Obsessão

Escrito por Miu! | Revisada por Lelen

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  Flashback on
  A menina abraçava-se fortemente ao seu fino casaco de linha rosa bebê, o frio de Sydney havia aumentado significantemente naquele inverno de 2007.
   despediu-se de , seu namorado, com um beijo rápido e logo estava em frente a sua grande casa branca. Ela e o namorado faziam constantes maratonas de séries e filmes, então ela ia para casa dele cedo e voltava apenas de noite.
  A menina abriu o portão de casa sem fazer muito barulho, sabia que a mãe sempre odiara a barulheira que o portão fazia ao ser aberto rápido demais. Caminhou em direção a porta e logo estava dentro de casa, anunciou que já havia chegado e não foi respondida.
  A casa tinha quase todos os aparelhos eletrônicos ligados e as luzes acesas, por isso a menina estranhou não ser respondida como já era de costume. Chamou pela mãe, pelo pai e pelo irmão, e em nenhuma das três tentativas fora respondida.
  Algo lhe estava empurrando a andar pela casa e procurar por seus parentes, e assim ela o fez, mas quando passou próxima a cozinha um forte cheiro de queimado atingiu em cheio suas narinas.
  Curiosa ela adentrou o local para saber o motivo do cheiro. Quando a menina estava chegando perto do forno viu algo vermelho no chão, e por isso apressou o passo.
  Quando finalmente chegou ao local - entre a bancada e os eletrodomésticos da cozinha - se arrependeu de tê-lo feito.
  O desespero e o terror tomaram conta de si, junto do vazio que se instalou instantaneamente em seu peito, como se o chão tivesse saído de baixo de seus pés ela caiu de joelhos, com a mão na boca e lágrimas caindo incessantes.
  O corpo de sua mãe estava caído no chão, completamente ensangüentado e cheio de perfurações no abdome, o que mostrava que ela havia sido morta por facadas.
  Um barulho no andar de cima chamou sua atenção e então ela levantou-se e foi a passos lentos em direção ao segundo andar. Viu a porta do quarto de seus pais aberta, e algo lhe estava empurrando para lá.

  Quando entrou no quarto sentiu, pela segunda vez, um enorme vazio. Mais uma cena aterrorizante que ela não sabia os motivos de estar presenciando.
  O corpo de seu pai estava desfalecido no chão. Mas dessa vez a cena era ainda pior que a do andar de baixo.
  O bastão de Beisebol de seu pai estava caído ao lado de seu corpo e completamente manchado de sangue, enquanto o corpo de seu pai estava no chão, a cabeça estava completamente amassada, era apenas um bolo de sangue misturado com ossos e carne.
  A garota sentiu uma náusea e começou a ter tonturas, tudo o que havia comido naquele dia estava querendo voltar por sua garganta. E então a menina se lembrou de seu irmãozinho, Tyler tinha apenas sete anos de idade e ela devia procurá-lo.
  Respirou fundo e virou-se para o corredor, indo em direção ao quarto do irmão. Chegou ao local e estava vazio.
  Olhou em volta. As paredes eram azuis com pequenas estrelas pintadas, no teto havia aqueles adesivos que brilhavam no escuro, nas prateleiras brancas havia vários ursos e bonecos. O quarto tinha uma cômoda branca onde havia várias fotos da família.
  Olhar aquelas fotos a fez imaginar o que já poderia ter acontecido ao seu pequeno Tyler, e então desabou ao chão chorando como se nada mais a pudesse fazer sorrir, e talvez nada mais pudesse realmente.
  Ela ouviu o choro de seu pequeno Tyler, alguém estava com ele. E esse alguém o estava machucando.
  A menina se jogou em baixo da cama, que era em formato de foguete, sem pensar duas vezes. Ela colocou a mão na boca na tentativa de abafar qualquer ruído, era seu instinto de sobrevivência falando mais alto.
  Ela viu o pequeno e frágil corpo de seu irmão ser jogado ao seu lado, os olhinhos apavorados faziam um pedido silencioso para que ela ficasse em silêncio.
  A menina levou as mãos à boca, tapando-a com mais força enquanto as lágrimas desciam livres por seu rosto.

  - CADÊ ELA!? - Gritou um homem que ela teve a impressão de já conhecer.
  - Não sei. - Tyler disse choroso.
  - ELA É MINHA! VOCÊS NÃO PODEM ROUBÁ-LA DE MIM! - O homem gritou outra vez, para em seguida cravar uma faca no pequeno coração frágil do garoto.
  Logo começou a sair sangue pela boca entreaberta de Tyler, o sangue escorria e estava chegando perto de . Ela saiu de baixo da cama, indo para o lado oposto do quarto e se levantando.
  O homem, que agora ela reconhecera ser , a olhou surpreso e em seguida sorriu carinhosamente.
  - Meu amor. - Ele disse se aproximando dela.
  - Por quê? Por que você fez isso? - A menina perguntava desesperada enquanto olhava o rosto de , seu amigo de escola.
  - Você é minha . Eles estavam tentando roubá-la de mim, queriam impedir que ficássemos juntos. Mas agora não podem, basta que você espere que eu vá até e nós poderemos ficar sempre.
  - Você é louco! Eu não sou sua, eles eram minha família, aqueles a quem eu mais amo em toda a minha vida.
  - Eles eram desnecessários, nós precisamos apenas um do outro.
  - NÃO!
  - Por favor, acalme-se. Você irá entender mais tarde, quando estivermos em nossa casa.
  - Eu não vou a lugar nenhum com você! - A garota gritou, e logo o rapaz começou a andar em sua direção.
  - Acalme-se, e nós poderemos ficar juntos para sempre. - O rapaz estava cada vez mais próximo, deixando a menina encurralada.
   sem pensar duas vezes pulou por cima da cama de Tyler, quase tropeçando no corpinho de seu irmão. Ela saiu correndo pela casa desesperada, desceu as escadas de três em três degraus, e por sorte não caiu.
  Saiu de casa e foi correndo pela rua, gritando em por ajuda. As lágrimas atrapalhavam sua visão, e as quedas que tivera ao correr pela rua estavam machucando seus joelhos que logo começaram a doer.
  Ela não sabia mais o que fazer, sua voz estava desaparecendo e seus joelhos sangravam. Sua cabeça doía e seu estomago revirava dentro de si, o que causava náuseas.
  Ela caiu mais uma vez, e então desistiu de fugir. Ficou ajoelhada no chão, gritando por ajuda com o resto de voz que lhe restava, até que sentiu uma forte pancada na cabeça, e tudo ficou escuro.
  Flashback OFF


Capitulo 1-

  Sempre doía lembrar-se do que havia acontecido a sua família. Haviam se passado quase quatro anos e ela ainda sentia o vazio em seu peito, estava ao seu lado em todas as seções com o Psiquiatra Dr.Duhamel Nikita.
  Ela foi morar com os tios, que sempre a consideraram como uma filha, sendo que eles mesmos não poderiam ter filhos, pois sua tia era estéril. mudou-se com ela para Melbourne e morava com um amigo, .
   sempre tivera poucas amigas, por isso sair de Sydney não fora tão difícil, seria se não fosse com ela.
  - Então essa é a última seção Doutor? - Perguntou ao psiquiatra que acabara de informar que a menina já estava bem o suficiente para não precisar mais de suas consultas.
  - Sim, está tudo bem. Mas recomendo que faça uma visita mensal ao psicólogo, para que não prenda certos sentimentos dentro de si.
  - Ok Doutor. Muito obrigada. - Disse a menina já se levantando da cadeira e despedindo-se de seu antigo médico, sendo seguida por .
  Assim que ultrapassaram as portas da clínica e já estavam ao ar livre, a segurou pela cintura e fungou em seu pescoço, depositando vários beijinhos no local. Ele ficou abraçado a ela com o queixo apoiado em seu ombro e sorrindo.
  - Finalmente minha pequena está completamente bem. - Ele disse dando um beijinho na ponta do nariz da menina que riu e se virou de frente para o rapaz abraçando-o pelo pescoço.
  - Eu já melhorei há muito tempo, só não tinha a confirmação médica. - Disse a menina sorrindo e beijando o rapaz em seguida.
  - Que tal nós irmos lá pra casa hoje e fazermos uma maratona de Supernatural com o ?
  - Eu estava pensando em maratona de Harry Potter.
  - Ah, a gente pode fazer de Supernatural hoje e de Harry Potter amanha, o que acha?
  - Ta ok. Dois dias seguidos de maratonas. Supernatural só se for a quarta temporada!
  - Com certeza, a quarta é a melhor!

  Eles se beijaram mais uma vez e logo saíram andando de mãos dadas em direção ao apartamento do rapaz.
  A menina ligou para os tios avisando que iria chegar tarde a casa, estes ficaram um pouco preocupados, mas aceitaram, pois sabiam que ela estava com .
  Viram toda a quarta temporada naquele mesmo dia, entre gritos de susto de , risos de deboche de e um que ficava simplesmente olhando sua namorada feliz.
  Ela acabou dormindo no apartamento dos amigos, desde o assassinato de sua família que ela não tivera coragem de ir para casa a noite sozinha.
  No dia seguinte ela acordou animada, era véspera da festa de mascaras de Angel, uma de suas melhores amigas.
  A própria havia confeccionado seu vestido, aprendera a costurar e a desenhar com sua mãe.
  O vestido era em tom champagne, era tomara que caia e tinha um estilo "sereia"-um pouco mais apertado nas coxas e no joelho e mais aberto nos pés-, tinha uma prega no seio esquerdo e era caia perfeitamente no corpo delineado e cheio de curvas da menina.
  Curvas que ela não se orgulhava, apesar de enlouquecerem vários homens, pois as ganhou na fase da pré-adolescência, comia com a desculpa de fase de crescimento. Depois da morte dos pais desenvolveu alguns distúrbios alimentares que estavam sendo curados aos poucos.
  Mas o principal motivo de não se orgulhar de nenhuma dessas curvas era que elas também provocaram outro homem, o homem que matou friamente sua família.
  Ela logo parou de pensar nisso e resolveu que iria comprar logo sua mascara, queria estar linda para a festa.
  Convidou Angel e Janice, suas melhores e talvez únicas amigas em Melbourne. As três passaram o dia comprando mascaras e em seguida foram para a casa de ver quais combinavam com seus vestidos, já que Angel e Janice se arrumariam em sua casa para poderem ir juntas para o salão de festas.
  O vestido de Janice era salmão, tinha duas alças que ficavam na ponta dos ombros, e por isso o decote era grande profundo. Ele tinha a cintura bem marcada e descia reto até os pés, as costas eram praticamente nuas.
  O vestido de Angel era preto e branco, ela se inspirou no vestido rosa que a Natalie Portman usou no Globo de Ouro. Ele era todo preto, mas tinha uma faixa branca que caia até os pés e tinha um comprimento de acordo com o tamanho de seu seio, já que essa o tampava. Todo o resto era preto. Era o vestido mais elegante da festa, tinham certeza.
  As mascaras eram simples. A de era em diferentes tons dourados, tinha um elástico para prendê-la atrás das orelhas e era no estilo das antigas mascaras dos carnavais europeus.
  Janice optou por uma mascara branca, que tampava quase todo o rosto e tinha detalhes em tom fúcsia.
  E Angel não iria usar mascara alguma.

  - SUA PERFEITA! ESSE VESTIDO É LINDO!- Gritou Janice ao ver vestida na peça Champagne.
  - Jura? Não ta vulgar demais? - Perguntou completamente insegura.
  - TÁ PERFEITO! -Gritou Angel sorrindo para a amiga.
  - Ufa, achei que estivesse igual a uma piranha. - Disse sentindo-se aliviada.
  - Fala sério, piranhas não se vestem assim . - Disse Janice fazendo cara de desprezo.
  - Piranhas se vestem como a Sthephanie! - Disse Angel referindo-se a ex de seu atual namorado.
  - Só porque ela namorou o Brendan, Angel! - Gritou Janice.
  - Você tem que parar de perseguir as ex-namoradas dos seus atuais namorados. - Disse .
  - Não, eu não vou parar. Agora a gente tem que dormir. Amanha é o meu grande dia. - Disse Angel deitando-se na cama e virando para a parede.
  - Boa noite para todas. - Disse entrando no banheiro para trocar de roupa.
  As três sempre dormiam na mesma cama quando estavam na casa uma da outra. pegara essa mania também depois da morte de sua família, que havia deixado traumas que, segundo o Dr. Nikita, eram irreversíveis.

  A noite se passou e não conseguia dormir, tinha um pressentimento ruim. A imagem de lhe vinha à mente toda vez que fechava os olhos. A imagem de , matando seus pais e seu pequeno e frágil irmão lhe vinha à mente.
  Sabia que não conseguiria dormir, e que se o fizesse teria pesadelos com a noite do assassinato. Mas ela tinha que dormir para não ficar igual a um bagaço no dia seguinte.
  Levantou-se e foi até a cozinha. Andava apoiando-se nas paredes devido ao escuro, por algum motivo ela olhava em volta como se quisesse se certificar de que estava sozinha algo lhe dizia o contrário.
  Chegou à cozinha e se aliviou quando a luz da geladeira iluminou o ambiente. A cozinha era grande e dividida por uma bancada. De um lado tinham os eletros-domésticos e do outro uma mesa com cadeiras em volta, e havia no alto um aparelho de TV de 21 polegadas LCD.
  Do lado onde havia eletros-domésticos era de fato a cozinha, tinha uma bancada branca que dividia os dois espaços, em frente a esta havia a pia, fogão e duas geladeiras. O conjunto de armários tomava praticamente todo aquele lado do ambiente. Era tudo perfeitamente branco.
  À noite o local ficava um pouco mais claro que o resto da casa, as janelas eram fechadas apenas pelos vidros e o local era mais claro. Mas isso não facilitava a visão noturna de , que continuava sentindo-se perseguida e lembrando-se de .
  A menina poderia ter se tratado com um psicólogo após o trauma que sofrera pelo assassinato dos pais, mas a menina era vingativa e rancorosa, por isso seus tios optaram por um tratamento psiquiátrico.
  A menina já havia se recuperado, mas a imagem de ainda lhe trazia raiva, ódio e desejo de matá-lo. Ela balançou a cabeça tentando tirar esses pensamentos de sua cabeça e finalmente prestou atenção no que havia na geladeira.
  Depois de alguns segundos olhando ela decidiu por tomar um pouco de coca-cola, seu vicio desde muito pequena. Ela pegou a garrafa e foi em direção a pia, que ficava a uns dois ou três passos da geladeira, pegou um dos copos do escorredor preenchendo-o e seguida com o conteúdo da garrafa.
  Respirou fundo e foi até a bancada, onde se sentou com a garrafa ao seu lado. Olhava pela janela que havia em cima da pia, fitava a lua e o jardim de sua casa. Lembrava-se de sua antiga residência em Sydney, de sua antiga vida e de seus amigos.
  Sentia falta de e de , amigos desde a primeira infância, mas que perdera contato devido ao fato deles terem defendido , alegando que o rapaz a amava e que ela o ignorava.

  Ela realmente o ignorava, mas era para não despertar falsas esperanças e muito menos fazer com que sentisse ciúmes. Ele era louco, não a amava, era impossível que o fizesse, ela acreditava fielmente que ele não tinha um coração no peito.
  Enquanto perdia-se em seus pensamentos fitava o jardim da casa, com vários brinquedos que as crianças do orfanato - a cada semana sua tia levava uma turma do orfanato para brincar em sua casa- deixavam espalhados após as brincadeiras durante o dia. Após passar um bom tempo da mesma forma ela resolveu tentar dormir.
  Terminou de beber a coca-cola que havia no copo e foi levá-lo até a pia. Quando depositava o copo na bancada e abria a geladeira para guardar a garrafa ela pode jurar que vira uma silhueta correr e pular o portão.
  Ela quis segui-lo, mas sabia que não havia mais tempo. Ficou desesperada, olhando para os lados e com a mão no peito, que doía devido às violentas batidas de seu coração.
  Deu alguns passos para trás e encostou-se na bancada, deixando-se cair lentamente no chão. Ela podia jurar que conhecia aquela silhueta, a forma como corria, o jeito que pulou o portão, tudo lhe era familiar. E para sua tristeza lembrava-a de uma pessoa a qual a lembrança não lhe era agradável, .
  Ela se sentia ameaçada, em perigo. Algo ruim estava para acontecer e ela sabia disso, sua cabeça estava a mil, as imagens dos corpos de sua família, e tudo que vivera até ali passavam por sua mente rápido demais para que ela pudesse pará-las.
  Logo algumas lágrimas teimosas caíram por seu rosto, mas foram rapidamente secas por . A voz de vinha a sua mente a cada segundo, aquilo a estava enlouquecendo.
  As coisas começaram a girar a sua volta, a imagem de um sujo de sangue não lhe saia da mente e isso a estava torturando. A menina colocou a cabeça entre os joelhos e tapou os ouvidos com as mãos na vã tentativa de afastar seus demônios.
  As coisas giravam e giravam em torno de si, as lembranças confundiam-se entre tristes e felizes. Quando aparecia uma imagem de sua infância, a que fora extremamente feliz, podia-se ouvir o chorinho de seu irmão ou a voz de antes de matá-lo.
  Ela estava enlouquecendo, e sabia disso. Mas não iria dar o braço a torcer. Com as mãos no peito, como se isso fosse diminuir os batimentos e as tonturas, ela se levantou , pegou a garrafa que havia deixado cair e colocou-a em seu devido lugar, na geladeira.
  Foi tateando as paredes enquanto andava, tanto pelo escuro quanto pelas tonturas. As imagens já haviam saído de sua mente, mas ela tinha plena consciência de que teria pesadelos naquela noite.

  Deitou-se na cama e depois de algum tempo dormiu. Mexia-se o tempo inteiro e fazia barulhos, ora ou outra gritava um pouco. Suas amigas acordaram, mas nada fizeram, estavam acostumadas com isso, só não esperavam que ela voltasse a ter pesadelos depois de tanto tempo sem ter nenhum, exatamente dois meses.
  No dia seguinte foi a primeira a acordar, logo se levantando e indo fazer sua higiene. Sentia-se um lixo pela noite mal dormida, a sua sorte é que iriam a um SPA antes de irem para a festa que aconteceria no Cosmopolitan Hotel.
  Estava na cozinha comendo seu cereal quando uma Angie com cara de sono chegou. A menina era bonita de qualquer jeito, pensava . E realmente era seus cabelos castanhos claros caiam-lhe nos ombros, os olhos extremamente azuis praticamente brilhavam. Cada detalhe em seu corpo era perfeitamente proporcional ao resto.
  Eram três amigas muito diferentes uma da outra, tanto em seus gostos quanto em aparência. tinha cabelos castanhos que iam até abaixo do ombro, olhos castanhos e, como já fora mencionado, curvas que deixavam seu corpo sensual aos olhos de qualquer homem.
  E Janice era mais magra, pois era modelo, era alta e não tinha tantas curvas. Seus cabelos eram extremamente loiros e os olhos verdes que pareciam esmeraldas. Sua pele era rosada - uma cor natural, um braço não tão branco- ao contrario das outras amigas, Angel era menina de praia e por isso estava sempre bronzeada, enquanto era branca até demais.

  - Ta olhando o que ein? - Perguntou Angel se sentando ao lado de em um dos banquinhos da bancada enquanto comia uma maçã.
  - Admirando sua beleza Angel. - Respondeu rindo. - Parabéns amiga. - disse dando um forte abraço em Angie que lhe mandou um enorme sorriso.
  - Obrigada amiga! Posso te fazer uma pergunta?
  - Angie, você já esta perguntando. Mas eu te dou outra chance!
  - Vai à merda . - Angie disse enquanto empurrava a amiga de leve. - O que aconteceu essa noite?
  - Nada. - mentiu.
  - , você quase gritou enquanto dormia. Algo aconteceu pra te fazer ter pesadelos. Por que você ta mentindo? Não confia mais em mim?
  - Eu confio Angie. Mas tem coisas que eu quero guardar pra mim, entende?
  - Não devia. O Dr. Nikita disse que é pra você ir num psicólogo justamente pra falar sobre essas coisas, acho que seria mais fácil falar comigo.
  - Eu não vou falar nada com psicólogo nenhum.
  - Você tem que falar . Senão nunca vai melhorar. - Angie disse virando-se para a amiga.
  - Olha Angel, acho melhor nós pararmos essa conversa por aqui. Não quero brigar com você em pleno seu aniversario. - Disse enquanto levantava-se e colocava o que havia sujado na pia.
  - Eu não quero brigar com você, quero te ajudar.
  - Ninguém pode me ajudar Angie, e todos acham que podem. Esse é o meu único problema.
  - Você é muito pessimista, sabia que outras pessoas podem ter passado pelo mesmo que você? - Disse Angie logo terminando de comer a maçã.
  - Sei, e não tenho a mínima vontade de conhecê-los. A minha própria dor já é o bastante pra mim.
   olhou para Angie, a garota parecia ameaçadora. Angie teria medo se não soubesse que aquele assunto sempre deixava sua amiga naquele estado. Janice entrou na cozinha com a mesma cara de sono das outras duas, ela percebera o clima tenso entre as amigas, mas preferiu não dizer nada.
  - Que horas nós vamos para o SPA? - Janice perguntou querendo quebrar o contato visual que Angel e mantinham.
  - Duas da tarde! - Disse Angie animada, tirando seu olhar do contato de .
  - Ai, que bom que a gente vai lá antes, to um caco. - Disse Janice vendo subir para o seu quarto apos lhe dar um beijo.

   estava com raiva, não de sua amiga que só que queria lhe ajudar, mas raiva de si mesma por ter sido tão grossa com ela. Odiava-se imensamente quando fazia isso, ser grossa com os outros por eles simplesmente falarem sobre o assunto do assassinato de sua família, e mais ainda quando falavam de sua suposta loucura.
  Ela não era louca, tinha plena certeza disso. Ela queria justiça, afinal sua família fora assassinada e o culpado passaria apenas alguns anos em um manicômio.
  Passou o resto do dia assim, quieta. As amigas puxavam assunto, mas ela não conseguia manter, pensava em , pensava na sua família. Pensava em toda a sua vida.
  Se algum dia lhe contassem que , aquele menino engraçado e extrovertido de seu grupinho de amigos assassinara três pessoas por pura maldade e obsessão ela não acreditaria. Era inacreditável.
  Ela tinha certeza de que algo iria acontecer, nunca passava tanto tempo pensando em , e agora ele tomara seus pensamentos durante todo o dia.
  Passaram horas no SPA e depois foram para o hotel, onde havia três suítes reservadas -uma para cada casal- além dos salões que foram alugados para a festa. As meninas prepararam um dos salões de forma que parecesse uma balada, com globos no teto, efeitos de luz e o DJ em uma plataforma um pouco mais alta.
  Antes da festa teria um jantar - que seria feito no outro salão-, e depois um pequeno baile de mascaras ao estilo do carnaval europeu. Por isso os vestidos tinham de parecer clássicos.
  Elas se arrumaram no hotel e foram para o jantar, encontraram , Brendan e as esperando. e Janice não assumiam, mas tinham um relacionamento.
  O jantar correu tranqüilo, toda a família de Angie estava presente, menos o seu pai. Este estava casado com outra mulher e nem ao menos se lembrava da filha.
  Quando o baile começou os casais juntaram-se e dançaram uma valsa. Após isso poucos casais continuaram dançando. E sentara-se na mesa e ficara bebendo champagne.
   percebera que a namorada estava estranha, ficou preocupado, mas decidiu falar sobre isso apenas depois que a festa terminasse e estivessem apenas os dois em sua suíte.
  O baile corria tranqüilo, até que avistou duas pessoas que nunca imaginara que iria rever.
   e estavam lá, em ternos e mascaras que se igualavam aos dos outros homens do local, talvez por isso tenham conseguido entrar sem serem convidados.
   não se agüentou de curiosidade e foi até eles. estava bebendo qualquer bebida alcoólica que havia na festa, como já era de se esperar, e apenas olhava para que se aproximava.
  Quando já estava bem próxima dos dois deu uma cotovelada de leve em que instantaneamente virou na direção indicada pelo amigo. abriu um enorme sorriso para os dois, e, para a surpresa da própria , não fora algo forçado, o sorriso abrira-se em seu rosto de forma natural e instantânea.

  - , você mudou muito. - Disse enquanto a abraçava.
  - Mudei pra melhor ou pra pior? - Perguntou a menina com um sorriso no rosto enquanto ainda segurava no braço do rapaz.
  - Para melhor, óbvio.
  - Você continua o mesmo, sempre elogiando qualquer rabo de saia que apareça na sua frente.
  - Mentira, eu sou quietinho e comportadinho. Você que vê coisa aonde não tem. - riu e soltou o garoto enquanto abraçava .
  - E você , como vai? - Perguntou enquanto se posicionava entre os dois.
  - Eu to bem, indo né. - Respondeu fazendo ma cara não muito feliz.
  - Por que indo? - Perguntou reparando na falta de animação.
  - Você não vai querer saber.
  - Eu quero.
  - ...
  - Tem a ver com o , eu sei.
  - Então.
  - , eu não me importo de falar dele.
  - , ta tudo bem? - chegou por trás abraçando .
  - Está tudo bem sim . - disse simplesmente desvencilhando-se do abraço do namorado, que não entendeu o porquê da garota ter feito aquilo.
  - Bom, , foi legal te ver... - Começou .
  - Ah, não eu quero continuar conversando com vocês. Sabe como é, colocar a conversa em dia... - Disse a menina olhando para os rapazes que também não entenderam.
  - Mas amor... - Começou .
  - , a gente se encontra na festa ok. - Após dizer isso a menina saiu andando junto de e .

  Ela sabia que há alguns meses saíra do manicômio para encontrar a família e não voltou mais, e era estranho e aparecerem em Melbourne logo após isso, e mais ainda eles irem a uma festa que sequer conheciam a aniversariante.
  Passou horas conversando com e , até se esquecer da festa de sua amiga. Ela não conseguiu de maneira alguma convencer os rapazes a lhe contarem sobre .
  Angie fora lhe procurar para irem retocar a maquiagem no quarto, e só por isso a menina deixou que e fossem embora. Ela sabia muito bem que havia um motivo para eles estarem ali, só não sabia qual.

  - VOCÊ É LOUCA? SÓ PODE SER CARA, COMO VOCÊ PODE DEIXAR O DE LADO PRA FICAR DE PAPINHO COM OS AMIGOS DO ?! - Angel gritava com que sequer a escutava.
  - Para de gritar por favor, eu tô com dor de cabeça. - disse enquanto trocava o vestido longo Champagne por uma saia de cintura alta rosa e uma camisa do ramones branca.
  - NÃO, EU NÃO VOU PARAR DE GRITAR! O CARA CHEGA E MATA SUA FAMILIA E VOCÊ FICA DE PAPINHO COM OS AMIGOS DELE. QUE TIPO DE RETARDADA MENTAL VOCÊ É?
  Quando Angie finalizou a frase foi atingida em cheio por u m forte tapa no rosto. olhou-a com tamanho ódio que ele sequer sabia se era possível alguém realmente sentir tudo aquilo.    terminou de se vestir, colocando um, sobretudo de couro, que lhe vinha até o meio das coxas, por cima da saia e da camisa e da camisa do ramones, deixando suas pernas e seu scarpin preto a mostra.

  Ela deu uma ultima olhada na amiga e saiu do quarto batendo a porta atrás de si. Ligou para , que informou-lhe estar na suíte deles.
  O quarto deles era dois andares acima do de Angel, pois não gostava do terceiro andar, que tinha uma decoração diferente do quinto, que ela amava. O terceiro era mais moderno e completamente branco, já o quinto tinha um aspecto antigo e elegante.
  Clicou no botão para que o elevador descesse, após pouco mais de dois minutos as portas se abriram e ela entrou logo pedindo o quinto andar ao "Senhor do elevador". Ficou se olhando no espelho durante o minuto que o elevador levou até chegar ao andar desejado.
  Ela saiu e foi até a sua suíte que, estranhamente, estava com a porta entre aberta. Mas resolveu relevar o descuido do namorado, já o havia feito mal naquele dia deixando-o de lado por causa de e .
  A menina entrou no quarto e não viu ninguém, procurou em todos os lugares - varanda, banheiro, sala, uma pequena cozinha que havia no local- e nada.

  - ? - A menina chamou meio insegura, as luzes do lugar estavam acesas e a ponta da cama estava amassada, o que deixava claro que alguém sentara ali antes.
  Ela teve uma sensação de deja vu que preferiu ignorar e continuar procurando. Voltou à porta e olhou para os dois lados do corredor e não havia ninguém. Ela voltou ao quarto e sentou-se na cama, notando que na cômoda ao lado havia um bilhete.

"Vá para a minha casa imediatamente, precisamos conversar e aqui não é o lugar pra isso.
Beijos, ."

  Era a letra de , mas ela estranhara essa atitude. Ele certamente a teria levado pra casa, e não deixado um bilhete mandando que ela fosse. não era daquilo. Mas ela o deixou nervoso, e sabia disso, por isso resolveu ir. E além de tudo, ela queria sair dali, não queria ver Angel tão cedo.
  A menina saiu do hotel, dizendo que estava com dor de cabeça para alguns amigos, aqueles que lhe perguntava sobre ela dizia que ele fora pegar o carro.
  Quando chegou a frente ao hotel chamou um dos táxis que ficavam bem em frente. Deu o endereço da casa de e ficou em silencio o caminho inteiro.
  Quando chegou ao apartamento de seu namorado ela foi direto ao quarto, vendo um desacordado na cama. Quando ia correr para fazer alguma coisa sentiu uma forte pancada na cabeça e tudo virou breu.

FIM



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