On Sunny Mornings
Escrito por Alicia | Revisado por Natashia Kitamura
Ela não o ouviu se aproximar, mesmo com as calças de flanela largas demais farfalhando pelo chão frio. Ele segue pela enorme cozinha e para atrás dela, as mãos grandes vão de encontro sua cintura e ela sente um arrepio. Ela espera que ele pense que é o frio, que ele não perceba o efeito que causa nela.
Ela ergue o olhar e vira-se de frente para encará-lo.
Ele é mais alto que ela, e ela precisa erguer a cabeça para olhá-lo nos olhos.
“Bom dia” diz ele enquanto beija a testa dela e a prende em um abraço. Ela percebe que ele acabou de se barbear.
“Alguém acordou de bom humor” ela brinca enquanto brinca com a barra da camisa que usa. Uma camisa dele.
Ela desliza a mão esquerda pelo rosto dele.
“Há quanto tempo está acordado?” pergunta.
“Pouco tempo” responde e a solta do abraço, e vai preparar uma xícara de chá, ele sabe o quanto ela detesta café, ele para por um momento e observa a bancada suja com um pó branco que ele espera que seja farinha. “Isso era pra ser nosso café da manhã?”
“Certíssimo, era.” Ele caminha até ela, que está de cara fechada e braços cruzados. Ela apóia a cabeça no seu peito largo e suspira. “Porque eu tenho que ser um desastre em tudo?” Ela sabe que está sendo melodramática, mas não pode evitar, ela passou toda a manhã nessa maldita cozinha para preparar o café da manhã favorito dele e tudo o que ela conseguiu fazer foi uma bagunça enorme que ela teria que arrumar mais tarde.
Ele a segura pela cintura e a coloca sentada na única parte da bancada que não está suja e diz “Você não é um desastre, amor. Só na cozinha”.
Ela bate no braço dela com força, mas sabe que não surtiu o efeito desejado quando os lábios dele se curvam num sorriso, no sorriso que ele usa só com ela.
“Afinal, o que você estava tentando fazer?”
Ela pula da bancada e vai até o outro lado da cozinha e para de frente a janela. O sol bate no rosto dela e deixa seu cabelo loiro quase branco.
“Um café especial, para você. Era pra ser seu favorito.”
Ele se aproxima e murmura algo no ouvido dela, ela não escuta, mas sente seu hálito quente em seu pescoço e suprime o desejo de beijá-lo.
“E o que seria esse café especial?” pergunta sem tirar os olhos da janela.
“Donuts, aqueles com açúcar polvilhado em cima e eu faria um Earl Grey pra acompanhar, seu café favorito, idiota”.
Ele sabe que ela está frustrada e que deveria se manter sério, mas ao ouvir ela o chamar de idiota ele não consegue evitar soltar um risinho e a olhar incrédulo, ela não sabe fazer um único donut e ele é o idiota.
O sorriso logo cai quando ele percebe que ela está realmente magoada. Suas mãos estão tremendo e ele sabe que isso é um sinal de que ela está a ponto de chorar.
“Hey, babe, você sabe que não precisa me fazer um café especial, mesmo. Na verdade, eu acho que eu deveria te fazer essas surpresas fofas, afinal, você merece mais do que eu.”
Ela ri da tentativa dele de ser romântico.
“Além do mais, nós moramos a duas quadras de um starbucks, não seria mais fácil você comprar um donut pra mim e aquele muffin de yogurt de morango com mel e fingir que foi você quem fez?”
Ela ri de novo e ele pensa em como ela fica linda rindo, com as covinhas aparecendo.
“Blueberry” ela diz segurando o riso, ele lhe da um olhar questionador. “É um muffin de yogurt de blueberry com mel, idiota. E além do mais, seria injusto e você sabe que eu não sei cozinhar, você saberia que eu estaria mentindo”.
“Mas eu fingiria não saber, fingiria que você é a melhor cozinheira do mundo. Fingiria por você”.
Ela morde o lábio inferior e comenta como ele está romântico está manhã, ela só recebe um sorriso como resposta.
Só quando ela o pega pela mão que ele desvia o olhar da janela. Ele quer saber aonde vão.
“Para o quarto” ela responde com simplicidade e quando vê o sorriso que ele tem no rosto se corrige “Vamos nos trocar, atravessar a rua, percorrer duas longas quadras, entrar no Starbucks e comprar seu maldito donut e meu muffin”.
Ele a segue até o quarto e pergunta
“Tem certeza que não quer um donut também?”