lábios. Lá estava ele se declarando de novo... Ia ceder, ia acabar cedendo. Não tinha nenhuma saída contra aqueles olhos castanhos e intensos. Era só mais uma garotinha completamente envolvida por Zayn Malik.
   “Me promete que não vai me zuar!”
   “É esse o seu medo? Alguma vez eu te zuei?” – Ele estava sério (e ainda mais sexy).
   “Não, Zayn, mas nós nunca tivemos nada.”
   “Porque eu faria alguma coisa errada agora? Eu ainda perderia minha amiga se te afastasse.” – Ele disse e umedeceu os lábios. Levantou a mão de novo e fez carinho na bochecha de . – “Vai ser completamente novo pra mim, você sabe disso. Mas é o que eu quero. No fim, não tinha nenhuma outra pessoa melhor mesmo. Tinha que ser você.”
   fechou os olhos. Estava com tanto medo... E ao mesmo tempo, a vontade que tinha de saber o que ia acontecer ficava tão grande que parecia não caber mais nela.
   “Eu não sei o que você costuma dizer ‘pras garotas antes de beijá-las, mas devo dizer que esse discurso foi bem eficaz...”
   “Foi?” – Zayn deu uma risadinha fofa. Ela podia ser seu cheiro, tão único, muito perto agora.
   “Me beija logo, Malik!” – Ordenou, abrindo os olhos.
   Ele deu mais um sorriso de lado. Do tipo “faça seu último pedido”. Do tipo “I’m sexy and I know it”. Do tipo “Zayn Malik”.
   Havia ganho a batalha.
   Ele a segurou pela cintura e, sem desfazer o contato visual, a encostou na parede do hall de entrada. passou os braços pelo pescoço dele.
   “Você sempre consegue quem quer que seja, não é?”
   “Eu nunca realmente quis tanto alguém antes.” – E dizendo isso, abaixou a cabeça para beijá-la.
   pode mais uma vez constatar por que a lembrança do reveillón vez ou outra a tirava do sério. Aquele beijo continuava sendo seu preferido, mas só até esse momento. Ter toda a “técnica” de Zayn associada a sua paixão por ela o tornava completamente irresistível. Se sentia tão desejada! Aidan nunca havia a beijado daquele jeito. Ninguém havia. Quanto mais ele a apertava contra a parede, mais forte ela o abraçava. Logo perderiam o fôlego, mas isso não parecia ser um problema.
   Quando se separaram, ambos respiravam pesadamente. Zayn porém parecia não caber em si de felicidade. Era tão difícil vê-lo sorrindo daquele jeito! Era como se seu sorriso fosse tão precioso que era necessário muito trabalho duro para tê-lo, mas sempre valia a pena.
   “Isso é tão estranho!” – Ela disse, passando os dedos pelo cabelo molinho dele.
   “Um estranho bom, né?”
   “Ser tão bom é a parte estranha...” – respondeu. Ele riu, fazendo-a sorrir também. - “E se der errado, Zayn?”
   “Se der errado, nós ainda vamos ter uns 5 meses juntos, porque você é frouxa demais para terminar um namoro.” – O garoto brincou.
   “Ouch!” – se fingiu ofendida. Sair dali era a última coisa que queria, mas tocar nesse assunto a lembrou que ela ainda tinha que fazer exatamente aquilo: terminar o namoro. Desceu as mãos para o peito dele, como se quisesse afastá-lo. Zayn ou não entendeu ou se fez de desentendido. – “Falando nisso, acho que antes de tudo eu preciso conversar com o Aidan...”
   Zayn rolou os olhos, ainda a segurando contra a parede.
   “Você pode fazer isso amanhã.”
   “Não seria justo com ninguém se eu passasse a noite aqui sendo uma garota comprometida.”
   “Ele nem ia dar falta...”
   Triste, mas verdade.
   Zayn a soltou e foi até a porta. levantou uma das sobrancelhas, ele havia mudado de ideia muito rápido. O garoto girou a chave, trancando-os para dentro e depois colocou a chave no bolso da frente de sua calça.
   “Você pode ir se pegar a chave!” – Disse, dando um de seus sorrisinhos inconvenientes. gargalhou.
   “Que técnica horrível, Malik... Eu vou enfiar a mão aí e pegar a chave. Esse não é nosso primeiro encontro, eu te conheço o suficiente pra fazer isso sem ficar com vergonha.”
   “Mas aí é que está... Eu duvido que você vá querer ir se conseguir pegar a chave na minha calça.” – Ele respondeu astutamente, fazendo-a rir mais ainda.
   “Você é tão insuportável!”
   E apesar do tom descontraído da conversa, não pode deixar de imaginar além. Curiosidade era mesmo uma merda.
   “Eu prometo que vou e volto!” – Ela disse, tentando ficar séria e colocando seus pensamentos no lugar. Primeiro o dever... Depois a diversão.
   “Não vou deixar você sair daqui hoje.” – Zayn não daria o braço a torcer assim tão fácil. Ele se aproximou dela de novo que, instantaneamente, se encostou na parede. – “Se você veio aqui por causa da música, deveria saber como nossa noite vai acabar.”
   Ele a olhava tão intensamente que seus joelhos fraquejaram.
   “É bom que você não seja propaganda enganosa...” – o provocou. – “Nada estragaria mais nossa amizade que isso.”
   “Ninguém nunca voltou pra reclamar...” – Ele deu de ombros e ela riu.
   Bom, dane-se... Já tinha traído Aidan em atos e pensamentos de qualquer forma, pensou. Zayn a beijou de novo e ela perdeu o fio de qualquer pensamento. Precisava daquilo mais do que achava que precisava. Precisava mesmo ser amada, como ele havia cantado.

  Era domingo à tarde e e estavam sentadas no sofá da casa da segunda, colocando as fofocas do fim de semana em dia. Era tanta coisa que ambas tinham que contar e elas estavam tão animadas e falantes, que qualquer pessoa de fora que tentasse entender a conversa, ficaria perdida em dois minutos.
   “E cade esse irlandês bêbado agora?” – perguntou, sorrindo tanto quanto a amiga ao vê-la tão feliz.
   “Foi na JJJ pegar as coisas dele e tomar banho. Sequestrei ele por essa semana.” – disse. – “E o Styles? E quando vai ser esse café da manhã?”
   contou que estava planejando fazer algo em sua casa para seus amigos “gente grande”, para apresentar Harry a eles como seu namorado.
   “Tá no quarto, vendo TV com o Hendrix.” – Respondeu, olhando na direção de seu quarto. Tão adolescentemente apaixonada, que só faltava suspirar. A amiga sorriu. – “Não sei ainda. Nessa semana ou na outra... Quero que seja um dia que todo mundo possa vir!”
   “Me avisa se precisar de ajuda.”
   “Ajuda na cozinha, ?” – Ela zombou, fazendo rir.
   “Eu posso trazer umas coisas prontas do mercado, arrumar a mesa, levar o Hendrix pra passear e tirar ele daqui...”
   Ambas gargalharam e então se endireitou e bateu na perna de .
   “E quando você se muda pra cá?”
   A garota a olhou confusa.
   “Mudar?”
   “Sim, você vai vir morar aqui.”
   Que papo era aquele?
   “Morar quando? No dia do café da manhã? Você quer que eu durma aqui?”
   “Não, ! No seu doutorado. Você e a Jo vão vir morar aqui comigo e eu não aceito ‘não’ como resposta.”
   “Mas ... Morar onde? Eu agradeço a oferta e pode ser uma boa mesmo, enquanto eu não acho uma lugar definitivo, mas...” – Ela começou, mas foi interrompida.
   “Que lugar definitivo, criatura? Na JJJ? Com o Danny? Ele, você e o Niall nos almoços de domingo?” – perguntou, fazendo rir.
   “, você sabe que eu te amo, mas eu não posso aceitar. Não posso vir pra cá com uma criança pequena, tomar seu quarto de hóspedes, perturbar seu namoro recém recomeçado com o Styles... Não tá certo!”
   “Não ia te dar meu quarto de hóspedes mesmo. O sótão tá vazio, , e ele é gigante! Daria pra você ter sua cama, guarda roupas, mesa de estudos, as coisinhas do Jo, uma mini sala... Como se fosse sua própria casinha, mas com a melhor vizinha de todas. E panquecas nos sábados de manhã... Quando eu voltar da academia.” – piscou, fazendo a amiga sorrir, um pouco nervosa.
   “, eu... Eu não quero te atrapalhar. Você já fez tanto por mim esse ano todo!”
   “Larga a mão de ser besta, ! E você não me atrapalharia em nada! Vai ser ótimo ter você e a Jo aqui. Lembra nossos planos da faculdade? Nossa casa de porta vermelha?” – fez que sim com a cabeça. As duas sempre planejaram dividir uma casa, que teria que ter a porta de entrada vermelha. Por algum motivo que nenhuma delas sabia explicar. – “Além do mais, nós vamos dividir as despesas, o que vai ser muito melhor pra você, do que pagar um aluguel inteiro sozinha.”
   Ela estava certa. não podia se esquecer que, além das despesas com a casa, teria que pagar uma escolhinha para Joanna. Não podia se dar ao luxo de jogar dinheiro fora.
   “Você jura que não tá me oferecendo só por educação?” – A garota perguntou, fazendo a amiga rolar os olhos. – “Eu não quero mesmo te incomodar, . Eu posso dar um jeito se for ser ruim pra você.”
   “Para de falar asneira! Já falei que não aceito ‘não’ como resposta. Só quero saber quando você se muda, pra limparmos o sótão.”
   sorriu agradecida.
   “Você é um anjo, !” – Falou, dando um abraço de urso nela.
   Estavam combinando a mudança, quando Harry apareceu (só de boxers) indo quase correndo do quarto para a cozinha, acenando para e carregando Hendrix embaixo do braço. franziu a testa.
   “Harry?”
   “Hum?” – O garoto colocou a cabeça na porta da cozinha. Tinha uma expressão de falsa inocência no rosto que não enganava ninguém.
   “Harry, o que você aprontou?”
   Ele entrou na cozinha de novo.
   “Eu? Nada...”
   se virou para , que segurava o riso.
   “Styles! O que você fez?”
   “Hum... Talvez eu tenha derrubado mel no Hendrix. Mas só talvez...” – Ele respondeu de lá.
   A garota colocou as mãos nas têmporas e respirou fundo duas vezes.
   “Dois minutos, !” – Ela falou e saiu em direção à cozinha. – “HARRY STYLES!”
   não se aguentou e riu dos dois brigando. Finalmente esse namoro ia pra frente!
   Deitou a cabeça no encosto do sofá e ficou encarando a porta que ela sabia que levava até o sótão. Só tinha ido até lá umas duas vezes e se lembrava de contando sobre o jantar de Dia dos Namorados. Era mesmo um espaço bom para se ter um quarto/quarto da Jo/sala. Já imaginava lhe mostrando dezenas de fotos de decoração e ficando maluca com a ideia de montar a “nova casa”.
   Ela sorriu. Iria morar com sua melhor amiga, o que poderia ser melhor?

  El estava sentada na sala da república e terminava um desenho que contaria pontos em sua nota final do semestre. Estava tão concentrada, que demorou um pouco para perceber que Lottie entrava no cômodo.
   “Hey!” – Cumprimentou sorridente, como sempre fazia, mesmo sendo ignorada. Não tinha motivos para tratá-la mal e nem achava que adiantaria algo, porém havia se acostumado a não receber resposta alguma em troca.
   “Oi!” – Lottie respondeu, para sua surpresa, fazendo-a levantar a cabeça. – “Taylor contou que você vai viajar pela Europa nessas férias...” – Ela assuntou, se sentando na poltrona da frente e sorrindo de volta para Eleanor.
   O que estava acontecendo? Ela não ia mandar Hannah atrás deles, né?
   “Hum... Vou sim. Mal posso esperar!” – Respondeu, tentando não passar sua desconfiança na voz.
   “Lou vai enlouquecer em Madri e vai te arrastar pro estádio do Real! Onde mais vocês vão?”
   Aquilo era muitissimo estranho, mas Eleanor não sabia se devia perguntar o que estava havendo ou só agir como Lottie estava agindo.
   “Ele já até comprou o tour pelo estádio!” – Contou e ambas deram uma risadinha. – “Vamos pra Espanha, França, Itália e depois ficamos um pouco na Bélgica, porque vou participar de um workshop com um amigo da .”
   “Sério? Ele é estilista também?”
   “Uhum, se chama Julién e é ótimo!”
   “Aaaah, isso é tão legal!” – Lottie exclamou, dando um sorriso tão sincero que Eleanor se sentiu totalmente desarmada. Não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que estava adorando “tê-la de volta”. Resolveu puxar mais assunto.
   “E você? Como tem ido nas provas?”
   A garota deu de ombros.
   “Indo mais ou menos... Mas acho que passo sem DPs. Preciso de férias!” – Disse rindo e tomou mais um gole de seu chá. – “Hum... El... Eu, eu queria te pedir desculpas.” – Começou, fazendo Eleanor se endireitar no sofá.
   “Lottie...”
   “Eu fui rude demais com você e o Lou e nunca realmente tentei dar uma chance de vocês se explicarem ou de conversarmos civilizadamente. Eu não tenho nojo de você e eu me arrependo de ter dito aquilo e te magoado. Eu só... Fui pega de surpresa.”
   El fez que sim com a cabeça.
   “Eu juro que queria ter te contado antes, mas você tinha tanta raiva da nova namorada dele e eu... Não sabia bem o que fazer!”
   “Eu sei... Sei que não facilitei.”
   “Eu respeito seus sentimentos pela Hannah, Lottie, mas eu amo tanto o Lou! Amo mesmo e...”
   “Eu sei!” – Ela interrompeu. – “E também sei que ele ama você! E... Eu entendo agora.” As duas sorriram uma para a outra.
   “Eu não quero tomar o lugar de ninguém... Eu só quero continuar namorando seu irmão e tendo você como amiga. Mesmo se você gostar mais dela, eu posso aceitar isso.”
   Lottie riu.
   “Eu pareço uma filha chata de pais separados, causando problemas para a madrasta, né?”
   Eleanor gargalhou. Mas bem... Agora que ela tinha mencionado...
   “Esse meu discurso de ‘não quero tomar o lugar dela’ foi bem coisa de mãe postiça!” – Respondeu e ambas riram mais.
   “Hannah vai ter que entender, como eu fiz. Eu prometo que isso não vai ser mais um problema!”
   El sorriu agradecida.
   “Você não sabe como isso me faz feliz, Lottie!”
   “De qualquer forma, vai ser bom ter você pra me ajudar quando eu precisar chantagear ele!” – Falou, mostrando a língua.
   “O que a senhora tá querendo?” – El perguntou interessada.
   “Por enquanto nada, mas nunca se sabe...” – Ela disse, piscando, e se levantou. – “De qualquer forma, eu só queria pedir desculpa, El. E te dizer que eu sinceramente tô torcendo por vocês dois a partir de agora.”
   Eleanor se levantou também e deu um abraço na cunhada, que a abraçou forte.
   “Muito obrigada, linda, significa muito pra mim.”
   “De nada. E cuida dele! E mais tarde quero saber tudo sobre a viagem!” – Lottie sorriu, enquanto El a soltava. – “Preciso ir lá pra cima terminar umas coisas, mas volto mais tarde.”
   “Combinado!” – A garota respondeu, toda feliz, voltando para seu desenho. Quando Lottie saiu da sala, ela pegou seu celular e digitou uma mensagem para Lou. Tudo estava bem! No andar de cima, a Tomlinson caçula terminava um e-mail.

  Oi Hannah,
   Espero que esteja tudo bem aí em Manchester e você não esteja enlouquecendo com as provas. Eu sei que eu estou um pouco com as minhas, mas pelo menos tá quase acabando. Você volta pra Doncaster quando mesmo?
   Acho que não vai rolar o que a gente tinha planejado pro verão. Eu meio que fiz as pazes com a Eleanor e vou mais tarde falar com o Louis. A verdade é que os dois estão bem e a gente não deveria se meter. Eu espero que você entenda e não me odeie por isso, mas acho que é melhor até pra você. Lou gosta mesmo dela e é recíproco; eu vi como eles são bonitinhos um com o outro. Espero não estar te machucando com esse e-mail, é a última coisa que eu quero, mas eu acho mesmo melhor deixá-los em paz.
   Você continua sendo uma das minhas melhores amigas e eu vou continuar torcendo pelo seu sucesso em tudo. E vou torcer também pra você encontrar alguém e se apaixonar de novo e ser muito feliz. Hum... Acho que o Martin tem um primo gatinho mais velho que ele, quer que eu sonde o terreno?
   Me liga quando chegar em Doncaster, quero muito te ver!
   Beijos,
   Lottie

  Ela sorriu satisfeita para a tela do computador. Estava em paz com a cunhada e esperava que Hannah a entendesse. Mesmo que levasse tempo, sabia que estava fazendo o que era certo. Não cabia a ninguém, a não ser a Louis, decidir o que era melhor para ele. E não podia negar... O irmão fazia ótimas escolhas!

  As semanas de provas iam passando muito rápido para aqueles que estudaram pouco e devagar demais para aqueles que só queriam se jogar em um pedacinho de grama e lagartixarem enquanto o Sol ainda esquentava alguma coisa.
   já tinha terminado seu último exame, o que significava que sua reunião com a coordenação de graduação finalmente havia chegado. Ela estava sentada do lado de fora do escritório da Mrs. Finnigan com alguns papéis na mão e batia os pés impacientemente. Ouviu alguém correndo pelo corredor e levantou a cabeça, sorrindo instantaneamente.
   “Achei que você ia estar no estágio!” – Disse, ao ver Liam se aproximar.
   “Inventei uma desculpa. Tinha que estar aqui quando você saísse dessa reunião!” – Ele se sentou ao seu lado e deu um selinho demorado na namorada. – “Como você tá? Nervosa?” “Um pouco.” – mentiu. Estava apavorada.
   “Vai dar tudo certo! Você é uma ótima aluna, o tipo de aluna que qualquer universidade ia querer manter.” – Liam disse, segurando as mãos frias da namorada, que sorriu.
   Ficaram um tempo em silêncio. O garoto percebeu que ela estava ansiosa e não quis desconcentrá-la com papo furado. se sentia grata pela companhia dele, tinha tanta sorte em ter Liam em sua vida!
   “ ?” – Uma senhora perguntou, aparecendo na porta.
   se levantou e lançou um último olhar ao namorado, que a encorajou. Assim que ela entrou, porém, ele pode deixar a armadura de lado e se sentar encolhido na cadeira, demonstrando todo seu próprio nervosismo. Tinha que dar certo! Se sentiria tão culpado se a garota continuasse em um curso que não gostava só porque não queria ir embora de Saint Mary!
   tinha contado a ele que conhecia pessoas que haviam trocado de curso sem problemas, mas que normalmente eram entre cursos parecidos. O que queria fazer era trocar completamente de area! Nunca deixava que a namorada visse essa preocupação toda, mas agora que estava sozinho naquele corredor... Não poderia estar sentindo mais medo por ela.
   Então algo fez com que seu humor mudasse completamente. Se imaginou sentado em um corredor exatamente igual àquele, esperando que desse a luz ao primeiro filho (ou filha) deles. E o simples pensamento do futuro em que isso aconteceria, aqueceu seu coração. Ainda que fosse demorar anos e anos... Ele sabia que um dia se sentaria sozinho de novo, para esperar por boas notícias de novo. E seria o dia mais feliz da sua vida!
   Estava sorrindo para o nada, pensando em filhos e casamento e coisas assim quando saiu do escritório. Ela mantinha o rosto neutro, Liam não conseguia dizer qual tinha sido a resposta. Se levantou.
   “E aí?”
   “Ela me perguntou porque a mudança e por que eu havia escolhido Psicologia. Depois disse que eles não costumam fazer esse tipo de transferência... Que apesar de ser uma aluna modelo, eu estaria fazendo uma mudança muito drástica.”
   Liam engoliu em seco e colocou as mãos no bolso.
   “Não teve jeito então?”
   “Eu disse a ela que havia errado em tentar uma carreira só por causa dos meus pais, mas que agora eu estava confiante sobre Psicologia. Que eu já havia lido e conversado com outras pessoas sobre o curso e que eu sabia que com minhas notas do Ensino Médio, eu teria conseguido a bolsa pra esse curso também, se tivesse me candidatado.” – contou. – “Me ofereci para fazer os quatro anos em três, usando minhas férias de verão pra me igualar em número de matérias. Assim, eles não teriam que me dar um ano a mais de bolsa por que eu resolvi mudar de curso.”
   “E ela?” – Liam não estava aguentando mais tanta tensão.
   finalmente sorriu.
   “Ela disse que eu parecia muito determinada e preparada. Perguntou se eu achava que poderia dar conta, mesmo quando precisasse fazer estágio e eu respondi que eu tinha certeza que poderia. E aí ela aceitou!” – Ela finalizou abrindo os braços.
   O garoto colocou a mão na boca, quando ambos começaram a rir e correu para abraçá-la.
   “Não acredito! Não acrediiiiito!”
   “Deu certo! Deu certo!” – repetia, pendurada no pescoço do namorado.
   Liam a colocou no chão e ambos se encararam, parecendo radiantes.
   “Você é a melhor! Eu sabia que ia rolar!”
   “Eu vou ter que fazer a Hermione, Liam! Vou ter que arrumar um vira tempo!” – A garota falou, parecendo absorver a notícia aos poucos. – “Preciso fazer mil coisas, nem sei como vão ser as férias agora! Tenho que achar um tutor em Psicologia e me arrumar com a grade.” – Ela ia listando. O namorado colocou as mãos em seus ombros.
   “Fica calma! Você vai fazer tudo isso. E nós vamos passar o verão aqui, oras. Você começando seu curso novo e eu no meu estágio.”
   mordeu os lábios e fez que sim com a cabeça. Era só o que precisava saber: Que Liam estaria lá, ao seu lado.
   “Obrigada por me apoiar e me ajudar! Eu não tenho ideia do que faria sem você!”
   Ele sorriu e deu um beijo delicado nos lábios da namorada.
   “Eu não fiz nada! Parabéns, meu amor! Você merece essa vitória!”
   Eles não podiam se pegar bem no meio da Coordenação, por isso só se abraçaram e deram alguns beijinhos. estava tão aliviada!
   “Liga pra sua mãe agora.” – Liam falou, tirando o celular do bolso, enquanto ambos andavam abraçados de volta para o SPR. – “Ela tá mega curiosa!”
   franziu a testa.
   “Você tava falando com a minha mãe?”
   “Sim, ela estava preocupada!”
   o olhou de lado. Aquilo era bizarro demais! Não era ruim... Mas era bizarro.
   “Ok então...” – Falou, pegando o celular e dando de ombros. – “Ela tá na sua lista de ultimas ligações? Liam!”
   Mais três anos de terceiro andar garantidos! E pelo jeito... Seria durante todos os 12 meses do ano!

  “Styleeees! Levantaaa!” – falou, dando um puxão no edredom e fazendo-o grunhir e se encolher. – “Você tem meia hora pra se arrumar pro café da manhã!”
   “Retiro o que disse, não quero ser apresentado pra ninguém. Escondido é mais gostoso. Deita aqui!” – Ele resmungou, sem nem se mexer. parou aos pés da cama.
   “Você tá me zuando, né?”
   Harry bufou e se virou para olhá-la. Como conseguia ser tão bonita logo cedo?
   “Que horas são?”
   “8 horas. Levanta, Styles! E vai tomar um banho.”
   O garoto enrolou o máximo que conseguia, mas se arrastou até o banheiro, enquanto terminava de se maquiar. Ela sorriu quando, algum tempo depois, sentiu cheiro de banho e do perfume dele pelo quarto. Como gostava de sentir aquele cheiro logo pela manhã mais uma vez!
   “Aaah, agora sim!” – Falou, se levantando e indo até o namorado e o abraçando. – “Merece até um beijo de bom dia agora.”
   “Você me enganou! São 7 horas ainda!” – Ele a acusou.
   “Jamais ia tentar te acordar só meia hora antes, Harry! Como se eu não conhecesse sua preguiça!” – Ela falou, rindo e lhe dando um beijo.
   “Muito espertinha, essa minha mulher!” – Ele disse, afundando o rosto no pescoço dela. – “Bom que a gente tem mais tempo pra... Pra gente.”
   riu e deixou que ele distribuísse alguns beijos por ali, mas depois se afastou um pouco.
   “Vem, você me ajuda a preparar o café.”
   Ele poderia até tentar dormir mais um pouco, mas a ideia de namorar na cozinha parecia muito mais interessante. Se deixou ser levado por ela, entrelaçando suas mãos.
   “O que você quer que eu diga hoje?” – Ele perguntou, enquanto andavam.
   “Nada scriptado.” – Ela respondeu, sorrindo. – “Confio no seu charme pra conquistar todo mundo.” – Harry deu um sorriso de lado. – “Mas não muito charme, Styles. Quero mais ninguém apaixonada por você, não!”
   O garoto gargalhou e a abraçou, enquanto os dois entravam na cozinha.
   “Ciumentinha!”

   e Liam estavam à mesa da cozinha do terceiro andar com e estava sentada no balcão da pia e abraçava Niall, de pé entre suas pernas, por trás. A primeira contava aos amigos sobre a reunião e eles bebiam para comemorar a conquista da amiga.
   “Então o time continua todo aqui, né?” – Niall perguntou.
   “Com o reforço da Jess, que se muda em agosto!” – disse, animada.
   “E você nos abandona quando, ?” – Liam se virou para a veterana.
   “Depois do fim de semana da minha defesa. Já avisei a que só saio do SPR quando meu contrato acabar. Vai ser tão difícil dizer adeus!” – Niall deu um apertãozinho solidário na perna da namorada. – “E, ah, Liam! Sugeri seu nome pra novo RA, espero que você aceite!”
   e olharam para o garoto sorridentes.
   “Eu, ?”
   “Sim! E quem mais seria?”
   “Com certeza não o Louis!” – riu e todos a acompanharam.
   “Aeee, ! Cama de casal!” – Niall se desvencilhou da namorada e foi até a amiga dar um high five. – “Vou sentir saudade dela!”
   “Você pode matar a saudade quando quiser!” – Liam zombou em um tom sedutor e piscou.
   “Só chamar, Payno!” – Niall retribuiu.
   “Mas que palhaçada é essa aqui?” – fingiu estar brava, puxando o namorado de volta.
   “Vai continuar na JJJ, Horan?” – perguntou, quando todos pararam de rir.
   “Vou sim. Tenho que me vingar da minha época de trote nos calouros em setembro!”
   “Coitados se não gostarem de trote igual você!” – Liam falou. – “Nunca vi ninguém tão biscate!”
   As meninas riram.
   “Niall gosta de qualquer coisa que envolva conversar com mil pessoas e ser ridículo. De preferência ao mesmo tempo.” – explicou, fazendo-o se virar.
   “Mas o que que é isso? Vindo logo de você?!”
   Ela deu de ombros e precisou puxá-lo de volta pela segunda vez, ao vê-lo se afastar.
   “Vem aqui, futuro veterano! Tô brincando!” – A garota falou, dando beijinhos no rosto do namorado. – “E quando começam suas aulas, ?” – Perguntou, quando ela e Niall já estavam “de bem” de novo.
   “As aulas oficiais só em setembro. Mas vou fazer vários intensivos durante o verão, pra tentar nivelar e poder cumprir créditos do primeiro e do segundo ano.”
   “Orgulho!” – falou, sorrindo para a amiga.
   “Hum... Você acha que vai ter tempo pra um último trabalho como estudante de arquitetura?” – quis saber.
   “O que você tem em mente, ?”
   Ela sorriu.
   “Precisava de ajuda com o sótão... Pensei em você e no Liam. Pelo menos pra dar um jeito de usar o espaço da melhor forma possível e tal.”
   fez que sim com a cabeça e olhou para o garoto em busca de afirmação.
   “Bom, não sou engenheiro civil, mas uma base eu devo ter... Se você quiser, eu te ajudo!” – Ele disse, olhando diretamente para a namorada.
   se virou para e sorriu.
   “Posso tentar! Você tem a planta?”
   bateu palmas.
   “Não, mas vou pedir pra ! Obrigada, vocês dois!”
   “De nada!” – O casal respondeu em uníssono, sincronizados como sempre.
   “E você e o Malik, dona ?”
   A garota abriu um sorriso enorme e seus olhos brilharam.
   “Me surpreendendo a cada dia! Se eu soubesse que ele era tão bom namorado, tinha terminado com o Aidan antes!”
   As garotas riram. Liam havia parado de implicar com ele desde o dia do parque... Até porque não havia mesmo motivo nenhum.
   “Ele anda todo bem humorado pelo laboratório... Parece outra pessoa!” – contou, deixando-a ainda mais feliz.
   “É incrível! Ele ainda tem aquelas coisas que sempre me irritam... Mas provavelmente não seria a mesma coisa se a gente não brigasse pelo menos uma vez por dia.”
   “Sendo vocês dois, provavelmente não!” – concordou.
   “Chama ele pra ir na festa da JJJ, !” – Niall convidou, sorrindo. Não era amigo de Zayn mais por falta de contato, mas não achava que teria problemas com ele. Bom... Quem tinha problemas com Niall, de qualquer forma (a não ser Danny, talvez)?
   sorriu agradecida.
   “Chamo sim... Não sei se ele vai querer, mas agora meus graus de chantagem estão mais avançados!”
   “Prefiro nem saber!” – Liam falou, tampando os ouvidos com a mão e todos riram.
   apoiou o queixo no ombro do namorado, enquanto ouvia as meninas contando sobre algo da festa no parque que ela não tinha visto. Deveria estar estudando, mas sempre que tinha a oportunidade de estar com aquelas pessoas, ela acabava escolhendo o tempo livre. Porque em menos de 15 dias não moraria mais ali e momentos como aquele se tornariam mais difíceis.
   Estava chegando a hora do adeus definitivo ao terceiro andar.

  A época dos exames passou e isso só poderia significar duas coisas: Férias e verão! O terceiro andar, porém, continuava movimentado e a barulheira ficava por conta de Louis, que parecia estar desmontando o próprio quarto, quando só estava arrumando suas malas para viajar com Eleanor. Liam e não teriam férias, já que o primeiro estava no estágio e a segunda começaria seu intensivo no novo curso. iria para Bradford com Zayn em alguns dias, mas tinha decidido esperar pela defesa de .
   Defesa que aconteceria no dia seguinte.
   Por esse motivo, a garota andava no próprio quarto de um lado para o outro recitando sua apresentação tantas vezes, que começava a passar do estágio de nervosismo para o estágio em que só queria se ver livre de tudo aquilo. Queria ir para casa e ver a filha, queria a excitação de se mudar para a casa de ... Queria férias!
   Alguém bateu na porta e ela parou de andar para ir atender. Um Niall sorridente estava parado do lado de fora e carregava uma sacola em cada mão com algo que cheirava a comida chinesa.
   “Sabia que você ia estar ficando maluca!” – Ele disse, provavelmente se referindo ao cabelo despenteado e o rosto pálido da namorada. – “Vim te fazer companhia e te colocar pra relaxar. Vamos comer, assistir filme e dormir...”
   “Mas Niall...” – tentou argumentar, abrindo espaço para que o garoto entrasse. Ele colocou as sacolas na escrivaninha e empilhou tudo que estava jogado por lá em um canto.
   “Nada de ‘mas’!” – Niall a interrompeu. – “Se você não se der uma folga, vai estar cansada amanhã. Fica tranquila, , você já estudou tudo o que podia. Vai dar tudo certo!”
   Ele abriu os braços e a garota não recusou o abraço, indo até lá e ganhando vários beijinhos.
   “Foi a que te mandou aqui?” – perguntou rindo.
   “Quando ela me mandou mensagem, eu já estava no meio do caminho...”
   Ela tinha mesmo as melhores pessoas do mundo ao seu redor!

  “Haha... Fica tranquila, ! Eu já tava indo mesmo... Vim só buscar o jantar. Niall x”
   sorriu para o celular e o colocou de lado, voltando a prestar atenção no computador, onde terminava de fazer as contas para fechar a loja naquele dia. Estava concentrada nessa tarefa quando ouviu alguém na porta.
   “Queria falar com a dona dessa espelunca...”
   Franziu a testa. Não porque alguém estava chamando sua loja de espelunca, mas porque conhecia perfeitamente aquela voz. E não a ouvia há muito tempo! Levantou a cabeça e lá estava ele. Parado na porta, com dois sorvetes na mão... O sorriso torto para o lado esquerdo, forçando sua única covinha.
   Como toda vez que via Tom depois de tanto tempo, teve vontade de ir até lá socá-lo. Mas foi traída mais uma vez por seus próprios movimentos: se levantou da cadeira e saiu correndo para abraçá-lo.
   “Seu idiota!” – Xingou, enquanto ainda o apertava o mais forte que conseguia. Ele ria e a abraçava de volta como podia, já que carregava os sorvetes. – “Eu devia te matar por desaparecer! Eu devia fechar a porta da loja na sua cara! Ou na sua cabeça!”
   Tom só fazia rir (porque sabia que ela deveria mesmo).
   “Framboesa? Ainda é seu preferido?” – Perguntou, quando o soltou e ofereceu uma das casquinhas a ela, que sorriu. Eles ainda se conheciam tão bem!
   “Peraí, preciso terminar aqui e já te xingo mais!” – A garota falou, voltando para o fundo da loja e Tom se sentou nos degraus para esperá-la.
   Não demorou muito e trancou a porta e se sentou ao lado dele, pegando um dos sorvetes.
   “Você pode me explicar qual é o milagre que te trouxe aqui?”
   “Dougie veio pra Inglaterra apresentar a namorada pra tia Sam e...”
   “Oi?” – o interrompeu. – “Tá sério assim?”
   “Tá sim, você acredita? Ele chegou ontem e a namorada chega no sábado. Então eu e o Harry decidimos vir pra casa do Danny e o Dougie vem também, antes de ir buscar a garota em Heathrow... Fazia muito tempo que nós não nos reuníamos.”
   “Ah, não me diga!” – ironizou. – “Você mora aqui do lado, Fletcher! Custava vir visitar? Precisou o Danny voltar pra cá pra você e o Harry virem?”
   “Você também nunca foi me ver, ...” – Ele tentou, dando de ombros.
   “Porque sua querida esposa não gosta de mim!” – A garota bufou e Tom coçou a nuca com a mão livre. – “Quer saber, eu não vou mais brigar com você por causa disso. Será que agora que o Jones voltou, você pode aparecer mais então? Traz a Giovanna, se for a única solução...”
   Foi a vez dele franzir a testa.
   “Você tá mesmo falando isso? O que aconteceu? Tá com febre?” – Ele perguntou, tentando medir sua temperatura e tomando um tapa nas mãos. riu.
   “Larga a mão de ser besta! Eu só quero voltar a te ver com mais frequência. Mesmo que signifique ver sua digníssima também.” – Ela falou fazendo uma careta e Tom fingiu não perceber o gesto.
   “Eu vou tentar, , eu prometo.” – O rapaz falou, balançando a cabeça. – “Não quero perder minha sobrinha crescendo...”
   A garota abriu um sorriso.
   “Joanna tá tão linda!” - Mas então se lembrou de algo. – “Aliás, obrigada por ser um fofoqueiro de primeira, ou o Danny não teria voltado!”
   Os dois riram e ele colocou a mão na boca.
   “Juro que foi sem querer, !”
   “Tudo bem. No fim eles se acertaram e vão ser os melhores pais do mundo pra Jojo...”
   “Mas nenhuma chance deles voltarem a ser um casal, né?
   fez que não com a cabeça.
   “Não. Bom, não agora... Não dá pra prever o futuro. Mas ela tá feliz com o Niall e o Jones tentou, viu? Se ela fosse balançar, já tinha balançado...”
   “Eu disse pra ele desde o começo que ia dar merda... Ele nunca me ouviu!” – Tom deu uma mordida na casquinha, enquanto ainda pensava nisso. – “Mas enfim... E a senhora, o que me conta? Sua loja tá exatamente igual você descrevia!”
   “Não tá?” – falou, dando um sorriso enorme. Quando ainda eram inseparáveis, Tom havia passado noites e noites ouvindo os planos dela. A descrição da loja que ela teria e das roupas que venderia. – “Você precisa ver meu estúdio, mas não hoje, que tá tudo uma bagunça! Até quando vocês ficam aqui?”
   “Até sábado de manhã... Dougie vai buscar a garota e eu e o Judd vamos aproveitar a carona.”
   “Falando nele, cade?” – Ela perguntou. – “Aquele metido se esqueceu de mim também?”
   “Quando eu sai pra vir pra cá, ele e o Danny já estavam na metade da garrafa de vinho.” – Tom contou rindo. – “Você conhece, né?”
   “Avisa esses dois que eu não quero ninguém de ressaca no almoço da amanhã! Vocês vão, né? Ela sabe que vocês estão aqui?”
   O rapaz fez que não.
   “Sabe nada. Nem nós sabíamos da defesa dela... Mas foi uma coincidência ótima e não se preocupe: eu tiro eles da cama no tapa amanhã.” – Ele falou piscando e fazendo rir.
   “Como nos velhos tempos!”
   Os dois ficaram um tempo em silêncio finalizando seus sorvetes e se sentiu incrivelmente leve com aquele momento. Poderia xingá-lo e acusá-lo de ter abandonado ela e mais uma vez, mas não ia adiantar nada. Só iria aumentar o clima ruim e a nuvem negra em cima deles. A nuvem negra que parecia ter mantido Tom afastado por todo esse tempo.
   Além do mais... Giovanna não precisava se preocupar com ela da maneira que se preocupava no passado. Porque agora tinha um namorado.
   “Danny te contou... Hum... Que eu estou namorando?”
   Tom se virou para olhá-la e sorriu. Seu sorriso que forçava a covinha.
   “Contou sim... Uma das vezes que ele foi escrever comigo. Quem é o cara que eu tenho que matar? Jones me disse que ele é novinho igual o namorado da .”
   Ela rolou os olhos.
   “Você não tem que matar ninguém! E sim, ele também é novinho...” – falou, fazendo aspas com a mão na última palavra. – “Mas é um cara incrível. Eu tô muito feliz!” – Falou. E de repente percebeu que sim... Estava MUITO feliz! Uma felicidade palpável.
   “Se você tá feliz... Então eu tô também.” – Tom respondeu sorrindo, sendo totalmente sincero, e sorriu de volta.
   Estava sentindo algo que demorou para entender o que era, mas ao ouvi-lo dizer que estava feliz porque ela estava feliz, percebeu que era alívio.
   Durante anos sua ligação e suas emoções com relação a Tom haviam sido um território sensível para ela. Nunca havia conseguido distinguir o tipo de amor que sentia e isso a deixava maluca ás vezes. Era maior que amizade, era diferente de amor de irmão e ela se recusava a acreditar que era paixão. Cada hora parecia uma coisa, na verdade, e porque o rapaz ocupava tantos “cargos” dentro do coração dela, parecia incapaz de se apaixonar por outra pessoa.
   Tom precisou se distanciar de forma brusca e pelo motivo errado, fazendo com que ela o odiasse um pouco, para que se libertasse. Agora podia vê-lo como seu melhor amigo e até como um de seus amigos-irmãos, mas não havia mais confusão. Ele e Harry Styles podiam conviver pacificamente em seu peito e ela podia amá-los sem conflitos internos.
   Havia encontrado o equilíbrio que tinha procurado por tanto tempo.
   “Você terminou aqui?” – Tom voltou a falar, apontando para a porta atrás dele. – “Quer ir lá dar uns tapas no Judd?”
   Ela se levantou quase imediatamente.
   “Que convite irrecusável!” – disse e ajudou o amigo a se levantar.
   O rapaz tirou o celular do bolso, enquanto eles contornavam a pracinha e leu uma mensagem.
   “Timing perfeito! Dougie acabou de chegar!”
   bateu palmas, animada como há muito tempo não ficava.
   “Boys are back in town, boys are back in town...” – Cantou, sendo acompanhada por Tom.
   Seus meninos estavam de volta!

  Niall e se levantaram rápido ao verem deixando a sala onde estava acontecendo sua defesa. A garota parecia fisicamente cansada, como se tivesse corrido uma maratona. Metaforicamente, ela tinha mesmo.
   “E aí?” – O namorado perguntou, nervoso.
   “Acabou... Os membros da banca examinadora se reúnem agora e decidem se me dão o título de Mestre ou não.” – explicou, se aconchegando nos braços abertos do garoto a sua frente.
   “E o que você achou?” – perguntou, mordendo a pontinha da unha.
   “Eu tava bem nervosa, mas respondi a maioria das perguntas. Acho que vai dar tudo certo.”
   As duas amigas sorriram uma para a outra.
   “Tem uma surpresa te esperando no terceiro andar!” – disse animada e mesmo Niall pareceu interessado.
   “Surpresa?”
   “Sim, agora que você acabou, já posso te deixar curiosa... Convidados especiais no seu almoço!”
   franziu a testa e encarou o namorado, que deu de ombros. As únicas pessoas em quem conseguiu pensar foram sua mãe e Jo. Bom... Não seria nada mal ter as duas em Saint Mary para celebrar sua conquista. Mrs. havia achado melhor não estarem lá, já que Jo distrairia demais na véspera e, por esse motivo, tinham concordado em ficar em casa... Mas talvez tivesse mudado de ideia.
   “Quem?”
   “?” – Alexander abriu a porta e se endireitou e se desvencilhou do abraço de Niall. – “Nós já estamos prontos.”
   A garota fez que sim com a cabeça e se voltou para os dois ali com ela.
   “O pior já foi... Vai lá, Mestre!” – disse, piscando.
   “Tô muito orgulhoso de você!” – Niall disse, com um de seus maiores sorrisos, e deu um beijo na testa da namorada.
   apertou a mão dele e voltou para a sala para ouvir o veredito dos professores. Os últimos 3 anos resumidos nos próximos 5 minutos... Mas ela tinha um bom pressentimento.

  Os três saíram do elevador no terceiro andar conversando animados sobre os planos para o verão, mas logo pararam de falar ao escutarem a bagunça que vinha da cozinha. As meninas haviam se encarregado do almoço de comemoração, mas além das vozes delas e de Liam, havia outras mais.
   abriu a porta e quase caiu para trás ao ver quem se encontrava ali.
   Além dos rostos que já esperava encontrar, também podia ver Tom, Dougie e Harry Judd. O que eles estavam fazendo ali?
   “Meu Deus!” – Exclamou. – “Vocês!”
   Niall os olhava um pouco confuso, mas tinha uma vaga ideia de quem se tratava.
   “E aí? A gente tá comemorando ou bebendo pra esquecer?” – Dougie perguntou enquanto a abraçava.
   “Poynter!? De que buraco australiano você saiu?”
   “Veio trazer a namorada pra conhecer a familia!” – Judd contou, fazendo o queixo da amiga cair.
   “O QUÊ? E cadê essa santa?”
   “Chega amanhã. E parem com isso... Vocês tão me envergonhando na frente dos meus novos amigos!” – Dougie disse, fingindo estar tímido e apontando para a cozinha.
   Todos eles riram e logo foi cumprimentar os outros e receber os parabéns (quando finalmente respondeu a pergunta se estavam celebrando ou afogando as mágoas).
   Só Deus sabe como todos eles almoçaram naquela cozinha minúscula! Danny e Tom agora estavam sentados no chão tocando violão; e Styles estavam parados perto da geladeira conversando com Liam e ; , Jess e Niall lavavam a louça e mandavam sossegar toda vez que a garota ia tentar ajudá-los e Judd, Josh e Dougie jogavam baralho na mesa.
   “, cade o Zayn?” – perguntou, se sentando na bancada e percebendo que ainda faltava alguém. Sabia que o namorado da amiga não era presença garantida na turma, mas tinha a esperança de que ele passasse a frequentar mais o terceiro andar.
   “No estágio! Mas me prometeu que ia na festa da JJJ hoje!”
   As meninas ergueram as sobrancelhas juntas em surpresa, fazendo-a rir.
   “Zayn Malik vai em uma festa da JJJ? Olha... Tá te amando mesmo!” – falou, dando batidinhas nas costas dela e fazendo todas elas rirem.
   “Tá nada...” – respondeu, mas sorria sem graça. – “Foi só porque eu falei que ia com ele ou sem ele!”
   “Tá certa. Tem que ser o homem da relação! É assim que se faz, não pode dar mole pra esses caras!” – Jess completou, fazendo Niall levantar os braços (e o pano de prato) em indignação.
   “Hey, eu tô aqui ouvindo essa conversa, viu?”
   “Você é a excessão, Horan. Você é o homem da nossa relação...” – disse, fazendo que não com a cabeça para as duas. – “Agora volta a secar os pratos direitinho aí!”
   As garotas gargalharam.
   olhou pela cozinha e pulou da bancada para ir se sentar ao lado de Tom. O rapaz parou de tocar o violão e passou um dos braços pelas costas dela.
   “Ok! A não me assassinou ontem, então eu acredito que é hoje que eu morro!” – Ele brincou, fazendo-a rir.
   “Você bem que merecia, Fletcher! Mas eu tô semi dopada de felicidade no momento... Vou deixar passar!”
   Ele riu e a puxou para mais perto.
   “Como a Jo tá? Queria tanto vê-la!”
   “Vou pra casa buscar ela amanhã, você vai estar aqui a tarde?”
   Tom fez uma carinha decepcionada e balançou a cabeça. Danny se virou para prestar atenção na conversa.
   “Vai ficar pra próxima...”
   “Só espero que não seja na formatura dela ou nada assim...” – provocou, fazendo Jones rir.
   “Já prometi pra e vou te prometer também: De agora em diante, vou vir pra cá sempre que puder! E espero que vocês me visitem também... Sem ressentimentos?” – Tom parecia bem sincero em sua promessa e olhava atento para a amiga, que sorriu.
   “E eu consigo ficar com raiva de você e dos meninos por muito tempo?” – disse, como se isso a deixasse zangada, mas era só como as coisas sempre tinham funcionado. Apesar de tudo, se sentia incrivelmente feliz de vê-los todos ali conversando e interagindo. Todos as pessoas que o terceiro andar tinha dado de presente para ela.
   “Vou tocar no pub hoje.” – Danny contou. – “Você e a vão, né?”
   A garota mordeu os lábios, tinha combinado com Niall de ir para a JJJ.
   “Hum... Vou ver.” – Respondeu, meio sem jeito.
   “Pode levar o Niall também, se quiser.” – Danny disse, forçando um sorriso e engolindo em seco o que deveria ser todo seu orgulho. Tom se virou para examiná-lo.
   “Vou falar com ele. Obrigada pelo convite, de qualquer forma...” – falou e tentou mudar de assunto rapidamente. – “E como estão as coisas no estúdio, Fletcher?”
   Mas a resposta foi interrompida por .
   “! ! Cadê o discurso pós defesa?”
   “Boa! Discurso! Discurso!” – Niall puxou as palmas, sendo acompanhado pelo resto do pessoal. A garota fazia que não com a cabeça, mas Judd já estava indo até lá para levantá-la.
   “Odeio vocês” – Ela disse, fazendo-os rir. Mordeu os lábios e ajeitou o cabelo para ganhar tempo, mas todos já aguardavam suas palavras. Respirou fundo. – “Tá bom então. Mas se eu chorar, sintam-se culpados! Hum... Pra falar a verdade, eu não tenho muito o que dizer, a não ser ‘Obrigada’. Cada pessoa nessa cozinha e algumas que não estão aqui...”
   “Que Deus os tenha!” – Dougie interrompeu, fazendo o cômodo explodir em risadas.
   “Posso continuar, Poynter?”
   “Pra quem nem queria começar...” – Jess brincou e a amiga deu de língua.
   “Dougie e sua mania de interromper discursos...” – Judd disse, ainda doído pelo seu discurso do Dia de Ação de Graças anos atrás.
   “Shhhh... Vai, !” – , tentou acabar com a conversa paralela.
   “Obrigada, ! Como eu ia dizendo... Cada um de vocês nessa cozinha, e algumas pessoas que não estão aqui, tem um pedaço do meu coração e foi importante na minha conquista de hoje. Mesmo os que andaram sumidos pela vida (ela olhou para Danny, Tom, Judd e Dougie – que assobiava e olhava para cima, como se não fosse com ele)... Vocês foram a base, o começo de tudo e eu nem sei explicar como tô emocionada de ter os quatro aqui e... Harry! Cade a Izzy?”
   Todos riram de novo.
   “, se você se auto sabotar a gente não vai nem chorar e nem acabar com isso hoje!” – falou, ainda rindo.
   “Ficou em Newcastle. Alguém tem que trabalhar, né?”
   “Aaaah, poxa vida! Traz ela da próxima vez, hein?” – pediu e depois limpou a garganta para começar de novo. – “Enfim... Tô mega contente de ter vocês aqui e saber que isso não vai mais ser um evento a cada cinco anos me deixa ainda mais feliz (ela sorriu de novo para eles)! Os outros presentes, a nova geração do terceiro andar... O que teria sido do meu ano sem vocês? Sem as risadas, a ajuda, os conselhos e as tequilas? Vocês são meus novos irmãos e meus irmãos mais novos. Aprendi tanto com cada um e amo tanto todos vocês que a ideia de não morar aqui a partir de setembro e não ver essas carinhas sonolentas toda manhã me dói um pouquinho. Mas não vai mudar nada, vou continuar vindo aqui atazanar as meninas, comer cookies e dar palpite nas receitas do Liam. Obrigada por serem tão especiais!”
   “Ah, merda!” – falou, limpando os olhos. – “Já era, ! Deu tempo de chorar sim!”
   também passou a mão pelo rosto antes de continuar.
   “Meu irlandês...” – Ela começou, olhando para Niall que sorria e tinha os olhos brilhando, já um pouco marejados. – “Meu plano inicial era tão simples! Eu só queria vir, ficar quietinha no meu canto fazendo meu mestrado, defender, ir embora para casa e para a Jo... E aí você chegou me dando um chapéu de bobo da corte e sendo o ser humano mais apaixonável que eu já conheci (Danny olhava para baixo e mordia os lábios). Obrigada por não ter desistido de mim quando eu tentei te afastar, obrigada por ter sido sempre tão perfeito e tão incrível... E obrigada pela paciência e por manter minha sanidade nesses últimos dias. Eu amo você!”
   “Também te amo!” – Niall respondeu, sem emitir som e sorrindo um de seus sorrisos de cabide encantadores.
   “Acho que só sobrou a agora, né?” – falou, limpando os olhos mais uma vez. – “Mas pra você eu não tenho o que agradecer não... Nem te conheço direito.” – Zombou, fazendo os outros rirem.
   “Tô aqui só pela cerveja!” – respondeu, também com a voz embargada, levantando a latinha em sua mão.
   “Meu anjo da guarda, meu porto seguro, minha irmã, minha psicóloga, minha personal stylist... Eu estaria tão perdida sem você, que nem sei se eu seria a mesma pessoa. Nem consigo imaginar mais o que é a vida sem a sua amizade! E nem acredito que finalmente vamos ser, além de tudo, housemates! Mal posso esperar pelas panquecas no sábado de manhã e pelas broncas diárias pra ir pra academia. Obrigada simplesmente por existir e por me aguentar durante todos esses anos, sem nunca sair do meu lado!”
   “Quem foi o filho da puta que pediu discurso?!” – disse, soluçando e sem conseguir segurar as lágrimas.
   “Isso porque ela não queria falar nada!” – Josh brincou, para descontrair, já que todo mundo parecia não saber mais o que dizer.
   “Vocês que pediram!” – se defendeu, levantando o braço e indo abraçar . – “Vamos parar esse chororo e vamos beber!”
   “Ótima ideia!” – Liam disse, indo até a geladeira. – “Quem quer mais cerveja?”

  A bagunça na cozinha se estendeu pela tarde e houve inclusive uma tentativa de guerra de balão d’água, que não foi muito para frente já que eles estavam em muitos. Vez ou outra um dos moradores do terceiro andar sumia e aparecia de volta de banho tomado e pronto para a festa da JJJ.
   saiu, fechou a porta do seu quarto e percebeu que Niall estava ali, apoiado na parede.
   “Tenho um presente pela defesa!” – Ele disse.
   “Niall! Você sabe que não precisava me dar nada!”
   “É um presente meio egoísta...” – Ele explicou, tirando algo do bolso e entregando um envelope para ela. – “São passagens pra você e pra Jo irem me ver na Irlanda. Não vou conseguir ficar um mês sem te ver!”
   A garota abriu o envelope, sorrindo de orelha a orelha.
   “Passagens pra Irlanda?”
   “Isso! Você vai?”
   “Que pergunta, Niall, claro que vou! Conhecer Mullingar!” – disse animada, se aproximando mais dele. – “Muito obrigada! Amei o presente e mal posso esperar!”
   A garota passou os braços pelo pescoço do namorado e distribuiu beijinhos delicados em seu rosto antes de juntar seus lábios.
   “Obrigada!” – Ela disse mais uma vez, quando se separaram. – “Você é o melhor!”
   “Vamos então? Já despachei o resto do povo pra festa!”
   olhou para o outro lado, reparando quão silenciosa a cozinha estava agora.
   “Todo mundo já foi? Nem esperaram a gente?”
   Niall riu.
   “Você quer mesmo ir? Vi seus amigos combinando o pub com a .”
   Ela mordeu os lábios e olhou de volta para o fim do corredor.
   “Vamos?” – Convidou. – “Sei que fica meio estranho pra você, por causa do Danny e tudo, mas faz tanto tempo que não vejo os meninos!”
   O garoto sorriu e levantou uma das mãos para fazer carinho na bochecha da namorada.
   “Pode ir pro pub, não tem problema! Aproveita seu tempo com eles! Eu vou pra JJJ, não quero deixar ninguém desconfortável... Essa é uma noite só pra vocês seis mesmo.”
   às vezes custava a acreditar que aquela pessoa na sua frente era real.
   “Você não existe!” – Repetiu para ele, talvez pela milésima vez desde que começaram a namorar. – “Você definitivamente não existe!” – Falou mais uma vez.
   “A gente se vê amanhã?”
   A namorada estreitou os olhos, analisando-o.
   “Você vai aparecer aqui bêbado as 3 da manhã, não vai?”
   Niall gargalhou.
   “Você me conhece bem demais!” – Falou e a puxou para mais um beijo.
   “Arranjem um quarto!” – Os dois ouviram uma voz vindo da porta da cozinha e se separaram, rindo.
   “Poynter, você é o maior empata foda da história!” – Judd falou, vindo atrás do amigo. – “Mas já que vocês dois se largaram... Vamos?”
   “Vamos!” – respondeu animada, indo até eles de mãos dadas com Niall.
   Eles pararam em frente ao elevador e se entreolharam.
   “Sete pessoas em um elevador só... Isso não vai dar certo!” – Tom disse, contando-os com os olhos.
   “Se estragar, a gente coloca a culpa no Tomlinson.” – disse, já entrando. – “Vem!”
   Eles se espremeram dentro do elevador, rezando para nada acontecer e apertou a mão de Niall. Sendo o namorado claustrofóbico, provavelmente não estava adorando aquilo. Porém ele apertou sua mão de volta e sorriu serenamente... Não teve tempo de sentir medo enquanto a olhava piscar para ele.
   O casal se despediu e os seis restantes foram na direção contrária.
   “?” – Harry chamou. – “Niall não vai com a gente... Porque não tem idade pra entrar no pub?”
   Os outros gargalharam e Danny segurou o riso, andando meio cabisbaixo... Teria que se acostumar àquilo.
   “Ha ha ha, Judd!” – Ela respondeu, dando um sorriso amarelo.
   “Quando você e a vão sair...” – Dougie começou. – “... Vocês dividem a diária da babysitter?”
   Tom quase teve um ataque e mesmo as meninas tiveram que fazer um esforço para manterem as expressões sérias.
   “Vão a merda, vocês dois!” – xingou, sendo abraçada por Dougie e Harry fez o mesmo com .
   A noite provavelmente seria toda assim. Elas mal podiam esperar!

  (Coloquem XO para carregar)
   “Your love is bright as ever
   Even in the shadows
   Baby, kiss me
   Before they turn the lights out”

   saiu do banheiro e vinha caminhando distraída em direção à sala da JJJ, quando uma cena chamou sua atenção: Zayn conversava animado e ria com Niall.
   “Hey!” – Ela cumprimentou, se aproximando e ambos sorriram para ela. Zayn a puxou para perto e a abraçou pela cintura. – “Do que os moços tanto dão risada?”
   “Niall tava me contando da época que ele era calouro...” – O namorado contou. Seus olhos brilhavam de um jeito lindo e pareciam ser ainda mais claros, quase esverdeados.
   “Ah! E qual era a peripécia da vez, Horan?”
   “Tava falando do dia que você foi expulsa da Monte Olimpo!”
   Os dois voltaram a rir e franziu a testa.
   “A versão dele da história é muito melhor que a sua! Você é meio sem graça!” – Zayn a provocou, fazendo-a dar um passo para trás.
   “Como é, Malik?”
   “Opa, minha intenção não era causar no relacionamento!” – O irlandês falou, levantando os braços. – “Acho que vou me mandar!”
   “Volta aqui, seu leprechaun!” – chamou, ao ver o amigo se afastar rindo. Quando ele já estava longe, se virou para Zayn, que lhe puxou para perto de novo.
   “Você não tá brava de verdade, tá?”
   “Talvez...”
   O rapaz deu um beijo demorado em sua bochecha e ela sorriu.
   “Obrigada!” – Disse a ele.
   Zayn ficou confuso.
   “Obrigada? Pelo quê?”
   “Por ter vindo até a JJJ. Eu sei como você odeia aqui... E obrigada pelo esforço pra se enturmar com os meninos.”
   Os dois sorriram um para o outro e Zayn se virou de frente para a namorada.
   “Preciso admitir que os meninos são legais... Talvez você tenha razão e eu seja mesmo um pouco arrogante!”
   “Eu nunca disse que você era um pouco arrogante!”
   “Ah não?”
   “Não. Eu disse que você era arrogante pra caralho!”
   Ele riu e fez que sim com a cabeça.
   “E então? Eu mereço um prêmio por bom comportamento?” – Zayn perguntou, levantando uma das sobrancelhas.
   rolou os olhos.
   “Você sempre transforma momentos fofinhos em momentos safados!”

  “Your heart is glowing
   And I’m crashing into you
   Baby kiss me, kiss me
   Before they turn the lights out
   Before they turn the lights out
   Baby love me lights out”

  “Você quer um momento fofinho então?” – Ele perguntou, quase hipnotizando-a com seu olhar intenso. – “Nada mais me parece um sacrifício se você tá comigo. E nem é mesmo. Os meninos são bem legais e eu é que te agradeço por me puxar pra fora da minha ostra... Você faz tudo melhor...”
   mordeu os lábios ao ouvir a declaração de Zayn, ainda sem conseguir entender 1) O que ela havia feito para merecê-lo e 2) Porque tinha demorado tanto evitando situações como aquelas.
   “Você quebra minhas pernas assim, Malik! Mas eu também preciso dizer que eu tô adorando esse negócio de ser sua namorada... E eu espero estar correspondendo a todas as suas expectativas.”
   Ele riu e deu um beijo delicado nos lábios dela.
   “Você É todas as expectativas! Você sempre foi!”
   passou os braços pelo pescoço de Zayn e uniu seus lábios mais uma vez, dessa vez por vários e vários minutos.
   3) Como tinha aguentado tanto tempo perto de seu melhor amigo sem querer beijá-lo toda hora.
   “Ok... Vamos sair daqui.” – A garota disse, quando se separaram, meio sem fôlego. – “Você não queria um prêmio por bom comportamento?”
   Zayn deu um sorriso de lado.
   “Nós somos farinha do mesmo saco, !”
   Ela riu, mas não retirou o que havia dito e puxou Zayn em direção à saída.

  “In the darkest night hour
   I’ll search through the crowd
   Your face is all that I see
   I’ll give you everything
   Baby, love me lights out
   Baby, love me lights out

  We don’t have forever
   Baby daylight’s wasting
   You better kiss me
   Before our time is run out”

  “Anda, Liam…” – pediu, enquanto guiava o namorado bêbado de volta para casa, mas ela também ria.
   “Você não sabe o que eu vi na festa!” – Ele começou, parando no meio da rua pela milésima vez.
   “O que você viu?”
   Tinha sorte de ter uma namorada tão paciente.
   “Zayn e Niall conversando!” – Falou, em tom de quem conta algo inacreditável. – “E o pior você não sabe!”
   estava com as mãos na cintura, esperando pelo resto da palhaçada.
   “Me conta então!”
   “Eu acho que até vi o Zayn rindo!” – Ele disse e logo tampou a boca com a mão teatralmente, fazendo a namorada gargalhar.
   “Deixa a te ouvir falando isso!”
   “Shhh, não pode contar pra ela. É nosso segredo!”
   tentou ficar séria e fez que sim com a cabeça.
   “Combinado. Agora vem pra calçada e vamos embora!” – Enquanto observava Liam voltar em zigue-zague para perto dela, se lembrou de algo e sorriu. – “Você se lembra a última vez que eu te vi bêbado desse jeito?”
   O garoto parou de andar, admirando a namorada a uma certa distância e depois a puxou para um beijo cinematográfico. Exatamente igual ao primeiro beijo dos dois, no elevador.

  “Nobody sees what we see
   They’re just hopelessly gazing
   Baby take me, take me
   Before they turn the lights out
   Before time is run out
   Baby love me lights out”

  “Sim, eu me lembro!” – Liam respondeu, dando um último selinho em e fazendo carinho em sua bochecha.
   A garota sorriu e se virou para continuar puxando-o de volta para casa. Mais à frente, porém, Liam parou de novo e , contando até 100, parou também para saber o que era agora.
   O namorado passou pela cerquinha de um dos jardins das casas daquela rua e se deitou no gramado.
   “Liam Payne! Você pirou?” – Ela sussurrou, zangada. – “Volta aqui! Você tá impossível hoje!”
   “Olha como o céu tá estrelado, ! Vem deitar aqui comigo!” – O garoto chamou, alheio aos xingos que recebia.
   “Que deitar, ficou doido? Você vai ser preso por invasão de domicílio!”
   “Deita aqui comigo, !” – O namorado pediu de novo e deixou os braços penderem do lado do corpo.
   “Payne, vou te matar!” – Falou, já indo até ele e se deitando na grama.
   Liam abriu os braços, se oferecendo para ela deitar em seu peito e obedeceu. Não podia negar que aquilo era bem romântico.
   “Você me promete uma coisa?” – Liam perguntou.
   “Lá vem!”
   “Promete que nós vamos nos casar?”
   se levantou rápido do peito do namorado, encarando-o.
   “Você tá me pedindo em casamento?”
   Ele riu.
   “Mais ou menos. Não pra agora, nem em breve. Só me promete que vai casar comigo. Que um dia, quando nós dois tivermos bons empregos e essas coisas, nós vamos ter uma família. E que vai durar pro resto da vida!”
   se deitou de novo e apoiou o queixo onde antes sua cabeça estava, olhando para os olhos de Liam.
   “Eu prometo. Você promete que, quando a hora chegar, vai me pedir em casamento? E que não vai estar bêbado?”
   Os dois deram uma risadinha.
   “Claro que prometo! Você já faz parte de todos os meus planos.”
   “E você dos meus.” – Ela respondeu, dando um beijo nele.
   Então se deitou direito e continuou observando as estrelas. “Pro resto da vida” parecia muita coisa, mas naquele momento ela tinha certeza que queria Liam em todos os dias da sua.

  “In the darkest night hour
   I’ll search through the crowd
   Your face is all that I see
   I’ll give you everything
   Baby, love me lights out
   Baby, love me lights out
   You can turn my lights out”

   se virou na cama ao ouvir o barulho do celular e resmungou. Não podia ser o despertador, parecia que tinha acabado de se deitar! Tinha esquecido como era horrível trabalhar de ressaca no sábado de manhã. Pegou aparelho, mas não era o alarme... Era uma mensagem de Harry.
   “Conta até 5!”
   Ela bufou e jogou o celular longe. O namorado devia estar bêbado e voltando da JJJ. Iria matá-lo por não deixá-la dormir. Sem nem reparar nas horas, voltou a deitar a cabeça no travesseiro.
   ... 4, 5...
   Algo fez pressão no colchão e franziu os olhos sem abri-los. Sentiu a pessoa se aproximar e soube pelo perfume quem era. Os beijos começaram em seu braço e foram subindo em direção ao seu pescoço. Mas então ela se deu conta de algo:
   “Styles...” – Falou, com a voz pastosa. – “Como você entrou?”
   Ele deu uma risadinha, ainda fazendo sua trilha de beijos. Parou quando chegou ao ombro. “Fui até o terceiro andar e pedi a chave pra . Ela tava saindo pra ir buscar a Jo.” – Falou, antes de continuar o trajeto.
   “Que horas são?” – se levantou com dificuldade, pelo peso que o corpo de Harry fazia sobre ela, e pegou o celular que tinha jogado há pouco. – “6h da manhã já?” – Se deitou de novo e se virou, ficando de frente para o namorado e entre seus braços. – “Tá voltando agora da JJJ?”
   “Não, fui pra casa umas 2h e dormi um pouco. Ai acordei meio do nada, perdi o sono e resolvi vir te ver...”
   sorriu com toda aquela espontaneidade e fez carinho em seu rosto, que agora ela conseguia reparar, parecia sonolento.
   “Como ficar mau humorada sendo acordada desse jeito?” – Perguntou e Harry se abaixou para beijá-la.

  “I love you like XO
   You love me like XO
   You kill me girl XO
   You love me like XO
   Is all that I see
   I'll give you everything
   Baby love me lights out
   Baby love me lights out
   You can turn my lights out”

   suspirou e fechou os olhos, fazendo carinho na nuca do namorado enquanto esse distribuía beijos pelo seu pescoço e colo.
   “Queria ficar deitada aqui com você pra sempre!” – Falou e o ouviu dar uma risadinha. – “Só de pensar que eu tenho que levantar em meia hora e ir pra loja...”
   “Eu acho que você precisa se dar uma folga...”
   “Eu bem queria, mas nem a Eleanor e nem a estão aí. Ainda vou ter que fazer tudo sozinha hoje...”
   Harry levantou a cabeça.
   “Eu posso te ajudar...”
   “Você?”
   “Uhum! Mas só se eu ganhar um beijo por cada roupa que eu vender... Além do mais, adoro te ver concentrada no trabalho! Você fica ainda mais linda.”
   deu um beijinho no braço de Harry que estava perto de seu rosto.
   “Como eu vou me concentrar com você andando pelo loja?”
   O rapaz sorriu de lado. Ambos adoravam saber o que causavam um no outro.
   “Eu posso ficar no depósito ou aqui em cima, fazendo o almoço, se você quiser...”
   fez que sim com a cabeça.
   “Isso, talvez seja melhor você ficar aqui em cima, se você não se importar. vai precisar de ajuda quando chegar também.”
   Ele fez que sim e voltou a beijar seu pescoço.
   “Como quiser... Só quero ficar por aqui com você.”
   A garota sorriu e fechou os olhos mais uma vez.
   “Então pode começar deitando aqui do meu lado até o despertador tocar! Por você vou até esperar o segundo snooze!”
   Harry riu e fez o que ela pediu, a puxando para perto. E ambos caíram no sono antes mesmo de perceber o quanto estava amando ter alguém para dividir cada pedacinho de sua vida.

  “In the darkest night hour
   I’ll search through the crowd
   Your face is all that I see
   I’ll give you everything
   Baby, love me lights out
   Baby, love me lights out
   You can turn my lights out”

   estava sentada no chão do quarto e encaixotava alguns de seus livros e pertences, enquanto decidia o que poderia ser jogado fora. Seu dia tinha sido longo: Ir para a cidade natal buscar Joanna e mais coisas para sua nova casa, deixar Jo na casa de Danny enquanto ia limpar e organizar o sótão com , buscar a filha de volta e encaixotar o máximo que conseguisse antes que caísse de sono em cima de uma pilha de papel. Não podia negar que, desde o dia anterior, estava tendo um fim de semana e tanto! Ouviu sua menininha rindo e levantou a cabeça. Niall usava seu chapéu de bobo da corte e dançava de um jeito desengonçado para a pequena sentada na cama, que gargalhava e batia palmas. A garota se esforçou para entender o que o namorado cantava, mas não fazia a menor ideia.
   “Você tá cantando em irlandês pra Jo?” – Perguntou.
   Niall parou ofegante e sorriu.
   “É uma música que eu cantava quando era criança...” – Ele explicou. – “Além do mais, vou ensinar a Jo também, pra gente falar mal de você, sem você saber!” – Falou, mostrando a língua. amassou a folha de papel em sua mão e jogou nele, rindo. Joanna pareceu adorar.
   “Você gosta de uma bagunça, né filha?”
   “Jojo é das minhas!” – Niall disse, se jogando na cama em cima da pequena, que quase engasgava de tanto rir, e fazendo cócegas nela.
   balançou a cabeça e voltou ao trabalho, mas agora estava prestando atenção na conversa.
   “Ai... Ál.”
   “Ni-all” – O garoto tentava novamente ensinar seu nome para Joanna. – “Vamos tentar um mais fácil... Nainai! Quem sou eu, Jojo? Nainai!”
   A menina tinha seus grandes olhos azuis focados em Niall e ela mexia a boca tentando acompanhar o movimento da boca dele.
   “Ai.”
   “Nainai.” – Ele repetiu.
   “Nainai?” – interrompeu de novo, com cara de riso.
   “É mais fácil pra ela, eu acho.” – Niall explicou, se ajeitando na cama para vê-la. – “Por quê? Muito gay?”
   “Não. Eu acho fofo!” – A garota piscou e suspirou. – “Ai, acho que cansei por hoje.” – Falou, se levantando e bocejando.
   Escovou os dentes, foi até seu sofá e retirou o pijama da filha de uma malinha, depois a trocou e se deitou ao lado de Jo. O namorado observava seus movimentos com atenção.
   “Vai dormir aqui?” – Quis saber.
   “Posso?” – Pediu, fazendo-a rir. Antes mesmo da resposta, retirou o tênis e a calça jeans e se deitou do outro lado da bebezinha.
   “Claro que pode! Se você não se incomodar que a Joanna vai dormir entre a gente.”
   Niall mordeu os lábios, olhando Jo que brincava com os dedos da mãe.
   “Ela é tão pequena! E se eu me virar e machucar ela?” – Perguntou, parecendo inseguro. o encarou.
   “Não tem perigo, não. Mas não vou te forçar a nada. Se você não se sentir confiante, a gente pode...”
   “Ela é tão linda!” – Ele falou, como se nem escutasse o que a namorada estava dizendo, e puxou o edredom sobre si, deitando de lado e se apoiando no cotovelo. – “Como foi quando ela nasceu?’
   sorriu.
   “Você quer saber como foi quando ela nasceu?”
   “Sim, eu quero saber de tudo!” – Ele disse e ambos sorriram.
   As mãos deles ora se uniam e ora brincavam com Jo, que logo caiu no sono com aquela conversa sem fim. estava cansada, mas nem pareceu sentir as horas passando enquanto ela tinha a filha e o garoto que amava tão perto. Finalmente as duas pontas de sua vida estavam unidas. Em um daqueles laços lindos que a gente nunca consegue fazer por conta própria.

  (Coloque Love is on the radio para tocar)
   “I was alone and my stomach was twisted,
   But I can get up now, the dark clouds have lifted
   Back in the old life, before you existed,
   I couldn't see right, my windows were misted”

   acordou no outro e estranhou não sentir Joanna ao seu lado na cama. Abriu os olhos e percebeu que estava sozinha. Onde Niall tinha ido com ela? Levou algum tempo para reparar na barulheira que vinha da cozinha. Como sentiria falta dessa zona toda! Mas jamais reclamaria... A zona na cozinha, dali para frente, seria ela e fazendo panquecas e dançando Spice Girls.
   Niall entrou no quarto, fazendo um barulhão e se jogou em cima dela, dando-lhe um beijo na bochecha.
   “Bom diaaaa!” – Exclamou.
   “Bom dia, meu amor! Cade minha criança?” – Ela perguntou, se virando para poder ver seu rosto.
   “Lá na cozinha, foi raptada pela . Tudo sob controle!”
   “? A tá aí?”
   “Tá! A gente tá preparando as coisas pro piquenique.”
   levantou o tronco e olhou em volta.
   “Piquenique? Quanto tempo eu dormi?”
   Niall riu e deu outro beijo em sua bochecha.
   “Eu deixei você dormir até mais tarde, porque você tava cansada...”
   “Você é um príncipe, Niall Horan! É isso que você é!” – Ela falou, retribuindo os beijos. – “Bom, mas acho que eu tenho que me arrumar então, né? Tá calor?”
   “Não tá chovendo!” – Ele respondeu rindo e dando de ombros. Os dois se levantaram e Niall voltou pulando para a cozinha, enquanto se vestia.
   Parecia que todo mundo sabia do tal piquenique menos ela! Harry, Liam e ajudavam e , Jess e os meninos iriam encontrá-los no parque.
   “Liam! A bola de futebol!” – Niall lembrou, quando iam saindo do prédio.
   “Uh! Esperem aí, vou pegar rapidão.”
   O caminho até o parque se pareceu com uma excursão de escola, já que as meninas precisavam ficar gritando para os garotos sairem da rua e guardarem a tal bola toda hora. Encontraram Jess e Josh mais a frente, perto do café.

  “Said one word, made me feel much better,
   Starts with L and it's got four letters

  Things are looking up, looking up (hey!)
   There's magic everywhere you go
   Strangers stop to say hello (hello, hello, hello)
   So turn it up, turn it up (hey!)
   As loud as you can make it go
   'Cause love is on the radio”

  “Papai!” – Joanna falou, apontando pelo vidro da cafeteria e depois colocando a mãozinha na boca, se virando para a mãe a procura de confirmação.
   se virou e viu Danny sentado em uma das mesas lá dentro. Estava acompanhado por uma garota bonita, de cabelos longos e escuros e a pele bronzeada. Ele fingia que colocava mel demais nas panquecas dela, que ria e empurrava a mão do rapaz.
   “É o papai, Jo! É o papai!” – falou, brincando com a filha e rindo. se virou rápido para ver do que as duas falavam e quase caiu de costas.
   “Quem é aquela?” – Perguntou abismada, apontando para trás.
   “A fotógrafa que Danny namorava no Brasil.” – respondeu de forma simples, como se fosse uma informação banal.
   “, não solta essas novidades assim, como se não fosse nada! De onde ela surgiu? Como você sabe disso?”
   A amiga riu.
   “Ele me contou ontem quando fui deixar a Jo lá. Disse que a garota estava na Inglaterra e queria vê-lo e ele não sabia o que fazer... Eu falei pra ele convidá-la pra vir pra cá, porque obviamente era o que ela queria.” – sorriu. – “E pelo jeito ele seguiu meu conselho.”
   “Como assim o Jones tinha uma namorada?”
   “Você não achou MESMO que ele passou dois anos pensando em mim e em voto de castidade, né ?!
   “Não, mas...”
   “Danny terminou com essa garota pra voltar pra cá, ele tinha me contado isso há um tempo.”
   “E você? Não sente nem um pouco de ciúmes?” – estreitou os olhos, tentando ler além da resposta verbal que lhe daria.
   “Não, não mesmo. Eu tô bem e feliz com o Niall e, sinceramente, só desejo o mesmo pro Danny... O período negro já passou! Quero mesmo que ele se arranje com alguém. Ela só tem que gostar de criança, né Jo?” – falou, chamando a atenção da pequena que, até então, estava muito ocupada examinando mais uma vez os pingentes em sua gargantilha.
   “É!” – Ela respondeu, fazendo as duas adultas rirem.
   “Andem logo!” – Niall gritou. – “Joooo... Quem sou eu?”
   “Nainai!” – Joanna respondeu, apontando e o garoto saiu correndo em sua direção e a roubou dos braços da mãe.
   “Aaaaah, princesa! Você aprendeu!” – Ele deu um selinho em e saiu andando apressado, carregando a criança para perto dos outros.
   “É, acho que você não precisa se importar com a vida amorosa do Jones...” – concordou, rindo.
   olhava apaixonadamente para o namorado.
   “Não, não preciso!”

  “Now that I've found you, my heart's beating faster,
   We could be happy forever and after
   We could be married, like Mrs and Mr,
   We'll have a son and we'll give him a sister”

  As meninas estenderam a toalha e colocaram a cesta e as guloseimas sobre ela. e Zayn apareceram e pediram desculpas pela demora. Niall e o garoto se cumprimentaram animadamente, pegando de surpresa. Ela e trocaram um olhar de aprovação.
   “Trouxe o violão, cara!” – Zayn disse, passando o instrumento para o irlandês.
   “Comida, violão e uma bola de futebol. O Niall não sai daqui nunca mais!” – Josh zombou, fazendo todos rirem. – “Passa essa bola de futebol pra cá, Payne!”
   “Vamos ali jogar!” – Liam sugeriu e Josh, Niall e Harry o seguiram até uma área menos movimentada. – “Vem, Malik?”
   “Já que eu vou...” – O rapaz respondeu. Era ruim demais em futebol para ir até lá se humilhar. – “Olha o que tem ali, Jo! Um esquilo!” – Falou, pegando a mão da garotinha curiosa e a levando para perto do animalzinho. Depois se virou para . – “Ela tá enorme!”
   ficou olhando enquanto os dois se distanciavam e tomou uma cotovelada de .
   “Toooooda apaixonada!”
   “Sai, tô nada!” – Falou, ainda negando o inegável.
   “Não! Eu que tô!” – Jess ironizou, se juntando à provocação.
   “Na verdade, estamos todas!” – concluiu, desviando seus olhos de Styles que ajeitava o cabelo para conseguir enxergar a bola enquanto corria. – “Ih, nossa! É verdade! Todas estamos namorando!”
   “Que progresso do Ano Novo pra cá!” – riu e as garotas concordaram.
   “Caramba, é mesmo! E que ano!” – suspirou, olhando para Liam, que rolava na grama com Niall.

  “Just one thing holding us together,
   A four letter word and it lasts forever

  Things are looking up, looking up (hey!)
   There's magic everywhere you go
   Strangers stop to say hello (hello, hello, hello)
   So turn it up, turn it up (hey!)
   As loud as you can make it go
   'Cause love is on the radio”

  Niall veio correndo de onde os meninos jogavam futebol e se deitou no colo de .
   “Ai meu joelho!” – Reclamou.
   “Vou nem falar nada!” – retrucou, dando uma mordida no morango que comia e colocando o pedaço em sua mão na boca do namorado.
   “, a gente vai mais pra lá pra tomar sol. Você vai ficar?” – perguntou.
   “Ela vai!” – Niall respondeu por ela, já acenando para as meninas e puxou o violão para si. – “O que você quer escutar, minha musa inspiradora?”
   “Qualquer coisa que não seja Justin Bieber!” – A namorada brincou e Niall tocou os primeiros acordes de Baby.
   “Você podia pelo menos mudar a música!”
   “Você não aprecia minha arte!”
   “Eu não aprecio seu gosto musical! Toma aqui mais um pra você ficar quietinho!” – falou, colocando mais um morango na boca dele, que riu.
   Niall soltou o violão e se levantou da perna da namorada, deitando-se na toalha e apontando seu lado com a cabeça.
   “Deita também!”
   Ela obedeceu e se deitou, entrelaçando sua mão à dele.
   “Que jeito perfeito de terminar esse ano letivo!”
   “Foi, não foi?” – E então Niall ergueu o pescoço. – “Cadê a Jo?”
   “Ta com Zayn e as meninas. Fica ligado, ela vai aprender a falar o nome dele antes do seu!” – zombou.
   “Vai nada!” – Ele respondeu bravo. – “Quando a gente tiver nosso filho, ele vai aprender a falar Nainai antes de mamãe, você vai ver!”
   gargalhou.
   “Nós vamos ter um filho?”
   “Claro! Um menininho, pra Jo não ser filha única!”
   A garota sorriu e passou a ponta de seu nariz delicadamente pela ponta do nariz dele.
   “Um Horanzinho! Já consigo até ver! Vai ser o irlandezinho mais lindo do mundo!”

  “Love is on the radio (turn it up, turn it up)
   Love is on the radio

  Funny one thing led to another,
   You came along, filled my days with colour
   And it’s been an everlasting summer,
   Since we found each other”

  “Falando nisso, preparada para ir pra Irlanda?”
   respirou fundo.
   “Um pouco nervosa... E curiosa sobre o que sua mãe vai pensar quando a namorada do filho dela aparecer de mala, cuia e uma criança embaixo do braço.”
   Niall riu.
   “Dona Maura provavelmente tá mais ansiosa pra conhecer a Joanna do que pra te conhecer!”
   “Você contou pra ela?!”
   “E eu consigo ficar quieto sobre qualquer coisa, ?”
   fez que não com a cabeça, ainda meio em dúvida.
   “Ela não disse nada?”
   “A ideia das passagens foi dela! Quer conhecer vocês duas o quanto antes!”
   Então ela se convenceu e também abriu um sorriso.
   “Sendo assim... Verão irlandês, aí vamos nós!” – Falou, ganhando um beijo. – “E caso eu não tenha dito isso hoje... Eu amo você!”
   Ele deu mais um beijo nela antes de responder.
   “Também te amo... Mesmo você cortando minha vibe musical!”
   Os dois riram e ela deu de língua.
   Niall virou o rosto para cima e fechou os olhos, sorrindo serenamente como se não houvesse nada no mundo que pudesse perturbá-lo. Era nesses momentos que percebia porque havia se apaixonado por ele e porque havia se permitido ir além de seu medo de se relacionar de novo. Sua serenidade a acalmava, seu espírito alegre a enchia de felicidade e saber que sempre teria aquele raiozinho de sol onde quer que fosse, a fazia crer que ela poderia ir onde quisesse. Ela copiou seus movimentos e virou o rosto, sorrindo para o céu azul.
   “Tá feliz?” – O garoto perguntou e o sorriso dela se alargou.
   “Nunca estive tão feliz em toda minha vida!” – Respondeu com sinceridade e sentiu Niall apertar sua mão.
   Aquele último ano tinha sido um capítulo decisivo em sua vida! Talvez até fosse o último capítulo do livro que costumava viver. E apesar de estar adorando aquele final, era hora de abrir um novo... Mil folhas em branco a serem preenchidas. Um futuro todo pela frente. Era uma vez uma garota e seu irlandês da sorte... E eles já eram felizes para sempre.

  “Things are looking up, looking up (hey!)
   There's magic everywhere you go
   Strangers stop to say hello (hello, hello, hello)
   So turn it up, turn it up (hey!)
   As loud as you can make it go
   Play until your speakers blow,
   Listen 'til your ears explode,
   'Cause love is on the radio”

FIM



Comentários da autora

The time has come to say goodbye (…) It’s over, over. Hum yourself a lullaby, this is the end, but baby don’t you cry!
Ai meu Deus! Acabou! E depois de 50 páginas de história (fiz a autora de novela das 9 e larguei tudo pro último momento... Aquele último capítulo que começa as 21h e termina as 23h!), eu sinto que tenho que escrever mais umas 20 de comentários e agradecimentos aqui na n/a!
Primeiro, sobre esse capítulo: Cansei, mas terminei! E mil desculpas pela demora e espero que o tamanho compense a espera!
Como várias de vocês sabiamente comentaram, LÓGICO que seria o Niall na porta e LÓGICO que a principal ficaria com ele no final! Nos meus primeiros devaneios sobre OTTF o Danny voltaria, ela contaria da filha pro Niall, que não aguentaria o forninho, e eles não voltariam. Minha ideia era que nosso irlandês amor seria perfeito demais para a principal e ela não merecesse ele. PORÉM, com o decorrer da fic, eu fiquei mais apaixonada pelo Nainai real e o da ficção e resolvi que não ia entregar ele pra ninguém não! Hahahaha... Sou dessas!
MALIK GIRLS! Vocês estão felizes e satisfeitas? Vão tirar meu nome da boca do sapo? Hahahaha...Como eu disse pra minhas amigas que leram antes, eles não eram o casal melosinho e cenas MUITO diabéticas não combinariam com eles. Mas espero que tenha ficado razoável!
Styles e Payne girls: Vamos terminar a fic de bem, né? Juro pra vocês que desde que o capitulo 22 entrou no ATF, e algumas de vocês falaram que esperavam uma cena fofinha do Liam, eu fiquei pensando que diabos eu ia fazer! Quando eu tava quase acabando o cap, o random do meu celular tocou XO e a cena deles vendo as estrelas (Troféu Clichê de Ouro) me veio na cabeça e eu resolvi fazer um “especial” com os três casais coadjuvantes, como se fosse uma transição de cenas de seriado. Alcancei meu objetivo?? Hahahaha... Quero muito saber o que vocês acharam!
Mas apesar de tudo, eu acho que algumas cenas ficaram bem corridas e algumas coisas ficaram “no ar”. Por isso, eu peço desculpas. Foi a minha preguiça e impaciência. Eu sei que seria o máximo um ultimo dialogo da principal com o Danny, o café da manhã em que a amiga apresentou o Styles “para a sociedade”, entre outros... Prometo que quando eu estiver inspirada e com saudades, escrevo One Shots de OTTF com situações como essas e coloco no tumblr, tá? O tumblr vai continuar lá, como a casinha dos extras da fic e das futuras One Shots, quem sabe... fanficottf.tumblr.com ;)
E por último, mas não menos importante. McFLY e Jo! Tinha que ter, né? Também um pouco corrido, mas espero que vocês tenham gostado! E não podia deixar de ter aquele ódio que some no menor dos movimentos deles. A gente é tão mulher de malandro com esses quatro! Hahahahaha...
Acho que sobre o capítulo é (tudo) isso. Não canso de mendigar comentários, mas por favor... Não deixem de comentar agora que a fic acabou! Vai ficar aqui pra sempre (?) e eu vou poder ler e matar as saudades de vocês, dos comentários em tópicos e das risadas.
E é com vocês mesmo, minhas “comentadoras” de carteirinha, que eu vou falar agora. OBRIGADA! Obrigada, obrigada, obrigada! Eu não sei desde quando publico OTTF aqui, mas a certeza que eu tenho é que nunca, em atualização nenhuma, eu fui deixada no vácuo. E depois de um tempo, vocês se tornaram tão assíduas, que eu ficava esperando: “Fulana ainda não comentou, será que ela já viu que atualizou?”. Mais uma vez, obrigada! A opinião de vocês durante todo esse tempo foi mega importante pra mim e pro desenvolvimento da fic, principalmente do capítulo 12 pra frente. Obrigada todas as Bias, Ellen, Alle, Geh, Laura, Thamy, Lari xarázinha, Clara, Ana, Saporta, @TeenageDirtbag1D, Cagol (e seus surtos no whatsapp) e Bruna (te falei que eu terminava antes do fim de julho!!). Se Deus quiser eu não esqueci nenhuma de vocês! AH! E obrigada às garotas que comentam no tumblr, mesmo que seja em anônimo!
E dentre essas leitoras assíduas, surgiu a Fran e seus comentários hilários e em tópicos. E eu agradeço TANTO por você ter surgido na caixinha de comentários! Você foi o primeiro dos presentes que OTTF me deu e eu VOU TER que amar mais ainda o Niall por isso! =P *coraçãozinho verde*

Obrigada às LINDEZAS do grupo de Best Tour Ever, vocês todas são TÃO ESPECIAIS! E obrigada a Liih! Minha leitora, amiga do coração, personagem substituta (risos) e autora que eu AMO Loucadeirar... Obrigada por deixar eu usar seu grupo pra fazer merchan e obrigada por tantas outras coisas. ^^
Escrever e publicar fic foi algo que sempre acrescentou pessoas lindas na minha vida. Escrevendo NYI, eu conheci minha Styles que é pra mim exatamente TUDO que eu descrevi no discurso da pp. “Meu anjo da guarda, meu porto seguro, minha irmã, minha psicóloga, minha personal stylist”. Completamente baseado em fatos reais! Obrigada, Nadini, por ser “my person” pra sempre e sempre! Te amo e um dia nós vamos SIM morar na nossa casa de portinha vermelha. Promessa!
Já OTTF me trouxe, além da Fran, a Ju. Minha bixetinha e futura ~~vizinha~~. Mal posso esperar pelo ano que vem ;) Me trouxe também a fofa da Thatha e Love Affair e eu nunca mais serei a mesma depois dessa fanfic!
Por último mas não menos importante: minhas NL girls! Personagens e participações especiais dessa fanfic não por acaso. Vocês SÃO OTTF desde que a história era só um girininho e eu não queria escrever outra longfic e a Jess leu a ideia e falou: “Vai escrevendo devagar, sem pressão”. Me sinto a JK depois da dengue falando que vocês estiveram aqui do começo “until the very end”, passando por váááários acontecimentos e várias fases. Nunca vou poder agradecer vocês o suficiente por tudo o que vocês fizeram e são pra mim!
Tô num medo desgraçado de ter esquecido esquecer alguém! Se eu não te citei aqui, MIL PERDÕES! Venha me xingar e eu te agradeço num post especial no tumblr! Hahaha^^
Por fim, obrigada Natashia e o ATF também! Adoro o site e a equipe e tenho um respeito imenso por vocês!
E acho que não dá mais pra enrolar, né gente? É o fim mesmo... OTTF começou num sonho no cochilo da hora do almoço em Botucatu e termina passando da meia-noite no meu quarto no 4º andar em Cardiff. A fanfic virou realidade de alguma forma pra mim e é muito legal poder dividir algo que esteve envolvido nessa mudança toda com vocês.
Se vai ter outra fic? Nunca diga nunca, né? Mas agora eu PRECISO de férias, hahahaha... Vou deixar algumas ideias que eu tive enquanto terminava OTTF cozinharem e depois conto pra vocês.
Obrigada por chegarem até aqui. Hora dos créditos finais :’)
*Busy, do Olly Murs tocando de fundo*
Beijos,
Lari