Noivado de Conveniência

Escrita porRay Dias
Editada por Natashia Kitamura

Capítulo 1 • Revelação Acidental

Tempo estimado de leitura: 36 minutos

A manhã na casa dos pais de Miguel começou tranquila, como qualquer sábado comum. O aroma de café recém-passado se espalhava pela cozinha e a televisão, ligada baixo, reproduzia um programa de culinária que ninguém realmente assistia. Miguel estava longe, em seu próprio apartamento, no trabalho ou em algum compromisso qualquer — e ninguém suspeitava que aquela manhã se tornaria um pequeno caos de descobertas.
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  De repente, a campainha tocou, interrompendo a calmaria. Dona Helena, mãe de Miguel, franziu levemente a testa, surpresa com a visita inesperada.
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  — Quem será a essa hora? — murmurou, ajeitando o avental.
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  Antes que pudesse ir até a porta, o som de passos firmes anunciou que Caio e Camila já estavam do outro lado, entrando como se fossem donos da casa. Camila, com aquele sorriso travesso no rosto, carregava uma sacola que parecia não ter nada dentro, mas que, na verdade, estava cheia de segredos.
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  — Bom dia, dona Helena! Bom dia, sr. Roberto! — disse Camila, exagerando na cordialidade. — Passávamos por aqui e pensamos: “Por que não dar uma passadinha para ver como estão todos?”
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  Roberto, o pai de Miguel, levantou-se da poltrona com curiosidade, franzindo o cenho de forma divertida:
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  — Camila? Agora de manhã cedo? Vocês estão precisando de alguma coisa? — perguntou, suspeitando que não era apenas uma visita casual.
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  — Ah, nada demais! Caio e eu gostamos de vir na feira aqui da rua Madre Teresa, no sábado, porque as verduras são orgânicas.— respondeu Camila, piscando para Caio que permanecia atrás dela, fazendo um gesto discreto de “cuidado, momento decisivo”. — A gente não quis atrapalhar, só queríamos dar um olá e saber como vocês estão se sentindo com a novidade… — e aí ela fez uma pausa estratégica, olhando para os pais de Miguel como se tivesse revelado algo revolucionário.
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  Helena franziu a testa, inclinando-se levemente para frente.
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  — Novidade? Que tipo de novidade, Camila?
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  Camila sorriu, inclinando-se levemente para parecer mais cúmplice.
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  — Bem… — começou, segurando a sacola e olhando de forma dramática para os dois. — Vocês sabem… a Sofia.
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  Roberto e Helena trocaram um olhar rápido.
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  — Sim…? — murmurou Helena, já sentindo que algo grande se aproximava.
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  — Vocês ainda não sabem? Ela e Miguel estão namorando! — disse Camila com um ar de inocência absoluto, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
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  Houve um momento de silêncio absoluto. Então, Helena deixou escapar um “O quê?” que misturava choque e incredulidade. Roberto, por sua vez, abriu um sorriso largo e exclamou:
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  — Finalmente! — disse, batendo as mãos uma na outra com entusiasmo. — Sempre soube que esse garoto tinha um coração grande demais para ficar sozinho! E a Sofia… ela é perfeita para ele!
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  Helena se aproximou, levando as mãos ao rosto, quase sem acreditar.
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  — Miguel namorando com a Sofia? Minha nossa… Isso explica muita coisa. Mas, me diga, Camila… desde quando isso aconteceu? Ele não nos contou nada? — perguntou, entre surpresa e um certo toque maternal, já imaginando o futuro casamento e já puxando os dois visitantes para tomar um cafezinho.
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  Camila deu de ombros, sorrindo travessa:
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  — Ah, vocês sabem como ele é reservado… E, bem, agora que fui eu quem contei, sei que o Miguel vai querer me matar por isso!
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  — Ô se vai… — Caio falou surpreso por jamais ter cogitado que a namorada planejou aquilo quando acordou dizendo que ia na feira da Madre Teresa.
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  — Bobagem! Pode deixar que eu vou dizer que foi a mãe da Sofia que nos contou! — Dona Helena falou. — Não é Roberto? Aliás… Será que eles sabiam?
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  — Acredito que não, senão, teriam nos contado. — Roberto disse certeiro à esposa. Os pais de Sofia e Miguel eram cúmplices no sonho de casar seus filhos um com o outro.
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  — Certo, então eu apenas fiz com que a notícia chegasse até vocês de forma… casual. — Camila comentou.
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  Roberto riu, esfregando as mãos, empolgado com a situação.
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  — Casual? Camila, isso é mais do que casual! Isso é um acontecimento histórico! — disse, aproximando-se da mesa e fingindo fazer anotações. — Precisamos começar a planejar o noivado imediatamente. Que tal uma reunião familiar para discutir datas e presentes? — ele sugeriu, já sonhando acordado.
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  Helena olhou para ele com uma mistura de reprovação e alegria.
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  — Roberto! Calma… não vamos sair planejando casamentos em primeira mão! Mas… confesso que meu coração não aguenta tanta felicidade. Finalmente, meu filho vai ser feliz com alguém que merece! — disse, passando a mão sobre o peito e suspirando.
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  Enquanto os pais de Miguel se animavam, Camila trocava olhares cúmplices com Caio, ambos segurando o riso. Ela não podia deixar de apreciar o efeito da sua pequena “travessura estratégica”. Cada gesto, cada comentário de Roberto e Helena apenas reforçava a hilaridade da situação.
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  — Então… — continuou Camila, brincando com as mãos — só para reforçar, Miguel e Sofia estão muito sérios sobre isso. Namoro sério, sem brincadeira!
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  — Sério?! — Helena exclamou, quase pulando de alegria. — E nós não sabíamos? Ah, não acredito que nosso Miguel escondeu isso!
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  — Camila, tem certeza de que isso é mesmo sério? — perguntou Roberto, cruzando os braços e fitando a amiga com um sorriso cúmplice.
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  — Claro, senhor Roberto! — disse Camila, colocando a mão no coração, dramatizando a importância da afirmação. — Eles estão inseparáveis! Completamente apaixonados!
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  A reação dos pais de Miguel foi um misto de euforia e comédia: Helena já começou a imaginar uma decoração de casamento, e Roberto, em um impulso, chegou a pegar o celular para ligar aos amigos e contar a novidade. Camila e Caio se entreolharam, mordendo os lábios para não rir alto. Cada comentário dos pais de Miguel soava mais exagerado que o anterior, transformando a manhã calma em uma pequena explosão de empolgação e expectativa.
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  — Eu vou procurar aquelas minhas revistas antigas de vestido de noiva, em breve a Sofia vai precisar! — disse Helena, saindo da cozinha. — Ah, Sofia vai adorar! — murmurou, antes de desaparecer escada acima.
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  — Não posso acreditar que nosso Miguel finalmente se comprometeu desse jeito! — completou Roberto, já anotando mentalmente opções de joias, relógios e jantares formais. — Camila, Caio, vocês tomam café conosco?
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  — Ah, não precisa seu Roberto! — Camila falou — Foi só uma passadinha rápida mesmo, e agora que contei o segredo sem querer, melhor eu dizer ao Miguel…
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  — Não faça isso! Queremos ver quanto tempo ele vai demorar para nos contar! — Helena falou descendo as escadas e reclamando — Fiquei tão empolgada que esqueci que aquelas revistas não estão fáceis de achar.
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  — Bem, a gente já vai… — Caio comentou preocupado em como aquele início de manhã na casa dos pais de Miguel foi insana.
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  Eles saíram discretos, com os dois senhores mais velhos acenando e Camila sorriu, virando-se para Caio, sussurrando:
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  — Missão cumprida… e só começou.
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  Caio balançou a cabeça, divertido.
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  — O Miguel vai te matar. Você perdeu completamente a noção, Cami.
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  — Amor, agora eu tenho que pensar como soltar a fofoca pros pais da Sofi. Ai, ai… Eles vão me agradecer no final.
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  — Eu ainda acho que você extrapolou! — Caio comentou um pouco sério e riu ao entrar no seu carro e dizer — Sabia que essa história de “tomates orgânicos na Madre Teresa” estava muito mal contada!
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N O I V A D O • D E • C O N V E N I Ê N C I A •

  Na casa dos pais de Sofia, a manhã era calma, ensolarada, com pássaros cantando no jardim e o aroma de café fresco se espalhando pela cozinha. Vera, mãe da jovem, terminava de organizar as ligações para alguns convidados da festa surpresa que planejava para a filha. Letícia terminava de ajeitar suas roupas pós-banho, quando o telefone fixo tocou. Ela atendeu com um “alô” curioso, ao ver o nome da mãe da amiga na tela.
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  — Dona Vera? — a voz animada de Letícia soou do outro lado. — Quanto tempo!
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  — Letícia! Que bom falar com você — respondeu Vera, com um sorriso maternal. — Estou ligando para saber da sua disponibilidade de estar no país daqui um mês, querida. É que estou organizando uma festa de aniversário surpresa para a Sofia, então precisamos combinar alguns detalhes. — Ela fez uma pausa, franzindo ligeiramente a testa.
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  — Ah que ótimo! Eu acredito que no próximo mês eu não estarei no país, mas é claro que eu venho pro aniversário da Sofi!
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  — Ai ela vai amar, obrigada Letícia! Vocês tem muito tempo que não se veem, não é? Aliás, você está no país agora?
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  — Estava na semana passada, dei até uma festinha para rever os amigos todos… É sempre tão corrido vir de Paris, que nunca dá tempo de ver todo mundo. — Letícia riu — Eu inclusive reencontrei a Sofi nessa ocasião, e conheci o namorado dela também. Eu até desconfiava que eles iam acabar juntos de tanto que ela falava nele, tia Vera! Você também né?
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  Vera parou, segurando o telefone com força.
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  — Como assim, Letícia? A Sofia está namorando?
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  — Ai tia, desculpe… Eu achei que você sabia... — continuou Letícia, com a voz divertida — Até porque, é o Miguel.
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  O silêncio caiu do outro lado da linha. Vera piscou algumas vezes, tentando processar a informação.
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  — Espera aí… você está me dizendo que a Sofia e o Miguel estão namorando? — Sua voz subiu em meio a um misto de choque e curiosidade.
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  Letícia confirmou, rindo.
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  — Sim, e parecia bem sério.
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  Vera colocou a mão sobre a testa, respirando fundo.
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  — Meu Deus… Miguel! Sempre achei que ele era reservado demais… e minha filha, depois daquele Leonardo, precisava de alguém assim. — Olhou para o marido, que estava encostado na porta da cozinha, curioso. — Antônio! Você precisa ouvir isso!
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  O sr. Antônio aproximou-se rapidamente, franzindo a testa.
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  — O que houve?
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  — Miguel e Sofia estão namorando! — disse Vera, quase sussurrando, mas sem conseguir conter a empolgação. — Letícia me contou agora, mas isso significa que a surpresa do aniversário vai ter ainda mais motivos para comemorar!
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  Antônio arregalou os olhos, segurando o próprio queixo.
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  — Finalmente! — exclamou, batendo palmas discretamente. — Sempre achei que eles tinham algo especial, mas agora… agora é oficial!
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  Vera sorriu, já com ideias fervilhando na mente.
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  — Tia, estou péssima de saber que vocês descobriram através de mim! — Letícia comentou chateada — Podemos fingir que eu não falei nada? Porque assim… A Sofi deve ter um motivo para ainda não ter dito!
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  — Claro, claro querida! Eu imagino que eles estão preparando uma surpresa para anunciar isso… Mas, tem muito tempo?
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  — Eu não sei dizer, mas a Camila falou que eles estavam evitando por causa do término há poucos meses da Sofia com o Leo, mas que eles já sabiam que se gostavam.
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  — Entendo… — Vera comentou — Então te espero na festa dela, ok?
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  — Claro tia Vera! Agora, eu preciso mesmo desligar. Parabéns pelo genro, ele é mesmo um cara incrível!
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  As duas se despediram e Vera, extasiada falava ao marido Antônio:
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  — Precisamos preparar a festa com ainda mais cuidado. Amigas da Sofia, decoração, música… e claro, aquele almoço especial que ela adora. — Ela pegou o telefone novamente, discando rapidamente para os pais de Miguel. — Helena? Roberto? Vocês não vão acreditar… é sobre os nossos filhos!
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  Do outro lado da linha, a surpresa foi imediata. Helena, fingindo saber naquele momento, deixou escapar um “o quê?” e Roberto soltou uma risada incrédula. Eles não podiam entregar Camila.
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  — Miguel namorando a Sofia? — repetiu Helena, incrédula. — Nossa senhora… Isso explica muita coisa!
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  — E nós achávamos que ele nunca se apaixonaria de verdade — completou Roberto em voz alta para que Vera escutasse do outro lado da linha: — É hora de celebrar, planejar, imaginar o futuro desses dois!
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  Vera concordou, combinaram de se encontrar pessoalmente para falar daquilo e logo, ela desligava o telefone, respirando fundo ainda incrédula.
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  — Antônio… temos que manter tudo em segredo até eles nos contarem, mas… — sorriu, olhando para o jardim ensolarado — isso vai ser hilário! E maravilhoso.
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N O I V A D O • D E • C O N V E N I Ê N C I A •

  O sol do fim da manhã banhava a sala de estar na casa de Vera e Antônio quando os dois pais começaram a rir baixinho, imaginando a cena do encontro de suas famílias. Ainda incrédulos com a notícia de Letícia, mal podiam esperar para discutir os detalhes do que fariam a seguir.
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  — Antônio… você consegue acreditar que a Sofia e o Miguel estão mesmo juntos? — perguntou Vera, ajeitando a toalha de mesa como se aquele gesto trouxesse mais controle à situação.
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  — Eu ainda estou me recuperando da surpresa, mas… é perfeito! — Antônio respondeu, segurando o queixo pensativo. — Sempre achei que eles combinavam, mas… ver isso oficialmente me dá até uma vontade de começar a planejar o futuro casamento!
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  Vera soltou uma risadinha, olhando para o jardim ensolarado:
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  — Calma, amor. Primeiro vamos manter segredo, senão estragamos toda a surpresa. Mas… precisamos pensar em como aproximar as famílias sem levantar suspeitas.
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  Enquanto isso, do outro lado da cidade, Helena e Roberto também estavam em plena conspiração. Helena gesticulava animada, segurando uma xícara de café, enquanto Roberto anotava ideias em um bloco improvisado:
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  — Então, queremos um almoço casual, mas que sirva para mostrar que os dois já são praticamente inseparáveis… — disse Helena, mordendo levemente o lábio de empolgação.
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  — Perfeito! — respondeu Roberto, ajustando os óculos com um sorriso maroto. — E se falarmos que é só um “encontro familiar de final de semana”, ninguém vai desconfiar. Camila me disse que eles provavelmente nem vão perceber nada!
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  — Exatamente — concordou Helena. — E podemos colocar algumas ideias sobre um futuro… você sabe, casamento, noivado… de forma indireta. Um elogio aqui, uma pergunta ali. Pressioná-los a nos contar, sutilmente. Vamos! Eu vou telefonar e ver se a Vera e o Antônio concordam!
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  No fim, todos estavam de acordo. A estratégia: marcar um almoço “casual” onde ambos os pais pudessem se encontrar com os filhos, permitindo que conversas sobre noivado e planos futuros surgissem naturalmente, sem que Miguel ou Sofia suspeitassem.
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  O sábado seguinte chegou com clima ensolarado e agradável. Miguel e Sofia não suspeitavam de nada; estavam animados para um almoço tranquilo que, para eles, seria só um encontro casual entre amigos e familiares. A mesa estava posta no jardim da casa dos pais de Sofia, com toalhas brancas, flores coloridas e o aroma tentador de massas e saladas recém-preparadas.
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  — Que dia lindo! — comentou Miguel, ajustando a camisa e observando a mesa. — Só espero que eles não estejam planejando nada mirabolante. Já faz tempo que nossos pais não se juntam em um almoço.
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  Sofia sorriu de canto, meio desconfiada, mas também relaxada.
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  — Também achei estranho… Repentino. Mas deve ser alguma coisa sobre o meu aniversário! Certeza que a mamãe está tramando outra festa surpresa.
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  Enquanto isso, os pais de Miguel chegavam, prestes a entrar na “armadilha” do almoço planejado. Helena carregava algumas sobremesas e Roberto, como sempre, gesticulava animado:
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  — Olha só essa mesa, pessoal! Nada de comer demais, hein? Vamos mostrar que somos um time e vamos comer muito, mas juntos!
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  Quando as duas famílias se encontraram, o choque inicial em ver os filhos lado a lado como casal, — embora Miguel e Sofia não dessem bandeira — deu lugar a risadas e comentários calorosos. Vera e Helena trocaram olhares cúmplices, enquanto Antônio e Roberto tentavam controlar a empolgação, fingindo naturalidade.
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  — Então… Miguel, Sofia… como estão os dois? — começou Vera, com um sorriso maternal.
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  — Tudo ótimo, mãe! — respondeu Sofia, sem suspeitar de nada.
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  Helena complementou, jogando um olhar para Roberto:
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  — Hoje vocês dois estão combinando muito, sabiam?
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  O comentário provocou um leve rubor em Sofia, enquanto Miguel soltava uma risadinha discreta.
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  Ao longo do almoço, as conversas começaram a fluir de forma divertida, com os pais lançando indiretas sutis sobre o futuro do casal. Roberto perguntou casualmente sobre as namoradinhas de Miguel.
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  — E você não acha que está há tempo demais sozinho, filho? — Roberto falou como se Miguel fosse um adolescente.
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  — Está falando de namoradas de novo, pai.
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  — Claro que ele está! Você não pensa em se casar? — Helena comentou com falsa preocupação — Nós estamos preocupados, oras… Você só viaja a trabalho, sai por aí fotografando, mas não nos apresenta ninguém…
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  — O Miguel estacionou mesmo e já tem um tempinho… — Sofia falou ingênua.
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  — Ah é? “Estacionou”? — Helena perguntou maliciosa — Hm… Então, está apaixonado filho?
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  — O quê? — Miguel arregalou os olhos e encarou Sofia como se dissesse “olha no que você me meteu!”.
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  — Não adianta olhar para a Sofia! — Helena ralhou — Um rapaz não fica sozinho tanto tempo a menos que esteja apaixonado! Certo, Sofia?
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  — E a Sofia? Ninguém vai estranhar por ela também não falar de namorado? — Miguel jogou a atenção para a amiga, a fim de livrar-se.
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  — Verdade… — Antônio comentou mostrando preocupação com sua única filha — Já esqueceu o Leonardo, não é? Tenho certeza que esse brilho nos seus olhos tem a ver com um novo rapaz, e um bem decente.
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  De repente, Miguel achou estranha toda aquela conversa e olhou de seus pais para os pais de Sofia, desconfiado. Ele cutucou Sofia com o cotovelo ao seu lado, mas os pais dela notaram.
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  — Por que está cutucando-a Miguel? Vocês estão nos escondendo alguma coisa? — Antônio aproveitou a deixa.
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  — Pai… O que o Miguel e eu iríamos esconder? — Sofia perguntou ainda inocente.
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  Miguel suspirou. Era exatamente a pergunta que ele sabia que ela não deveria dizer.
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  — Eles já sabem… — Miguel comentou baixinho para ela, mas todos escutaram.
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  — Sabem do quê? — Sofia encarou os quatro mais velhos.
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  — Ora, ora! De vocês dois, sua danadinha! — Vera comentou alegre e os outros três pais riam, admirados, os encarando.
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  Miguel achou que eles estavam falando da farsa, Sofia ainda não sabia exatamente do quê seus pais falavam, até que Helena contou tudo:
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  — Letícia contou para a Vera! E nós esperávamos que vocês teriam nos dito antes, mas olha só como estão fingindo que não estão juntos! Mas, porque esconderam da gente?
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  — Exatamente! Se a Helena e o Roberto não tivessem pensado nesse almoço, ainda estaríamos esperando nossos filhos telefonarem pra contar que estão apaixonados um pelo outro! — Antônio revelou decepcionado.
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  Miguel e Sofia se encararam com olhos arregalados de novo, e sem ação. A boca de Sofia abria e fechava sem emitir som, a mão apertava o garfo com tanta força que os nós dos dedos doíam.
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  — Olha… Não é o que estão pensando! — Miguel bufou e pensava em porquê o quebra-cabeça não encaixava — Mas, porque a Letícia iria contar?
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  — A Vera está planejando o aniversário da Sofia e… — Antônio comentou e a esposa imediatamente o cortou:
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  — Antônio! Era surpresa!
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  — Ai meu Deus. Perdão querida… É que, eu estou nervoso.
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  Sofia, de repente, se levantou assustada e saiu da mesa. Miguel a encarou e preocupado foi atrás dela.
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  — Sofia! — O “namorado de emergência” chamou-a seguindo a garota que caminhava com as mãos na cabeça, desnorteada.
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  — Acho que eles estão passando por alguma coisa… — Helena comentou ao notar a reação assustada e preocupada de Sofia e Miguel e pensou: — Ai meu Deus! Ela está grávida?
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  — Não! — Antônio e Vera gritaram assustados — Será?
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  Dentro da casa de seus pais, Sofia estava na cozinha andando de um lado para o outro, apavorada quando Miguel surgiu preocupado.
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  — Sofi!
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  — Miguel, essa história não tinha acabado há duas semanas!? — Ela cochichou com semblante desesperado.
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  Jamais imaginou que a farsa se estenderia até seus pais. Fingir para a família seria osso! Porém, eles não precisariam, certo? Errado. Se Sofia conhecia bem a seus pais, contar a verdade os deixaria muito decepcionados. Sua família tinha aversão à mentiras de um modo quase imperdoável, ela cresceu escutando-os dizer que “tudo começa a ruir quando você cogita pensar em mentir”. Sem falar que, confessar sua insegurança em rever Leonardo, faria com que Vera e Antônio se preocupassem com a filha. Sofia escondeu o quanto o relacionamento com Leonardo era tóxico até o término, quando contou que ele havia a traído e era um tanto opressor longe das pessoas. Antônio ficou uma fera, queria ir atrás do ex-namorado da filha e lhe dar uma boa surra, no entanto, a promessa de Sofia dizendo que ela estava bem, que tudo havia passado e ela superado, foi o que o estimulou a enterrar a história.
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  — Calma Sofi, é só a gente contar a verdade pra eles!
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  — Isso mesmo, filha! — Vera surgiu na cozinha preocupada e acompanhada por Helena — Vocês podem contar para nós, crianças! Filha, você já é uma mulher feita, tem seu trabalho, não vamos julgar se tiver acontecido.
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  — Pelo contrário, Vera e eu iremos apoiar você querida, e você também, filho! — Helena comentou.
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  Miguel observou a mãe e a “sogra” olhando preocupadas para Sofia e com medo, perguntou:
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  — O que vocês duas acham que está acontecendo?
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  — Sofia está grávida, é óbvio! Por isso vocês ainda não nos contaram nada, não é?
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  Miguel sentiu o rosto aquecer e confuso, assustado, ele encarou Sofia totalmente perdido. A adrenalina estava fazendo um nó em sua mente:
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  — Grávida? — Indagou tentando pensar em que motivo fariam as mães chegarem nesta conclusão.
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  — Miguel! — Sofia se aproximou dele o puxando para a realidade — Não viaja! Claro que não estou!
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  — Claro que não está! — Miguel assentiu falando certeiro para as mães e respirou fundo pedindo: — Podem… Por favor, podem deixar a Sofi e eu a sós?
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  — Vamos para o meu antigo quarto. — Sofia saiu puxando ele antes que as mais velhas respondessem.
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  As mães continuaram desconfiadas, paradas em frente a porta da cozinha. Dentro do quarto, Miguel e Sofia respiraram com calma pensando em como sair da situação.
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  — Vamos contar a verdade, Sofia.
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  — Miguel, mas vai ser o maior climão de merda! Imagina só? Dizer que mentimos por que eu não queria aparecer sozinha na frente do Leonardo? Além disso vai ser uma decepção enorme para eles, e os meus pais… Não quero retomar o trauma com o Leonardo como pauta na minha família!
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  — Ué, então, o que a gente faz? Continua fingindo?
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  — Sim! Isso! — Sofia gritou com a mão sobre os olhos e decidiu: — Só hoje. Fingimos para eles, e daqui uns dias a gente fala que terminou porque… Sei lá, porque a gente descobriu que não se ama, ou não tem química, sei lá! Não vai ser um problema se a gente agir com naturalidade depois do término.
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  — Sofia, me escuta… — Miguel suspirou pedindo — Nada que começa com uma mentira termina bem. E você sabe que eles também acreditam nisso! Se não contar a verdade agora, pode ser pior depois.
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  — Pior como, Miguel? A mamãe já acha até que eu tô grávida! — Sofia bufou com as mãos na cintura.
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  Miguel suspirou mordendo os lábios e estreitando os olhos para o corpo da amiga, espreitava como se quisesse entender:
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  — De onde elas tiraram isso? O que te faz parecer grávida? Você engordou e eu não notei, por acaso? — Miguel olhou para o chão, e analítico, suspirou pesadamente ao constatar: — Tem dedo da Camila nessa história. Eu tenho certeza.
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  — Não pira, elas descobriram do nosso namoro, sem querer e pela Letícia… Agora a gente só tem que decidir se vai mesmo fingir mais um pouco, ou… Se eu vou encarar essa vergonha na frente dos nossos pais.
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  Ele sabia que era melhor contar a verdade e Sofia também. Mas, Miguel queria fingir um pouco mais. Na verdade, desde uma semana atrás, após a festa, ele estava determinado a conquistar o amor de Sofia. Ao ponto de, ela olhar para a farsa como algo real, que jamais atrapalharia a amizade deles. E desconfiava que Sofia também queria apenas uma desculpa para continuar namorando com ele de mentirinha.
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  — Vamos lá. Eles estão felizes demais para gente estragar esse almoço. — Miguel mencionou com um sorriso malicioso e abraçou Sofia ao dizer: — Confia em mim e deixa comigo. Eu que comando a novela agora.
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  — Tá. Eu confio, só não engravida a minha personagem.
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  — Não ainda. — Ele respondeu com humor saindo do quarto dela aos tapas.
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  No lado de fora, no quintal da casa onde o churrasco acontecia, pais e mães cochichavam preocupados. Quando Helena e Vera retornaram da cozinha, Antônio estava a ponto de ter um colapso:
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  — E então, Verinha? Eles esconderam o relacionamento porque a Sofia está grávida, não é?
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  — Me diz que é do Miguel! — Roberto perguntou também aflito ao lado do compadre.
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  — Não. — Vera respondeu pensativa e viu o semblante de Roberto decepcionado e do que Antônio confuso — Não, ela não está grávida. Eles garantiram, mas… O que faria esses dois esconderem?
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  — Eu também não entendo, — Helena comentou cruzando os braços inquieta — desde que se conheceram na faculdade, Roberto e eu torcíamos para Miguel namorar com a Sofia! Ele sabe que a notícia nos agrada!
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  — Eu acho que primeiro, precisamos saber a quanto tempo eles namoram. Quero dizer que, às vezes, eles não esconderam só não tiveram tempo para uma oportunidade como essa.
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  Antônio correndo até a churrasqueira para virar a carne, assentiu ao que escutou de sua esposa e racionalizou:
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  — É verdade. Talvez eles queriam contar em um jantar, almoço… Talvez aproveitassem hoje, mas ficamos ansiosos demais e eles se chatearam por estragarmos a surpresa!
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  — Minha nossa, é exatamente isso! — Roberto concluiu bebendo a cerveja — Eles provavelmente estavam tão empolgados quanto nós, queriam que fosse feito direito! Miguel certamente queria te pedir para namorar a Sofia, como manda o figurino, Antônio!
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  — É a cara do Miguel realmente, ele é tão certinho! — Vera falou admirada.
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  — E a Sofia deve estar arrasada porque foi a Letícia que te contou, Vera! — Helena mencionou.
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  Sofia e Miguel observavam os pais, lá da cozinha. Eles se espremeram entre a janela e a parede para espiá-los. Embora quisessem ouvir alguma coisa, não conseguiriam, estavam distantes demais dos pais, mas perto demais um do outro. Miguel não se conteve quando o corpo de Sofia encostou no seu ao ponto do cheiro do cabelo dela, invadir suas narinas, e suas mãos pousaram tensas na cintura da mulher.
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  — Miguel?
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  — Desculpa Sofi… É que você está perto demais.
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  — Ah… — Sofia ruborizou sentindo o hálito dele em seu ouvido — Desculpe…
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  Miguel girou o corpo dela de frente para o seu. Desde a festa da Letícia eles não haviam se beijado mais, e seus olhares não cruzavam-se intensos e tão certeiros desde o elevador daquela noite.
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  — Miguel, vamos lá. — Sofia declarou mordendo os lábios evitando o que viria a seguir — Não dá para ouvir nada daqui e eles parecem bem preocupados com a gente.
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  — OK… — Ele suspirou soltando-a e ela se afastou devagar — Vamos dizer que estamos juntos há um mês, como combinamos. E que tivemos medo de falar sobre nós antes de ter certeza que daríamos certo.
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  — Perfeito!
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  Roberto abriu outra latinha de cerveja dividindo com a esposa e amigos.
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  — Mas eles não estão demorando demais, lá dentro? — Antônio perguntou ao pai de Miguel.
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  — É… — Roberto olhou para a porta e os viu aproximando — Oh! Crianças! Está tudo bem?
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  Vera e Helena largaram seus copos e olharam para o casal. Miguel e Sofia estavam lado a lado de mãos entrelaçadas e com seus rostos ruborizados.
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  — Sofia, não te vejo com essa cara de constrangimento desde que te flagrei dando o primeiro beijo! — Antônio comentou.
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  — Pai!
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  — Oras, porque estão nos encarando como se tivessem cometido um crime? Vocês estão namorando ou não? — Roberto, ansioso, encarou ao filho.
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  — Estamos. — Miguel revelou — Estamos juntos há pouco tempo e não queríamos que soubessem ainda.
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  As mães se entreolharam como se tivessem acertado a situação.
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  — Desculpa, filho. Nós ficamos muito felizes quando a Letícia sem querer contou… Mas, porque não queriam contar ainda?
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  — E há quanto tempo estão juntos? — Vera indagou. Aquela resposta era crucial para saberem se os motivos dos filhos eram aceitáveis ou não.
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  — Mãe, tia… — Sofia respirou fundo e disse encenando como a atriz talentosa que havia se tornado, em uma semana: — Miguel e eu temos algo precioso demais para estragar com uma relação que poderia ser apenas uma paixão momentânea. Então, até termos certeza que vamos dar certo como casal, não íamos contar… É assustador pensar que meu melhor amigo pode ser o homem da minha vida, pior ainda é imaginar que eu posso perder os dois por um mal passo.
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  Miguel sentiu o coração acelerar com a fala de Sofia. Ele viu muito mais verdades do que mentira ali. Como se quisesse amparar a amiga, no entanto, queria mesmo era auto confortar seu coração ansioso, com uma boa justificativa, Miguel passou o braço em torno do ombro de Sofia puxando-a em um meio abraço.
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  Helena sorriu para ambos, e Vera se levantou indo até os dois para os abraçar, dizendo:
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  — Vocês são perfeitos um para o outro, filha. Sempre foram e eu tenho certeza que não há nada que possa atrapalhar isso.
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  — A Verinha está certa. — Helena comentou juntando-se para abraçar os dois — A cumplicidade sempre existiu e uma fagulha de paixão também. Vocês é que não quiseram enxergar, mas agora… Essa paixão parece ter desabrochado e logo se torna amor. É só vocês se entregarem sem medo, porque temos certeza absoluta que vocês seriam noivos um dia!
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  Sofia abriu a boca em choque por descobrir que o fã-clube de seus pais era muito mais sério do que parecia em toda a juventude dela. Antônio e Roberto sorriam felizes e vieram de braços abertos cumprimentar aos filhos, cada um comemorando:
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  — Agora sim, você é minha filha! — Roberto abraçou Sofia.
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  — Meu genro! Eu sempre te aprovei, rapaz! — Antônio abraçou Miguel.
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  Helena e Vera deram-se aos mãos como duas mocinhas alcoviteiras vislumbrando o plano da suas vidas.
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  — Quem sabe em breve a gente até planeje um casamento… — comentou Helena, com uma piscadela para Vera, que fingiu surpresa, mas mal conseguiu segurar o sorriso.
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  — Ai, tia… — Sofia riu, percebendo o tom, mas sem conseguir decifrar se era brincadeira ou se estava sendo empurrada para o inevitável.
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  — Tia não! Me chame de sogra, porque eu espero por isso desde o dia que o Miguel te levou lá em casa! — Helena comentou.
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  Miguel, por sua vez, mantinha a postura de cavalheiro, sempre sorrindo, segurando a mão de Sofia quando ela precisava atravessar o jardim ou pegar um prato. Era evidente para todos os presentes que o casal “existia”, e mesmo que Miguel e Sofia estivessem fingindo para manter a história, a química entre eles começava a se manifestar de forma mais intensa, quase imperceptível para eles mesmos.
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  A tarde passou entre risadas, comentários curiosos, pequenas provocações de Helena e Vera, e a cumplicidade silenciosa do casal. Ao final, todos concordaram que aquele almoço havia sido mais do que um simples encontro casual. Tantas risadas, comentários e olhares cúmplices já indicavam que o plano dos pais para aproximar o casal estava funcionando perfeitamente… sem que nenhum dos jovens sequer desconfiasse de que estavam sendo manipulados para entrar em um “noivado de conveniência”.
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Capítulo 1
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