O amor morreu?

Escrito por Amanda Paiva | Revisado por Laura Weiller

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Capítulo 01

Música: Diga parte 2, por Fresno

Já podes parar de fingir...

   não aguentava mais ficar naquela redação. Contava os minutos para as seis da tarde. Impressionantemente aquela sexta feira estava mais insuportável do que as outras sextas feiras. Talvez por sua megera nova chefe ter descontado toda a frustração das baixas vendas nos novos jornalista – o que era o caso de – ou talvez por causa dos insuportáveis burburinhos de sexta feira. O rapaz de calça jeans e all star antigo só queria chegar em casa e passar uma ótima noite com a sua namorada (quase noiva), beber um vinho qualquer e tirar todo o estresse daquela semana infernal que teve que fazer super horas extras quase todos os dias. tinha dado graças à Deus não precisar ficar mais um minuto naquela imensa sala com milhares de baias. Contudo, como nem tudo na vida é perfeito às 17h58, ou seja, dois minutos antes do horário em que teria a tão esperada liberdade o outlook do seu computador aponta uma nova mensagem.
  - Mas que droga... – sussurrou o jornalista da sessão Vida&Estilo. ponderou os prós e contras de abrir àquele e-mail. Afinal, já não tinha quase ninguém na redação, até a moça do café já tinha ido embora, os outros jornalistas tinham ido cobrir o casamento de uma subcelebridade qualquer. – Ok, só mais cinco minutos. – o rapaz não aguentou aquela caixa dançante indicando a chegada de um novo e-mail e resolver abri-lo, jurando para si mesmo que o que quer que fosse não levaria mais de cinco minutos.

De: Ana Peg
Data: Sexta feira, 15 de fevereiro de 2010.
Para: Jay McGuiness >
Assunto: Não mate o mensageiro...

  Bom, nem sei se faço a coisa certa te enviando esse e-mail, afinal é o nosso e-mail profissional e tudo mais. Você deve estar se perguntando quem sou eu, nem trabalhamos na mesma sessão e cá estou eu te enviando um e-mail que provavelmente vai mudar a sua sexta feira. Oh! Meu Deus, talvez mude até a minha vida, você não vai contar para ninguém, vai? Por favor, não conte, mas de certa forma eu queria que você soubesse...
  Não acredito que estou fazendo isso. Ok, vou direto ao ponto:
  Você está a par dos comentários que tem percorrido pelos corredores do jornal, certo? Sim, aqueles comentários de uma nova jornalista que estaria envolvida com o John Morgan, o editor chefe. Bom, não são boatos maldosos no final das contas. Eu não deveria fazer isso, mas estou te enviando um anexo das fotos que um colega meu tirou ontem. Você está noivo da Bonnie Heart, certo?
  No mais,
  Espero mesmo não ter estragado tudo.

  PS: Adorei a sua matéria sobre os hábitos consumidores da classe AAAA...

  Ana Peg
  Redatora e colunista da sessão Política e Mercado do jornal diário Daily News.

   olhou por alguns segundos a tela do computador e mal podia acreditar no que seus olhos viam, na verdade ele poderia assumir várias coisas a partir daquela foto, mas Bonnie e o editor chefe não pareciam ser só amigos naquelas fotos. Ou talvez fossem, como ele poderia julgar? Eles só estavam se abraçando, também tinha amigas que abraçava o tempo inteiro, na verdade uma amiga só, , mas ela realmente era sua amiga. Não poderia julgar Bonnie por estar abraçada a um cara, e se ela o tivesse... Droga, ele não conseguia pensar na hipótese de “só amigos" quando um boato de que o Morgan estava traindo a esposa com uma jornalista começou a correr pelos corredores do jornal.
  O jovem jornalista saiu da redação do jornal um tanto atordoado, odiava tanto Bonnie como a maldita Ana Peg, quem ela pensava que era? Ela era jornalista, deveria investigar direito os boatos, de certo aquela fonte estava errada. Era o que estava mentalizando no caminho até sua casa. Com certeza ele falaria com Bonnie sobre o assunto e eles ficariam bem, eles sempre ficavam. Chegou milagrosamente rápido no apartamento que dividia com sua quase noiva e a viu com o sorriso mais lindo do mundo, ela estava deitada no sofá assistindo algum desses documentários de viagem. parou no meio da sala e durante alguns nano segundos pensou em esquecer aquele e-mail.
  - Tudo bem, meu amor? – sua namorada levantou do sofá apenas com sua camiseta favorita do Pink Floyd e foi dar um beijo nele. – Como foi o dia? Aquela megera da Maura ainda está te atormentando? – Bonnie foi caminhando harmoniosamente até a cozinha sendo acompanhada pelo quase noivo.
  - Na verdade nada fora do normal. – a garota de olhos verdes sorriu e abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida. – Na verdade... Eu recebi um e-mail hoje e eu queria falar com você sobre ele...
  - Nossa, você está me assustando – a garota parou em frente ao namorado desejando desesperadamente que ele a olhasse, mas os olhos que ela tanto amava estavam encarando o chão. – Pode falar...
  - Recebi uma foto sua com o John Morgan, nosso editor chefe. – despejou rapidamente – Isso não seria tão ruim se o texto não tivesse mencionado que você é a jornalista que está de caso com o Morgan... – respirou pesadamente sem conseguir completar a frase.
  - ...
  -...
  - Diz alguma coisa Bonnie – esbravejou por um momento. Ele esperava que ela negasse e dissesse que isso era um absurdo.
  - ... – a garota rapidamente foi até o namorado encarando seus olhos e segurando seu rosto. Ela se sentia culpada. – Me escuta...
  - Como assim escutar? – o rapaz parecia ter entendido de repente o que aquilo significava.
  - Não tire conclusões precipitadas , não teve importância – Bonnie parecia ainda mais desesperada do que ele, queria que o quase-não-mais-noivo entendesse que John não era mais importante em sua vida. Não mais, na realidade ela o tinha conhecido antes de começar algo sério com . Bonnie queria que entendesse que do mesmo jeito que John a usou ela também o tinha usado. De que forma uma jornalista iniciante iria conseguir tão rapidamente se tornar a principal jornalista da sessão de Negócios? Mas não ousou dizer isso a , ele nunca entenderia as suas ambições e seus métodos. Ele sempre fora certinho demais para isso, acreditava nos meios honestos para chegar onde queria, talvez por isso ele não conseguisse sair da Vida&Estilo que ele sequer gostava.
  - Precipitadas? Você acaba de falar que me traiu e eu que estou tirando conclusões precipitadas? – o rapaz não conseguia parar de andar de um lado para o outro na cozinha pequena de sua casa.
  - Não é como se você fosse entender... – Bonnie suspirou pesadamente e desistiu de ir atrás dele, apenas sentou no balcão da cozinha. Ela se sentia derrotada, queria apenas que entendesse.
  - Eu entendi, você colocou um chifre na minha cabeça. – o rapaz riu sem humor direcionando o olhar para a garota que estava com os olhos levemente marejados. – E por quê?
  - Não me olha assim, . – o garoto a encarava com um olhar duro e acusador. – Eu te amo...
  - Eu não acredito. – foi até a namorada (ou ex) e por algum tempo tentou encontrar algum arrependimento naqueles olhos verdes. Não encontrou. - Por favor, não me deixe – as lágrimas nos olhos de Bonnie começavam a rolas incessantemente – Eu não vivo sem você...
  - Acabou, você sabe que acabou. – segurou o rosto da garota com suas mãos – Pode ir embora do meu apartamento.

Capítulo 02

Esqueça o dia em que me conheceu.

  Do outro lado da cidade, revisava os textos do seu novo livro. Estava acompanhada de seu amado chá com leite, seu inseparável notebook e sua gata Marie. Amava escrever à noite, exceto naquela sexta feira, seu vizinho não estava colaborando muito, o som do apartamento ao lado era irritante, ao que parecia seu vizinho estava em uma terrível fossa e ouvindo desesperadamente Celine Dion. Odiou aquela música por um breve momento, só não odiou mais, pois a campainha tocou e ela foi correndo atender desejando ser o vizinho do andar de cima que estava planejando uma intervenção para o vizinho traído. Não era o vizinho do andar de cima. Era seu amigo, seu melhor amigo, na verdade.
  - ? – o olhou assustada. O amigo parecia péssimo, como se tivesse levado uma tremenda surra. – Quer entrar? – o rapaz nada disse, apenas entrou no apartamento colorido e aconchegante da amiga. – Você não está bem, vou preparar um chá pra você.
   foi até a cozinha e pegou as coisas necessárias, talvez fosse melhor ela preparar um café ou até pegar alguma bebida forte para o amigo. Porém ela era péssima para preparar café e em sua casa não tinha nada alcoólico. Que tipo de amiga ela era a final de contas? Enquanto a água fervia pode ouvir alguns passos nervosos atrás de si. Ouviu afastar uma cadeira e se sentar em silêncio.
  - Eu adoro esse seu pijama. – comentou aleatoriamente enquanto reparava em sua melhor amiga. olhou para si e deu um sorriso sem graça, afinal, há quanto tempo tinha aquele pijama? Mas o que ela mais gostava naquele velho pijama do Mickey eram as histórias. Como da vez que foi acampar com a família de e acabou sendo picada por abelhas horríveis e ele ficou a noite toda no hospital com ela, ou quando ele invadiu o quarto da garota quando eles tinham quinze anos só para dizer que ia ficar um ano em Nova Iorque.
  - Ele tem algumas histórias... – a água já estava fervida e então fez a sua mágica.
  - A Bonnie me traiu. – teve que se controlar para não jogar água fervente em seus pés. Ela o olhou incrédula e ele continuou. – Com o editor chefe do Jornal.
  - Como assim? – perguntou ainda sem acreditar naquela possibilidade. – Você tem certeza? Ela te traiu?
  - Eu recebi um e-mail com a foto dos dois, não era nada demais, mas quando fui falar com Bonnie, ela me contou. – disse com aparente calma em seu semblante.
  - E agora? – continuou a preparar o chá, mesmo que chocada. Como aquela garota pôde ter feito isso? Qual era o problema dela? Bonnie tinha tido a sorte de ter encontrado um cara como o . a odiava intensamente naquele momento.
  - Não sei, de verdade , eu não faço a mínima ideia. – se dirigiu até o amigo e o abraçou. Ansiou ter as palavras certas para dizer, e por mais que fosse boa com as palavras e todos sabiam como ela era boa, naquele momento não soube o que dizer. não se importava com as palavras certas naquele momento, só o abraço de sua melhor amiga já era o suficiente.
  Depois do abraço direcionou até a sala de seu apartamento e ambos se sentaram no sofá, mesmo que este estivesse um caos por causa das anotações de . A garota era uma escritora relativamente famosa, não que seus livros já tivessem virado filme ou coisa assim, mas ela tinha seus fãs que amavam a escrita despretensiosa de . Sempre que estava em processo de criação era assim, espalhava suas dezenas de anotações pela casa a espera de alguma inspiração, mas com alguns anos de experiência ela percebeu que inspiração não vinha sempre que ela precisava, então se forçava a escrever também. O fato era que amava esse jeito bagunçado e alegre da amiga, sempre que visitava seu apartamento dava de cara com algo diferente, desde as cores das paredes até uma disposição diferente dos móveis, não que ele reparasse, mas fazia questão de enfatizar.
  - Espero não estar te atrapalhando com as minhas lamúrias – falou depois de duas horas de desabafo com a amiga.
  - Não está. – sorriu. Os dois estavam jogados no sofá, mas estava deitado no colo de . Já tinha contado tudo que sentira quando descobriu o quão traíra sua ex-quase-noiva o traiu e também que a tinha expulsado de seu apartamento. – Na verdade eu estava quase indo cometer um homicídio quando você apareceu. – a encarou com alguma expectativa e ela olhou para a televisão desligada. Droga, ela não poderia se deixar cair novamente por aqueles olhos lindos e aquela boca tão convidativa. A verdade era que era perdidamente apaixonada por desde seus quinze anos, se descobriu assim dois meses antes dele viajar para Nova Iorque, mas nunca teve coragem de contar. Nunca. Por isso odiou Bonnie quase que instantaneamente, a odiou por ela parecer uma modelo de catálogo de lingerie e ser tão simpática quanto era bonita.
  - Homicídio? – sorriu brevemente – O que te fizeram?
  - Meu vizinho que deve estar em uma fossa terrível e estava escutando Celine Dion.
  - Salvei uma vida, então... – assentiu ainda sem graça por ter pensamentos tão errados com o amigo. Ele estava sofrendo e ela desfocando do assunto dessa maneira. Ela era definitivamente a pior amiga do mundo.

Capítulo 03

Que nunca foi feliz nessa tua vida. Seu texto, seus sorrisos de mentira.

  3 anos depois...

  Muita coisa tinha mudado em três anos. Bonnie agora era uma das ancoras de um importante noticiário matutino. tinha conseguido sair da sessão de Vida&Estilo e agora trabalhava com Ana Peg – que por um acaso do destino agora era a sua chefe, muito melhor que a megera texana de Vida&Estilo. Ana tinha criado um carinho especial por , talvez por ela ser emocional o suficiente para se sensibilizar com a história de um jovem traído por uma jornalista tão linda quanto inescrupulosa. Talvez Ana exagerasse de vez enquando, mas a redação Política e Mercado era incomparavelmente melhor. por outro lado tinha conseguido se estabelecer consideravelmente no mercado literário e estava prestes a lançar seu livro “O jeito que eu te amei" na livraria que tinha herdado de seu avô no centro da cidade. E era isso que apressava naquele momento, ele queria estar naquela livraria e ver sua namorada triunfando mais uma vez. Sim, e estavam namorando, bem dizendo seis meses depois de terminar com Bonnie o rapaz começou a notar a melhor amiga com outros olhos, ele sempre a achara linda, mas nunca tinha pensado nela de outra maneira senão uma boa amiga. O fato era que tinha sido tão boa como melhor amiga que em poucos meses quis que ela fosse mais, mas tenho que dizer que a iniciativa do primeiro beijo foi dela. Isso o rapaz admirava em , ela sabia bem o que ela queria.
  - Desculpe o atraso – deu um selinho na namorada que estava extremamente feliz com a livraria repleta de pessoas... e livros. – Perdi alguma coisa? – ele sorria tão encantadoramente para ela que mal conseguia raciocinar. Sua vida estava perfeita naquele momento.
  - Não se preocupe – ela sorriu graciosamente. se viu imensamente sortudo naquele momento. estava linda com seus habituais vestidos floridos com um toque retrô e seus cabelos soltos e levemente ondulados. E como se a garota tivesse se vestido somente para ele, estava sem muita maquiagem, do jeito que ele sempre gostou.

   autografou dezenas de exemplares do seu livro e até deu uma entrevista para um jornal importante. Ela estava radiante. Enquanto percebia seus amigos conversando com notou que alguém se aproximava dela. Por Deus, quem a tinha convidado?
  - Parabéns pelo livro. – se não conhecesse Bonnie se sentiria imensamente ameaçada naquele momento. Bonnie parecia ter saído de uma capa de revista, tão linda e deslumbrante que só queria matá-la.
  - Obrigada. – tomou um gole do seu chá que a acompanhava quase que o dia todo e então a encarou furiosa. – O que faz aqui, afinal?
  - Vim prestigiar o lançamento do seu livro. – Bonnie respondeu com um sorriso digno de comercial de pastas de dente. – Prometo que lerei.
  - Bonnie, nós nunca fomos amigas, então...
  - Ok, eu vim te dizer que... Eu amo o , não o esqueci e que... – era como se a confiança de Bonnie tivesse evaporado, fácil assim... Puff!
  - O que? – sorriu ironicamente – Você veio dizer que ama o meu namorado? Veio dizer que ama o cara que você traiu só por causa de um cargo melhor? – tentava não alterar muito a sua voz, mas se via explodindo em poucos segundos. – É sério isso?
  - , querida. Eu sei que ele não te ama. – desejou por um instante ter ouvido Frankie, sua melhor amiga que uma vez propôs que elas fizessem aula de boxe, por segundo ela era muito bom para emagrecer, mas desejava ter feito boxe por outros motivos. – Ele te vê como a amiguinha dele que sempre esteve lá quando ele precisou e por isso se apoiou em você, pois ele não tem a mim, mas eu vim dizer que...
  - Você não veio dizer NADA. – se alterou visivelmente, suas bochechas estavam vermelhas e ela só queria gritar e expulsar aquela mulherzinha de quinta da SUA livraria.
   que sorria do outro lado da livraria notou uma bem nervosa quando ouviu sua voz. Foi a passos largos até lá e se assustou quando viu Bonnie. Ele não podia negar, os três anos tinham feito bem a ela, mas tinham sido imensamente melhores para ele.
  - Tudo bem, amor? – direcionou seu olhar preocupado para depois de encarar Bonnie com certa surpresa.
  - Não, não está tudo bem. – parecia indignada. apertou suas mãos por um tempo e a menina se sentiu mais segura.
  - O que faz aqui, Bonnie? – o olhar de ainda era duro, como três anos antes.
  - Vim dizer que te amo... – os olhos verdes da menina estavam confiantes e de certa forma arrependidos. - Que eu me arrependo do que aconteceu, que eu nunca fui feliz como eu fui com você e que eu te quero de volta. – apertou mais a mão de que estava surpreso com aquelas revelações.
  - É tarde demais. Eu não te amo e que pena, não acredito em você. Tchau, Bonnie. – pegou pelas mãos e a encaminhou para perto de seus amigos.

Capítulo. 04

Não tira esse rímel, pois hoje eu quero vê-lo borrar.

  Talvez algumas histórias não possam terminar sem um final feliz, certo? É, talvez. O fato é que depois de três anos e alguns meses de namoro tinha decidido que era hora de se casar com . E talvez fosse realmente a hora. Na igreja estavam todos os amigos mais queridos dos dois, ambas as famílias que por sinal se adoravam e em algum salão escondido de , estava , tremendamente nervosa com esse dia que tanto tinha ansiado. Frankie, sua madrinha e melhor amiga estava verificando os últimos detalhes no altar, estava sozinha e cheia de pensamentos em frente ao espelho. Kendra, sua prima então bate na porta anunciando uma “visita".
  - Pode entrar. – disse retocando pela última vez seu cabelo.
  - , me desculpe aparecer assim, mas você tem de entender... – Por Deus, era perseguição? Nove meses antes Bonnie tinha aparecido no lançamento do seu livro, mas em seu casamento? Qual era a dela?
  - Pelo amor de Deus, eu estou me segurando imensamente para não quebrar esses seus dentes... – a noiva esbravejou – qual o seu problema? Você não consegue deixar o em paz?
  - Eu o amo. – Bonnie ainda que estivesse de calça jeans e all star era bonita. – Você tem de entender, você não pode casar com ele!
  - Por que? – seguiu até Bonnie – Porque a menininha mimada não quer? Porque a graciosa jornalista quer o MEU marido só para ela? Bonnie poupe-me do seu discurso, não vale a pena. Tenha um pouco de amor próprio.
  - O não te ama, . – Bonnie continha seus olhos marejados. Se não a conhecesse sentiria dó. – Eu fiz o que fiz para conseguir um cargo melhor. Sim, eu fiz isso... Mas eu o amava, eu o amo.
  - Some daqui. AGORA! SOME DAQUI. – gritou e teve certeza que toda a igreja ouviu, mas naquele momento não se importou.
  Bonnie saiu pelos corredores da antiga igreja com os olhos em chamas de tão quentes, não se permitiria chorar. Tinha errado, talvez o maior erro de sua vida. Não se arrependera, pois agora tinha uma carreira consolidada, mas não queria que tivesse sido assim, queria que a entendesse. Porra, era tão difícil assim? O pior de tudo era vê-lo com outra e essa outra ser . Se fosse uma garota como ela seria fácil de competir, mas não era certinha, ela era a melhor amiga dele e pior ela era confiável. Bonnie odiava o jeito de , todos a amavam, era simples gostar dela, pois ela era simples. Vestia-se sempre com vestidos vintage ou longos demais para o seu tamanho e emanava um ar doce de menina que precisava ser cuidada. Desde quando se interessava por isso? Não era o mesmo que ela conhecia que tinha os beijos mais avassaladores e amava o seu jeito sexy e selvagem. Caminhou sem saber ao certo como ir embora dali até que esbarra com . Perfeito, pensou.
  - Bonnie, o que faz aqui? – o tom de era cansado só por ter iniciado uma conversa com ela.
  - Vim pedir desculpas pra você e pedir para desistir, mas ao que parecer ela te ama muito e...
  - Qual é a sua? – segurou fortemente os pulsos da garota. – Pedir para desistir? Qual o seu direito. EU NÃO TE AMO. ENTENDA!
  - Eu entendi perfeitamente. – ela sorriu – Me desculpe.
  - Ótimo, fique a vontade para dar para quem você quiser... Não me interessa, mas não se meta mais na minha vida e nem na vida da mulher que eu amo.
  - Eu te amo, .
  - Pode ficar pro casamento, mas não tira esse rímel, pois hoje eu quero vê-lo borrar.

  (...)

  O casamento correu bem, com os noivos imensamente felizes. A família dos dois mais ainda e com Ana Peg não parando de dizer o quão feliz estava por e , essa por sua vez queria fazer um discurso especial, mas que foi impedido por Frankie, pois a notou um tanto quanto alterada. As pessoas dançavam ao ritmo de uma banda extremamente ruim, mas se divertiam. estava contente com sua linda esposa do lado e mais feliz ainda, pois tinha se casado com o amor de sua vida.
  - Eu te amo, . – sussurrou no ouvido da garota enquanto dançavam Yellow do Coldplay, banda que era venerada pela noiva e suas amigas.
  Entre amigos, famílias e breguice do matrimonio, e se divertiram muito. E quanto a Bonnie? Bem, Bonnie não deixou de ser Bonnie, ainda achava que o mundo giraria eternamente ao seu redor e de seus lindos olhos verdes. Acompanhou quinze minutos da cerimônia e realmente saiu com o rímel borrado, logo depois pensou em matar sua maquiadora, pois naturalmente nos dias atuais existem rímeis a prova d’água que são muito indicados para quando o amor da sua vida se casa com outra mulher.

FIM



Comentários da autora


  O que acharam? Dó da Bonnie, de certa forma. Eu já queria há um tempo fazer uma songfic de Diga parte 2, mas eu só pensava em histórias imensamente tristes. E enfim, eu usei a essência da música e talvez não tenha tido tanta intensidade que a música propõe, mas foi a forma que encontrei de interpretá-la de um jeito diferente. Foi um desafio escrever em poucas páginas uma música tão rica. Espero que tenham gostado. Até a próxima.