My Baby

Escrito por Julia Fontinelly | Revisado por Carol

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   P.O.V

  Ai meu Deus que dor, alguém tira isso de mim por favor?
  - AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
  - Calma, querida. Vai ficar tudo bem, ele já deve estar chegando.
  - Aiiii. – respirei fundo para poder pegar um pouco de ar. – Ele não vem, você ainda não percebeu Pattie ele liga mais para o trabalho do que pra mim.
  - Não diga isso, querida. – ela estava totalmente triste, mas tentava fazer o possível para me animar. – Ele vai vim, conheço o filho que tenho. – ela me beijou na testa e continuou a acariciar minha cintura para ver se a dor passava logo.

  Estou gravida de 7 meses e acabei de entrar em trabalho de parto, sim muito antes da hora eu sei. É uma dor terrível mas o amor que eu sinto por essa criança é bem maior e eu posso aguentar, eu acho.

  - Não podemos esperar mais Senhora Pattie. – o doutor disse entrando na sala. – Se o parto não for feito agora…
  - Não termine. – Pattie disse.
  - Okay, vamos lá. – Pattie ia sair da sala mas eu a chamei.
  - Pattie, por favor… Não me deixa aqui. – Meu olhos já estavam cheios d'água e ela sorriu.
  - Não vou te deixar.
  - Vamos , você tem que fazer força agora okay?
  - tA AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH MEU DEUS.
  - Isso , um pouco mais. Estou vendo a cabeça.
  - AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH. – Pattie segurou minha mão.
  - Vamos querida, você consegui.
  - AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH EU NÃO CONSIGOOOOOOO. – comecei a ver tudo por cenas. – AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH .- e depois não me lembro de mais nada, apaguei literalmente.

  Pattie On ~~

  - Mãe? – Uma voz ecoou no corredor do hospital e era Jus chegando. Tentei limpar minhas lágrimas mas ele já tinha visto elas. – Mãe, desculpa… Eu tentei sair o mais rápido possível mas não deu… eu…
  - Justin, não é para mim que você tem que pedir desculpas.
  - E como foi? É um menino não é?
  - Jus… a
  - Jus… a
  … ela… – não conseguia falar, o choro estava como um nó em minha garganta.
  - O que aconteceu? – ele me olhou assustado.
  - Ela …. ela…. – respirei fundo e Justin já estava ficando nervoso.
  - CADÊ ELA? – ele correu pelos corredor do hospital e eu não conseguia falar nada, era como se fosse minha filha ali, ela era muito especial.

  Justin P.O.V
  - ? AMOR? – Lágrimas já estavam querendo sair dos meus olhos. Não pode ser… ela está bem eu sei, eu sei. Ela é forte e está junto com nosso filho na sala, ela não se foi… não mesmo. – ? Amor? – escorreguei pela parede e coloquei meu rosto em meus joelhos e já era tarde de mais… as lágrimas não me obedeciam mas, só que eu não estava ligando, só quero ela aqui do meu lado.

  - NÃOOOOOOO. – disse em meio as lágrimas. Não pode ser verdade, com a não, por favor Deus. Com ela não, com ela não, ela não…
  - Justin? - Olhei para cima e um doutor estava parado em minha frente.
  - Eu. – disse secando as lágrimas e me levantando do chão, mas essa não era minha vontade.
  - Poderia me acompanhar? – ele disse meio que andando e eu fui o seguindo. Sabe quando você tem certeza que a pessoa vai te falar o que você está pensando, mas não quer ouvir aquilo? Então, é mais ou menos isso. – Então Justin, eu não gostaria de te dar essa noticia. – ele parou em frente a um quarto e disse olhando na plancheta que estava em sua mão.
  - Não me diga isso, ela não pode ter me deixado. – disse chorando, era basicamente impossível não chorar.
  - Ela… na verdade foi ele que te deixou Senhor Bieber. – o doutor disse e eu fiquei meio que confuso mais continuei chorando. – Venha entre comigo que você vai entender.

   On~~

  Estava em um lugar bonito, bem claro, ilumidado e cheirava a flores. Olhei para frente e pude ver um menino sentado no chão brincando com uns instrumentos de brinquedo que estavam ali.
  - Mamãe. – ele exclamou e veio me abraçar. – Mamãe, eu achei que iria ficar sozinho aqui. – ele falava rápido e seus olhos brilhavam, era como se eu já estivesse visto isso antes, e já vi, ele era a cara de Justin.
  - Cadê o Justin? – disse olhando em volta.
  - Ele está lá em baixo, mamãe. – ele disse apontando para baixo e pude ver Justin chorando desesperado em um corredor.
  - Mamãe, ele está sentindo sua falta não é?
  - Eu…
  - Mamãe, volta. – o pequeno disse me empurrando.
  - Mas…
  - Volta, vai ser melhor para ele mamãe. – ele me abraçou e cochichou alguma coisa em meu ouvido e logo em seguida senti uma pontada forte na minha coluna, coisa do capeta, tentei abrir os olhos mais eles estavam muito pesados, só conseguia escutar. Aquilo aconteceu muito rápido era mais um daqueles sonhos relâmpagos, só pode.
  Quando consegui abrir os olhos Justin estava na sala de costa para mim falando com o doutor.
  - Ela tem que descansar. – o doutor disse e Justin assentiu com a cabeça. Eu não estava vendo muito bem ainda, sabe quando você ainda está dormindo e fica aquelas cenas e até seu cérebro associar a situação demora uns segundos?
  - Vou cuidar dela doutor. – Jus disse.
  - Ok, vou deixar vocês a sós. – ele saiu do quarto e eu fechei meus olhos os apertando.
  - Jus… – foi o que eu consegui falar.
  - , não se esforce. – ele disse colocando o dedo em minha boca. – Eu quero te pedir perdão, não consegui chegar a tempo e…
  - Tudo bem Justin…
  - Não está tudo bem, me perdoa?
  - Sim, eu te perdoo. – ele sorriu e eu fiquei parada apenas o observando, como ele era igual o menino do meu sonho.
  - Cadê meu filho? – disse olhando em volta com um pouco de desespero na voz.
  -, ele… ele… – Justin começou a chorar e eu fiquei parada encarando a parede. – Ele não aguentou.
  Comecei a chorar desesperada, era como se eu tivesse perdido uma parte de mim, e foi isso, amei ele durante 7 meses e não via a hora dele sair, passei noites acordada sonhando/pensando na sua primeira palavra, em seus primeiros passos, fiquei criando varias fantasias em minha mente para no fim… ele ir embora antes disso acontecer.
  - Ele virou um anjo. – disse em meio as lagrimas e aos soluços. Bom, pelo menos era isso que minha avó dizia, "quando uma criança inocente morre, ela vira um anjo". Eu acreditava, e acredito, e para meu consolo espero que seja verdade.

  [...]

  Depois de dias no hospital, chorando e me recuperando do parto, enfim voltei para casa, minha vida normal como uma garçonete voltou, não estou reclamando, mas preferia que meu filho estivesse aqui, sabe…
  - fica em casa. – meu chefe Max falou pela centésima vez.
  - Não quero, Max. – ele colocou o pano em cima da mesa e segurou meu rosto com as duas mãos.
  - , vai pra casa. Se não quiser fazer isso por você, faça por mim. – ele beijou minha testa e eu bufei, ele sempre consegui tudo que quer.
  - Ok, mas não vai se livrar de mim. – disse pegando minha bolsa e dando um beijo em seu rosto, sai do restaurante e caminhei até a minha casa que não era muito longe, acho que uma quadra dali.
  Quando entrei ouvi uns barulhos vindo da cozinha, joguei minha bolsa no sofá e fui ver quem era.
  - Justin, o que você está fazendo? – Disse escorada na parede observando o mesmo tentar fazer alguma comida.
  - Estou fazendo panqueca. – ele se virou todo sujo e com uma gororoba na frigideira.
  - Oh Meu Deus, Justin. – disse indo até ele. – Você não vai comer isso. – tirei a frigideira de sua mão e joguei fora o que tinha nela. – Vai pra sala, eu faço panqueca para você. – disse pegando os ingredientes na geladeira e já preparando tudo.
  Depois de uns 15 minutos, eu acho, as panquecas já estavam prontas e cheirando muito bem, por sinal.
  - JUSTIN AS PANQUECAS estão prontas. – disse me virando e gritando, mas quando percebi que ele estava ali atrás de mim, abaixei meu tom de voz.
  - Você sabe que seria uma ótima mãe, sabia?
  - É… – disse com o choro preso na garganta, aquilo ainda doia sabe… só faz alguns dias.
  - essa foi a vontade de Deus. – ele disse já me abraçando e colocando meu rosto virando para seu pescoço.
  - É… – era a unica palavra que eu conseguia disser.
  - E isso não nos impedi de tentarmos outra vez. – eu já chorava, sim sou uma manteiga derretida.
  - Justin, mas e se acontecer a mesma coisa…- ele me contou, mas eu consegui completar a frase.
  - Ei, não importa quantas vezes isso acontecer. Eu sempre, sempre vou estar aqui com você. – ele me abraçou mais forte. – E sempre vamos tentar, não sou de desistir de um sonho tão fácil. – Ele era tudo que eu precisava agora, era o que eu queria ouvir, cada palavra que saia de sua boca era como se fosse um peso tirado de minhas costas.
  Ficamos assim, eu e ele, ali naquela cozinha nos abraçando e trocando lágrimas e carinhos, ali naquela cozinha passei os melhores momentos de minha vida e tudo começou em um Verão de 2014…

FIM



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