Niji no Sora

Escrito por Li Santos | Editado por Lelen

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Parte I – Encontro

  A tarde de quinta-feira está agradável. Não faz tanto calor, como normalmente faz no verão, mas também não está ventando o suficiente para sentir frio. Um tempo perfeito para ela.
   , , para os íntimos, está deitada em sua cama com os fones de ouvido ligados no último volume. Ouve uma música para se acalmar, como costuma fazer. Ela brigou com o namorado e não quer conversar com ninguém. mora com o pai e seus dois irmãos mais velhos, sua mãe já é falecida. E é justamente um dos irmãos que interrompe o momento de relaxamento da moça.
  — Está surda?! — reclama ele, tirando os fones dos ouvidos da irmã.
  — Me deixe, Take! Que droga! — brada , irritada com o irmão.
  Takeshi , ou Take, seu irmão quase dez anos mais velho, o rapaz tem 33 anos. , atualmente, tem 25 anos.
  — Ih, por que esse estresse, maninha? O que houve? — Take senta-se na cama, ao lado da irmã. Ela mantém a cara emburrada, mas logo amolece ao ver a carinha que o irmão faz: a mesma que ele sempre faz para fazê-la rir.
  — Bobo! — ela diz e ambos riem. – Já sabe, né? O Hiroki novamente... — ela suspira frustrada, ao falar do namorado. Hiroki Tanaka, atual namorado da moça. Take revira o olhar ao ouvir o nome do então cunhado.
  — O que aquele babaca aprontou desta vez? — Take já está acostumado a consolar a irmã após brigas, que ultimamente estavam constantes, entre ela e o namorado.
  — Deixa para lá, Take. Depois resolvo isso — diz , com o ar cansado. E de fato ela está cansada de “lutar” com o namorado, as birras e tentativas de controle dele sobre ela.
  — Nada disso! — Take fala, levemente irritado e prossegue: — Conte-me o que aconteceu? Olha só para sua cara! Ele fez algo, falou algo? Me diz, maninha — revira o olhar com a insistência do irmão.
  — Não, Take. É sério, deixa isso para lá — repete ela.
  — Deixar o que para lá? — a voz do irmão mais velho invade o quarto da . — Hiroki aprontou de novo? — assim como o irmão, Kohshi , também conhece bem o então cunhado que tem.
  — Não comece você também, Kohshi! — começa a se irritar com a pressão dos irmãos. Ambos fazem questão de demonstrar que odeiam o Hiroki, a todo momento.
  — Hey, mocinha! — Kohshi chama a atenção da irmã, que o fita contrariada. — Sem malcriação, ok! — aponta o dedo para ela e faz cara de mal. Logo após, cai na risada e joga-se na cama dela, abraçando a moça. — Deixa de birra, . Não gostamos de te ver assim triste — comenta o rapaz que é dois anos mais velho que o outro.
  — Eu sei — ela diz, já mais calma e sorrindo. — Vou ficar bem.
  — Por que não vem com a gente no ensaio hoje, mana? — pergunta Take, que também abraça a irmã: um verdadeiro sanduíche de .
  — Ah, estou cansada, irmãos — lamenta-se. — Outro dia, talvez eu apareça.
  — Ah, mas você vai sim! — determinou Kohshi e começa a fazer cócegas na irmã.
  — Ahhh, Kohshi, para! — a jovem se retorce nos braços do irmão. — Você também, Takeshi, para! Ahhh! — Take também faz cócegas nela.
  — Só vamos parar quando você disser que vai no ensaio conosco — diz Take, aos risos. Seu passatempo favorito é provocar a caçula e fazê-la rir.
  — Tudo bem! Eu vou! Parem com isso, por favor! — rende-se ela e então os rapazes pararam de fazer-lhe cócegas.
  — Então vai se arrumar, chatinha — brinca o mais velho, levantando-se da cama da irmã.
  — Quem, além dos rapazes, estará nesse ensaio? — pergunta , curiosa, e também levanta da cama, acompanhada por Take, que ajeita a roupa no corpo.
  — Só nós mesmo, porque teriam mais pessoas? — desconfia Take com a sobrancelha erguida.
  — Ah, não sei, ouvi boatos de que a Luck Life gravaria uma música com vocês — o olhar travesso da irmã faz Take rir.
  — Ah, verdade, está interessada no Pon, não é? — revela ele, risonho.
  — Mentira! — defende-se , batendo nas costas do irmão. — Eu tenho namorado, Takeshi!
  — E daí?
  — Take, deixa a em paz — pede Kohshi com um sorriso contido nos lábios. — Mas sim, irmãzinha, vamos gravar uma música com a Luck Life, porém não será hoje. Ainda há detalhes a serem acertados.
  — Talvez a quantidade de músicas, talvez role até uma turnê… — Take joga as informações no ar, rindo.
  — Hey, sem spoilers, Take — Kohshi ri com a expressão surpresa da irmã.
  — Se acontecer, eu vou ser a primeira a ouvir, certo?
  — Sempre, maninha.
  Kohshi abraça a irmã, dando um beijo em sua testa e são surpreendidos pelo abraço de Take, que se joga nos dois. Os três sempre foram muito apegados, bem antes de perderem a mãe em um trágico acidente, os mais velhos se uniram para proteger e mimar a irmã mais nova.
  Take e Kohshi estão atrasados já, mas esperam um pouco mais, só para ter a companhia da irmã. Eles têm uma banda, junto com outros amigos, bastante famosa no Japão, país onde vivem. Hoje terá ensaio para a gravação do novo disco e uma reunião surpresa sobre uma possível parceria estendida com a Luck Life.
  Depois de alguns minutos, os irmãos chegam ao estúdio. São recebidos pelo outro vocalista da banda, que está bem irritado com a demora dos irmãos.
  — Caralho! Que demora é essa, ’s!? — brada o rapaz, mas, ao ver o semblante da surgindo detrás do Kohshi, sua expressão e atitude mudam de imediato. — -chan! — diz de forma carinhosa. — De-Desculpe, não sabia que você viria hoje — completa ele, sem graça e completa: — Seja bem-vinda! —– curva-se brevemente em reverência.
  — Tudo bem, -san — ela sorri para ele.
   , vocalista da banda, juntamente com o Kohshi. Os demais membros da banda fazem reverência para a e dão as boas-vindas.
  Ela sempre frequentou os ensaios da banda dos irmãos. Porém, nos últimos meses, tem se afastado. A pressão psicológica exercida pelo então namorado a faz ceder e parar de ir aos ensaios. Isso, obviamente, irrita os irmãos dela. não demonstra querer terminar com o namorado, apesar dos alertas dos irmãos e amigos a respeito.
  Ela tem uma melhor amiga, que a acompanha desde o jardim de infância: Aimi Inoue, a Aimi é a confidente da moça. Elas fazem faculdade juntas, cursam Jornalismo e estão no terceiro ano, faltando apenas dois para concluir o curso. Aimi também aconselha a amiga a terminar o namoro com o Hiroki, mas sempre dá de ombros e prefere ignorar o namorado – apesar de sempre ceder à pressão que ele faz.
  Depois do ensaio e reunião, acompanha os rapazes até um restaurante ali perto para jantarem. Todos estão muito animados e falantes. O empresário deles havia confirmado a parceria com uma das bandas mais conhecidas do Japão, a Luck Life, que é formada por quatro integrantes: Pon, o vocalista e guitarrista, Ikoma, guitarrista, Taku, baixista e Oishi na bateria. é fã da banda e ficou bem animada com a confirmação da notícia.
  Durante o jantar, todos discutem sobre como seria essa parceria.
  — ... aí gravaremos quatro músicas com eles e dois clipes, para começar. Creio que será demais! — Kohshi termina de explicar, animado, sobre a parceria, quando nota a dispersão da irmã — Ahhh, mas larga essa droga de celular, ! — brada o rapaz, num tom mais alto, fazendo todos na mesa voltarem o olhar para , que os recebe envergonhada.
  — Deixa ela, Kohshi — defende Take, com um ar descontraído. — Já imagino o motivo de tanto ela estar no celular.
  — Hiroki! — todos na mesa dizem em coro e riem em seguida. parece contrariada com a brincadeira.
  — Babacas! Deixem-me em paz! Já basta ele enchendo o meu saco! — diz ela, irritada e levanta-se da cadeira. — Vou ao banheiro! — no mesmo instante em que a moça levantou, levanta junto. Seus olhares se encontraram por alguns segundos.
  — Hum... — resmunga Take, interrompendo o “momento” dos dois. — Vai ao banheiro também, ? — diz ele, brincalhão.
   balança a cabeça, negando, e volta a sentar-se sentindo uma vergonha enorme. Ele apenas observa, de canto de olho, a moça caminhar até o banheiro. Passam alguns minutos e ainda não tinha voltado, a vontade de ir ao banheiro é mais forte que e ele resolve ir, mesmo sob as gozações dos amigos que juram que ele sente algo pela mais nova.
  Ele vai até o banheiro, faz suas necessidades e, enquanto lava as mãos, se olha no espelho. Seu reflexo demonstrando sua contradição. gosta sim da , há quase dois anos ele percebeu esse sentimento e o vem escondendo dentro de si, mas, às vezes, escapa uma coisa ou outra. Um olhar carinhoso, um cuidado excessivo, sorrisos alegres quando está perto dela. Sinais que foram rapidamente percebidos pelos irmãos , menos , que se acha “nova demais” para , portanto não acha que ele se interessaria por ela.
   espanta os pensamentos, fechando a torneira e enxugando as mãos. Ele deixa o banheiro e, antes de retornar à mesa, ouve a voz alterada de .
  — … já disse que isso não é da sua conta, Hiroki! — brada a jovem, vê que ela está ao telefone. — Não, eu não vou te dizer com quem estou, até porque você sabe perfeitamente. Não se finja de idiota porque você não é — irrita-se, gesticulando enquanto fala. — Não se atreva! — ela vira o corpo na direção onde está escondido e ele se encolhe atrás da parede, apenas ouvindo gritar com o namorado. — Não, Hiroki, Hiroki! — ela faz uma pausa breve. — Ahhh, idiota!
  O vocalista ouve o silêncio que sucede o choro da moça, que vem logo em seguida.
  — ! — ele revela-se, o que assusta a mais nova, rapidamente enxugando as lágrimas, envergonhada.
  — … — diz, dispensando as formalidades. — Eu já estava voltando para a mesa — explica-se, sem jeito. Ele se aproxima.
  — Está tudo bem? Eu acabei ouvindo a discussão… — profere , também sem jeito.
  — Oh, eu… ai, , me desculpa por ter ouvido isso, eu estava… — ela pausa, puxando o ar. — Estou envergonhada — ela cobre o rosto com as mãos, ainda segurando o celular, e se aproxima mais e segura as mãos dela.
  — Não precisa ficar — pede, gentil. — O que ele disse para te deixar tão alterada? Você não é assim — comenta, sorrindo. Um sorriso que adora ver.
  — Ele disse que virá aqui — responde ela.
  — Deixa ele vir, iremos embora daqui a pouco — ele ri do próprio comentário e completa: — Não deve deixar ele mandar em você assim, volta a sorrir gentil e segura o queixo dela. — Você merece ser tratada de uma maneira melhor…
  — Eu sei disso… — ela fecha os olhos, sentindo-os arder.
   pensa em cometer um ato desesperado e impulsivo, mas se contém. Se ele a beijar agora, certamente a deixará confusa e não é isso que ele quer. Mas, mesmo não tendo feito nada de mais, o vocalista é julgado e tem os ombros puxados para trás com uma força desproporcional que quase o faz cair. Quando se vira para ver o que ocasionou isso, leva um soco.
  — Hiroki! — grita , assustada, e ampara as costas de que cambaleia com o impacto.
  — Então foi por isso que não queria que eu viesse, ?! — brada ele, bravo e volta a partir para cima de . — Seu vocalista de merda!
  — Não! — tenta ficar na frente de , mas ele a empurra para receber o impacto do segundo soco. — ! Pare, Hiroki!
  — Seu boçal! — brada o vocalista, jogando-se sobre Hiroki e o estapeando.
  — ! Meu Deus, parem, por favor! — diz , desesperada em ver apanhando de Hiroki, que é fisicamente mais forte que o mais velho.
  — Parou, parou! — grita Take, puxando Hiroki e Kohshi tira de cima do então cunhado.
  — Não vale a pena, — diz Kohshi, agarrando o amigo pelo tórax, ele ofega.
  — Vai embora, Hiroki, chega disso! — pede , ficando na frente do irmão.
  — Se pensa que vai ficar aqui de chameguinho com esse baixinho, está muito enganada !
  — Eu não estava de chameguinho com ninguém, seu imbecil!
  — Hiroki, vai embora — Take reforça o pedido da irmã, soltando Hiroki e ficando na frente de , protegendo-a. — Não ouse a importunar minha irmã com seu ciúmes idiota e doentio.
  — Take… — segura o braço do irmão, que a olha de canto. — Hiroki, vai embora.
  — Isso não vai ficar assim! — ameaça o Tanaka.
  — Se ameaçar minha irmã… — Take dá um passo à frente, mas é impedido por .
  Hiroki estreita o olhar para ela, o indicador erguido como se ainda fosse falar algo, mas desiste de dizer e apenas vai embora, soltando outra ameaça para a namorada. solta o ar, algumas lágrimas preenchendo seus olhos.
  — Você está bem, maninha? — pergunta Take, abraçando a irmã, ela apenas afirma com um gesto de cabeça.
  — -san… — a moça volta a chamá-lo formalmente na frente dos irmãos. — Me perdoe por…
  — Você não tem culpa, -chan — ele também usa um termo mais comum para referir-se a ela.
  — Seu rosto…
  — Não me machucou tanto, vou ficar bem — sorri, compadecido, e retribui o sorriso.
  — Vai ter que se maquiar para tirarmos a foto de divulgação do single, — brinca Take, descontraindo o clima.
  — Verdade! — concorda Kohshi, entrando na brincadeira. — Vai ficar lindinho de maquiagem, -kun! — ele aperta a bochecha do amigo, que se esquiva, rindo.
  — Idiotas — eles riem, mas segue séria e com uma expressão preocupada. — -chan — chama o vocalista e ela o encara —, está tudo bem.
  Há algo no sorriso de que acalma , ela não sabe dizer o motivo, só sabe sentir a paz em vê-lo sorrir para ela.

Parte II – Confronto

  Depois da lamentável cena armada por Hiroki, não há mais clima para continuarem o jantar, então eles pedem a conta e retornam às suas casas. Assim que chega na grande e confortável casa onde mora com os irmãos e pai, vai para seu quarto sem comentar o ocorrido. Ela está preocupada com o que pensarão dela, repensa toda sua vida amorosa enquanto repousa em sua cama, os fones tocando sua música favorita.
  Hiroki liga para a namorada e envia muitas mensagens, todas elas ignoradas pela mais nova que segue inerte em sua cama. Seus irmãos param em frente a porta do quarto da irmã e a veem deitada. Suspiram irritados com o que houve mais cedo, a vontade de ambos era dar uma surra no Tanaka e expulsá-lo a pontapés da vida da irmã. Mas sabem que há um limite de quando devem se meter. Pelo que perceberam hoje, o término não está longe de acontecer.
  No dia seguinte, acorda com a mesma roupa da noite anterior e sua playlist ainda tocando. Ela se espreguiça e verifica as mensagens que seu namorado deixou, sem contar as ligações. Ainda ignorando-as, a mais nova levanta-se e vai ao banheiro de seu quarto fazer sua higiene pessoal, saindo dele já pronta para sair.
  Ao chegar na faculdade, a brisa bagunçando os cabelos medianos e castanhos da moça, encontra sua amiga na cantina.
  — Acordou cedo hoje, Aimi! — diz , ao aproximar-se da outra, que aguarda seu café da manhã ficar pronto. — Bom dia! — ela também pensa em tomar café, já que não comeu nada antes de sair.
  — Bom dia, ! — responde a outra, animada. — Passou bem a noite?
  — Sim, caí no sono depois de pensar um pouco — diz , sentando-se na cadeira ao lado da amiga. — Tive um dia e tanto ontem — ela ri sem humor. — Acho que tirei conclusões tardias sobre algo que, inconscientemente, eu já queria fazer antes.
  — Hm — resmunga Aimi, pensativa, enquanto observa a amiga. — É sobre o Hiroki? — arrisca a pergunta. Ela sabe que a amiga não gosta de falar sobre isso.
  — Digamos que, desta vez, é para valer. Não há mais volta — parece determinada. Aimi dá um sorriso aliviado ao ouvir o tom convicto da amiga.
  — Que bom, . Você sabe que eu te amo, não sabe? — a outra confirma com a cabeça. — Quero te ver bem. Conte comigo sempre!
  — Também amo você, Aimi!
  As amigas se abraçam e aguardam o café chegar. Após comerem, vão até suas salas que são bastante puxadas. No fim do dia, Aimi precisa ir à biblioteca para entregar um livro e fica esperando pela amiga no pátio da faculdade, quando é surpreendida pelo namorado.
  — Por que você não me atende, ? Sabe que odeio quando faz isso! — brada Hiroki, irritado a segurando pelo braço e a levantando do banco onde estava sentada.
  — Me solta! — fala a moça de maneira firme.
  — Por que não me atendeu quando liguei? — repete a pergunta.
  — Eu não queria falar com você! — ela diz, finalmente livrando-se do aperto dele e completa: — Aliás, eu quero falar com você agora — o rapaz cruza os braços, em sinal de desafio, e a encara.
  — Fala, então — as pessoas em volta apenas observam a confusão.
  — Vou ser direta: eu quero terminar com você — anuncia , simples e direta. Ele arqueia a sobrancelha e sorri sarcástico.
  — Quem pensa que é para falar algo assim? — Hiroki tem uma frustração no olhar, misturada com a raiva que ele já sentia.
  — Não dê nem mais um passo ou eu grito! — alerta ela, quando o rapaz faz menção de aproximar-se. A atenção das pessoas em volta fica mais atenta com o movimento dele. — Eu quero e vou terminar com você. Não aguento mais suas crises infantis e controladoras. Chega! — sai e o deixa sozinho, mas Hiroki a segura pela mochila que ela leva nas costas.
  — Não, não vai! — a alça da mochila se parte com a força do puxão.
  — Que droga, Hiroki! — exclama ela, catando a mochila do chão. É um presente de parabéns dos seus irmãos por ter entrado na universidade.
  — Você só pode estar louca em me largar! — descontrolado, e não se importando mais com isso, Hiroki começa a berrar. — Isso só pode ser uma brincadeira, ! O que houve? Foram os idiotas dos seus irmãos que falaram para você terminar comigo? Hein?
  — Não fala dos meus irmãos! — pode tolerar certas coisas. Que falem mal de seus irmãos não é uma delas.   
  — Ou será que foi aquele cantorzinho lá? Qual é mesmo o nome dele? Ah, sim, , né? — os olhos de Hiroki saltaram de raiva ao pronunciar o nome de . o olha com um mix de medo e raiva.
  — O que tem o -san?
   o chama assim, em sinal de respeito. Não faz o mesmo com os irmãos, pois eles a proibiram com punição de fazer-lhe muitas cócegas. tem a mesma idade de Kohshi: 35 anos.
  — Ah, vai me dizer que é tão burra que não notou que ele é a fim de você? — para e pensa por uma fração de segundos e depois diz:
  — Não fala assim comigo, Tanaka! E o -san não está a fim de mim! — pensa mais um pouco e conclui: — E se estiver, não é da sua conta!
  — Ah, é sim!                                                     
  — Me solta! — ele agarra novamente o braço dela.
  — Solta minha amiga, Hiroki! — Aimi aparece gritando e segura o braço do rapaz. — Alguém ajuda, por favor! — logo, um aluno da universidade, que antes só observava, segura o braço de Hiroki e o puxa para trás.
  — Deixa a moça, ficou louco? — diz ele para o Tanaka.
  — Me solta! — grita Hiroki, descontrolado de raiva.
  — Vem, amiga. Vamos embora — diz Aimi puxando a amiga e a conduzindo até um táxi que passa bem na hora.
   fica calada durante todo o trajeto até em casa. Ela nem consegue chorar. Sua cabeça ferve e ela tenta entender o que aconteceu de fato. Aimi consola a amiga dizendo que foi o melhor a ser feito, que não tinha mais condições dela continuar namorando o Hiroki. Aquilo definitivamente não era amor.
  Ao chegar na enorme casa dos , Aimi quis acompanhar , mas ela prefere ficar sozinha. Aimi insiste, tentando convencer a amiga a, pelo menos, ligar para os irmãos – que estão numa reunião importante no estúdio –, mas a moça não quis. Vencida pelos vários “não’s” de , Aimi vai para casa, mas deixa a amiga de sobreaviso de que pode ligar a qualquer hora para ela.
   adentra a casa e encontra o silêncio.
  Seus irmãos estão no estúdio e, àquela altura do dia, seu pai estaria no escritório ou até mesmo almoçando. Ela sente fome, mas resolve não comer agora. Ela quer apenas respirar em paz. O medo da retaliação, ou sei lá o que, por parte do Hiroki, pelo término é grande dentro dela. Larga o corpo no sofá e tenta chorar, mas as lágrimas não caem, apesar de estar com vontade. Fecha os olhos e fica pensando, mas não no Hiroki. Por alguns instantes, pensa no que ele lhe disse sobre . Será que está a fim dela? Como ela nunca notou? Sempre foi boa nisso, em notar o interesse das pessoas umas pelas outras. Será que, em algum momento, o demonstrou algum indício desse interesse nela e não foi notado? Isso está atormentando a moça, mas algo a atormentaria ainda mais.
  A mais nova tem os pensamentos interrompidos pela porta da sala fechando-se com força. Abre os olhos e vê a figura do pai: o senhor Katsuo é um homem alto e corpulento. Ele nunca demonstrou muito afeto pelos filhos e, após a morte de sua esposa, Harumi , o comportamento dele piorou. Isso pelo fato dele atribuir a morte de sua amada à filha. A moça tinha apenas cinco anos de idade quando ocorreu o trágico acidente que tirou a vida de sua mãe. Ela lembra-se apenas de flashes do ocorrido, porém, seu pai faz questão de lembrar-lhe detalhadamente toda vez que tem oportunidade.
  — Onde estão Kohshi e Takeshi? — a voz super grave do homem invade os tímpanos da moça. A feição dele é tão mal-humorada quanto sua voz.
  — No estúdio — responde, sem encarar o pai.
  — De novo? Trabalhar que é bom, esses vagabundos não querem! — exclama irritado. Katsuo odeia o fato de os filhos nunca terem feito uma faculdade. Apesar da banda deles fazer sucesso por todo o mundo, ele não se conforma.
  — Eles estão trabalhando! — a moça odeia esse tipo de cobrança. — E não duvido que eles ganhem mais do que você — provoca ela, irritada.
  — Já que ganham tão bem assim, por que não saem da minha casa? — rebate o homem. arrepende-se levemente. Ela trabalha para pagar a faculdade, que não é tão barata assim. Seus irmãos a ajudam, mas ela não teria o suficiente para morar sozinha e sustentar um apartamento. — Hein? — prossegue ele. — Vocês não fazem nada nesta casa! Nem almoço você sabe fazer! É uma inútil!
  — Eu trabalho e estudo, não sou obrigada a cozinhar para o senhor, meu pai — levanta-se, enfrentando o pai. Nunca gostou da tradição familiar que dizia que as mulheres tinham que “servir” aos maridos, pais, irmãos... — Se me der licença, eu tenho muito o que estudar — ela cata sua mochila, com raiva, e já ia saindo, quando o homem a barra.
  — Não seja mal-educada, garota! — grita ele, irritado. — Além de assassina, você é atrevida também? — aquelas palavras são como um chute nas costas dela.
  — Eu não matei ninguém! Me deixa passar! — algumas lágrimas formam-se no olhar dela, mas não caem. Ela as segura a tempo.
  — A culpa é sua que a Harumi morreu! Se não tivesse atravessado aquela rua, ela não teria ido atrás de você! — brada o homem, furioso.
  O trágico acidente que tirou a vida de Harumi .
   era uma garotinha de cinco anos quando tudo aconteceu. Estava passeando com os pais e irmãos enquanto andava na frente do grupo com um lindo balão colorido preso a sua mãozinha. Mas, após ser sacudido por ela, o balão escapa da mão de e voa céu acima. A garotinha correu atrás dele sem nem olhar por onde ia. Sua mãe, ao ver a cena, foi atrás da filha. Bem na hora, um carro veio veloz demais e atingiu em cheio a mulher. só se lembra de ter perdido seu balão e do grito de sua mãe gritando por ela.
  — !
  Isso a atormenta até hoje.

  — Eu não matei a mamãe!!! Eu tinha cinco anos!!! — berra , quase chorando.
  — Matou sim! — esbraveja o homem. — É tudo sua culpa, sua inútil!
  Katsuo já havia perdido a compostura outras vezes, porém nunca havia feito o que está prestes a fazer.
  Ele levanta a mão e bate com muita força no rosto da filha, o que faz com que os óculos que ela usa, pendem de seu rosto. Logo, ela sente o gosto de sangue na boca tão forte foi o tapa. Katsuo continua estapeando e berrando com a filha, mas agora defende-se, bloqueando os golpes do pai e gritando por ajuda. O jardineiro da casa, que havia chegado minutos antes, ouve e entra para ajudar, jogando-se em cima do patrão. Consegue, com muita dificuldade, conter o grande homem que, quando entrou na casa, viu em cima da moça, lhe estapeando a face.
   apenas pega sua mochila e sai sem nem olhar para trás.

Parte III – Sentimentos

  Kohshi está concentrado nas partituras das músicas que a banda cantará juntamente com a Luck Life. Os demais fazem o mesmo. Há um enorme silêncio na sala que é interrompido pelo celular de Kohshi. está ao lado do amigo quando ele recebe uma ligação desconhecida.
  — Alô? — Kohshi diz, ao atender a chamada.
  — Olá, desculpe-me por ligar, mas eu falo com Kohshi ? — uma voz feminina pergunta, o rapaz estranha, mas responde.
  — Sim, sou eu.
  — Ah, que bom que atendeu, Kohshi-san! — o tom de voz da moça muda para quase eufórico. Aliviado, diria. — Chamo-me Aimi Inoue, sou amiga de sua irmã.
  — Ah, Aimi-chan, lembro-me de você — diz o rapaz, lembrando-se de algumas menções da irmã sobre a amiga. — Olá, aconteceu algo?
  — A está com você? Ela não atende minhas ligações, estou preocupada.
  — Não, estou no estúdio com a banda. Não a vejo desde cedo, saí antes dela. — explica e completa: — Aconteceu algo? — repete a pergunta feita antes.
  — Sim, Kohshi-san... — Aimi conta sobre o término do namoro da e da reação do Hiroki.
  — Ele o quê?! — grita Kohshi, chamando a atenção de todos. , que até então estava lendo a partitura, começa a prestar atenção no amigo.
  — Estou preocupada, Kohshi-san. Ela disse que ficaria bem sozinha, mas eu sei que não.
  — Pode deixar, Aimi-chan. Eu vou procurar por ela e te aviso, está bem? Obrigado por ter ligado para avisar — fala o rapaz, despedindo-se dela e encerrando a ligação.
  Ao fim, Kohshi transparece toda sua raiva.
  — Está tudo bem, Kohshi? — pergunta , preocupado.
  — A sumiu e não está atendendo as ligações. Parece que ela finalmente terminou o namoro com o Hiroki — mal pôde crer no que ouve. Fica alguns instantes pensando na informação, tem um sorriso involuntário nos lábios.
  — Sério? — questiona Take, aproximando-se do irmão. — E onde está a ? — pergunta pela irmã.
  — Eu não sei, Take. Ela não me atende também — explica e desliga a terceira ligação que faz para a irmã nesse meio tempo. — Inferno! Vamos para casa, Take. Ela deve estar lá trancada no quarto — determina o mais velho e completa: — Acho que deu de ensaio por hoje, já estou sem cabeça para isso.
  — Me avisa quando achar ela, Kohshi — pede , após acordar de seu estado de transe.
  — Aviso sim, cara, obrigado! — agradece e completa: — Vamos, Take. Valeu, galera!
  Os irmãos despedem-se de todos e voltam para casa. Mal sabem eles da surpresa que encontrarão ao chegarem.

[🌼]

   está há horas vagando pelas ruas da cidade, sem rumo definido.
  Pensa em ligar para um dos irmãos, mas logo desiste. Sabe que, se souberem do ocorrido, irão brigar com o pai e a confusão seria maior, principalmente o Take que é o mais explosivo dos dois. Não que o senhor não mereça uma briga, no mínimo um sermão pelo que disse e fez com a filha, mas ela não quer mais confusão com o pai.
  Quer distância dele.
  As lágrimas que ela tanto segurou durante todo o dia finalmente caem e misturam-se com a fina chuva que cai desde que ela saiu de casa. É outono na cidade e faz frio quando chove. esqueceu-se do casaco em casa e se abraça para tentar se aquecer. O que é inútil quando a chuva cai mais forte. As lentes de seus óculos já estão bem embaçadas e molhadas. Ela inteira está encharcada de chuva, mas continua andando sem rumo. Decide sentar-se um pouco na calçada e chora mais, pensando em tudo que viveu naquele dia.
  Ao mesmo tempo, ele ia estacionando seu carro, posicionando-o na entrada da garagem, quando avista algo que chama sua atenção. Ele dá ré no veículo e estaciona na rua mesmo, saindo do carro e correndo até onde sua visão viu seu alvo. Será que seus olhos o enganam? Mas, ao aproximar-se de sua visão, a protege da chuva com seu casaco. Seus olhos não o haviam enganado, afinal.     
  — -san! — a voz tristonha e chorosa da corta o coração dele.
  — -chan! — ele fala, agachando-se — Vem, vamos sair da chuva — chama ele e dá a mão para ajudá-la a levantar.
  — O que faz aqui? Como me achou? — pergunta ela, enquanto levanta.
  — Eu moro bem ali — ele aponta para o prédio em frente.
   mal pode acreditar que está ali.
  Ela fica muito aliviada por ter parado justamente em frente ao prédio do . E mais aliviada ainda pelo ensaio ter terminado mais cedo. a conduz até o apartamento onde mora. Ao entrar, percebe que aquele lugar poderia ser facilmente o quarto dela. Tem quadros geeks e funkos espalhados pela estante, onde há um PS4 e um Xbox One com alguns jogos ao lado. Ela sorri ao ver aquilo.
  — Fica à vontade, -chan, eu já volto.
   vai ao quarto de hóspedes e pega uma toalha para ela. Pouco tempo depois ele retorna e mostra onde fica o banheiro de visitas. A moça toma um banho quente, chora bastante ao sentir a dor de seu rosto ardendo pelos tapas que levou do pai, e uma vergonha tremenda também. Com o rosto machucado, sente-se sem ação por isso, apesar de ela não ter a mínima culpa de nada. Após terminar seu banho, ela veste as roupas cedidas por , uma cueca nova – que, obviamente, ele não havia usado ainda – e uma calça de moletom junto com um casaco quente para passar o frio. toma banho logo em seguida.
  Enquanto observa o rapaz preparar uma sopa quentinha para eles comerem, tenta perceber algum sinal daquilo que Hiroki havia falado. Algum mínimo sinal de que goste dela. Será que é possível? A diferença é de exatos dez anos…
  Após comerem e se aquecerem, pergunta-se, mentalmente, se deve questionar o que aconteceu. Ele não pôde deixar de notar o rosto machucado dela, ainda que de leve. Sente a garganta fechar.
  — -san... — a voz dela sai fraca, mas compreensível. Ele desvia sua atenção da TV e olha para ela. fica calada, parece estar pensando no que dizer e em como dizer.
  — Se quiser, não precisa falar, -chan — está muito curioso no ocorrido, mas não o suficiente para pressioná-la a contar.
  — Não, eu preciso falar — ela diz e pigarreia, tomando coragem para contar. De repente, ela lembra-se de algo importante. — -san, meus irmãos devem estar preocupados comigo!
  — Não se preocupe. Já avisei para eles que está aqui. Eles pediram para que você fique esta noite. Acho que tiveram uma briga com o seu pai... — essas últimas palavras são o suficiente para criar fantasias na cabeça dela. Será que os irmãos já sabem do que aconteceu mais cedo e brigaram com o pai? Desesperado, o coração dela dispara assustado.
  — Co-Como eles souberam disso? — gagueja ao falar, muito angustiada.
  — Disso o que, -chan? — obviamente, não sabe de nada e logo, ela percebe que havia falado além do esperado.
  — E-Eu tive uma discussão séria com meu pai. Nós... ele me acusou de ter matado a minha mãe, mas eu não tive culpa, -san! Não tive! — ela volta a chorar. Ele aproxima-se mais dela no sofá e, gentilmente, a envolve num abraço.
  — Não chore, -chan. Não é sua culpa.
   sabe de toda a história e do histórico do pai dos irmãos . Nunca gostou do senhor Katsuo, ele sempre reclamava que faziam muito barulho e que eram inúteis, que nunca fariam sucesso. Esta era uma palavra recorrente no vocabulário do homem.
  — -chan? — diz, chamando a atenção dela, que ainda está encostada no ombro dele.
  — Hm... — resmungou em resposta.
  — O machucado em seu rosto... foi o seu pai, não foi? — o coração dela volta a disparar e, dessa vez, o rapaz o sente pulsar em seu tórax. — Se quiser, eu não conto para seus irmãos.
  — Eles vão saber. Se bobear, eles já sabem — lembra-se do jardineiro da casa, que fica lá até o entardecer. Ele pode ter se encontrado com os irmãos dela e contado tudo. Ou até mesmo o pai dela pode ter contado. — Foi meu pai, sim — confessa ela e aperta com força o casaco que usa. Tem o cheiro dele. Tudo ali tem o cheiro dele.
  — Ele não devia... — diz, com raiva, mas contém-se. Não quis angustiar ainda mais a moça.
  — -san? — diz , baixinho.
  — Pode me chamar somente de , por favor, MIyu-chan — pede ele, sorrindo e ela afasta-se do abraço dele, ajeitando-se no sofá.
  — Só se me chamar apenas de , todos me chamam assim — ela sorri de volta. — Me sinto uma criança toda vez que me chama de -chan — MIyuki faz um biquinho com os lábios que faz rir.
  — Tudo bem, . O que ia falar?
  — Estou com fome. Podemos pedir algo para comer? — ela sorri, travessa e ele não resiste ao riso ainda mais intenso.
  — Claro, . Você quem manda!

  Eles pediram um combo de sushi que veio muito saboroso. Passam o resto da noite conversando sobre tudo. Nesse período, liga para os irmãos. Sua suspeita estava certa: eles souberam da discussão com o pai e brigaram com ele. Mas, não contam os detalhes.
  Kohshi e Take brigaram de verdade com o pai. Socos e pontapés estão entre os protagonistas dessa briga, além, claro, de muitas acusações. Os irmãos aproveitaram para descarregar toda a mágoa que sentem do pai. Saíram de lá com a alma lavada.
  Os mais velhos contam brevemente à irmã que tomaram uma decisão importante.

[🌼]

  No dia seguinte, acorda alegre pela noite que teve com a . Nunca pensou que um dia fosse conseguir tal oportunidade, já que a moça está sempre acompanhada de um dos irmãos, ou ambos.
  — Bom dia, ! — diz Kohshi ao ser recebido na porta. — Cadê minha querida irmã? — pergunta ele entrando no apartamento e carregando consigo algumas malas.
  — Bom dia, ! — Take cumprimenta e entra também.
  — Para que tudo isso, Kohshi? Take? — questiona , enquanto toma café.
  — Bom dia para você também, — Kohshi usa um falso tom de ofendido. — Vamos nos mudar — fala ele, determinado.
  — E não nos olhe dessa forma, mini-! — brinca Take, ao ver os olhos arregalados da irmã pendem de um irmão para o outro.
  — Para onde? Como vamos pagar? Take! Kohshi!
  — ! — Kohshi imita a voz da irmã. Todos riem.
  — Idiota! — menos a .
  — Maninha, nós três trabalhamos e ganhamos muito bem. Podemos arcar com tudo — o mais velho se aproxima dela e senta-se em uma cadeira. — Já passou da hora de nós sairmos de lá. Só ficamos esse tempo todo por causa do vovô, que implorou para não “abandonar” aquele homem, mas depois do que aquele velho do filho dele fez ontem, não há mais condições — Kohshi volta a ficar sério, o que é raro, pois está sempre brincando e sorrindo. abaixa a cabeça e sente os olhos esquentarem e encherem-se d’água. — Você não teve e não tem culpa de nada, ele é o culpado — o tom de voz do rapaz fica suave, da mesma forma que falava com a irmã quando ela ficava com medo da chuva, quando criança. — Nós amamos você, Take e eu, e vamos estar sempre contigo. — Take aproxima-se, segurando a mão da irmã, e sorrindo.
  — Amo você, tampinha — Take dá um beijo na mão dela.
  — Estaremos sempre com você, sua chata! Até o gosta de você, certeza que te apoia também, certo, ? — diz Kohshi, de repente, o que pega de surpresa.
  — S-Sim, eu estarei sempre aqui com você, — ele sorri gentilmente e Kohshi desmancha o sorriso debochado que tinha no rosto.
  — ?! Desde quando você a chama assim, ? — pergunta, intrigado, uma das sobrancelhas erguida.
  — Deixa o em paz, Kohshi! — fala , em defesa.
  — ?! O que aconteceu entre vocês ontem? — dessa vez, Take manifesta-se também intrigado.
  — Ah, chega vocês dois! Não acontece nada. Apenas conversamos — fala a mais nova, voltando a tomar seu café e pensando na mudança.
  Kohshi e Take olham para como se ele fosse um assediador. Não aconteceu nada demais para e ele, mas internamente eles sabem que a amizade dos dois havia mudado. E a tendência, dali para frente, será essa.

Parte IV – Confissões

  Semanas depois…
  Faz semanas que os irmãos tinham se mudado para um grande apartamento bem perto da universidade onde estuda. Os mais velhos fizeram questão que fosse perto para que a jovem não precisasse acordar tão cedo para ir às aulas. Agora, os três moram num apartamento bem espaçoso, cada um com um quarto e uma sala grande onde sempre fazem reuniões com todos da banda e os amigos próximos. A convivência apenas os três em uma casa não é alterada, já que, quando moravam com o pai, estavam sempre apenas os três convivendo entre si, um apoiando o outro. Claro que, irmãos que se amam também se zoam e essa era a base da relação dos três. Sempre uma brincadeirinha com um ou com o outro, mas mantendo o respeito – na medida do possível – e os limites de todos.
  Kohshi deu a ideia ao produtor da banda,Fuyuki Sato, para indicar para estagiar como assistente dele na gravadora. Fuyuki adora a ideia e fala com o seu chefe, que logo aprova a contratação da jovem.
  Hoje é o primeiro dia no novo emprego, que paga bem melhor que o anterior, e está bem ansiosa. Os irmãos lhe dão uma mochila nova para ela trabalhar. Ela aceita o presente, depois deles insistirem muito. Ela não queria aceitar, de início, pois ela tem condições de comprar as próprias coisas, sente-se ofendida quando lhe dão presentes que ela mesma pode comprar, mas acaba cedendo ao mimo dos irmãos.
   é apresentada a todos da equipe de produção e aos demais funcionários da gravadora. Hoje vai ser o dia do início das gravações oficiais com a Luck Life e não poderia estar mais feliz em estar estreando em seu novo emprego justo hoje. Poderá conhecer finalmente seu ídolo Pon, vocalista da banda. E ele é a primeira pessoa que ela vê ao sair da sala do Fuyuki.
  — Oh, Gosh! É o Pon! — ela diz eufórica para si mesma. — Calma, , vai falar com ele com calma. Não banca a fã desesperada — completa e contém a euforia que cresce dentro de si. Seguindo o rapaz na direção da sala de gravação. Ele parece perdido. — Pon-san? — chama a atenção dele, que se vira e sorri ao vê-la.
  — Que bonita, você! Olá, minha querida! — diz, galante. sorri sem jeito e sente o rosto corar.
  — Posso te mostrar o caminho até o local onde estão todos?
  — Adoraria te ter como companhia — sorri e aponta para ela passar.
   vai andando um pouco na frente e Pon a segue perguntando-se mentalmente quem haveria de ser aquela bela jovem.
  — Pon! — exclama Kohshi, ao ver o amigo. — Rapazes! Finalmente chegaram! — os outros integrantes da Luck Life também haviam acompanhado e Pon até lá. Ela toma um susto ao vê-los, pois realmente não tinha visto o rapaz. “Claro, ficou com seu fogo atrás do Pon-san! ”, diz ela em pensamentos.
  — Kohshi! Como vai? — Pon abraça o amigo que não vê há algum tempo.
  — Bem! Vejo que já conheceu minha irmã, — ele aponta para a moça que apenas sorri envergonhada.
  — Já sim. Ela nos mostrou o caminho — responde, sorrindo lindamente e arrepia-se cada vez que ele faz isso.

  O ensaio para a gravação da primeira música começa.
  A todo momento, Pon lança olhares sedutores para , que apenas sorri com muita vergonha. revira o olhar toda vez que vê tal troca. Hoje, só foi possível gravar parte das guitarras e o baixo de duas músicas. Depois de horas gravando, todos das duas bandas, e a , vão para o apartamento dos irmãos para um happy-hour. Os caras da Luck Life tiveram que sair mais cedo, mas os demais continuaram ali.
  Ainda é cedo, não passa das 21h, quando começa uma pequena discussão entre Kohshi e . Eles falam de uma brincadeira de quando eram crianças.
  — Mas é claro que não, Kohshi! — diz , no meio da discussão. — Eu sempre fui boa em Kendama e você sabe disso!
  Kendama é um brinquedo simples: deve acertar a bola na estaca e existem diferentes níveis de dificuldade. O brinquedo pode ter variações no tamanho da estaca ou da bola para deixar a brincadeira mais difícil.
  — Ah, mas não era não! Lembro-me perfeitamente de você batendo a mão e se machucando por inúmeras vezes. Depois vinha até mim, chorando: “Kohshi, machuquei! ” — imita a voz da irmã e ri ao fim da frase. Todos riem. Menos a .
  — Eu posso te provar que está errado.
  — Eu duvido! — falar esta frase é o mesmo que obrigar a a fazer algo. Os irmãos gostam de se desafiar a todo momento. — Eu te desafio, MIyu !
  — Ah, pronto! Demorou até! — fala Take, rindo. vai até seu quarto e pega o brinquedo.
  — Vou te mostrar, Kohshi-san! — o rapaz odeia quando a irmã o chama assim. Ele franze o cenho ao ouvir. Ela prepara-se e joga: a bola quica no brinquedo e saiu, arrancando risadas de todos.
  — Na primeira, maninha! — brinca Take.
  — Não foi dessa vez, — diz , rindo. A moça franze o cenho e senta-se, emburrada.
  — Já vai desistir? — provoca o mais velho e completa: — Vamos todos jogar. Tive uma ideia! Quem conseguir uma sequência de dez pontos, ganha. Bem simples.
  — Wow! Boa, mano! — parabeniza Take. — E quem for errando paga uma prenda — completa.
  — Melhor! Quem errar vai tomar uma dose de tequila! Vou pegar.
  Kohshi é aficionado por tequila. Na sala, tem um minibar onde ele guarda as garrafas de tequila que compra ou ganha. Algumas são bem bonitas, em formato de caveira, com detalhes em pedras preciosas e bem coloridas – imagina o preço disso?!. E é justamente uma dessas que ele trouxe do minibar.
  — Olhem, essa aqui é bem forte. E aí, vamos?!
  — Ah, Kohshi... — lamenta-se . — Para você isso não será uma punição. Você ama tequila!
  — É, maninha, mas essa aqui é extremamente forte e vamos tomar pura, então, até para mim, não será tão agradável.
  Ela se convence e aceita a brincadeira. Fica determinado que o vencedor, quem chegar aos dez pontos estabelecidos, irá pedir o que quiser como prêmio para pessoa que ficar em último lugar – com menos pontos. Kohshi é o primeiro a jogar e já começa errando, o que faz gargalhar por cinco minutos ininterruptos e Kohshi ficar emburrado pela risada da irmã – e por ter tido que beber uma dose da tequila que ele guardava só pela beleza da garrafa. Logo depois, vem e acerta cinco seguidas.
  Muito bom!
  Os outros vão jogando e ninguém consegue bater o , até que o Take consegue seis pontos e fica gabando-se fazendo uma dancinha muito engraçada. Kohshi, que já está bêbado pelas inúmeras doses que teve que tomar por ter errado tanto, bate no peito, determinado, e vai jogar: consegue nove pontos.
  Incrível!
  O próximo, e último, é o , os outros já haviam desistido de tentar alcançar o Kohshi, caso chegasse a dez pontos, venceria. A tensão toma conta da casa.
   está nervoso, mas concentrado. Kohshi tenta tirar a atenção do amigo, mas não consegue. Perfeitamente, consegue os dez pontos, o que arranca gritos de todos que correm para abraçar o rapaz. não sabe se fica ou não feliz, pois está em último lugar no ranking com apenas dois pontos. Agora, irá que revelar o pedido que fará para , pela vitória no jogo.
  — Bom, eu... — ele começa a falar e todos o olham, curiosos. Principalmente a . pensa que será mais fácil repetir a proeza de conseguir dez pontos novamente do que falar, mas ele reúne forças para revelar seu pedido. — Eu gostaria de passar um fim de semana com você, — nessa hora, Kohshi engasga-se com o resto da tequila – que já está acabando – e Take sorri malicioso e espantado ao mesmo tempo.
  — Co-Comigo, ? — pergunta. Seu coração está acelerado e o rosto queimando, e não é por conta das doses tequila que tomou.
  — Sim, . Eu quero passar esse fim de semana com você — volta a dizer e completa: —  Só nós dois — esclarece aquilo que já está implícito.
  — Wow! — grita Kohshi, animado – e bêbado –, finalmente entendendo a intenção do amigo. — Super aprovo vocês dois. Têm a minha benção de irmão mais velho.
  — A minha também! — completa Take, ainda rindo.
  — Calados! — dizem e , ao mesmo tempo. Essa sintonia só faz com que os demais zombem ainda mais os dois.
  Kohshi e Take riem da cara de vergonha que e demonstram agora. Ela aceita o pedido e eles combinam de encontrar-se no fim de semana, a buscará na porta de seu prédio.

  No dia do encontro…
  Na sexta à tarde, dia e horário combinados, pontualmente às 16h chega ao prédio dos e sobe para encontrar , que ainda não está pronta.
  — Pontual como sempre, ! Entra! — fala Take, ao deixar o amigo entrar. Kohshi está no sofá, espalhado, dedilhando no violão.
  — Fala, ! — cumprimenta ele, ao ver o amigo — A ainda está se arrumando — fala Kohshi, rindo.
  — Tudo bem, cara. Eu espero — responde , educado, e senta-se no sofá. — Está compondo? Tenho umas músicas para te mostrar — comenta. Ambos, junto com o Take, são os maiores compositores da banda.
  — Sim! Aquela que comentou ontem, está pronta? Pensei num verso legal para ela.
  Os amigos ficam conversando. Enquanto isso, Take vai ao quarto da irmã avisar que havia chegado.
  — Maninha?! — diz Take, batendo à porta, assusta-se e pede para ele entrar. — chegou... mas o que aconteceu aqui?! — as roupas da moça estão espalhadas pela cama e, principalmente, pelo chão do quarto.
  — Estou arrumando a mala. Não sei o que levar! — lamenta-se ela e senta-se na cama.
  — É só um final de semana, você não vai casar com o ! — brinca take, rindo e recebe um olhar irritado da irmã. — É estranho para você passar um fim de semana sozinha com o ele? — Take senta-se ao lado dela.
  — Eu não sei. Não deveria ser, cresci com ele frequentando nossa casa...
  — Se quiser, falo com ele para ir embora e pedir outra coisa. Não quero que se sinta obrigada a ir por causa da aposta idiota com o Kohshi — diz ele, carinhoso. o encara e sorri.
  — Obrigada, meu irmão — encosta a cabeça no ombro dele e recebe o afago do irmão. — Não me sinto desconfortável indo para casa do . É só um fim de semana. Não se preocupe, Take.
  — Não estou preocupado. Sei que estará segura, vai cuidar bem de você — ele sorri, carinhoso. — Oh, se for tomar banho, não esquece que está na sala e sai do banheiro apenas de toalha, hein?! — ele volta a brincar.
  — Take! — fica envergonhada, suas bochechas ruborizadas. — Eu já tomei banho, agora me ajuda a terminar de arrumar as malas.
  Take ri e ajuda a irmã a terminar de arrumar a mala e, em pouco tempo, vão para a sala. e Kohshi riem e conversam sobre novas composições. Assim que percebem a presença deles, param e despede-se dos irmãos. carrega a mala dela no carro e eles seguem para o prédio do rapaz. Eles têm uma noite tranquila de cinema em casa. arrumou tudo para que a estadia dela fosse agradável.
   mal consegue dormir durante a noite, pensando em qual pode ser o passeio que planeja para eles. Além disso, ela lembra-se de momentos aleatórios, momentos felizes em que o estava presente. Sorri sozinha ao lembrar-se deles. Ele sempre é tão gentil com ela. Sempre ajudou a moça quando levava sermão do pai sem motivo lógico. Definitivamente, ela sabe que o rapaz gosta dela. Porém, será que...
  Na manhã seguinte, ela desperta e seu primeiro pensamento é o . Ultimamente, ela vem pensando muito nele, mesmo antes desse fim de semana. Desde que o Hiroki falou que é a fim dela. Isso não lhe sai mais da mente.

[🌼]

   e chegam cedo ao seu destino: um dos parques mais famosos da região. Por coincidência, é Dia dos Namorados na cidade e o parque está lotado de casais apaixonados. Isso intimida um pouco , que se sente na obrigação de expressar seus sentimentos por ela. Quando planejou esse encontro, não se atentou que cairia justamente nessa data especial e tão significativa.
  Deixando isso um pouco de lado, o rapaz preparou alguns lanches para eles comerem mais tarde. O lugar é deslumbrante em beleza natural. Os dois fazem um passeio a pé pelo local, enquanto conversam sobre tudo. Riem juntos das histórias de quando frequentava a casa dela ainda muito jovens. Inevitavelmente, lembra-se do pai e fica menos feliz. arrepende-se de ter tocado nesse assunto: Katsuo .
  — Acho que ele nunca gostou de mim — fala, com um ar triste, mas serena, enquanto admira a paisagem. O vento bagunçava seus cabelos e nem isso incomoda ela. a ouve com atenção. —  Ele não queria ter uma menina, isso sempre foi nítido para todos, até para a mamãe, acho — e ela não está errada. Àquela época, o senhor não escondeu de ninguém sua decepção pela gravidez de uma menina da esposa. Ele queria que nascesse o terceiro menino. Isso sempre entristeceu a senhora . — Ele está sempre me culpando por tudo... é frustrante. Às vezes, não sei nem quem eu sou direito.
  — Como assim, ? — questiona o rapaz.
  — Se eu erro ou faço algo fora das expectativas dele, já recebo agressões da minha suposta incompetência... — a moça suspira frustrada. — Me sinto uma inútil, como ele sempre gosta de pontuar.
  — Você não é uma inútil, ! Não fale assim de si mesma — já havia presenciado alguns episódios de ataques de Katsuo contra a filha. Lembra-se do sentimento ruim que lhe surgiu à época. O mesmo que cresce dentro dele agora. — Você é incrível, uma mulher inteligente e determinada. Não deixe que ninguém te diga o contrário, meu bem — ele fala, do fundo de seu coração. Nem nota o que falou no final da frase.
  — Você gosta de mim, ? — pergunta. O coração lhe saltando a garganta. toma toda a coragem que tinha e fala mais uma vez do fundo de seu coração.
  — Eu gosto... muito! — suspira e olha para o chão, envergonhado. também não consegue mais encarar ele. Porém, ambos têm um sorriso inocente nos lábios, um sorriso de felicidade.
  —
   diz e levanta a cabeça, os olhares cruzam-se e eles sorriem um para o outro. Depois: silêncio. Ela chega mais perto dele e pega na mão do rapaz que está sobre a perna dele.
  — Posso te dar um beijo? — por dentro, questiona-se o porquê da pergunta. Seu rosto corou de imediato.
  — Deve.
  Ele responde e inclina o corpo para mais perto, ela faz o mesmo e, quando notam, já estão se beijando. Após o beijo, eles se olham e riem.
  — Foi estranho para você? — indaga ela, insegura. tem a mesma idade que Kohshi. Na cabeça dela, ele poderia achar ela muito nova para ele, como uma irmã caçula.
  — Nem um pouco — responde ele, convicto e completa: — Melhor do que eu esperava — ela sorri ao pensar que ele já se imaginou a beijando.
  O resto da tarde é mais agradável para ambos, do que já estava sendo, após o beijo. e passeiam pelo parque de mãos dadas, enquanto conversam. Ela não se sente mais estranha com a presença dele e vice-versa – também era um dilema para dela achá-lo “velho” demais para ela.
  A culpa pelo sentimento que têm um pelo outro, aos poucos, esvai-se.

Parte V – Pedido

  Na segunda, e , vão direto para a gravadora para uma reunião de última hora com a Luck Life. Eles não conversam sobre compromisso, apenas sobre o que sentem pelo outro. Ambos adentram o estúdio sorridentes e de mãos dadas, algumas pessoas os veem assim e cochicham curiosos sobre o que aconteceu entre os dois. Despedem-se apenas com um beijo no rosto: vai para reunião e para sala do Fuyuki, dessa vez ela não pôde participar devido ao trabalho acumulado.
  Após a reunião, começam as gravações das vozes das músicas que irão lançar em parceria com a Luck Life. Já tinham se passado mais ou menos vinte minutos de gravação, quando a jovem entra no estúdio acompanhada pelo Fuyuki que vai supervisionar tudo. Os olhares de Pon e recaem de imediato sobre a moça que encara de volta e sorri sem jeito, olha diretamente para , mas nota o olhar do ídolo.
   também nota e revira o olhar, enciumado.
  Minutos depois, Kohshi e gravam as partes deles. observa, saudosa, a cantoria dos dois, principalmente do irmão. Recorda-se de quando tinha seis anos, após o acidente da mãe, a voz ainda em formação do irmão cantando para ela dormir. Por anos, teve dificuldades para adormecer tranquilamente, lembranças do acidente insistiam em assombrá-la a todo momento. E os gritos reprovatórios de seu pai também lhe tiravam o sono. E ainda tiram...
  Pon senta-se ao lado de , que está sentada no chão, ao lado da porta, ela nem nota a presença dele, perdida em pensamentos.
  — O seu irmão tem uma voz muito boa. Gosto dele! — ele diz, assustando a moça, que salta no próprio corpo. Ele ri da reação dela. — Desculpa, te assustei.
  — Tudo bem, Pon-san — ela sorri sem jeito.
  — Só ficará bem se você me chamar apenas de Pon — pede ele sorrindo galanteador.
  — Ok, Pon — ela sorri sem jeito.
  Ambos riem e ficam conversando sobre a relação da com o irmão e sobre como o rapaz havia se encantado pela moça.
  — Sério, , acho você uma mulher muito atraente — ele diz, pela terceira vez, só naquela conversa. — Você me atrai muito.
  — Ah, Pon, não é para tanto. Ah, olha, estão te chamando — ela diz, Pon olha para cima e vê Take acenando para que ele vá gravar sua parte.
  — Vou, mas eu volto para acertarmos os detalhes — fala ele dando um beijo na mão da moça, levanta e dá uma corridinha até o local onde os outros estão.
  Aquela cena tinha, no mínimo, sido vista por seus irmãos, pelo Fuyuki, pelos outros integrantes da Luck Life e pelo , que logo desvia o olhar, irritado.
  — Está tudo bem, mana? — a voz grave do Kohshi distrai ela, que está pensando quais seriam os detalhes mencionados pelo Pon, levanta a cabeça e acompanha seu irmão sentar-se ao seu lado.
  — Está, está sim, Kohshi.
  — Certeza? Sua cara diz outra coisa — fala ele, brincalhão.
  — Sim... — ela ri também e completa: — Estava só pensando... — antes dela falar, Kohshi a interrompe e diz:
  — No Pon! Ele está afim de você, sabia? Deveria tentar. O também é afim de você, mas é meio lento — Kohshi ri da própria zoação do amigo e só depois nota o olhar fuzilante que a irmã lança sobre ele.
  — Você não se atreva, Kohshi !
  — O que eu fiz?! — pergunta ele, ainda rindo.
  — Não se atreva a me empurrar para o Pon! Eu sei muito bem ir atrás, se eu quiser, dos meus paqueras!
  — Calma, ! Não estou te empurrando para cima do Pon. E eu nunca te empurrei para cima do . Ele é muito, muito lento. Pensando bem, eu deveria empurrar ele para cima de você — comenta o rapaz, rindo mais ainda de sua fala.
  — Idiota! — dá-lhe um tapão no braço que faz o rapaz gemer enquanto ria. — Não fala assim do !
  — Você gosta dele? — questiona, controlando sua risada de antes.
  — Gosto — ela diz sorrindo e tem um brilho no olhar que logo é percebido por Kohshi. Nunca tinha visto a irmã desta forma. — Gosto muito, meu irmão — completa, sem desviar o olhar de que está ao longe conversando com Fuyuki e Take.
  — Parece que esse fim de semana rendeu histórias, não é?
  — Sim — responde , rindo e sem jeito.
  — Fico feliz por vocês — Kohshi segura a mão dela e sorri. — Estão namorando? Porque não me disse nada...
  — Não teve pedido, mas falamos o que sentimos um pelo outro.
  — Entendo — nessa hora, chama Kohshi e o mesmo vai ver o que ele quer, deixando a irmã sozinha. Ela volta a pensar.

  Algumas horas se passam…
  Finalmente, acabaram as gravações do dia. Todos ainda ficam, como sempre fazem após as gravações, na sala de lazer da gravadora, conversando e comendo. sai para pegar algo na sala do produtor e leva um susto com o visitante inesperado.
  — Ai, Pon, que susto! — espanta-se ao sentir a mão quente do rapaz em sua cintura.
  — Perdão, não quis te assustar, de novo — ele sorri e puxa a moça, virando-a para ele, para junto de seu corpo. — Podemos acertar os detalhes agora — põe as mãos no peito dele, afastando-o. Finalmente ela entende de quais “detalhes” ele se referia.
  — Não, melhor não, Pon, eu...
  — Eu não posso mais esperar...
  De repente, ele rouba um beijo dela, que resiste e se debate em seus braços. Ao se afastar, o olhar da moça recai diretamente na porta.
  — ! — o outro está ali parado, com a mão na porta, assistindo aquele beijo, sem acreditar. Pon vira o rosto e vê o outro ali.
  — Hey, , estamos ocupados aqui — diz ele, rindo. Pon não sabe o que aconteceu entre e . A raiva de é tão grande, pelo comentário, que ele entra na sala, puxa Pon pela jaqueta e lhe dá um soco na cara.
  — ! — diz, espantada pela atitude dele. Nunca imaginou ver irritado daquele jeito. Não é de seu feitio.
  — Idiota! — fala o rapaz e sai irritado, batendo os pés e a porta.
  — , espera, por favor! — implora , mas ele já havia saído. — Pon, você está bem?
  — Estou bem, . Não foi nada. Já entendi o que está havendo, me perdoe, por favor. Eu não fazia ideia que... bom, é melhor você ir atrás do — Pon diz, desfazendo toda sua postura de homem galanteador, o que surpreende a moça, que apenas sorri e vai atrás do .
  A sala de lazer fica depois da sala do produtor, em ambas há um vidro próximo à porta, que revela seu interior. Todos veem o marchar irritado na direção da saída da gravadora e, logo depois, a correndo para alcançá-lo.
  — Aconteceu algo! — Kohshi diz o óbvio, mas em tom preocupado.
  — Jura? Com certeza, aconteceu... olha lá o Pon — fala Take, também preocupado e curioso.
  — Ih, falei para ele ir com calma...
  Pon entra na sala, ainda com o rosto dolorido por causa do soco. Ninguém fala nada a respeito. Enquanto isso, corre pelo estacionamento do prédio da gravadora atrás de . Ao avistá-lo, ela aperta o passo para chegar perto dele antes que ele entre em seu carro.
  — ! , espera! — ela grita e o puxa pelo braço.
  — O que você quer, ? — ele diz, ainda de costas para ela, com a voz embargada. Não tem coragem de olhar para ela e mostrar que está chorando.
  — Me perdoa, . Eu... o Pon me puxou de surpresa, . Por favor, olha para mim, ... — fala, implorando desesperada, mas não se vira de frente para ela.
  — Esquece isso, já passou... eu tenho que ir — fala , quebrando o silêncio de segundos que se instaura e coloca a chave do carro na porta do mesmo.
  — , espera, por favor. Eu tenho mais uma coisa para te falar — o rapaz para o movimento de abrir a porta e, ainda sem olhar para ela, resmunga para que ela fale. — Você, , o cara que por anos eu não me permiti gostar como um homem. O cara que me transborda sentimentos bons só em estar em meus pensamentos. O cara que eu descobri amar... — levanta a cabeça, que até então estava abaixada encarando o chão, e respira fundo. — ... o cara que é o único que eu quero beijar... para sempre. , você quer namorar comigo?
  O pedido de namoro vem, inesperado, até para ela, mas cheio de significado e emoção. O silêncio de mata a moça, que começa a achar que não deveria ter dito nada. Ela se vira, saindo dali extremamente envergonhada, quando sente seu corpo ir para trás, a puxa pela cintura.
  — Eu aceito! — a abraça, beijando-a em seguida. Ambos sentem seus corpos flutuarem, mesmo sem tirarem os pés do chão. Após o beijo, eles mantêm as testas coladas. — Eu te amo tanto, .
  — Eu te amo, — ela diz, carinhosa. Ele sorri.
  — ? — questiona o apelido.
  — É... tenho que ter um apelido fofo para o meu namorado mais lindo — responde, manhosa.
  — Ah, eu sou o mais lindo?! Estou na vantagem, então.
  — Bobinho! — eles riem e se beijam novamente.
  Os dois sobem, voltando à gravadora.
  Pon pede desculpas aos dois pela confusão que arrumou mesmo que sem intenção. também pede desculpas ao Pon pelo soco. No fim, fica tudo bem. Kohshi e Take fazem piadas sobre a “lerdeza” do ter acabado, o que deixa a irritada com os irmãos.
  — Está tudo bem, minha coelhinha! sussurra para ela.
   gosta do apelido e também sussurra de volta:
  — Ok, meu panda!
   fica todo vaidoso com o apelido que ganhou da namorada. Apelido esse que só irão usar na intimidade.

Parte VI - Mudanças

  Semanas depois…
  O namoro de e está cada dia mais divertido e romântico. Divertido, pois ambos zombam um do outro e brincam juntos. E romântico, pois a cada semana, um dos dois prepara para o outro uma surpresa. Essa semana, planejou um jantar, seguido de um passeio noturno pela cidade.
  — Já acabou aí? — Take diz para o irmão. Todos estão no estúdio, arrumando as coisas para irem embora.
  — Quase... — diz Kohshi, sem desviar o olhar do notebook — Se quiser, pode ajeitar as coisas no carro. Já estou indo — completa, desta vez olhando para o irmão. O mais novo assente e leva suas coisas e as do irmão para o carro.
  Enquanto isso, na sala do Fuyuki, concluía seu relatório diário. Sua concentração não lhe permite perceber que seu celular toca insistentemente há alguns minutos. Na tela do aparelho, aparece o nome de alguém que já havia se esquecido que existia.
  — O que você quer, Tanaka? — pergunta ao atender, ríspida.
  — Você já foi mais gentil comigo, — responde Hiroki, cínico. — Como vai, minha querida?
  — O que você quer, Hiroki? Estou ocupada.
  — Saber como você está...
  — Ótima. Melhor estaria se você não tivesse ligado. Adeus...
  — Você está namorando o cantorzinho, não está? — indaga ele, ignorando a despedida dela.
  — Não é da sua conta o que acontece ou deixa de acontecer na minha vida.
  — Foi culpa minha. Acabei jogando você nos braços dele — lamenta o rapaz. revira o olhar, dizendo:
  — Não sou um objeto para ser “jogada”. E, mais uma vez, adeus, Tanaka!
  Ela desliga sem dar chances de ele rebater. Hiroki liga novamente, mas ela não atende. Kohshi finalmente termina o que fazia e passa na sala do produtor para chamar a irmã.
  — ? Já estamos indo, você vem? — ele põe a cabeça para dentro do escritório e vê a irmã com uma expressão irritada. está nervosa pela discussão com o ex-namorado. Logo, Kohshi percebe. — O que aconteceu?
  — O... o Hiroki me ligou — só a simples menção do nome dele, faz Kohshi mudar a expressão e sentir um frio percorrer sua espinha. Ela mantém sua cabeça baixa, arfando de raiva.
  — O que ele queria? — questiona o rapaz, num tom de raiva.
  — Me deixar louca de raiva! — esbraveja ela, muito nervosa e derrubando alguns papéis no chão. — Droga! — xinga e põe as mãos no rosto, retirando seus óculos.
  — Hey, minha irmã! — Kohshi abraça a irmã e afaga seus cabelos. — Não fica assim, respira. Ele não merece.
  Os irmãos ficam mais algum tempo abraçados. Já mais calma, ela pede para que Kohshi não conte nada para . Nesse dia, ambos irão até um restaurante jantar. Estão comemorando seis meses de namoro. vai para casa com os irmãos e se arruma para o jantar. Estava tão linda. Escolhe seu melhor vestido e arruma os cabelos soltos, que normalmente os usa presos.
  — Acho que só estará mais bonita no dia de seu casamento, maninha — diz Kohshi, orgulhoso. Take concorda com ele.
  , pontual como sempre, toca a campainha do apartamento dos irmãos e é recebido por um dos cunhados. Logo, a mais nova dos está na sala, para alegria e admiração do namorado que só tem olhos para ela. E como ela está linda, pensa ele, ao vê-la. O rapaz quer que seja uma noite inesquecível e especial. Os dois ainda não tiveram uma noite de amor, mesmo após os seis meses de namoro. E isso está nos planos de .
  Ao chegarem no restaurante, eles fazem o pedido, jantam e conversam sobre aleatoriedades. Qualquer coisa vira assunto com eles. Durante a sobremesa, percebe a presença de alguém que ela não sabia que estava ali, até que este alguém caminha até a mesa dela e .
  — Você é realmente uma ingrata, ! — brada Katsuo visivelmente alcoolizado e irritado.
  — Por que diz isso, meu pai? — diz a moça, num tom tranquilo, não demonstrando a raiva que sente pela presença do pai ali.
  — Ainda pergunta? Você e seus irmãos me abandonaram naquela casa! — fala ele, num tom mais alto, o que chama a atenção dos frequentadores do local. — Foram embora há meses e nem se deram ao trabalho de ligar para saber se ainda estou vivo!
  — Você não atendeu nenhuma de nossas ligações, meu pai. Nesse período, houve o aniversário do Take e você nem se importou em ligar. E ele, ainda assim, ligou para o senhor, mas não foi atendido como sempre — rebate ela, ainda demonstrando tranquilidade por fora, já por dentro ela é pura explosão de raiva.
  — Não importa! Você é uma ingrata, sua fedelha! — grita e bate na mesa.
  — Senhor , por favor! — manifesta-se pela primeira vez. Só agora, o grande homem nota a presença dele ali.
  — Ah, não me diga que... — ele aponta da filha para o — ... isso é um encontro romântico? — pergunta, com desdém. — Sabe que ela é mais nova que você, não sabe rapaz? — fuzila com o olhar.
  — Meu pai, por favor! — implora .
  — Isso é repugnante, rapaz. Deveria envergonhar-se! Como pai, não aprovo esse relacionamento — decreta e então, se mete novamente.
  — Não tem que aprovar nada. É a nossa vida e não lhe diz respeito, mesmo o senhor sendo meu pai.
  — Cala a boca, garota, antes que eu lhe estapeie a cara novamente. Dessa vez, não me escapará! — ameaça. levanta-se e empurra de leve o grande homem.
  — Não a ameace, por favor — diz, calmamente. — Se fizer novamente, eu terei que impedi-lo — o tom suave de não condiz com a expressão de ódio que ele mantém na face.
  — Não se atreveria, seu moleque! Ela é minha filha e ninguém irá me dizer como educá-la!
  O senhor empurra e parte para cima da filha, que se levanta para enfrentá-lo. Mas, antes, se põe em defesa dela e dá um soco na cara do homem, que logo revida. grita desesperada para que o pai pare de bater em . Logo, seguranças conseguem conter Katsuo. Depois disso, Miyui e pagam a conta e saem dali o mais depressa que podem.
  Ela praticamente implora ao para que não conte sobre esse triste episódio com o pai para seus irmãos. Conhece o temperamento deles e sabe que não será bom se eles souberem. a chama para dormir na casa dele, faz parte do plano de comemoração de ambos. O rapaz tenta fazer com que ela se esqueça, por um momento, do que ocorreu no restaurante. Será difícil, ele sabe o quanto a relação de com o pai a afeta, mas o vocalista sempre estará perto dela para apoiar sua amada namorada.

  Horas depois…
  Já no apartamento dele, e têm um resto de noite divertido.
  Jogam no X-box e depois veem um filme na TV. O rapaz não sabe como pedir e nem sabe se deve pedir. Para sua surpresa, ou não, começa a fazer carícias na coxa dele. pigarreia surpreso e olha para ela. Ela já tem o olhar fixado nele desde que começou com as carícias. A moça começa a beijar o braço dele e vai percorrendo com uma trilha de beijos até chegar no pescoço do namorado. Vê que a pele dele se arrepia com o toque dela e sorri vitoriosa. Não se aguentando mais, a toma nos braços e a beija. Ele se levanta e a puxa para seu quarto, jogando-a na cama. Dessa vez, é ele quem constrói uma trilha de beijos, só que nas pernas dela. Até que chega em sua boca, onde a beija com desejo. Será a primeira vez deles, ambos querem que seja especial e inesquecível para os dois. Cuidadoso, a olha ajeitando os fios de cabelo que cobrem o rosto dela.
  — Você está pronta para isso, meu amor? — pergunta ele, carinhoso, e ela sorri.
  — Sim, . É o que eu mais quero, no momento — responde ela com o olhar fixado naquele mar castanho que é o olhar do namorado. Os olhos de ambos brilham de emoção e desejo.
  A partir daquele momento, e se entregam ao prazer de estarem juntos compartilhando aquelas sensações que eles tanto querem ter, juntos. Têm uma noite intensa de prazer e muito amor.
  No dia seguinte, acorda primeiro que a namorada e prepara um café da manhã reforçado. Sente-se extremamente feliz, como nunca havia se sentido antes. O sorriso é inevitável.

[🌼]

  Meses depois…
   e estão comemorando um ano de namoro e a cada dia estão mais felizes juntos. Ela está contente, pois nem o Hiroki nem o senhor apareceram mais para infernizar sua vida. A banda dos rapazes está fazendo mais sucesso pelo mundo e tudo está indo muito bem. A parceria com a Luck Life gera uma turnê mundial. Em um desses shows, não se sente bem e tem que ser atendida pelos médicos de emergência do local do show. Sua pressão baixou muito rápido, teve que descansar. está no palco e só sabe do ocorrido depois. Fica bastante preocupado. Os irmãos da sugerem que ela vá ao hospital. Ela odeia hospitais, não quer ir, à princípio. Porém, a convence de ir, com seu tom sempre suave que encanta e hipnotiza a moça.
  Já no hospital, ela é atendida e o médico solicitou alguns exames, após fazer uma série de perguntas para a moça. Horas depois vem o resultado: está grávida!
  — Grávida!? — dizem, quase ao mesmo tempo, , Kohshi e Take.
  — , você engravidou minha irmã! — fala Kohshi, surpreso.
  — Kohshi, você achou mesmo que e eu não transávamos? — brinca a mais nova, o irmão a fuzila com o olhar.
  — Cala a boca, mini-! Não quero falar disso — rebate ele, constrangido.
  Todos riem, incluindo o médico, que depois explica para que ela está de oito semanas. Diz também que, assim que retornarem para o país deles, é para ela iniciar o acompanhamento da gravidez. E é exatamente o que ela faz.
  Quando voltaram para o Japão, marca logo o médico. A gravidez dela é tranquila, sem muitos enjoos ou desejos malucos, como muitas mulheres relatam. apenas sente-se cansada, às vezes, porém, esse cansaço é compensado quando sabe que está esperando gêmeos. Nem é preciso dizer o quão feliz fica com a notícia.
  Infelizmente, não consegue acompanhar muito a gravidez da esposa, pois a banda está agora viajando pela Europa em turnê com a Luck Life. e casaram-se quando estava com seis meses, numa cerimônia tradicional de seu país, com a presença de todos que os amam. já estava com quase nove meses quando o produtor deles conseguiu uma folga para os rapazes voltarem ao Japão para ficar com a nessa reta final de gravidez.
  Logo, os gêmeos Toki e Hero nasceram. Toki é uma linda garotinha de quase 3 kg que nasce primeiro e logo é acarinhada pelo papai , que acompanha o parto. Depois veio Hero, um rapazinho de quase 3 kg, igual a irmã, o menino nasceu cerca de dois minutos após Toki vir ao mundo.
  E os gêmeos cresceram rápido...

Parte VII - Surpresa

  1 ano depois…
  A maratona de shows e gravações com a banda está tirando o sossego e o tempo dos rapazes. está afastada de seu cargo como assistente do Fuyuki para cuidar de seus filhos. tenta ao máximo fazer seu papel de pai, mas, nos últimos meses, tem sido complicado. Toki e Hero vão fazer um ano de idade e faz três meses que não os vê. Nem eles nem a . Eles se falam todos os dias por videochamada. A mãe do está no apartamento dele e da para ajudá-la com as crianças, enquanto o rapaz não volta. Quando está presente, se esforça ao máximo para ser o melhor pai, o mais prestativo e presente que os gêmeos poderiam ter. Além, claro, de ser um bom marido para a esposa.
  Esses são os últimos shows da turnê, eles estão na cidade onde moram, mesmo assim não consegue tempo para ir ver a mulher e os filhos pessoalmente. Após eles terão pequenas férias de uma semana, liga para a esposa, como sempre fazia.
  — Oi, meu amor! — diz ele, animado ao ver a , nem que fosse pela tela do computador.
  — Oi, meu amor! Olha quem tá aqui?! — ela carrega o pequeno Hero, que está extremamente parecido com o pai. É realmente impressionante a miniatura perfeita do mais velho. — Dá oi para seu pai, filho segura a mãozinha dele, acenando para a câmera. se emociona, como sempre faz ao ver os filhos.
  — Hey, rapaz! Olha o papai! Como você tá grande, filho! — comenta ele.
  — Sim e pesado — ela ri e continua sem muitas palavras, sente que choraria a qualquer momento. — Aqui a nossa bebê — agora, é a vez da Toki aparecer no vídeo. Ela, por sua vez, é a miniatura dela. Tem os mesmos olhos grandes e marcantes da mãe.
  — Cadê minha linda garota?! Oi, princesinha do papai! — brinca com a menina, pela tela do computador, e a mesma ri, pois reconhece o pai. — Amor, eu tenho que ir — diz , num tom de pesar. franze o cenho em tristeza.
  — Tudo bem, amor. Quando terminar o show, avisa. Eu ligo de novo — ela diz e ele apenas concorda, tentando sorrir. quase morre de dó toda vez que tinha que se despedir dele assim tão de repente.
  Após desligar, percebeu que o cenário atrás da esposa era diferente do de sua casa, mas resolveu ignorar. Lava o rosto e termina de se arrumar para o show.
  O show começa e o público como sempre vai ao delírio quando a banda sobe ao palco. No meio do show, eles sempre param para conversar com o público. Durante esta pausa, Kohshi lembra-se de algo que precisa fazer.
  — Já volto! Dois minutos!
  Fala o rapaz, ao ser questionado pelo para onde iria. Menos de dois minutos depois, ainda fala com o público, quando Kohshi fala baixinho ao microfone, interrompendo o amigo.
  — Voltei. Por favor, não gritem, para não assustar nossos convidados — fala, num sussurro.
  — Convidados? — questiona-se para si mesmo, curioso. Ele nem imagina a surpresa que terá em instantes.
  — Olha quem está aqui! — diz Kohshi, surgindo ao palco com Hero e Toki um em cada braço.
  — Ah, meu Deus! — espanta-se , sentindo que irá chorar e deixa as lágrimas caírem. Hero está com uma roupa igual à do pai, já Toki usa um vestido da mesma estampa. O público grita, de início, mas logo param para não assustar as crianças.
  — Meus sobrinhos são lindos, não são? — gaba-se Take, vaidoso e completa: — Mas a minha afilhada é a mais linda!
  Take é padrinho da Toki. Já Hero é apadrinhado pelo Kohshi.
  — Vai com o papai, Hero! — diz Kohshi e entrega o garotinho para , que o carrega ainda chorando.
  Toki está um pouco assustada com a quantidade de luzes e sons diferentes no local, mas, assim que reconhece o pai, abre um enorme sorriso e estende os bracinhos para ele.
  — Ai, que fofa! — Kohshi ri com a fofura da sobrinha. Take a carrega e a garotinha fica brincando com o fone de ouvido, usado para ouvir o retorno das músicas, que o padrinho usa.
  — Amor! — entra no palco e o público não resiste e aplaude sua entrada. Ela agradece e cumprimenta os irmãos e os demais amigos. Mas, ela quer mesmo é abraçar o marido. Está fervendo de saudades. — Que saudades, minha coelhinha! — fala ele no ouvido dela, que sorri. Eles se beijam rapidamente, pois Hero começa a puxar o cabelo da mãe. Ela o carrega que logo a abraça, aninhando-se em seu ombro.
  — Gostou da surpresa? — indaga , sorrindo.
  — Muito! Você disse que só viria no último show e, mesmo assim, não era certo. Ai, ! — ela sorri, pois teve que encenar bem para que não desconfiasse da armação. Todos sabiam que ela iria, menos . — Obrigado, pessoal! — ele diz ao microfone. — Gostaria de agradecer a todos, na frente do nosso público. A correria com os shows não nos deixou ficar tão perto deles — refere-se a e aos gêmeos — como a gente gostaria, mas hoje vamos matar essa saudade. E que bom que podemos fazer isso com vocês — aponta para o público que vibra — como testemunhas. Muito, muito, muito obrigado! — curva-se para o público e depois para os amigos de palco. Ele ainda está emocionado, algumas lágrimas ainda caem.
  — Agora temos que ir, te vejo no camarim, amor — afirma e o beija. Hero está gargalhando, pois Kohshi faz caretas para ele.
  A mulher sai do palco, junto com os gêmeos, e o show prossegue.

  Minutos depois…
  Empolgado pela visita dos filhos e esposa, fica distraído demais. Em um dos seus costumeiros saltos dos pequenos palanques que há no palco, ele pisa em falso e sente seu pé rodar, caindo em seguida no chão. De imediato o show é interrompido. vê o marido cair e entra no palco afobada, deixando os filhos com a mãe de que também foi ao show. A mulher observa o filho se contorcer de dor ao chão.
  — ! Você está bem? Ai, meu Deus!
   se agacha ao lado dele. está suado por causa do show, seu rosto molhado também pelas lágrimas de dor que escorrem de seus olhos, sem parar, está vermelho e retorcido numa careta de dor. Ela segura a mão dele, enquanto o médico de plantão que estava na casa de show adentrou com mais dois enfermeiros.
  — Ahh!! — geme ao sentir o leve toque do médico em seu tornozelo.
  — Não se mexe muito, , pode piorar — aperta a mão dele, transmitindo força.
  O processo de transporte de até o hospital mais próximo é doloroso para o rapaz. O tempo ao seu lado, a mulher acompanha o marido até o hospital, fica o aguardando terminar o raio-x que comprova a suspeita de fratura do médico. terá que ficar alguns dias com o gesso que toma de seu pé até abaixo do joelho. Já no quarto, só aguarda o médico aparecer para lhe dar alta. Uma enfermeira termina de ajudar o rapaz a deitar-se confortavelmente na cama.
  — Obrigado — agradeceu ele, educado.
  — Gosto de ajudar homens que nem você — comenta ela, um pouco animada demais e com a mão repousada no braço de , que a olha incisivo.
  — Não entendi — se faz de desentendido. Sabe perfeitamente do que ela fala. — Eu sou casado e amo minha esposa — completa ele com a voz firme.
  — Hm, que pena — ela diz e solta o braço dele. relaxa ao ver ela soltá-lo, mas fica tenso logo em seguida ao ver a moça sentar ao seu lado e prendê-lo na cama.
  — O que está fazendo?! — espanta-se ele. — Sai da minha cama!
  — Um beijo não lhe fará mal… — a moça, atrevida, puxa de uma vez e o beija. Sem corresponder, reluta.
  — O QUE SIGNIFICA ISSO, HAYASHI?! — ouve a voz de sua esposa ressoar por todo o quarto, se bobear, por todo o hospital.
  —  ! Amor, eu não… — afastando a enfermeira, se recompôs aflito. anda na direção da cama e puxa a enfermeira, dando-lhe um empurrão. — ! — agoniado em ver a esposa empurrando a enfermeira e levando um puxão de cabelos, tenta se levantar para ajudar, mas acaba sentindo uma forte pontada na perna que o faz voltar a sua posição original.
  — ! — exclama ao ver ele tentando se levantar e, voltando-se para enfermeira, ela fala: — Vai embora, agora! Antes que eu destrua seu rostinho, garota! — assustada, a enfermeira deixa o quarto correndo. — Você está bem, amor? Está com dor? — questiona ela a .
  — Está doendo um pouco, já vai passar — responde ele ainda fazendo uma careta de dor.
  — Ótimo — em seguida, dá um forte tapa no braço do marido que a olha assustado. — Isso foi pelo beijo na enfermeira! Eu vi, !
  — Isso dói, , calma. Eu não queria beijar ela… você estava me espionando, não estava?
  — Claro que sim, vi toda a ceninha.
  — Então você sabe que eu não queria beijar ela.
  — Sei — responde ela, emburrada.
  — Então, por que me bateu?
  — Porque estou com raiva por você ter levado muito tempo para afastá-la dos seus lábios, — diz ela cheia de birra e ciúmes na voz. ri da reação dela e a puxa para si.
  — Ciumenta — o rapaz dá um beijinho no rosto emburrado de que intensifica o bico que fazia.

  Minutos depois, o médico deu alta para dando-lhe algumas recomendações para recuperação mais rápida.
  Kohshi e Take aguardam do lado de fora do hospital e ajudam o amigo a entrar no carro. Rapidamente, todos estão no apartamento do casal. A mãe de prepara um jantar delicioso para todos, está feliz por ter seu filho bem e em casa. Depois do jantar, quer levar sua sogra até em casa, mas a mulher diz que seu marido a buscaria.
  Logo apenas , e os irmãos estavam no apartamento. E os gêmeos já estão adormecidos em seu quarto.
  Ninguém sabe como, ninguém sabe porque, mas Kohshi e começam a se provocar.
  — Aposto que você não consegue carregar o , maninha — desafia Kohshi, rindo.
  — Está me desafiando, Kohshi? — pergunta , com o olhar suspenso.
  — O que acha? — diz Kohshi, rindo da cara de desafiada que a irmã faz.
  — Achei que tinham parado com isso — diz Take, rindo.
  — Não precisa me carregar, amor — está com medo de ser derrubado ou de se machucar.
  — Faço questão... — ela carrega , com dificuldade, e todos riem, pois eles dois quase caem.
  — Você está bem, amor? — pergunta .
  — Estou e você? Seu pé? Ai, desculpa, … — diz ela muito arrependida em ter caído na provocação do irmão. — Tudo culpa sua, Kohshi! — brada ela.
  — Eu não fiz nada! — defende-se ele rindo muito.
  — Você fica me provocando, !
  — Basta não cair, ué! — defende-se Kohshi, rindo e levando tapas da irmã. — Para, sua chata! — ele puxa ela e a joga no sofá dando-lhe um beijo no rosto. — Te amo, maninha!
  — Sai, Kohshi! — o rapaz estava fazendo cócegas nela, como nos velhos tempos. — Para, Kohshi! , me ajuda! — a moça ri e todos riem junto se divertindo com as provocações dos dois.
  Todos continuam conversando animados, falando sobre a vida e as mudanças que tiveram nos últimos anos. Isso incluía o casamento de Kohshi com Aimi que estava próximo de acontecer.

Parte VIII – Perdão

  4 anos depois…
   e chegaram hoje de viagem, uma segunda lua de mel que tiveram, proporcionada pelos irmãos da moça que fizeram questão que eles fossem. Apesar de ocupados com suas vidas, os deram esse presente para o amigo e irmã. Kohshi havia se casado com Aimi e, quase dois anos depois, a moça engravidou dando à luz a Kentaro, que hoje tem quase três anos de idade e é muito parecido com o pai. Já Take está namorando a assistente de , que virou assessora de imprensa da banda dos irmãos e marido, Hana, e já planejam casamento para muito em breve.
  Os gêmeos, Toki e Hero, estão com cinco aninhos e bastante espertos. Mesmo estando cercados de amor e tendo o carinho dos pais de , os pequenos questionam sempre que podem pelo avô materno, eles sabem que a avó faleceu há muitos anos, mas querem saber do pai de . A mulher evita dar detalhes do temperamento do pai, que está afastado esse tempo todo, mas não deixa de responder alguns questionamentos dos filhos mesmo que, no fundo de seu coração, não queira que eles tenham contato.
  — Olá, Kaori — diz assim que vê a jovem babá arrumando alguns brinquedos dos pequenos.
  — Senhora , olá — responde ela. — Como foi de viagem?
  — Muito bem — sorri de volta para a moça e estranha o silência na casa onde se mudou com o marido quando os gêmeos fizeram dois anos. — Cadê as crianças?
  — Achei que estavam com a senhora — estranha Kaori, franzindo o cenho. vinha chegando na sala.
  — Como assim? — ergue uma sobrancelha, já aflita.
  — Um homem se disse avô dos meninos e disse que encontraria os senhores no shopping — informa e sente o corpo gelar.
  — Quem… meu Deus, quem levou meus filhos, Kaori?! Fala!  brada ela, nervosa, o corpo trêmulo.
  — Amor, calma — pede , segurando os ombros da esposa.
  — Como posso ter calma, ?! Onde estão nossos filhos? — diz, aflita.
  — Me perdoem, senhor e senhora , ele disse que era avô dos meninos e eles ficaram tão felizes quando o viram que eu… — Kaori está tão nervosa quando
  — Provavelmente foi seu pai, — deduz , aparentemente tranquilo.
  — Ai, meu Deus…
  — Calma, meu amor — ele dá um beijo no rosto dela. — Vamos até a casa dele.

  Katsuo mora na mesma casa luxuosa de sempre.
  Hero e Toki adoraram conhecer o espaçoso jardim da casa do avô, onde podem correr à vontade, não que na casa deles não fosse assim, mas ali era a casa do avô deles. O vovô que eles tanto queriam conhecer. O mais velho brinca com os netos, sorrindo eventualmente a cada travessura dos pequenos. A campainha toca e, segundos depois, surge na sala sua filha e o marido dela.
  — Como ousou fazer isso?! — brada , batendo o pé firme ao chão e se aproximando do pai.
  — Amor… — tenta alcançá-la, mas antes disso, ouviu o chamado dos filhos.
  — Papai!!! — gritam Hero e Toki, correndo pela sala até agarrarem as pernas do pai.
  — Oi, meus amores — carrega Toki em um dos braços e Hero no outro.
  — Graças a Deus — alivia-se , abraçando os filhos no colo do marido e beijando cada um deles.
  — Mamãe, a gente conheceu o vovô ! — diz Toki, feliz da vida.
  — Sim, mamãe, ele é muito legal. Olha o que ele me deu! — Hero mostra o novo casaco que ganhou do avô. olha para a peça sem saber o que dizer.
  — Também ganhei um, mamãe — avisa Toki, mostrando o casaco dela.
  — Foi apenas um presente, , não fique brava com eles — alerta Katsuo, sabendo que a filha irá reclamar. vira o corpo para encará-lo, voltando a ficar com a expressão fechada.
  — Por que os trouxe para cá? Como entrou em nossa casa?
  — Apenas quis conhecer meus netos, já que você me privou disso por cinco anos, não é mesmo? — acusa o homem com um sorriso de canto.
  — Não, não ouse me culpar — ainda trêmula e com a voz falhando.
  — Não discutam na frente deles — alerta , colocando os filhos no chão, as crianças percebem a tensão no ar. — Crianças, vão brincar lá fora, está bem? — pede ele, calmo, e os filhos o obedecem.
  — Não quero você perto dos nossos filhos — diz assim que os filhos deixam a sala. — Você não é boa influencia para eles.
  — Não sou? — Katsuo ri, debochado. — Acha que os levarei para o mundo das drogas ou algo do tipo, ?! — diz, ofendido.
  — — corrigi ela.
  — Verdade, você se casou e nem me convidou para seu casamento.
  — Como se fosse bem-vindo por nós — rebate a mulher, amargurada.
  — Não irei discutir isso com você, ingrata — brada, irritado. — Eu só quero ver meus netos. Tenho esse direito.
  — Você perdeu o direito de vê-los quando os sequestrou de nossa casa — devolve com o dedo apontado para o rosto do pai.
  — Eles adoraram me conhecer, aposto que ocultava minha existência deles…
  — Nunca fiz isso!
  — Senhor , por favor, abaixe seu tom — pede , ainda sem demonstrar alteração de humor. Katsuo encara o rapaz.
  — Não falei com você, rapaz.
  — Sou o marido dela e pai de seus netos — lembra e se põe entre eles. — Portanto, tenho direito de opinar.
  — Tisc, agora tenho que acatar ordens de um desempregado igual aos moleques dos meus filhos.
  — De novo com essa história ridícula? — diz , brava.
  — Você é outra que…
  — Senhor ! — eleva sua voz, recebendo o olhar assustado de Katsuo. — Escuta aqui — o vocalista aponta o dedo para o sogro e o segura pela camisa.
  —
  — Você dobre sua língua para falar de minha esposa, ouviu bem? — diz com aparente calma, mas por dentro seu sangue ferve de raiva. — E eu reforço as palavras de minha esposa: não o queremos perto de nossos filhos. Não é bem-vindo na vida deles.
   solta a roupa do sogro e se afasta, recuperando o fôlego e a compostura.
  — Vamos, amor — ele diz para a esposa, segurando-a pelo ombro e a conduzindo para fora. Katsuo os segue.
  — Se pensam que irei ficar longe dos meus netos, estão muito enganados, ouviram bem?! — esbraveja o mais velho e sente um aperto no peito, pondo uma das mãos no local.
  — ignore, amor — sussurra no ouvido da esposa e eles seguem para fora da casa, carregando os filhos e indo até o carro.
  — Senhor ! — o grito da governanta da casa é ouvido e vira para ver.
  — Pai!
  Katsuo está caído desacordado no chão.

[🌼]

   tinha levado as crianças em casa e agora está indo até o hospital se encontrar com a esposa que foi junto com o pai na ambulância.
  — Vim o mais rápido que pude, querida — diz ele assim que encontra . — Como ele está?
  — O médico disse que ele teve um infarto — responde a mulher, a voz arrastada do tanto que chorou. — Disse também que ele deve evitar estresse e deve tomar remédios regularmente para controlar a pressão — ela suspira.
  — A culpa é minha — diz , atraindo o olhar espantado da esposa.
  — Não se culpe, — pede. — Não poderíamos imaginar e, além do mais, estávamos apenas exercendo nosso direito de pais. Ele fez algo errado, não deveria ter levado nossos filhos assim.
  — Mesmo assim, balança a cabeça, passando a mão pelo rosto. — Não poderíamos…
  — Hey, amor — segura o rosto dele. — Não é nossa culpa, hm? — ela sorri de leve para ele que tenta retribuir.
  — O que faremos a respeito? Ele vai querer ver os meninos novamente e as crianças…
  — Vemos isso depois, está bem?
   apenas concorda com um gesto de cabeça e sorri.
  Algumas horas depois, o senhor é liberado pelo médico juntamente com uma receita de medicamentos e guias de exames que deve fazer, incluindo um eletrocardiograma.
  O casal leva o homem de volta para casa, ele está bastante abatido e calado. Antes dele descer do carro, diz que irão conversar novamente e com calma sobre os filhos e pede para o pai se cuidar.

  Semanas depois…
  A decisão de deixar Katsuo ver os netos regularmente não foi fácil de se tomar. Claro que, além de ver os filhos de Miyuri, o homem pediu para conhecer Kentaro e Kenichi, o filho de Take com Hana, que tem um aninho. Inicialmente, os homens foram totalmente contra a aproximação do pai com seus filhos, principalmente Kohshi que guarda uma mágoa muito grande do pai. Mas, o mais velho foi convencido pela irmã a permitir.
  Hoje é um dia importante para Katsuo, além de rever os filhos após muitos anos, irá passar uma tarde inteira com todos os netos. Ele não poderia estar mais feliz.
  Kohshi, Aimi e Kentaro foram os primeiros a chegar, o garotinho ficou meio desconfiado no início por se tratar de um estranho, mas logo se acostumou com o avô. , e os gêmeos chegaram minutos após, as crianças correram para abraçar o avô, feliz em revê-lo. Take, Hana e Kenichi chegaram por último, o pequeno bastante atirado, logo indo para o colo de Katsuo.
  Faz um lindo dia de primavera na cidade, havia chovido mais cedo, mas o céu agora está com poucas nuvens e faz calor.
  — Eles parecem felizes, não é? — comenta com a esposa, enquanto observam os filhos e sobrinhos correrem brincando com o avô no parquinho do parque onde estão.
  — É estranho vê-lo sorrir — diz , alheia à pergunta do marido.
  — Fala de seu pai?
  — Sim — confirma. — Ele nunca sorriu assim conosco — ela exibe um sorriso amargurado.
  — Pelo menos com os netos ele é gentil — pontua .
  — Mesmo assim ficarei de olho.
  — Não é a única, meu amor — cutuca para que veja os irmãos lançando olhares atentos ao pai. — Está no sangue ser pais corujas.
  — E se precisar seremos leões também — acrescenta a mulher, rindo.
  — Hm, minha coelhinha virou uma leoa? Interessante — eles riem, em sintonia e dá um selinho nela. — Eu te amo.
  — Eu te amo mais, .
  Acontece outro beijo caloroso. Tão caloroso quanto o calor transmitido pelos raios do Sol que aquecem seus corpos. No céu, entre as nuvens, um tímido arco-íris se mostra.
  Depois de tantas frustrações na vida, e podem dizer que estão felizes e que venceram seus medos e inseguranças. Há sempre uma esperança, afinal.
  Depois da chuva, sempre há o arco-íris no céu.

"Eu tenho certeza que em pouco tempo, a luz do sol irá brilhar sobre aqueles que simplesmente nunca desistem
Eu fechei meu olhos, e seu rosto sorridente na minha mente
Gentilmente se tornou minha força para seguir em frente sem hesitar nenhuma vez
Nós podemos ir a qualquer lugar..."
– Niji no Sora, FLOW –

CONTINUA...



Comentários da autora


  Nota: Niji é o meu bombonzinho.
  Eu levei muito tempo para concluir essa história e, depois do baita bloqueio que tive por quase dois anos, terminar ela é uma vitória. Agradeço ao Kei por ter me ajudado e a Paah também por ter me dado uma luz para achar um final para a história.
  ARIGATOU!
  E, Niji é o presente de aniversário do Keigo pelos 46 aninhos dele que se completam hoje dia 01/07/2023. Parabéns, pandinha! <3