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Bruna Magalhães | Revisada por Naty

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Capítulo 1

  E após finalizarem a última música daquela noite de sexta feira, o pequeno público que estava presente explodiu. Eles eram bons, muito bons. E eles tiveram certeza disso depois que os shows em uma das melhores casas do centro da cidade ficaram mais frequentes, perceberam que as pessoas que sempre estavam ali animando a noite junto com eles, iam porque gostavam de vê-los tocar. Aquelas pessoas ali presentes não saiam de suas casas apenas por ser sexta feira, elas saiam para ver a banda Mcfly tocar. Isso era gratificante.   Seriam eternamente gratos ao dono do local, que sempre que possível os chamavam para tocarem na casa nas noites de sextas feiras, transformando o simples hobby dos quatro garotos em um trabalho que os mesmos faziam com prazer. Foi devido a isso que eles voltaram de suas viagens antes mesmo de suas férias acabarem. Tinham esse show agendado há dias e não era uma viagem qualquer que fariam com que eles perdessem essa chance. Quando os quatros estavam juntos em cima do palco, ninguém lembrava que eles eram apenas adolescentes fazendo o que gostam e não uma famosa banda de sucesso como aparentavam. O público os aplaudiram por muitos segundos, arrancando sorrisos longos dos quatro jovens que abraçavam uns aos outros como um agradecimento por terem fechado mais uma noite com chave de ouro.
  - Eles são muito bons. Não sei porque perdem tempo com faculdade, já deviam estar fazendo shows pelo mundo a fora. - comentou, enquanto observava a banda deixar o palco.
  - Meu irmão diz que eles ainda não estão preparados pra isso.
  - Seu irmão é louco, , eles são melhores que muitas bandas de sucesso por ai.
   começou a listar os motivos que os meninos tinham para viver de música, sem perceber que a amiga ao lado, agora, mantinha sua atenção em outro lugar.
  - Eles tocam bem, cantam bem, tem presença de palco, eles estão desperdiçando o talento deles aqui, eu... - Só depois de alguns segundos, foi que percebeu que a amiga não tinha ouvido metade do que ela havia dito. - ?
  - Oi... Quê? - encarou , arqueando a sobrancelha, tentando lembrar o que a amiga havia dito. - Acho que me distrai. - sorriu de canto, sem graça.
  - Jura? - ironizou.
   deixou de encarar a cara de assustada da amiga, levando seu olhar para onde mantinha sua atenção a poucos segundos atrás.
  Bingo.
  - Ah, é ele! -- afirmou recebendo um olhar incrédulo de como resposta.
  - Claro que não, eu nem estava olhando pra lá.
  - E Papai Noel existe. Você acha que engana quem, ? - sorriu recebendo um sorriso de .
  - Que culpa eu tenho se ele é horrivelmente lindo?
  - Você devia falar isso pra ele, não pra mim. Tirando a parte do horrível, é claro.
  - Nunca. Primeiro porque dele eu só quero distância, de qualidade ele só tem a beleza. Segundo porque seria perda de tempo, não tenho chances ali. Terceiro, esqueceu que sou irmã do melhor amigo dele?
  - E o que tem?
  - E que ele curte mulheres mais velhas. Meu irmão é um fofoqueiro de primeira, não perdoa nem os detalhes. - fez careta parecendo lembrar de algo.
  - Talvez ainda não apareceu à oportunidade pra ele te dar a famosa chance. - brincou arrancando mais um sorriso da amiga.
  - Amiga, a gente só discute. Não conseguimos conversar um minuto sem discordar de algo. Por isso ate evito contato quando ele vai em casa.
  - É que vocês ainda não tiverem um momento a sós.
  Um dos defeitos de , era ser insistente demais. Não da pra ela ouvir um não e ficar quieta, ela sempre quer dar um jeito em tudo.
  - Só se for para um matar o outro.
  - Pode ser, amiga, quem sabe? Você ter muitas armas para matá-lo, não parece uma má ideia. E não é de perder a vida que eu estou falando.
   gargalhou percebendo o duplo sentido na frase da amiga. Sabia muito bem o que ela queria dizer e só a ideia já despertava seus pensamentos impuros.
  Controle-se, .
  E quem foi o culpado por tirar a atenção de e ser o assunto da conversa dela com a melhor amiga, estava sentado na mesa ao lado do balcão, com os seus amigos. Vestido com uma blusa branca, coberta por uma jaqueta preta e uma calça da mesma cor.
  Estupidamente lindo.
  , conversava com seus amigos enquanto finalizava sua quarta cerveja da noite. A cada show, eles subiam ao palco como se estivessem participando de um festival de bandas, a cada apresentação eles davam o melhor de si. Não importava o local ou a quantidade de pessoas que estavam ali, se tivessem apenas cinco pessoas presentes em algum show deles, elas assistiriam ao mesmo show que eles fariam se estivessem tocando para milhares de pessoas.
  E naquela noite, em especial, aquele show foi diferente. O show foi o motivo para que pedisse a quinta cerveja da noite. Ele estava comemorando, só não sabia o quê.
  Na mesa que se encontrava com os amigos, o que faltava não era assunto. Agora, falavam de Kimberly, a menina da cidade vizinha que vivia arrancando suspiros de , que devido a isso, era motivo de piadas entre os amigos.
  - Eu já te falei, cara, você pode chegar lá e encontrar uma surpresinha. - continuou, fazendo os dois companheiros gargalharem enquanto revirava os olhos.
  - Vocês estão com inveja. Ela é a mulher mais linda que eu já conheci. Ou melhor, vou conhecer. - sorriu, contente ao lembrar de quem eles estavam falando.
  - Ou o homem mais lindo, quem sabe. - provocou.
  - Nossa, eu não aguento essa inveja de vocês, juro.
  - Você fala como se fosse o Brad Pitt. Vamos acordar desse sonho louco que você se encontra, bebê, vamos?
  - Menos, , bem menos. Mas vocês estão com inveja sim, porque eu vou viajar novamente. Estou mentindo?
  - Eu irei viajar de novo, meu querido, o também. - respondeu, sorrindo só de pensar na viagem.
  - Já eu, vou dormir todo o restante dessas férias. - disse animado, como se dormir fosse melhor que passar uma semana em qualquer cidade do mundo.
  - Que morte horrível. Por que não viaja com os seus pais? Se você quiser ir pra Marte eles te levam sem questionar. - questionou.
  - Pra ficar parando em frente árvores ou casas pra tirar fotos que serão mostradas nos almoços em família depois? Não, muito obrigado.
  - Você pode viajar sozinho. - sugeriu.
  - Já aproveitei minhas férias o suficiente. Prefiro ficar em casa com o meu violão, será mais divertido.
  - Ou você pode visitar algum asilo. Sabemos que você curte conhecer umas senhoras, não é mesmo? - perguntou, arrancando gargalhadas dos amigos.
  - Você por acaso almoçou palhacitos hoje? - perguntou enquanto revirava os olhos pelo o que o amigo havia dito.
  A expressão de arrancou boas gargalhadas dos amigos antes de encerrar aquele assunto sobre as férias do mesmo.
  Quer dizer, pelo menos ele achava que havia acabado.
  Enquanto, e riam de algo que comentavam entre si, o ambiente cheio tomou a atenção de e de , que observava locais diferentes da casa.   Algumas pessoas dançavam descontroladamente as músicas tocadas pelo DJ da casa, que finalizava os shows de todas as noites. Outras, se agarravam pelos cantos do local ou enchiam a cara com copos e mais copos de bebidas, enquanto a maioria apenas dançavam tranquilamente, buscando se divertir da melhor maneira possível.
   era uma dessas pessoas que apenas dançavam tranquilamente pela pista. Embora sua vontade fosse de encher a cara, como a amiga, ela se contentava apenas com um copo de refrigerante em mãos. Seu irmão estava lá, lembrará da ultima vez que a viu bêbada, não queria mais um vexame como história pra contar para os seus netos.
   estava comportada demais do outro lado, mas mesmo assim não parava de observar a irmã. Se ela aprontasse algo, ele seria o primeiro a ver e o único a surtar. Certeza.
  E foi a observação compulsiva que fez com lembrasse de um grande detalhe de sua viagem.
  - Meu Deus, eu esqueci completamente da minha irmã. - falou, quase gritando, tomando a atenção dos amigos que observavam qualquer outra coisa.
  - Como? Você não para de olhar pra ela. - perguntou, usando um tom irônico em sua fala.
  - Eu vou viajar e os empregados estão de férias. Ela não pode ficar sozinha. - Explicou.
  - Você fala como se sua irmã tivesse cinco anos de idade. Ela não é mais criança.
  - , você fala isso porque não conhece a minha irmã. Ultima vez que ela ficou sozinha em casa ela deu uma festa. No outro dia, tinha garrafas de bebidas e pessoas espalhadas por todos os cantos.
  - Você pode arrumar alguém que não vai fazer nada nesses dias pra ficar lá com ela. - sugeriu e imediatamente os olhares dos três jovens foram em direção onde se encontrava.    sorriu em deboche, mostrando o dedo do meio pro amigo ao perceber que estava se referindo a ele. Porém, seu sorriso desapareceu quando ele percebeu que os seus amigos ainda o encaravam.
  Eles estavam falando sério?
  - Não, não e não. Vocês não estão pensando quê...
  - , você é a minha esperança. - o interrompeu, animado com a possibilidade.
  - Espera ai, amigão. Eu não tenho vocação pra ser babá, não.
  - Você mesmo disse que ela não é mais criança. Você só precisa fazer companhia pra sister do nosso brother, que amigo não faria isso?
  - O te ensina como ferver o leite, amigão.
  - Vocês me odeiam, né? - Olhou para e , que apenas soltavam seus comentários desnecessários e riam da situação- Vocês estão me ajudando muito.- Revirou os olhos, entediado.
  - , eu te pago, compro uma nova guitarra pra você, te arrumo a minha tia solteirona, mas por favor, me ajuda. - suplicou.
  - Então por que você não paga outra pessoa?
  - Porque eu confio em você. Com você na minha casa eu posso viajar despreocupado. E eu não tenho mais tempo pra conseguir uma pessoa confiável, é só por alguns dias.
  E ficaram ali por minutos tentando convencer a ajudar o amigo. sabia que não seria uma boa ideia ficar sob o mesmo teto que , porém, era o seu melhor amigo que estava pedindo. Sabia que se fosse o contrário, ficaria com seu irmão mais novo sem questionar. Não estranharia chegar em casa e encontrá-los rodeados por brinquedos e doces.   Talvez não seria tão ruim como pensara. A casa de era enorme, poderia muito bem ficar em um cômodo qualquer e agir como se não existisse. Pelo menos ele estaria lá, não por vontade própria, mas para ajudar o seu melhor amigo.
  E, depois de minutos de conversa entre os melhores amigos, das piadas sem graças de e do , encarou , perguntando apreensivo como se aquelas fossem as suas ultimas palavras.
  - E ai, , eu posso contar com você? -   , que se encontrava concentrado em seus pensamentos olhou pro amigo, com cara de cachorro que caiu da mudança, sentado em sua frente.
  - Eu tenho outra escolha?

Capítulo 2

  - Como assim viajar sozinho? - perguntou quando o irmão terminou de falar.
   não havia parado de falar até ouvir o grito do seu irmão por cima de suas falas.
  Quando desceu pro café da manhã daquele dia sem graça, encontrou com duas malas no corredor. Elas não fizeram surtar tanto, afinal, ela nem havia desarrumado as suas ainda, levaria as mesmas roupas sem problemas. Mas, ouvir do irmão que ela não estava incluída na viagem, foi o que fez o seu sangue ferver.
  - Eu vou pra casa da Kimberly, não da pra você ir comigo. - explicou.
  - E eu vou pra onde? Você não pode me deixar aqui sozinha, os empregados estão de férias. Podem roubar as nossas coisas, podem me sequestrar... Eu posso ser assassinada enquanto você esta se divertindo com uma loira oxigenada que você sequer conhece pessoalmente, sabia? - O drama pingando em suas palavras.
  Fazia mais de dois anos que e moravam juntos, sozinhos. Seus pais, modernos como são, não viram nenhum problema em deixar os dois filhos morando sem eles. Por serem atores de sucesso, os pais de dificilmente tinham um lugar fixo para morarem. Por isso, para evitar que os filhos trocassem de casa a cada quatro meses, decidiram deixá-los na cidade que até então era onde viviam. Com a condição de encher a casa de empregados, é claro.
  - Eu já pensei em tudo isso. - beijou a testa da irmã, pegando as malas em seguida e se dirigindo para a saída da mansão. - Agora preciso ir porque já estou atrasado.
  Não dar ouvidos para o que falava era a melhor opção, sabia muito bem que ela discutiria até cansar e no final não resolveria nada.
  - Mas, ... - foi interrompida pelo barulho da porta que foi fechada por após o mesmo sair. - Eu odeio você! - gritou após jogar o cinzeiro que ficava na sala de estar na porta.
  Se jogou no sofá, sentindo o celular que estava no bolso vibrar.
   lê pensamento? Foi o que pensou.
  - Amiga, eu ja ia te ligar. Eu preciso da sua ajuda. - atendeu, mostrando o seu desespero.
  - O que aconteceu? - respondeu do outro lado da linha.
  - Você acredita que meu irmão viajou pra casa da siliconada que ele vive trocando mensagem e me deixou aqui sozinha?
  - E por que todo esse drama?
  - Porque os empregados estão de férias e eu odeio ficar só. Pior que ele é tão filho da puta que só foi me avisar da viagem agora.
  - Você podia ter viajado também.
  - Pois é... Ou eu poderia ter ficado com os meus pais e não ter voltado por causa da droga de um show.
  - Você quer ficar em casa? - sugeriu. - Pelo menos você não vai estar só.
  - Eu acho que meu irmão vai pedir pra alguma das empregadas voltar pra casa antes, ele disse que tinha pensado em tudo. De qualquer forma, obrigada. Mas quero que você venha pra cá hoje.
  - Estou na casa do meu avô, chegando em casa eu vou.
  - Tudo bem, beijos. - Foi o que respondeu antes de finalizar a ligação.

XXX

  " Você possui uma nova combinação."

  O tinder nunca esteve tão interessante. não havia levantado daquele sofá desde a hora em que saiu. Os cacos do cinzeiro quebrado ainda estavam em cima do tapete bordado.
  Não que precisasse de um aplicativo para encontrar alguém, mas era o que tinha pra se distrair no momento. E estava funcionando, já havia dado risada de tantas descrições e das falhas tentativas dos garotos em puxar papo que às vezes até esquecia que estava com raiva.
  Porém o tempo passou tão rápido que o tinder que estava legal, já havia se tornado entediante. Mas não tinha muitas opções.
  Facebook? Tedioso.
  Whatsapp? Tédio ao quadrado.
  Sair de casa? Ela estava sem motorista. E sua coragem não era suficiente para discar alguns números e chamar um táxi.
  E pra onde iria? sua única amiga que ela sabia que poderia contar a qualquer momento estava na casa do avô, do outro lado da cidade. Mas pelo menos ela havia prometido que viria pra sua casa mais tarde.
  E foi o barulho da campainha que fez com que abrisse um enorme sorriso.
  Havia pensado que a amiga demoraria um pouco mais.
  Se levantou e foi em direção a porta, ainda de pijama, mas vestindo o melhor sorriso que tinha. Porém, após abrir a porta o seu sorriso se desfez, sua raiva de minutos atrás voltou para o fundo dos seus olhos.
  - O meu irmão não está em casa.
  Falou pra um parado em sua frente, com um sorriso quase maior que o dela de segundos atrás.
  - Bom dia pra você também, .
  - Bom dia, meu irmão não está em casa. - Repetiu as palavras de antes.
  - Isso eu já sei. - mantinha o seu sorriso nos lábios.
  - Então o que você está fazendo aqui?
   mantinha o seu olhar bravo e a sua cara de poucos amigos, mas de maneira alguma isso intimidava .
  Ele olhava pra como se ela fosse uma criança fofa, chateada com algo.
  Mas ela não era mais criança.
  Nem fofa.
   tirou seus olhos do rosto de para observá-lo por completo.
  Não foi uma boa ideia.
  Ao observar uma pequena mala no chão ao lado de e a cara que ele mantinha como se estivesse indo pra uma acampamento de férias após ter passado de ano no colegial, fez com que arregalasse os olhos como se tivesse visto um fantasma.
  Era inteligente demais para ligar os fatos: primeiro, seu irmão diz que já pensou em tudo, e agora o melhor amigo dele aparece em sua casa com uma mala.
  Não.
  Meu Deus.
  Não, meu Deus!
  - Você não está pensando quê...
   falou quase gritando, mas foi impedida de continuar por , que parecia saber exatamente o que pensava e tratou de acabar logo com as dúvidas da garota. Se é que ela tinha alguma.
  - Pronta pra viver os melhores dez dias da sua vida?

Capítulo 3

  - Você não pode estar falando sério. - resmungou, sem desfazer a cara de inconformada que possuía.
  Enquanto isso, arriscava algumas notas no violão que encontrou no quarto de visitas, onde guardou suas coisas. Havia subido as escadas, deixando uma furiosa na sala, que xingava baixinho coisas que ele não conseguia ouvir.
  Deitou no sofá acompanhado pelo violão, começou tocar uma música qualquer só para que o tempo passasse mais rápido.
   continuou parada por longos minutos apenas observando toda aquela cena e vendo que a sua presença ali não mudaria em nada, subiu as escadas usando uma certa força em seus passos, que causou uma boa gargalhada em .
  Se ele foi para aquela casa com a intenção de tirá-la do sério, ele estava conseguindo.
  - Não acredito que você fez isso comigo, eu vou te matar. - gritava ao telefone, com o do outro lado da linha, mostrando o quanto estava feliz com a atitude do irmão.
  - , você ta louca? Do que você ta falando? - Perguntou confuso.
  - O que você tinha na cabeça quando chamou ele pra vir pra cá? Eu não preciso de ninguém pra cuidar de mim.
  - Ah, o ... - Lembrou do amigo. - Mas você mesma fez um drama quando soube que ia ficar sozinha em casa.
  - Seria bem melhor ficar sozinha do que com ele. Você sabe que a gente se odeia, .
  - Ótimo, aproveitem este tempo juntos e façam as pazes, ele é como um irmão pra mim, logo, é como se fosse seu irmão também. Agora eu tenho que desligar, depois conversamos, um beijo. - Avisou antes de finalizar a chamada.
  A raiva que estava sentindo pareceu aumentar após a conversa com o irmão, ela precisava fazer alguma coisa para mudar aquela situação.
  Como ideias era o que não faltavam na mente de , não demorou muito para que ela tivesse um plano em sua cabeça.
  - Amiga, ainda vai demorar muito pra você vir pra cá? - Falou após discar o número da em seu celular e ouvir a voz da amiga do outro lado da linha.
  - Acho que não. Aconteceu alguma coisa?
  - Alguma coisa? Aconteceu a pior coisa que poderia ter acontecido. Você acredita que o meu irmão pediu pro ficar aqui em casa enquanto ele está viajando?
  - Não acredito. - gritou demonstrando sua empolgação. - Vou dar uns beijos no seu irmão depois dessa. - Brincou, aumentando a raiva da amiga.
  - Você ficou maluca? - perguntou incrédula- Eu quero o longe daqui o mais rápido possível. Trocamos poucas palavras e ele já me estressou mais que a minha tpm.
  - Mas você vai ter que suportá-lo até a volta do seu irmão. Sinto muito, mas você não pode fazer nada.
  - Quem disse que não?
   conhecia tão bem a amiga que só a sua risada após terminar de falar, já deixava a entender que ela estava aprontando.
  - , pelo amor de Deus, o que você vai aprontar?
  - Nada de mais, só vou fazer uma festa aqui em casa, amanhã.
  - Amiga, você enlouqueceu? A última vez que você fez uma festa ai, você levou uma bronca do seu irmão e ainda ficou sem cartão de crédito por um bom tempo. - Lembrou a amiga, a última festa não havia deixado boas recordações.
  - Não exagera, agora eu posso colocar a culpa no meu irmão por ter me deixado sozinha. - realmente havia pensado em tudo. E sabia que dessa vez nada ia dar errado.
  - Esqueceu do ? Ele não vai querer ficar mais um segundo ai assistindo as suas loucuras.
  - Essa é a minha intenção. Fico de castigo quando o voltar, mas fico livre do mala do antes disso. Eu vou sobreviver. - Brincou, fazendo com que a amiga gargalhasse do outro lado. - Convide o pessoal de sempre que eu vou adiantando as coisas aqui. E vê se não demora.
  Finalizou a chamada sorrindo para as paredes. Já que seu irmão viajou, ela também ia fazer com que o final de suas férias fossem bem aproveitadas.
  O lado bom de conhecer uma boa parte das pessoas daquela cidade era que não precisava se esforçar muito para conseguir o que queria.
  Apenas uma ligação foi necessária para que conseguisse comprar uma grande quantidade de bebida. Já tinha os seus contatos devido a festas passadas e tudo foi tão rápido que, quando percebeu, o seu pedido já estava sendo entregue.
  Desceu as escadas com certa pressa para abrir a porta, observou que permanecia deitando no sofá, agora, com o violão deixado de lado.
  Direcionou os rapazes para que colocassem todas as caixas de bebidas na dispensa, quando voltou pra sala, já estava encostado na parede ao lado da porta.
  Ele não disse nada até que recebesse toda sua compra e fizesse o pagamento, mas foi só o pessoal da entrega sair e andar em direção as escadas, que o silêncio de teve fim.
  - Seu irmão sabe que você compra essa enorme quantidade de bebidas, mesmo sendo menor de idade? - A cada palavra que dizia, se aproximava mais da garota, que parou seus passos assim que ouviu a voz do mesmo.
  - Ele não precisa saber disso.
  - Que você bebia, eu até desconfiava, mas acho que você exagerou na quantidade da compra de bebidas. - Não havia dúvidas de que o tom de voz que usava para falar com era para provocá-la.
  - Uma festa sem bebidas não é uma festa, meu querido. - Resolveu entrar no jogo que estava fazendo.
  - Festa? - Perguntou confuso.
  - Isso mesmo. Vou dar uma festa aqui em casa, amanhã. Ainda bem que tocamos no assunto, quase que eu me esqueço de te convidar. - Foi irônica, vendo a expressão de mudar à cada palavra que saia de sua boca.
  - Você ficou maluca? Não vai ter festa nenhuma aqui. - Respondeu sério, mas isso de maneira alguma intimidou a garota.
  - E quem vai me impedir? Você? - O observou de cima a abaixo.- Ah, pelo amor de Deus.
  - Seu irmão me pediu para ficar aqui por causa dessas suas atitudes infantis. Eu não vou permitir que você destrua a casa do meu amigo, trazendo todos os intrusos da cidade pra cá.
  - O único intruso aqui é você. - Apontou o dedo na cara do rapaz que já estava bem próximo dela. - E essa casa também é minha. E eu não to nem ai pro meu irmão, e só se ele chegasse aqui agora e me deixasse presa dentro do quarto que eu poderia até pensar em desistir da festa.
  - Seu irmão não está, mas eu estou aqui.
  - Se enxerga, , quem você pensa que é? Você não pode me impedir de fazer nada. Você não manda em mim.
   já se preparava pra começar a subir os degraus, mas foi impedida por uma das mãos de , que puxou seu braço fazendo com ela ficasse cara a cara com o rapaz.
  Ela não estava esperando aquela reação dele, e isso, de certa forma a intimidou.
  - Se eu fosse você, eu não teria tanta certeza assim. - Respondeu olhando nos olhos de , que estava próxima demais.

Capítulo 4

  A cada minuto que se passava, se arrependia amargamente do que havia feito. Não conseguia entender por qual motivo ela ficou sem palavras na frente de e tinha certeza que agora ele estava rindo da sua atitude em subir as escadas correndo, sem dizer uma palavra sequer.
  - Oi, cheguei. - entrou no quarto, interrompendo os pensamentos da amiga, que estavam bem distantes. - Tá tudo bem? - Perguntou ao ver amiga pensativa.
  - Não, eu quero aquele idiota longe daqui. Por que ele simplesmente não desaparece? - Disse deixando claro a sua irritação.
  - Vocês não o suporta mesmo, né? Por falar nele, ele já sabe da festa?
  - Ele viu quando comprei as bebidas e ainda teve a coragem de falar que eu não ia fazer festa nenhuma na casa do "melhor amigo dele". - Fez aspas com as mãos enquanto revirava os olhos.
  - E deixe-me adivinhar: vocês brigaram.
  - Sim e teríamos brigado mais ainda se eu não tivesse saído de lá feito uma louca.
  - Mas você ainda vai fazer a festa? Eu já convidei o pessoal.
  - Claro que sim. Ele não manda em mim.
  Depois que e resolveram os últimos detalhes da festa, foram pra cozinha em busca de comida.
  No caminho, percebeu que o tapete da porta de entrada estava limpo, livres dos cacos que ela tinha deixado ali. Mas, o que realmente chamou sua atenção foi o cheiro que suas narinas reconheceram. Alguém estava preparando uma macarronada.
  Seu sorriso poderia ter permanecido por mais tempo em seus lábios se ela não tivesse avistado assim que entrou na cozinha.
  - Oi, . - o cumprimentou novamente, já tinha o encontrado quando chegou na casa.
  - Oi, . - Sorriu para a menina, encarando logo em seguida. - Oi, . - Foi educado, recebendo em troca uma cara feia da garota.
  - Olha só, eu não quero papo com você, não quero olhar pra você, não quero nada que venha de você, entendeu? - Respondeu brava, enquanto ia em direção ao fogão com um prato em mãos.
  - Engraçado que você diz que não quer nada que venha de mim, e no segundo seguinte já esta de olho no meu macarrão. - provocou, enquanto assistia a fúria nascer nos olhos de .- Não sabia que você era bipolar, . - Arqueou as sobrancelhas, demonstrando surpresa.
   e até tentaram segurar a risada quando viram a cara de poucos amigos de , mas, assistir a garota ir ate o armário, pegar um pacote de macarrão instantâneo e uma panela com pouca delicadeza, foi o suficiente para que os dois gargalhassem.

xxxx

  Se você não consegue vencer o seu inimigo, então junte-se a ele!
  Talvez tenha sido nisso que havia pensado para estar ajudando na organização da festa. O sábado acabou rápido demais e o domingo havia chegado trazendo com ele uma manhã ensolarada.
   não lhe dirigiu a palavra desde o dia anterior, enquanto , não ficava calada por um só segundo.
  Sabia que não aprovaria aquela situação. Mas o que poderia fazer? Já que ele estava na chuva, a sua única opção era se molhar.
  A noite chegou e junto com ela chegaram os convidados da festa. Parece que havia convidado todos os jovens daquela cidade, ainda era cedo e a casa já estava lotada.
  No segundo andar, terminava de se arrumar. Decidiu usar um vestido preto que deixava uma boa parte do seu corpo à mostra e com ajuda da amiga, caprichou na maquiagem.
  Desceram, foram em direção à cozinha em busca de bebidas e permaneceram lá por um bom tempo, perdendo tudo que estava acontecendo na festa. já havia perdido as contas de quantos copos de bebida ela já havia ingerido, mas ela não estava se importando nem um pouco com isso.
  Já bêbada, decidiu que era hora de aproveitar a festa. Havia bêbados espalhados por todos os lugares, adolescentes se agarrando pelos cantos e pessoas que com certeza ela não conhecia, ou não lembrava porque estava bêbada demais, dançando no local.
  De longe ela avistou um rapaz conversando com algumas pessoas no canto da sala, provavelmente ela era o cara mais gato que ela tinha visto naquela noite.
  - , ? - Puxou amiga que conversava com as algumas pessoas do seu lado. - Quem é aquele cara ali?
   observou a pessoa que a amiga apontava e voltou o seu olhar para , pra ver se achava alguma ironia nas suas expressões.
  - Você tá zoando, né? - Perguntou vendo a amiga ficar confusa.- Aquele é o , . - Esclareceu.
  - Quero saber o que ele fez pra ficar tão lindo assim. Ela tá maravilhoso, um gato, um espetáculo. - Comentou sem desviar o olhar do garoto.
  - E eu quero saber o que você bebeu pra tá falando essas coisas. Você já esta bêbada, amiga? - Questionou mesmo já sabendo a resposta.
  - Só estou feliz, a bebida me proporciona visões maravilhosas.
  - Que visões, ?
   nunca iria se acostumar com bêbada. Cada porre da amiga era uma surpresa pra ela.
  - Consigo ver o em dose dupla. Se um já é bom, imagine dois... Gostei disso, vou beber mais vezes. - Respondeu embriagada, em seguida, terminou de consumir o restante do líquido que tinha na garrafa que estava em suas mãos.
  - Amiga... – bateu palmas na frente dela para chamar sua atenção. - Aquele ali é o , o menino que você odeia, o melhor amigo do seu irmão que só te irrita, lembra? - Falou como se dissesse tudo aquilo para uma criança.
   olhava pra tudo e pra nada. Mesmo estando praticamente grudada na amiga, sabia que não tinha prestado atenção em nada do que ela tinha dito.
  - Eu vou lá. Vou. Eu vou lá, amiga. - Não falava coisa com coisa, enquanto apontava o dedo em direção aonde estava. - Vou lá perguntar se ele tem cachorro, porque meu número quer o telefone dele. - Olhou pra como se pedisse permissão.
   não sabia se ria ou se chorava, pelo que estava falando.
  - Você enlouqueceu de vez. - disse enquanto observava a amiga caminhar em direção ao cara que, segundo ela, estava um gato, um espetáculo.
  Só depois de alguns segundo que percebeu que estava ao seu lado, parecendo prestar atenção no que ele conversava com alguns rapazes que conhecera naquela noite.
  Sua cara de surpresa pela presença de ali, fez com ela acordasse do seu transe e começasse a falar.
  - Eu preciso falar com você. - Gritou devido ao seu estado e pela música alta que tocava no local.
  Saiu andando em direção a saída da casa, percebeu que a seguia. Quando já estavam longe de toda aquela bagunça ela parou e esperou o rapaz se aproximar dela.
  - Então... - quebrou o silêncio, esperando a menina falar o que ela queria dizer.
  - Hoje não é seu parabéns, mas você ta de aniversário, hein... - Falou embriagada, fazendo o possível para não cair no chão. -
  - É, Deus, você tem me testado. - Falou mais para si mesmo do que para , rindo em seguida do estado da garota em sua frente.
  Sabia que, pelo estado de , nada que ele falasse ali ia adiantar. Se tinha uma coisa que ele entendia, era de bêbados. Já cuidou do , do e do em situações piores que a de . Por isso sabia que o melhor a se fazer era ficar calado.
   também não disse nada, mas se aproximou do garoto e envolveu suas mãos no pescoço do mesmo.
  - O que você tá fazendo, ? - Quebrou o silêncio, sendo pego de surpresa pela atitude da garota.
  - Eu quero te beijar! - Tentou chegar mais perto de , que se afastou logo em seguida.
  - Você é louca? Você tá bêbada, .
  O sorriso que tinha nos lábios graças a bebida não desapareceu. era o seu desafio da noite e ela adorava ser desafiada.
  - Se eu estivesse sóbria eu ia querer a mesma coisa, a diferença é que eu não iria te falar. - Disse o que ela jamais falaria se estivesse no seu estado normal.
  Além da ressaca, ela teria um enorme arrependimento no dia seguinte.

Capítulo 5

  Depois de longas tentativas, finalmente conseguiu convencer a subir os degraus que davam acesso ao segundo andar da mansão. Agradeceu mentalmente a si mesmo por ter trancado o seu quarto e o do amigo, visto que o de e os demais quartos da casa estavam ocupados por adolescentes com os hormônios à flor da pele.
  Durante o percurso até o corredor dos quartos, já havia dito mais umas cinco cantadas baratas para , brigado com por não apoiar a sua vontade de continuar na festa e pedido mais uma dose de tequila para todas as pessoas que ela encontrava pela frente.
  - Eu não posso ficar aqui. Se destruírem a casa, a destrói a minha cara. - disse preocupada, enquanto fitava a amiga deitada na cama sorrindo para o travesseiro. - Porém, se ela ficar sozinha, ela destrói a reputação que ela já não tem e o nosso precioso acervo de bebidas.
  - Pode descer, eu fico aqui com ela. Não estou nenhum pouco a fim de continuar lá embaixo. - Deu uma opção para a que arqueou uma sobrancelha reprovando a ideia.
  Ela conhecia muito bem aqueles dois e devido a isso, não sabia se era uma boa ideia deixá-los a sós.
   percebeu a preocupação no olhar de e tratou de se defender.
  - O quê? Você não acha que eu vou pedir pra ela se jogar da janela, né? - Brincou com a menina que estava confusa em sua frente.
  - De vocês dois, eu espero qualquer coisa.
  - Que horror, . Eu tenho um bom coração, o que não tenho mesmo é paciência com a , mas hoje posso abrir uma exceção.
  - Parem de gritar, parem agora, calem a boca. - sussurrou, recebendo à atenção dos dois.
  - Bom, vou lá pra baixo. Boa sorte ai, tenho certeza que você vai precisar. - Foi em direção a saída do quarto, deixando aos cuidados de .
  - Eu, eu preciso... - tentou se pronunciar novamente, mas tinha uma certa dificuldade em formar frases.
  - Você... - esperou que a menina continuasse.
   já havia se levantando da cama, segurou-se na parede para conseguir ficar em pé e, depois de respirar fundo, conseguiu falar.
  - Eu preciso ir ao banheiro. - Soltou-se da parede pra andar até o outro lado do quarto.
  O salto alto que ainda estava em seus pés e a bebida que estava em seu corpo só não fizeram com que ela caísse no chão, porque segurou o seu braço no exato momento em que ela se desequilibrou, conduzindo-a em direção ao banheiro. Não demorou muito para que saísse de lá com os cabelos molhados e o seu vestido em mãos.
  - O que significa isso? - perguntou ao se levantar da cama.
  A sua cara de surpresa dava a entender que ele tinha visto um fantasma e não uma garota seminua.
  Em um outro momento, estaria amaldiçoando até a quinta geração de por ele estar no mesmo quarto que ela.
  O problema é que se transforma em uma outra pessoa quando esta bêbada e essa outra pessoa parece não se importar com nada.
  - Eu não vou ficar com uma roupa que esta cheirando a vômito.
  - Meu Deus, , eu não quero saber disso. - Repreendeu a menina antes que ela começasse a contar tudo que havia feito no banheiro. - Esse é o preço que se paga por não saber beber.
  - Grosso. - Foi à única coisa que respondeu antes de ir em direção a porta do quarto.
  - Ei, onde você pensa que vai? - Perguntou assim que se encostou à porta, impedindo que passasse por ela.
  - Pro meu quarto, sai da minha frente. - Tentou empurrá-lo sem sucesso.
  - Sinto lhe informar, mas seu quarto está ocupado por alguns casais.
  - Merda, eu quero dormir. Minha cabeça vai explodir a qualquer momento e às vezes parece que tudo esta girando.
  - Você pode dormir aqui. - Arqueou a sobrancelha enquanto dizia o que parecia óbvio.
  - Com você? - Mordeu os lábios propositalmente logo depois de sorrir para o garoto. Aproveitou a proximidade para passar a mão sobre o peitoral do rapaz. - Não é uma má ideia.
   segurou pelos braços, impedindo que suas mãos continuassem aquele trajeto perigoso pelo seu corpo.
   não seria hipócrita a ponto de dizer que não havia reparado o corpo de . A garota era linda e o seu corpo era maravilhoso. Qualquer pessoa com olhos podia notar isso.
  Era a primeira vez que ele enxergava uma mulher ali. Antes ele sempre via uma garota mimada, chata e arrogante.
  Aquela em sua frente era uma novidade. Não parecia nenhum pouco com a garota que ele sempre brigava.
  Porém, era que ele estava observando, era a garota que infernizava a sua vida desde que ele se tornou amigo de .
  - Não, você vai dormir ali e eu aqui. - Apontou primeiro para a cama e em seguida para o sofá.
  Seus pensamentos impediram que ele prestasse atenção no que acontecia em sua volta. Quando percebeu, já estava deitada na cama e parecia estar dormindo a um bom tempo.
   deitou no sofá condenando-se mentalmente por tudo que havia pensado há minutos.
  Se soubesse que iria presenciar assim, não teria bebido nenhuma cerveja, a bebida sempre mexia com a sua imaginação.
  - Colabora, cérebro, é só a , não tem porque ficar pensando nela. - Disse para si mesmo antes de pegar no sono.

Capítulo 6

  O calor e o desconforto colaboraram para que acordasse. O sol já ameaçava iluminar o quarto mas sair dali para começar o dia não estava em seus planos. Olhou para a cama e viu encolhida no canto esquerdo dela, mais da metade da cama estava livre e aquela imagem junto com a falta de conforto que ele sentia deitado naquele sofá funcionaram como uma proposta tentadora.
  Pelo nível da embriaguez de , ela não acordaria tão cedo. E foi pensando nisso que deitou na cama confortável de casal, ele levantaria antes que acordasse para evitar mais problemas com a garota. Tirou a sua camisa na intenção de diminuir o calor que sentia e logo em seguida, sentiu o colchão macio abraçá-lo e sono dominar o seu corpo pela segunda vez.
  Por mais simples que fosse, abrir os olhos era uma missão quase impossível para naquela manhã. A dor de cabeça e a ressaca que ela estava sentindo só serviam para que ela se arrependesse de tudo que havia bebido na noite anterior.
  Era sempre assim: Ela bebia, passava mal e jurava de pés juntos que nunca mais colocaria uma gota de álcool na boca. Mas, na próxima oportunidade ela fazia tudo de novo.
   esticou os seus braços, na intenção de que a preguiça fosse embora com o seu ato e acabou tocando em um outro alguém que estava na mesma cama que ela.
  Virou-se para o lado e viu a imagem que a fez pensar que ela estava em um sonho.
   estava deitado ao seu lado sem camisa, a ausência do cobertor deixava a sua barriga sarada a mostra e o seu cabelo bagunçado dava um charme a mais para aquele paraíso em forma de pessoa.

  Aquela visão era o melhor remédio para ressaca que poderia receber.
  Tentou, sem sucesso, lembrar da noite anterior, era praticamente impossível lembrar alguma coisa depois de secar tantos copos de bebida.
  - ... - Chamou o rapaz, seu tom de voz era calmo e paciente, completamente diferente das outras vezes que dirigiu a palavra a ele.
  Demorou alguns segundos para que saísse do sono profundo que ele se encontrava. teve que fazer o sacrifício de tocar algumas vezes naquela barriga nua para que ele acordasse mais rápido.
  Em um outro momento, estaria xingando ate a quinta geração de por ele estar na mesma cama que ela, respirando o mesmo ar que ela, vivendo no mesmo planeta que ela... Mas, era uma pessoa completamente diferente depois de uma noite de farra. Naquele momento ela só queria um remédio para dor de cabeça e dormir a tarde toda, teria a vida inteira para implicar com o garoto.
  - O que aconteceu? - Ela perguntou assim que percebeu que havia acordado, não deixou um tempo livre para que ele raciocinasse.
  - Você organizou uma festa, chamou a cidade inteira, começou a beber parecendo que nunca havia tomado uma bebida na vida... - interrompeu a explicação, impedindo que continuasse falando o que ela não estava interessada em saber.
  - Não é disso que eu estou falando, quero saber o que aconteceu entre a gente. - arqueou as duas sobrancelhas parecendo estar mais confuso que a própria que fazia as perguntas. - O que rolou entre nós dois?
  - Meu Deus, , não aconteceu nada. Não sei porque você esta me perguntando isso.
  - Eu acordo seminua na mesma cama que você e você quer que eu pense o quê? - ainda não havia parado para observar tudo ao seu redor e muito menos para pensar na noite anterior.
  Sorriu ao ver a cara de assustada que mantinha sem motivo, diferente dela, ele se lembrava de todos os acontecimentos da noite anterior.
  Faria de tudo para não se esquecer de nada, principalmente dos momentos em que ele foi xavecado por ela. Guardaria todas aquelas memórias para jogá-las na cara de , no futuro.
  - Relaxa, , não aconteceu nada do que você esta pensando. Você dormiu aqui porque tinha gente usando o seu quarto, se é que você me entende. Eu acabei dormindo na mesma cama porque o sofá é muito desconfortável. Ah, foi você mesma que tirou a sua própria roupa, eu só tirei a minha camisa porque estava muito calor.
   respirou aliviada por não ter feito nada de errado - como se embebedar fosse certo -.
  - Fiquei com medo de ter feito alguma coisa, não me lembro de nada. - Confessou enquanto observava andar em direção ao banheiro.
  - Você realmente não me conhece, mesmo eu vivendo mais com o seu irmão do que com a minha própria família. - Cuspiu as palavras, vendo ficar confusa.
  - O que você quer dizer com isso?
  - Do jeito que você estava, eu jamais encostaria um dedo em você. Eu não sou esse tipo de cara que você imagina. - Respondeu entrando no banheiro logo em seguida, sem dar uma chance para que se pronunciasse.
  Com a boca aberta, encarou a porta do banheiro por alguns segundos. estava viajando, não quis dizer que ele aproveitaria da situação ou algo do tipo, ela só queria saber o que havia acontecido na noite anterior, só isso.
   poderia ter gastado o seu tempo pensando naquela atitude de se ele não tivesse dito algo que chamou bastante a sua atenção.
  Com bêbada, ela jamais encostaria nela. Mas, e se ela estivesse sóbria, aquele noite poderia ter sido diferente?

Capítulo 7

  - Caralho, como você é burra, . - comentou assim que a amiga saiu do banheiro, estava ocupada secando o cabelo com uma toalha. - Você não sabe aproveitar as oportunidades que a vida te dá.
  Depois do banho, contou para a amiga toda a conversa que teve com , não esqueceu de comentar que os dois dormiram juntos e que a barriga dele era muito convidativa.
   já havia arrumado todo o quarto de e ela só não agradeceu a amiga por isso porque sabia que o restante da casa esperava por ela.
  - Você queria o quê? Que eu o agarrasse durante a noite? - A amiga afirmou balançando a cabeça, um sorriso malicioso nasceu em seus lábios. - Eu não estava em condições para isso.
  - Isso quer dizer que se a senhorita não estivesse tomado metade do nosso acervo de bebidas, as coisas seriam diferentes?
  - Claro que não, , você entendeu o que eu quis dizer.
   observava como se quisesse adivinhar o que a amiga pensava, apesar de não existir segredos entre as duas, ela sentia que ainda tinha mais alguma coisa para dizer.
  - Entendi que você ficou a fim de aproveitar a noite ao lado dele, de uma outra forma.
  - Eu não estou a fim dele, caramba. - disse séria, como se isso intimidasse a amiga que lhe conhecia tão bem.
  - , você pode mentir para o seu irmão, para o , para o caralho a quatro, menos pra mim.
  A menina sorriu entregando o jogo, sabia que a conhecia mais do que ela mesmo. Era impossível mentir para a sua melhor amiga.
  - Eu não estou afim dele. Ele é bonito, gostoso, charmoso, mas também é um babaca, idiota, implicante....
   podia jurar que viu os olhos da sua amiga brilhar, enquanto arrumava sua bolsa.
  - Bom, vamos às verdades: - A voz de fez com que prestasse atenção no que a amiga dizia e não em seus pensamentos maliciosos. - Você ficaria com ele se vocês não se odiassem?
  - Acho que sim.
  - Você já sonhou ficando com ele?
  - Algumas vezes.
  - Já imaginou o corpo dele nu?
  - Imagino isso quase o tempo inteiro.
  - ? - chamou a amiga e só então ela percebeu o que havia respondido. Estava tão desligada que não foi capaz de filtrar as palavras que saíam de sua boca. - Eu estava brincando, mas pelo jeito você levou as perguntas a sério.
  - Você é uma idiota, . - comentou enquanto respirava fundo com a intenção de que as suas bochechas voltassem para a sua cor natural.
  - Pra falar a verdade, eu sei que você é a fim dele desde o dia em que você disse que o beijo dele devia ter gosto de churros.
   sorriu e não negou o que a amiga falou.
  - Onde você pensa que vai? - questionou a amiga assim que voltou do banheiro, tinha ido guardar a sua toalha e se assustou ao perceber que estava arrumando as suas coisas.
  - Eu vou para a minha casa. - Respondeu, fechando o zíper da bolsa logo em seguida. - Você não pensou que eu ia ficar aqui ate o seu irmão voltar, né?
  - E por que você não ficaria? Amiga, você não pode me deixar aqui sozinha. - A voz manhosa não causou nenhum efeito em , ela já conhecia muito bem aquele pequeno teatro.
  - Eu não vou ser empata foda de ninguém. - , que já estava parada em frente a porta quarto, piscou para com um olhar de cumplicidade.
  - O quê? - A cara de demonstrava o quanto ela estava confusa.
  - Vai ser feliz, amiga. Aproveita esses dias da melhor maneira possível. Ah, e não esqueça de pelo menos agradecer o por ontem, não é qualquer pessoa que larga uma festa pra cuidar da inimiga bêbada. - forçou um sorriso para amiga antes de sair do quarto, não esperou que se pronunciasse.
  Um silêncio irritante se instalou pela casa. Enquanto começava a arrumar a sala, parecia fazer o mesmo na cozinha. Eles não haviam trocado uma palavra sequer.
  Aquele era o momento em que se arrependia por ter feito mais uma festa em sua casa. Era injusto demais dividir as bebidas, as comidas e as diversões com todo mundo e a bagunça ficar somente para ela.
  Enquanto recolhia o lixo e colocava as almofadas no lugar, usou o seu tempo para pensar nas palavras de . Será que se ela facilitasse as coisas, a relação entre eles poderia melhorar? E, será se valeria à pena ser legal com uma pessoa que só a estressava?
  Não gostava de dar o braço a torcer, não gostava de correr atrás de alguém por menor que fosse o motivo. E, bom, era uma pessoa que só merecia o seu desprezo.
  E estava tão concentrada nesses pensamentos que nem percebeu que havia se dirigido em direção a cozinha. Parou perto de onde estava, recebendo a atenção do garoto logo em seguida, ele encarou a menina como se perguntasse o que ela estava fazendo parada ali.
  - É, bom, eu queria te agradecer pelo o que você fez por mim ontem. - falou depressa, o nervosismo presente em sua fala era o mesmo que ela sentia quando falava em público no colégio.

Capítulo 8

  - Que você bebe demais todo mundo sabe, agora, que você anda se drogando é novidade.
  As palavras de fizeram com que a irritação e a impaciência ficassem visíveis no rosto de .
  Mas o que mais ele poderia pensar? Em todos esses anos de convivência, nunca foi gentil com o rapaz.
  Pensar que ela estava sob o efeito de alguma substância mais forte que o álcool, era o mínimo naquele momento.
  - Eu não sei porque eu ainda perco o meu tempo com você. - comentou após revirar os olhos. Acabara de perder o pouco de paciência que tinha.
  Aquela situação só deixava claro o quanto era impossível existir uma relação amigável entre os dois.
  Nenhum dos dois davam o braço a torcer, e quando um tentava ser gentil, o outro não colaborava.
  - Aposto que foi a que pediu para você vir falar comigo. Você não é tão gentil assim.
  - Pra quem me odeia tanto, até que você me conhece bem. - provocou, sem deixar de encarar o rapaz que sorria como se estivesse acabado de ouvir uma piada.
  - Você não muda, . - Sorriu desacreditando da cara de pau da garota.
   respirou fundo antes de ir para a sala, deixando sozinho na cozinha.
  Ela não sabia dizer por qual motivo havia pensado que mudaria depois que ela o agradecesse pelo o que ele havia feito por ela na noite anterior.
  Depois de ter arrumado toda a sala, sem se importar em saber se havia feito o mesmo na cozinha , tomou um segundo banho, pegou no sono logo em seguida.

  A campainha da casa fez com que a atenção de , que antes estava voltada para um filme qualquer que passava na TV da sala, fosse em direção à entrada principal.
  Pensou em enquanto andava em direção a porta; só poderia ser a amiga, levando em consideração que o pessoal da portaria do seu condomínio não entraram em contato para avisar sobre a visita.
  Porém, ao abrir a porta, concluiu que seus pensamentos estavam errados assim que observou e do outro lado da porta.
  Os rapazes estavam vestidos com aqueles moletons que te deixam quente só de olhar.
  No final de todas as tardes, assim que o sol ia embora, uma temperatura mais baixa tomava conta da cidade.
  Abraçou os garotos com um sorriso no rosto, era amiga de todos os amigos do seu irmão - era um caso a parte - .
  De todos eles, era o mais próximo da menina, o garoto nutria um carinho enorme por .
  Muitas vezes, quando ia na casa de e ele não estava, o rapaz passava horas e horas conversando com .
  E ela sempre adorava. E ele não cansava nunca.
  Diferente de , sempre conversava com a garota sem implicar com alguma coisa que ela falava.
  Se tivesse pedido para o ficar em sua casa durante a viagem, aqueles dias seriam muito melhores, tinha certeza.
  - Como está sendo passar esses dias ao lado do nosso querido amigo ? - perguntou, existia um tom sarcástico em sua fala.
  A relação entre e não era um segredo para nenhum dos dois.
  - Um inferno. Esses são os piores dias da minha vida.
  - Ele não é tão insuportável assim, . - comentou fazendo com que a garota negasse aquele comentário com a cabeça.
  - Não, claro que não, isso é tudo um exagero da minha parte. - Um sorriso irônico se formou em seu rosto antes que ela revirasse os seus olhos.
  - Por falar no abençoado, onde ele está? - varreu a sala com o olhar, mas acabou não encontrando seu amigo.
  - Se ele leu o meu pensamento, agora deve estar no inferno.
  Os dois rapazes sorriram pelo comentário de e antes que eles começassem a subir as escadas que os levariam para o segundo andar da casa, presenciaram descendo para o cômodo em que eles estavam, com um sorriso enorme nos lábios por reencontrar os amigos.
  - Vocês não iam viajar? - Questionou os dois rapazes, depois de cumprimentá-los.
  - Acabamos de chegar, ficamos fora só no final semana.
   andou em direção ao sofá e sentou-se ao lado de , que mantinha a sua atenção na TV em sua frente. e fizeram o mesmo no assento ao lado.
  Os meninos pediram pizza e agradeceu por não precisar comer qualquer outra coisa congelada.
   sempre puxava assunto com e ela seria sempre grata por isso, por imaginar como estava o clima entre ela e , o rapaz fazia com ela participasse da conversa entre eles e não se sentisse uma estranha dentro da sua própria casa.
  Quando percebeu que os rapazes já estavam indo embora, ela se despediu e subiu em direção ao seu quarto. Não queria ficar a sós com o depois que eles saíssem.
  Tinha certeza que aproveitaria a sua ausência para fazer algum comentário sobre aqueles dias, e foi pensando nisso que ficou escondida em um lugar ideal para ouvir a conversa sem ser descoberta.
  - Alguma novidade? - ouviu perguntar para assim que saiu em direção a cozinha para guardar alguns copos.
  - Não, você sabe como é complicado tocar nesse assunto. - respondeu enquanto olhava em direção a cozinha para ver se estava voltando. - Melhor não falarmos disso agora.
  - Mas...
  - , aqui não. - Repreendeu o amigo segundos antes de voltar para a sala.
  Mesmo depois que os meninos foram embora, continuou observando , que parecia estar preocupado com alguma coisa.
   tinha certeza que o motivo daquela mudança foi a conversa que ele teve com o amigo, segundos atrás.
  A vida de nunca foi importante para , porém, saber que ele tinha um segredo com despertou a sua curiosidade.
  Pela cara de , o assunto parecia ser sério. E daria tudo para descobrir o que era.

Capítulo 9

  A sorte não estava do seu lado.
  Já se passavam da meia noite quando decidiu procurar mais alguma coisa na cozinha para comer, seis pedaços de pizza não foram suficientes para que ela passasse o resto da noite sem sentir fome.
  Descobriu que estava completamente enganada quando pensou que estava no quinto sono, assim que encontrou o rapaz sentado na mesa, brincando com uma colher.
  Pegou um pote de iogurte na geladeira e se dirigiu ao caminho de volta pro quarto no momento seguinte, não estava querendo brigar e muito menos gastar seu tempo falando com o . E ela teria feito o seu caminho com tranquilidade, se ela não tivesse escutado a risada de bem baixinha, vindo da cozinha.
   estava sentado na cozinha a um bom tempo, a mensagem de fez com que ele perdesse todo o seu sono.
  Tudo estava muito estranho.
  De um dia pro outro muita coisa aconteceu e aquela mensagem que ele recebeu fez com que um filme passasse em sua cabeça. Decidiu não se importar tanto, tudo aquilo era coisa da sua imaginação, não tinha motivo para se preocupar.
  Como o seu sono já havia desaparecido, desceu para tomar um copo de água e acabou ficando por lá. Entrou em uma de suas redes sociais para se distrair, ele estava tão concentrado que nem percebeu a presença de na cozinha, mas assim que ele deu risada de uma bobeira qualquer que havia olhado na internet, uma voz feminina confirmou que ele não estava sozinho naquele local.
  - Tem alguma palhaça aqui? - acabou com o clima tranquilo que existia no local, assim que pensou que aquela risada fosse uma provocação.
  - Pior que não, mas acredita que sempre que eu escuto a sua voz eu tenho a impressão de que estou em um circo? - Ele provocou a garota, nunca existia paz entre eles, por que naquela noite seria diferente?
  - Você é insuportável, sabia? Não sei como você ainda tem amigos, não sei como eles ainda te suportam.
  Tendo a certeza que só estava dizendo aquilo para provocá-lo, entrou no jogo dela mais uma vez. Mas o que ele não imaginava era que as suas palavras pudessem machucar a garota daquela maneira.
  - Será que sou eu a pessoa insuportável daqui? Ate onde eu sei, os meus pais ainda moram comigo e falam comigo todos os dias.
   conseguiu enxergar as primeiras lágrimas que desceram pelos olhos da garota, antes que ela começasse a correr em direção ao seu quarto.
  Ele pegou pesado.
  Por ser o melhor amigo de , ele sabia como era o relacionamento entre e os seus pais. Como qualquer garota na sua idade, ela sentia falta de ter os seus pais presentes, de ter pais que também eram amigos, de ter pais que não pensassem que o dinheiro resolveria qualquer coisa. só não imaginava que aquele assunto era tão delicado para ela.
  A sua intenção era apenas provocar, mas infelizmente ele acabou tocando na ferida de . E agora ele estava arrependido e estava disposto a fazer alguma coisa para consertar aquele erro.
  O choro de insistia em continuar mesmo sem a sua permissão, a raiva e a dor se juntaram fazendo com que aquele momento a machucasse ainda mais. Depois de um bom tempo, foi se acalmando e minutos depois, para a sua sorte, ela já estava dormindo.
  As três batidas na porta do quarto fizeram com que acordasse assustada, já estava tarde e ela já havia pegado no sono há um bom tempo.
  Mesmo sabendo que era a única pessoa que estava na casa com ela, andou em direção a porta. Ela já estava com um discurso pronto na ponta da língua para brigar com o garoto, porém, o semblante triste e preocupado que encarou assim que abriu a porta, fizeram com que as palavras ficassem presas em sua garganta, obrigando a quebrar o silêncio.
  - Eu queria te pedir desculpas, por tudo.
   buscou forças para não chorar novamente, não queria parecer uma fracassada. Antes que ela formulasse uma frase para responder o garoto, ele continuou.
  - Eu sei que você vai me dizer que eu sou um estúpido, um idiota, e eu sei que eu sou tudo isso, só que estou te pedindo desculpas de coração, eu falei aquilo da boca pra fora.
  - Eu preferia ter levado um tapa na cara a ter ouvido o que você me falou. Você não imagina como as palavras machucam. - A família era o ponto fraco de . Sentiu que as desculpas de eram verdadeiras, por isso ela estava se controlando para não surtar como sempre.
  - Eu sei, , por isso estou aqui reconhecendo o meu erro, fiquei muito mal em te ver triste. Não somos mais crianças e não temos motivos para ficarmos brigando assim, acho que podemos tentar ser amigos pelo menos.
   segurou o sorriso que começava a ser formar em seu lábios. As famosas borboletas no estômago pareciam estar ensaiando para desfilar em uma escola de samba dentro dela.
  - E quem me garante que você não vai fazer a mesma coisa de novo?
  - Eu te garanto, não sei se vale muita coisa, mas te dou a minha palavra. - Ele sorriu e esticou o braço para pegar na mão de , como se os dois estivessem fechando um contrato. - Amigos?
  - Amigos. - respondeu enquanto apertava a mão do garoto.
  - Acho que poderíamos jantar juntos para comemorar esse clima de paz entre a gente, o que acha? - continuou sorrindo, olhando para a garota parada em sua frente. - Eu sei fazer um macarrão delicioso.
  - Sério, ? Jantar às 4 da manhã? - Ele afirmou com a cabeça, sorriu e foi em direção ao closet para pegar uma blusa de frio. Ele considerou aquilo como um "sim" para o seu convite e, no segundo seguinte, eles já estavam descendo as escadas indo em direção a cozinha.
  Porém, antes de chegar na cozinha, disse o que estava preso em sua garganta desde o momento em que ele decidiu bater na porta do quarto de .
  - ? - Ele chamou a garota que estava em sua frente, descendo o último degrau da escada. Ela se virou para o garoto, ficou em silêncio esperando que ele continuasse a falar. - Eu posso te dar um abraço?

Capítulo 10

  E tinha como dizer não para os braços de ?
  O abraço dos dois durou menos do que esperava. Não foi ruim, estava longe disso. O problema é que o contato muito próximo fez com que sentisse arrepios desconhecidos pelo seu corpo, e ela não sabia muito bem como lidar com isso.
  - Será que o seu macarrão fica pronto antes do café da manhã? - perguntou para acabar com aquele silêncio constrangedor. - Daqui a pouco já são 5:00 da manhã.
  - Na verdade já está pronto, só preciso finalizar o molho. Eu estou vivendo de macarrão nessa casa. - respondeu com um sorriso sapeca nos lábios. - É a única coisa que sei fazer na cozinha, além de cozinhar ovos.
  - E eu aqui comendo comida congelada. - A garota falou mais para ela do que para , fingiu estar decepcionada.
  - Se eu te oferecesse um prato de comida, você seria capaz de jogá-lo em minha cara. Eu tenho amor pelo meu rosto e sou contra o desperdício de alimentos. - Ele brincou fazendo com que o gargalhasse.
  - Você tem razão. - afirmou sem deixar de sorrir.
  Enquanto matinha a sua atenção no macarrão, o observava como se ele fosse uma rara obra de arte. Aqueles poucos minutos de conversa fizeram com que sentisse uma paz que ela não sentia há um bom tempo. Estava feliz e surpresa; feliz por estar conversando com , surpresa por perceber o tamanho do efeito que ele tinha sobre ela.
  - Você sente muita falta dos seus pais, né?- quebrou o silêncio que existia na cozinha, voltando ao assunto que destruiu minutos atrás.
  Os dois estavam tentando ignorar todas as brigas que existiram entre eles e estavam agindo como se fossem amigos de infância. E aquilo estava funcionando.
  - Mais do que você imagina. - observou que a expressão de mudou completamente. Um semblante triste e cheios de significados tomou conta da garota. - Eu me sinto como uma órfã, mas com pais vivos, entende?
  - Eu sinto muito por isso, .
  - Não foi o que pareceu quando você cuspiu aquelas palavras na minha cara. - E já havia falado quando parou pra pensar, se arrependeu no momento seguinte.
  Ela não estava acostumada a pensar muito antes de falar, mas se não fizesse isso enquanto estava conversando com , aquele clima agradável já tinha acabado a muito tempo.
  - Eu já te pedi desculpas.
  - Eu sei, saiu sem querer.
  - Eu não sabia que esse assunto mexia tanto com você. - Ele confessou enquanto colocava dois pratos com macarrão e uma panela com molho em cima da mesa, sentando-se de frente para logo em seguida.
  - Eu não gosto de falar sobre isso e nem de demonstrar que eu me importo. - Pensou alto, recebeu um olhar de cumplicidade de logo em seguida. - Não quero que sintam pena de mim.
  As poucas palavras pronunciadas por , fizeram com que entendesse um pouco do que ela sentia. Ela não era aquela pessoa chata e mal humorada de sempre. A verdadeira era aquela que estava sentada em sua frente, expondo seus sentimentos. Ela apenas se escondia atrás daquela adolescente mimada para evitar sofrimentos.
  Não demorou muito para que entendesse aquilo, ele já conhecia uma outra pessoa que era exatamente assim.
  - Eu não sinto pena de você. Se quiser falar, estou aqui para te ouvir. - segurou a mão de para passar confiança para a menina, mas o que ela sentiu não tinha nada haver com isso.
  - Não sei se consigo me abrir com você, não estou acostumada a fazer isso. - A cada minuto que se passava, a verdadeira se destacava. Era como se aquela outra nunca tivesse existido.
  - Você pode tentar, mas se não quiser falar, não tem problema. - Ele a incentivou mais uma vez, sabia que guardar os problemas nunca resolvia nada. Colocar tudo o que sentia para fora naquele momento era a melhor coisa que poderia fazer.
   sentiu vontade de falar sobre os seus problemas para , ela sentiu que ele a ouviria sem criticar. Não sabia e nem entendia o por que de que os seus pensamentos em relação ao mudaram de uma hora para outra. Há pouco tempo eles se odiavam e não queriam ver o outro nem pintado de ouro. E, depois de um pedido de desculpas, confiava no rapaz e tinha a sensação de que eles eram amigos há muito tempo.
  - Meus pais nunca me perguntaram como foi o meu dia, nunca me ligaram para me desejar boa noite. Sou eu a que sempre corre atrás, que sempre os procuram para dizer que está com saudades, eu sou a pessoa que sempre dá o primeiro passo. - As lágrimas já começavam a trilhar um caminho pelo seu rosto sem permissão, ela odiava chorar e demonstrar qualquer fraqueza na frente de alguém. - Eu sinto falta disso, sabe? Porra, eu sou uma pessoa normal. Ter dinheiro no banco não é a mesma coisa que sair com os pais, ouvir um eu te amo, almoçar em família... - Respirou fundo para tentar se acalmar.
   nunca tinha conseguido compartilhar aquele assunto com a sua melhor amiga , e ai o apareceu e conseguiu fazer com que ela desabafasse com ele sem nenhum sacrifício.
  - Eu não tenho ninguém além da , ninguém. Meus pais só pensam no dinheiro e no sucesso, meu irmão está sempre ocupado e nunca tem tempo pra mim. - Ela continuou quando percebeu que não tinha as palavras certas para usar naquele momento para confortá-la.
  - Eu não sei muito bem o que dizer. - ainda estava processando tudo o que tinha lhe falado. Aquilo era estranho demais, confuso demais.
  - Obrigada só por me ouvir, estou me sentindo um pouco mais leve. - Forçou um sorriso para convencer o rapaz.
  - Quando quiser falar com alguém, você pode me procurar.
  - Obrigada, se esse clima de paz continuar entre a gente, eu vou me lembrar de te procurar quando eu precisar.
  - Eu vou fazer de tudo para que ele não acabe. - Sorriu de uma forma gentil para , fazendo com que ela sentisse vontade de abraçá-lo pela segunda vez naquela noite.
  - Eu não conhecia esse seu lado, , não sabia que você era tão legal assim. - mudou de assunto, queria tirar o seus problemas do foco da conversa.
  - Tem muitas coisas que você ainda não sabe sobre mim, , e eu ainda tenho alguns dias para te mostrar.

Capítulo 11

  Dois dias se passaram e apesar do pouco tempo, muita coisa mudou na casa da família .
  Apesar do clima de amizade ter continuado, por diversas vezes, se manteve afastado de e ela acabou sentindo isso.
  Era como se ser amiga dela fosse alguma coisa muito errada, parecia que quanto mais distante eles ficassem, melhor seria para .
   preferiu não questionar a mudança repentina do rapaz, quando os dois estavam conversando na sala.
  Já era de se esperar, eles se odiaram por tanto tempo, não dava para agirem como se fossem amigos de longa data.
  E era por isso que estava tão estranho, não era?
  - O que você fez de bom essa manhã? Ficou preso no quarto o tempo inteiro. - perguntou para que estava deitado no outro sofá, dedilhando o violão sem muita animação.
  O garoto desviou o olhar que antes estava focado na TV, para olhar para , antes de sorrir de canto e respondê-la.
  - Eu estava compondo uma música. - Disse um pouco sem jeito, fazendo com que não estendesse o porquê.
  - Mostra pra mim? - Ela pediu de um jeito fofo, fazendo com que ficasse praticamente impossível para dizer não.
  - Não sei se é uma boa ideia. - confessou, sem olhar para que lhe observava com certa admiração.
  - Por que?
  O silêncio que se instalou na sala após a pergunta de chegava a ser desagradável. Porém, nenhum dos dois estava disposto a quebrá-lo.
  É quando já estava disposta a sair da sala, depois do silêncio sem motivo de , o som do violão e a voz maravilhosamente afinada do rapaz, fizeram com que ela descartasse por completa essa opção.

-

Today I'm laughing the clouds away
I hear what the flowers say
And drink every drop of rain
And I see places that I have been
In ways that I've never seen
My side of the grass is green

  Ele começou um tanto quanto envergonhado, agora seus olhos estavam focados em e mesmo se ele quisesse, ele não conseguiria desviá-los.

-

Oh, I can't believe that it's so simple
It feels so natural to me
If this is love then love is easy
It's the easiest thing to do.
If this is love, then love completes me
Cause it feels like I've been missing you
A simple equation,
With no complications to leave you confused.
If this is love, love, love,
Oh, it's the easiest thing to do
Do do do do do do
Do do do do do do
Do do do do do do

  Ele continuou, o ouvia e o assistia como se sua vida dependesse daquilo.
  Não sabia por qual motivo, mas aquela música havia mexido com ela.
  - Pronto, o restante você só vai ouvir quando ela estiver cem por cento pronta. - Ele informou assim que parou de cantar e tocar, a ausência do som do violão deixou a sala silenciosa mais uma vez, a TV estava em um volume baixo, então não fazia diferença. Porém, diferente da outra vez, agora o silêncio não era constrangedor.
  - ... A música é linda.
  - Obrigado. Eu não costumo mostrar minha música para ninguém, além dos meninos.
  - Devo me sentir privilegiada por isso? - forçou um sorriso para , que retribuiu logo em seguida.
  - Talvez.
  Depois que estava conseguindo se entender com , qualquer mudança do rapaz a incomodava.
  Assim que ele mostrou a música para a menina, minutos depois, ele subiu para o quarto sem dizer nada e permaneceu lá por um bom tempo.
  Aquilo, de certa forma, incomodou .
  Tudo bem que eles não precisavam ser melhores amigos, mas agir como se tivesse algum sentimento por e depois fingir que os dois nunca tiveram uma conversa decente e ainda se odiaram era um tanto quanto estranho.
  Ele só falava com quando bem entendesse, era isso?
  Já era quase meia noite quando estava deitada no seu quarto e o seu estômago implorou por comida.
  Decidiu ir até a cozinha para procurar qualquer coisa que não fosse macarrão para se alimentar. Comeu macarrão por três dias seguidos e agora ela passava mal só de lembrar do alimento. Que culpa tinha que o macarrão de era melhor do que qualquer coisa congelada? E por ser tão bom ela acabou exagerando nesses dias.
  Quando desceu para a cozinha, encontrou assistindo TV e comendo pipoca.
  Ele olhou para ela assim que ouviu alguns passos. sorriu de uma forma gentil para o rapaz e ele, sem dizer nenhuma palavra ou esboçar alguma reação, voltou a sua atenção para a TV.
  A menina continuou caminhando para o seu destino sem muita paciência. Usou uma força desnecessária para fechar o micro-ondas, depois de jogar um hambúrguer lá dentro.
  Após marcar os minutos suficientes para que o seu lanche ficasse pronto e ligar o eletrodoméstico, andou até a sala, parou em frente à TV, recebendo um olhar confuso de no mesmo instante.
  - Qual é o seu problema? - Ela perguntou enquanto olhava nos olhos de , sem desviar.
  - O quê? - estava confuso, não sabia exatamente onde queria chegar com aquela pergunta.
  - Uma hora você fala comigo como se eu fosse sua amiga, depois passa por mim como se eu fosse uma estranha.
  - Você quer o quê? Que eu fico falando com você 24 horas por dia?
  - Para de ser grosso, . - Ela negou a resposta do garoto com a cabeça. - Você quer falar comigo quando bem entender e não quer que eu fale nada?
  - É mais ou menos isso. - Ele disse enquanto curvava a cabeça para o lado para tentar enxergar o que passava na tela da TV que estava atrás de .
  - Você é um idiota, um babaca.
  - Você já me disse isso tantas vezes... Você repete por que não cansa mesmo, por que não tem mais o que dizer ou por que acha que eu sou surdo?
   não acreditava que estava ouvindo aquelas palavras da boca de .
  Não acreditava que aquele estúpido em sua frente era a mesma pessoa que a pediu desculpa a alguns dias atrás, não acreditava que era a mesma pessoa que ela havia contado sobre os seus problemas.
  Como pôde ser tão ingênua em pensar que havia mudado?
  E por que ele estava perdendo seu tempo com a faculdade e com a banda, já que havia acabado de provar pra que era um ótimo ator?
  - Eu odeio você, odeio. - gritou antes de subir as escadas, sem lembrar do motivo que fez com que ela saísse do quarto a minutos atrás.
  Aquele babaca fez com que perdesse a sua fome.
  É assim que presenciou a garota subindo as escadas, ele teve a certeza de que estava explodindo de raiva.
  O problema era que ela nem imaginava que, o que menos queria era estar agindo daquela maneira.

Capítulo 12

  - Depois disso, eu subi pro meu quarto e não falei mais com ele. - terminou de contar toda a história para assim que chegou em casa.
  A companhia da mãe da sua melhor amiga durante as compras das garotas impediu que elas tivessem aquela conversa antes.
  - Não faz sentido ele ser fofo com você em um momento e depois agir feito um idiota. - comentou após ouvir toda a história contada por .
  - Eu também acho, , por isso que eu briguei com ele ontem.
  - No início eu pensei que esses dez dias seriam de muito "love". Agora, se os dois saírem vivos no final dessas férias, já é um motivo para comemorarmos. - brincou fazendo com que a amiga sorrisse pelo comentário.
  - Ele é um idiota. - pensou alto e viu negando com a cabeça logo em seguida.
  - Eu desisto de tentar entender vocês, eu juro. - Ela respondeu enquanto ajudava a amiga guardar suas compras.
  Não demorou muito para que elas terminassem e para que informasse a amiga que estava indo embora.
  Depois que negou todos os pedidos de de ficar mais um pouco com ela e voltou para a sua casa, o clima de pós velório se instalou novamente no ambiente.
  Quando estava na cozinha, ia pro quarto; quando estava em seu quarto, descia pra sala; quando a menina estava na sala, ele ia para a cozinha.
  E permaneceram assim praticamente o dia inteiro.
  Quando falou ao telefone com o , ela fez questão de deixar claro para o irmão o quanto estava insatisfeita com aquela ideia maluca de ter como companhia durante esses dias.
  O problema era que, parecia que tudo que ela falou para o irmão era mentira. Da boca pra fora queria longe dela o mais rápido possível, mas no fundo ela estava amando aqueles últimos dias, apesar de tudo.
  E bom, ela poderia enganar qualquer pessoa, menos ela mesma.
  Já era noite quando o filme preferido de começou a passar na TV. Foi para a sala assistir, já que a TV daquele cômodo era maior que a do seu quarto.
   estava deitado em um dos sofás e, diferente das outras vezes, não saiu de lá quando a garota chegou.
  Por muitas vezes durante o filme, sentiu o olhar do garoto sobre ela. Em alguns momentos, ela aproveitava que atenção do rapaz estava voltada para o filme que estava passando e também o observava.
  Depois de ter conhecido o outro , o que sabia pedir desculpas, sabia ouvir e conversar, toda a raiva que sentia era passageira.
  Ela não conseguia mais odiar o rapaz como antes e nem desejava mais ficar longe dele.
  Mesmo sem falar com ele, só o fato de saber que estava sob o mesmo teto que ela, já era um motivo para que ficasse feliz.
  Só de lembrar das poucas vezes que os dois conversaram sem discutir, já era o suficiente para que ela sentisse uma paz dentro dela.
  Só de lembrar daquele abraço que recebeu dele, um arrepio diferente percorria o seu corpo.
  E não sabia exatamente o que a fez mudar de opinião tão rápido assim.
  - Eu sou um idiota mesmo, né? - A voz de fez com que saísse dos seus pensamentos e voltasse para o lugar onde ela estava.
  - , eu não quero discutir agora. - Ele disse antes de voltar a prestar atenção no filme. - Me deixe assistir o filme em paz, por favor.
  Ela já havia perdido a sua cena preferida por estar com a cabeça nas nuvens.
   não soube calcular quanto tempo gastou para levantar do sofá onde ele estava deitado, desligar a TV e sentar ao seu lado. Sentou-se bem próximo da menina, mais próximo que o recomendado.
  Antes que pudesse brigar com o , ele segurou em sua nuca e juntou a sua mão livre com a dela.
  Aquela atitude fez com que o coração de acelerasse o suficiente para que ela não tivesse forças para reclamar ou brigar com o rapaz.
  - Nenhum de nós dois estávamos prestando atenção no filme. - esclareceu assim que presenciou alternando o seu olhar da TV para ele, a voz do rapaz saiu mais baixa que o esperado.
  - ...
   não conseguia pronunciar nenhuma frase adequada para o momento. O contato muito próximo e o perfume forte de , a impedia de formar qualquer frase para continuar aquele diálogo.
  - Eu queria te pedir desculpas, mais uma vez. - Os olhos de estavam tão focados nos de , que se não fosse a falta de luz no local, ele conseguiria enxergar o seu reflexo.
  Enquanto ele esperava uma resposta de , sua mão fazia um carinho agradável na nuca da garota, fazendo com que o simples ato de raciocinar se tornasse uma missão impossível para ela.
  - Se você não me desculpar, eu vou entender. - continuou sem deixar de encarar . Ele tentava, mas não conseguia entender o que ela estava sentindo, através do olhar.
  Tudo estava confuso demais.
  - Depois que a gente se acertou, eu me acostumei a falar com você. - confessou. Se iria se arrepender ou não, ela não sabia dizer. A única certeza que tinha era que ela não queria desperdiçar aquele momento. - Por isso reclamei com você sobre a sua ausência.
  - Isso é um sim? - quis saber, seus olhos ainda estavam focados no rosto da menina e suas mãos pareciam ter criado vida própria.
  - Sim. - não conseguiu esconder o sorriso que se formou em seus lábios assim que ela o respondeu. - Então, voltamos a ser amigos novamente?
  - Eu não sei. - foi sincero ao responder e percebeu que ele estava se aproximando ainda mais.
  - Como não sabe? - Ela perguntou e fez menção de se afastar, mas foi impedida de continuar pelas mãos do rapaz.
  - Não sei se consigo ser só o seu amigo.
  E sem aviso juntou os seus lábios com os de . Para sua surpresa, ou não, a garota retribuiu na mesma intensidade.
  O beijo era calmo e envolvente, doce e cheios de significados.
   não estava esperando, mas assim que sentiu os lábios do garoto junto aos seus, ela não pensou em outra coisa a não ser retribuir todas aquelas sensações que estava sentindo.
  Quando os dois colaram as testas e quebraram o beijo para conseguirem respirar, conseguiu enxergar um brilho diferente nos olhos de .
  Presenteou a garota com um selinho e antes que ele pudesse envolver os lábios da garota, mais uma vez, em um beijo apaixonante, ela o questionou.
  - , o que a gente está fazendo? - Ela fez uma pausa depois de cada palavra que pronunciou. Sua respiração ainda estava acelerada e os batimentos do seu coração ainda não haviam voltado ao normal.
  - Eu não sei, . - manteve os seus olhos fixos nos olhos de antes de continuar. - A única coisa que eu sei é que eu não quero parar te beijar.
  - Isso não está certo, .
  - Eu quero, você também quer. Está escrito nos seus olhos, o seu corpo diz isso.
  - Por que tudo entre a gente é tão complicado? - não sabia como estava conseguindo formar frases para falar, com todas aquelas emoções vivas dentro dela.
  - Se tudo fosse fácil, talvez não seria tão bom assim.
  E sem precisar responder mais alguma coisa, o beijou novamente.
  Tudo estava confuso em sua mente e ela estava ocupada demais para pensar.
  Se ela iria se arrepender ou não no dia seguinte, ela não sabia dizer.
  A única coisa que sabia naquele momento, era que ela queria permanecer nos braços de a noite inteira. E foi isso que ela fez, aproveitou sua noite sem pensar no amanhã.
  Teria uma vida inteira pela frente para se arrepender.

Capítulo 13

  O sol muito forte que entrava pela janela, impedia que ficasse com os olhos abertos por muito tempo sem se sentir desconfortável.
  Depois de muita luta e muito sacrifício, ela se virou para o lado oposto da janela para não ter tanta dificuldade de executar aquela simples ação.
  Assim que os seus olhos examinaram todo o cômodo em que ela estava, um sorriso formou-se em seus lábios e as lembranças da noite anterior passaram como um filme em sua cabeça.
  Aquele quarto antes era um simples quarto de hóspedes, mas agora, sempre que passasse por ele, ela lembraria de todos os momentos que viveu na noite anterior, dentro daquelas quatro paredes.
  Sentiu vontade de beliscar o próprio corpo só para ter certeza de que não estava sonhando.
  Ela teve mesmo uma noite de amor com o ?
  Queria ter certeza de que aquelas lembranças dos beijos - que agora ela tinha certeza que eram melhores do que churros -, dos carinhos, dos abraços e das palavras trocadas, não eram apenas frutos de sua imaginação.
  Depois de ir para o seu quarto e tomar um banho, com um sorriso de orelha a orelha, conseguiu enxergar através da sua janela. Ele estava sentado na beira da piscina, seus pés na água e sua cabeça nas nuvens, pelo menos era o que parecia.
  Desceu com urgência e foi até onde o rapaz estava.
  - Bom dia. - cumprimentou enquanto se abaixava para dar um selinho no rapaz. Sem dizer nada, virou o rosto e passou a observar qualquer outra coisa que não fosse o rosto da menina. - Qual o problema, ? - questionou depois de ser ignorada pelo rapaz.
  O que era um selinho comparado a tudo o que eles viveram na noite anterior? E por que ele estava tão distante depois de tudo o que aconteceu entre os dois?
  - Eu sou o problema, . - respondeu enquanto encarava o movimento que fazia com os pés dentro da água.
   sentou-se ao seu lado, a confusão estava presente nos seus olhos. Não era capaz de colocar todas as suas dúvidas em palavras. Ela estava tão feliz, como uma simples atitude e algumas palavras fizeram com que ela mudasse de uma hora pra outra?
   também estava confuso em seus próprios pensamentos, e vendo a dificuldade de em dizer alguma coisa, ele decidiu continuar.
  - Não podíamos ter ficado juntos ontem à noite, isso não podia ter acontecido. - falava como se estivesse sentindo raiva. Os olhos de já estava marejados e ela não sabia exatamente o porquê.
  - Onde você quer chegar, ?
  - Precisamos esquecer tudo o que aconteceu na noite passada, fingir que nunca existiu nada entre nós dois. Você consegue fazer isso por mim? - não conseguia acreditar no que estava ouvindo e negou aquelas palavras com a cabeça inúmeras vezes.
  - Você está arrependido, é isso? - não pensou duas vezes antes de questioná-lo, porém, se arrependeu de ter feito aquela pergunta assim que ouviu a resposta de .
  - Você não imagina o quanto. - Ele respondeu sem rodeios, não teve coragem de olhar nos olhos de enquanto se pronunciava.
   conseguiu se levantar e correr em direção ao seu quarto antes que as lágrimas tomassem conta dos seus olhos. Estava se sentindo usada, como foi capaz de pensar que seria diferente? Onde ela estava com a cabeça quando decidiu se entregar para o rapaz?
  Tudo o que eles conversaram e todos os carinhos trocados, deixaram claro para que não a queria apenas para uma noite. Como pôde ser tão ingênua?
  Mil perguntas rodeavam a cabeça de enquanto ela afundava a cabeça no travesseiro para conter as lágrimas.
  Nunca esteve tão arrependida na vida.
  Ela ainda não havia parado de chorar quando a porta do seu quarto foi aberta sem aviso. De onde estava, ela conseguia enxergar a imagem de sem nenhuma dificuldade.
  - Sai daqui. - Ela gritou depois de se levantar da cama.
  Tentou sem sucesso empurrar o rapaz para fora do quarto, como ele era bem mais forte, segurou a menina de uma forma que ele conseguisse fazer com que ela ficasse parada, sem machucá-la.
  - O que veio fazer aqui? Deixar claro que eu fui apenas mais uma para a sua lista? - Ela estava chorando na frente de , mas a raiva não deixava que ela se importasse com isso.
  - , eu jamais te usaria e você sabe muito bem disso. Se ficamos juntos ontem foi porque você quis e eu também. - Sua voz era séria e ele não demonstrava nenhuma reação.
  - Mas você me disse que... - Ela tentou falar, mas interrompeu.
  - Você entendeu errado. - Ele disse com a voz baixa, parecia estar envergonhado.
  - Pelo amor de Deus, , se você quis e eu também, qual é o problema?
  - . é o problema. - Respondeu de uma vez, sem ter tempo para pensar ou se arrepender.
  - O quê? - A mais nova o questionou, não sabia onde ele queria chegar com aquela conversa.
   ficou alguns segundos em silêncio, pensando se falar sobre aquele assunto era uma boa ideia.
  - namorou uma menina por mais de um ano, ele estava completamente apaixonado por ela quando descobriu que estava sendo enganado. A garota com quem ele estava o traiu com seu melhor amigo. Ele quase entrou em depressão na época, mas aí ele conheceu a gente e entrou para a banda. - O rapaz fechou os olhos e respirou fundo, estava quebrando a promessa que fez para , havia prometido que não tocaria naquele assunto com ninguém.
  - Eu não estou entendendo aonde você quer chegar com toda essa história. - foi sincera, nada que estava falando fazia sentido para ela.
  - Eu não quero que ele passe pelo mesmo sofrimento mais uma vez, . Não quero ser mais um amigo traidor na vida dele.
  - O quê?
  - Caramba, jura que você nunca percebeu que ele gosta de você? - gritou para que o ouvisse perfeitamente e parasse com o questionamento.
  - Você ficou maluco, . - pensou alto enquanto andava de um lado para o outro.
  Nada fazia sentido em sua cabeça. Para , aquela era apenas uma desculpa que estava usando para se afastar.
  - , você nunca percebeu como ele age quando está com você?
  - Eu não... - começou a pensar nas últimas vezes que esteve ao lado de . - Ele só é atencioso, mas... , se você se arrependeu de ficar comigo é só falar, não precisa inventar histórias.
  - Não estou inventando, , pelo amor de Deus... - , agora, também andava de um lado para outro. Não conseguia ficar parado ou observar .
  Os momentos da noite anterior estavam vivos em sua mente junto com as lembranças do amigo. Ele não o perdoaria se descobrisse.
  - Eu nunca desconfiei! Só você sabia disso? - Ela parou de frente para , viu o rapaz afirmar com a cabeça. - Mas eu não sinto o mesmo, , da minha parte é só amizade.
  - Eu sei disso e ele também, por isso que ele nunca te disse nada. O problema sou eu, , eu sou amigo dele, eu sabia de tudo e mesmo assim me envolvi com você. Pra você ter uma ideia, foi o quem sugeriu que o me chamasse para ficar aqui enquanto ele viajava, para que eu descobrisse um pouco mais sobre você. - Ele completou e ouviu tudo sem interromper, só voltou a falar quando viu que já havia terminado.
  - Aquele dia que ele veio aqui eu escutei vocês conversando baixinho, mas não deu pra entender o assunto. Era sobre isso que vocês estavam falando? - Mentiu, não queria levar uma bronca naquele momento.
  - Sim.
   sentou em sua cama e começou a admirar o chão, estava se sentindo estranha por ter se envolvido com o , mesmo não sabendo de nada.
  - Olha pra mim. - pediu após parar de frente para e colocar uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. - Eu menti quando disse que me arrependi de ter ficado com você, só que essa situação do complica tudo.
  - E agora devemos esquecer tudo, eu já sei que é isso que você vai me dizer. - comentou, ela conseguia enxergar a mesma tristeza que estava sentindo, no fundo dos olhos de .
  - Sim, mas se eu não fosse amigo do , diria para repetirmos a noite anterior. - Falou sem pensar, sendo sincero com os seus sentimentos.
  E quando percebeu, ela já havia envolvido os lábios de em um beijo caloroso. Ele foi pego de surpresa, mas não demorou muito para que ele agarrasse o corpo de contra o seu.
  E antes que os dois vivessem novamente tudo o que viveram na noite passada, lembrou da conversa que estava tendo com e quebrou o beijo.
  - ...
  - , não dá. - Ele interrompeu a menina enquanto andava em direção a porta do quarto. - Vou voltar para casa, não vou conseguir ficar perto de você sem poder te tocar. Peça a para ficar aqui com você até o seu irmão voltar.
  - Você não pode ir embora assim. - sussurrou, não sabia muito bem por que aquela situação estava mexendo tanto com ela.
  - Eu preciso ir, . - fechou a porta e a abriu novamente logo em seguida. Olhou para e forçou um sorriso antes de dizer o que estava preso em sua garganta. - Eu amei conhecer a verdadeira .
  E sem esperar uma resposta saiu do quarto, deixando com várias dúvidas em sua mente.
  Várias dúvidas na mente e uma única certeza no coração.   
 

Capítulo 14

   ainda estava deitada no sofá. Já haviam se passado mais de uma hora desde o momento em que foi embora. Deu um beijo na testa de e saiu sem dizer uma palavra. também não conseguiu dizer nada, estava muito confusa e pensar em começar qualquer diálogo era uma missão quase impossível pra ela.
  Não conseguia entender como as coisas mudaram de uma hora pra outra e como as pessoas conseguiam entrar nas vidas das outras sem permissão.
  Há alguns dias, odiava com todas as suas forças, mesmo achando o garoto atraente, a sua implicância com ela era maior que toda aquela beleza que a deixava de boca aberta.
  Sentia-se estranha. Era como se tivesse levado uma parte de com ele. Um vazio insubstituível pulsava dentro da garota e ela não sabia exatamente o porquê.
  Desejou que todo aquele vazio fosse embora com o tempo, mas ao contrário do que ela esperava, ele aumentava conforme as horas passavam.
  Foi só depois que chegou em sua casa, após ter recebido uma ligação da amiga, que se sentiu um pouco melhor.
  Vai ver ela estava precisando apenas de uma companhia.
  Contou detalhadamente para a amiga, toda sua história com o noa últimos dias. As brigas, as conversas, os carinhos trocados... Tomou cuidado para não esquecer de nenhum detalhe, tinha que entender tudo para poder ajudá-la.
  - Agora tudo faz sentido. - comentou depois de ouvir toda a confissão da amiga em silêncio.
  - Ele ter ido embora sem me dizer nada? - A garota questionou enquanto se ajeitava em sua cama confortável.
  - Amiga, pensa comigo, se ele foi embora é porque ele se importa com tudo isso que aconteceu. Se ele não sentisse nada, ele ficaria aqui te provocando até o seu irmão chegar. - começou a explicar enquanto tentava focar a sua atenção somente no que a amiga falava.
  - Acho que faz sentido.
   estava torcendo para que o ela estava entendendo fosse a mesma coisa que a amiga estava tentando explicar.
  - Claro que faz, eu tenho certeza que ele não se arrependeu de ter ficado com você.
  - Mas, amiga, isso não justifica ele ter saído sem falar nada comigo, feito um idiota.
  - Vai ver ele é um idiota mesmo, amiga. - brincou fazendo com que sorrisse também.
  - Eu só sei que se depender de mim, as coisas vão continuar do jeito que estão. - voltou a falar quando achou que o assunto já estava encerrado.
  - Já vi que ele não é o único idiota dessa história. - Pensou alto e recebeu o dedo do meio de como resposta.
  Era ótimo ter por perto. Ela sabia exatamente o que fazer para ajudar , independente da situação.
  Aconselhando, brigando ou jogando na cara de todas as merdas que ela já faz, fazia de tudo para estar sempre presente na vida da amiga. E ela conseguia isso com facilidade.
  E a companhia da melhor amiga fez com que o tempo passasse mais rápido.
  Não demorou muito para que o restante dos dias passassem e para que voltasse de viagem.
  - Oi, irmãzinha. - cumprimentou a irmã assim que abriu a porta do quarto da mais nova sem aviso-prévio.
   estava trocando de roupa e conseguiu se enrolar na toalha em questão de segundos. ainda estava dormindo e parecia que não ia acordar tão cedo.
  - Ai, meu Deus, me desculpe , eu não sabia que você estava aqui. Juro que não vi nada. - Tampou a sua visão com as mãos por um momento, mantinha um sorriso divertido nos lábios.
  - Você é quase meu irmão, nem ligo pra você. - Brincou antes de ir dar um abraço apertado no garoto. - Você faz falta, cabeção.
  Por ser amiga de desde pequena, também era super amiga de . Não era daquelas amizades que te permite conversar sobre tudo, mas sabia que era forte o suficiente para que ela pudesse brincar com a qualquer momento.
  - . - acordou com o barulho e gritou antes mesmo que pudesse responder alguma coisa para .
  - , - abraçou a irmã de forma carinhosa. - senti saudades de você, meu amor.
  - Eu também. - Sorriu ao ouvir a voz do irmão, também estava morrendo de saudades.
  - Onde está o ? Não o vi no quarto de hóspedes, estou ligando pra ele a alguns dias, mas ele não me atende.
  - Ele já foi embora. - foi mais rápida e respondeu pela amiga.
  - Pra mim você não liga, né? - Pensou alto enquanto observava o irmão com uma sobrancelha arqueada.
  - Se você me atendesse...
  - Ah, me esqueci que estou com raiva de você. - sussurrou tentando segurar o riso, era difícil fingir que estava com raiva quando se tinha um irmão como o .
  A verdade era que estava tão diferente ultimamente que agora, era difícil se estressar por qualquer coisa.
   abraçou mais uma vez antes começar a contar sobre a viagem.
  E permaneceram lá por um bom tempo, até o chegar e tomar toda atenção de para ele pelo restante do dia.
  Quando já era noite e estava vendo um seriado com na sala, a confissão do irmão fez com que ela parasse pra pensar.
  O motivo para estar evitando conversar com , era por causa de , ela tinha certeza.
   com certeza pediria para o amigo ir em sua casa para contar sobre a viagem, como todas as outras vezes. E como ele não queria ver ...
  Era isso!!
  Ele não queria vê-la tão cedo.
  E a sua atenção que estava focada em seus pensamentos desapareceu assim que o barulho da campainha ecoou pelos seus tímpanos.
  - O que aconteceu? - perguntou assim que abriu a porta. A sua cara de surpresa. o seguiu e permaneceu calado, apenas observando a situação.
   e entraram na casa sem serem convidados. Ambos estavam sérios e pareciam preocupados.
  O coração de disparou com nunca havia disparado antes assim que ela viu o rapaz.
  - , , o que aconteceu? - O irmão de questionou quando percebeu que os dois amigos não quebrariam aquele silêncio.
  - , eu preciso falar com vocês. - informou, seu olhar desviou para onde estava por um segundo.
  E uma esperança brotou no coração de naquele momento.
  Ele estava lá por causa dela. Só podia ser.

 

Capítulo 15

  - Como você teve coragem de esconder isso da gente? - foi o primeiro a questionar assim que terminou de contar toda a história.
  - Eu estou decepcionado com você. - Foi a vez de comentar. Ele estava sério e parecia que também estava nervoso.
   olhava para cada um de seus amigos parados em sua frente, não sabia exatamente o que dizer.
  Ele não estava esperando aquela reação dos seus companheiros.
  - Eu não esperava isso de você. - comentou sem olhar nos olhos de .
  - Vocês estão falando sério? - perguntou apreensivo, não tinha motivos para eles estarem agindo daquela forma.
  - Claro que não. - respondeu enquanto andava em direção aonde estava parado, presenteando o amigo com um abraço. - Só estamos brincando.
   e copiaram o amigo e, no segundo seguinte, os quatro estavam se abraçando no meio da sala.
   e assistiam aquela cena em silêncio.
  Claro que era tudo brincadeira e os garotos não estavam nenhum pouco decepcionados com o .
  Aquele último show que eles fizeram os ajudaram bastante. Agora entendia por que ele estava tão animado naquela noite.
   havia acabado de dizer que um empresário estava interessado em ajudá-los com a banda, aquela era a melhor notícia que eles poderiam receber.
   só não havia contado para os amigos assim que ficou sabendo, na noite anterior, porque queria falar pessoalmente com todos eles presentes.
  Ver a banda como algo mais sério era um sonho distante para todos eles.
   estava feliz, muito feliz pelos meninos e pela oportunidade que eles estavam tendo.
  Porém, a decepção estava visível em seus olhos.
  Ela tinha esperanças de que estivesse voltado lá por sua causa, que ele contaria tudo o que aconteceu para seus amigos e enfrentaria o ciúme de e o sentimento de por ela.
  Mas ela estava muito enganada.
  Se não fosse a novidade da banda, ele nem estaria lá.
  - Parabéns, meninos. Vou até criar um Fc pra vocês. – entrou na conversa fazendo com todos que estavam ali sorrissem.
  - Eu juro que depois eu te dou um autógrafo. – brincou depois que todos agradeceram a garota.
  - Parabéns, espero que dê tudo certo pra vocês. – forçou um sorriso que não conseguiu convencer ninguém que estava ali.
  Todos os olhares se dirigiram para onde ela estava, fazendo com que ela devolvesse o olhar um pouco assustada.
  - Tá tudo bem, ? Você está estranha. - perguntou para a irmã, todos ainda olhavam pra ela.
  - Claro, só estou com dor de cabeça, mas logo passa. - Mentiu, se não havia tocado naquele assunto, não seria ela que faria isso.
  - Toma um remédio e descansa que logo você melhora, mas se quiser também podemos te levar no médico.
  - Não precisa, . Já tomei um remédio e a dor já está passando, obrigada por se preocupar. - Sorriu sem jeito para o rapaz depois de agradecer por ele se preocupar com ela.
  Era estranho olhar pra depois de tudo. A partir de agora ela pensaria duas vezes antes de falar qualquer coisa pra ele; não queria magoá-lo e também não queria dar esperanças para o amigo.
  - Vamos subir? Eu ainda preciso passar mais algumas informações pra vocês. - informou antes de começar a subir as escadas e ser seguido pelos seus amigos. Não deixou de olhar para mais uma vez.
  - Idiota!
  - Ele também está triste. - comentou e recebeu um olhar mortal de como resposta. - O quê? Eu só disse que ele está triste, não que ele está certo em agir assim.
  Depois de alguns minutos os meninos desceram e avisou para a irmã que eles iam sair para comemorar, avisou também que iam de táxi já que todos pretendiam beber.
  - Vão indo na frente e já chamem o táxi, deixei o meu celular lá no quarto, vou pegar e já encontro com vocês. - comentou quando todos já estavam de saída. Assim que os meninos saíram, ele fechou a porta e andou em direção aonde e estavam.
  Os pensamentos de estavam distante, mas ela também estava prestando atenção em tudo que estava acontecendo ao seu redor.
  Tentava entender como havia mexido tanto com ela; talvez dentro dela já existia algum sentimento em relação ao rapaz e ele só despertou agora, ou então conseguia fazer com que as pessoas sentisse algo por ele com facilidade, ou quem sabe esse sentimento estranho nasceu nesses dias em que eles passaram juntos.
  Se algumas pessoas acreditavam em amor à primeira vista, ela também podia acreditar que qualquer sentimento seria capaz de nascer em alguns dias.
  - Quer que eu vou pegar o seu celular lá em cima? - perguntou de forma gentil quando percebeu que e trocavam olhares e pareciam que não iam dizer nenhuma palavra tão cedo.
  - Acho que não será necessário. - Ele tirou o seu aparelho do bolso e mostrou para a garota.
  No mesmo momento entendeu que aquela era apenas uma desculpa de para que ele ficasse a sós com . Como os meninos já haviam saído, ela era a única que precisava desaparecer o mais rápido possível daquela sala.
  - Então eu vou subir para pegar o meu. - Ela continuou e olhou para as mãos de , ela também segurava o seu celular. - Quero dizer, colocar para carregar, sabe como são essas baterias, né?
  Ela subiu as escadas correndo, não queria mais atrapalhar os dois que agora riam daquela situação.
  - Eu preciso ser rápido porque daqui a pouco um dos meninos vem atrás de mim e eu preciso falar com você antes disso. - começou a falar quando ficou a sós com . Não podia perder mais tempo. - Eu sei que você vai me chamar de idiota mais uma vez e sei também que estou agindo como um, mas eu quero que você saiba que também está difícil pra mim.
   se levantou e ficou de frente para o rapaz, os dois estavam sérios e nenhum sentia vontade de brigar ou implicar um com o outro.
  - Eu não vou mentir e dizer que está tudo bem porque não está. - Foi sincera com os seus sentimentos, tudo aquilo estava lhe machucando e ela não sabia dizer até quando ela suportaria.
  - Eu sei, , pra mim também não está nada fácil. Só que eu não sei o que fazer, não quero perder a amizade do e nem te machucar. Por isso eu fui embora pra minha casa, ficar perto de você sem poder te tocar é um sacrifício pra mim.
  - Mas você pode. - Falou sem pensar, mas não se arrependeu no segundo seguinte.
  - Até poderia se o meu melhor amigo não gostasse de você. - Sussurrou enquanto encarava o chão, tinha medo de olhar para e não conseguir segurar a vontade de agarrá-la. - Eu juro que se toda essa situação não existisse, agora eu estaria te perguntando se poderíamos tentar algo mais sério.
  - E eu estaria te respondendo que sim. - sorriu pela primeira vez naquela conversa.
  - Ter conhecido a verdadeira nesses dias, me fez perceber que o tempo que gastamos brigando foi um tempo perdido.
  E sem pensar muito, o abraçou. Foi um abraço forte e sincero, sem segundas intenções.
  - E o que vai ser da gente a partir de agora? - Perguntou quando voltou a olhar para o rapaz.
  - Acho melhor nos afastarmos um do outro para não nos machucarmos ainda mais nessa história. Dizem que no final as coisas sempre dão certo, então eu espero que isso funcione com a gente.
  - O problema é que a nossa vida não vai parar até esse final chegar. - respirou fundo, não esperava que aquela conversa seria tão difícil.
  - Eu vou entender se você seguir em frente.
  Sem saber o que responder, ficou em silêncio e continuou olhando para , guardando todos os detalhes do rosto do rapaz em sua mente.
  Foi nesse momento que ela percebeu que ele estava se aproximando. colocou uma de suas mãos na nuca de antes de fechar os seus olhos.
  E ele teria beijado mais uma vez se não tivesse escutado o barulho da porta sendo aberta, fazendo com que os dois se afastassem no mesmo momento.
  - , o táxi ja che.... - entrou na sala sem avisar, pegando os dois de surpresa. - Atrapalhei alguma coisa? Eu não acredito que vocês já estão brigando.
  - Não estamos não. , toma esse remédio que eu te falei que logo, logo você melhora. - mudou de assunto e deu um passo para trás, estava próximo demais da garota.
  - Poder deixar, obrigada. - ainda teve tempo de forçar um sorriso antes que os garotos saíssem. Logo em seguida uma lágrima desceu pela sua bochecha sem permissão.
  Por mais complicada que fosse aquela situação, por mais difícil que fosse a sua relação com , nesses últimos dias a única coisa que pensou foi em ter algo a mais com o rapaz.
  E se tinha uma pessoa que ela nunca poderia enganar, essa pessoa era ela mesma.
  Mesmo depois daquela conversa com , ainda tinha esperanças de que eles pudessem ficar juntos. Como ele mesmo disse: no final tudo sempre dá certo.
  E se as coisas entre os dois ainda não deram certo, é porque a história deles ainda não chegou ao fim.

Fim!?



Comentários da autora


Oi, pessoal, gostaram do final da história? Eu espero que sim, porque eu amei escrever. Obrigada a todos que leram, comentaram, indicaram... Sério, muito obrigada.
Não esqueçam de me dizer o que acharam do final. Ah, entrem no meu grupo no facebook e digam o que acham de ter uma segunda temporada da história e aproveitem para conhecer os meus outros projetos.  Beijos, até a próxima.

Beijos