O Inferno de Hades
Escrita por Khloe Petit | Revisada por Songfics
Capítulo único
– , dê uma carona pra o Hades, ele vai para aqueles lados.
Foi assim que tudo começou. Uma carona pós festa e um cara com um apelido esquisito.
Não sou do tipo de me apegar. Muito menos de me apaixonar por um cara só porque ele tem pinta de bad boy. Mas, para meu infortúnio, foi exatamente isso o que aconteceu.
Hades não tinha nome. Pelo menos, ninguém o conhecia como qualquer outro nome senão esse. Se lhe perguntassem o sobrenome, ele apenas encarava a pessoa com o olhar preguiçoso que carregava consigo o tempo todo, e esperava que o outro entendesse que o nome dele acaba ali, depois do Hades.
Devia ter cerca de 1,80, o que, considerando a média, era um cara alto. Não era magro, nem gordo, tampouco musculoso, mesmo sendo muito bom em correr por um longo tempo após causar uma briga e se ver na desvantagem. Ele, inclusive, era ótimo em fugir. Seus pés também eram grandes, calçava mais do que 43, eu acho. Quando estávamos juntos, eu olhava para baixo e via a diferença exorbitante entre nossos pés. Parecia os pés de uma criança ao lado dos pés de um palhaço.
Vivia com um cigarro na boca, mas nunca cheirava a tabaco. Exalava um aroma masculino de quem se cuida, apesar da aparência mostrar que, hum, não. Seus olhos eram castanhos e sempre havia uma barba por fazer. O nariz era proeminente e os lábios harmoniosos com o tamanho do rosto. Os cabelos, no entanto, eram longos. Não longos, looongos, mas longos, na altura dos ombros. Gostava quando ele os prendia, mas era raro. Suas mãos eram enormes e os dedos, compridos. Quando acariciava meu rosto, cobria-o sem esforço.
Naquele dia, levei Hades até um hotel. Ele disse que ficaria por lá.
– Quer entrar?
– Ah… - olhei na direção do local. – Nah, deixa para a próxima.
– Irei cobrar - enviou-me uma piscadela e acenou, virando-se para entrar no local. Achei que ele seria barrado, mas, pelo contrário, recebeu o cumprimento do segurança na porta.
Assim como ele havia dito, ele cobrou. Dois dias depois, nos esbarramos na rua. Eu havia acabado de sair de uma entrevista de emprego – mais uma – e ele caminhava sem rumo. Ergueu as sobrancelhas enquanto dava um trago no cigarro e apontou para mim, com uma expressão de “eu conheço você”.
– - disse meu nome, o que, admito, ganhou pontos extras comigo.
– Ahn… - fingi não lembrar seu nome, na esperança de ouvir outra coisa senão…
– Hades.
– Claro. Como vai?
Ele soltou uma baforada do cigarro e apenas sorriu. Deus, dá para ser menos charmoso? Senti uma inquietação dentro de mim descer até o ventre.
– Quais são seus planos para hoje? - ele perguntou, caminhando ao meu lado.
– Nada demais. Jantar, televisão, cama.
– Que tédio.
– Pois é… - admiti, sem graça. Minha vida andava, mesmo, um tédio. Depois que saí de um emprego abusivo na semana anterior, achei que teria dezenas de coisas para colocar em dia, mas acabei eliminando tudo o que queria durante o final de semana. Sendo assim, o mês que eu havia dito que seria sabático, acabou se transformando na busca por um novo emprego. Não seria tão difícil. Pelo menos era o que eu esperava.
– Quer fazer algo mais divertido? - ele perguntou, mas não esperou eu responder. Segurou minha mão e me puxou na direção de um beco. Me senti alarmada. – Calma, não vou fazer nada e se alguém chegar, dou um jeito nela, a não ser que tenha uma arma.
Revirei os olhos, me perguntando por que eu estava me deixando levar por esse cara inconstante e esquisito. Mantive-me calada, vendo-o abrir uma porta de metal e um corredor vermelho surgir. Ergui as sobrancelhas e minha primeira reação foi não segui-lo. Aquilo não parecia muito seguro.
Vi sua cabeça se virar para trás. Fez um sinal com a cabeça, me chamando para acompanhá-lo. Olhei para cima e ao redor. Concreto e um céu entre os prédios que formavam aquele beco. Atrás de mim, pessoas passavam sem nem se importar em observar que ali havia um espaço e, no fundo, a entrada para o que parecia ser o inferno.
“Não era aventura o que você queria?” O pensamento logo surgiu na minha cabeça.
Com a resposta – sim – entrei e fechei a porta atrás de mim.
O corredor, assim que viramos, levava a um elevador velho. Questionei a mim mesma sobre aquela caixa de metal funcionar direito ou não, mas, para minha surpresa, só a casca era enferrujada. Seu interior era tão limpo e moderno quanto o elevador de um hotel 5 estrelas.
– Onde estamos?
– Indo para o inferno. - ele apertou o único botão disponível no painel e olhou para mim: – Já desejou ir para o inferno?
Obviamente não lhe respondi. Olhei para o teto e para as paredes, em busca de algum sinal do lugar onde iríamos, mas não havia nada. Um plin soou e as portas se abriram, dando espaço a um lugar espetacular.
Abri a boca enquanto meus pés me levavam para fora do elevador. Apesar do lugar ser escuro, o som da música eletrônica era alta e as pessoas andavam de um lugar para o outro com copos e taças em mãos. A única coisa em comum que carregavam, eram as máscaras, ocultando suas faces.
– Ela está comigo. Dê a vermelha - Boy falou para o casal de funcionário atrás de um balcão logo na saída do elevador e estendeu a mão, recebendo uma máscara na cor vermelha. Virou-se para mim e colocou a máscara em meu rosto. – Seu nome é Rose. Deixe sua bolsa aqui, não irá precisar dela.
– Não vou deixar minha bolsa.
– Não se preocupe - ele disse, preguiçosamente –, a última coisa que as pessoas daqui irão pensar, é em roubar sua bolsa.
Fez um sinal com a cabeça ao me ver continuar hesitando e então, lentamente, entreguei para um dos funcionários, que pegou e levou para um armário, me entregando uma chave presa a uma pulseira logo em seguida.
– Me siga.
Entre a recepção e o ambiente onde todos se encontravam, havia uma grande parede de vidro. Acompanhei Hades pelo caminho que a parede transparente nos levava, até nos depararmos com um lance de escadas.
– Isso é uma balada?
– Esse é o hall de entrada. - ele respondeu. Fiz uma careta, não entendendo o que ele queria dizer. Fui guiada até um balcão e servida de vinho tinto sem nem precisar pedir nada. Para uma quinta-feira à tarde, o local até que estava bastante cheio.
– Por que as máscaras? - perguntei, depois de um tempo degustando a bebida.
Hades não me respondeu. Ficamos lado a lado bebendo; ele observando as pessoas, eu tentando entender o que se passava ali.
– Escolha um corredor.
– O quê?
– Corredor. - ele apontou ao redor. – Escolha um deles.
Foi quando me dei conta de que havia vários corredores ao redor do local. Por ter só visto um ou dois, achei que se tratava de saídas de emergência, mas havia vários deles. A cada cerca de 7 a 10 passos, um novo corredor, com uma iluminação vermelha levava a algum lugar misterioso.
Apontei para o corredor mais próximo de nós, onde um casal entrava de mãos dadas. Hades se desencostou do balcão e caminhou até o local. O corredor parecia o início de um labirinto. Ao final dele, havia duas opções: direita ou esquerda. Hades escolheu a direita, que nos levou para outro corredor, e então outro corredor. No caminho, portas fechadas com números em detalhes dourados decoravam o local estreito.
Caminhamos por cerca de três minutos até chegarmos a um local sem porta. Ali, havia poltronas de couro espalhadas pelo local, algumas ocupadas, outras não.
– Meu Deus… - murmurei, ao ver que, a maioria das pessoas que ocupavam as poltronas se encontravam nuas, dando prazer a si mesmos enquanto assistiam um casal em um palco bem ao centro do ambiente. O palco era redondo e alto o suficiente para que todos os espectadores pudessem assistir.
– Esse é o corredor do autoconhecimento. - sua voz sussurrou ao meu ouvido. – Você sabe o que te dá prazer, Rose? - sua mão encostou em minha cintura, subindo em forma de carícia. Concordei com a cabeça, hipnotizada pelo casal nu ao centro, que alternavam entre se dar prazer com as mãos e a boca, e transar. – Tem certeza?
Engoli seco.
Desviei meus olhos para as pessoas que ali estavam. Parte do rosto escondido atrás das máscaras. Alguns arfavam, outros se remexiam de acordo com o prazer que eles próprios se proporcionavam. O único casal presente era o do palco.
– Aqui é um aquário. - a mão que não segurava a taça de vinho agora passeava pela barriga, por debaixo da minha camisa. – Esse nome vem porque as pessoas vêm para nada mais do que assistir o que acontece dentro do aquário. Se você quiser fazer algum som, então precisa ir para uma cabine.
– As portas do corredor?
– Exatamente. Mas para eles, há outra regra. - senti sua língua brincar em meu ouvido antes de sussurrar. – Você nunca pode entrar em uma cabine sozinha.
Apertei as mãos. Por Deus, nenhum pornô antes havia deixado meu corpo tão elétrico.
– Quer visitar uma cabine, Rose?
Sem hesitar, concordei com a cabeça, ainda hipnotizada pelo casal, que fazia movimentos leves em pé. Enquanto Hades me levava de volta para o corredor de onde havíamos saído, olhei para a poltrona mais próxima, ocupada por uma mulher que tinha a boca entreaberta e os olhos vidrados no casal. Seus dedos entravam em sua flor e, quando nossos olhos se cruzaram, a vi levá-los até a boca, lambendo-os, como se estivessem cobertos por mel.
A cabine que Hades me levou estava logo no começo do corredor. Era um quarto com uma cama dossel e uma jacuzzi. Havia também um banheiro com somente um chuveiro, o bidê e a pia.
– As pessoas não passam muito tempo aqui, não é?
– Há mais a se explorar aqui dentro, do que uma única cabine.
– Quer dizer que as cabines são diferentes?
– Cada uma possui uma particularidade, sim. Mas a diferença está toda em quem está dentro do local.
– Quantos corredores tem aqui?
– Vários… - ele retirou um baseado do bolso e o acendeu. – Mas hoje você só irá conhecer um.
– Por quê? Por que não posso conhecer os outros.
– Porque eu não quero.
Ergui uma sobrancelha, incomodada com o tom de ordem. No entanto, apesar de Hades ter soado autoritário, seu corpo relaxado e a expressão de quem não se importava mostrava o oposto.
– Por que me trouxe aqui?
– Porque você precisava de diversão.
Olhei ao redor, tentando gravar o ambiente. Se as outras cabines possuíam outros atributos que poderiam ser mais divertidos, então eu deveria saber.
– Tire a roupa. - ele disse, soltando um trago do baseado.
– E se eu não quiser?
– Você não quer?
Sua pergunta me pegou, pois eu obviamente queria. Queria transar. Queria transar com ele ou com qualquer outra pessoa que estivesse disposta. Eu estava pronta. Meu corpo estava pronto. Aquele aquário fazia magia com quem assistisse.
Silenciosamente, tirei minha roupa. Quando terminei de tirar as peças íntimas, Hades olhou para meu corpo e abriu um pequeno sorriso. Com a cabeça, indicou a cama, onde me sentei e aguardei por ele.
– Eu quero que você se toque. Feche seus olhos e comece a se tocar. Ficarei calado, observando suas mãos deslizarem por todo o seu corpo, até você decidir que é hora de se masturbar.
Engoli seco. Eu nunca havia feito isso antes, quanto mais na frente de outra pessoa. Mas não protestei. Pelo contrário, respirei fundo e fechei meus olhos. Comecei pelos meus braços. Passei meus dedos por eles, sentindo os poros de minha pele. Os pêlos logo se eriçaram com a percepção. Segui para meus ombros e passeei pelo meu pescoço e colo. Toquei cada parte de meu rosto, percebendo que minha pele, ao contrário do que eu achava, não estava em condições tão ruins assim. Meus lábios eram cheios e carnudos, e minha língua era mais forte do que eu achava.
Toquei meus seios, que sempre os achei grandes, mas que agora, pareciam ser de um tamanho perfeito. Meu estômago alto era causado, aparentemente, pelos ossos saltados da minha costela. Aquilo me fez gostar mais um pouco de mim. Minha barriga podia possuir gordura, mas a pele era lisa e macia. Passei pelas minhas pernas, começando pelo lado externo, e então vindo para o lado interno, até subir as coxas. Quando a ponta de meu dedo do meio tocou minha vagina, meu corpo inteiro estremeceu. Nunca havia estado tão sensível.
– Deite - a voz de Hades surgiu de onde ouvi da última vez.
O obedeci e voltei a me tocar no lugar mais esperado. Quando abri os lábios entre as minhas pernas, percebi o quão molhada estava. O fato me deixou ainda mais excitada. Abri minha boca para respirar, pois somente o nariz não estava dando conta. Brinquei com os lábios e o botão; lambi os lábios, quando meu dedo se aproximou de minha abertura.
– Meu Deus… - sussurrei.
Não inseri meu dedo, pois logo uma língua tomou conta do ato. Minhas pernas imediatamente tentaram se fechar, mas foram impedidas por um par de mãos. Abri meus olhos e olhei na direção do ato; pude ver a cabeça de Hades se mexer entre minhas pernas. Cada movimento de sua língua trazia um novo tremor em meu corpo.
Poucos segundos depois, ele metia dentro de mim forte, como se eu estivesse preparada para sua proporção. E apesar dele ser mais largo e comprido do que jamais havia sentido antes, eu estava. Meu corpo parecia ter sido feito para encaixar-se a ele.
Eu implorava por um movimento brusco, animalesco, mas ele se limitou a um vaivém leve, até romântico. Abri os olhos, pronta para brigar com ele, mas o olhar dele me hipnotizou. Jamais havia presenciado algo daquele jeito. Meu prazer estava tanto no ato de nossos corpos, quanto no olhar que trocava com ele.
Após alguns minutos, vi seus lábios se mexerem em um simples:
– Goze.
E meu corpo explodiu a seu comando. Fui arremetida por mais algumas vezes, antes de senti-lo debruçar-se sobre mim e me beijar; o melhor beijo da minha vida. O gosto com uma mistura de vinho, baseado e eu.
Quando abri os olhos para ver o teto preto em tom avermelhado por conta da luz, eu soube. Eu estava no inferno; e que delícia de lugar.
Descobri, então, que Hades era, na verdade, o dono do Inferno. Achei cômico e conveniente a maneira como ele se auto intitulou o rei do submundo.
A partir daquele dia, fiz visitas frequentes ao Inferno, ansiosa por conhecer os outros corredores, que traziam temas diferentes, que mudavam a cada semestre. O inferno era criativo e tinha a intenção de fazer com que você não quisesse sair de lá nunca mais.
Para entrar no Inferno era preciso passar pela inspeção de Hades, que não aceitava qualquer um. Primeiro, era necessário ter dinheiro. Uma mensalidade poderia custar milhares, o que é justo. Aquele empreendimento deveria valer milhões. Também era necessário possuir uma ficha limpa. Pessoas com histórico de violência ou deslealdade não eram permitidas. Aquelas que tentavam acabar com o inferno… bem, nunca soube exatamente o que acontecia, mas disseram-me que ninguém nunca ousou fazer nada que afetasse o local.
A cor da máscara, além de proporcionar o anonimato, significava muito para os funcionários. Haviam aqueles que não conseguiam pagar por muito, então tinha acesso limitado a determinadas áreas, além disso, algumas cores também não permitiam que as pessoas ficassem com outras de nível maior.
Vermelho era a cor principal e de maior prestígio. Não se conseguia com dinheiro, mas com o privilégio de Hades. Com ela, não havia limite. Corredores e pessoas irrestritas, além de consumo à vontade por conta da casa. Me surpreendi quando soube, por uma das pessoas que conheci ali dentro, o valor de uma água. Depois do vermelho, havia o dourado. Esse, sim, o dinheiro conseguia comprar. Havia mais deles do que eu imaginava.
Ao sair, éramos lembrados das regras do local. O Inferno só aparecia para os integrantes do clube, e só entravam no clube, aqueles que eram convidados. Não havia quem conseguisse entrar sem passar pela inspeção de Hades; os funcionários, inclusive, também eram muito bem pagos para manter o sigilo das pessoas que estavam ali dentro. Pude ver, em algumas das vezes seguintes que apareci no local, personalidades públicas e celebridades. Eu, inclusive, transei com um astro do cinema, após ter chamado sua atenção com a cor da minha máscara.
O único problema da máscara vermelha, era que, apesar de todos os privilégios, éramos propriedade de Hades. Isso significava que ele podia entrar no meio de um ato que envolvesse a pessoa quando quisesse, além de proibir que a pessoa transe com outra.
– Hades a chama, senhorita. – ouço a voz de Butler, o secretário leal de Hades, aparecer ao meu lado com um terno finíssimo. Eu estava em um dos bares conversando com um homem charmoso que pretendia ir para um dos corredores. Olhei para o funcionário, nervosa por ser interrompida. – Por favor, me siga.
Me desculpei com o homem, que mal se mostrou ofendido. Se Hades estava no meio, então não havia motivos para se aborrecer.
Segui Butler, esperando ser levada para um dos corredores, como Hades geralmente fazia. Mas não foi o que aconteceu. Seguimos em direção à entrada. Subimos o lance de escadas e quando chegamos no corredor com a parede de vidro que levava para a recepção, Butler tocou na parede, que se moveu para o lado, mostrando ser uma porta automática.
Entramos no que parecia ser a sala de segurança. Câmeras e mais câmeras, e uma parede de vidro que dava para o hall principal, mas que somente quem estava daquele lado de dentro podia ver o que acontecia. Havia cerca de quinze funcionários, todos de preto, observando as câmeras e permitindo a entrada de pessoas dentro das cabines.
Seguimos para a porta no lado oposto da que usamos para entrar, e essa levava a um pequeno hall que se parecia com uma sala de espera. Lá, haviam duas mulheres muito bem vestidas.
– Boa noite, senhorita Rose. - as duas disseram em uníssono. Abri um pequeno sorriso, chocada por saberem quem eu sou.
Butler seguiu em frente para um corredor com piso de mármore, que levava para uma porta dupla enorme. Bateu duas vezes e ouviu um ‘entre’. Em seguida, abriu uma das portas e fez sinal para que eu entrasse.
A sala de Hades era estrondosa e, apesar de não haver janela com vista, possuía uma visão privilegiada do hall e dos aquários cujos corredores eram exclusivos para os integrantes mais altos. Clicou o botão de um controle quando eu cheguei, que fez com que a parede de vidro bloqueasse a visão do lado de fora.
– Está se divertindo?
– Você cortou minha diversão.
Ouvi sua risada. Ele fumava o baseado de sempre; sua mesa, enorme, possuía algumas folhas espalhadas, mas nada que pudesse ser chamado de bagunça. A tela do computador parecia ligada, mas ele não lhe dava atenção. Olhava para mim.
– Por que não há muitas pessoas com a máscara vermelha?
– Porque é preciso ter minha confiança para ter essa máscara.
– Todos aqui não têm sua confiança? - ergui as sobrancelhas e me sentei na poltrona à frente de sua mesa.
– Você tem mais.
– Quem mais?
– Só você.
– Mentiroso.
– Eu posso quebrar muitas regras, . - ele apoiou os pés na mesa e as mãos na altura do estômago. – Mas não sou mentiroso.
– Por que eu? Só te dei uma carona e você confia em mim?
– Eu conheço você de outras épocas, .
– Rose. - digo, séria. – Meu nome aqui é Rose.
– Seu nome para as outras pessoas é Rose. - ele soltou a fumaça do baseado e olhou para ela. – Para mim, você é .
Não lhe respondi. Não gostava dos atos de autoridade que ele partia para cima de mim. Mas não discutia. Porque ainda havia muito do que eu queria aproveitar dali. E eu sabia que, para conseguir voltar, então eu devia fazer o que ele queria. Não era tão difícil, apesar da maneira de falar, ele jamais se mostrou rude ou desrespeitoso.
– O que você quer.
– O que mais? - ele abriu os braços. – Você. – vi seus olhos passearem por meu corpo. – Você não está usando a roupa que pedi.
Há dois dias, Hades me enviou um “presente”. Um vestido de marca internacional que, admito, era incrível. Mas estávamos em pleno inverno e eu não sairia de casa com aquela peça finíssima e correr o risco de pegar uma gripe, só porque um cara se sentia mais excitado com ela.
– Aquela peça ficaria maravilhosa em você. - vejo seus olhos imaginando a peça em meu corpo. Ele tinha razão, havia ficado maravilhoso. E por mais que a tentação tivesse sido grande em usá-la, eu prezava por minha saúde.
– Quem sabe no verão?
Vi seu sorriso enquanto tragava mais uma vez, para então apagar a ponta do fumo no cinzeiro.
– Você precisa aprender a ceder mais, .
– Por quê? Você gosta de mim justamente porque sou difícil de lidar.
Ele não respondeu, pois sabíamos que era verdade. Mesmo que nos déssemos bem, eu e Hades não possuíamos gostos iguais. Se ele gostava de transar de pé, eu preferia deitada; se ele queria me abraçar, eu preferia me afastar e observá-lo agir; até nos dias que ele quis comer após o ato sexual, eu disse que não gostava de me alimentar logo em seguida. Além disso, sempre que conversávamos sobre amenidades, tínhamos opiniões diferentes. Mas éramos perfeitos juntos. Nossos corpos se encaixavam, nossas mentes seguiam quase sempre pelo mesmo caminho e, acima de tudo, havia respeito.
– Eu gosto de você, justamente porque no fim, você sempre me obedece.
Soltei um ar de quem havia ouvido uma piada sem graça e ele logo ergueu a sobrancelha.
– Quer que eu prove?
– Adoraria.
Imediatamente ele se levantou. Caminhou até mim enquanto jogava a jaqueta em sua cadeira. Ergueu a mão em minha direção e, quando aceitei, me colocou sentada em cima de sua mesa. Me despiu sem enrolação, até estar de frente com meus seios. Abocanhou-os sem dó, enquanto suas mãos fazia o resto do trabalho com minha calça e sapatos. Após minha sessão de autoconhecimento, na primeira vez que vim, Hades parecia saber exatamente onde me tocar e como. Quando senti que estava completamente nua, ele inseriu seus dedos para dentro de mim, sem nem ao menos me lubrificar.
– Porra! - gritei, olhando para baixo e vendo-os se movimentarem sem dó para dentro e para fora. Ergui a cabeça para ele, tinha um sorriso safado no rosto. Me beijou da maneira que eu gostava; em questão de segundos, o desconforto que seus dedos haviam proporcionado sumiu e em seu lugar o prazer tomou conta.
– Agora, preste atenção. Nós teremos duas regras. A primeira, você não pode gozar. A segunda, você não pode gemer.
– E se eu gozar E gemer?
– Se você gemer, eu paro. - ele diz, parando seus dedos, criando um sentimento de desespero dentro de mim. – E você terá de voltar para sua casa. – ao ouvir meu silêncio, seus dedos voltaram a se mover. – Se você gozar sem a minha permissão, eu vou te foder mesmo se você implorar que eu pare. E não ache que será prazeroso. Eu demoro muito para me satisfazer.
Estremeci com a ideia. Será que era por isso que não havia pessoas com máscara vermelha? Será que já houve alguma? Pelo que ouvi, já. Mas por que não durou? Ou por que a pessoa não está aqui até agora?
Seus dedos aumentaram a velocidade e sua boca tomou conta da minha; passeou por meu rosto e desceu para meu pescoço e colo. Uma dor no âmago logo começou a me perturbar. Eu queria gozar.
– Hades…
Sua mão parou. Abri meus olhos e o vi me encarando com um meio sorriso. Levou os dedos que até então estavam dentro de mim e os levou à boca, sugando meu mel.
– Desculpe - disse, sentindo seus dedos voltarem para mim – Você não vai…
– Shh… - voltou a me beijar, a fim de me calar.
Foi um pesadelo. Tudo o que eu mais queria, era liberar todo meu corpo em um orgasmo que parecia que seria épico. Hades tirou os dedos e no lugar, inseriu a língua, o que me fez levar a mão à boca. Por vários minutos ficamos ali; ele brincava comigo, aumentando e diminuindo o ritmo, de acordo com a reação do meu corpo.
E então, sem dizer nada, se afastou e se despiu. Puxou meu corpo para que me levantasse, e me levou para a parede de vidro que dava de frente para o hall. Um bip soou e imediatamente a parede, que antes estava branca, agora mostrava as centenas de pessoas espalhadas ao redor do local.
– O que você acha? - ele diz, encaixado atrás de mim, sua mão esquerda acariciando meus seios, enquanto a direita voltava para minha intimidade. – E se eu liberar a visão para quem está do lado de fora?
– Não…
– Não? - ele questionou. – Então por que está mais molhada? O autoconhecimento não foi o suficiente para você? Não vai me responder? - parou seus dedos, o que me fez responder:
– Se quiser que elas vejam, então que seja!
– Mas eu não quero fazer nada que você não queira, meu bem… Me diga. Você quer ser fodida à vista de todos? - seus dedos voltaram a dançar para dentro e fora de mim... – Ou não? - e então pararam.
Abri meus olhos para ver o lado de fora. Todos alheios ao que estava acontecendo ali. Será que eu queria ser exposta dessa maneira? Eu estava usando a máscara, não estava? Só quem não estava era Hades. E não estávamos tão perto, então…
Inspirei fundo e rapidamente ao sentir o membro enorme de Hades brincar entre minhas pernas. Céus, eu queria ele dentro de mim agora.
– O que vai ser, ?
Mordi o lábio, sem saber o que fazer. A ponta de seu membro agora se encaixava em minha abertura e entrava bem pouquinho. Fiz um movimento para trás, mas as mãos firmes dele me seguraram.
– Não ache que é mais esperta que eu, meu bem… - ele sussurrou em meu ouvido, levando suas mãos até meus seios e o botão entre minhas pernas, enquanto a ponta de seu membro entrava e saía, dando um preview do que esperava por mim.
– Sim, sim, me fode para todo mundo ver! Mas me fode logo!
Um novo bip soou, ao mesmo tempo que ele enfiava-se fundo dentro de mim. Lembrei de sua regra e tentei ao máximo não gemer. Pude ver as pessoas, aos poucos, começarem a olhar para cima, algumas apontando e outras virando-se em nossa direção.
Para ser sincera, aquilo me deixou ainda mais excitada. Hades me fodia forte atrás de mim, suas mãos segurando em meus seios ao mesmo tempo em que seu quadril fazia um movimento rápido e duro de vaivém.
– Está vendo, ? - ele diz, metendo forte para dentro de mim. – Você sempre me obedece no final. Você quer gozar?
Murmurei uma resposta, vendo algumas pessoas se dirigirem às pressas em direção aos corredores, enquanto outras tinham as mãos dentro de suas roupas de baixo.
– Eu não entendi - ele disse, ofegante, aumentando ainda mais suas estocadas –, você quer gozar?
– Sim! Sim, sim, sim!
– Então peça.
– Por favor!
– Por favor o quê?
– Céus! Por favor, me deixe gozar, eu preciso gozar… Hades! - gritei, sentindo suas investidas, se é que era possível, tornarem-se rápidas como se ele fosse um robô.
– Então goze. Mostre para todos ali embaixo o que eu faço com você.
Imediatamente meu corpo estremeceu em um torpor que jamais iria imaginar. Minhas pernas tremeram e falharam, mas Hades me segurou forte, sentindo-me apertá-lo enquanto gritava por seu nome. Ele, por outro lado, rugia, metendo mais e mais, até ver-se por satisfeito.
E então, um bip soou no local e a parede tornou a ficar branca.
Suas mãos soltaram meu corpo e não pude aguentar, caindo no chão, ofegante.
Permanecemos calados, ouvindo somente a respiração um do outro. Quando reuni força suficiente, virei meu corpo em sua direção, vendo-o com a respiração acelerada, mas mais calma que a minha. Tinha a expressão calma.
– Está tudo bem? - perguntou.
– Sim. - respondi o quanto pude.
– Ótimo, apoie-se ali. - apontou para um canto da enorme sala. Olhei para ele, surpresa e um pouco assustada. – Eu vou te foder a noite inteira. - ele olhou para o relógio de pulso e sorriu. – E ainda são só onze horas.
– Você está brincando. - disse, vendo-o se levantar e então olhar para seu membro, já aceso.
– Acho que não.
Engoli seco.
Aquele era, de fato, um inferno. O calor estava insuportável. As pessoas não se importavam com o que as outras eram. O líder, misterioso e louco por sexo, transformara minha vida de cabeça para baixo.
Mas como ele disse, tudo o que eu precisava na minha vida, era diversão.
Diversão que só o inferno poderia me proporcionar.
Abri um pequeno sorriso e me levantei.
Que delícia de inferno.