Moments - I Wanna Be With You

Capítulo 1

  Apesar de a cortina encobrir boa parte da vista da janela, eu podia ver que o céu estava nublado. Um típico dia de inverno Londrino. Suspirei, encarando agora o teto.  Era absurdamente cedo, 6:00 da manhã e eu não conseguia mais dormir devido as várias lembranças que rondavam meus pensamentos. Agradeci, mentalmente, por não dividir o quarto com nenhum dos garotos, ou até mesmo com . Não queria perguntas sobre o que eu estava sentindo e pensando quando nem eu mesmo tinha as respostas.  , minhas lembranças, pensamentos, saudades, mágoas, tudo se resumia a esse nome, a essa garota.

  FLASHBACK
  Eu gargalhava ao ver todo molhado e com um bico enorme na cara após ser atingido por uma bexiga de água que atirara nele segundos antes. Eu, , e meus amigos, , , e jogávamos bexigas cheias de água na rua de nossa casa um nos outros a fim de amenizar o tédio de um dia de folga.
  - ATACAR! - Gritei antes de jogar duas bexigas, uma em e outra em , que o acertara em cheio na nuca. gargalhava enquanto bufava e passava uma das mãos no local atingido, me olhando como quem diz "você é o próximo!".
  Antes que pudesse me atingir, jogou uma bexiga na direção de , que se esquivou a tempo de não se molhar, mas foi quando ouvimos um grito agudo. me olhou sério e, sem entender, levantei o olhar para onde devia estar , e foi quando a vi. Uma garota de estatura mediana, cabelos castanhos e, apesar da certa distância, olhos verdes brilhantes. Ela dividia seu olhar para o seu próprio corpo - encharcado, devo dizer - e para nós, chocada. Sem pensar direito, me aproximei dela, vendo-a morder levemente seu lábio inferior e dar mais uma olhada para .
  - Você está bem? Me desculpa! Foi sem querer, a intenção dele não foi te molhar ou...
  - Tudo bem, acontece. - Parei de falar assim que ouvi sua voz calma e a encarei, surpreso.
  - Como?! - Ela soltou uma risada gostosa e os meninos suspiraram aliviados, e eu sorri, sem saber exatamente o porquê de estar sorrindo.
  - Tudo bem, gente! E, afinal, está calor, o que tem de mais, não é?!
  Essa garota era mesmo uma garota? Digo, não é que não seja notável o belo par de peitos, as pernas e o sorriso encantador, mas qualquer garota daria um show por ter suas roupas e seu cabelo molhados, e essa garota na minha frente tinha achado certa graça. Ela corou levemente ao perceber que eu olhava-a da cabeça aos pés e forçou uma tosse.
  - Sou , mas me chamem apenas de , nada muito formal.
  Ela sorriu novamente e puta que pariu! Que sorriso lindo tinha. Os meninos se aproximaram e , como quem quer amenizar a culpa, sorriu e beijou-a na bochecha.
  - Prazer, . Eu sou , esses são , , e , que o gato comeu a língua e ele ainda não se apresentou.
  Revirei os olhos e ri, juntamente com eles.
  - Prazer, ! Mas então, já que está calor e você não se importou de ficar molhada, quer jogar com a gente?
  Os meninos a olhavam ansiosos e eu não podia negar que eu também estava.  pareceu considerar a ideia e, com um aceno de cabeça e um tapinha no meu ombro, ela concordou animada.
  - Vamos, lindinhos, quero ver quem vai ganhar!
  END FLASHBACK

  Sorri com a lembrança de como conheci a mulher da minha vida. era incrível. Companheira, atenciosa, carinhosa, amiga... Suspirei, sentindo que minha garganta já estava mais seca, assim como meus olhos.  Apesar de gostar - amar - , nós nunca tivemos nada sério. Claro que ficamos juntos algumas vezes, mas por causa da banda e das turnês, ela nunca quis se comprometer com algo sério, tipo um relacionamento. Eu não entendia bem os motivos dela e isso sempre gerava brigas e discussões, e ficávamos alguns dias sem manter contato. Mas hoje era o penúltimo dia de em Londres, ela iria embarcar para o Brasil para um intercâmbio de um ano e só Deus sabe quando eu a veria de novo, visto que daqui uma semana, a One Direction também entra em turnê. Me mexi desconfortavelmente na cama, sentindo que aos poucos meu nervosismo aumentava. Eu não queria que a minha garota fosse embora, que ficasse longe de mim e perto de garotos que não fazem a mínima ideia do valor que ela tem. De como consegue ser linda por coisas simples, de como o sorriso dela contagia a todos e te faz querer sorrir por um tempo, de como a voz  dela  pode  te   acalmar e, principalmente, de como te tira do seu mundo e te leva  ao dela  com um abraço.  Ninguém nunca entenderia isso, a não ser eu. Sem querer perder mais tempo, me levantei e fui para o banheiro fazer minha higiene matinal, eu sabia que ela ainda estava dormindo, mas queria aproveitar o máximo de tempo possível com ela antes que  fosse  tarde.

Capítulo 2

  Sorri nervoso ao ouvir sua voz levemente irritada e carregada de sono através  da  porta,  e  logo apareceu.  Apesar do frio, ela usava uma regata branca - que ao constatar que era minha, sorri bobo - e apenas calcinha. Seus cabelos lisos estavam uma bagunça bonita, diga-se de passagem, e suas bochechas levemente vermelhas e amassadas, assim como seus olhos que estavam pequenos e ela parecia fazer uma força imensa para deixá-los abertos. Ao ver que era eu na porta, abriu um sorriso lindo e logo pude sentir seus braços entrelaçarem meu pescoço em um abraço apertado.
  - O que te traz a minha humilde residência a essa hora da madrugada?
  Senti seus lábios contra minha bochecha e, num ato um tanto quanto desesperado,  segurei seu rosto entre minhas mãos, pressionando meus lábios contra os dela e pude sentir que  ela sorria.
  - Saudades...
  Eu disse um pouco baixo e encostou sua testa na minha, ficando com os olhos fechados e o semblante sério. Encarei-a por alguns segundos e ouvi seu suspiro.
  - Vem, entra, tá frio aqui fora.
  Fechei a porta ao passar enquanto ela seguia para a cozinha, e logo eu estava em seu encalço. abriu um dos armários e tirou duas canecas de lá, colocando-as em cima do balcão que dividia sua cozinha americana. Nós dois estávamos em completo silêncio e isso não parecia incomodar a ela, que mal levantava o olhar para me encarar. Com tantas coisas a dizer, preferi ficar quieto, dando tempo para que ela também pudesse falar o que estava sentindo e o que quisesse. Não notei quando colocou chá em nossas canecas, mas sorri agradecido ao ver que ela me oferecia uma caneca fumegante de líquido de cor caramelo. Chá de maçã, seu preferido.
  Tomei um pequeno gole, sentindo o líquido quente me aquecer por alguns segundos até que as palavras de me atingiram.
  - Sabe... Sinto um aperto no peito quando lembro que daqui pra frente "nós" não existe mais...
  O que ela falou me atingiu de uma forma que nem um chute no meio das pernas doeria tanto. Para mim sempre existiria "nós", independente de onde estivessemos. Ela sempre seria a minha "garota especial" e eu sempre seria a "voz que me acalma".
  - Não fala isso nunca mais, , por favor. Aonde quer que você esteja, o que estiver fazendo, isso não importa. Nós nunca vamos deixar de existir.
  Ela sorriu fraco e concordou com a cabeça, levando a caneca aos lábios. Levantei e fui em sua direção, tomando-a entre meus braços em um abraço que se eu pudesse, nunca  mais  iria desfazê-lo. retribuiu na mesma intensidade e eu depositei um beijo em sua testa, acariciando sua nuca com as pontas dos meus dedos. Pude sentir quando com  o toque sua pele se arrepiou, me fazendo sorrir com o canto da boca. Tirei a caneca de  sua  mão e coloquei ao lado da minha, a puxando para o quarto, que não hesitou com o gesto.

  Deitei ao seu lado e logo se aconchegou no meu peito, depositando alguns beijos na curva do meu pescoço, o que me fez arrepiar.  Acariciando seus cabelos lentamente, eu pensava em tudo o que eu queria falar e que por algum motivo imbecil, não saia.  Estava  tudo preso na minha garganta e aquilo me sufocava. Funguei ao sentir algumas lágrimas percorrerem minhas bochechas e cair no topo da cabeça de , que logo me olhou preocupada. Eu não tinha vergonha alguma de chorar na frente dela, todo mundo tem seu momento de fraqueza e, o meu, estava acontecendo ali, juntamente com o motivo da  minha   fraqueza. Ela beijou o canto dos meus olhos e trilhou todo o caminho da lágrima até chegar  aos meus lábios, me beijando calmamente.

  Assim que nossas línguas se tocaram, um choque percorreu meu corpo,  fazendo com que eu a puxasse para mais perto, praticamente colando nossos corpos.  Era o beijo perfeito, tínhamos a sincronia de sermos perfeitos um para o outro sem sombra de dúvidas. Sem muita demora, uma parte das minhas roupas já estavam no final da cama e as roupas de estavam em algum canto do quarto, não que estivéssemos preocupados com isso, afinal. E ali, nos tornando um só, eu sabia que nunca mais amaria ninguém do jeito que eu  a amo. E eu sabia que era tudo recíproco.

  Enquanto dormia calmamente, eu coloquei todos os sentimentos das últimas horas ao seu lado em uma folha de papel, uma música, que eu nomeei de Moments.  Me sentia mais aliviado. No fim da folha, comecei a escrever aleatoriamente, só para que ela soubesse e pudesse ler quando quisesse, na Inglaterra ou no Brasil, e nunca esquecesse o que realmente importa.

  "É um tanto irônico o fato de que quando eu não queria ninguém ao meu lado, que eu nem suportaria a ideia, você apareceu na minha vida. E foi uma das melhores ironias que podia ter me acontecido. Apesar de não entender alguns dos seus motivos, eu não questiono, pois sei que você sabe o que faz.  Confio em você, sempre confiei.  Eu só espero que você saiba que, independente de qualquer coisa, eu te amo. Hoje, amanhã,  no futuro,  eu nunca vou deixar de te dar algum motivo para que você não seja mais o meu amor,  isso nunca vai mudar. E nada muda o que eu sinto por você, . Você faz do meu mundo, melhor. Eu te amo, pequena.

  You know I'll be your life, your voice, your reason to be my love. My heart is breathing for this, moment in time. I'll find the words to say before you leave me today."

  Deixei a pequena carta ao seu lado na escrivaninha e voltei a me deitar ao lado de . Enquanto eu estivesse com ela no nosso mundo feliz, nada poderia atrapalhar e tirá-la de mim. Nada. Porque nós nos amávamos, e não seria milhas que destruiriam isso.

Fim