None

Escrito por Ray Dias | Revisado por Lelen

Tamanho da fonte: |


  Nota inicial: Essa é uma fanfic songfic da música “None” (Crush), e você pode escutar a canção e ler sua tradução aqui.

Capítulo 01

Maio de 2008

  Abaixo da árvore frondosa, a brisa fresca passava chacoalhando as folhas e espalhando as pétalas pelo ar. Ali abaixo, estava sentado a beber seu café e sentir o momento de olhos fechados.
  — Uwa*! Aquela é a aluna nova? Ela é tão linda!
  — Acho que estou apaixonado, Shao-Tian!
  — Babo*! Você sempre está apaixonado!
  Os dois adolescentes passavam perto da árvore e riu discreto do diálogo. sempre era discreto, inclusive, até demais. E com a mesma discrição que sorriu, ele procurou a direção do olhar dos garotos, e não poderia negar, a nova aluna de sua classe era realmente, muito, muito bonita. Os dois adolescentes que a observavam surpresos, se puseram a ir até onde a garota era recebida por outras meninas. Eles eram mais velhos, de uma classe acima, e achou interessante observar como ela se sairia. Todos os alunos, quando entravam na escola, descobriam a fama de “desordem” para a recepção dos calouros e, certamente, nenhum aluno ou aluna de classe abaixo, se meteria naquilo.
  Ele ajeitou sua postura no chão, recostando o ombro ao tronco e terminando de beber sua latinha de café. Os rapazes se uniram às moças que lotavam a novata com falas, as quais , àquela distância, não poderia escutar. A garota sorria e gesticulava a cabeça com maneiras delicadas. Ele percorreu os olhos pelo corpo da jovem. Uma garota comum como tantas outra na escola, entretanto, mais bonita do que qualquer outra que houvesse lhe chamado a atenção. Ela tinha um sorriso largo, sua boca era grande e mesmo com aquela característica tão diferente das outras meninas, ela ainda assim era mais bela. sentiu-se estranho.
  A feição tranquila e animada da menina foi murchando à medida que os garotos e as outras moças se aproximavam, intimidavam-na. E então ele observou Hyun se aproximar, a menina, ainda mais baixa que a caloura, surgiu no meio de todos e pegou a mão da adolescente tirando-a dali. sabia que ela surgiria. Ele sorriu, novamente discreto.
  Os mais velhos começaram a gritar com Hyun, uma ação típica entre eles, principalmente por ser Hyun a jovem da classe abaixo mais atrevida daquela escola. riu ao ver a “tampinha” apontar os dedos para os mais velhos e gritar como uma garota pirracenta, e cheia de razão. Ela deu às costas a eles e saiu apressada puxando a novata, que, percebia-se, nada compreendia, e estava ainda mais assustada do que antes.
  Uma garota frágil. De uma fragilidade que fez querer proteger. Ele se levantou, jogou a lata de café na lixeira próxima e com as mãos no bolso da calça seguiu para sua sala de aula. Quando se aproximou de sua carteira, a amiga apareceu ao seu lado - como sempre, escandalosa - e puxou a novata para se sentar à mesa da frente dele:
  — Hey, ! Esta é a nossa nova amiga, ! Ela não é realmente linda?
  Hyun não parava de falar, e a outra sorriu envergonhada pelos comentários. Cumprimentou que, agora, ali tão perto, não conseguia sorrir. Seus olhos estavam focados demais aos olhos, brilhantes, dela. Ela desfez seu sorriso, com receio pela reação de e só então ele sorriu de volta, e, diferente de todas as suas ações sempre discretas, ele bagunçou o cabelo dela sorrindo e dizendo:
  — Seja bem-vinda, ! Eu sou o e não se preocupe com Hyun, eu sei controlá-la.
  Ele sorria abertamente. Hyun levou as mãos à boca sabendo exatamente o que havia de estranho ali. Ela percebeu, naquele exato momento, que havia se apaixonado por . Se é que era possível se apaixonar daquela forma tão instantânea.


  *Uwa: “Nossa!”, “uau”.
  *Babo: tonto, idiota, bobo.

Novembro de 2008

  A professora saía da sala de aula sem ao menos aguardar os dois últimos alunos que gargalhavam e juntavam seu material. Eles observaram a mulher sair tão impaciente, que jogaram as coisas de qualquer jeito na mochila e se apressaram antes que tomassem alguma punição por aquilo. Quando passaram do portão da escola, perguntou se ela gostaria de companhia para voltar para casa.
  — Você me pergunta isso todos os dias, ! E todos os dias, eu digo que sim. — Ela riu. — Minha mãe sempre aguarda você chegar comigo para entregar as verduras para a sua mãe.
  — As verduras da horta de sua mãe são realmente deliciosas.
  Eles seguiam o caminho calmos e silenciosos. estranhou o silêncio do amigo. Ele sempre foi calado e discreto, e ela logo notou isso após um tempo de convivência desde que chegara à escola. A única ação “incomum”, segundo Hyun, foi a forma como recebeu em seu primeiro dia de aula.
  Eles caminhavam e a garota logo o encarou, buscando sinais de algo que estivesse acontecendo sem ela saber. Ele apenas a olhou pelo canto dos olhos, um hábito muito próprio de , e sorriu sem mostrar os dentes, aquele sorriso de canto, só dele.
  — O que foi ?
  — Por que está mais calado que o normal?
  — Estou pensativo.
  — Pode terminar a frase, não é como se eu tivesse sido respondida. — Ela sorriu.
  — Hyun te contou que ela tem um Oppa*?
  — Sim! Ela contou para você também?
  — O que Hyun não me conta? E sempre tão alto… — disse com uma careta como se lembrasse do grito que Hyun dera em seu ouvido mais cedo. — Ela é tão mal-educada… — ele concluiu fazendo sorrir.
  — Mas, era sobre o Oppa de Hyun que estava tão pensativo, ?
  — Não exatamente… Você tem um Oppa, ?
  A pergunta que ele havia treinado tanto para fazer estava cada vez mais sufocando-o. E mal podia acreditar que a garota começara a rir em sua cara após escutar aquilo, mesmo com todo o esforço dele em falar.
  — Claro! Você está doido? Meu Oppa é você, !
  Ele olhou-a com a sobrancelha erguida e um sorriso de canto. Ele já havia sido chamado várias vezes de Oppa por , porém o que a menina não percebeu é que não se referia apenas ao fato de ser amigo e mais velho do que ela.
  A casa dela se aproximava e a garota assobiava qualquer música. Ao parar de frente à entrada, ele viu a mãe da menina os aguardando com a sacola em mãos. O rapaz segurou a mão de a fim de que ela esperasse. Ela não entendeu, mas o olhou com uma cara curiosa e sorridente.
  — Eu quero ser o seu Oppa, . Mas não porque somos amigos. Eu gosto de você, desde o dia que vi os seus olhos brilhantes sorrirem para mim.
  A menina abriu a boca assustada e soltou sua mão e sorriu. O mesmo sorriso que dera a ela no dia que a conheceu. Bagunçou os cabelos ela, do mesmo jeito e foi até a mãe da amiga pegar a sacola e agradecer.
   continuava parada na calçada, com o rosto rubro e as mãos à boca. Quando passou por ela, beijou seu rosto e abaixou-se um pouco preocupado olhando o rosto da mais nova corar ainda mais.
  — Dizem que as meninas ficam coradas quando encontram seu verdadeiro Oppa. Eu realmente espero que eu possa sê-lo, . E não quero que você mude por causa disso. Vamos juntos à escola amanhã?
  Ela apenas acenou afirmativo e encarou o chão. se afastou e a menina entrou em casa correndo e subiu explosiva para seu quarto. Sua mãe cantarolava o nome dela pela casa, como se dissesse que havia entendido que a filha estava apaixonada por seu melhor amigo.


  *Oppa: pronome informal de tratamento que uma menina direciona a um irmão mais velho, ou garoto mais velho que ela. Também é utilizado quando se trata de uma pessoa mais próxima, como um namorado ou amigo.

CONTINUA...



Comentários da autora