O Garoto da Sala 36
Escrito por Melissa Lima | Revisado por Jubs (até cap. 8) | Natashia Kitamura
Prólogo
POV
Olá, meu nome é , estou no 2º ano do Ensino Médio na Ouran High School, sou tímida e agora faço parte do Grêmio Escolar. ÓTIMO! É tudo que eu (não) precisava no momento. Tudo bem que fui eu mesma que me candidatei, mas como adivinharia que receberia tantos votos da minha sala de aula pra entrar? Mas de consolo, mais três alunos da minha classe tinham entrado no grêmio comigo: André, Márcio e Fernando.
Ok, até aí a situação estava até que legal, poderia matar algumas aulas para as reuniões do grêmio, teria uma boa influência na direção da escola, poderia sugerir melhoras, festas, passeios e a diretora seria obrigada a ouvir, de acordo com a lei. Tudo estava lindo e maravilhoso até o professor de sociologia me falar que teríamos que passar em três das quatro salas do 3º ano para anotarmos os nomes das pessoas que queriam participar do grêmio também. Eu não estava preparada psicologicamente pra isso. Já disse que sou tímida? Pois é. Mas enfim, sendo praticamente obrigada a ir, fui. Tínhamos passado nas duas primeiras salas, só faltava a terceira, a sala 36. André bateu na porta e esperou resposta. Uma professora que não conhecíamos a abriu, explicamos a situação e ela nos pediu pra entrar. Falamos sobre o grêmio e o que isso ajudaria. Alguns alunos disseram que gostariam de participar e eu estava anotando os nomes deles, até que um deles levantou a mão e eu olhei:
- , anota aí.
Não, eu nunca tinha o visto pela escola (até porque, nunca ficava tão perto das salas do 3º ano), não sabia quem ele era e, impressionantemente, ele havia chamado minha atenção. "Que besteira", pensei e logo anotei seu nome em caneta vermelha na folha que estava carregando. Oito alunos daquela classe haviam se candidatado e como só poderiam ser quatro, teve votação.
"Votem no , no ” pensava comigo mesma quando percebi o que estava inconscientemente fazendo. Desculpe, mas o que está acontecendo comigo? foco , foco.
Quando metade da sala havia votado, ainda não tinha recebido nenhum voto. Porém, nas últimas duas fileiras, praticamente todos os alunos começarama votar nele e eu vibrei. Por dentro, é claro. Então, ele foi escolhido com mais três alunos.
Depois da votação para os membros, faltava o nome da chapa. Por fim, depois de diversos nomes discutidos, a sala não se decidiu por nenhum. Falamos para eles pensarem que no dia seguinte voltaríamos para pegar o nome escolhido.
Saímos da sala. Olhei para trás e o tal de estava me olhando. Olhei pra frente sentindo meu rosto corar. Mas o que está acontecendo comigo?
Voltei junto com os demais para a minha sala de aula. Não dei muita bola para o tal no resto das aulas, no resto do dia. Mas foi inevitável pensar nele quando deitei na minha cama e fechei os olhos para dormir a noite. Fiquei pensando em como as coisas seriam daqui pra frente e me veio uns pensamentos malucos na cabeça. Sorri involuntariamente com isso e desfiz o sorriso quando percebi no que estava me metendo. Não, não, não, , isso não! - Minha consciência gritava, mas meu coração sempre me levava a imagem do garoto novamente, me fazendo sorrir.
- Se controla, , se controla! - Repetia baixinho para mim mesma. - Você quem manda no seu coração, e não ele em você.
Por fim, virei para o lado e me concentrei (ou tentei) no meu sono. Teria que acordar cedo ainda no dia seguinte e enfrentar mais uma vez aqueles loucos, aqueles professores e aquele aluno.
Capítulo 01
Já são seis horas da manhã, como assim? Acordei me arrastando para ir a escola aquele dia. Sempre é assim, mas hoje estava difícil. Com uma coragem que, sem dúvidas, não é minha de manhã, levantei da cama, me troquei e fiz tudo que tinha que fazer antes de ir para o colégio. Assim que deu o meu horário, saí de casa a passos lentos, sentindo o vento bater em meu rosto fazendo com que minha pele ficasse fria. Eu gostava de ir andando para a escola, me dava tempo pra pensar, refletir e decidir.
Depois de exatos vinte minutos cheguei. Faltava cinco minutos para as sete, então fui conversar com algumas pessoas e acabei vendo Pedro, meu namorado. Sim, eu namoro, por incrível que pareça. Nos cumprimentamos com um beijo e ficamos conversando até o sinal bater e eu precisar ir pra sala assistir a aula de Língua Portuguesa. Eu gostava da aula, da professora, mas hoje não queria prestar muita atenção. Peguei o livro, abri na página que ela pediu e, para o meu azar, ela pediu para cada aluno ler um parágrafo. Prestei atenção até chegar a minha vez, porque depois que o li, nem soube mais do que o assunto tratava. Por alguma razão, que eu não lembrava qual, eu estava distante naquele dia, querendo apenas pensar.
- ! - André disse me tirando dos meus pensamentos. - A aula acabou! Você está em qual mundo?
- Um muito longe daqui. - Respondi rindo. - O que foi?
- Precisamos passar naquele 3º ano para pegar o nome da chapa deles.
Droga, é isso! pensei. Esse é o motivo de eu estar tão pensativa. .
- Tá, tudo bem, vamos quando?
- Terceira aula! - Respondeu-me e voltou para a sua carteira.
Agora, pensando bem, não me senti tão namorada do Pedro hoje na hora da entrada. É como se eu me sentisse extramamente desconfortável por estar com ele ali. Nosso relacionamento tinha alguns meses, mas ultimamente não estávamos muito próximos e brigávamos constantemente. Hoje era um dia daqueles em que a tempestade deu trégua e o céu azul tinha saído de novo. Já havia pensado em terminar com Pedro, mas eu o amava demais pra isso e sei o quanto esse sentimento era recíproco. Sem mencionar o fato de que eu me sentia bem demais perto dele.
Mal terminei de pensar direito e o professor de física entra na sala e começa a passar exercícios que, só pra deixar claro, eu odeio. Mas do mesmo jeito os fiz e até que não eram tão difíceis. Meia aula depois, havia terminado, ele havia vistado meu caderno e eu estava nos meus pensamentos de novo.
- , vamos! - André me chamava enquanto estava na porta da sala de aula. - Vamos!
- Pra onde? - Perguntei meio confusa.
- Lá na sala do 3º ano né! Já é a terceira aula.
- Sério? - Perguntei surpresa. Afinal, quanto tempo se passou desde que eu comecei a pensar?
- Sério! Já falei com a professora e ela deixou a gente ir, vamos. - Ele disse. Peguei o papel e a caneta vermelha e me levantei.
Estava frio no pátio da escola e eu tremia com o vento batendo em mim. Ou eu tremia por outros motivos, vai saber.
Chegamos a porta daquele 3º ano. André bateu e adivinhe qual professor estava lá? O de sociologia, o mesmo que mandou o grêmio da minha sala passar naquelas salas. Ele fez brincadeiras com o nosso grupo e depois pude analisar aquela classe com mais calma e achar a pessoa que eu estava procurando. Ele estava lá. Foi o primeiro a comunicar que estavam decidindo o nome ainda, mas escolheram um depressa. Anotamos e o professor foi conversar com a gente na porta da sala. Falamos um pouco sobre o que queríamos fazer, sobre os nomes e até que em um comentário infeliz meu sobre o , ele me olhou surpreso com cara de "já entendi tudo" e eu balancei a cabeça em sinal negativo para dizer que o que ele estava pensando, não era verdade.
- Sabe gente, - Ele disse na porta para nós, mas falou alto o suficiente para que os alunos dentro da sala pudessem ouvir. - antes de vocês chegarem, a gente tava conversando sobre a visita de vocês ontem aqui. - Continuou sorrindo. - falou de você, .
Eu que estava na porta, de maneira que todos os alunos na sala pudessem me ver, olhei surpresa para o professor e logo depois para . Ele estava sorrindo.
- E o que ele disse? - Perguntei no mesmo tom que o professor havia falado anteriormente. De onde eu tirei essa coragem?
- Disse que te achou bonita, bem bonita. - Respondeu e eu olhei novamente para o (que estava corando, só pra informar). A sala inteira soltou um "hmmmmmmmmmm" malicioso e eu corei com isso. Como assim o menino que eu achei gato me achou bonita?
- Ê gente, - começou um pouco vermelho e rindo. - acho ela bonita mesmo, qual o problema?
Toda a sala, inclusive o professor, olhou pra mim, como se esperassem uma resposta.
- Porém, eu ainda não sei seu nome. - disse-me.
- . - Disse entrando na sala e estendendo minha mão para ele pegar. - Mas me chame de , eu prefiro. - Pisquei pra ele. - E o seu é... - Como se eu não soubesse.
- . - Pegou minha mão e apertou-a. - Mas me chame de . - E depois de apertá-la, me cumprimentou com um beijo no rosto. Me senti corar pela segunda vez no dia, na frente de todo mundo, e logo após que ele me "soltou", ele sorriu pra mim, e então, eu retribuí o sorriso. Depois, me afastei e voltei e me escorei na porta da sala de aula dele.
- Mas enfim, , você é bonita! - me disse e eu sorri. Todos da sala (inclusive o professor que parecia o mais interessado no assunto) olharam pra mim, esperando uma resposta e, com coragem, eu a dei:
- Obrigada, . - Disse sorrindo. - Digo o mesmo de você. - Pisquei pra ele e o mesmo sorriu.
Nos encaramos por três segundos, até que meu lado racional me chamou a atenção e eu completei.
- Mas eu namoro.
sorriu sem graça.
- Bom, não se pode ter tudo, não é?
- Professor, temos que ir. - André isse, recebendo um olhar furioso meu. - Temos que voltar pra sala de aula.
- Tudo bem - Ele nos disse e saiu da sala, agora, falando mais baixo. - , vou torcer por vocês dois.
- Professor! - Eu disse rindo. - Nada a ver, mesmo. E eu namoro, caso não tenha ouvido direito.
- Sei, sei... - Disse-me desconfiado - Até depois gente.
E voltamos nós dois para a nossa sala. , por que raios você está sorrindo pela conversa que aconteceu minutos antes? Pare! Pare agora! PERIGO, PERIGO. Foca. Pedro.
- ... ... ! - disse gritando na hora do intervalo. - O que aconteceu garota? Tá tão fora desse mundo.
- An? não aconteceu nada! - Respondi dando um gole no suco que estava bebendo.
- Quem é o garoto? - perguntou e eu cuspi o suco, fazendo rir - Calma aí garota.
- Que garoto? Não tem garoto! - Respondi limpando o suco que tinha caído na minha blusa.
- O garoto que tá na sua cabeça.
- É o Pedro, você sabe.
- Nã nã ni nã não! O outro garoto. - me disse e olhou com aquele olhar de "nem tente me enganar, eu sei, eu consigo ler sua mente"
Não respondi. Apenas desviei meu olhar do dela, o que não adiantou muito.
- , não minta para sua melhor amiga!
Olhei para ela com esperança de que me deixasse escapar dessa sem falar uma palavra. Mas ela me olhou, encorajando-me a contar. Por sorte, ele estava vindo aí.
- É esse de blusa azul! - Disse baixinho e ela olhou. Não havia reparado, mas ele estava de mão dada com outra garota.
- ... - começou.
- Relaxa. - Interrompi. - Eu não gosto dele, gosto do Pedro, PEDRO, o meu namorado.
- A namorada dele é da minha sala... - disse receosa, como se não tivesse ouvido o que eu havia falado anteriormente. - e ela é bem legal.
- Então vai lá com a namorada dele! - Disse marrenta fazendo biquinho e rindo. Nessa hora, Pedro chegou e eu desfiz o bico para beijá-lo.
- Olá! - Disse-me - Estava tão marrenta assim por não ter falado comigo nesse pequeno tempo? - Falou convencido e levou um tapa no braço.
- Seu convencido! - Disse sorrindo e abracei. Naquele momento eu tive certeza: Pedro era o cara. E não importa se nesse momento eu vi outra pessoa.
Eu o amava.
Capítulo 02
Uma semana passou desde que eu entrei no Grêmio Estudantil e fui nas salas do 3º ano. Desde então, via com pouca frequência.
Aqueles sete dias foram cruciais para eu perceber que o nervosismo que eu tinha ao ver era temporário. Nas poucas vezes em que o vi já não tinha sentido nada.
Aula de matemática, ninguém merece. Acho que nada poderia mudar a chatísse dessa aula. A professora explicando (ou tentando explicar) Matrizes, os alunos bagunçando e eu viajando... Até que batem na porta, eu ouço, mas parece que só eu mesmo. Ouço baterem na porta novamente e de novo parece que ninguém escutou. Quando batem na porta pela terceira vez, me levanto de onde estou sentada e abro-a, revelando que eu estava certa, havia alguém batendo na porta. Porém, era a última pessoa que eu esperaria no momento.
- Oi . - disse-me sorridente. - Podemos entrar?
- Devem! - Respondi sorrindo, dando espaço para ele e mais três alunos entrarem. Quando voltei ao meu lugar, percebi que eles eram os alunos que foram escolhidos para o Grêmio Estudantil da sala dele, e a menina, estava segurando um cartaz. Talvez o nervosismo não tivesse ido embora, assim, de uma vez.
- Oi gente! Viemos aqui apresentar propostas para que vocês votem na nossa chapa, como a chapa do 3º ano para o Grêmio Escolar.
Acho que não expliquei, mas são três chapas de cada ano (1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio) onde apenas uma de cada ano seria eleita por uma votação, onde a escola inteira (inclusive professores titulares e eventuais) votaria.
Então, os quatro alunos apresentaram-se, e mostraram suas propostas para melhoria da escola, e realmente me interessou bastante. Como se eu não fosse votar neles antes, mas ok. Depois de muitas perguntas, os quatro alunos foram embora e sorriu pra mim antes de fechar a porta. Retribuí e logo voltei (ou tentei voltar) minha atenção para a lição que eu não havia entendido nada. Para minha sorte, o sinal logo tocou, anunciando a chegada da terceira aula, geografia, e então, poderia curtir o intervalo com o meu namorado.
- COMO ASSIM O PEDRO FALTOU? - Perguntei em tom alto ao garoto da sala dele.
- Ele me disse que tá doente, e também não vai vir amanhã! - Respondeu-me
- Mas ele não me disse. - Respondi meio desapontada.
- Ele não queria te preocupar. Ele me disse isso. Então vou indo, até depois. - Ele me disse e foi andando em direção a cantina.
ia passar o intervalo com o namorado dela, Ingrid ia passar com a garota da sala vizinha e eu? bem, eu ia passar sozinha. ÓTIMO! E agora, quem poderá me salvar desse triste e chato intervalo?
- Olá de novo. - disse se aproximando e me cumprimentando. - Sozinha?
- Pois é, meu namorado faltou e o resto dos meus amigos aí estão com seus namorados. - Disse rindo.
- Você namora? - Perguntou impressionado. Ok, eu sei que não sou a rainha da beleza, mas também não precisa humilhar.
- Sim. Lembra que eu te disse? - Respondi sorrindo e ele afirmou, lembrando - E por falar em namoro, você também né? Cadê a sua namorada?
- A ? Está doente, vai faltar por uns dias. - Respondeu meio triste. - Acho que vamos passar o intervalo juntos então, . - Sorriu.
- Vamos, então. - Respondi pegando em seu braço e nos encaminhamos para uma das mesas que havia no refeitório.
Um dos intervalos mais divertidos da minha vida? Sem dúvidas. Descobri muitas coisas sobre o . Gostamos praticamente das mesmas coisas, temos um gosto parecido pra tudo e ele é muito divertido. Até descobri o porquê de eu nunca ter visto ele antes aqui na escola: Ele é um aluno novo, estuda aqui ha três semanas apenas e só veio para cá por causa de sua namorada, .
Rimos muito até o sinal bater, avisando que a minha diversão tinha acabado.
- Até amanhã então? - Disse me abraçando. Socorro, eu não queria sair dali nunca mais.
- Até amanhã. - Disse afagando meu rosto em seu ombro. Acho que ficamos assim por longos um minuto, até que me toquei do que estava fazendo e nos separei. Sorri e fui em direção a minha sala enquanto ele foi em direção a dele.
- E aquela conversa com aquele garoto hein, ? - Ingrid me perguntou assim que entrei na sala.
- Ãn? - Perguntei me fazendo de idiota.
- Você sabe do que eu estou dizendo! - Disse. - Toda cheia de risadinhas, de sorrisos, e não foi só você não, ele também.
- Você está louca. - Falei rindo. - Somos só amigos e além do mais, ambos namoramos.
- Qual é, você sabe muito bem que namorar não impede que a pessoa se apaixone.
- Quando se ama de verdade seu namorado ou namorada, impede sim.
- E você ama o Pedro de verdade?
- Amo sim, que pergunta, é claro que eu amo.
Eu amo... Não amo?
Capítulo 03
Olá para você que foi eleita para o Grêmio Estudantil! Minha sala foi a escolhida dentre as três do 2º ano para ser a representante do ano em que estudamos! O 1º Ano que foi eleito foi o 1º A e o 3º, foi o 3ºB, a sala do . Isso aconteceu há duas semanas atrás e no dia em que anunciaram as salas vencedoras, aconteceu uma situação engraçada.
Flashback
Todos os alunos da escola estavam no pátio. Os alunos das chapas, estavam em cima do palco, junto com a diretora que anunciaria as salas vencedoras. Eu estava do lado de , mas do meu outro lado estava Pedro e do outro lado do , estava . Ambos estávamos de mãos dadas com nosso par.
- E as salas vencedoras são...
Nisso, apertei mais a mão do Pedro. Por que eu estava tão ansiosa assim?
- ... 1ºA, 2ºB e 3ºB!
Eu vibrei e o meu primeiro movimento, foi abraçar e o dele, também foi me abraçar. Parecia que nós éramos os namorados, e não os amigos. Quando terminamos de nos abraçar, nos olhamos nos olhos, bem perto, eu poderia sentir a respiração dele batendo no meu rosto e com certeza ele também conseguia sentir a minha. Parece, então, que ambos percebemos o que estávamos fazendo e nos viramos para beijar nossos devidos (e reais) companheiros. Pedro não ligou muito, ele conhecia e confiava no . Mas não me engoliu. Depois que todos estávamos voltando para nossas salas logo após o anúncio, desceu com na minha frente e me olhou furiosa. Não que eu me importasse, é claro, mas aquele olhar me deixou extremamente desconfortável.
O complicado é que isso aconteceu na frente da escola inteira, ou seja, a escola inteira viu e parece que só o Pedro não ligava, porque até os amigos do , falavam pra ele.
POV
Eu vim pra Ouran por causa da minha namorada, a garota que eu amo, . Ela é linda e inteligente, mas é muito patricinha e metida. Eu sempre aturei esses dois defeitos do melhor jeito possível, até porque na minha frente ela nunca fora desse jeito, mas eu sabia muito bem que ela era assim, detestável. Mas eu a amo e isso é fato, ou pelo menos era há três semanas atrás. Foi em uma dessas ocasiões da vida que eu conheci a . Aquele tipo de garota tímida, mas quando tá contigo é louca e engraçada. Eu me encanto por esse tipo de garota, mas eu namoro e ela também. E o pior, ela namora o Pedro, um cara super legal que foi o primeiro a falar comigo quando cheguei nessa escola.
Eu não sou apaixonado pela (pelo menos é o que eu acho), mas de um jeito bonito, ela me chama a atenção. Talvez pelo fato de ela ter um sorriso bonito e um olhar brilhante. E quando me vê, parece uma criança que acaba de ganhar o doce, e eu não posso mentir, me sinto assim também. Mas eu não sou apaixonado por ela, sou apaixonado pela . Não é?
- Você deveria viver mais na realidade, sabia? - Renan chegou sentando ao meu lado na sala de aula.
- Eu vivo na realidade. - Disse em tom brincalhão e rindo.
- ... - Começou.
- O que tem ela?
- Isso eu que pergunto... O que tem ela? Você tá aí no mundo da lua por causa dela sendo que tem a linda da como namorada! - Disse me olhando incrédulo
- Desculpe? O que você quer dizer exatamente com isso? - Perguntei ficando furioso.
- Estou dizendo que a é o melhor pra você. A é só uma garota inteligente e bonitinha, mas sem conteúdo e que não tem nada a ver com você.
- Primeiro, você não sabe nada sobre a pra falar dela dessa maneira. - Disse me levantando da cadeira. - E segundo, eu sei o que é melhor pra mim, não você. - e fui dar uma volta pelo pátio da escola. Não, isso não é permitido, sair assim da sala de aula sem falar com o professor, mas como era aula vaga, não havia nenhum na sala, então, fui lentamente passando pelo pátio, fingindo que iria ao banheiro.
Renan estava muito errado! era muito mais linda que a , muito mais inteligente que a , tinha muito mais conteúdo que a , ela é muito melhor em tudo!
Então, porque você não está com ela?
Capítulo 04
POV
Hora do intervalo, estava passando-o com Indy e . estava andando pela escola com a . Pedro havia acabado de falar com ele e veio ao nosso encontro, me dando um beijo e logo após eu sorri. Inegavelmente, eu vou admitir, eu sim, me senti atraída pelo , sim, eu ficava pensando em nós dois juntos, mas nessas semanas ele tem se afastado de mim. Quase nunca nos falamos e quase sempre que o fizemos, estava por perto, e sempre era só um "oi, como você está?" e olhe lá. Então, eu decidi "esquecer" ele e voltar a focar novamente só no Pedro, como sempre foi, quem eu amei de verdade.
se aproximou de mim e depois se afastou e isso sempre acontece comigo, mas eu achei que com ele seria diferente. Quanta ingenuidade a minha.
POV
Se você é um idiota, bate aqui colega, porque você não é o único. Eu me afastei de uma garota super legal por causa de uma namorada super chata. Conforme as semanas passaram, eu percebi o quanto é insuportável. Ela pediu com que eu me afastasse da , por um motivo bobo: ciúmes. Agora você me pergunta: Por que você fez o que ela pediu e se afastou da , ? Bem, todos me perguntavam o que a era minha, esperando que eu respondesse "namorada", e eu sempre respondi que ela era a única que me entendia, tipo melhor amiga. E me afastei dela, porque vi que, se continuássemos assim tão próximos, isso poderia prejudicá-la no namoro com o Pedro, um cara simpático que confia em mim. Então, sem muito rebater, aceitei o que a propôs e me afastei, mas para o bem dela. Se eu disser que isso não me magoou de alguma forma, eu estarei mentindo. Me magoou demais, porque a foi a primeira amiga na qual eu me senti realmente a vontade pra eu poder ser eu mesmo. Ela me faz falta como eu nunca achei que alguém faria.
No tempo em que ela passou na minha sala pra procurar os candidatos a chapa até algum tempo depois da eleição destas, nós ficamos muito próximos. Nos falávamos todos os intervalos, trocávamos mensagens e ríamos com piadas internas. Já tínhamos uma amizade forte sabe? Mas pro próprio bem dela, e pelo do namoro que ela tinha, era melhor eu me afastar. poderia fazer alguma coisa e expôr o casal ao ridículo era a última coisa que eu gostaria que acontecesse com os dois.
Capítulo 05
POV
- Estou passando nas salas dos gremistas para avisar: Vocês precisam ficar depois da aula para fazer alguns cartazes e discutir projetos. Vocês vão fazer isso no laboratório. - O professor de sociologia (que é o coordenador do grêmio estudantil) disse, quando entrou na minha sala naquela terça feira. Que lindo, até porque ficar depois da aula é tão emocionante!
O dia foi passando lentamente, as aulas passaram arrastadas, até que o sinal da sexta aula bateu, anunciando a hora da saída. Nós, gremistas, ficamos na sala até todos os alunos saírem e depois fomos ao pátio. No caminho encontrei Pedro, expliquei a ele que teria que ficar na escola e ele entendei, dei um beijo nele e, devagar, me encaminhei para o laboratório junto com André, Márcio e Fernando.
Chegando lá, vi que dava um último beijo em , que me viu e me olhou furiosa. Revirei os olhos e entrei no laboratório, onde havia longas mesas que, agora, estavam ocupadas por cartolinas, lápis, lápis de cor, borrachas e muitos outros materiais.
Conforme o tempo foi passando, os demais alunos do grêmio foram chegando e ocupando um lugar na mesa. sentou-se ao meu lado, o que me incomodou profundamente. Se ele se afastou de mim, por que agora, sem sua namorada, estava tão próximo?
Depois as mulheres que são complicadas.
Por último, chegou o professor de sociologia, que iria ficar conosco até todos irmos embora.
Primeiramente, discutimos as ideias. tinha uma porção delas (algumas meio impossíveis, admito) e algumas realmente viáveis, como, por exemplo, a reforma das quadras que contém na Ouran High School. O professor deu a ideia de passeios escolares bimestralmente, o que deixou todos animados, porque na Ouran não tem passeios, nunca. Dei a ideia de festas, como, por exemplo, a de Halloween, porque sempre quiseram que essa festa acontecesse na escola. Márcio sugeriu festa Junina, mas para acontecer, os alunos teriam que colaborar, trazendo prendas, brinquedos, comidas e diversas outras coisas, já que somente a escola não poderia arcar com todos os gastos.
Depois de muito pensar e propôr diversas ideias, começamos a fazer os cartazes, colocando nossas propostas e, como junho estava próximo, cartazes da festa junina também, que sairia como o primeiro projeto do novo Grêmio Estudantil da Ouran High School. Dependendo de como fosse o andamento e a realização dessa festa, poderíamos fazer mais festas com mais frequência.
Eu fui responsável por fazer os cartazes da festa junina junto com mais uma pessoa, vocês conseguem imaginar quem? Com ele. Se esse professor não for um sacana, eu não sei quem é. Porém, eu lembro do que ele disse para mim naquele dia: Vou torcer por vocês dois! Como se fosse passar de amizade. Mas tudo bem, deu a volta na mesma e se sentou praticamente na minha frente, e estávamos fazendo os três cartazes (um ficaria no primeiro pátio, o outro ficaria no segundo pátio e o terceiro ficaria na direção), que eram os mais demorados, já que tinhamos que fazer bandeirinhas juninas e pintá-las e escrever mais uma porção de coisas e enfim, era demorado. Quando percebi, estavam no laboratório apenas Márcio, o professor, e eu. Quando ouvi o Márcio dizer "Professor, terminei" comecei a ficar tensa, pois ainda faltava um cartaz para eu e o terminarmos. O professor falou que iria acompanhar Márcio até a secretária para ele sair por lá - que coincidência, né?
Ou seja, e eu, sozinhos, no laboratório, que lindeza.
Eu não queria puxar assunto com ele, estava brava por ele ter se afastado tão repentinamente de mim, mas também queria umas respostas.
- Interessante o mais demorado ficar pra nós. - Ele disse rindo e eu ri fraco.
- Pois é.
Sem tirar os olhos da cartolina, pude sentir ele dar a volta na mesa e se sentar ao meu lado e ficar me encarando. Foco , foco, não olhe naqueles lindos olhos que te deixam hipnotizada, foco , não olha, não olha, não...
- Que foi? - Perguntei curiosa ao olhá-lo. Droga , o nosso combinado era você não olhar!
- Você fica linda de cabeça baixa, escrevendo. - Disse sorrindo.
- Obrigada. - Sorri muito, mas tentei disfarçar, e voltei meu olhar ao cartaz. Como se eu fosse conseguir terminar de escrever com essa última fala dele na minha cabeça.
- Desculpa. - começou e eu olhei-o. - Desculpa por me afastar de você, é que ficou com ciúmes e eu achei que nossa aproximação poderia deixar o Pedro do mesmo jeito.
- O Pedro não ficaria do mesmo jeito, acredite, ele não tem ciúmes. - Eu disse rindo fraco. - E sua namorada é muito insegura. Não tem por quê ela ficar com ciúmes. - Completei com o olhar fixo no cartaz.
- Não tem? - me perguntou e a seriedade no tom de voz dele me fez encará-lo
- Tem? - Perguntei baixinho, com a voz falhando.
- Eu perguntei primeiro. - Sussurou, sorrindo manso.
- Não sei... - Falei, olhando naqueles olhos perfeitos. Nessa hora, já estávamos muito próximos um do outro. Pude sentir a respiração dele batendo no meu rosto.
- Não fala mais nada... - disse, colocou uma mecha do meu cabelo para trás, segurou meu rosto e levou de encontro ao dele. Nossos lábios se tocaram e naquele momento eu senti que aquele beijo era preciso. Preciso para eu me decidir, para eu ver quem eu amava e para ver que e eu, nos encaixávamos perfeitamente. Um beijo que começou calmo, agora estava ficando mais intenso. Ficamos por um tempo daquele jeito e de repente me dei conta do que estava fazendo e separei nossos lábios olhando-o preocupada enquanto ele me olhava confuso.
- O que foi? Você não queria que eu... - começou.
- Não é isso, é que nós dois namoramos e não acho isso certo. Não que eu não queria ter te beijado, pelo contrário, eu queria muito mesmo e... - Nessa hora, sorriu e eu coloquei a mão na cabeça. - Desculpe, preciso ir pra casa.
Peguei a cartolina que faltava terminar, coloquei minha bolsa no ombro e saí do laboratório a passos largos e rápidos. O que eu tinha feito? Eu traí meu namorado, beijei o cara que mexia comigo, isso está totalmente errado. Mas sorri ao lembrar do beijo que, inegavelmente, estava bom.
Capítulo 06
20 de Junho, festa junina da Ouran High School. Mais precisamente, quase dois meses depois meu beijo com o . E depois disso, a gente se falou bem pouco, mas não perdíamos tanto o contato como antes, nem ficamos tão próximos como no começo.
Enfim, a festa já estava na metade e foi um sucesso, já que a maioria dos alunos colaboraram com o grêmio e nos ajudou a arcar com as despesas, como prendas, comidas e etc. Os alunos estavam se divertindo nas barraquinhas de jogos, as comidas haviam vendido bastante e eu via muita gente com brinquedo, o que dizia que muita gente já havia jogado e ganhado. Estava tudo tão bem e legal, divertido e simpático, até que eu ouço a voz estridente e estérica, extremamente alta, de uma garota:
- Como assim? O que você fez? Como você pode? - gritava para perto da barra de cachorro-quente. - Você não pode fazer isso comigo! - E todos começaram a olhar a briga.
-, entenda, aconteceu, não posso mudar nada! - dizia em um tom de voz normal, porém audível, já que todos na festa junina tinham se calado para ouvir o que estava acontecendo. Até a música tinha parado.
- Como você pode? Com a tal da ainda! - Dizia enojada e todos olharam para mim, inclusive Pedro, que estava do meu lado.
Meu nome citado. Isso não poderia ser bom.
- Eu não posso mandar no que sinto ok? - dizia tímido, mas autoritário e nessas horas o meu coração já batia muito forte, tanto que não sabia como minha blusa não levantava com o movimento.
- Você me ama! - dizia gritando. - ME AMA!
- Amava. - disse enfatizando bem a palavra no passado. - Amava.
não soube nem o que responder. Saiu da escola a passos furiosos, batendo o pé e vermelha de raiva. , por sua vez, ainda continuava parado, olhando para o chão.
- Que história é essa, ? - Pedro me perguntava ansioso. - O que a estava falando?
- Eu também não sei. - Mentira. Eu sabia o que era, quer dizer, eu imaginava, e tinha quase certeza. - Preciso ver se o está bem.
Saí de perto do meu namorado e fui em direção ao , que ainda olhava para baixo.
- O que foi? O que aconteceu? - Disse pegando seu rosto, fazendo-o me encarar.
- Eu terminei com a . - Disse sério. - Terminei por você.
- O quê? - Perguntei espantada. - Por que você fez isso?
- Porque eu gosto de você! - Disse mais alto, chamando a atenção de todos novamente. - Eu amo você, !
Eu fiquei estática. Parada, sem saber o que fazer. Todos haviam escutado o que havia dito e eu não sabia o que responder. Senti o olhar de todos, inclusive o de Pedro, em mim e não conseguia dizer nada para , apesar de sentir o mesmo.
- Eu não sei o que dizer... - Disse mais baixo.
- Então diz que me ama! Diz que sente o mesmo por mim, porque eu sei que é verdade. Diz que ficou abalada com aquele beijo e que quer mais um daqueles. - Ele disse gritando e olhei para Pedro, que, como , foi embora.
- Desculpe, depois conversamos, preciso falar com o Pedro! - Disse, deixando sozinho.
- Pedro, me espera! - Eu gritava enquanto ele chegava na esquina da rua da escola. - Me espera, me deixa explicar!
- Explicar o que, ? Que conheceu o novato e se apaixonou por ele? Por favor, não se dê ao trabalho, já entendi muito bem essa parte. - Disse, parando e virando para me olhar.
- Você precisa entender, as coisas acontecem. E isso não quer dizer que eu não te ame, pelo contrário, eu amo, e muito, só preciso de um tempo pra pensar.
- Pensar no quê? Pensar se ama mais eu ou se ama mais ele? Se você me amasse como diz, não precisaria nem pensar nisso. Aliás, se me amasse mesmo, você não o teria beijado. Vou facilitar pro seu lado, fique com ele. Acabou.
- Mas Pedro...
- Mas nada, , acabou! - Disse, virou-se e seguiu seu caminho.
Eu o vi ir embora e fui incapaz de impedí-lo. Eu fiquei parada no mesmo lugar por bons minutos, chorando, vendo que perdi alguém que realmente me amava. Não que eu desconfiasse do , mas eu sabia que o que Pedro sentia era verdadeiro.
Capítulo 07
Limpando as lágrimas, voltei para a escola, onde todos me olhavam torto e desconfiados. Aquele amigo do , Renan, estava me olhando estranho. Procurei na multidão e o achei, sentado em um dos bancos do refeitório.
- , eu...
- Não fala mais nada, ! - Disse-me alto e nervoso. - Eu terminei com um namoro de quase três anos por sua causa, disse para a escola inteira que estava apaixonado e você sai atrás do seu namorado porque ele fez birra? , por favor. Eu realmente achei que você gostava de mim, que você me amasse do jeito que eu te amo.
- Mas eu te amo...
- NÃO AMA! - Disse se levantando. - Se amasse, não teria corrido atrás do Pedro, teria ficado comigo aqui.
- Entenda, eu não poderia deixá-lo ir sem uma explicação antes. - Falei começando a sentir raiva também. - Eu achei que você entenderia!
- Entender? Desculpe, eu não entendo. - Disse e foi embora. Pela terceira vez no dia, as pessoas me encaravam como se eu fosse uma alienígena. O que eu estava fazendo? Dividida por dois garotos, acabei ficando sem nenhum. Realmente, , você está de parabéns.
POV
Tantas semanas se passaram e eu não vejo a faz tempo. Nem o Pedro. Ele se afastou de mim depois da festa junina, por motivos óbvios. Mas a é realmente estranho. Porém, eu soube que ela está namorando o Renan. Babaca. Falou mal da no comecinho da nossa amizade e agora está por aí, agarrado com ela. Que idiotice. E me impressiona ela aceitar namorar esse idiota. Que sejam felizes juntos então, mas eu duvido.
Pedi para a professora me deixar ir ao banheiro e fui caminhando lentamente para lá. No caminho, mais a frente, avistei e Renan juntos, indo em direção ao banheiro feminino, porém ela não parecia muito contente com a situação.
POV
- Vamos , vamos lá pro banheiro. - Renan dizia me empurrando para o banheiro feminino.
- Não quero, Renan, pelo amor! - Disse nervosa e fiquei parada. Mas ele é mais forte do que eu e me empurrou pro local.
- Vem, meu amor, vamos fazer o que todos os namorados fazem. - Renan disse me olhando malicioso.
- Tá louco? NÃO, NUNCA, NEVER, NEM PENSAR, NEM EM OUTRA VIDA, NEM AQUI, NEM FORA DAQUI, NEM QUE ME PAGUEM, NEM EM UM MILHÃO DE ANOS! - Disse gritando enquanto ele tentava tirar minha blusa. - VOCÊ ME DÁ NOJO!
- Acho que você se esqueceu do nosso acordo, mocinha. - Disse sorrindo e eu fiquei assustada. - Caso não faça tudo o que quiser, dê adeus ao seu amiguinho .
Arregalei os olhos, já cheios de lágrimas
- Por favor, não faz nada com ele! - Disse. - E se quer fazer isso, porque se tornou amigo dele?
- Ele é um otário e eu tava super afim da , até notar que ele estava começando a gostar de você. Por isso, falei mal de você, para ele desistir e continuar com a , mas ele não me ouviu muito.
- PÁRA RENAN, PÁRA! - Eu gritava enquanto ele tentava tirar minha blusa.
- Não, não vou parar, não. - Disse beijando meu pescoço. - Não tem ninguém aqui, então é o momento perfeito, e caso contrário, se dará muito mal.
Incapaz de prejudicar , fechei meus olhos enquanto ele levantava minha blusa. Então ouvi um baque e a porta do banheiro abriu-se, revelando do outro lado com a diretora da escola.
- Senhorita e Senhor Linhares, o que está acontecendo aqui?
- Não é o que a senhora está pensando. - Renan começou.
- Desculpe interromper... - começou. - Mas é exatamente isso que está pensando, senhora diretora. - ÓTIMO, vai me ferrar agora.
- Se encaminhem para a minha sala. Agora! - A diretora exclamou.
- Mas antes, senhora diretora, - começou novamente. - queria dizer que foi forçada a fazer isso. Renan a obrigou e ela não tinha como defender-se. Ele estava chantageando-a por algum motivo que ainda não sei qual é.
Suspirei aliviada. Mesmo não falando comigo, sabia exatamente quando eu estava fazendo algo contra minha vontade.
- Como ousa? - Renan disse aproximando-se de . - Você está mentindo!
- Não estou mentindo, - respondeu em um tom calmo.
- Só porque você não conseguiu dar a o que eu ia dar, você não tem o direito de chegar aqui e mentir.
- Repito, eu não estou mentindo!
- Está sim, você é covarde. COVARDE! - E ao dizer isso, Renan deu um soco no rosto de , e é claro, ele retribuíu. Eles começaram a brigar feio e a diretora e eu não sabíamos o que fazer. Ela só gritava "Senhor Reis, Senhor Linhares, parem de brigar agora" como se isso fosse adiantar. Pensei em separar, mas seria apenas uma garota fraca tentando separar dois garotos que tem a força de um leão. Só quando André e Márcio (que estavam passando pelo pátio) chegaram que eles conseguiram separar os dois. Renan e estavam com seus rostos e camisetas sujos de sangue.
- Quero os cinco, na diretoria, AGORA! - A diretora disse autoritária e nós todos fomos. No caminho, Márcio e André tentavam separar e Renan, que tentavam brigar a qualquer custo.
Capítulo 08
- Desculpe a intromissão, diretora, - Márcio começou. - mas por que, exatamente, André e eu estamos aqui?
- Só queria que vocês segurassem esses dois, porque eu e a senhorita não conseguiríamos. Obrigada, estão dispensados, podem voltar a sua sala de aula, sem comentar nada com ninguém. - A diretora disse a ele na porta de sua sala. - Me acompanhe, senhor Linhares. - Falou apontando para Renan, que obedeceu.
Uns quinze minutos se passaram até que Renan saísse da sala da diretora com uma cara emburrada. Ela disse para ele esperar sentado ali ao lado, enquanto conversava comigo e com .
- Senhor Reis e senhorita , por favor, entrem. - Ouvimos lá de fora e entramos.
Como havia apenas uma cadeira, ofereceu-a para mim, que aceitei, enquanto ele se postou em pé, atrás de mim.
- Tudo bem, senhorita , explique-nos.
Respirei fundo antes de começar a falar.
- Renan me buscou na sala de aula com a desculpa de que a senhora pediu para ele me avisar que meu pai estava aqui me esperando. Porém, quando chegamos no pátio, ele disse que era apenas uma desculpa pra ficar um tempo a sós comigo e começou a me empurrar pro banheiro. Eu, obviamente, não quis, mas como sou menor e mais fraca, ele conseguiu me forçar fisicamente. - Disse de cabeça baixa e ninguém pareceu surpreso.
- Certo. E você não queria que ele o fizesse né? Com certeza? - A diretora me perguntou.
- É claro que não! - Exclamei ofendida. - Nunca.
- Então por que deixou? Ele estava te chantageando, como o senhor Reis afirmou?
Respirei fundo antes de confirmar com a cabeça.
- E com o que ele estava te chanageando, senhorita ? - Ela disse me encarando.
POV
- Ele me disse que machucaria se eu não fizesse tudo o que ele quer. Ele me mostrou. Comprovou. Quando ele começou a me chantagear, logo após o acontecimento da festa junina, me levou a um parque abandonado, onde havia apenas passarinhos. Tirou da sua mochila uma arma e atirou no pássaro mais próximo, que nem teve chances de voar para longe dali. Ele sabe que eu tenho e amo animais e que isso me deixaria assustada. Eu não tive escolha, entende? Acabei entrando nessa pra proteger . Renan é louco, ele me dizia coisas que você não tem noção. Muito medonhas e sangrentas e isso me deixou apavorada. Inclusive não é a primeira vez que algo desse tipo acontece - disse referindo-se a Renan querer forçá-la a algo. - Mas o que eu podia fazer? E se ele realmente fizesse mal a ? Eu não me perdoaria. - A garota disse e eu mal podia acreditar no que estava ouvindo. Ela me protegeu. Por que ela me protegeu?
- Por que me protegeu, ? Por que não deixou ele me enfrentar?
- Como disse, eu não suportaria algo acontecer com você e eu ser a responsável - olhou pra mim mas logo em seguida olhou pra baixo, encarando as mãos e falando baixinho - Eu amo você.
Eu fiquei parado observando-a levantar os olhos e me olhar, com os olhos brilhando com as lágrimas chegando. Ela estava a beira do choro, e tudo o que eu queria era poder abraçá-la ali e beijá-la. Chamá-la de minha.
POV
Eu disse aquilo pro de forma fácil, porque era o que eu estava sentindo. Nem acreditei na minha coragem. Naquele momento, não existia broncas, castigos, nem diretora. Existia apenas e eu, numa decisão que deveríamos ter tomado faz tempo. Ele não me repondeu, ficou me olhando impressionado, até que a diretora falou algo e nos chamou a atenção.
- Tudo bem senhorita , declarações de amor depois. - Disse autoritária e eu corei. - Mas senhor Reis, como você é justo e honesto, gostaria de lhe perguntar: você acredita no que ela disse?
- Que ela me ama? - disse e senti seu olhar na minha nuca. Me virei e o vi me encarando. - Sim, eu acredito.
- Não, senhor Reis, - A diretora disse impaciente. - Estou dizendo da história, sobre tudo que ela disse sobre o senhor Linhares, sobre um suposto estupro, sobre a chantagem... Você acredita?
- Acredito sim. - olhou para a diretora sério.
- Tudo bem então. - a diretora disse. - Podem se retirar.
- Mas e o Renan? O que acontece com ele? - perguntou ansioso.
- Apesar de achar que isso não é da sua conta, senhor Reis, vou responder por respeito a senhorita . - Começou severa. - Renan Linhares não estuda mais nessa escola e vai embora escoltado pela polícia. O que ele tentou fazendo com a aluna é crime, e como já é maior de idade, dá alguns anos de cadeia, e ele já tem idade o suficiente para responder pelos seus atos. Agora, por favor, voltem para as suas salas de aula e não comentem nada com ninguém. Os alunos saberão da história quando precisarem saber.
Saí daquela sala acompanhada de , podendo ouvir a diretora discar o número da polícia e pedir para buscarem um aluno. Renan parecia maluco quando me viu, com os olhos arregalados, como se fosse pular no meu pescoço a qualquer segundo. pareceu perceber e envolveu seu braço na minha cintura, saindo apressado da diretoria.
- Você acredita mesmo? - Perguntei pra ele assim que chegamos ao pátio.
- Que ele te chantageou? Acredito sim. - Disse-me.
- Não. - Falei sorrindo fraco. - Acredita que eu te amo.
- Ah, tá. - Ele pareceu corar. - Eu acredito.
- E então, como ficamos? - Perguntei devagar. Bobo como era, respondeu:
- Eu acho que ficamos juntos, e o que você acha? - Perguntou rindo e sorrindo.
- Eu também acho, super aprovo e concordo. - Respondi fazendo bico e ele logo me beijou. Eu esperei tanto por aquele beijo.
POV
Eu a tomei pela cintura e a beijei ali mesmo, no meio do pátio, no meio das salas, com alguns funcionários nos olhando. Eu não queria largá-la nunca mais, queria ficar beijando, e beijando, até alguém nos dar bronca e ir para sala. Mas como fui arrumar um amor tão responsável, logo ela interrompeu o beijo, riu e disse:
- Temos que ir, !
- Mas eu não quero ir. Eu quero ficar com a minha namorada.
- Namorada? - Ela sorriu surpresa.
- Ah é, não fiz do jeito certo. - Disse rindo limpando a garganta logo em seguida. - , desde aquele dia que você passou na minha sala pela primeira vez, você me chamou a atenção e eu não poderia deixar de ter reparado no seu sorriso. Você gostaria de ser, oficialmente, a minha namorada? - Terminando isso, ajoelhei-me a sua frente e peguei sua mão direita. Logo, ela riu, pegou a minha mão e me fez ficar de pé de novo, dizendo:
- É claro que eu quero. - Me levantei, puxei-a pela cintura e a beijei. Ouvi alguns aplausos e vi alguns funcionários da escola batendo palma, inclusive a diretora. Sorri ao ver aquela cena, quando olhei para , ela estava radiante. Estava sorrindo mais do que nunca, e era inacreditável pensar que aquele sorriso iluminaria meus dias de agora em diante.
Epílogo
POV Narrador.
Vinte e cinco anos passam rápido demais, vocês não acham? Hoje em dia, e já terminaram o Ensino Médio, terminaram a faculdade e são bem sucedidos na profissão que escolheram exercer. Ah, também não podemos esquecer que eles se casaram. É claro que brigas e lágrimas aconteceram nessa relação, mas o quanto as ótimas fases de um relacionamento seriam valorizadas, se não existissem as ruins?
Hoje eles têm dois filhos: Uma menina de dezesseis anos chamada Olívia e um menino chamado Felipe de apenas cinco anos.
Caso vocês estejam se perguntando sobre o que aconteceu com Pedro... Bem, após uns anos ele também se casou, e adivinhe com quem? Débora! Sim, o ex da acabou tocando o coração frio e duro da ex de . Coincidência? Acho que um pouco. Hoje eles têm um filho, uma menina, como Pedro sempre quis (que estuda com Olívia), que recebeu o nome de Caroline, na qual, e são padrinhos.
Pois é, os casais agora são amigos.
Voltando ao caso de e ... Os dois ainda brigam, mas sempre se amaram muito, antes, depois e durantes esses desentendimentos. Um sempre deixa o orgulho de lado e vai pedir desculpas para o outro, mesmo sabendo que estão certos em certas situações.
Isso é o amor, eu acho. Dar o braço a torcer para ver o sorriso de alguém que ama.
Há uns dias, Olívia, que estava na adolescência, chegou em casa dizendo que fazia parte do grêmio da sua escola. Seus pais se entreolharam e sorriram. Ela também contou que tinha visto um menino bem bonito quando precisou passar em algumas salas para falar do grêmio estudantil. e se entreolharam e sorriram ainda mais.
Eles veriam a história se repetir...
It's not the end... Wait for it
Quem disse que eu não ia reescrever essa história e postar de novo? AAAAAAAA pois tá aqui. Estão prontos pra reviver essa emoção comigo???