O Guru do Amor
Escrito por Ju Ribeiro | Revisado por Lelen
Música tema: Pour Some Sugar On Me (cover) – The Maine
MISSÃO 1: O NERD TÍMIDO
E mais uma vez lá estava ele, parado em frente à porta daquela cafeteria. No dia anterior ele havia progredido e adentrado o local, ficando lá parado na entrada por alguns segundos. Maldita timidez exagerada que o consumia quando estava próximo dela. Ele era, sim, um cara reservado, mas o nervosismo que sentia quando a via era algo absurdo. E ele era um cara famoso, de certo modo, sua banda estava no topo das paradas mundiais no momento, ele fazia shows em locais cheios, tocava diante de milhares de pessoas em alguns festivais — mesmo que durante os shows, na maioria das vezes, fechasse os olhos e tentasse imaginar que estava sozinho, tocando diante do espelho do seu quarto. Mesmo com tudo isso, ele ainda se sentia um idiota diante dela. As coisas precisavam mudar, ele precisava tomar a iniciativa, precisava ter mais atitude ou então nunca a faria se apaixonar por ele. Como ele já era apaixonado por ela, a garota nunca o notaria se ele não mudasse.
Ele precisava de ajuda e só uma pessoa poderia tirá-lo daquela situação.
- Pierre? – Séb pronunciou assim que o amigo abriu a porta do seu apartamento.
- Fala, Lefebvre, tudo em cima, cara? – o moreno perguntou, dando passagem para que o menor entrasse em seu apartamento.
- Mais ou menos. – Sébastien respondeu desanimado, atirando-se no sofá da sala sem cerimônias.
- Que cara é essa? Que ventos o trazem ao meu humilde lar? Quais problemas o afligem? – Pierre questionou do seu jeito canastrão e Séb rolou os olhos. De humilde o apartamento de Pierre não tinha nada, uma das provas era a enorme TV embutida na parede da sala que mais parecia uma tela de cinema.
- O meu problema é o mesmo de sempre, aquela garota. – Sébastien confessou.
- A gostosa da cafeteria? – Bouvier questionou e riu ao notar o olhar matador que Séb lhe dirigiu.
- É. – o menor respondeu entre dentes. – Mais respeito com ela, idiota. – Pierre gargalhou mais ainda. O amigo já havia lhe falado sobre a tal garota que estava tirando o seu sono durante a noite, ou invadindo os seus sonhos quando ele conseguia dormir. Para Pierre, Sébastien já era um caso perdido, o mosquito do amor já o havia infectado.
- Ok, Séb, não vou falar verdades sobre a sua alma gêmea. Mas me diga, em que lhe posso ser útil?
Pierre sentou-se todo charmoso em sua poltrona favorita, cruzou a perna direita sobre o joelho esquerdo e se colocou diante de Sébastien com uma feição séria, analisando-o em uma pose “Mamãe, quero ser psicólogo”.
Sébastien, involuntariamente, deitou-se sobre o sofá, sentindo-se em um divã e desatou a falar.
- Eu preciso da sua ajuda. - o garoto dos olhos azuis disse.
- Para conquistar a gos... – Pierre se censurou quando Sébastien o encarou bravo novamente. – A garota da cafeteria? – ele concluiu rindo baixo.
- A própria.
- Já estava me perguntando quando você, finalmente, cairia na real e viria atrás dos meus serviços. – Pierre sorriu confiante.
- A humildade bateu a sua porta e você a ignorou, realmente. – Séb disse com desdém, Bouvier o ignorou, realmente.
- Sem gracinhas, gafanhoto, senão o guru do amor aqui não irá lhe ajudar.
- Tudo bem, eu não tenho escolha mesmo. – o menor resmungou, ajeitando-se no sofá e encarando o teto acima de sua cabeça. Ele sabia que Pierre era um grande convencido, mas não havia ninguém melhor para ajudá-lo, já que o amigo parecia sempre enfeitiçar todas as mulheres a sua volta com uma espécie de néctar do amor.
- Conte-me tudo, pequena criança. – e então Sébastien contou. Contou sobre como viu a garota dos seus sonhos pela primeira vez quando se esbarraram em uma livraria ao lado da famosa cafeteria. Como sentiu algo bom e diferente quando seus olhos se encontraram e como ela sorriu simpática ao pedir desculpas por ser tão distraída. Como ele ficou instantaneamente mudo e apenas assentiu, seguindo pelo seu caminho e deixando-a com uma expressão curiosa. Contou como percebeu que ela sempre frequentava aquela cafeteria após aquele dia, afirmando que não era um stalker, assim que o babaca do Bouvier o zoou, as coincidências do destino apenas gostavam de brincar com ele. E contou, finalmente, como sempre perdia a fala e a ação quando estava perto dela.
- Você ao menos sabe o nome dela? – Pierre o questionou após ouvir o relato do amigo, Sébastien negou. – Adoro grandes desafios! – o moreno vibrou e tratou logo de dizer ao menor o que eles teriam que fazer. – Essa garota será sua em breve, pequeno gafanhoto. Ou não me chamam de guru do amor à toa.
- Ninguém te chama assim, Bouvier. – Seb resmungou, revirando os olhos, mas se calou ao ver a expressão de ultraje do moreno. Se quisesse ter mesmo aquela garota, ele teria que aturar as esquisitices de Pierre. Apesar de tudo, ele tinha o dom de deixar as mulheres caindo aos seus pés, isso era visível. E também tinha o dom de se livrar delas quando já havia tido o suficiente do que queria com as mesmas, na velocidade da luz. Sébastien sabia ser paciente e nunca contrariaria um maluco como aquele.
No dia seguinte, adentraram a cafeteria pela manhã. Pierre praticamente teve que empurrar Sébastien porta adentro, mas isso era irrelevante. Uma vez no interior do local, o moreno indicou o balcão ao amigo: lá estava ela, parada na fila esperando pelo seu pedido. Ela não ficaria aquele dia? Algo dentro de Sébastien murchou. Justo no dia em que ele se declararia.
- Que cara de diarreia é essa? – Pierre perguntou.
- Babaca! – Sébastien revidou. – Ela não ficará aqui lendo hoje. – concluiu desanimado.
- O importante é que o fato dela ainda estar aqui, vá logo falar com ela! Faça o que combinamos! – Pierre ordenou.
- Acho que não consigo, vamos encarar os fatos, olhe para ela e depois para mim, eu nunca teria chances e...
- Pare de gayzisse e vai logo! – Pierre o empurrou e Sébastien acabou esbarrando em alguém sem querer. A pessoa bufou irritada assim que seu café saiu voando pelos ares e aterrissou diretamente em sua blusa branca. E, enfim, Séb notou quem era. E notou também a transparência na blusa dela deixada pelo café, mas desviou os olhos rapidamente.
- Droga... – ele resmungou, abaixando o rosto, completamente envergonhado.
- Você não olha por onde anda?! – a morena a sua frente exclamou, ainda nervosa.
- Me desculpe, eu... Foi um acidente e... – ele não conseguia manter a voz firme, gaguejou ridiculamente e notou que pior que aquilo não podia ficar. Respirou fundo e decidiu-se por finalmente encarar a bela garota que fazia o seu coração acelerar da forma mais clichê possível. – Meu nome é Sébastien, qual é o seu? – ele pronunciou, ainda envergonhado, estendendo a mão na direção dela.
- Você só pode estar brincando: primeiro esbarra em mim com força e por causa disso, derruba café na minha blusa branca e a única coisa que sabe fazer após isso é se embolar nas desculpas e se apresentar? – ela questionou inquisitiva, Séb já não sabia o que fazer. Queria sumir, queria ter algum poder JEDI de controle da mente que a fizesse se acalmar e o perdoar, queria ter inventado um aparelho de teletransporte, ou uma capa de invisibilidade. Ou talvez, se fosse tão rápido quanto o Flash, conseguiria sair dali antes que ela piscasse os olhos mais uma vez.
- Eu só... – gaguejou novamente. Quando percebeu que não conseguiria seguir adiante com aquela garota e já estava se preparando para fugir correndo, mesmo sem toda a rapidez do herói das HQ’s que lia, algo o surpreendeu: a risada dela.
Um riso lindo, inebriante, embriagante, contagiante, um riso que ele poderia ouvir pelo resto de seus dias, um riso que o deixou instantaneamente feliz.
- Você é uma figura, cara! Prazer, meu nome é , mas pode me chamar de . – a garota piscou e Séb sentiu suas pernas bambearem, como se ele fosse uma nerd virgem do colégio apaixonada pelo popular jogador de futebol americano que sentiu vertigens de felicidade quando ele a olhou por uma única vez. De fato, ele era um nerd.
Ele então a encarou, sentindo-se mais confiante diante da mudança de humor repentina da garota e respondeu:
- Se preferir, pode me chamar de Séb. – ele sorriu tímido e a garota assentiu.
- Perfeito Séb, mas me diga uma coisa, nós já não nos vimos antes? – ela encarou-o curiosa.
- Acho que não. – ele disse rápido, tentando fazê-la esquecer do encontro ridículo que tiveram na livraria.
- Espera! Você não é aquele cara, daquela banda... – ela tentava se lembrar. -... Simple alguma coisa?
- Simple Plan. – ele disse envergonhado.
- Isso! Me desculpe por não lembrar, eu confesso que estou por fora das bandas atuais, mas minha irmã Jenny os adora! – ela concluiu sorrindo.
- Sem problemas, estamos em início de carreira mesmo. – ele mentiu. Início? Só se fosse do lançamento do segundo álbum de sucesso.
- Se não for muita cara de pau, será que você poderia me dar um autógrafo, para Jenny? – ela pediu, finalmente aparentando certa timidez.
- Claro, mas com uma condição. – ele propôs, sentindo-se agora confiante diante dela.
- E qual seria? – Ana perguntou apreensiva.
- Me deixe te comprar uma blusa nova e tome um café comigo. – ele disse sorrindo e a garota pareceu pensar por alguns instantes, antes de finalmente concordar, também sorrindo.
- A propósito, Séb. – Ana chamou a sua atenção enquanto escolhiam uma mesa. – Eu me lembro do dia da livraria. – ela sorriu tímida e ele sentiu o coração palpitar cada vez mais rápido.
Finalmente ele havia conseguido! E ao longe, sentado num canto reservado da cafeteria, certo espectador moreno, alto, bonito e sensual — segundo ele —, observava o mais novo casal em formação e sorria orgulhoso pelo feito do amigo. Ponto para o guru do amor!
Três meses depois, estavam todos reunidos no backstage antes de mais um show, os outros integrantes conversavam animadamente. Séb estava sentado em um canto isolado, como sempre, ele tinha uma pequena caixinha de veludo em mãos e a jogava de um lado para o outro, tentando conter o nervosismo. Pierre aproximou-se dele e apanhou a caixinha no ar antes que Sébastien a segurasse, o moreno a abriu e sorriu feliz ao notar o que havia dentro dela.
“O guru do amor nunca falha”, se gabou contente em pensamentos.
- Cara, não vá me dizer que você já está pronto para a coleira?! – exclamou com certo exagero na expressão.
- Me devolve isso, Pierre! E se ela vê antes da hora? – Séb apanhou a caixinha novamente e olhou para todos os lados, para se certificar de que Ana ainda não havia adentrado o local. Pierre riu do amigo.
- Sério, vai pedi-la em casamento? Que eu saiba, vocês não estão nem namorando oficialmente ainda, tudo não passa de sexo casual. – comentou rindo.
- Deixe de ser idiota! – Séb gargalhou. – Isto é apenas um anel de compromisso, quem sabe depois do show de hoje, ela finalmente se torne minha namorada. – o nerd sorriu esperançoso.
- Séb! – Ana entrou sorrindo no backstage, e Sébastien sorriu instantaneamente, ele sabia que aquele seria o melhor dia da sua vida.
Ela cumprimentou os outros caras, que lhe abraçaram contentes, todos já a adoravam, e depois se colocou diante dele e de Pierre. O moreno a abraçou e a beijou no rosto, saindo rapidamente para deixá-los a sós. Séb era o seu pupilo de ouro e havia encontrado uma garota incrível. Isso o fazia ter a sensação de dever cumprido.
Naquela noite, após dedicar uma canção a no show, Séb a pediu em namoro diante de algumas muitas pessoas que se encontravam no local, mas para ele naquele lugar restava apenas ela, era só ela que ele enxergava. E óbvio que a garota aceitou ao seu pedido, de boba ela não tinha nada.
- Me tira uma dúvida, Pierre. – Séb pediu ao amigo enquanto guardavam os instrumentos e deixavam o palco rumo ao backstage novamente.
- Diga, gafanhoto. – Pierre brincou.
- Naquele dia na cafeteria, aquele empurrão, foi de propósito, não foi? – Séb questionou curioso.
- Quem sabe. – Pierre deixou no ar e saiu andando no seu jeito Casanova de ser.
Sébastien riu e o seguiu, ele era realmente um grande amigo e do seu jeito torto, sempre o ajudava. O guru do amor, apesar de se utilizar de métodos sujos, realmente sabia o que fazer. Séb gargalhou alto dessa vez por conta de seus pensamentos e foi ao encontro da sua, agora, namorada.
MISSÃO 2: O IDIOTA HIPERATIVO
- Hey, pessoal, olha só! – David gritou do alto da escada da casa onde ele e os amigos estavam reunidos nos últimos dias, concluindo a gravação de um novo CD. Aquela era a primeira vez que eles faziam uma viagem daquelas e dividiam uma casa para gravar e compor novas músicas. Uma bela casa na praia, ideia da nova produtora da banda — produtora essa que encantava David de uma maneira que ele não gostava de admitir. Em um movimento rápido, ele se jogou escada abaixo, escorregando pelo corrimão e caindo, misteriosamente, sentado sobre um puff que se encontrava próximo ao local.
Todos riram e o chamaram de louco, mas ela, a produtora, apenas o olhou indiferente, rolando os olhos e resmungando um “Idiota” em um tom que ninguém poderia ouvir, mas David sabia ler lábios, ele era um cara esperto e observador.
- Cara, você não cresce? – Séb perguntou, passando pelo amigo e rindo.
- Eu gosto do David do jeito que ele é, ele me diverte! – exclamou e David a olhou feliz.
- Em resumo, ela te chamou de palhaço. – Pierre disse e todos riram. Menos David.
- Eu não quis dizer isso, Pierre. – Ana ralhou com o moreno, desculpando-se com David.
- Don’t worry, be happy, . O que o Pierre diz não me atinge. – David disse indiferente.
- Babaca. – Bouvier revidou.
- Baleia. – David continuou.
- Vamos parar de criancices e trabalhar! – A produtora exclamou, parecendo estar irritada e saiu andando em direção ao estúdio de gravação, os meninos a seguiram rapidamente.
David rolou os olhos, observando-a. Sempre tão cheia de si, sempre tão indiferente a ele, sempre tão metida, sempre tão... Interessantemente irresistível.
- Seca a baba pra não dar muito na cara a sua louca atração por ela. – Ana comentou próximo ao seu ouvido e ele a olhou fingindo indignação.
- Atração? Aquela esnobe e eu? Tá maluca, ? – ele perguntou, nervoso diante da dedução dela.
- Maluca, eu? Você não me engana, David Desrosiers. – ela afirmou convencida. David suspirou derrotado, ele não a enganava mesmo.
- Ela não me dá a mínima, pior que isso, ela me acha um idiota. – ele resmungou cabisbaixo.
- Talvez isso tudo seja só pose. – Ana comentou.
- Eu duvido, todas amam o meu jeito de ser. Aliás, as garotas adoram as minhas idiotices e o meu jeito alegre de ser, é o meu charme natural. Mas ela, não.
- Quem sabe esse não seja o problema? As garotas te amam demais. – Ana comentou. David riu. – Por que você não pede ajuda ao Pierre? O Séb me disse uma vez que graças a ele nós estamos juntos hoje. Ele é uma espécie de cupido, ou sei lá.
- Só estando louco pra isso. O Bouvier é convencido demais. Se eu pedir ajuda, ele irá jogar isso na minha cara pra sempre.
- É só uma ideia, pense a respeito. Ele não é tão ruim assim. – Ana disse.
- Hey, vocês duas, venham logo! Não temos tempo a perder e vocês, garotas, ficam colocando o papo em dia? – Pierre surgiu na sala e David lhe mostrou o dedo médio. – Nossa produtora já está tendo faniquitos de raiva por sua culpa, Desrosiers, mexa logo esse traseiro gordo e traga-o até o estúdio. – Bouvier o ignorou e seguiu de volta ao estúdio de gravação.
- Vai lá. – disse rindo e o empurrou em direção à porta por onde Pierre havia entrado.
Horas depois, todos haviam decidido dar um tempo na gravação — sob os protestos de , a produtora — e se encontravam sentados na varanda de um bar à beira mar, curtindo a noite tranquila daquele local. Uma banda tocava música ao vivo, algumas pessoas dançavam animadas no interior do local e também do lado de fora em meio a areia da praia. Aquele ambiente era encantadoramente tranquilo, só quem não conseguia ficar tranquilo por muito tempo era certo baixista hiperativo, que não parava de fazer as suas típicas gracinhas, contar as suas típicas piadas e atrair várias garotas a sua volta, encantadas com o jeito brincalhão do cara de cabelos, novamente, descoloridos. Várias garotas, menos a que ele realmente queria ter por perto.
- David, não faz isso! Que nojo, cara! – Chuck exclamou rindo ao ver o amigo enchendo a boca de cerveja e cuspindo tudo o mais distante possível após ter feito uma aposta com Pat, o amigo, webguy e faz tudo da banda. Após isso, David soltou um arroto que podia ser ouvido até no Japão.
- PORCO! – todos exclamaram e riram em seguida, já bem alegres por conta da bebida que haviam ingerido.
Porém, em meio a todas aquelas risadas, David notou bufar irritada e se levantar, saindo dali acompanhada de e indo em direção ao banheiro feminino do local. Por que aquela garota tinha que ser tão fresca? Ele a queria desesperadamente, mas não conseguia conter o seu jeito de ser para agradá-la. David estava ferrado!
- Precisando de ajuda? – Pierre perguntou, aproximando-se.
- Sua ajuda? Em quê? – David se fez de desentendido.
- Para conquistar a produtora. – Bouvier concluiu.
- E quem disse que eu quero conquistá-la? – David questionou indiferente.
- A sua cara de idiota apaixonado. – Pierre afirmou.
- Não enche, Pierre!
- Você que sabe, mas se quiser ajuda, é só chamar. Pergunte ao Séb, eu sou o guru do amor. – ele disse e saiu andando, deixando David com uma cara de “What a fuck, guru do amor é uma parada muito gay”. Sim, David chamando alguém de gay, quanta ironia.
- Me deixa em paz, Desrosiers! – exclamou irritada.
- Ah, qual é ? Eu sei que você me quer. – David disse com a voz arrastada de um bêbado.
A música agitada do The Maine invadia o local. Eles dançavam na pista de dança do local animados, David havia inventado vários passos esquisitos, ingerido muita vodka e já estava completamente louco, tão louco que em um surto momentâneo, aproximou-se de e envolveu a sua cintura com os braços, pegando-a de jeito e surpreendendo-a. A produtora sentiu o seu corpo todo arrepiar, ela nunca admitiria, mas aquele baixista mexia com os seus hormônios. E o jeito alegre dele encantava-a mais que tudo, mas o problema era que não encantava somente a ela e isso era o que a fazia manter-se afastada e indiferente a ele por todo o tempo.
- Sai, idiota! – ela disse ríspida quando notou que estava cedendo ao carinho bom que ele fazia em sua cintura, soltou-se dele e o empurrou, correndo para longe logo em seguida.
David, embriagado, ficou estático, vendo-a partir para longe dele, cada vez mais longe.
Merda, ele precisava de ajuda! Senão, nunca iria conquistá-la. Por mais difícil de admitir, ele precisava da ajuda de Pierre Bouvier — o babaca que se autodenominava “Guru do amor”. Apesar do título idiota, ele sabia que Pierre tinha um poder estranho sobre as garotas, e era o único que podia ajudá-lo naquele momento.
- Tudo bem, Pierre, eu desisto. O que eu preciso fazer para aquela metida ser minha? – David disse derrotado, sentando-se ao lado do amigo, que se encontrava no bar agarrado a uma loira qualquer.
- Porra, David, agora eu tô ocupado, mané! O seu timing é uma merda, sabia? – Pierre disse entre dentes. - Amanhã de manhã nós conversamos, não estou conseguindo raciocinar com a cabeça de cima agora. – o moreno disse safado e a garota em seu colo, mais safada ainda, riu. Eles se levantaram e saíram andando rapidamente, ela diante dele, provavelmente tentando esconder a animação do amiguinho das partes baixas de Pierre, que obviamente queria sair para brincar aquela noite. Em questão de segundos, eles sumiram por entre as pessoas. David suspirou desanimado e pediu uma dose de tequila ao barman. Então, que tudo acabasse em álcool aquela noite!
- Acorda, bebum! – Pierre gritou e David acordou assustado. A cabeça girando em uma tarde de domingo. Ele sorriu forçado, achando aquela uma boa frase para se encaixar em uma canção.
- Vá à merda, Pierre! – ele exclamou entre dentes.
- Eu me disponho a lhe ajudar, a finalmente conquistar a , e é assim que você me trata? – Pierre disse indignado. David rapidamente se levantou ao ouvir o apelido dela. Contra a sua vontade, pediu desculpas ao moreno convencido. – Assim está melhor, pois então, vamos ao que interessa, meu novo gafanhoto. – e o guru do amor entrou em ação novamente.
David se encontrava sentado no estúdio, ele estava sozinho concentrado em sua nova composição, uma canção que Pierre e Chuck o haviam ajudado a compor. Ele tentava organizar a melodia no violão da melhor forma possível enquanto cantava a letra que já havia decorado, quando um barulho o fez parar. Ele olhou do lado de fora da cabine de gravação e a notou. o olhava de uma maneira diferente, ela parecia encantada, admirada. Há quanto tempo ela estaria ali, observando-o?
A garota se assustou ao notar o olhar dele sobre ela, sentiu suas pernas bambearem, mas logo tratou de recuperar a pose.
- Eu não sabia que você estava aqui, Desrosiers. – ela disse diante do microfone/interfone que fazia a comunicação entre a cabine e a mesa de mixagem. – o Bouvier me pediu para apanhar o caderno de composições que estava aqui, mas eu não o estou encontrando. – ela disse visivelmente nervosa, David sorriu ao vê-la ligeiramente abalada diante dele.
- O caderno está comigo, eu já estou terminando aqui, espere um momento. – ele pediu e a garota assentiu, sentando-se em uma cadeira do lado de fora da cabine.
David ajustou mais alguns detalhes na melodia e anotou no caderno, encerrando logo em seguida, saindo da cabine e parou diante da garota que ainda o encarava.
- Sabe, é estranho te ver assim, todo calmo e concentrado. – disse em um impulso.
- Às vezes eu acerto a dose de ritalina, não é fácil ser hiperativo. – David disse sério, mas por dentro ria.
- Eu não quis dizer isso, eu... – a garota sem embolou com as palavras.
- Relaxa, , eu tô brincando. – ele disse sorrindo e a garota retribuiu sorrindo de volta ao ouvi-lo pronunciar o seu apelido de forma tão carinhosa. David percebeu que aquela era a primeira vez que ela sorria-lhe. Eles estavam progredindo.
- E essa música, é nova? Adorei a melodia. – ela comentou, escondendo o fato de que também havia se encantado pela letra, será que ele a havia composto? A letra tinha tanto significado.
- Sim. Pierre, Chuck e eu a escrevemos hoje pela manhã. Você gostou? – ele perguntou apreensivo, realmente preocupado com a opinião dela.
- Do pouco que eu ouvi, adorei. Seria muito abuso pedir que você tocasse mais um pouco pra mim? – ela pediu envergonhada, sentindo o seu muro de resistência sendo derrubado aos poucos por aquele baixista lindo e maldito.
- Claro! – David concordou animado, apanhou o violão novamente e se sentou diante dela, tocando com todo o seu coração. o olhava mais admirada ainda.
Então as horas passaram e eles nem se deram conta. Ela o ajudou em algumas partes da melodia, dando-lhe algumas dicas, entendia muito de música, não era à toa que era uma das melhores produtoras do ramo. Aquela era a primeira vez que os dois conviviam a sós, e tudo parecia fluir maravilhosamente bem. David era melhor do que ela pensava. David era incrível, David era simpático, David era talentoso, David era engraçado, David era lindo. Droga! Ela estava mesmo apaixonada.
- Essa música ficou perfeita! – a garota exclamou animada. – Espero que vocês considerem a inclusão dela no próximo CD.
- Quem sabe... – David disse misterioso. – Se a musa inspiradora da canção a aprovar, definitivamente. – ele concluiu e o olhou num misto de curiosidade e decepção. Era óbvio que ele havia escrito aquilo para alguém. Como ela era tola.
- Ah... – ela murmurou, desviando o olhar do baixista a sua frente, David sorriu e logo tratou de lhe dizer quem era a musa.
- E então, , você aprova esta música? – ele questionou subitamente e ela o olhou surpresa.
- Você... Você... Escreveu essa música pra mim? – ela perguntou confusa e alegre.
- Sim. – David afirmou. - Eu achei que isso era meio óbvio pela letra e tudo mais. – ele coçou a nuca, completamente nervoso.
- Oh, David, ela é linda! – a garota exclamou e o abraçou em um impulso. Eles se encararam intensamente e sem que ambos pudessem perceber, já se beijavam suave e apaixonadamente.
Muitos beijos trocados depois, eles saíram do estúdio caminhando de mãos dadas e saíram da casa em direção à praia. Pierre estava sentado na sala de estar trocando de canais impacientemente, quando os notou andando daquela forma. David piscou-lhe antes de sair e sibilou um “Obrigado”, o moreno levantou o dedão em sinal de positivo e sorriu satisfeito, relaxando no sofá, novamente com a sensação de dever cumprido. Ele havia dado uma tacada de mestre quando pediu a que fosse até o estúdio de gravação com a desculpa de apanhar um caderno que ele não precisava e sabia que David estaria usando. Tudo havia dado certo, afinal. Mais um ponto para o Guru fodão do amor!
MISSÃO 3: O CARA SÉRIO
- Rouba esse disco! Quebre a cara deles! Faça qualquer coisa! – Pierre exclamava irritado com um dos jogadores que passava perto de onde ele estava vendo seu time perder.
- Senta aí, Bouvier, não adianta nada você berrar desse jeito. – Chuck disse tranquilo, observando o jogo seriamente.
Os dois amigos, acompanhados de Pat, estavam no ginásio mais uma vez assistindo ao jogo de hockey do seu time do coração. Patrick e Pierre xingavam o juiz, os jogadores do time adversário, o mascote do time, enquanto Chuck só assistia a tudo com toda a sua paciência e seriedade, esperando que o time virasse o placar. E foi aí que ele a viu.
- PORRA, JUIZ, COMPROU A LICENÇA PRA APITAR PARTIDAS? ACOOOOORDA! – a garota berrou, fazendo Pierre e Patrick vibrarem, apoiando-a. Chuck a encarou, ela era linda, um pouco escandalosa, mas completamente linda. Ele se sentiu instantaneamente atraído.
Em pouco tempo, a garota se aproximou, fez amizade com seus dois amigos e ele nem havia percebido, pois ainda a encarava descaradamente. A menina sorriu maliciosa ao notar que a olhava e ele automaticamente desviou o olhar, envergonhado, sentando-se corretamente em seu lugar.
- Prazer, meu nome é . – ela lhe estendeu a mão, olhando-o sedutoramente, na opinião dele. Surpreendendo-o com a iniciativa dela.
- Charles. – ele disse todo polido.
- Charles. – ela repetiu. – Tão sério e pomposo. – ela concluiu, fazendo uma careta e rindo em seguida, ele coçou a cabeça, confuso.
- Não gostou do meu nome? – ele perguntou quase indignado.
- Não é isso, é um belo nome, nome de príncipe, só estou observando a forma como você se apresentou: todo sério e formal. – ela explicou.
- Esse é meu jeito. – ele disse mal humorado. Garota maluca! Ele tinha educação, qual era o problema?
A garota riu com o jeito emburrado com que ele lhe respondeu e decidiu deixá-lo em paz e voltar a xingar o juiz na companhia dos outros dois rapazes que pareciam ser mais do estilo dela.
Talvez ela tivesse se enganado, talvez tivesse compreendido de maneira errada os sinais que ela achou que Charles estava lhe enviando.
O caralho que havia compreendido errado! Ele a olhava descaradamente, ela tinha certeza.
Resolveu deixar pra lá e torcer a plenos pulmões.
Chuck se afundou em seu lugar emburrado com ela, decepcionado consigo mesmo, tudo ao mesmo tempo. Por que ele tinha que ser sempre daquele jeito? Sempre tão sério, ou como os seus amigos irritantemente diziam: tão chato. Por que ele tinha que se interessar por garotas como aquela? Completamente o seu oposto. Ficou ali, divagando em seus pensamentos, esquecendo-se de onde estava. Esquecendo-se do jogo. Até que alguém se sentou ao seu lado.
- Você é um idiota, Chuck. – Pierre disse com o seu jeito folgado de ser. – Uma gata daquelas te dando mole e você vai lá e estraga tudo. Trouxa! A propósito, o jogo já acabou e ela já se mandou. – ele concluiu e Chuck o ignorou, levantando-se e saindo do local.
E agora? Ele havia mesmo sido um idiota e nunca mais a veria de novo. Merda de vida!
Os dias passaram irritantemente lentos e Chuck ainda não havia se esquecido da garota que vira naquela partida de hockey. O problema era que ele precisava esquecê-la, pois era estaticamente improvável que os dois voltassem a se ver, era numericamente impossível, teoricamente inviável, era... Era ela entrando no apartamento de Pierre, acompanhada por Ana e Sébastien?
- Hey, guys! – cumprimentou animada.
- Hey, gays! – Séb fez graça e todos os caras o mandaram tomar naquele lugar mostrando-lhe o querido amigo, dedo médio.
E então, Ana começou a apresentar sua amiga desconhecida, não tão desconhecida para Chuck, a todos que se encontravam ali. Até que ambas pararam diante dele.
- Oi, Chuck. – disse abraçando-o e se afastando instantes depois.
- Oi, linda. – ele retribuiu o cumprimento.
- Essa é a minha amiga, . Ela acaba de se mudar pra cá, vinda do Brasil. Ela vai estudar Engenharia da Computação na Universidade de Montreal. – explicou.
- Então quer dizer que o senhor “meu nome é Charles, sou sério e pomposo”, tem um apelido? – questionou, olhando-o intrigada.
- Vocês se conhecem? – perguntou confusa.
- Longa história. – ambos responderam em coro, fazendo a morena rir.
- Pelo visto se conhecem. Bom, vou deixá-los a sós então e ir paparicar o meu namorado lindo, até mais. – Ana saiu rindo, deixando-os estáticos, encarando-se e sem saber o que fazer.
- ! – Patrick exclamou assim que a viu.
- Pat! – ela respondeu sorrindo e o abraçando.
- Que bom que veio. – o loiro comentou contente. Chuck os observou, enciumado.
- Eu não perderia o aniversário do Pierre por nada. – a garota disse. Como assim? Ela já se sentia amiga intima deles, frequentando aniversários e tudo mais? Eles se conheciam a menos de um mês! Ou ele estava enganado?
- , a que devo a honra da sua presença na minha humilde residência? – Pierre apareceu, abraçando-a logo em seguida. A garota gargalhou, “Maldito Bouvier e o seu charme irresistível com as mulheres”, foi o que Chuck pensou.
- É seu aniversário, né, seu besta? E eu não perco uma boa festa por nada! – a garota disse sincera, fazendo-o rir. – A propósito, feliz aniversário! – ela exclamou e o abraçou novamente. Será que existia algo entre eles?
Chuck já se sentia confuso e perdido diante daquela garota, então achou melhor se afastar e deixá-la com quem ela realmente queria ficar. Ele saiu, indo em direção à sacada do apartamento, sentou-se em uma espreguiçadeira que havia ali e permaneceu lá pensando por incontáveis minutos, estava quase adormecendo quando alguém adentrou o local, despertando-o.
- Você é mesmo um idiota! – Bouvier exclamou. - Sai da festa e deixa a garota por quem você está arrastando um trem de carga dando sopa pros putões da festa?
- O maior putão está aqui comigo, então não devo me preocupar. – Chuck disse seco.
- Ouch, essa doeu. – Pierre brincou.
- E eu não estou a fim dela, já disse! Nós não combinamos! – Chuck exclamou irritado com as gracinhas de Pierre, mas logo paralisou ao notá-la encostada na porta de vidro da sacada, ela o olhou surpresa, decepcionada e irritada.
Pierre observou tudo, balançando a cabeça em reprovação. O amigo precisava mudar de atitude, precisava deixar a seriedade de lado e se entregar com tudo ao que estava sentindo. Chuck precisava da sua ajuda, da ajuda do Guru do amor.
- Droga, Pierre, ela ouviu tudo. Agora que eu não tenho mais chances mesmo. – resmungou cabisbaixo.
- Não criemos pânico, porque o Guru do amor está aqui para ajudá-lo, terceiro gafanhoto. – Pierre sorriu e Chuck o olhou confuso. Que porra era aquela de “Guru do amor” e “gafanhoto”?
- Cara, você tá bêbado? – Chuck perguntou.
- Estou bêbado de sabedoria em relação às mulheres. E eu sei que você precisa da minha ajuda. – ele piscou convencido, Chuck olhou abismado. E então Pierre desatou a falar e a lhe encher de conselhos estranhos.
Algum tempo depois, ele voltou para sala e procurou por . Ela estava sentada no sofá conversando com e , falava sem parar e parecia irritada. Por um momento, os olhares se encontraram e ela revirou os olhos, saindo de onde estava e andando apressada para bem longe de Chuck. Ele a observou subir as escadas para o segundo andar do apartamento duplex e então a seguiu. Chuck esperava do fundo do coração que os conselhos que Pierre havia lhe dado dessem certo, do contrário, não responderia por seus atos quando o encontrasse.
procurava pelo banheiro, mas na verdade ela queria mesmo era fugir de Charles ou Chuck, ou seja lá qual era o nome daquele babaca escroto que só a tratava mal desde que a viu, embora ela se sentisse estranhamente atraída pelo idiota mauricinho. Ele já a irritava de uma maneira absurda e, naquele momento, ela estava mais irritada ainda após ouvir, sem querer, o que ele confidenciara a Pierre na sacada. Mas por que ela se importava afinal de contas? Eles mal haviam trocado algumas palavras desde que se conheceram e todas as vezes ela sentiu as faíscas que saiam de ambos por estarem muito perto. Por que se importar com um idiota como aquele? Por que se importar com a temperatura do seu corpo subindo quando o pegava a olhando sedento de vontade.
- Mas que porra! – ela berrou entre dentes, tentando conter o volume da voz. Não havia ninguém naquele cômodo do apartamento, mas ela não queria ser vista como louca caso alguém aparecesse.
bufou irritada consigo mesma e com todos e tentou mais uma porta, mas quando colocou a mão na maçaneta, outra mão a cobriu, fazendo-a se virar assustada e notar Chuck muito próximo dela.
- O que você pensa que está fazendo?! – ela exclamou nervosa, mas ele apenas a ignorou e em um movimento rápido abriu a porta e a empurrou para dentro do local, que ela notou ser o banheiro. Era um banheiro lindo, todo coberto de pastilhas pretas nas paredes, o chão com piso quadriculado preto e branco, uma bancada de mármore onde se encontrava a pia. Era um banheiro interessante, e ela tentava observar tudo para fugir dos olhos de Charles/Chuck e da vontade constante que ela tinha de agarrá-lo naquele lugar.
Chuck trancou a porta e colocou a chave no bolso, caminhou na direção dela, a garota o olhou de volta surpresa e misteriosamente excitada.
- Novamente, que merda você pensa que está fazendo? – ela questionou, outra vez sentindo um fogo subir por todo o corpo conforme o dele se aproximava.
- Precisamos resolver esse impasse que criamos. – Chuck disse, estranhamente cheio de atitude. Aquilo surpreendeu a , na verdade ela havia adorado aquilo.
Ele se mantinha no seu jeito sério de ser, mas algo havia mudado.
Em outro movimento rápido, ele envolveu a cintura dela e a trouxe para mais perto, ficou sem reação por um momento, mas logo espalmou as mãos no peitoral do rapaz, que ela sentiu ser deliciosamente definido. Ela queria tirar aquela camisa xadrez que ele usava e arranhar aquele peitoral todinho. Iria provocar um estrago e se vingar um pouquinho daquele idiota metido a intelectual.
- Você deve ter notado a tensão sexual que nos envolve desde aquele dia do jogo, não deve? – Chuck sussurrou em seu ouvido e a garota sentiu as pernas amolecerem.
- Não sei do que você está falando. – ela tentou manter-se firme. E se desvencilhou dele caminhando de costas e às cegas até encostar-se a algo firme. Droga, a bancada de mármore!
Chuck sorriu confiante e caminhou até ela, prendendo-a entre a bancada e o seu corpo novamente e negando com a cabeça o que ela havia dito.
- Você me quer. – ele disse e ela o olhou, indignada. Intelectual metido de merda! Ela o queria mesmo, mas ele não precisava ser tão convencido, porém, ele logo disse algo que a fez se arrepiar. – Assim como eu te quero.
- Você o quê? – perguntou confusa.
- Eu te quero desde o momento em que a vi pela primeira vez naquele jogo, mas eu sempre fui um babaca quando se trata de conquistar garotas por quem eu me interesso. – ele confessou de repente.
- Você é mesmo um babaca metido! – a garota exclamou divertida.
- E você é uma garota maluca e completamente interessante. – Chuck disse, tirando coragem sabe-se lá de onde. Até que os conselhos de Pierre estavam fazendo efeito, ele já a sentia mais próxima.
A garota o observou por alguns instantes, absorvendo o que ele havia lhe dito. E então, pensando um grande “Foda-se!”, ela subiu com um impulso na bancada da pia e o agarrou pelo pescoço, selando os seus lábios aos dele. Chuck ficou surpreso com a sua atitude, mas no fundo ele sabia que ela o surpreenderia, aquela garota era incrível.
Deixando as surpresas de lado, ele se fundiu mais a ela, encaixando seu corpo entre suas pernas e a agarrando pela cintura, alternando carinhos pelo local e por suas coxas descobertas graças ao short jeans que ela usava. não quis deixar barato e após se perder na nuca dele por algum tempo, desceu as mãos até os botões da maldita camisa xadrez e os desabotoou apressadamente, para enfim fazer o que teve vontade no momento em que ele a encurralou ali naquele banheiro. Com as suas unhas recém-pintadas de vermelho sangue, ela arranhou aquele peitoral, que era claramente definido, de cima até a entrada da felicidade de Chuck. E ele soltou um gemido baixo entre o beijo ardente que trocavam e que ela não sabia se era de prazer ou dor. Mas acreditava que os dois sentimentos estavam interligados naquela hora. Chuck fundiu mais entre suas pernas e ela notou certo volume em suas partes baixas. Talvez o amiguinho dele quisesse sair para passear. Contra a sua vontade, separou seus lábios dos dele e o empurrou para longe.
- Não tão rápido, amigão. Eu não sou tão fácil assim. – ela disse com dificuldade, tentando normalizar a respiração. Chuck a olhou confuso.
Então ela desceu da bancada, ainda sentindo as pernas bambas e mostrou a ele as chaves que havia conseguido retirar do bolso da bermuda dele sem que percebesse. caminhou até a porta e a destrancou, sorrindo satisfeita.
- Terminamos isso outro dia. – disse maliciosa e saiu rindo ao notar a face surpresa de Chuck.
- Parece que alguém se deu bem hoje. – Pierre comentou assim que Chuck chegou à sala de estar. – Espero que vocês não tenham feito nada nos meus lençóis. – ele disse, fazendo uma careta de nojo.
- Não seja idiota. – Chuck pediu envergonhado. Pierre riu. – Obrigado pelos conselhos, cara.
- Sem problemas, precisando é só pedir. – Pierre disse e Chuck assentiu, despedindo-se.
Terceiro ponto do Guru do amor! Ele era foda e sabia disso. Talvez devesse levar essa parada de Guru do amor a sério e começar a cobrar uma grana dos idiotas que tinham dificuldade em pegar garotas... Não, seus amigos já davam trabalho suficiente.
MISSÃO 4: O CARECA CHARMOSO
- Papai! – a pequena garotinha de cabelos claros exclamou, correndo em direção ao pai que estava parado na porta da sala. Era tarde de domingo e ele havia acabado de voltar de mais uma turnê, mas logo entraria em outra, por isso ficaria com as pequenas durante aquela semana.
- Hey, minha pequena. Como passou a semana? – Jeff disse a pegando no colo.
- Foi legal, a mamãe, Zoe e eu fizemos muitas coisas divertidas.
- Que bom, minha linda! – Jeff exclamou contente. - Onde está a sua irmã?
- A mamãe já a está trazendo. – Maya disse feliz. – Vamos brincar muito essa semana? – a menina perguntou com os olhos brilhando e sorrindo sapeca.
- Claro, meu amor, vamos nos divertir bastante para compensar o tempo que o papai ficou ausente fazendo shows. – Jeff disse.
- Quero ir aos shows com você. – Maya disse, subitamente emburrada.
- Você agora é uma mocinha e tem compromissos, pequena. Tem que ir à escola, não pode faltar à aula para ir aos shows, mas quem sabe nas suas férias eu não leve você e a sua irmã comigo? – Maya o olhou contente novamente e vibrou, batendo as pequenas mãozinhas, toda feliz.
Momentos depois, France, a ex-mulher de Jeff, surgiu no hall de entrada, cumprimentando-o e trazendo Zoe, a filha menor do casal em seus braços. A pequena esticou os bracinhos na direção do pai e ele a pegou no colo, com Maya ainda em seu braço direito. A maior já não precisava ficar no colo, mas ficava sempre muito manhosa quando o pai apenas carregava a menor, por isso, Jeff se desdobrava e segurava as duas.
France lhe informou todas as recomendações que ele deveria seguir durante aquela semana, pela vigésima vez, e ele assentiu novamente. As pequenas se despediram da mãe e seguiram com o pai em direção ao apartamento dele no centro de Montreal.
- Papai, quero pizza! – Maya pediu algum tempo depois e Zoe vibrou concordando, enquanto os três estavam sobre os sofás da sala assistindo desenhos animados do Looney Tunes na TV.
- Então as minhas pequenas estão com fome? – Jeff perguntou sorrindo. E as duas assentiram. – Ok, papai vai preparar uma pizza pra vocês, comportem-se. – ele se levantou sorrindo, deixou as duas diante da TV e seguiu até a cozinha para preparar o jantar, modéstia à parte, a pizza que ele preparava era ótima. E ter a massa pronta no congelador ajudava muito.
Na manhã de segunda-feira, Jeff acordou assustado com o barulho do despertador, aquele aparelho irritante havia atrapalhado o seu sono justo quando ele finalmente havia conseguido dormir após mais uma de suas crises de insônia. Maldito aparelho!
Ele o apanhou e olhou as horas: 07h15 da manhã. Droga! Ele estava atrasado. Maya teria aula às 8 horas e Zoe deveria ser deixada na creche às 08h30. E ele ainda teria que preparar o lanche delas, dar banho nas duas e arrumá-las para a escola. Maravilha, ele estava mesmo atrasado.
Ele levantou-se apressado, vestiu-se e foi correndo até o banheiro fazer a sua higiene matinal, após isso foi até o quarto das filhas e executou a árdua tarefa de acordá-las. Zoe logo despertou, mas Maya ainda fez um pouco de manha. Ele deu banho nas duas em tempo recorde, vestiu-as com os uniformes e preparou as lancheiras na velocidade da luz. Deu a mamadeira de Zoe e uma tigela de cereais a Maya, que estava recusando a mamadeira nos últimos tempos, pois já se dizia mocinha demais para aquilo. A sua pequena estava crescendo. Ele estava mesmo ficando velho.
Após as duas tomarem o café da manhã, ele as levou até o carro, acomodou-as em suas cadeirinhas no banco traseiro e seguiu dirigindo até a escola de Maya, no caminho ligou o rádio e “Daughter” do Pearl Jam, uma de suas bandas favoritas, iniciou os acordes através do aparelho de som. Maya e Zoe murmuravam a canção de seu jeito e Jeff sorria contente. Suas filhas tinham bom gosto musical. Faltando cinco minutos para as oito horas da manhã, ele estacionou em frente à escola de Maya. Desceu do carro, abriu a porta traseira em seguida, retirou-a da cadeira, pegou a mochila em sua mão e a ajudou a descer do carro. Já do lado de fora, ela pediu a pequena mochila ao pai, abraçou-o rapidamente e saiu correndo contente em direção aos amiguinhos que adentravam a porta da escola. Ele ainda se lembrava do primeiro dia de aula da sua garotinha, lembrava-se de como ela havia feito a maior birra que ele já vira e, dois meses depois, quem diria que ela imploraria para ir à escola.
Jeff sorriu apoiado na lateral do carro, observando a sua pequena entrar conversando com uma amiguinha, ao longe ele avistou também uma bela mulher, jovem, provavelmente em torno dos 25 anos, cabelos longos e pretos, a pele branca, um sorriso lindo.
Ela se abaixou e deu um beijo no rosto de Maya e da amiguinha e as duas a abraçaram, a mulher sorriu e as guiou para dentro da escola. Jeff suspirou involuntariamente e em seguida chacoalhou a cabeça, achando-se um idiota. Já não tinha mais idade para aquelas paixonites.
Deu a volta no carro, ligou e dirigiu novamente, dessa vez em direção à creche de Zoe, deixou a sua outra pequena lá, quase sonolenta nos braços da professora e seguiu o seu caminho novamente em direção ao seu novo negócio.
- Sr. Stinco? – um rapaz que aparentava ter uns 22 anos bateu na porta do escritório de Jeff, que se encontrava entreaberta.
- Entre, Tommy. – Jeff pediu, desviando o olhar de alguns documentos que examinava.
- Seus amigos estão aqui. – Tommy, o assistente de gerência da pizzaria de Jeff, informou.
- Diga-lhes que eu já estou indo. – Jeff pediu e o jovem rapaz assentiu, saindo do escritório em seguida.
Jeff guardou os papéis que analisava em uma pasta e saiu do escritório, indo até o bar do restaurante, onde sabia que os amigos estariam. Olhou no relógio durante o caminho e observou que já era uma hora da tarde, e eles provavelmente estariam ali para almoçar.
Jeff almoçaria com eles, já que Zoe e Maya ficavam na escola em período integral e ele apenas as buscaria por volta das cinco da tarde.
- Hey, cara! – Séb cumprimentou assim que o viu.
- Como está, aeroporto de mosquito? Muitos pousos noturnos? – David fez graça e Jeff lhe deu um pedala.
- Vem até o meu restaurante me insultar? É muita cara de pau da sua parte, Desrosiers. Não se esqueça, eu posso pedir ao cozinheiro para fazer algo especial com a sua comida. – Jeff ameaçou brincando e David o olhou apreensivo, sorrindo sem graça. Todos gargalharam.
, e abraçaram e beijaram-no em seguida e os outros rapazes o cumprimentaram com um típico aperto de mão de machos.
Jeff os levou até uma mesa num canto confortável do restaurante, onde todos normalmente sentavam quando iam até o local. Após estarem acomodados, fizeram seus pedidos, David ainda com receio se comeria ou não.
O restaurante havia passado a atender também durante o almoço, graças a grande procura da clientela. Jeff se sentia satisfeito com o seu novo negócio, era algo que ele sempre quisera fazer, além de ser músico, é claro.
Tempos depois, todos já se encontravam satisfeitos e apenas bebiam e jogavam conversa fora, até que Tommy interrompeu Jeff novamente, anunciando que havia uma ligação para ele no escritório, ele pediu licença aos amigos e seguiu até o local. Era France na ligação e ela queria saber se ele havia se lembrado da reunião de pais e mestres que aconteceria às quatro da tarde na escola de Maya. O careca levou a mão à testa, censurando-se por ter esquecido o compromisso. Olhou no relógio e constatou que já eram quinze para as quatro da tarde.
Despediu-se de France correndo, dizendo que já estava indo para a reunião e fez o mesmo com os amigos assim que passou por eles no restaurante.
Eram quatro e cinco da tarde quando ele estacionou em frente à escola. Desceu as pressas do veículo e se encaminhou até a entrada do local, perguntou ao porteiro onde seria a reunião de pais do primeiro ano. Seguiu as instruções que o senhor lhe passou e caminhou rapidamente até a sala indicada. Chegando lá, bateu a porta e paralisou instantaneamente assim que avistou a mesma moça bonita de mais cedo lhe sorrindo encostada na porta.
Jeff despertou rapidamente assim que a ouviu perguntar o seu nome.
- Sou Jeff Stinco, pai da Maya. – ele comunicou e a moça assentiu, dando-lhe passagem para que entrasse e pedindo que ele se sentasse em uma das cadeiras disponíveis, Jeff assentiu, desculpando-se pelo atraso e se sentou em uma cadeira ao fundo da sala.
Meia hora depois da reunião, que consistia apenas na discutição sobre a média dos filhos na escola e para a entrega do primeiro boletim, todos foram dispensados. Jeff se levantou e seguiu o fluxo de pais, a fim de procurar por Maya para levá-la embora, já que as crianças haviam sido dispensadas. Porém, antes que deixasse a sala, aquela mesma moça, que ele agora sabia se chamar e que era também a coordenadora pedagógica da escola, o chamou.
- Sr. Stinco, desculpe o incomodo, eu só queria lhe dizer pessoalmente que a Maya é uma garotinha adorável e uma ótima aluna. – a moça lhe disse sorrindo e Jeff se sentiu feliz ao ouvir aquilo.
- Muito obrigado, a mãe dela e eu fazemos o possível para educá-la da melhor forma. – Jeff agradeceu e a moça a sua frente pareceu olhá-lo de uma forma estranha.
- Tenho certeza que fazem. – ela disse. – Por favor, não espalhe isso aos outros pais. – ela pediu brincalhona e Jeff assentiu rindo. – Não vou mais tomar o seu tempo, pode ir buscar a Maya. – disse e Jeff se despediu dela com um aperto de mão, que o fez sentir um choque estranho, ambos se olharam assustados e sorriram sem graça logo em seguida ao perceberem que seguravam a mão um do outro por mais tempo que o esperado. Ele soltou a mão da bela moça e disse adeus, caminhando para fora da sala à procura da sua pequena pestinha mais velha.
- Tio Pierre! – Maya e Zoe gritaram assim que viram o moreno adentrar o apartamento do pai.
- Como vão as duas garotinhas mais lindas deste mundo? – Pierre perguntou e as duas sorriram contentes, abraçando-o. Pierre tinha charme com qualquer ser do gênero feminino, não importava a idade.
- Super duper bem! – Maya respondeu animada e Zoe concordou.
- Hey, cara! – Jeff o cumprimentou. – Obrigado pela carona, meu carro fica pronto amanhã. – informou ao moreno.
- Sem problemas, dude, é um prazer levar as minhas sobrinhas lindas para o colégio. Claro que não posso dizer o mesmo da sua companhia. – brincou e Jeff tampou os olhos das duas filhas magicamente com uma das mãos e lhe mostrou o dedo do meio com outra.
Algum tempo depois, eles estacionaram em frente à escola de Maya e Jeff desceu do veículo para ajudá-la a sair. Enquanto a soltava da cadeira, Maya disse algo que o deixou envergonhado.
- Olha, tio Pierre, aquela lá é a tia , ela é a futura namorada do papai.
- Mais o quê? – Jeff questionou confuso, de onde Maya havia tirado aquilo? Ele e haviam se encontrado outras vezes após a reunião, sempre na saída da escola. Enquanto ele esperava Maya, eles conversavam sobre coisas aleatórias, e ele a achava extremamente agradável, mas isso não era indício de namoro, de onde a sua pequena pestinha tirava aquelas coisas? – Maya, não fale besteiras! – Jeff ralhou e a menininha riu.
- O seu pai tem bom gosto, não tem, Maya? – Pierre entrou na brincadeira, sorrindo maliciosamente enquanto olhava parada na entrada da escola acolhendo todas as crianças que chegavam.
- Não dê corda, idiota. – Jeff brigou e Pierre gargalhou.
Maya foi finalmente retirada da cadeirinha e posta na calçada. Jeff a abraçou e ela, após fazer o pai lhe colocar ao lado do tio Pierre para lhe dar um beijo de despedida, seguiu correndo em direção a .
- Vai lá, cara. Acho que ela te notou aqui. – Pierre disse, novamente com a malícia na fala.
Jeff o ignorou e foi mesmo até lá.
- Bom dia! – ele cumprimentou e a mulher o olhou com um brilho no olhar.
- Bom dia, Sr. Stinco. – ela disse sorrindo e ele fez uma careta ao ouvir o sobrenome dito de maneira tão formal.
- Por favor, já pedi para que me chame apenas de Jeff, quando você me chama pelo sobrenome eu me sinto mais velho ainda. – ele reclamou e riu, consentindo.
- Tudo bem, bom dia, Jeff. – ela finalizou, frisando o seu apelido e ele adorou ouvir o seu nome dito por ela, parecia música.
- Você ainda não me disse quando irá finalmente até o meu restaurante. – ele perguntou esperançoso.
- Estou pensando em ir até lá na próxima sexta. – ela disse sorrindo.
- Que ótimo, talvez possamos jantar juntos então. – ele disse.
- Isso foi um convite? – ela disse com um sorriso sapeca no rosto, que o lembrou de Maya. Ele adorou o jeito dela.
- Sim, é um convite. – ele afirmou todo galanteador. – Posso passar na sua casa às oito da noite? – Jeff perguntou, rapidamente tomando coragem não sei de onde.
- Claro. Depois lhe passo o meu endereço. – sorriu. – Agora preciso entrar. – ele assentiu e ambos se despediram.
Assim que Jeff sentou no banco do carona do carro de Pierre, pensou na besteira que havia feito. Por Deus! Ela era professora da sua filha, ele não poderia flertar com a professora da sua filha. Mas ela era uma professora tão gata.
- Droga! – ele murmurou frustrado.
- Que foi, mané? – Pierre perguntou confuso. – Pensei que a conversa de vocês tivesse sido produtiva.
- Eu acho que fiz merda. – Jeff disse e logo olhou para o banco de trás, notando Zoe olhando-o pasma pelo palavrão dito pelo pai. – Desculpa, pequena, papai não falará mais isso. – garantiu e Zoe sorriu concordando e voltou a brincar com a sua boneca.
Pierre então deu a partida no carro, seguindo em direção à creche de Zoe. Após a deixarem no local, ele seguiu com Jeff até a gravadora, onde teriam uma reunião.
- Me explica o que aconteceu. – ele perguntou para Jeff durante o caminho.
- Eu a convidei para jantar. – Jeff murmurou, colocando a cabeça encostada na janela, olhando a paisagem de forma dramática.
- E desde quando isso pode ser considerado uma merda? – Pierre questionou confuso. – Isso é ótimo seu idiota. Você está mesmo precisando de uma namorada.
- Mas ela é professora da Maya, Bouvier. Eu tenho que ser responsável em relação a isso. E se acontece algo, e se nos envolvemos, e se discutimos depois, iria ficar tudo muito constrangedor. – Jeff disparou.
- Você pensa muito nesses malditos “E se”. Foda-se esses “E se”, vá viver a sua vida. - o amigo aconselhou.
- Pra você é fácil falar, ela não é a professora da sua filha. – Jeff resmungou.
- Você vai deixar uma mulher como aquelas, que tem um grande potencial para ser a próxima senhora Stinco e, sim, eu notei isso apenas com o que vi hoje, por conta de uma insegurança idiota? – Pierre o questionou.
- Eu não sei o que fazer! – Jeff exclamou confuso e Pierre sorriu, aquele era mais um trabalho para o guru do amor.
- Jeff, meu caro quarto gafanhoto, eu acho que preciso ter dar alguns conselhos. – Pierre anunciou e Jeff o olhou achando que ele deveria ter fumado maconha.
Na sexta-feira à noite, após Pierre tê-lo convencido, Jeff estava parado em frente à porta da casa de , segundos depois ela abriu a porta sorrindo e o cumprimentou com um beijo no rosto, saiu e a trancou, caminhando ao lado dele em direção ao carro. Jeff sentia o lado do rosto onde ela havia beijado formigar, sorriu com aquilo. E se apressou para abrir a porta do carro para ela assim que chegaram ao veículo. sorriu, agradecendo o cavalheirismo daquele careca que ela sempre achou extremamente charmoso e sexy desde que o viu pela primeira vez na televisão tocando sua guitarra, todo concentrado em uma apresentação de sua banda. E quando o conheceu pessoalmente, encantou-se mais ainda pelo cara incrível que ele era: sempre tão amoroso com as filhas, tão simpático, cavalheiro. A sua ex-mulher era uma idiota! E estava feliz por ela o ter deixado, era melhor, pois agora ele estava ali, ao seu lado e ela sabia o que aquele jantar significava para ela, mas será que significava o mesmo para ele? Ela sentiu Jeff distante durante o caminho, que percorreram em silêncio, e decidiu não dizer nada, mas ele a deixava confusa. Será que ela havia visto coisas que não existiam? Mas ela jurava que ele também estava flertando com ela.
- O jantar estava delicioso. – disse assim que terminaram a refeição. – O seu restaurante é ótimo, adoro boa comida italiana, principalmente quando leva apenas massa e molho. – ela concluiu e Jeff sorriu, agradecendo. Eles haviam conversado sobre coisas aleatórias durante todo o jantar e ela havia se surpreendido por ele ter lembrado que ela era vegetariana, mas ainda o sentia distante.
- Que bom que você gostou, vou pedir a sobremesa, você gosta de sorvete? – ele perguntou e ela assentiu. – Peter, nos traga um gelato. – Jeff pediu ao garçom, que assentiu, deixando-os a sós. – Você vai adorar, é a melhor coisa já inventada!
- Jeff, posso lhe perguntar uma coisa? – perguntou séria de repente.
- Claro. – Jeff assentiu.
- Eu fiz algo de errado? – ela questionou e ele a olhou confuso.
- Como?
- É que eu pensei que nós... Deixa pra lá.
- Não, agora diga. – ele pediu.
- Eu pensei que você gostasse de mim, sabe? Pensei que você estivesse interessado em mim. – ela falou corajosa. Jeff respirou fundo, surpreso com o que ela havia dito.
- Eu... eu estou . – ele admitiu e ela sentiu o seu coração bater mais forte. – Droga de Bouvier, vou mesmo fazer o que ele disse. – Jeff resmungou.
- O que disse? – a mulher o olhou, confusa. Jeff tomou coragem e abriu o seu coração, como Pierre havia aconselhado.
- , eu acho que estou apaixonado por você.
- Você acha?
- Não... – ele disse e ela perdeu o sorriso que estava estampado em seu rosto após a declaração dele. – Eu não acho, eu tenho certeza! – Jeff exclamou e a viu sorrir novamente, com os olhos brilhando.
- Oh, Jeff! – ela exclamou feliz e se levantou de seu lugar indo até ele, Jeff se levantou rapidamente e ela o abraçou. – Isso é maravilhoso... – ela o olhou profundamente. – Porque eu também estou apaixonada por você. – ela disse sorrindo e ele finalmente tomou a iniciativa de beijá-la.
Mais tarde, naquela noite, após deixar em casa, Jeff telefonou para Pierre e lhe informou das novidades, o amigo o parabenizou contente e após encerrarem a ligação, Pierre se deitou novamente em sua cama, feliz por mais um dever cumprido, mas logo soltou um suspiro de frustração ao notar a sua cama vazia.
Todos haviam se arranjado, menos ele.
MISSÃO FINAL: O GURU CANALHA ARREPENDIDO
- Vocês são muito ingratos! – exclamou indignada e as outras garotas concordaram.
- O amigo de vocês os ajudou quando vocês precisaram e, agora, olhem pra ele, sozinho no canto da piscina, precisando da ajuda de vocês e vocês nada fazem? – também reclamou. Todos os casais estavam sentados em espreguiçadeiras na casa de Chuck após um churrasco dominical. Pierre, porém, estava isolado na piscina há algum tempo, pensativo.
- O Bouvier não precisa da nossa ajuda pra pegar mulher, amor. – Séb afirmou.
- É, ele sempre foi tão convencido, metido a guru do amor e tudo, sempre pegando várias, pegando tantas que agora, nenhuma confia nele para se aventurar a ser sua namorada. – Chuck disse maldoso.
- Deixa de ser idiota, Charles! – ralhou. – Se não fosse por ele, você nunca teria tomado coragem pra você sabe o que e nós não estaríamos juntos hoje. – ela disse sem graça e os outros riram maliciosos.
- Vocês garotas são tão sentimentais. – David reclamou.
- E vocês rapazes são tão sem coração. – contra argumentou.
- Eu sugiro que vocês façam algo, caso contrário, nós todas concordamos em entrar em greve. – disse sorrindo maldosa e as outras três concordaram.
- Vocês não podem estar falando sério?! – Jeff perguntou nervoso.
- Ah, estamos, sim, meu bem. – afirmou. E as quatro se levantaram, entrando na casa.
- Droga de Bouvier! – David reclamou novamente.
- Droga de guru do amor de meia tigela! – Séb seguiu o coro.
- Deixem de ser idiotas! As garotas tem razão, ele já nos ajudou uma vez, agora é a nossa vez de retribuir. – Jeff disse de forma madura.
- Você só diz isso porque não quer que a entre em greve. – Chuck constatou e Jeff admitiu derrotado.
- Vamos colocar o cérebro pra pensar então, meus caros, pois teremos um árduo trabalho pela frente. Está no ar a missão: guru canalha a procura de uma namorada. – Séb disse do seu jeito nerd animado e outros rolaram os olhos, mas concordaram, tentando colocar algum plano em prática.
- Eu já disse que não vou sair com vocês, não estou a fim de ficar de vela. – Pierre reclamou.
- Desde quando isso é empecilho pra você? Você sempre arranja alguém no bar. – Chuck constatou.
- É, mas eu não quero mais fazer isso, não quero mais ficar com qualquer uma.
- Caras, chamem a NASA! Um E.T. abduziu o Bouvier! – Séb brincou.
- Babaca! – Pierre resmungou.
- Levanta logo essa bunda gorda daí, você vai sair conosco, querendo ou não. – Jeff bancou o pai pra cima de Pierre e lhe deu uma ordem em um tom de voz que o fez ir correndo se trocar. Todos o agradeceram sorrindo.
Estava uma noite agradável em Montreal, as pessoas aproveitavam ao máximo quando o tempo cooperava daquela maneira, por isso as ruas estavam cheias de gente querendo se divertir. O belo centro da cidade canadense nunca esteve tão cheio.
Cinco rapazes entraram em um Pub que sempre frequentavam no centro da cidade, lá dentro, quatro deles encontraram as suas respectivas namoradas, mas um, o moreno alto, bonito e sensual, guru do amor nas horas vagas, ficou chupando o dedo, por falta de outra coisa.
- Hey, Bouvier! – o cumprimentou, assim como as outras garotas e Pierre lhes sorriu. Ele já tinha cada uma como irmãs mais novas. Por isso, se um dos seus amigos imbecis as magoassem, ele provavelmente quebraria a cara dele.
Todos se acomodaram e pediram bebidas e algum tempo depois já estavam bem alegres por conta do álcool. e David foram dançar, Jeff e os seguiram, restando apenas Pierre, Séb, , Chuck e na mesa. Os casais tão absortos em seus mundinhos, enquanto Pierre se sentia a cada minuto mais desconfortável. Decidiu-se por sair dali e seguir até o bar do Pub, sentou-se diante do local e pediu uma cerveja ao barman, virou-se de frente a pista de dança após apanhar a bebida e ficou observando as pessoas dançarem e se sentindo estranhamente incompleto. Merda! Quando ele havia se tornado tão gay? Quando ficar sozinho em um bar era empecilho para ele? Ele sempre podia encontrar uma próxima vítima e destilar o seu néctar do amor sobre ela.
Mas, estranhamente, ele não sentia mais vontade de sair à caça, agora ele queria era ser caçado. Riu do pensamento idiota e então ouviu uma bela voz ao seu lado pedir o mesmo que ele estava bebendo ao barman.
- Precisando de companhia? – a bela morena parada ao seu lado perguntou. Pierre a olhou encantando com sua beleza, mas infelizmente ele não queria levar mais uma para cama aquela noite.
- Não, eu estou bem. – ele disse meio rude, tentando afastá-la. Mas a garota permaneceu ali.
- Bom, espero que você não se incomode, mas vou permanecer aqui ao seu lado. – a garota disse, surpreendendo-o. Ela era insistente, ele gostava daquilo.
- Faça o que preferir, o local é publico. – tentou ser rude novamente para ver se ela se tocava.
- Meu nome é e o seu? – ela perguntou, ignorando-o novamente.
- Olha aqui, garota, eu estou querendo ficar sozinho no momento, se você não se importa. – ele foi rude novamente e ela se sentiu abalada pela grosseria dele momentaneamente. Mas a morena logo se recompôs, ela estava ali por um propósito.
- Tudo bem, esquentadinho, não precisa ser grosso. Eu só queria alguém pra conversar. – ela ergueu as mãos, rendendo-se. E ele se sentiu um idiota.
- Desculpe, eu só... Não estou muito a fim de flertar com ninguém hoje. – ele confessou envergonhado pela sua atitude anterior.
- Tudo bem, está desculpado. E não se preocupe, eu não tenho intenção alguma de flertar com você. – ela disse divertida e Pierre a olhou intrigado. Como assim ela não tinha intenção? Por favor, ele era Pierre Bouvier, o guru garanhão!
- Como é o seu nome mesmo? – Pierre perguntou, sentindo-se estranhamente interessado naquela garota, ela sorriu.
- . – disse.
- Ok, . – ele repetiu. – Eu me chamo Pierre...
- Bouvier. – ela concluiu. – Eu sou uma grande fã da sua banda. – Ótimo, mais uma fã histérica, Pierre pensou. – Mas não se preocupe, já passei da idade da histeria. – a garota disse, como se lesse os seus pensamentos, ele a olhou intrigado novamente.
- Você não é canadense, é? – ele perguntou, notando o seu sotaque.
- Está tão óbvio assim? – a garota perguntou. Ele assentiu rindo. – Eu sou brasileira. – ela anunciou.
- Sério? Eu adoro o seu país! – ele disse empolgado.
- Eu sei. – ela riu. – Fã, se esqueceu? – ele assentiu, rindo também e então engataram uma conversa animada.
O que durou incontáveis minutos, até que Sébastien e apareceram no bar procurando por ele.
- Nós pensamos que você tivesse se mandado, cara. – Séb disse.
- ! – a cumprimentou, animada.
- Vocês se conhecem? – Pierre perguntou confuso.
- Ela é amiga minha e da . – informou. “Que mundo pequeno!” – Pierre pensou.
Logo, os quatro haviam voltado à mesa onde todos se encontravam novamente conversando. cumprimentou , enquanto todas as garotas trocavam um olhar suspeito e foi apresentada aos outros. E a partir dali, todos entraram em uma conversa que durou a noite toda e quase toda a madrugada, se o gerente não os houvesse expulsado do Pub por serem os únicos que permaneciam no local enquanto os funcionários queriam ir embora para suas casas e não podiam fazê-lo pelos dez idiotas tagarelas que se encontravam sentados ao redor da mesa oito.
Na hora de ir embora, cada casal seguiu para o seu respectivo veículo, Pierre havia dado carona a Jeff e agora o levaria para casa junto a , mas logo tratou de oferecer carona também a . Ele havia mesmo se encantado por aquela garota e já estava até sentindo umas coisas estranhas quando ficava perto dela, o que ele queria ignorar a todo o custo.
Após deixar Jeff e em casa, ele levou até um apartamento próximo à universidade, que ele agora sabia que ela dividia com e . Já que a garota havia recém-chegado do Brasil, não tinha onde ficar e as amigas a acolheram.
- Bom, chegamos. – anunciou assim que ele estacionou em frente ao prédio. – Foi uma noite muito agradável.
- Foi mesmo. – Pierre concordou e ela o encarou sorrindo, esperando pelo próximo passo.
- Vocês todos são muito legais. – ela disse.
- Obrigado. – Pierre agradeceu sorrindo. – Você também é ótima. – ela assentiu sorrindo e estranhou a enrolação dele para beijá-la. As amigas haviam dito que ele era um garanhão de marca maior, mas não era aquilo que ela estava presenciando durante toda a noite em que esteve na companhia dele. Pierre parecia ser uma cara... Extremamente fofo.
Assim ficaria difícil para ela fazer o que havia combinado com as amigas. Elas queriam que ela o conquistasse e o fizesse tomar jeito, mas se ele continuasse a agir daquela maneira, quem seria conquistada seria ela.
- So why can’t you seeeee, you belong with meeee, you belong with me. – Pierre cantarolou a canção de Taylor Swift que tocava no rádio. Por mais que não gostasse de admitir perante garotas, ele adorava as músicas daquela loirinha. Então foi involuntário cantar o refrão, mesmo com ao seu lado.
- Ah, meu Deus! Você é gay! – a morena exclamou rindo e Pierre a olhou confuso, espantado, envergonhado.
- O quê? Não! Porque você acha isso? Eu... – ele se embolou nas palavras.
- Você não é? – ela questionou confusa, ele negou. – Sério? – ela insistiu, ele rolou os olhos. – Me desculpe, é que você ficou me evitando a noite toda, veio com aquele papo de que só queria conversar, depois me trouxe em casa e quando eu pensei que você tomaria alguma atitude e me beijaria, você simplesmente canta uma música da Taylor Swift. Menos gay, impossível. – a garota constatou confusa.
- Um cara não pode ser chamado de gay só por isso. – ele disse ríspido.
- Ah, pode sim. – continuou.
- Eu não sou gay, já disse, porra! – Pierre exclamou nervoso e deu um leve pulo no banco do carro, assustada, mas no fundo ela havia gostado do tom de voz firme dele. Pierre era um homem e tanto, alto, moreno, forte e extremamente gostoso. Deveria ser incrível provocá-lo na cama.
- Tudo bem, se você diz. Mas saiba que eu não tenho nada contra. – ela continuou provocando para ver até onde ele iria. Finalmente ela havia achado o seu ponto fraco: a sua masculinidade.
- Eu vou te provar que não sou gay e vai ser agora! – ele exclamou, extremamente irritado e num movimento rápido a puxou para junto de si, fazendo a garota se sentar em seu colo e selou os lábios aos dela, dando-lhe um beijo urgente, cheio de raiva e desejo. Que se dane a ideia de tentar ser um cara melhor, o canalha estava à solta novamente!
Pierre levou as mãos até as coxas dela e as apertou fortemente, enquanto a morena arranhava o seu pescoço e nuca, os amassos no carro se tornaram mais calientes e um tempo depois, pôde sentir o volume do membro de Pierre se formando onde ela estava sentada. Ela sorriu, finalmente tendo conseguido o que queria e o beijou com mais urgência. Aquele homem era mesmo de tirar o fôlego!
- Sabe, as garotas vão passar a noite na casa dos namorados e eu vou ficar sozinha hoje. – ela disse aos sussurros enquanto Pierre se ocupava do seu pescoço. Ele parou o que estava fazendo e a olhou com desejo, abrindo a porta do carro e saindo do veículo, puxando-a em direção ao prédio.
- Vamos! – ele exclamou urgente. gargalhou e o acompanhou até o elevador e assim que o adentraram, Pierre tratou de agarrá-la novamente. O elevador parou no andar onde ela morava e com dificuldade eles abriram a porta do apartamento e entraram. Pierre rapidamente a guiou até o sofá da sala e a colocou sobre ele e se deitou sobre ela em seguida, beijando-a novamente.
Algum tempo depois, após terem feito tudo o que vocês devem imaginar que eles fizeram, e enquanto estavam deitados abraçados no sofá da sala, disse algo a Pierre.
- Você sabe que essa sua atitude não prova nada, não é? – ela perguntou e ele a olhou confuso. – Eu ainda desconfio que você seja gay. - ele a olhou irritado e a garota gargalhou, fazendo-o rir também logo depois.
- Então me parece que eu terei que repetir a dose várias vezes até você sanar essa desconfiança. – ele disse galanteador e a garota sentiu o coração acelerar.
- Mal posso esperar! - ela disse sorrindo maliciosa e ele retribuiu o sorriso, beijando-a em seguida.
Pierre ainda demoraria para admitir, mas o guru do amor finalmente havia sido fisgado.
E agora as vadias que ele pegava teriam que ficar chupando gelo para se satisfizer. Move on, Bitches!
FIM

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