Only Sweeter
Escrito por Biiah Fletcher | Revisado por Lelen
Música: Thanks For The Memories, por Fall Out Boy
Silêncio. Era tudo o que nós, meros mortais podíamos ouvir. Uma típica noite de outono, com ventos gelados soprando do lado de fora. Alguns arriscariam dizer que podiam ouvir o barulho das folhas ou até mesmo o vento fazer a curva. Mas não ele. Para Damon todo o som produzido pelo mundo do outro lado da janela era banal perto do que podia ouvir de verdade. Todo e qualquer movimento era perceptível aos seus ouvidos, até mesmo ela. Katherine podia dizer o que quisesse, mas lá estava ela se espreitando entre as sombras da sala, fugindo da luz da lareira e se escondendo dele por mais tempo que o normal. Mesmo sabendo que ele já a tinha percebido. E se tratando dos irmãos Salvatore, Katherine era tola, era tão tola e bobinha quanto uma adolescente no colegial, com suas risadinhas e sonhos com meninos bonitos. Mas ela se dava ao luxo, afinal, ela parecia mesmo com uma estudante veterana, não parecia? Seus cachos. Sim, seus cachos, eram o que produzia o som que arrancava um sorriso de canto dos lábios gelados e úmidos de uísque de Damon.
- Por que não sai dai e diz logo o que você quer. - Ele perguntou sem mover um músculo em favor dela. Manteve os olhos fixos nas chamas crepitando, o sorriso sacana e o copo na mão direita.
- Como sabe que eu quero alguma coisa? - Ela puxou o copo da mão dele e bebericou um gole de uísque parando perto do sofá em frente a ele.
- Você sempre quer. Do contrário, não viria até aqui. - Damon pegou o copo de volta quando ela ofereceu.
- Então é essa a visão que tem de mim? - Katherine ergueu uma sobrancelha apenas.
- De vampira vadia e interesseira? … sim!
- Ah Damon, para! Nós sempre nos demos tão bem. - Sentou no sofá com as pernas cruzadas e encarando-o.
- Enquanto você não estava com as pressas cravadas no pescoço do meu irmão. - Ele fingia não se importar com a presença dela, olhando as chamas da lareira.
- A verdade é que ele sempre foi mais instigante do que você. - Katherine checou as unhas não pintadas.
- O que veio fazer aqui, Katherine? - Meneou Damon piscando lentamente, como se lutasse para dar atenção a ela.
- Estou procurando o Stefan.
- Ele saiu, com Elena!
- Eu sei!
- Então já pode ir.
- Não seja grosso Damon. Eu não tenho culpa se ela também prefere o mais novo.
- Por que não vai atrás de um coitado qualquer para drenar e me deixa sozinho? - Apontou a saída com a cabeça.
- Ninguém merece ficar sozinho querido. - Ela sorriu complacente, quase inocente.
- Eu discordo. - Voltou a atenção para seu copo quase no fim.
- Esse é o seu problema, é muito negativo. E não sabe perder, principalmente para o seu irmão. O que deveria ser normal, já que não é a primeira vez.
- Eu não sou o único perdendo aqui. Não esqueça que meu irmãozinho preferiu a garota viva a você. - Bebeu o resto de Scott no copo.
- Não seja tão maldoso, eu estou apenas citando os fatos. - Cruzou os braços em frente ao peito.
- Caia na real, Katherine. Stefan ama a Elena, não você. - O tédio tomou lugar no rosto de Damon.
- Ele está confundindo as coisas. Afinal, somos mesmo muito parecidas.
- Elena é muito diferente de você.
- Até a página dois. Existem mais semelhanças do que você possa imaginar.
- Stefan não parece se importar.
- Ele é muito bom para se importar.
- Bom de mais, e é por isso que você está aqui mendigando minha atenção enquanto os dois estão lá aproveitando.
- Pelo menos eu ainda tenho minhas chances, e você querido?
O silêncio voltou. E junto com ele a fúria, uma fúria palpável que circundava os dois corpos gelados em frente à lareira. Damon se perguntava como pode ser tão apaixonado por Katherine mesmo com ela sempre dando predileção ao seu little brother. Mesmo assim, no fim os dois acabariam com a cara no chão. Katherine sempre foi uma garota de joguinho. Até mesmo quando eram jovens, e ele, vivo. Sempre instigando os dois irmãos que nunca mais seriam como eram na época das cheias, da boa vida. Katherine foi um divisor de águas.
- O que você quer do Stefan, não vai ter. Não importa o que faça.
- Damon você carrega tanto ódio. Costumava ser um ótimo amante.
- Isso foi o que você fez comigo. Ou todos esses anos morta te fizeram esquecer.
- Eu nunca poderia me esquecer dos meus meninos, meus brinquedinhos favoritos. - A voz dela soava como prepotência e divertimento.
- Eu não sou mais seu brinquedo Katherine. - Quebrou o pescoço para a direita, cansado daquele assunto idiota.
- Não foi o que pareceu. Todos os anos tentando me trazer de volta, todo o choro derramado, o seu amor exagerado.
- Isso não existe mais.
- A história se repete Damon. Você, seu irmão e Elena. Elena também escolheu Stefan, e não você. - Katherine se aproximou mais de Damon.
- E o Stefan a escolheu, não você. A primeira coisa que vai fazer é te mandar embora. - Ele fingiu não se importar mais uma vez com a presença dela.
- E você será o primeiro a se oferecer para mim. Algumas coisas não mudam nunca. - apoiada pelos cotovelos no braço do sofá ela postou um sorriso convencido no rosto.
- Dessa vez não Katherine, dessa vez a história não vai se repetir. - Damon quebrou o contato colocando o copo vazio na mesinha de centro.
- Você precisa de mim, Damon. Para ficar com a querida Elena.
- Não preciso de você, nem por uma noite. Nunca mais.
O rosto de Katherine se desenha em ódio. Damon a rejeitou abertamente. Sem meneios, sem palavras subentendidas. Direto e reto. Mas ela tinha suas armas, e precisava de Damon ao seu lado, ou pelo menos parcialmente ao seu favor.
- Esqueceu das noites em que era eu, e não a bolsa de sangue que circulava a sua mente? - Ela se aproximou dele de forma sugestiva. - Quando estávamos no seu quarto e o mundo era outro. Você pensava em mim, gritava por mim.
- Isso quando você não estava se enrolando nos lençóis do caçula.
- Eu sempre soube dividir muito bem o tempo entre vocês.
- Você não tinha que dividir, e sim escolher.
- Eu nunca poderia escolher entre vocês.
- Mas esquecia dele quando estava comigo.
- Eu sei me dividir muito bem. - Katherine se aproximava tão sedutoramente, lenta para um vampiro, rápida para olhos humanos. Quando foi que ela acabou em cima dele?
- Eu não sou um homem que divide, Katherine. - Ainda não tinha feito nenhum movimento a favor dela.
- Eu sei bem da sua fama. Muito aberto à ala feminina. Com todas as mulheres do salão olhando para o primogênito.
- Você nunca foi flor que se cheire, sempre buscando mais um jovem idiota de que pudesse se aproveitar.
- Você nunca mostrou dificuldade com meu espartilho. - A centímetros dele, agora a ligação que tinham parecia mais forte, ela queria o sangue da sua criatura, mas seus lábios eram convidativos por demais.
- Do que isso importa agora? - Damon pareceu não notar a vontade da criadora pela criatura, apenas observando os movimentos dela.
- Bom, eu não uso mais espartilho. - Katherine chegou o mais perto que pode do rosto dele.
- Não seja uma vadia oferecida, Katherine. - Damon a empurra para o sofá, tirando-a de cima de si.
- … por isso que o Stefan sempre fica com a garota no final Damon, ele sabe dar valor a uma mulher. - Ela sentou encarando a lareira ao seu lado.
- Como alguém pode lhe dar valor, se nem você mesma o faz? - Ergueu a sobrancelha com descaso.
- Não sei por que ainda perco meu tempo com você. - Bufou e cruzou os braços em frente aos peitos.
- Tempo não é um problema. - Aparentou estar entediado com tudo aquilo, mas era divertido vê-la irritada, divertido e perigoso.
- Às vezes eu penso que você foi um erro. - Ela ergueu a cabeça encarando o teto.
- Eu também. - Damon mantinha sua cara de pouco caso apenas observando Katherine.
- Você não é como o Stefan.
- Se já sabia disso por que me procurou?
- Queria saber como você estava.
- Como pode ver, querendo ficar longe de você.
- Você deveria me agradecer.
- Agradecer, por me matar ou por me transformar no seu brinquedinho vitalício? - espremeu os lábios em uma fina linha de desaprovação.
- Aí está você, está ressentindo. Pois fique sabendo que eu também. Vocês não fizeram o que eu mandei vocês não se uniram, se separaram. E agora ficam atrás de uma garota idiota como se ela fosse a coisa mais importante desse mundo. Ela não é, Damon. - Bufou como uma criança birrenta e levantou do sofá caminhando em frente à lareira.
- Ela tomou seu lugar Katherine, e isso que você sente é inveja. - Um sorriso de vitória e deboche nasceu no rosto pálido e duro de Damon.
- Se ela é tão importante assim pra você, por que não vai atrás dela? - Ela parou de frente a ele com uma mão na cintura.
- Ela escolheu o seu queridinho. - Uma mistura de desgosto e escárnio exalava das palavras de Damon.
- Não a culpo, Stefan é muito mais gentil que você. - Ela encarou a janela mal fechada com pouca luz, ou talvez nenhuma, entrando.
- Você não quer um homem gentil, quer um capacho. - Sarcasmo, a voz de Damon estava carregada.
- Para de reclamar Damon, quando estava comigo era menos ranzinza.
- Katherine, vai à merda. - O rosto branco de Damon parecia mármore amarelado ganhando a cor do fogo da lareira, tinha uma expressão dura e desgostosa, como se as palavras de Katherine estivessem vindo todas de uma única vez até ele. Todas com uma força irreconhecível.
- Pobre Damon, sempre a segunda opção.
Damon levantou do sofá com tamanha rapidez que Katherine mal conseguiu ver o vulto dele se mexendo no meio do caminho. Ele lançou-a contra a parede, mão esquerda no pescoço, apertava com força imobilizando-a. O rosto de Katherine contorcido pelo trabalho na madeira da parede ter se chocado em contato com suas costelas, as mãos de Damon nem tão geladas assim e os dedos se firmando, tornando o aperto mais forte e o toque maior.
- Damon...
- Só preciso da verdade, uma única vez...
- Para, eu já sei a pergunta e a resposta. A verdade é que... Eu nunca te amei. Foi sempre o Stefan.
Damon apertou mais seus dedos no pescoço de Katherine e se aproximou do rosto dela. Não podia negar que ainda sentia algo forte.
- Se o ama, então por que quer tanto me morder? Ele não tem um gosto melhor? - Ele perguntou encarando os olhos dela que estavam vidrados na pele exposta pela jaqueta sem gola. O couro rosando e evidenciando a veia, causando um cacoete vicioso em Katherine, que só não tinha se jogado ali ainda por estar grudada na parede.
- He tastes like you, Only Sweeter.

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