New beggining

Capítulo. 01

  As noites nunca pareceram tão frias e sombrias. Pequenos passos pela casa vazia, por fora arrumada. Por dentro arruinada. Nunca aquele lugar havia sido tão sem vida. Triste e amedrontador. Sussurros passageiros voando pela casa, rostos desconhecidos na escuridão. Pensamentos perdidos no ar, amores mortos, lágrimas por toda parte. Essa é a vida de um homem sem seu grande amor.

  Vagando pela casa, cantarolando melodias com uma xícara de café na mão e lágrimas rolando em seu rosto. Mais uma das tantas madrugadas de insônia de . Perdido em seus pensamentos, revivendo lembranças que nunca mais voltarão. A saudade e a falta que fazia em sua vida era extrema. Ela fora a sua vida, sua alegria, sua paz, sua salvadora. Agora, morta e presa a sete palmos da superfície. Talvez fosse a hora de seguir em frente, virar a página e começar uma nova vida, sem ela.

Capítulo. 02

  2007, dezembro

  Frente a frente com o computador. Encarando uma folha vazia e uma linha pedindo ideias. Tomou em mãos sua caneca predileta, bebendo um gole de chá.
  - Se tenho mesmo que virar essa página – respirou fundo, olhando um retrato de – vou fazer o que lhe prometi - ajeitou-se na cadeira – vou começar a escrever o meu livro. – sorriu.

  Horas se passaram, noite virou dia e continuava escrevendo seu livro incessantemente. Para ele, era como se o tempo tivesse parado, se não fosse a campainha, não teria saído de seu pequeno mundo.
  - – gritou – eu sei que está ai – insistiu – abra logo essa porta.
  - Já estou indo, não precisa gritar – avisou à amiga.

   era a melhor amiga de . Impossível ver uma e não se lembrar da outra, não por que se parecem, mas porque eram inseparáveis. Fora tão difícil para , como foi para perder alguém tão especial e importante.
  - Eu estava escrevendo – sorriu de canto – foi o melhor jeito que encontrei.
  - Para esquecê-la – disse cabisbaixa.
  - Eu a prometi que iria escrever um livro – seguiram em direção ao computador que ficava ao lado do sofá.
  - É sobre ela? – Disse abrindo as cortinas, iluminando todo o lugar.
  - É – sentou-se na cadeira novamente, respirou fundo e continuou.
  - Desculpe te atrapalhar a escrever – aproximou-se – mas você precisa tomar um banho, dormir - apoiou se na parede ao lado.
  - Tem razão – parou de imediato – eu estou dando a minha vida a esse livro – cobriu o rosto com as mãos – é tudo que restou dela – lágrimas rolaram.

   o abraçou cuidadosamente. Não conteve as lágrimas. Passaram um longo tempo assim, abraçados, cuidando um do outro.
  - Você me faz lembrar-se dela – sussurrou – ela tinha um abraço aconchegante como o seu – abraçou-a forte – desculpe por isso - se afastou.
  - Pelo o quê? – secou algumas lágrimas teimosas – por amá-la e sentir sua falta? – encarou-o – eu sinto o mesmo , ela é – deu ênfase – a minha melhor amiga.- suspirou cabisbaixa.
  - Você me parecia ter conseguido seguir em frente – olhou os próprios pés – e eu te lembrei disso. – levantou a cabeça, olhando .
  - Parecia? – perguntou confusa – mas não consegui.- respirou pesado – sem ela – olhou o rapaz – não sei se vou conseguir seguir em frente.

  Uma lágrima teimosa caiu. Ver chorar, era horrível. Era como ver chorar. E isso doía muito.
  - – chamou-a pelo apelido da amiga. O encarou assustada. Sorriu – me ajuda a escrever a história dela – convidou – fizemos parte disso – colocou suas mãos em volta do rosto da garota – o fim. E então viramos a página, seguimos nossas vidas – sugeriu – um cuidando do outro, como ela fazia.

  Concordou com a cabeça e se sentou ao lado de .

Capítulo. 03

  Dias viraram semanas. Semanas se tornaram meses e agora chegaram ao novo recomeço.
  - Chegamos a última página – se entreolharam.
  - Epílogo – respirou fundo como se estivesse tomando coragem. – o fim. – disse cabisbaixa.
  - Para um novo começo – levantou seu rosto. Olhando em seus olhos – juntos lembra? – sorriu.

“Rua da lembrança. Nós estamos aqui de novo, de volta aos dias onde eu vou lembrar de você sempre.Tanto mudou, agora parece que ontem você foi embora."

  Ouvi cantarolando Memory Lane pela casa hoje de manhã com sua xícara de café na mão.Mas agora, não posso tentar prolongar isso. Chegou a hora de lhe dizer adeus, recomeçar a minha vida novamente.

  “Obrigado princesa, obrigado por tudo. Por ter feito parte das nossas vidas, por ter nos ensinado tanto. Estou tomando fôlego para esse momento, é difícil. Esses últimos meses, eu sei que esteve aqui comigo, eu podia sentir. Agora, você se fora para sempre, não consigo mais te sentir. Talvez eu esteja preparado pra isso. Então adeus. Adeus rainha do país das maravilhas, meu sonho perdido no espaço. Você encontrou seu lugar no céu e eu na terra. Boas lonjuras .”
  - Fim. – sussurrou.

  Salvou a pasta, desligou o computador. Levantou-se e seguiu em direção a janela. ficou calado, paralisado, observando a chuva cair, lágrima fizeram o mesmo. Chorou em silêncio. também chorou parada no centro da sala, esvaziando toda aquela dor. Permaneceram assim por um longo tempo.
  - Prometemos que iríamos seguir em frente – sussurrou entre soluços.
  - Prometemos – respirou fundo, secando as lágrimas. Levantou-se e encarou – Amanhã vamos a uma editora, mandar publicar o livro – sorriu confiante.
  - Vamos dormir, amanhã vai ser um longo dia – deu um beijo no rosto de – Boa noite.
  - Boa noite – respondeu.

  Subiram as escadas e seguiram para seus quartos. observava a chuva que continuava a cair, conversando com a amiga baixinho.
  - Eu sei que você está ai – sorriu – sempre esteve – suspirou – hoje foi difícil – esfregou as mãos – esses últimos meses foram difíceis e engraçados, lembrando de momentos único e incríveis com você – avistou uma estrela solitária – agora eu posso te ver – soltou uma gargalhada- é engraçado dizer isso, você é uma estrela agora? – indagou a estrela – você está rindo! – ficou séria- Não sou uma maluca que fala com estrelas! – colocou as mãos na cintura – um pouco maluca, mas disso você sempre soube, né sua boba? – um silencio tomou conta do ambiente – sinto sua falta – lágrimas voltaram com toda força – eu poderia ter te salvado – disse soluçando – você estava tão feliz naquele dia, dizendo aos quatro ventos que tinha uma música – pernas bambas, uma dor insuportável tomou conta de – mais não conseguiu ouvi-la – caiu no chão – por culpa minha – gritou – eu te perdi pra sempre – gritou mais alto.

   entrou no quarto desesperado, procurando por .
  - – gritou – o que houve? – perguntou assustado.
  - Foi culpa minha – abraçou – se eu tivesse prestado mais atenção nela, ainda estaria viva – procurou por ar – aquele carro.
  - – falou alto – para – encarou-a sério – não foi culpa sua – secou algumas lágrimas – não se torture por isso – tirou uma mecha de cabelo de seu rosto – por favor – sussurrou.

  Seus olhos se fixaram, uma batida mais acelerada veio. Não podia estar se apaixonando por . Mas o que ela não sabia, era que ele também começará a sentir o mesmo.

  Aos poucos seus rostos se aproximaram, seus lábios juntaram-se e um profundo e doce beijo aconteceu. Tomou nos braços e a levou até cama, sem separarem os lábios. Agora, a blusa do pijama já estava longe. Não demorou e o short também se encontrava do outro lado do quarto. Apenas roupas íntimas no corpo.

  Calmos e sincronizados, era como se fossem perfeitos um para o outro. calmamente tirou a parte de cima de , que logo tirou a de baixo. Ainda faltava a Box de , agora bem longe dali. Deitou , e se colocou sobre ela. Penetrando cuidadosamente. segurou um gemido. Beijou seu pescoço. Parecia loucura tudo isso, eles eram amigos. Mas algo mais forte os aproximava, tornando o memento cada vez mais sincero e apaixonado.

  Deitou-se ao lado da garota, acariciando seus cabelos.
  - Nós fizemos mesmo isso? – sussurrou.
  - Fizemos – respondeu contemplando-a.
  - Acha que foi ela? – olhou a estrela solitária.
  - Todo esse tempo – sorriu.

   adormeceu sobre o peito de . Agora era a sua vez de conversar com .
  - Por que fez isso? – sussurrou para estrela – esse era o plano? Cuidarmos um do outro, nos apaixonarmos? – sorriu, olhando para . – conseguiu pequena.

  Fechou seus olhos e dormiu, sobre a luz da lua cheia que escapou das nuvens.

Epílogo

  Acordando para um novo fim. Vivendo o recomeço, uma vida de sonhos perdidos e histórias de uma página. Você viveu, morreu na minha história. Se foi como as brisas de verão, gargalhadas gostosas na primavera, brincadeiras no outono e lágrimas no inverno. Abraços calorosos e olhares brilhantes, essa era você. Agora bem longe daqui, em um mundo só seu.

Salvadora
Eu caminho na corda bamba
No meu caminho para casa
Você é minha espinha dorsal
Eu sei que você está em algum lugar por perto, atrás de mim
Caminho em linha falha
Num campo de terra, na primavera
Sinto que o vento começa a me lembrar de você
E da doce conversa na calçada
É verdade, tudo que eu sei é...

(Continue procurando)
(Continue procurando)
Nossa graça salvadora!
(Continue procurando)
(Continue procurando)
Estamos procurando por nossa salvadora!

  Aonde quer que esteja, essa é a música que não pude cantar para você pequena.
  P.S: Eu sempre vou te amar.