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#020 Temporada

No More Sad Songs
Little Mix ft. Machine Gun Kelly



Não Mais

Escrita por Nicole Manjiro | Revisada por Songfics

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  Primeiro foi a dor de cabeça. Em seguida, nos olhos.
  Por fim, todo o resto do corpo.
  – , acorde!
  A garota suspirou, o corpo e a alma gritando por um analgésico. O som da voz de sua mãe gritando da porta de seu quarto fazia não só seus ouvidos, como sua cabeça pulsar. Ao tentar abrir os olhos, a claridade trazia a mesma reação que o som: dor.
  – Hmpf… - ela tentou murmurar, mas nada além de um resmungo saiu.
  – Você não pode mesmo achar que após sair no destaque da coluna de Gale, irá simplesmente dormir até meio-dia!
  Mesmo com o corpo inteiro dizendo para ela não tentar abrir os olhos novamente, o fez; ouvir as palavras “destaque” e “coluna de Gale” foram o suficiente. O homem era o maior fofoqueiro de toda a Califórnia, e suas maiores vítimas eram as socialites.
  Não que fosse uma. Ela apenas nasceu em uma família muito rica, que, por acaso, gostava de viver sob os holofotes. Mesmo com o mesmo sobrenome, isso não fazia dela uma deles.
  Ou fazia?
  A questão é que, ainda que não se importasse com o que as pessoas pensavam ou diziam, ela ainda aceitava os presentes que as marcas enviaram para ela, e também, sem esforço, ganhava diariamente milhares e milhares de novos seguidores em suas redes sociais, todos querendo saber mais sobre sua vida.
  “Minha merda de vida.” Ela concluiu.
  A primeira coisa que aconteceu quando ela abriu um dos olhos, foi ouvir de seu corpo “eu não disse?”, no momento em que a claridade tomou espaço em sua visão; em seguida, enxergou a mãe parada já ao lado de sua cama, os braços cruzados e o iPad ligado em uma das mãos.
  “Frank, maldito.” A moça xingou mentalmente o assistente da mãe, após ver que aquele era o aparelho do homem.
  – O que diabos você foi fazer no centro de Los Angeles ontem à noite? E sozinha!
  – O que mais se faz em Los Angeles à noite, mãe? Fui me divertir.
  – Não é o que Gale disse. Ele praticamente a chamou de puta!
  “Ousado.” pensou, obrigando-se a pegar o iPad, apenas porque a mãe o havia metido o aparelho bem embaixo de seu nariz.
  
   : uma rebelde indomável?
  Na noite de ontem (quinta), a caçula , como adotamos de gatinha, devido ao seu comportamento agressivo e muito individualista, foi vista sozinha na Ocean Club - uma balada de administração muito duvidosa, devo acrescentar -, na presença de diversas companhias, todas elas masculinas mais desconhecidas do que a zona sul de Los Angeles.
  A noite se estendeu até o amanhecer, quando a mulher gato terminou a gandaia na residência de seus pais em Beverly Hills.
  Me parece que alguém não consegue lidar muito bem com o término do relacionamento. Mas a quem iremos julgar, não é? Se você não se lembra, o turbulento namoro de dois anos de e Daniel Carter, quarterback do Los Angeles Rams, acabou na semana passada, com Carter tendo sido pego traindo com Lorraine Kims, a nova ubermodel do pedaço.
  De boba, a gatinha não tem nada, apesar de eu achar que ela poderia, sim, ter escolhido um lugar de melhor categoria para afogar suas lágrimas.

  – Aonde diabos é Ocean Club, ?
  É claro que a mãe não estaria preocupada de sua filha mais nova estar abrindo as pernas para meio mundo de homens. O que importa é que alguém em sua família foi vista no lado “feio” de Los Angeles.
  – A senhora não saberia, nem se eu desenhasse, mãe.
  A mulher não lhe respondeu de imediato. assistiu os olhos pintados irem de um lado para o outro, procurando um motivo para dar a bronca na garota.
  – Você tem sorte que seu pai não está aqui.
  – E o que ele faria? Se importaria comigo? - fingiu uma risada e se levantou da cama. – Vou tomar um banho – Anunciou, como se ainda precisasse dar uma satisfação para a mãe.
  Ouviu os resmungos da mãe até fechar a porta do banheiro. Não se lembrava muito bem do motivo que a levou a achar que poderia ter paz dormindo na casa de seus pais. Estava longe de sua casa em Calabasas e não queria enfrentar um trajeto de quase uma hora até a residência.
  Arrependeu-se amargamente.
  Decidiu que sairia do banho, colocaria uma roupa qualquer que mantinha ali para propósitos como este, e iria de táxi até sua casa.
  Enquanto olhava para a parede de mármore clara embaixo do chuveiro, o coração pulsava forte, lembrando-a da dor que não havia passado apenas porque ela discutiu com a mãe. Lembrou-se, então, do motivo que a levou a sair na noite anterior, como se fosse a última de sua vida.
  Não que fosse morrer. Ou que planejasse. Apenas precisava tentar algo novo, sair da rotina, fazer algo que não lembrasse o idiota de seu ex-namorado-traidor. Podia ouvir as risadas dele e da tal Lorraine, uma pirralha cinco anos mais nova, que só porque havia sido aprovada por dois ou três estilistas, achava-se parte da alta sociedade.
  A garotinha mal sabia o que era a alta sociedade.
  – Tomara que se afogue no meio do veneno das pessoas que irão rodeá-la – disse, magoada e triste.
  Bateu na parede, sentindo somente a dor na mão. Não achava que era tão fraca assim. Achava, inclusive, que era muito mais forte do que todas as suas amigas que passavam por um término. Mesmo que ela e Daniel terminassem, imaginava ser algo tranquilo, cada um seguindo seu caminho, e não descobrindo, através de um tablóide, ter sido traída.
  Os dois primeiros dias após a notícia foram pesadelo puro. Pessoas ligando e mandando mensagem de todos os lados, como se ela precisasse de apoio emocional. A tratando como uma mulher fraca e sem futuro, apenas porque o famoso Daniel Carter a trocou por alguém mais na moda. Isso somente culminou em mais raiva. queria socar a cara de Daniel, que apenas lhe mandou um enorme buquê de flores e um cartão escrito “desculpe”.
  Desculpe? Desculpe?
  Que ele fosse pro inferno!
  Ela, então, passou a pensar nas coisas que ele a impediu de fazer, por conta de sua insegurança. Durante dois anos, não pode sair para viajar com as amigas que não era do círculo de amizade de Carter. Também não pode conhecer novos lugares onde era convidada, como restaurantes e baladas. A Ocean Club foi uma delas. Era uma balada criada por um amigo de um amigo; diferente das festas que ela costumava ir, qualquer um podia entrar, e as bebidas eram tão mais baratas do que estava acostumada, que apenas decidiu beber sem parar.
  Olhou para as mãos, começando a ficar enrugadas por causa da água, e se lembrou da noite passada…

  FLASHBACK – A NOITE ANTERIOR

  Eram oito da noite e estava em casa.
  Recusou todos os convites das amigas, dizendo que precisava de um tempo para ela. Quando foi questionada sobre o que faria em plena quinta à noite, ela apenas respondeu que precisava pensar. Jamais imaginaria, entretanto, que pensar a levasse a se arrumar, chamar um Uber e ir para o Diner’s comer sozinha.
  Na verdade, não foi tão rápido e simples assim.
  Entre pensamentos melancólicos e raivosos, criou uma lista de coisas que se lembrava querer fazer durante o namoro com Daniel. Ouvindo a música da Adele, lembrou-se de como queria comer uma comida bem gordurosa na Diner’s, seguida de uma sobremesa ainda mais calórica, e não pode porque o cara, na época, estava se preparando para a temporada final de jogos.
  Recordou-se, também, da inveja que sentiu de Carrie, quando ela foi para uma festa com Julie e acabou visitando a cara de três homens maravilhosos - de acordo com a própria - e tendo os melhores sexos da sua vida. jamais sequer beijou um cara em uma balada, que dirá terminar na casa dele.
  E então veio à lembrança, também, do tempo de antes do namoro com Carter, quando saía das festas no amanhecer para comer uma panqueca no Carlile. As panquecas de lá eram as melhores, mas ela não se recordava do gosto, porque fazia pouco mais de dois anos que não frequentava o lugar.

I often think about where I went wrong
The more I do, the less I know

  A música de Adele continuava a soar ao fundo, deixando ainda mais melancólica. Olhou uma foto de Daniel e então percebeu como suas unhas estavam horríveis. Suas unhas jamais haviam sido horríveis. Isso só significava uma coisa: ela estava maluca e precisava de um choque de realidade.
  – Vamos deixar de ser idiota hoje, ! - gritou consigo mesma e se levantou, mudando a música para uma outra agitada que, coincidentemente ou não, acabou sendo da Britney.

People can take everything away from you
But they can never take away your truth

  Um sorriso malicioso, de quem estava planejando ter um surto incrível, surgiu no rosto de . As cortinas foram abertas e, mesmo não iluminando nada, por ser de noite, fez entrar no ambiente, o ar fresco do verão californiano. Um banho aconteceu e em seguida, as unhas foram feitas. Após secá-las, fez o cabelo e colocou uma roupa muito sexy e, tomara, muito vulgar.

I don't need permission
Make my own decisions
That's my prerogative

  – É isso, Britney, é isso.
  Olhou-se no espelho e adorou seu reflexo. Os cabelos longos e escuros estavam brilhantes e ondulados, o rosto de pele bronzeada estava maquiado e o corpo curvilíneo quase escondido pela peça única vermelha. Vermelho sempre foi sua cor. Daniel a adorava de vermelho, mas isso não significava nada para ela. Antes dele gostar, ela amava a cor. E só isso importava.
  O Diner’s era um restaurante para todo o tipo de pessoa. Era assim que Los Angeles era, no geral. E era por isso que amava a cidade. Podia entrar vestindo um moletom, mas também um vestido mega sexy, e ninguém se importaria. Olharia, é claro, mas apenas porque ela estava magnífica. Pediu a parmegiana que queria e, de sobremesa, comeu um petit gateau sem dó.
  Em seguida, chamou um táxi para levá-la ao Ocean Club. Ricky, seu amigo que tinha o contato com o dono da balada, disse que iria encontrá-la lá, pois já tinha planos para ir à festa. No lugar, uma enorme fila com todo o tipo de pessoa esperava para entrar, mas Ricky a aguardava na porta.
  – Gata! - elogiou a amiga, que sorriu. – Achei que havia esquecido desse lugar.
  – Nah - ela balançou a mão. – Eu só não pude vir antes.
  – Bem, Pietro não pode vir recepcioná-la, porque ele está com um grupo de investidores aproveitando o local, mas separou um camarote para nós dois.
  – Você quer ficar no camarote? - não precisou mostrar o documento para o segurança na porta, que liberou o acesso sem nem receber um olhar da socialite. Todo mundo sabia quem era . E, a partir daquele momento, todos sabiam que ela frequentava um lugar como o Ocean Club.
  – Na verdade, estou com um cara - o amigo disse, sem graça.
  – Não me diga - abriu um pequeno sorriso e deu o pulso para colocarem-lhe a pulseira. – DJ?
  – Vaca! Como você sempre sabe?
  – Você sempre quer o DJ, Ricky, desde a época da escola.
  – Bem, agora eu quero por outros motivos…
  – Esteja à vontade para ficar com seu DJ. Eu, por outro lado, vou me divertir.
  – O que você pretende, ? - o amigo perguntou, acompanhando ela até a entrada do salão, onde todo mundo estava presente dançando, bebendo ou tentando conversar.
  – Aí é que está, Ricky… - ela olhou para o amigo uma última vez antes de sair. – Eu não pretendo nada.
  – Arrasa, vadia! - ele gritou assim que ela se afastou.
  O plano de era simples. Dançar. Queria dançar como nunca. Queria beber como nunca. Ali não era seu habitat natural, logo, não haveria ninguém que a conhecesse de modo pessoal. Seus amigos jamais iriam para uma balada na zona sul, e, apesar dela poder ser reconhecida pelas pessoas, ninguém chegaria perto dela para lhe perguntar como estava.
  Naquele momento, não queria ter que se explicar. Queria só aproveitar.
  E começaria com álcool.
  Passou no bar e pegou uma taça de um drink que o barman disse ser o que mais saía. Era horrível, o que significava que ela ficaria bêbada mais rápido. E esse era o plano.
  O som da música eletrônica soava em todo lugar. poderia dançar em todo lugar, mas o que ela queria mesmo era estar no meio da muvuca, das pessoas, de sentir seu corpo ser embalado pelas pessoas ao redor.
  – Você dança muito bem – uma voz disse ao seu ouvido. Ela não lhe respondeu e, segundos depois, mãos começaram a percorrer seu corpo, como parte da dança. Diferente de todas as outras vezes, não se importou. Ela não se importaria, porque essa noite, ela iria aproveitar tudo e todos. A única regra era: não ouvir músicas melancólicas e não voltar para casa antes do amanhecer. De resto, valia tudo.
  Beijou o cara que elogiou sua dança.
  Também beijou um outro cara que lhe perguntou se estava sozinha. Beijou o amigo dele também. Sentiu vontade de perguntar se eles tomavam um beijo a três, porque havia visto isso em algum lugar e não conseguia imaginar como seria, mas desistiu, porque não estava tão maluca assim, o que a fez se sentir incomodada e comprar mais álcool.
  Dez minutos depois, beijou um cara no caminho para a pista de dança, e como ele beijava muito bem, repetiu a dose algumas vezes. Algumas várias vezes, pois viu também que ele era ótimo dançando e a tocava nos lugares certos.
  Quando eram cerca de duas e meia da manhã, a festa já não estava tão boa. Foi ao banheiro para dar uma olhada em sua aparência que, graças à qualidade da maquiagem, só precisou dar um pequeno retoque no brilho dos lábios. Porém, ele saiu no corredor que dava acesso de volta à balada, pois o cara do beijo bom a abordou novamente.
  – Que tal irmos para outro lugar? - ele perguntou entre os beijos.
  – Que outro lugar?
  – Onde você quer ir?
  – Onde você quer me levar?
  Ele separou os lábios dos dela e sorriu. E se havia algum sorriso menos malicioso do que aquele, ela daria toda sua fortuna para a pessoa.
  Decidiu que iria embora com ele.
  O homem, Arthur, era um artista plástico e a levou para seu ateliê. Não era uma arte que gostava, mas ela não estava ali para ver nada. E, pelo jeito, o homem também não.
  Transaram três vezes. Uma, bem próximo da porta, porque a tensão sexual estava absurdamente ridícula. Em seguida, no fundo do ateliê, em um sofá onde algumas pessoas se deitavam para modelar para ele. ignorou o fato de ele provavelmente ter transado com outras mulheres ali, afinal, haveriam próximas, como ela. Por fim, quando ela disse que precisava ir, ele a seduziu mais uma vez, dessa vez na mesa. sentiu o cheiro de tinta mais forte, mas não se importou. Carrie tinha razão. Transar com homens desconhecidos era incrível.
  O Uber a levou para uma festa em um terraço. Ela havia recebido o convite de Julie, a rainha das festas de sua turma, mas não encontrou com ela lá - provavelmente já havia ido embora com algum cara -, entretanto, haviam muitas pessoas no local, algumas conhecidas, que tiveram a decência de cumprimentá-la sem perguntar sobre Carter ou se ela estava bem.
  Respirou o ar puro, enquanto bebia champanhe, muito mais caro do que a bebida desconhecida da Ocean. Olhou a cidade de Los Angeles escura, iluminada pelos postes de luz.
  – Fiquei sabendo que você foi para o lado oposto do subúrbio.
   olhou para o lado e sorriu.
  – Pois é…
  – Estou magoado. Você poderia ter se lembrado de mim.
  – Eu queria ir sozinha.
  Não ouviu nada em resposta, e achou que o silêncio foi a melhor coisa que ele fez para lhe responder. sempre foi uma pessoa de poucas palavras, que sabe o momento certo de se expressar.
   o conheceu há alguns anos, na primeira visita do homem coreano aos Estados Unidos. Ele era novo e inexperiente com o exterior, o que o fez gaguejar e falar algumas bobagens; mal sabia falar inglês.
  Mas cinco anos passaram voando e mostrou-se uma pessoa de rápida educação, pois agora era praticamente fluente na língua. Visita os Estados Unidos com uma frequência maior do que provavelmente gostaria, apenas por causa de seu trabalho como artista k-pop. aprendeu bastante sobre a cultura coreana com ele, mas após o namoro com Carter, quando teve a oportunidade de fazer uma visita ao amigo em seu país natal, acabou deixando de lado a pedido do então namorado.
  – Vai ficar quanto tempo aqui?
  – Mais três dias. E você?
   riu. Gostava desse jeito bobo de . Ele fazia perguntas óbvias, às vezes por educação, outras porque ele achava que deveria. Ainda assim, sempre lhe respondia.
  – O resto da vida, talvez.
  – Hum… isso não é legal. Tem-se um mundo muito grande para visitar antes de morrer.
  – O quê? - riu, finalmente olhando para o garoto coreano.
  – Sua vida não se resume a Los Angeles, assim como a minha não se resume somente a Seul.
  A garota sabia o que ele queria dizer. Apesar de ser alguns anos mais velha que , assim como ele, o trabalho dela podia ser feito de qualquer lugar do mundo. Inclusive, ela precisava viajar mais.
  – Você está bonita.
  Ela o encarou, vendo-o olhar para a barra de seu vestido, provavelmente após ter deslizado os olhos por toda a extensão do tecido. Sabia que era educado demais para olhar as partes mais expostas, mesmo o vestido e ela terem a intenção de chamar a atenção.
  – Obrigada. Você também. - ela prestou atenção no estilo contido do artista. Calça social, camisa preta acetinada. O cabelo estava arrumado e ele parecia usar maquiagem. – Você veio de algum evento.
  – Foi. Lançamos uma música nova.
  – Eu sei. Eu adorei. Já sei cantar metade.
   sorriu, pois sabia que não era fácil para a garota cantar uma música em outra língua.
  – Você está triste - ele comentou.
  – É, mas não quero pensar nisso essa noite. Por isso fui naquela festa.
  – Ah, a que eu não fui convidado.
  – Não se é convidado para ir lá, . - ela riu. – Você só vai.
  – Bem… - ele coçou a nuca. – Eu não consigo ir em nenhum lugar neste país que não seja convidado.
  – É verdade. Você está absurdamente famoso.
  – É. É estranho. E legal.
  – Hum… - murmurou , não querendo concordar. Porque não concordava. Não era legal ser famoso. Ela, que não teve escolha a não ser, ser, frequentemente se via incomodada com os paparazzis e as constantes ameaças de hackeamento das contas nas redes sociais.
  – Ei, ! - uma voz soou ao fundo.
  Os dois olharam para trás, onde Jack, um conhecido de da época da faculdade, se aproximava com um sorriso no rosto. Ele trabalhava na área financeira de San Francisco, mas vivia em Los Angeles a trabalho. Antes de namorar com Carter, os dois haviam saído por dois meses, até ela terminar com ele, por não querer namorar à distância. Não se importava de se encontrarem nos finais de semana, mas odiava ter que ficar reportando suas atividades durante o tempo afastados.
  – Vejo você outro dia - sorriu. ia dizer para ele ficar, pois preferia a companhia dele, à de Jack, mas o artista se afastou antes dela dizer qualquer coisa.
  – Quanto tempo! Fiquei sabendo que você havia chego, o terraço é minúsculo, mas foi difícil te encontrar…
   desviou o olhar das costas de , que era abordado por algumas mulheres, e olhou para Jack, que não parava de falar. Suspirou, sentindo o ar em sua volta esfriar e a mente voltar a ficar sóbria.
  – Ei - ela cortou Jack, que não parecia se importar de ter sido interrompido. –, que tal um champanhe?
  O homem abriu um sorriso e a acompanhou até o bar, onde voltou a beber algumas taças do champanhe. Levou quase meia garrafa para ela voltar ao estado de torpor anterior e, durante todo o tempo, Jack não saiu de seu lado, o que fez com que ela aceitasse que teria de ser ele mesmo sua próxima vítima.
  – Que tal sairmos daqui? - ela sugeriu, vendo-o sorrir, dessa vez com mais malícia. – Você está ficando aonde?
  – No Hilton. Quer ir até lá?
  – Pode ser - ela pegou a garrafa de champanhe e olhou no relógio, que marcava quatro e meia da manhã. Droga, ela não conseguiria quebrar o recorde de Carrie essa noite. E Jack provavelmente não valeria, já que ela já havia transado com ele antes, e o conhecia melhor do que muitas mulheres com quem ele dormiu.
  Não foi como ela imaginava. Ele parecia ter parado no tempo, não querendo sair da posição de sempre no sexo. Além disso, gozava rápido e ela acabou se frustrando, a ponto de desistir quando ele tentou tocá-la para uma segunda vez.
  – Preciso ir embora – ela disse, se levantando.
  – Fica mais um pouco, podemos…
  – Não. Preciso ir - olhou no relógio. – É sério.
  O código de Jéssica sobre utilizar o “é sério” era simples. Sempre que ela dizia isso, as pessoas sabiam que era porque ela possuía um compromisso sério que não podia adiar, portanto, não era nada pessoal, apenas tinha de seguir uma agenda.
  Mas era pessoal. Jack era péssimo na cama e ela estava voltando a ouvir as letras da música de Adele em sua cabeça, o que ia contra sua regra naquela noite. Olhou para o relógio, que marcava cinco e meia. Respirou fundo e decidiu que iria ao Carlile. Comeria a famosa panqueca deles e então iria para casa.
  Contudo, sua casa estava a quase uma hora do Carlile, enquanto a de seus pais estava a somente vinte. Decidiu, então, dormir lá.
  Só não esperava que a equipe de Gale fosse tão eficiente, e que ele pudesse criar uma coluna naquela mesma manhã sobre ela. Isso só significava uma coisa:
  Estava na hora dela aumentar o cachê para as marcas.

  FIM DO FLASHBACK

  Terminou de arrumar os cabelos e encarou seu reflexo no espelho. Não queria encontrar com a mãe, muito menos com qualquer fotógrafo que estivesse em busca de seu rosto após a notícia da manhã. Restou a ela suspirar. No meio de tantas regras, queria sempre achar uma brecha para viver em sua própria paz.
  Mas não havia paz na família . E por isso, assim que desceu até o primeiro andar, pronta para seguir direto para a porta, foi impedida pelo mordomo, que informou que a família a esperava para o almoço.
  Esperava encontrar toda sua família para lhe cobrar um posicionamento sobre a noite anterior, porém, só havia ali a irmã mais velha com o filho de dois anos fazendo uma bagunça maior que a mansão em que estavam.
  – Por que você foi até esse clube? - Jennifer, a irmã, perguntou.
  – Porque conheço o dono.
  – Mamãe está furiosa.
  – Quando ela não está?
  Jennifer riu. As duas tinham um relacionamento monótono. Nenhuma das duas se intrometiam na vida da outra e preferiam assim. Devido à grande margem de espaço na idade das duas – tem 28, enquanto Jennifer tem 34 – as duas possuem grupos de amigos diferentes. A irmã do meio, Judy, com 31, era a que mais se dava bem com as duas e frequentemente fazia parte da vida de ambas.
  A mais nova enxergou na mais velha o olhar de quem queria perguntar o que todos estavam em dúvida. Olhou para Theo, a única criança da família, falar palavras desconexas e fazer ainda mais bagunça quando era ignorado.
  – Estou fula da vida - disse, de repente. – Quero que todos odeiem Daniel e Lorraine. Quero ser a garota mimada que mancha a imagem da outra, apenas porque tem mais poder na mídia. Quero expor os defeitos de Daniel, para que ele passe pela mesma humilhação que eu.
  – Mas não seria a mesma humilhação.
  – É. Por isso não fiz - olhou para o prato ainda cheio. – Estou cansada.
  As duas permaneceram em silêncio por alguns minutos. Nenhuma, neste meio tempo, tocou no alimento à frente. Apenas podia-se ouvir o som de Theo brincando sozinho.
  – Você sempre esteve cansada, .
  A garota olhou para a irmã mais velha, confusa com o ataque repentino.
  – Você nunca foi obrigada a se envolver com a mídia. Apenas achou que deveria ser assim, porque eu e Judy fizemos. Toda vez que algo de ruim acontece, ouço você dizer que está cansada de todo mundo, como se todos fossem os únicos errados. O que estou querendo dizer, é que você enxergou uma obrigação inexistente em lidar com a mídia. Você não precisa viver essa vida, se você não quer.
  “Quando assisto ao seu conteúdo na internet, vejo uma vida que é pura alegria. Você gosta de estar bem vestida. Gosta dos produtos que faz propaganda. Gosta de ser influencer. Só que quando encontro com você, sua expressão está sempre fechada, emburrada, como se tudo não estivesse de acordo com o que você quer. Nada, nunca, será da maneira que queremos.”
  – Para você é fácil, pois sempre gostou dos holofotes.
  – Eu odeio os holofotes - Jennifer diz, surpreendendo a irmã. – Odeio que eles nos persegue, que inventam mentiras sobre nós para vender mais. Que nos ameaçam com mais mentiras, para que nós possamos pagá-los para não fazerem algo que nem deveriam. Estou divorciada, , com um filho de dois anos para cuidar. Existem milhares de mulheres no mundo em situação igual ou pior que eu, e ainda assim eu sou a vergonha da família. É sempre assim. Mas sabe? Eu escolhi não ligar mais. Sou mãe solteira? Sim. Tenho babá para ficar integralmente com meu filho? Sim. Vivo no luxo? Sim. Não vou negar a verdade, mas também não irei admitir mentiras. E isso começa comigo mesma. Não admito viver uma vida que eu não goste. Não admito mentir para mim, dizendo que a culpa é dos outros. Se você não se dá o valor, não deve esperar que os outros façam por você.
  – Você não se arrepende? - pergunta. – De Luke?
  – Não - Jennifer suspira. – No começo, achei que sim. Você sabe como é ser traída. Temos nossas fases, nossos momentos. Mas tenho Theo. E se eu me arrependesse de Luke, eu estaria me arrependendo do meu filho, e ele é a minha vida. - ela olha para o menino com muito carinho. – O que você realmente quer, ? E o que a faz feliz? Tendo a resposta para as duas perguntas, você com certeza saberá o que deve fazer.
  As duas passaram o restante do almoço caladas. Jennifer deu o espaço que a irmã mais nova precisava para pensar, enquanto isso, ficou no celular, enviando algumas mensagens e respondendo alguns áudios que havia recebido das amigas.
  – Preciso ir, você quer uma carona?
  – Hum… - olha para o celular e então responde: – Não, vou sair com um amigo.
  – Diga tchau para a tia , Theo - Jennifer disse para o bebê, que ergueu os braços para abraçar . – Nós não nos mudamos de casa.
  – Eu sei. Irei visitá-los.
  Jennifer não disse mais nada, tampouco se despediu, um hábito da família. Apenas virou as costas e deixou toda a bagunça para trás. , por outro lado, respirou fundo e esperou alguns minutos, até o celular tocar.
  
  – Você está pensativa.
  A garota olhou para , que dirigia sem rumo na beira-mar. O cantor havia enviado uma mensagem mais cedo, perguntando se ela tinha alguma programação após o almoço. O grupo BTS havia tido uma manhã cheia, mas a tarde seria livre, o que fez com que ele imediatamente enviasse uma mensagem para a primeira pessoa que lhe veio à mente.
  – É, algumas coisas andaram acontecendo.
  – Ouvi dizer que você terminou com seu namorado.
  – Ouviu dizer? - ela olhou para ele, perguntando em tom de brincadeira. Ele abriu um sorriso sem graça que ela achou fofo, mas desviou o olhar de volta à paisagem. – Ele me traiu.
  – E você está tendo sentimentos ambíguos?
  – Não… não tenho nenhum sentimento bom por ele agora, na verdade, acho que estou entrando em um caminho que o fim será a indiferença.
  – Indiferença é bom para a parte machucada.
   riu com o comentário do garoto. Ele, ainda que mais novo, sempre parecia mais sábio do que ela.
  Parou para prestar atenção na música que tocava na rádio. Na verdade, o aparelho estava conectado por bluetooth com o celular de , e portanto, não entendia nada do que a música falava.
  – Sobre o que se trata essa música?
  – Apesar de agitada, ela tem uma letra bastante comovente.
  – Hum… - sem pensar, apertou o botão para a próxima música. – E essa? Também é uma música triste?
  – Hum… sim.
  Mais uma vez, a música foi trocada.
  – Você quer uma música alegre?
  – Sim. Estou cansada de músicas tristes. Quero algo que me anime.
   diminuiu a velocidade do carro e pegou o celular. Uma voz doce soou, junto de uma batida que dava a sensação de que logo viria algo dançante. sorriu e identificou a útima música lançada pelo BTS, Dynamite. Ela adorava.
  Durante um tempo, e cantaram e dançaram a música dentro do carro. E então, rapidamente, ela chegou ao fim.
  – O que você faz em Seul?
  – Hum… quando não estou trabalhando e tenho muito tempo de folga, gosto de ir visitar minha família e explorar lugares novos. Gosto de tirar fotos.
   se imaginou explorando lugares novos, sem ter ninguém a seguindo escondida. Odiava ter que ser cautelosa aos lugares que ia e sempre ter um segurança junto de si.
  – Talvez eu vá para lá - ela disse, de repente.
  – Para Seul?
  – É.
  – Eu adoraria ver você lá – sorri. – Posso te levar para centenas de lugares legais.
  – Você pode ser visto com uma garota?
  – Eu posso disfarçar bem, mas pode ser que eu tenha que levar meu agente na maior parte das vezes.
  Os dois riram, imaginando o coitado do agente tendo que ir a todos os tipos de lugares, apenas porque não conhecia e queria mostrar a ela.
  – Vire na próxima esquerda. – ela disse.
  – Para onde vamos?
  – Para o meu lugar favorito.

  A casa de era uma mansão que ela havia comprado há dois anos. Com vista para o mar, ela adorava o local, pois ele era afastado de outras casas e tinha uma ótima segurança. Além disso, por ser no alto de uma colina, não valia a pena para paparazzis e fãs malucos se deslocarem até lá. O terreno era absurdamente enorme, o que a fez mudar grande parte do local para que pudesse criar vários ambientes para suas fotos. A maior parte do tempo, fazia o conteúdo para postagem na própria residência.
  – Uau… - ouviu a voz de assim que os dois entraram na casa. – Você mora aqui sozinha?
  – Sim.
  Boquiaberto, o garoto andou lentamente pela sala de estar, até a varanda, onde uma piscina infinita limpa refletia a luz solar.
  – Vem cá -  pegou na mão de e seguiu até o segundo andar, onde o levou até a última porta do corredor à esquerda. Era um quarto de hóspedes, mas os dois passaram direto e foram até a sacada, onde um conjunto de duas poltronas e uma mesa de centro estavam acomodados. – Esse é o meu lugar favorito da casa.
  – Aqui?
  – É.
  – No quarto de hóspedes?
  – Pois é. Gosto de saber que meu lugar favorito não pode ser acessado por todo mundo. Ninguém entra no quarto de hóspedes. Geralmente entram no meu, pois têm curiosidade em saber o que tem lá dentro.
  – Ah… entendi.
  – Além disso, aqui a sombra é maior e a brisa é melhor. Consigo ter uma visão completa do meu terreno, das montanhas e do mar. Sempre que quero pensar, venho até aqui e fico olhando a paisagem.
  – É muito bonito.
  O silêncio tomou conta do lugar. perdia todo o tempo que podia, observando a imensa paisagem que tinha em sua frente. , por outro lado, olhava para ele.
  Não sabia quando foi que a amizade entre os dois começou. No início, ele era apenas mais um contato. Conhecia milhares de artistas e mantinha a amizade com a maioria deles. Mas, de todos, foi o que se aproximou mais rápido dela. Talvez pelo jeito inocente e doce. Ou, quem sabe, pela educação e falta de interesse em sua vida pessoal. Estava sempre interessado nela. No que ela havia de novo ou nas coisas que estavam acontecendo ao seu redor.
  Com o tempo, as conversas foram aumentando, e todas as vezes que ele ia para os Estados Unidos, mesmo que não fosse para a Califórnia, mandava uma mensagem para ela. Daniel não gostava das conversas entre os dois, mas nunca havia visto malícia no asiático, para dar razão ao namorado, como acontecia com outros artistas.
  Só que agora ela via. Daniel tinha toda razão de sentir ciúmes de . Ele era bonito, educado, simpático e tinha uma carreira de sucesso. Além disso, era um ótimo amigo e também porto-seguro. conversava por horas com o garoto, e o melhor de tudo, era que ninguém sabia. Ninguém suspeitava da relação dos dois, porque eles não contaram a ninguém.
  Silenciosamente, se levantou e sentou-se ao lado de , que se espremeu para que os dois coubessem na poltrona que, por sorte, era imensa. Os dois se acomodaram de forma confortável e então voltaram às suas atividades anteriores; ele, observando a vista, e ela o observando.
  “O que você realmente quer? O que a faz feliz?” As perguntas de Jennifer ecoavam na cabeça de .
  “Eu quero…” Ela começou a pensar. “Eu quero ser feliz. Neste momento, estou feliz.”
  Permaneceu encarando o rosto de . Sua companhia a fazia feliz. Sempre fizera. Ele era uma bola de felicidade; fazia as pessoas ao seu redor sorrir.
  Ergueu a mão até o rosto do garoto, que olhou para ela quando sentiu a pressão no maxilar. E então, sem dizer uma palavra, tomou um impulso e grudou os lábios dela, nos dele.
   correspondeu o beijo rapidamente. Moveu-se de forma a beijá-la com mais conforto e tocou-lhe o corpo nos lugares onde menos fosse desrespeitoso. No entanto, não queria que ele fizesse uso de sua etiqueta logo agora.
  – Quer… - ela disse, ofegante ao parar o beijo - conhecer meu quarto?
  O artista olhou para a influencer por um tempo, e então disse:
  – Sim.
  E com um sorriso, os dois seguiram para o quarto ao lado, não dando bola nenhuma para a sacada que havia ali.

  DOIS MESES DEPOIS.

  – Essa é a quarta cafeteria que nós vamos hoje, - ergue uma sobrancelha enquanto olha para o lugar onde o garoto estacionava.
  – Este é um hábito coreano. Nós gostamos de cafeteria.
  Ela abriu um sorriso, achando graça de ele incluir nos pontos turísticos, suas cafeterias favoritas. sabia que ele seria bastante inusitado, mas jamais imaginaria que não a levaria nos típicos locais turísticos, mas sim os lugares favoritos dele.
  Havia chego há duas semanas em Seul. Decidiu que sair do país era uma boa escolha. Além disso, ela e decidiram tentar fazer o tal do namoro acontecer, e como ela já havia tentado antes, a distância era, sim, um obstáculo.
  Não mais.
  Agora, havia se mudado temporariamente para a Coréia do Sul. Estudaria a língua, apenas para conseguir um visto de estudante, e continuaria a produzir conteúdo para suas redes sociais, que estavam em puro fervor com a notícia da mudança da influencer para outro país. A mudança, inclusive, foi muito bem-vinda, trazendo novos contratos para a garota.
  Não foi difícil para ela achar um lugar para morar. Com a ajuda de , alugou um apartamento no mesmo condomínio em que ele morava, assim, seria fácil despistar os paparazzis, e principalmente os fãs do artista.
  – Eles fazem o melhor Iced Americano da região.
  – Nós temos Iced Americano nos Estados Unidos. Inclusive, a bebida é de lá, caso não tenha percebido.
  – Ah. É verdade. Bem, então você deve gostar daqui.
   riu. Não havia tempo ruim com , e essa era a característica favorita dele, na opinião dela. Apesar de estarem juntos a somente dois meses, aprendeu muito mais com ele do que com qualquer ex-namorado.
  – Além disso, eles sempre tocam músicas felizes aqui. - disse, apontando para cima, como se fosse possível enxergar o som. – É por isso que o lugar se chama Happy Call.
  – Bem, este, de fato, será o meu lugar favorito na cidade.
  Enquanto pedia grande parte do menu para os dois, o observava com um sorriso nos lábios. Estava feliz. Muito feliz. Havia pensado bastante na pergunta que Jennifer havia feito para ela. E a irmã tinha razão. Saber a resposta lhe daria um rumo.
   era parte do rumo. gostava muito da relação dos dois. Ele tinha seus defeitos, mas ela também. E apesar dele saber lidar com os defeitos dela melhor que ela, ainda assim a fazia se sentir especial o tempo inteiro.
  Olhou ao seu redor, surpresa com a sensação da vida estar perfeita. Imediatamente a mente problematizou tudo, dizendo que logo algo ruim aconteceria. Mas então a razão veio à tona. Nada de ruim aconteceria, porque ela havia feito algumas mudanças para que jamais voltasse àquele estado de desânimo, de dois meses antes.
  Primeiro: não deixar de fazer as coisas que tem vontade somente porque outra pessoa não quer.
  Segundo: na dúvida, perguntar se a ação a fará ou não feliz. Se a resposta for sim, seguir em frente, mesmo que seja difícil.
  E por último, fazer da própria vida, uma trilha sonora de final feliz. não deixaria que sua vida tivesse momentos de músicas melancólicas. Não mais. Nunca mais.

FIM