Mysteries of a Marriage

Escrito por Rachel Hemmin | Revisado por Lelen

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  — Eu ainda acho que não era necessário ter você aqui.
  — Pare de se lamentar, , se você tivesse cumprido com sua obrigação, não estaríamos aqui. — olhou para o homem que a fuzilava com os olhos. pensou em responder algo, mas quando abriu a boca para falar foi interrompido pelo toque do celular de .
  — , onde você está? — a voz feminina falou tão alto no telefone que pôde ouvir com nitidez.
  — Eu estou bem também, Carol, eu vou sair tarde do trabalho hoje.
  — Mas já são duas horas da manhã. perguntou por você a noite toda; você não veio pro jantar, não disse para onde ia e que horas voltava. Ele está preocupado com você, cada carro que passava ele olhava para ver se era o seu.
  — Carol, eu estou bem, estou com um amigo, deixe ele longe das janelas e as tranque bem. Você precisa descansar para amanhã. — olhava fixamente para a luz acesa da grande casa, ela sabia que era o quarto onde dormia sempre que ela não estava em casa, a cama de casal grande fazia o garoto se sentir protegido, e ter uma garantia de que ele acordaria ao lado dela na manhã seguinte. — E se ele perguntar por mim de novo, diga que eu o amo mais do que tudo. Eu tenho que desligar agora. Tchau, Carol.
   desligou o celular, se encolheu o máximo que pôde encostando a cabeça no vidro do carro sem tirar os olhos da janela, ela tentava se manter acordada enquanto cantava algo baixinho.
  — Pode dormir se quiser, eu fico de olho em tudo. — negou com a cabeça, , com um ar entediado, começou a batucar em si mesmo e a cantar em um ritmo um pouco mais rápido que antes.
  Depois de longos minutos de silêncio, acordou com a balançando, ela olhou ao longe a casa que estavam vigiando e voltou seu olhar para . Ele mandou que fosse para casa descansar, e assim ela o fez.

  — Você dormiu aqui? — abriu a porta do carro acordando .
  — E queria que eu dormisse onde? — disse mal-humorado e fazendo cara feia ao tomar o café amargo.
  — Vou dizer à Carol que você adorou o café dela. — Ela riu.
  — Como você aguenta tomar isso todos os dias?
  — A princesinha não aguenta um pouquinho de café? — olhou para e ele a encarava sério. — Eu vou te levar para o seu apartamento pra que você possa se arrumar. — Ela disse séria dessa vez.
  — E pra onde a gente vai?
  — Para um casamento. — dirigiu por alguns minutos até chegar em frente a um grande edifício, desceu do carro deixando a xícara de sobre o porta luvas fazendo a garota revirar os olhos. — Eu venho te buscar em uma hora.
  — Eu te ligo quando eu estiver pronto. — tentou dizer.
  — Esteja pronto em uma hora. — ignorou o que disse, ligou o carro e seguiu em direção à lavanderia para buscar o vestido que usaria no casamento de sua irmã.

***

  — É normal a noiva se atrasar tanto assim? — perguntou baixinho pelo rádio comunicador em seu ouvido.
  — Até onde eu sei, é um pouco normal, mas nem tanto. — olhou ao redor para ver se tinha algo estranho, mas não viu nada. — Eu vou ver o que aconteceu com ela.
  A garota desceu do altar andando em passos largos, passou ao lado de e este a seguiu para dentro da mansão onde aconteceria a cerimônia e a festa de casamento de Carol. Eles atravessaram o salão de festas que estava todo decorado e com o enorme bolo no centro, subiram dois lances da enorme escadaria da entrada principal e se direcionaram para o último quarto onde a noiva estaria.
  — Steve, posso ver minha irmã? — perguntou ao enorme segurança que se encontrava na porta.
  — Claro, senhorita , e senhor...?
  — . — deu uma rápida olhada para . — Não se preocupe, ele está comigo. — Ela entrou no quarto junto com procurando a irmã. — Carol? Está tudo bem? , ela não está aqui. — procurou pelo quarto todo, no banheiro e no guarda-roupa.
  — Mas para onde ela iria? — procurava por alguma pista da garota.
  — Steve! — gritava desesperada.
  — Algum problema, senhorita?
  — Carol não está aqui, alguém entrou ou saiu daqui?
  — Desculpe, mas ninguém saiu daqui sem que eu visse. Somente a organizadora entrou aqui e já tem mais de meia hora.
  — Tudo bem, Steve, avise o resto da equipe e mandem os convidados para o salão de festas, ninguém entra e ninguém sai sem uma segunda ordem nossa. — Steve fechou a porta do quarto deixando apenas e no local. — Vamos procurar alguma pista dela.
  — Ok. Mas que tipo de pista? — tinha a face inocente.
  — Você nunca trabalhou com pistas? — estava incrédulo.
  — O policial investigativo aqui é você, a minha especialização é me infiltrar e não sair à procura de pessoas.
   ignorou qualquer coisa dita por , olhou para fora da janela e pôde ver o altar onde Carol deveria se casar, e se ela havia desistido do casamento? E se ela não quis mais fazer isso e decidiu fugir? Mas para onde ela iria? Por onde ela sairia sem que fosse vista? voltou a caminhar pelo quarto, mas dessa vez parou em frente ao espelho, ela procurou algo de diferente nele, mas não havia nada ou ela apenas não havia percebido.
  — , vem cá. — Ele se aproximou da garota e parou ao seu lado. — Você consegue ver algo de diferente neste espelho?
  — Além de estar meio torto, não vejo nada. — tirou o espelho do lugar e tocou a parede. — Não tem nada de especial nele.
  — Talvez não seja nele em si, mas sim o que ele quer mostrar. — entendendo o que acabara de dizer, colocou o espelho na mesma posição em que estava antes e direcionou o olhar para onde o espelho apontava.
  O reflexo do espelho mostrava o guarda-roupa, uma das portas estava entreaberta, foi na frente sendo seguido por , abriu as portas e apenas encontrou casacos empoeirados.
  — Só pode ser brincadeira, não teria como ela se esconder aqui, nesse espaço nem uma criança consegue se esconder direito. — tinha um tom de indignação na voz.
  — E se ela foi arrastada.
  — Eles a arrastaram para dentro do guarda-roupa e foram procurar um final feliz em Nárnia. — Os dois se olharam com cumplicidade e logo começaram a retirar todos os casacos que havia ali dentro.
  — Se não tiver nada aqui, eu juro que vou acreditar na história que ela foi pra Nárnia ser feliz.
   adentrou no guarda-roupa procurando por um fundo falso, ela riu consigo mesma ao lembrar de Nárnia; seu vestido longo já estava a atrapalhando e seu salto alto a fez pisar na barra do mesmo a obrigando a procurar apoio em e o puxando consigo para o chão.
  — Parabéns, você destruiu nossa passagem para Nárnia. — falou ironicamente e saiu de cima da garota lhe estendendo a mão. — Vamos ver no que isso vai dar.
  , ainda segurando a mão de , tentava descer as escadas com cuidado para não cair, tentava iluminar o caminho com a luz do celular. O corredor por onde passavam estava escuro e úmido, e fazia se arrepiar e tremer de frio.
  — Acho que chegamos no fim do túnel. — Disse ela com falsas esperanças, a garota correu com ainda segurando em sua mão, e apenas o soltou quando voltou a ver a luz do sol de outono.
  — Belo lugar para alguém querer se casar. — pôde sentir a ironia vindo de .
  — É um lugar lindo, eu gostaria de me casar aqui. — O rapaz caminhava na frente seguindo os rastros deixados por três pessoas que ele conseguiu identificar: um homem e duas mulheres, uma delas provavelmente seria Carol. Os dois seguiram pela floresta por longos minutos até que o rastro acabou na beira de um lago. — O que sugere agora?
  — Das duas uma: ou a gente atravessa nadando, ou a gente chama uma equipe de resgate para nos tirar daqui. Já está começando a anoitecer e ainda temos trinta pessoas para interrogar.
  — Vinte e nove. — não tirou os olhos do outro lado do lago, mas por dentro ela sabia que encontraria sua irmã, viva de preferência.

***

  No salão de festa os convidados estavam aflitos, os policiais não permitiam que ninguém saísse de lá, e muito menos fossem para casa, todas as formas de contato com o mundo exterior foram confiscadas.
  — , o que está acontecendo? Onde está sua irmã? — A mulher olhou desapontada para a mãe.
  — Temos várias equipes de busca procurando por ela. — olhou na direção de que brincava com alguém. — Quem é ela?
  — Já que a mãe não é capaz de cuidar do próprio filho, fui obrigada a chamar uma babá.
  — Eu estou tentando dar o melhor pra ele, estou tentando fazer o possível pra cuidar dele da melhor maneira.
  — Assim como cuidou da sua irmã? Ela poderia estar festejando com a gente agora.
  — A senhora vai colocar a culpa de tudo isso em mim? — tentava não aumentar o tom de voz, mas era quase que inevitável. — Foi ela quem escolheu esse lugar para fazer a festa, ela escolheu tudo enquanto eu cuidava do meu filho.
  — Você sabe muito bem do que estou falando, , se você não tivesse entrado para aquela maldita escola militar, nada disso teria acontecido, e nem essa criança. — tinha uma resposta na ponta da língua, mas, para a sorte das duas, foi interrompida por um dos policiais.
  — Podemos conversar com a senhora? — Ela saiu de perto do policial que tentava manter uma conversa com a senhora.
  — Oi filhote, com saudades da mamãe? —abraçou o filho como se fosse a última coisa que estivesse fazendo na vida. — Depois que acharmos a titia, a gente vai pra casa e vamos passar o resto do mês juntinhos, o que acha? — O garoto abriu um largo sorriso e voltou a abraçar a mãe.
  — Hey, garotão. — Era . — Você me empresta a mamãe por alguns minutos? — O garoto fez que sim com a cabeça, o pegou no colo e olhou para a babá e falou mais para si mesma.
  — Não quero meu filho com estranhos. — Ela o levou para sua melhor amiga e o entregou em seus braços. — Pode ficar de olho nele enquanto eu não volto? — Ela o beijou no topo da cabeça e virou para . — O que aconteceu?
  — Precisamos de você lá fora. — a guiou para a porta dos fundos, deu-lhe uma lanterna e um casaco para que não passasse frio. — Os cachorros encontraram algo mata adentro, logo após o rio, querem que a gente vá até lá.
  — E como pretendem que a gente faça isso? — esperou que fizesse essa pergunta para enfim mostrar o veículo que eles usariam.
  — Um quadriciclo? Só pode ser brincadeira.
  — E você prefere ir andando? — jogou um capacete para ela e ficou com o outro.
  — Mas eu estou de vestido. — A mulher levantou a barra mostrando o quão longo era o vestido.
  — Eu posso dar um jeito. — Ele soltou o capacete no quadriciclo e, quando chegou suficientemente perto de , pegou em seu vestido na altura do joelho e o rasgou. — Problema resolvido. — olhou para suas pernas assim como um cão olha para o frango assando em um dia de domingo.
  — Hey, podemos ir agora ou vai ficar aí parado igual a um idiota? — finalmente despertou, recolocou o capacete e montou no quadriciclo com em sua garupa.
  A mulher deu graças quando finalmente pôde descer do veículo, ela pensou que se ficasse mais um pouco lá, não iria conseguir sentir suas pernas e, no seu ponto de vista, isso não estava sendo nada agradável.
  — O que vocês conseguiram? — perguntou a um dos policiais e ele os levou a uma possível cena de crime.
  — Aqui acaba qualquer rastro. — Disse o policial. — Encontramos sangue e parte do vestido dela.
  — Vocês têm um mapa deste lugar? Sabem se tem algum tipo de fazenda por perto ou onde o rio termina? — finalmente se manifestou.
  — Temos três equipes cobrindo um raio de cinquenta quilômetros.
  — Não tem como eles cobrirem mais? Eles podem estar além desses cinquenta quilômetros.
  — , já estamos arriscando homens demais, se eles entrarem mais na floresta poderão se perder. — Foi a vez de falar. — Já estamos no limite.
  — Tudo bem. — O homem achou que ela havia compreendido. — Se vocês não vão, eu vou. — pegou a arma do companheiro e seguiu a trilha em que estavam.
  — Podem deixar, eu cuido dela. — O policial entregou a uma das armas que ele guardava no porta malas. — Você não vai sozinha. — Disse enquanto caminhava ao seu lado.

  Depois de mais de trinta minutos de silêncio, uma casa antiga foi avistada, ela parecia abandonada há anos; as árvores tomavam conta do lugar, trepadeiras cresciam por volta de todas as paredes e não se via nada pelas janelas por conta da poeira que tomou conta.
  — Você que sabe, a responsabilidade não será minha se algo te acontecer. — estava séria, os dois estavam sendo acompanhados por mais dois policiais. — Eu nem pedi para que você viesse.
  — Eu não ia te deixar sozinha, não quero me sentir culpado se algo te acontecer e não quero ver aquele garotinho crescer sem uma mãe, o que o pai dele diria?
  — Ele não sabe. — sentiu seus olhos marejarem e a olhou. — Eu nunca contei pro pai sobre a existência de .
  — E por que não?
  — No que isso mudaria? E se ele não quisesse assumir? Além do mais, veio de uma transa de uma noite.
  — Vamos nos separar, se alguém encontrar alguma coisa, avisa os outros. — Eles se separaram em duas equipes e uma foi pra cada lado.
  — E se ele quisesse assumir a criança? — disse andando com cuidado.
  — E por que acha isso? Algum dia já criou algum bebê? Acha que é igual cachorro? Que é só alimentar, dar carinho e levar pra passear? — Os dois chegaram perto da casa procurando alguma entrada que não fosse a porta da frente ou a de trás.
  — O que foi isso? — Algum barulho chamou a atenção de . — Parece que tem alguém aí dentro. — Ele fez um sinal para ficar em silêncio e ela o fez, ele tentou espreitar pela janela embaçada.
   apontou para uma escada na lateral da casa que dava em uma pequena janela, e começou a subir enquanto dava cobertura. Ela entrou facilmente na casa e sem fazer barulho algum; a escada dava para um quarto de criança, os brinquedos ainda estavam espalhados pelo chão, as paredes estavam cheias de tinta colorida que formavam um desenho: uma criança com o pai e a mãe segurando em sua mão. Letras desajeitadamente pintadas de vermelho formavam um nome, Theodore, isso tudo – o quarto, o desenho na parede, o nome –, a levou a pensar em uma única pessoa, que mais importava em toda sua vida: .
  A garota abriu a porta e viu que o corredor estava vazio, a próxima porta estava alguns metros à frente, segurou firme a sua arma, checou o corredor mais uma vez e correu fazendo o máximo de silêncio que conseguia. Ao abrir a porta viu que estava tudo normal, então decidiu tentar a próxima.
  — , ainda está aí?
  — Estou aqui embaixo aguardando algum sinal seu.
  — Eu preciso que você veja quem está aí.
  — Ok, espere um pouco. — se levantou um pouco e limpou o que conseguiu da janela. — Eu vejo apenas um homem, uma mulher e — ele deu uma pausa — sua irmã está amarrada em uma cadeira. A mulher é aquela organizadora do casamento da sua irmã.
  — Você consegue identificar o homem? — voltou a olhar pela janela na esperança que pudesse pelo menos ver o homem de perfil.
  — , lembra aquele homem que eu prendi quase três anos atrás?
  — Como eu iria esquecer? — Ela se lembrava muito bem daquela noite, passou meses infiltrada na organização para poder prender o líder do bando. — O cara jurou que voltaria só para te matar. Eu vou tentar descer até lá e quando eu te der um sinal, a gente invade a sala.
   deu o recado para os outros dois policiais, eles ficaram na porta da frente enquanto entraria pela porta dos fundos. Vagarosamente abriu a porta do quarto em que estava, mas antes que o pudesse terminar, seu salto havia ligado algum tipo de brinquedo que agora estava fazendo barulho e, provavelmente, havia chamado a atenção de quem estava na casa.
  A garota ouviu o barulho de saltos subindo as escadas, ela não sabia onde se esconder, e definitivamente não podia se jogar para debaixo da cama ou pelas janelas. O guarda-roupa. Ele nunca esteve tão presente na vida de , mas dessa vez não teve tempo para ela fazer qualquer brincadeira sobre ir para Nárnia. Abriu rapidamente uma das portas e se posicionou lá dentro fechando o mesmo, e quase sem nenhuma esperança ela procurou um fundo falso. Assim que ela o encontrou, removeu a placa de madeira e entrou no pequeno buraco; a essa altura, a organizadora do casamento já estava pegando o brinquedo e o desligando. tentava se manter calma, sua respiração estava difícil, e assim que ouviu a mulher saindo do cômodo, ela se arrependeu ao se mover, a madeira causou um enorme estrondo ao se partir.

   pôde ouvir o barulho do lado de fora da casa, os policiais arrombaram a porta da frente já dando voz de apreensão, um deles conseguiu libertar Carol e a levar para o lado de fora da casa.
  — , você pode me ouvir? — disse com dificuldade.
  — Eu estou aqui, , você está bem?
  — Eu estou presa na parede, entre o primeiro e o segundo andar, não consigo me mover. O que está acontecendo aí? — A moça sentia seus machucados começarem a arder, sua respiração estava falha e seu corpo parcialmente adormecido.
  — Eles estão atirando, um dos policiais está ferido e não vejo nenhum sinal de Carol.
  — Eu preciso te contar uma coisa.
  — O quê?
  — Lembra quando eu entrei pra escola militar? — concordou baixinho, assim pôde continuar. — Eu não fiquei porque eu quis, eu ia morar com meu pai, mas daí eu fiquei atraída por um garoto — ao ouvir, ele deu um breve sorriso —, pelo Chad. Na época eu não me importei se ele era mais velho ou não.
  — Ele era um idiota naquela época, não sei o que as garotas viam de interessante nele. — sentiu uma raiva súbita, talvez ele não gostasse da ideia de que Chad era mais popular que ele, mesmo sendo em uma escola militar rígida como a que estudaram.
  — É, agora eu sei disso. — Ela riu fraco. — Eu deixei que me humilhassem, eu deixei que vocês fizessem o que quisessem comigo, mas a única coisa que eu queria era ficar perto dele.
  — . — Ele ouviu um breve gemido da garota. — Chad é o pai dele?
  — Posso continuar? — amaldiçoou quando seu primeiro cartucho terminou e, para sua sorte, a do inimigo já estava no último. — No baile que teve naquele ano, todas as garotas tinham um par menos eu, até que, pela primeira vez eu te notei. Você estava com cara de entediado enquanto ouvia aquela loira falando. Sobre o que mesmo ela falava?
  — Sobre o vestido dela, minha noite nunca foi tão longa como aquela. — tentou atravessar da cozinha para a entrada da sala, e enquanto fazia esse trajeto, uma das balas passou raspando por seu rosto. — Merda! Ele me acertou no rosto.
  — Você está bem? E os outros?
  — Foi só um arranhão. Então termine a sua história.
  — Depois daquele baile, eu percebi que já estava na merda e decidi fazer o meu melhor e ser a primeira da turma, eu decidi fazer por mim mesma e não mais pelos outros.
  — E deu certo?
  — Não. — se moveu mais um pouco e a madeira onde ela estava apoiada rangeu. — Eu fui uma idiota e me deixei apaixonar por um cara mais idiota, que prometeu que faria o possível para me derrubar. — E novamente a garota sentiu seu corpo caindo pelo buraco onde ela havia entrado. — Acho que torci meu pé. — sacudiu a poeira e tentou se levantar, ela ligou a lanterna que lhe deu, mas não localizou sua arma. — Eu fiquei feliz quando me chamaram para trabalhar como agente secreta. No começo fiquei com medo, principalmente de você.
  — Mas por quê?
  — Porque você ameaçou me matar no segundo ano do colegial. — havia caído no porão, e assim que ela localizou a porta, pegou um pedaço de madeira que havia caído junto com ela e bateu no ar como se fosse um bastão de beisebol. — Eu nunca entrei pra faculdade. Depois que saí do colegial fui morar no exterior para concluir meu treinamento. — Com a lanterna em mãos, tentou procurar algo, mas não encontrou nada que lhe fosse útil. — Depois que terminei meu treinamento, fui transferida para cá. — Ela diminuiu o tom de voz e seus passos pela escada eram lentos. — Como está aí fora?
  — Quieto demais pro meu gosto. — esperou mais um pouco encostada na porta.
  — Eu passei meses trabalhando naquele caso, eu estava prestes a resolver quando você apareceu e acabou com tudo. — A moça ouviu passos lentos vindos do andar acima, alguém descia as escadas. — O chefe de polícia me chamou para a comemoração, para ver você ganhando créditos por um trabalho que era meu, um trabalho que você não fez como devia ser feito.
  — Fui eu quem o prendeu, ele foi julgado e condenado como deveria ser. — finalmente se manifestou.
  — Eu havia sido contratada para fazer a morte dele parecer um acidente — os passos pararam no último degrau da escada. — Tem alguém no pé da escada, consegue identificar pra mim? — colocou parcialmente o rosto para dentro da sala.
  — Aquela vadia tentou me matar. — Ele estava furioso. pensou qual seria seu próximo passo, mas desta vez ela não tinha certeza, então continuou a dizer.
  — Você estava tão bêbado que o seu chefe me pediu para te levar para o seu apartamento.
  — E então a gente acabou na cama. — completou baixinho.
  — Sim. Eu não sabia qual seria sua reação, então decidi ir embora antes que você acordasse. — Ela respirou fundo. — Naquela semana começaram os enjoos, as tonturas, eu não sabia mais o que fazer, e quando o teste de gravidez deu positivo, eu entrei em desespero. — tentou medir suas palavras. — Nos primeiros meses, eu pensei em abortar. — Sua vista ficou embaçada e seus olhos marejados. — Eu não estava pronta para ter um filho. Mas depois que nasceu, eu percebi que ele havia se tornado o meu maior motivo para continuar. Carol sempre me deu apoio em tudo, me levou para o hospital, acompanhou todas as ultrassonografias.
  — E por que nunca me ligou? A gente teria dado um jeito, muita coisa poderia ser diferente agora.
  — Sempre que eu te ligava, uma vadia atendia o telefone. — novamente ouviu os passos, mas dessa vez eles cessaram no meio da sala de estar. — Depois de um tempo eu desisti e decidi levar até o final, com ou sem você. — abriu a porta rapidamente surpreendendo a mulher e a fazendo desmaiar com a pancada em sua cabeça.
  — A vadia que sempre te atendia era a minha irmã, ela estava passando aquela temporada comigo. — finalmente pôde se levantar, ele adentrou a sala onde se encontrava. — sabe que eu sou o pai dele?
  — Sabe, mas nunca perguntou muito. — O rapaz se aproximou lentamente da garota chegando perto o suficiente para sentir sua respiração falha.
  — Eu também preciso te contar algo — ele olhou dentro dos olhos dela. — Eu tinha inveja por você ser melhor e mais corajosa, mas ao mesmo tempo eu gostava de você por ser diferente das outras garotas, e tive raiva de mim mesmo por não ter dito o que sentia por você. — se aproximou mais da garota juntando suas testas encostando seu nariz no de . — A gente pode tentar construir um futuro juntos, só eu, você e . E com certeza nossa festa não vai ser em um lugar como este.
  — Isso é um pedido de casamento não-oficial? — concordou com a cabeça fazendo dar um largo sorriso. Ele a abraçou pela cintura e passou seus braços por seus ombros largos e rodeou seu pescoço.
  — Merda! — soltou ao ouvir um barulho vindo do andar de cima. — Acho que a gente esqueceu de um.
  — Quantas balas você ainda tem?
  — Três. — analisou o cartucho que continha em sua arma.
   pegou as algemas de e arrastou a mulher que estava quase retomando sua consciência para a escada e a algemou, entregou a arma da mulher para e os dois subiram lentamente as escadas.
  O barulho viera do mesmo brinquedo em que esbarrou mais cedo, o brinquedo que quase a matou, a porta do quarto estava aberta; eles começaram uma contagem antes de invadir o cômodo, mas os estilhaços do vidro quebrado os fez parar e correr para ver o que havia acontecido.
  — Já tive noites mais fáceis. — quebrou o silêncio.
  — Vamos lá ver se ele ainda está vivo.
  Os dois saíram da casa e passaram pelo que seria o jardim até encontrarem o corpo do homem estirado no chão.
  — E aí?
  — Ele ainda tem pulso, mas está fraco. — segurava o pulso do homem e olhava os segundos no relógio. — Só não sei quanto tempo mais ele vai sobreviver se não chamarem ajuda.
  — Onde está Carol? — lembrou o motivo de estarem ali, mas não havia mais ninguém a não ser eles e a mulher presa na casa.
  — Eu vi um dos policiais que estava com a gente ajudando ela, depois a perdi de vista. — sentiu seu peito apertar por ter novamente perdido a irmã. — Eles conseguiram ajuda. — tinha um sorriso em seu rosto.

***

  Este era o momento mais esperado, um ano já havia se passado desde o quase casamento de Carol – este que havia sido um desastre –, e agora era a vez de ir para o altar. estava um pouco impaciente, se sentia nervoso e ansioso ao mesmo; seus olhos brilharam assim que viram entrando com um vestido branco pela porta da igreja, os convidados se levantaram e a atenção desta vez era apenas para ela. O rapaz ficou feliz por ela não ter desistido ou fugido do casamento e mais feliz ainda por saber que ela não foi sequestrada. e fizeram seus votos e na hora em que o padre ia dizer "se alguém é contra este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre" foi interrompido pelo casal pedindo para pular esta parte.
  — , você aceita para amar e respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe? — disse o padre.
  — Eu aceito. — sorriu para o companheiro.
  — , você aceita para amar e respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe? — ficou alguns segundos em silêncio e olhou para a primeira fila onde estava sentado no colo de uma das tias dele.
   pôde sentir seu coração querendo saltar pela boca, ela não acreditava que estava prestes a desistir de tudo.
  — Eu aceito.



Comentários da autora


Nota da Autora: Olá pessoas lindas, essa história é beeeem antiguinha, de quando comecei no mundo das fanfics, espero de coração que gostem dela <3