Monólogo II
Escrito por Stelah | Revisado por Lelen
Queria simplesmente parar de respirar, seria uma morte súbita e indolor. Não que eu deseje morrer, mas às vezes me bate um desânimo e abrir passagem para o ar em meus pulmões parece tão difícil...
Sonhei que estava caindo, pareceu tão real que quando abri os olhos, gritei. Foi uma sensação ruim e boa, pois por outro lado, na queda dos meus medos, me libertei.
Por que quando estamos pra baixo tornamo-nos tão destemidos? O mais difícil de estar no topo é a altura da queda e a noção de que talvez não se possa levantar. Mas esse é um problema com o qual não me preocupo. Em todas as águas da vida, me afoguei, e já não há nada que possa me fazer debater assustada. Por isso não temo a morte nem o julgamento dos céus, o julgamento dos homens tende a ser mais doloroso que o calor do inferno, pois bem, sobrevivi.
***
Realmente seria bom um pouco de paz, a minha cabeça é tão barulhenta. Mas o que seria de mim no silêncio? Uma primeira dama bem-vestida que sabe usar o bom português? Prefiro o sofrimento à calmaria, pois é dele que saem as grandes canções.
E pensar em minha vida, eu poderia ser um grande gênio como Kurt em suas letras. Mas cá estou, murmurando aleatoriedades com o peito ocupado demais com a dor enquanto um vento frio bate na janela fazendo-a gemer como eu. Ah, eu, uma pensadora solitária que se faz rir e chorar num rosto sem expressão, numa mente quase que completamente vazia. Um vazio que beira a escuridão.