My Secret
Escrito por Ju Mondadori | Revisado por Danne
Seu rosto ainda estava úmido, todo o redor de seus olhos estavam inchados e seu nariz vermelho, assim como seus lábios estavam arroxeados pelo frio. Seu sono era velado mais uma vez por sua música favorita, que eu cantarolava. Mais uma vez suas botas de cano curto embarravam meu lençol, mas eu não me importava. Eu nunca me importava.
Deixei descansando em minha cama; coloquei meu casaco e saí do quarto. Esperaria ela ligar agradecendo pelo apoio e avisando que estava indo embora, ao menos dessa forma eu não via seus olhos negros demonstrarem tristeza.
New Oxford Street está coberta por uma camada de neve suja e as pessoas que passam por ali reclamam da baixa temperatura que faz, mas qual é, é quase Natal, pessoal!
– O que será para hoje, ? – Marcus da cafeteria me recebe.
– Marc, você sabe que eu prefiro ! – comento, o fazendo rir e sua testa fica ainda mais enrugada. – Quero um shop! – o faço rir novamente.
– Você ganhou , é por conta da casa! – Marc vira as costas e entra na cozinha.
Marcus é uma das primeiras pessoas que conheci aqui, ele me apresentou livros dos quais adorava ler na adolescência e consequentemente eu gostei de ler também, dentre todas as histórias, as melhores com certeza são as que ele conta, principalmente dos casos sobre sua doença rara, a Síndrome de Ondine, que é basicamente o esquecimento de respirar. Marc não tem cura, ainda mais com os seus quase setenta anos.
– Aqui está, ! – ele volta da cozinha e deixa sobre o balcão um chocolate quente.
– Obrigado! E esse aparelho novo? – refiro-me ao objeto que está conectado ao seu nariz.
– Ah, está cada vez mais complicado, , ou eu morro sem ar ou uso esse negócio no nariz.
– Até durante o dia? – ergo as sobrancelhas e ele sorri.
– É o que a idade faz com as pessoas! – Marc dá batidinhas com a palma da mão no balcão e vai atender outro cliente.
Eu já pensei várias vezes em como a minha vida é perfeita, olhe para Marcus, ele tem essa doença sem cura que pode tirar sua vida enquanto eu tenho apenas que aguentar as lágrimas da minha melhor amiga. E o que eu faço? Fujo enquanto ela dorme e só volto quando ela não está mais lá.
Meu celular começa a vibrar no bolso, olho o visor e “Mommy” aparece piscando na tela.
– Oi, mãe!
– Onde está, ? – sua voz soa calma, mas eu sei que ela está preocupada.
– No café do Marc! – respiro fundo e volto a pergunte-lhe sobre. – Ela está aí ainda?
– Sim, dormindo na sua cama!
– Okay, volto para casa mais tarde! Beijos, mãe!
– Pegue ração para o Greg, eu esqueci! Se cuide! – ela diz, e eu ouço-a fechar uma porta, provavelmente a do meu quarto, e então a ligação é finalizada.
Fico olhando para o meu chocolate quente e para a janela, agora a rua era coberta por uma chuva um pouco mais forte e a névoa à noite.
– Marc, me dá dois muffins para levar, por favor. – peço e ele ligeiramente põe a embalagem na minha frente.
– Obrigado! – deixo quinze dólares no balcão e vou para a saída. Eu sempre pago as bebidas grátis que eu ganho, eu acho certo.
Me encolho dentro do casaco e protejo meus bolinhos contra o corpo e caminho ligeiramente até o outro quarteirão da New Oxford Street, compro a ração e faço o trajeto contrário para voltar para casa, bem devagar. Recebo um SMS da
agradecendo, significa que ela não está mais na minha casa.
– Cheguei, mãe! – largo as chaves na prateleira.
– Conseguiu a ração? – ela pergunta e sorri quando lhe mostro o saco.
Dou-lhe um beijo no rosto e aviso que vou tocar no quarto e que não precisa se preocupar comigo. Passo pela cozinha e pego uma latinha de soda na geladeira e vou para o quarto com as mãos cheias, abro a porta de lado com o cotovelo e vejo na minha cama.
Ela não tinha ido embora... Merda!
Largo as coisas sobre a mesa e ela fita-me, com aqueles olhos que costumavam brilhar muito e agora estão inchados e cheios de lágrimas de novo. Respiro fundo quando ela para de abraçar um caderno, o meu caderno de músicas.
Sempre pareceu mais fácil manter cada pensamento preso em linhas de um caderno. Continua sendo, até que os pensamentos são libertos dessas linhas. Nesse momento eu poderia agir como um adolescente mimado que briga com a mãe pelo ato errado, ou eu posso agir como um quase adulto que sabe resolver esse problema. Eu optaria em agir como um adolescente mimado e rebelde, mas não agora!
Olho para decepcionado e sem saber o que fazer. Eu nunca quis chegar a esse momento que parece certo e ao mesmo tempo tão errado. Fecho meus olhos e em mais um segundo tudo que eu desejo é que isso nunca tenha acontecido, mas então meu corpo é chocado com outro e sinto o abraço forte de .
– É difícil ser seu amigo. – seus cabelos encostam-se em minha boca atrapalhando o que falo.
– Detesto decepcionar você. – fala exatamente o que está escrito em uma das várias linhas. – Não sabemos como isso vai acabar!
– Agora você sabe o segredo.
– Tem algum lugar que nós poderíamos estar? – seus lábios se mexem e tocam meu pescoço, afastam-se um pouco e continua falando: – Esse silêncio é ensurdecedor, ! Eu sinto muito!
separa nossos corpos e apenas com as mãos unidas ela nos guia até a cama, se deitando sobre meu peito logo depois.
Eu sei que amanhã tudo pode passar, mas o que importa é que agora eu a tenho assim como ela tem a mim. Por enquanto, tudo que eu puder fazer para manter isso eu farei. Ela é minha melhor amiga e eu sou o seu.
- Pare de pensar no que acontece e no que diz a música, , por favor! Eu não quero ser sempre a que o decepciona! – eu beijo o topo de sua cabeça e ela ergue-a suficientemente para que os nossos lábios possam se tocar, da forma que eu sempre imaginei.
- OBRIGADO, MÃE! – grito de dentro do quarto, sei que ela está na porta.
- Oh querido, de nada! – ela ri nervosamente baixo.
FIM
N/A: Eu disse que voltaria auhsuah, mas ainda não foi com a prometida... Ainda não tive a ideia que preciso para finalizá-la, mas enquanto isso eu venho com essa! Espero que tenham gostado e se puderem, não deixem de comentar!