Oh doce avenida...
Escrito por Luisa | Revisado por Andressa
O choro era mais forte do que qualquer coisa. A dor de achar que perdeu alguém, mesmo que essa pessoa esteja ao seu lado, é sufocante.
e Zayn eram casados há anos. Um casamento que começou de uma paixão reciproca e verdadeira. Amigos, conhecidos, colegas, familiares, ou qualquer pessoa, via nos olhos de ambos o amor que sentiam, aquele brilho especial. Mas o casamento já era desgastado numa altura dessas. Três filhos, duas meninas e um menino, além de que a paixão e o fogo que sentiam se apagava e se congelava a cada instante da vida deles.
Divindiam o carro, com Zayn dirigindo-o silenciosamente. A chuva do lado de fora parecia transmitir toda a agonia que sentia dentro de si, mas que guardava para quando ficava sozinha, longe do marido e das crianças. A linda mulher de cabelos castanhos e olhos azuis fitava a janela do passageiro, tentando ver algo bonito naquele dia, mas nada parecia ficar bom para ela.
Mas um barulho alto fez com que sua atenção fosse dirigida para a frente. Por questão de segundos, Zayn não tinha derrapado na pista, mas tinha sido por um fio, mesmo que tivesse batido numa placa de perigo.
- Merda - O menino murmurou saindo do carro.
- Aonde vai? - disse e Zayn apenas deu de ombros.
- Checar se o estrago foi muito grande. - E assim o menino ficou lá, se molhando, e preocupando a menina.
- Você não pode ficar na chuva Zayn, sabe que fica gripado com facilidade. - A menina abriu o vidro do carro e gritou para que o homem de cabelos pretos escutasse, mas ele não parecia ligar e ela apenas suspirou pensativa. A vontade de chorar voltara, junto com uma nostalgia que dava um aperto no lado esquerdo do peito de . O que tinha acontecido com as borboletas? Com toda aquela emoção que a menina sentia ao ver o seu homem? E o que tinha acontecido com ele? Tinham se afastado tão rápido, que nem parecia ter valido a pena tudo que passaram juntos.
Sentia falta da avenida lua de mel. Sim, da parte da cidade que ela dizia ser seu amor pelo menino. A parte da cidade onde tudo foi perfeito. As juras de amor mais brilhantes e honestas, os beijos, o calor do toque de um no outro, os sorrisos... mas parecia que a doce avenida tinha ficado muito para atrás, num lugar que não tinha mais como voltar para recuperar o que tinha lá.
- Por que não podemos voltar a ser como antes? - A menina sussurrou para si e uma lágrima fraca caiu sobre sua bochecha. Ela logo a limpou e decidiu ir atrás do marido, que ainda estava na chuva.
- Hey, volte pro carro. - O menino disse e a garota jurou ver nos olhos do marido aquele tom de preocupação que ele tinha antes com ela.
- Só volto com você, Zayn. - A menina disse e ele bufou.
- Por que você é assim ? Tão teimosa - Ele bufou e ela apenas revirou os olhos.
- E por que você é assim Zayn? Tão idiota? - Ela disse e ele a mandou um olhar irritado, mas logo voltou a inspecionar o carro. Ela via a face do homem atenta, como se entendesse algo de carros, mas sabia que nisso o marido não sabia absolutamente nada.
- Por que você age assim Zayn? Sempre dirigiu bem na chuva, e agora parece que decidiu não fazer uma mudança. Preso numa pista velha.
- A pista velha me liga a você, . - A menina se arrepiou a escutar ele a chamar pelo velho apelido, não pronuciado por ele há tempos. - Tudo que tem de antigo, me liga a você. E eu não quero me soltar disso.
- Sinto falta de tudo. - Ela começou, se aproximando do marido - De como éramos. Agora, sinto como se meu coração tivesse preso num para-choque.
- Precisamos a voltar a ser o que éramos. - Ele disse e pegou nas mãos da menina, gélidas e pálidas.
- Você ainda está na direção errada... - Ela começou e ele a silenciou.
- A direção errada é você. E quanto mais eu ir nessa direção, voltarei ao que eu quero.
- E o que você quer?
- Quero volta pra avenida lua de mel, a parte do nosso casamento que foi a mais feliz. Sinto falta disso. - Ele disse e ela assentiu.
- E por que não fazemos isso? - Ela disse e recebeu um beijo nos lábios como resposta. A água da chuva pingava sobre seus corpos, mas não se sentia mais frio. O calor dos lábios era maior do que qualquer frio de uma chuva.
- Eu te amo tanto - Ela disse voltando a chorar - Senti falta de você.
- Eu também senti, te amo - Ele disse e a beijou novamente.
O carro estava despedaçado, pelo menos na parte da frente. Mas tinha sido por causa disso que eles tinham voltado para sua doce avenida.
A avenida lua de mel.
FIM