Nothing Has Changed

Escrito por Izzie | Revisado por Beezus

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Música: Everything has Changed, por Taylor Swift ft. Ed Sheeran

  - Não quero brincar! Pare de insistir,. – Era começo de 1995 quando a pequena menina de grandes olhos estava emburrada, sentada nas escadas da casa de seus tios que ficava em Beaumont no leste do Texas, onde morava no fundo, porque seus pais não a haviam deixado passar o dia na casa de sua melhor amiga da escola.
  - Quer sim, você é muito mimada. – Ele a cutucou, fazendo-a soltar um grito histérico e agudo, de doer os ouvidos.
  - Não sou mimada! – Retrucou, fazendo um bico e enfiando a cabeça entre as pernas.
  - Hey, ! Você não me pega! – O garoto de cabelos correu em direção à rua, sem se preocupar com o trânsito de final de tarde.
  -, cuidado! – Correu para onde ele estivera segundos atrás, o empurrando e se atirando à frente de uma BMW X5.
  Chorando, o menino correu para sua casa indo avisar seus pais do acontecido enquanto curiosos já começavam a parar para ver se estava tudo bem. O dono do carro desceu apressado, deixando um cheque de quinhentos dólares e seguindo seu rumo, sem se preocupar em levar a atropelada para o hospital.
  - Foi tudo culpa do seu filho! – Gritava a mãe da menina para a outra. – Se ele não tivesse se enfiado no meio da rua minha filha estaria bem!
  Na hora do alvoroço todos falam coisas que não devem, mas o problema foi que os pais de não só falaram, como fizeram do atropelamento o estopim para mudarem de cidade já que seu pai tinha recebido um caso para resolver em uma cidade litorânea.

   Beverly Hills High School – Los Angeles
  08h13min, 2013

  - Victoria, preciso que me arrume um lenço azul, já. – A adolescente com californianas nos cabelos, saiu da sala no intervalo para conseguir o que tinha pedido, aliás, todos fariam o que ela pedisse. Quem era louco de não fazer? – Essas novatas precisam começar a ficar espertas, são lentas demais! – Riu com seu grupo de amigas que, algumas em pé, outras sentadas em cima das carteiras assim como a própria patricinha, se olhavam no espelho e retocavam a maquiagem. – O que vocês farão nessas férias? – Disse, agora encarando as outras.
  - Eu vou para a praia pegar um sol. Não aguento mais ficar em casa fazendo bronzeamento artificial! – Riram.
  - E eu para Liverpool visitar meus avós. Lá têm muitos gatinhos. – Ouvia-se gritos de empolgação e apoio aos discursos das meninas.
  Deu o sinal e uma manada de estudantes saiu em disparada ao campo de futebol do colégio. Hoje seria o jogo entre o time da BH contra a Brentwood School, que ficava do outro lado da cidade.
   era popular, mas não gostava de ser líder de torcida, então ficava dentro de campo, mas só ajudando as meninas com a coreografia. Seu namorado, o artilheiro Matthew, era um dos melhores jogadores do time e se achava, tanto que ela ainda não terminara com ele porque toda vez que isso estava prestes a acontecer, ele chorava e implorava para que ela não o deixasse.
  Enfim os uniformes estavam a postos, os grandalhões se aquecendo em campo, quando o time da Brentwood chegou. Todos com o mesmo porte dos jogadores da Beverly Hills, mas com uniformes azul marinho contrastando com os laranjas.
  Passaram por eles de cabeça erguida, sem sequer olhar para e as meninas, com exceção de um único jogador sem capacete. Ele olhou-as e seu coração começou a bater um pouco mais forte. Com seus cabelos pretos e bagunçados, quando voltou para si, estava de frente com Mat.
  - Você quer morrer? – Matthew tentava amedrontá-lo, o que não aconteceu, já que o garoto tinha a mesma altura e força. Ignorou-o e saiu, indo se aquecer com o time.
  O jogo estava na metade quando o garoto, Billie, sofrera uma falta e tivera que ser substituído. não era boba e se aproximou, para perguntar se precisava de alguma coisa, com a maleta da enfermagem em mãos.
  - Qual seu nome? – "Billie! Billie! Volta Billie!" Gritavam da pequena plateia, que era ignorada.
  - . – Ambos sorriram. – Vejo que têm muitos fãs! – A piada da foi bem sucedida.
  - Não! – Exclamou, mostrando seus dentes perfeitos. – É só meu primo puxa saco.
  Ficaram de conversa até o fim da disputa, que acabou empatada. Eles trocaram números de celular e quando ela terminasse com Mat, ligaria para Billie.
  Naquela tarde quando voltou pra casa, perguntou para sua mãe qual era o plano para as férias.
  - O quê?! Vocês enlouqueceram? - Se enfureceu. - Eu não vou passar minhas férias naquele fim de mundo enquanto vocês vão para Tóquio!
  Ela teria que ficar com os tios, pois seu pai tinha negócios a tratar no Japão e sua mãe iria junto. Mas por que ela teria que ficar? Isso era injusto.
  Tinha tanta coisa para fazer antes de voltar para a cidade onde nasceu: terminar com Matthew, sair com Billie, ensinar Victoria a ficar em pé na pirâmide... Tantas outras. E aí estava a questão, pois só tinha dois dias, mas ela era .

   Casa dos , Los Angeles – Dia da Viagem, 7h30

  - Mãe, eu levo meu vestido vermelho? – Perguntou, confusa com que roupa levar para o Texas.
  - Não meu amor, leve suas roupas mais velhas! – Ignorando a mãe, a colocou o vestido e fechou a mala.
  - Estou pronta para ir pra roça! – Reclamou e o pai adentrou o quarto.
  - Lá é sua cidade natal, você vai aproveitar, tenho certeza! – Sorriu para a filha, que revirou os olhos, pensando, "quero ver".
  Carregaram o carro e foram para o aeroporto, de onde seguiriam seus caminhos.

   Beaumont, Texas – 10h15

  Após pegar a sobrinha no aeroporto, o tio de , Cash tentava puxar assunto com a patricinha enquanto dirigia seu Mercedes Benz.
  - Como tão as coisas por lá na sua cidade? – Tirou um de seus fones e pediu para o tio repetir. – Lá na sua cidade. – As pessoas do interior e sua mania de repetir as coisas por partes.
  - Ah, tudo bem, tudo bem. – Voltou a ouvir Katy Perry, deixando um silêncio incomodo para o tio.
  -Você mudou muito, não parece mais aquela garotinha que corria pra ajudar passarinho ferido... Não parece. – A menina não ouviu.
  Chegaram à casa que continuava como lembrava na infância e ficou mexendo no celular, esperando que o mais velho retirasse suas malas do carro, sem perceber o garoto de óculos, parado no portão da casa ao lado, conferindo algo em seus livros.
   não era muito de conversar com o tio, mas amava Helena, sua tia. Pegou suas duas malas amarelas e saiu correndo para abraçá-la, trombando com o menino.
  - Oh! Me desculpe é que, que, que... Eu, eu não te vi... - Gaguejou o nerd, se abaixando para pegar os livros que foram derrubados.
  - Tome mais cuida... – A menina voltou a brincar de pique-esconde, a correr na rua, a jogar pedrinhas e a ser atropelada. Voltou à sua infância com apenas uma troca de olhares. –? É você? – Ele tirou os óculos para limpar e recolocou-os.
  -? – Corou. – Você está tão diferente...
  - Sim! Sim! Sou eu! – Ela não escondia sua empolgação por reencontrar seu melhor amigo de infância e ele, acanhado pela garota ser bonita, tentou falar, sem sucesso. – Quanto tempo meu Deus! – Colocou a mão na boca e abraçou-o, largando as malas.
  - É... É que eu estou atrasado pro curso... – Tentou explicar, passando a mão livre pelos cabelos .
  - Ah sim... – Pareceu desapontada, mas não queria ser chamada de louca.
  - Não, mas quando voltar... – A já estava subindo as escadas e dando beijos na tia, que estava emocionada com a chegada da sobrinha.

   14h50
  - Hey! – Jogava pedras na janela do quarto onde a menina estava arrumando suas roupas. – Vamos dar uma volta, por a conversa em dia! – Sem obter resposta, o garoto ia voltando para sua casa, quando fechou o portão.
  - Aposto que chego primeiro na árvore branca do que você! – E começou a correr. Demorou a cair a ficha de , mas ele sempre a deixava ganhar. Sempre. – Ganhei! Até hoje ein? – Riram. – Como vão as coisas por aqui?
  - Bem... Acho que vou pra Yale depois da formatura, fora isso nada e você?
  - Harvard. Lógico. – Riu da brincadeira. – Não sei, não pensei nisso ainda.
  Durante a conversa, a menina observou outro garoto de cabelos , quase idêntico a , observando por entre as árvores do jardim.
  - Pensei que fosse filho único! – apontou o que via e o menino revirou os olhos.
  - E sou. Esse guri é que me imita. Um dia cheguei na escola e ele estava com as mesmas roupas que eu! – Ficou pensativo. – Por isso me zoam.
  - Argh, que idiota! – Gritou mais alto. – I-DI-O-TA! – O amigo riu.
  - Eu já me acostumei, mas não sabia que ele me seguia também. – Ficaram alguns segundos olhando para a árvore. – Quantos dias vai ficar aqui?
  - Uma semana, daí meus pais voltam de Tóquio e vamos para Hollywood. – O celular da garota tocou. – Alô? Ah! Beth! – Virou para o menino. – Um segundo. – Se levantou e ficou pouco mais de meia hora conversando com a tal Beth.
  - Acho que ele também te achou bonita. – apontou sua cópia para , que já estava acostumada a receber olhares.
  - Também? – Riu quando viu seu rosto ficar vermelho. – Acho melhor irmos pra casa, já está escurecendo!
  - Verdade... Nem percebi as horas passarem! – Se indignou.
  Voltaram conversando sobre os times de futebol de Beverly Hills e sobre como tinha que conhecer a cidade de .
  - Bom, te vejo amanhã? – Falou para a , que deu um beijo em sua bochecha e entrou.
  - Tch-Tch-Tchau... – Isso acontecia quando algum nerd conversava com garotas bonitas de cidades grandes, mesmo que já tivessem sido melhores amigos.
  Sem jantar, a menina se enfiou no quarto e começou a escrever em seu diário.
  "Querido diário... Acho que ainda pertenço a esse lugar... Ou pertenço ao... Não!" Fechou o caderno de capa rosa e foi dormir. Ou pelo menos tentar. Ela ainda tinha um melhor amigo, um que não ligava para maquiagem ou sequer roupas.

   6h10 do dia seguinte.
  "Vem, vamos tomar o leite da Mimosa, vem!" insistia enquanto a garota só queria seu cobertor e seu sono de volta.
  - Eu não vou tomar leite! Sou alérgica a lactose! - Gritou.
  - Tudo bem querida, não precisa tomar leite, fiz suco de laranja. – Helena estava ao lado da menina que acabara de acordar gritando. – Levante e se vista, está aqui. – Olhou as horas no celular.
  - Mas ainda é cedo! – Ah não, ah sim, ah não. Tudo bem, pelo nerd do seu melhor amigo.
  Comeu ovos com bacon e desceu a escada para onde estava esperando.
  - Logo tão cedo? - Perguntou, sorrindo ao olhar para ele.
  - Precisa ser. Venha, você vai gostar! – Puxou-a pelas mãos com seu toque macio.
  Pegaram um ônibus caindo aos pedaços e duas horas depois, chegaram em uma fazenda com aquela parada toda de cavalos, porcos e bois. E galinhas. Na verdade, odiava aquilo, mas não falaria para aquela criatura a qual o sorriso encantava-a desde pequena. Passaram a tarde toda juntos, em "um dia na fazenda", ajudando a limparem as coisas, nadando no lago, de roupa e tudo e quando estava quase na hora de pegar o ônibus de volta, foram andar pelo pasto.
  - Está vendo aquele ali? - O garoto apontou um cavalo branco que corria livremente por lá. A menina fez que sim com a cabeça. - Ela chama princesa. Era pra ser seu presente de aniversário antes de se mudar.
  - Ela é linda! - Abraçou-o fazendo corar como sempre. - Quando vai me ensinar a cavalgar? - Ela não gostava, mas queria fazer o possível para aproveitar seu tempo no Texas.
  - Quando quiser! - Ele disse, empolgado e ficou embaraçado ao ver o lindo sorriso de sua melhor amiga. É, ela tinha voltado. - Pensei que não gostasse dessas coisas...
  Estavam com rostos muito próximos, perto de se beijarem quando ouviram um barulho estranho vindo de dentro do chiqueiro e resolveram ver o que era. O sósia de havia caído na lama e os porcos tinham se juntado em sua volta.
  - Cara, para de me perseguir! - Esbravejou. - E de me copiar também! Já deu! - O garoto ficou caído, humilhado e sussurrando xingamentos para nós dois, que começamos a ter ataques de riso.
  Pegaram o ônibus e voltaram para a pequena cidade, se despedindo com beijos no rosto enquanto a ventania bagunçava o cabelo de ambos.
  - Até amanhã capitão!
  - Até amanhã tenente! - Relembraram seus apelidos de infância.
  A chuva começou a cair forte, com raios e trovões e até seu celular perdeu a área. , deitada em sua cama, ficou pensando no dia que teve com e o porquê dos corações quase saindo pela boca. Mal esperava chegar a manhã para se verem e passarem o dia cavalgando. Dormiu ao barulho da chuva batendo na janela.
  - Hey docinho, já é tarde, venha almoçar. - Tarde? O quê? Eles tinham combinado de sair cedo!
  - Não posso tia! - Se levantou trocando suas roupas, pegou um frango frito e correu para fora indo em direção a casa ao lado, mas ele não estava.
  Ficaram o resto da semana sem se ver e chegara o dia de a menina voltar para Los Angeles, mas ela não queria voltar. Não sem ao menos se despedir.
  Bateu três vezes à porta da casa de e recebeu a mesma resposta dos dias anteriores: "saiu". Desta vez, invés de voltar para casa, ela foi procurá-lo e o encontrou tocando violão em baixo da árvore onde tiveram sua primeira conversa quando a menina chegou.
  - "All I know is we said hello"...
   ficou observando, não queria atrapalhar, não queria que ele parasse de cantar segundo sequer. Aquela voz a deixava enfeitiçada.
  - Ei não tinha te visto aí! - Se assustou o garoto quando percebeu a presença dela. – Não, não se incomode, continue, por favor. - Mas ele não conseguia, então a garota decidiu falar. - Por que estava fugindo de mim? Me evitando? - corou enquanto ouviam os trovejos da chuva que chegava. Olhou para qualquer lugar, evitando os olhos da .
  - Quer mesmo saber? - A menina fez que sim. - Sabe quando você desceu do carro e nos trombamos? Naquele momento eu lembrei de cada sorriso seu que eu já presenciei, de cada história que passamos juntos, de cada cicatriz, de detalhes... Detalhes como a cor dos seus olhos em dias assim como este, chuvosos... Eles ficam mais escuros sabia? E você sempre chama atenção por onde passa e eu nunca teria chances com você e... E... - sentiu um soco no estômago como se as mais lindas borboletas o tivessem invadido. - Eu... Eu sempre fui apaixonado por você e não queria ter que me despedir de novo, porque dói. É isso.
  A chuva começou a cair forte, deixando os dois encharcados e se entreolhando, procurando uma reação, então ela pegou a mão do menino e puxou-o para o meio da rua deserta, deixando assim que seus corpos comandassem dali adiante, o beijo mais doce.
  - Você está tremendo! - Percebeu o dos cabelos . - Tome minha blusa. Enquanto ele buscava o moletom debaixo da árvore, a garota observava fascinada seus traços bonitos de menino homem e andava para a calçada.
  - O carro! ! - Ela saiu correndo, como se estivesse vivendo um djavu, mas já era tarde. Ele estava deitado de bruços empoçado em seu próprio sangue. O carro parou metros depois e a motorista veio prestar socorro. A pequena chorava como nunca antes, por que ele e essa sua mania de não olhar por onde anda? Ajoelhada ao lado do corpo, esperando a ambulância, ouvindo os lamentos da mulher e olhares curiosos dos vizinhos que saíram para ver o que tinha acontecido.
  - Ele era um grande imitador, vou sentir falta. – Lamentou fazendo a menina olhá-lo com assombro e abraçá-lo, xingá-lo e batê-lo.
  - Seu idiota! Nunca mais faça isso comigo! - O garoto lhe colocou a blusa enquanto a chuva afinava e o sósia era levado para o hospital.
  Os pais da menina chegaram e vendo-a com o nerd, esbravejaram e a mandaram pegar suas malas e entrar no carro.
  Sem mais tempo para despedidas, entrou na casa, colocou o vestido vermelho, pois chuva de verão, quando passa, trás sol e jogou uma bolinha de papel para antes de entrar no carro.
  O garoto abriu e, quando a Evoque saia, atrás do vidro direito traseiro, a menina sussurrou o que estava escrito, fazendo-o suspirar e deixar escorrer uma lágrima, de felicidade ou perda:
   "You'll be mine and I'll be yours... All I know since yesterday is... Everything Has Changed."

FIM



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