Missão: Salvar Hipnos

Escrito por AlineSouza | Revisado por Carol

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Capítulo 1

  "Hey, eu sei que é tarde e que eu deveria estar dormindo. Eu não sei como funciona esse negócio de rezar... E também nem sei se o Senhor dorme... Bem, eu queria saber o que fazer agora. Estou parado na frente do chalé 15 tentando falar com aquela garota. Droga, como eu queria parar de pensar nela."
  – Boa noite, Matt. - Um homem surgiu de trás de uma árvore me assustando - Sabe, se você realmente gosta de uma das crianças de Hipnos não a acorde às cinco da manhã.
  "Esse é realmente um bom conselho." uma cobra que saia do iPod do meu pai disse.
  "Cale-se, George. Você não vai ganhar mais ratos por ser um puxa-saco" a outra cobra disse.
  – Você sabe quem eu sou, não sabe? - Hermes perguntou.
  – Sim... É que... - Eu estava sem fala, e definitivamente constrangido. De onde já se viu chamar um Deus para pedir conselhos sobre uma garota? Se ao menos eu fosse filho de Afrodite!
  – Você não esperava que eu te ouvisse. - Hermes murmurou aflito.
  – É... não.
  – Eu sinto muito, Matthew. - Ele disse triste enquanto sentava em um tronco de árvore - Eu queria que vocês tivessem um bom pai. Alguém que pudesse estar sempre com vocês. Depois que Luke se foi eu percebi o quão complicada é a vida de um semideus.
  – Hey, não se preocupe. - Eu disse constrangido - Sabe... Tudo bem.
  "Esse é o Matt mesmo? Está tão crescido. Já é um homem!" A segunda cobra disse.
  "Martha, você é definitivamente muito emocional... Hey Matt, tem algo aí no seu bolso? Eu estou com fome!" George disse.
  – Não, sinto muito.
  – Bem, eu não vim exatamente para isso. - Hermes disse um pouco envergonhado - Eu tenho uma coisa para você.
  Ele tirou um frasco do bolso. Notei que havia um liquido azul lá.
  – Isso é a chave que vai despertar um dos meus poderes favoritos em você. O Teletransporte. Você não vai conseguir ir muito longe, no máximo uns 500 metros... Mas pode levar alguém. - Ele explicou me dando o vidro.
  – Hmm... Obrigado. - Murmurei.
  – Você deve falar com Quiron amanhã. Não se esqueça. - Hermes disse se levantando - E cuide bem essa garota de Hipnos. Vocês vão precisar um do outro.
  – Certo. - eu sussurrei - Boa noite.
  – Boa noite, filho. - Ele disse com um sorriso que ia do triste ao orgulhoso.
  Eu definitivamente não estava pronto para chamar Hermes de "pai"...

  Quando cheguei na porta do chalé pude ouvir Travis e Connor brigando.
  – AGORA, CONNOR!
  – Daqui a 5 minutos, Travis! Me deixa dormir!
  Ao entrar Travis parou de sufocar Connor com o travesseiro e me analisou.
  – Onde você estava? - Ele perguntou.
  – Hmm... Eu não consegui dormir. - Respondi.
  – Sei... - Connor disse atirando o travesseiro longe - Se você estava aprontando com alguém vou ficar muito zangado por não ter me chamado.
  – Vocês podem calar a boca? - Lilian gritou.
  – Não enche, baixinha. - Travis disse docemente e se atirou na cama.

  De tarde eu a vi na arena. Ela estava rindo ao perceber que conseguiu fazer com que o seu oponente na batalha, Leo Valdez, caísse em sono profundo. Ela não atacou; em vez disso acordou ele.

  – Vencido pelo cansaço. - Ela disse a ele.
  – Isso foi incrível. - Eu disse um pouco alto demais.
  – Incrível porque não foi você que perdeu para a Bela adormecida.- Leo levantou rindo.
  – Posso tentar? - Perguntei a ela.
  – Vamos lá.
  Nós mantínhamos contato visual pela primeira vez. Ela semicerrou os olhos azuis, mas o seu sorriso era tão doce que o seu gesto parecia muito mais meigo do que ameaçador. Então ela ergueu a espada e eu fiz o mesmo.

  Foi aí que eu percebi que era incapaz de lutar contra ela... E nem era efeito da hipnose. Isso foi uma droga porque ela me encarou confusa, esperando que eu atacasse primeiro. Pelo canto do olho vi Travis beijando Katie, Gardner para variar. Connor gritou "O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO?" e algumas filhas de Afrodite soltavam risinhos, entendendo a situação.
  – Eu estou um pouco indisposta. - Ela disse envergonhada, como quem pede desculpa por algo que o outro fez (ou deixou de fazer) - A luta com o Peter acabou comigo. Por favor, não conte isso a ele.
  – Pode deixar, eu não contarei. - Eu ri - Ah, meu nome é Matt.
  – Eu sei. - Ela sorriu e depois corou - O meu é .
  – Eu sei. - Respondi.
  Ouvi um "awnnn" das filhas de Afrodite e me perguntei qual seria a minha pena se eu queimasse um bando de semideusas fofoqueiras.
   disfarçou um bocejo.
  – Bem, vou indo.
  – Até depois. - Eu disse.

  Sentei em um canto da arena confuso, ainda segurando a espada. Completamente confuso, mas não totalmente frustrado. Ok, a minha tática era fingir ser um cara legal do acampamento para conquista-lá, mas como esse plano foi totalmente perdido pelo meu vexame eu deveria passar para o plano B.
  – TRAVIS! CONNOR! - Chamei.
  – Ah cara, eu to ocupado. - Travis murmurou abraçando Katie.
  – Preciso arrumar uma namorada para estar ocupado também. - Connor disse.
  – É rápido. Venham logo.
  Eu os arrastei pelo acampamento. Para qualquer lugar sem 985439 semideuses curiosos.
  – Qual foi? Tem algo a ver com aranhas e o chalé de Atena? - Travis perguntou.
  – Esquece isso. - Eu disse - Eu preciso da ajuda de vocês.
  – Ajuda é algo tão difícil de se conseguir. - Connor disse displicente.
  – Eu vou pagar. - Eu respondi entediado.
  – Ok, irmãozinho. Fale o que é. - Travis se tornou mais atento a conversa.

  Expliquei a eles o problema. Escondendo a parte de ir até o chalé 15 observar dormir e a aparição do nosso pai.
  – Então você quer aulas de sedução? - Connor piscou.
  – Para de ser tão imbecil. - Eu resmunguei - Só quero que vocês descubram os horários dela, ok? O resto eu resolvo.
  – Olha só... O nosso maninho cresceu e já sabe conquistar garotas. - Travis riu.
  – Calem a boca, eu sou só um ano mais novo.
  – Um ano e meio, rapaz. - Connor disse - Nos respeite!
  – Agora me deem licença. A minha garota está me esperando. - Travis disse e se foi.
  Connor deu os ombros e saiu andando na direção da casa grande. E então eu lembrei que deveria falar com Quíron.
  Quíron me fitou pensativo enquanto eu contava a história.
  – Uma missão. - Ele concluiu.
  – Sim... Posso falar com a oráculo?
  – Depois, Matthew. Acho que isso só vai acontecer na fogueira, de qualquer forma. - Ele disse e depois murmurou algo como: "esses oráculos de hoje em dia são teatrais demais"

Capítulo 2

  Estávamos em volta da fogueira. Todos cantavam animadamente, principalmente os filhos de Apolo. Observei alguns filhos de Hipnos coçando os olhos para não dormir, enquanto outros se encostavam no ombro do irmão do lado... E enfim meus olhos encontraram , que estava fazendo um buraco na terra com um galho; ela parecia nervosa, cansada e triste. Eu queria poder ler os pensamentos dela.
  E então começou. A fumaça verde começou a sair de Rachael, normalmente eu acharia engraçado mas agora era assustador.

  Dois heróis devem partir,
  Para que antes do quinto nascer do sol,
  O Senhor do Letes possam acudir.
  Das sombras vão surgir...
  Os maiores desejos do filho favorito.
  A coragem do ladrão arrependido,
  A dor da jovem papoula,
  E a força do terceiro semideus unidas em um.

  – O MEU PAI ESTÁ PRESO? - gritou com Rachael, que desmaiou logo após pronunciar a profecia (grande novidade).
  – Calma. - Eu disse a segurando pelos ombros.
  O caos tinha tomado o acampamento. Uma filha de Apolo acudiu Rachael enquanto todo mundo falava coisas sem sentido. Eu só estava preocupado com , que agora chorava abraçada em mim.
  – Calma, pessoal. Calma. - Quíron dizia.
  – Eu disse que a múmia era um oráculo melhor. - Sr. D disse - Ela não vinha até a fogueira estragar os meus marshmallows.
  – SILÊNCIOO! - Annabeth gritou.
  – Obrigada, Annabeth. - Quíron disse - Bem, Hermes esteve aqui ontem falando com um dos semideuses. Então essa missão será dele. Você escolhe quem quer levar, Matthew.
  Todos me olharam. Inclusive Jenny. Aqueles olhos azuis me diziam "Por favor... Eu preciso salvá-lo."
  – Allerdyce. - Eu disse.
  Três garotas de Afrodite suspiraram. Aquilo estava ficando chato.
  – Vocês tem 4 dias.
  O clima da fogueira acabou. Todos estavam indo para os seus chalés, mas eu continuava abraçando respondeu - Alguém que não precisa do meu pai para dormir.
  – GAIA? - Alguns conselheiros chefes gritaram em unisono.
  – Di Immortales, essa mulher não cansa? - Piper, que acabara de voltar de uma missão com Leo e Jason, disse aflita.
  – Gaia que nos aguarde. - Eu disse com um sorriso maquiavélico - O meu pai é o Deus das estradas. Tenho tanto poder sobre os caminhos que vamos seguir quanto ela.
  – O seu pai disse onde procurar? - Um filho de Apolo perguntou
  – Não. - Respondi.
  – Espera, meu pai não foi sequestrado. - Clovis abriu os olhos e soltou essa - Ele está no palácio. Se tivesse saído todos nós estaríamos sofrendo as consequências.
  – EXATO! - quase pulou da cadeira.
  O rosto de Quíron se iluminou.
  – Morfeu! - Eu disse.
  Clarisse arregalou os olhos e eu percebi o tamanho do problema. Enfrentaríamos um Deus. Um deus que pôs Nova Iorque inteira para dormir. Eu vi o poder dele com os meus próprios olhos quando tinha treze anos.
  – Quíron, quando Morfeu me atacou eu dormi por meses. - Grover disse assustado - Eles só tem 4 dias.
  – Quíron, isso vai ser uma missão suicida! - Malcolm disse assustado.
  – Eu vou no lugar deles. - Jason se colocou na frente como Percy teria feito se estivesse no acampamento.
  – Se Jason for eu também vou. - Leo disse.
  Não, daquela vez ele ninguém se sacrificaria. Era a minha vez.
  – Não, Jason. Essa é a minha missão. - Eu disse sério - Nós somos fortes, vamos conseguir.
  – Desculpe, Jason. Mas a profecia foi clara. Apenas dois. E Leo, você ainda tem que construir o Argo II.
  – Agora vocês precisam dormir. Partem amanhã. - Quíron encerrou a reunião com um tom melancólico.
  Eu sai da sala mas esperei do lado de fora da casa grande. Ela veio na minha direção com a expressão aflita.
  – Não precisa ser você. - Eu disse a ela.
  – Eu preciso salva-lo. - Ela respondeu.

  Naquele momento eu entendi o que "família" significava.

  Nós caminhamos até os chalés. Só lembro que me despedi dela com um abraço e logo em seguida eu estava na minha cama dormindo.

Capítulo 3

  Eu tomei o liquido do frasco que ganhei de Hermes assim que acordei. Coloquei algumas peças de roupa, dinheiro, ambrosia e uma garrafa de néctar. Os meus irmãos se levantaram cedo para me desejar boa sorte, o que me deixou contente. E os Stolls até me devolveram o que eu paguei para eles conseguirem os horários de Jenny para mim... Isso pode parecer insignificante mas é uma coisa surpreendente para alguém que convive com eles.

  Encontrei Jenny na casa grande. E de lá fomos até a cidade na van de Argus.

  Jenny estava tensa e eu tentava amenizar a situação. Estava claro que enfrentaríamos algo muito difícil. E como Annabeth havia dito antes: era praticamente uma missão suicida. Mas eu estava pronto para me sacrificar. Era a primeira missão que um filho de Hipnos teve na história do acampamento... Pra falar a verdade não consigo imaginar nenhum deles matando monstros; eles parecem tão frágeis... Principalmente .

  – Vamos pegar um ônibus. - Ela disse olhando um folheto de horários.
  – Eu tenho uma ideia melhor. - Sorri - Ok, eu nunca pratiquei antes então você precisa ter paciência.
  Ela ficou me olhando confusa. Desviei a atenção daqueles olhos azuis e me concentrei em uma árvore que estava próxima a nós.
  E de repente eu estava debaixo da tal árvore. Com uma imensa vontade de vomitar, mas consegui o que queria.
  me olhava boquiaberta.
  – ISSO FOI INCRÍVEL. - Ela disse.
  Senti uma onda de sentimentos me atingido. Eu tinha impressionado ela. Isso era realmente o que eu mais queria. Eu realmente tinha que agradecer ao meu pai.
  – É, foi mesmo. - Eu ri da expressão dela - Preciso mandar um cartão de natal para Hermes depois dessa.
  Treinei por algum tempo e enquanto cochilava entre os galhos de uma árvore.
  – Acorda, dorminhoca. - Eu disse sentando ao lado dela.
  – Ah, droga. Eu dormi. - Ela murmurou.
  – Tudo bem. - Eu disse rindo enquanto pegava um biscoito que ela tinha comprado.
  – O que será que os mortais estavam pensando enquanto você agia como um jumper?¹ - Ela perguntou - Esse negócio de névoa sempre me deixou curiosa.
  – Talvez um garoto doido correndo ou algo assim. - Respondi de boca cheia e ela riu.

  Me perguntei o que os mortais viam agora. Um casal sentado no parque, fazendo um piquenique e rindo. Pena que aquilo não era um encontro.
  Certo, eu tinha uma mente muito boba para a de um cara de 16 anos. Mas eu realmente estava gostando dela.
  – Eu venho tendo sonhos estranhos desde a semana passada. - Ela mudou o tom de voz para sério - Eu não tinha entendido até ontem... Ele está sendo torturado... Mas ainda não acordou, por isso ainda está vivo.
  Ficamos em silêncio por um tempo que parecia uma eternidade. Eu não sabia o que dizer.
  – Espero que você não fique zangada quando eu destruir o seu irmão. - Eu disse tentando aliviar a tensão dela - Vamos, agora é a sua vez de ter a honra de usar o teletransporte.
  – Você é um jumper e eu leio mentes. - Ela disse - Acho que formamos uma boa dupla.
  – É, concordo. - Eu sorri - ESPERA, você lê mentes?
  – Hm... - Ela pareceu tensa, como se deixasse algo ruim escapar - É só a dos meus irmãos, eu acho. Clovis disse que ocorre toda vez que ficamos muito próximos de alguém. Também podemos manipular mentes.... Tem a ver com a hipnose.
  – Uau. - Eu suspirei e depois ri - E eu me achando legal por saber se tem algum monstro a caminho.
  Ficamos em pé para o primeiro treino de teletransporte duplo do século. Eu olhei para ela, pedindo permissão, antes de passar os braços pela cintura dela. Ela parecia nervosa com a proximidade e eu senti vontade de diminuir a distancia ainda mais.
  Me concentrei no McDonalds que ficava perto do Central Park. E nós estavamos lá.
   estava agarrada na gola da minha camiseta com os olhos fechados. Ok, eu tive uma dificuldade imensa de me segurar naquele momento. Mas não queria que a missão falhasse porque eu agi como um maniaco sexual.
  – Medrosa. - Sussurrei no ouvido dela.
  Ela largou a minha camiseta com o rosto extremamente vermelho. Tão linda...
  – Bem... Você acha que podemos chegar até a Ilha Amatignak?
  – Se ela estiver no perímetro de 500 metros. - Eu disse.
  Então ela riu e me alcançou o mapa que estava no bolso dela.
  Imagem   – Err... Nós podemos fazer algumas viagens de 500 metros. - Eu ri da minha idiotice.
  – Ou podemos pegar um avião.


Notas:
¹: Jumper é um filme (ótimo) onde o personagem principal pode se teletransportar (que é o poder que eu sempre quis ter mimimi). Se você não assistiu... assista!

Capítulo 4

  – Eu não tenho medo de voar, ok? - Eu bufei enquanto ela ria da minha expressão quando o avião decolou.
  – Eu não disse nada. - Ela riu.
  – Claro. - Revirei os olhos.
  – Vou tirar um cochilo, ok?
  – Certo.

  Então ela se encostou na poltrona e imediatamente estava dormindo. Os filhos de Hipnos tem uma sorte imensa quando se trata de descansar... Conseguem dormir em qualquer situação, até mesmo em um lugar tão alto quanto um avião. E eu não tenho medo de aviões, ok? Só não gosto da sensação de estar preso em um lugar e não poder sair de jeito nenhum.

  Como não tínhamos muito dinheiro pegamos as poltronas mais baratas. Aquelas que ficam no meio e você senta com mais cinco pessoas. Apenas uma mulher ficou me separando do corredor enquanto sentou ao lado de uma mulher e de duas crianças.
  – Aceita um bombom, querido? - A mulher, que vestia com roupa de jornalista, perguntou com um sorriso simpático.
  – Não, obrigado. - Eu respondi um pouco constrangido.
  – Ora, aceite! Eles são tão doces quanto essa sua expressão de vergonha. - Ela sorriu - Muito diferente do seu pai.
  – O QUE?? - Gritei pegando a minha espada da cintura.
  – Peitho, a deusa da persuação. - O sorriso dela se tornou incisivo - Guarde isso, garoto.
  – Uma deusa? Ah, então você é... legal?
  – Legal? - Ela gargalhou - Talvez... Depende do jeito que você vê as coisas. Sabe... Eu poderia te mandar pular desse avião. Antes eu faria isso, com toda a certeza. Mas acho que me acostumei com todos esses bilhões de filhos que o seu pai teve. - Ela finalizou revirando os olhos - E sabe, eu não gosto de ser como a Hera.
  Um trovão tomou o céu.
  – Hey, por favor não insulte a senhora dos céus enquanto eu estiver no céu. - Tremi um pouco (só um pouco)
  – Oh, certo. - Ela disse irritada - Como se eu me importasse. Eu sou imortal.
  – Mas nós não somos. - Gesticulei entrei mim e .
  – Bleh. Ok, acho que a reação do seu pai não seria tão boa se você morresse. Não que eu me importe com as reações dele; mas ele é realmente bom de cama.
  – ARGH, QUE NOJO. Obrigado por esse imagem mental.
  – Ok. - Ela riu um pouco - Certo, eu vim aqui para te contar algo... Mas não consigo lembrar.
  – Ótimo. - Murmurei.
  Só percebi que tinha acordado quando ela se desencostou do meu ombro.
  – Tudo certo? - Ela perguntou.
  – Olá, Soneca. - Peitho sorriu
  – Hmm??? - me olhou a procura de detalhes.
  – Minha madrasta. - Dei os ombros.
  – Ah, lembrei. - Peitho disse - É que o recado não era para você, Matt. Era para a garota.
   ergueu uma sobrancelha.
  – Vocês vão precisar de mais do que espadas para enfrentar o dono dos sonhos. Preparem-se. Vocês não estão totalmente sozinhos. - Peitho disse em uma perfeita imitação de Hermes.
  – Ela é boa nisso. - Comentei.
  – Eu preciso... Pensar nisso. Ok? - me perguntou.
  – Ok, pode deixar. Fico de vigia. - Respondi.
  – Durma tranquilo, Matt. Não tem nenhum monstro aqui. - Peitho disse antes de desaparecer.
  E depois disso eu me rendi ao sono que exalava.

   Pov
  Eu estava de volta ao meu quarto no hospital psiquiatrico onde passei grande parte da minha infância. A minha mãe sentou ao meu lado como fazia todos os domingos, ela segurou a minha mão, como sempre fazia mas desta vez me deu um chaveiro em forma de urso polar.
  "Pra dar sorte" Ela sussurrou no meu ouvido.
  E quando levantou e saiu do quarto eu estava em uma montanha russa feita de nuvens. O urso que estava na minha mão caiu e se transformou em um homem.
  – Oi, maninha. - Ele disse com um meio sorriso.
  – Esse cenário de nuvens não é um pouco clichê? - Perguntei.
  – É... Mas eu gosto. É bem legal.
  – Se você diz. - Dei os ombros.
  – Qual é! Era para você estar me elogiando! Você que precisa da minha ajuda... - Ele bufou   – Então você está disposto a ajudar? - Perguntei reprimindo um sorriso.
  – Eu não disse isso. Eu disse que você vai precisar implorar.
  – Oh, certo, Fântaso... Então você não vai se importar se o nosso pai morrer?
  – Você é uma chata. - Ele bufou de novo.
  – Sem joguinhos, ok? - Eu conclui - Não vamos conseguir sem a ajuda um do outro.
  – Ok, semideusa.
  – Ícelo está do nosso lado?
  – Ícelo é um cara estranho... Ele fica lá com aquela pose de "dono dos pesadelos" e nunca responde nada. É um grande idiota!
  – Hey, Fântaso! Por favor. A ajuda dele é essencial.
  – Eu posso criar uma arma para você enfrentar o Morfeu em um sonho, ok? Sou o mais importante! - Ele respondeu um pouco magoado.
  – Pode, claro. Mas eu nunca ganharei se enfrentar ele em um lugar onde ele pode controlar o que acontece. Mas...
  – SE LEVARMOS ELE PARA UM PESADELO: BUUM! - Fântaso completou animado e eu sorri pra ele - Só não te elogio porque você não elogiou o meu cenário.
  – É uma montanha russa de nuvens marvilhosa, maninho.
  – E o seu plano é genial. Nem parece que você só tem 16!
  – Agora eu preciso acordar, ok? - Eu disse com cara de chateada (realmente odiava acordar)
  – Ok. - Ele respondeu triste - Tome cuidado lá... Não gosto desse lugar onde você foi obrigada a viver.
  – O acampamento?
  – Não, o mundo "real". - Fântaso respondeu fazendo aspas com as mãos em real - Como se houvesse algo melhor do que dormir!
  – Tome cuidado com Morfeu. - Eu dei um sorriso a ele - Eu te amo, irmão.

  E então acordei. Matt que parecia segurar o braço da poltrona com força abriu um pequeno sorriso ao me ver consciente. Certo, o sorriso dele me deixava um pouco desconcertada... Ele sempre estava com uma expressão zombateira, mesmo quando tinha medo de algo. Não que eu ficasse observando ele... É que, sei lá.

  – Já somos um pequeno exército de três. Falta só mais um para ganharmos o jogo. - Eu sorri e ele me encarou confuso - Ainda não posso te contar, ok?
  – Ok, Soneca. - Ele brincou.
  – A sua madrastra é a rainha da criatividade. - Revirei os olhos e reprimi um bocejo.
  – Prefiro o apelido que eu te dei. - Ele disse maroto.
  – Qual? - Perguntei tentando lembrar.
  – Dorminhoca. - Ele disse dando um beijo na minha bochecha e correndo até o banheiro... Tudo isso tão rápido que eu só fui notar quando a porta do banheiro fechou.

Capítulo 5

  Ok, eu não tinha pensado na missão antes de partir. Eu confesso. Enfrentar Morfeu sozinho seria tão ridículo que acabaria divertindo aquele babaca. foi mais esperta do que eu jamais seria pedindo ajuda.

  Eu sonhei que estava deitado no galho de uma árvore. Então vi um garoto de 13/14 anos se aproximando. Ele tinha os cabelos loiros mais bagunçados que eu já vi, olhos azuis que variavam entre tristeza e divertimento.
  – Você não é um dos parentes da ?
  – Usualmente. Mas prefiro "DEUS DO SONO" – Ele riu após dizer isso em voz pomposa.
  – Você não está preso?
  – Tecnicamente... - Ele disse subindo em outro da árvore - Sabe, ninguém pode me prender enquanto eu durmo. Eu posso estar em qualquer lugar onde exista sono.
  – Uau... Então pode vence-los?
  – Não... Mas vocês podem. Ah é, eu vim aqui exatamente por isso. Não gosto da ideia de imaginar vocês arriscando as suas vidas para me salvar. Eu não sou tão prepotente quanto os olimpianos. - Ele disse em um tom sério mas não pude evitar uma gargalhada (qualquer um que chamasse os olimpianos de prepotentes era um bom sujeito) - Eu espero que vocês consigam pelos mortais. Você consegue imaginar a vida deles sem um descanso no final da noite? Só trabalhando, trabalhando e trabalhando? Só de pensar nisso já fico cansado.
  – Não esquenta, sogro. - Eu ri - Logo o senhor vai estar a salvo.
  – Você é a cara do seu pai. - Ele deu um sorriso - Ele é o único olimpiano com quem gosto de conversar. Embora ele não tenha muito tempo com todo esse trabalho de mensageiro dos deuses e afins... Pra falar a verdade acho que ele é o único que fala com deuses menores.
  – Você já pensou em se unir a Gaia? - Perguntei curioso.
  – Nunca! - Ele disse com veemência - Gaia destruiria todos os humanos se tomasse o poder... E eu amo os humanos! Além disso, ela me odeia por toda essa história de sono eterno. - Ele terminou rindo - Mas e você, Matt? Seguiria os passos do seu irmão?
  – Não, isso seria ridiculo. Mas as vezes eu queria que os deuses...
  Eu parei de falar quando Hipnos caiu no chão e deu um grito de dor.
  – Proteja a minha menina, Matthew! - Ele gritou enquanto ficava cada vez mais velho.

  E então eu acordei. Suado e agarrado nos braços da poltrona.
  – Parece que o meu irmão te fez uma visita. - disse assustada.

  Eu a encarei perplexo. Ainda com a imagem de Hipnos morrendo dentro da minha mente.

  – Ícelo.
  – Não... - Consegui dizer - Foi só um sonho claustrofóbico. Nada semideus.
  – Bem, chegamos na ilha. - Ela estendeu a mão com um sorriso - Nada de claustrofobia!
  Ela me olhava com espanto enquanto eu rabiscava um mapa da ilha com tava força que já estava todo esburacado. Ok, eu estava nervoso. Hipnos, o carcereiro de Gaia, um dos deuses mais importantes para a existência humana e possivelmente o meu futuro sogro estava morrendo naquele momento.
  – Nós precisamos esperar a confirmação de Ícelo!
  – Não temos tempo, droga! - Eu respondi irritado depois da 20ª interrupção.
  – CARAMBA, MATTHEW! ELE É MEU PAI, OK? VOCÊ VAI ESTRAGAR TUDO!
  – ESSA É A MINHA MISSÃO!
  – ENTÃO VÁ SOZINHO! MORRA SOZINHO! - Ela disse com os olhos marejados me deixando um pouco culpado mas não o suficiente para mudar de ideia.
  Então eu me teletransportei para o lugar mais provável (já que só tinha um lugar provável - uma ilha de 8 km tem lá as suas vantagens). Você está se perguntando qual é o meu plano? Além de atacar com a minha espada? Oh, eu esperava que viesse na hora, sei lá.

  Chegando lá a droga da caverna era tão congelada que não tinha nem passagem. Cavei um buraco com a minha espada... Mas acabou não dando muito certo. Aí eu lembrei do teletransporte novamente e pensei em vindo atrás e morrendo congelada do lado de fora por não conseguir entrar... Mas decidi que se eu não entrasse logo Hipnos poderia acabar preso no Tártaro.

  A cena que eu vi foi como a de um funeral de filmes antigos, aqueles com reis e tudo mais. Um homem alto, com os cabelos escuros e a pele extremamente pálida beijava a mão de um senhor que jazia na cama, aparentemente sem vida.

  O homem me olhou com desdém e voltou a atenção no pai. E eu confesso que senti medo... Porque não havia mais nada. Não é agora que o plano aparece e o lado do bem vence a luta?   – O que você veio fazer aqui, garoto tolo? Eu não estou interessado em te matar. - Ele me disse.
  – Eu vim lutar com você. - Eu respondi com uma confiança que eu nem sabia que tinha.
  – Não tenho tanto senso de humor, menino... Só dê o fora.
  Eu ergui a minha espada e avancei até ele. Mas não para Morfeu e sim para a cama de Hipnos.

Capítulo 6

  Eu estava vendo. Sei que estava. Havia uma camada invisível sobre Hipnos.
  De repente a terceira guerra mundial estourou naquele quarto. Morfeu se levantou gritando em grego antigo, e então percebi que Jenny e mais três garotos apareceram do nada.
  Ela me olhou preocupada. Talvez verificando se eu ainda estava vivo... Qual é, eu poderia cuidar disso sozinho. O garoto que estava mais próximo de tinha os cabelos e os olhos negros, a pele branca e as olheiras mais pavorosas que eu já tinha visto na vida... Fiquei com a impressão de já ter visto ele em algum lugar mas ignorei e segui o meu "plano". Enquanto os outros dois garotos se puseram na frente de Morfeu, e o menino-olheiras ESTAVAM DORMINDO? CARA, NÃO CONSIGO ENTENDER ESSA GENTE!
  Peguei a espada e tirei com cuidado a camada estranha que o cobria. Aquilo era tão pegajoso quanto teia de aranha, mas imaginei que fosse bem mais perigoso.

   Pov

  O meu dia estava uma merda.

  1º A vida do meu pai estava em perigo.
  2º O meu parceiro tinha desistido da cooperação para buscar a glória de salvar um deus sozinho.
  3º Eu estava com sono.

  A única coisa boa foi a aparição inusitada dos meus dois meio-irmãos deuses e do meu melhor amigo. Eu nunca suspeitaria que ele era o terceiro integrante da missão porque ele está sempre extremamente ocupado trabalhando com o pai.
  Mas enfim, lá estávamos nós dois. Dentro da cabeça de Morfeu, com a ajuda do meu querido irmão Ícelo. Nico tinha um sorriso cruel nos lábios e eu posso apostar que a minha expressão não era diferente. A mente de Morfeu nunca imaginou um pesadelo como aquele... Mas ao mesmo tempo eu senti pena, todos os bons sonhos que ele guardava estavam sendo destruídos e tomados pela dor e pelo medo... O que provavelmente não tinha sido feito por Ícelo e sim por ele mesmo. Droga, é tão triste quando alguém se rende as tentações do mal e abdica dos sonhos.

  Fui acordada abruptamente, ainda em tempo de ver Matt cravando a sua espada em Morfeu.

   pov off

  Hipnos continuava deitado na cama. Os dois garotos, que tinham a minha altura, sorriram.
  – Bom trabalho. - Um deles me disse com um sorriso.
  – Eu que fiz tudo. - O outro disse.
  – Vocês foram ótimos. Muito, muito, muito obrigada mesmo. - disse sorrindo.
  – Ele vai ficar ok? - O garoto das olheiras perguntou.
  – Vai sim, Nico. O Matt o salvou a tempo. E a partir de agora estaremos sempre de olho no nosso velho pai. - O irmão mais sorridente disse e então eu lembrei do garoto... Nico di Ângelo, o filho de Hades. Mas ué, o que ele está fazendo aqui? - Não é?
  – É, é. - Ícelo suspirou - Agora eu preciso ir.
  – Vocês também. Antes que fiquem aqui por quinhentos anos. - Fântaso riu da própria piada e nós o encaramos.
  Então ele resmungou algo como "semideuses idiotas", estalou os dedos e estávamos do lado de fora da caverna.
  Jenny sentou no chão, sem ligar para a neve. Nico a chutou e ela se escorou nas pernas dele.
  – Eu preciso dormir. - Ela resmungou.
  – Eu também. Mas não fico me jogando na neve. Levanta. - Ele disse rindo.
  – Eu posso conversar com você? - Eu disse andando até ela.
  Ela se levantou e olhou para Nico.
  – Eu realmente preciso ir. - Ele disse dando um beijo na testa dela - Você consegue ir pra casa sozinha?

  Quem aquele nanico pensa que é para fingir que eu não existo?
  – Sim, Nico. Não se preocupe. - Ela respondeu.
  – Durma em um hotel. Você está exausta demais para viajar. - Ele disse enfiando um masso de notas no bolso do casado dela.
  – Você também está. Ainda mais para viagem nas sombras. - Ela fez bico e eu percebi que tinha perdido a guerra.
  – Ok, espero vocês no hotel então. - Nico respondeu enfim notando a minha presença.
  Droga, se apaixonar por alguém que gosta de outra pessoa é uma merda. Eu nunca pensei que ficaria tão triste por algo bobo assim.
  – Eu não sabia que você tinha um namorado. - Eu disse com algo entre cinismo e deboche.
  – Eu não tenho.
  – E o Di Ângelo?
  – Nós somos amigos. - Ela rolou os olhos - Sobre o que você queria falar?
  – SOBRE ESSE IMBECIL DO DI ÂNGELO! ELE ESTRAGOU A MINHA MISSÃO!
  – Ele me ajudou a convencer Ícelo! Ele foi o único que Ícelo quis ouvir! ELE ESTAVA NA PROFECIA, VOCÊ NÃO ENTENDEU?
  – Era a minha minha missão. A única chance que eu tinha de provar ao meu pai que sou um herói! - Ok, nem eu sei de onde tirei essa.
  – Então é nisso que você estava pensando quando me deixou, não é? Ter a porcaria da glória só pra você. Ser transformado em uma droga de deus! - Ela esbravejou enquanto chorava - Eu teria deixado, Matthew. Eu realmente teria deixado se não envolvesse a vida do meu pai. Eu realmente não sabia que você era tão egoísta a ponto de não entender o que a segurança do meu pai significa para mim.
  – Hey. - Eu gritei correndo atrás dela - Eu não queria ter dito isso na verdade. Eu nem queria falar sobre o Di Ângelo. Eu não sou assim, acredite.
  Ela parou e me encarou ainda chorando.

  – Eu ia pedir desculpas. E estou pedindo agora, só que em dobro. Me desculpa por ter te deixado sozinha, eu só fiz isso porque sonhei que o seu pai estava sendo morto naquele momento. - Eu disse e ela levou as mãos a boca - Me desculpa por ter inventado toda essa briga.
  Ela me olhou perplexa.
  – Eu só estou com ciúmes do seu namorado... Sei lá, às vezes o meu cérebro funciona de uma forma estranha.
  – Você é bipolar. - Ela disse com um sorriso doce - E o Nico não é meu namorado, eu já disse.
  E dizendo isso ela se aproximou de mim e me deu um beijo na bochecha.

Capítulo 7

  – Era só isso? - Perguntei enquanto buscavámos o hotel.
  – Sim. Icelo e Fântaso cuidarão dele agora.
  – Você confia no cara dos pesadelos?
  – O Nico conversou com ele. Saberiamos se ele estivesse do lado dos titãs.
  Eu resmunguei mas ela fingiu não ouvir.
  – Aqui. - Ela disse empurrando a porta de algo que seria considerado uma pensão em Nova Iorque
  O tal hotel era realmente simples. Daquele tipo que tem as chaves penduradas atrás do balcão.
  – Quarto do Senhor Di Ângelo, por favor. - Ela disse ao gerente.
  Enquanto ele verificava no computador e ligava para o quarto para ver se eramos bem-vindos, eu peguei uma chave aleatória. Não ficaria em um quarto pago pelo Di Ângelo, não mesmo.
  – Quarto 37. Terceiro andar.
  – Obrigada. - respondeu.
  Duvido muito que tivessem 37 quartos até o terceiro andar. Deveria ser um número aleatório para fazer charme.
  Eu entrei no elevador e percebi que não estavamos mais cercados de montanhas de neve então não morreriamos de frio, os olhos dela focavam o vazio de uma forma tão linda, e os lábios dela estavam vermelhos... Droga, ela era tão linda. Eu não me contive. A precionei contra o espelho do elevador e a beijei. Beijei a com força, e até mesmo com raiva por ela não corresponder. Até abrir os olhos e perceber a cara de terror dela... E a espada de ferro estigio que quase encostava o meu pescoço.
  – Solta. Ela. Agora. - Nico.
  – Qual é o seu problema? - Eu perguntei tentando pensar em uma maneira de pegar a minha espada sem morrer. Mas sem muito sucesso já que ele a cueca samba-canção com desenhos de caveirinhas dele me fez ter um ataque de riso.
  Dicas: Nunca tenha um ataque de riso no meio de uma batalha com um filho dos três grandes. Isso pode ser mortal.
   se desvenciliou e saiu do elevador.
  – Sem lutas, Nico. Vamos dormir e tudo vai ficar bem. - Ela disse em um tom de voz estranho.
  – Nem tente usar isso comigo! - Ele disse rispido mas em seguida mudou o seu tom de voz para suplica - ELE IA TE MACHUCAR! COMO AQUELE VELHO NOJENTO.
  – Ele não ia. Calma. Abaixa a espada.
  Por fim ela venceu.
  – Suma da minha frente, maldita cria de Hermes.
  E os dois entraram no quarto. não olhou para mim em nenhum momento. MAS QUE MERDA EU FUI FAZER?
  Então eu fui. Não para o meu quarto, mas para o palácio de Hipnos. Sem saber direito a razão.
  Da primeira vez eu não pude notar o quão lindo e enorme aquele lugar era. Exitiam montes verdes, em pleno inverno e dentro da caverna, e o palácio era íncrivel... Acho que nem o melhor arquiteto do universo conseguiria projetar aquilo.
  Hipnos sorria, imóvel. E Fântaso estava dormindo na poltrona ao lado na cama. Cada um estava com os seus habituais 4 metros, mas eu não me senti ameaçado. Aquele lugar era tão... puro.
  "Seja bem-vindo de volta, semideus." uma voz tranquila soou "Você sabe o que deve fazer."
  Uma poltrona surgiu e eu deitei.

  No momento seguinte eu tinha cinco anos de novo, e estava no zoológico com a minha mãe, inventando nomes para as aves. Então um homem de terno italiano chegou, lembro que na época eu me perguntei porque alguém ia ao zoológico vestido daquele jeito... e lembro também da expressão que misturava felicidade e tristeza da minha mãe ao dizer que eu deveria esperar por ela ali.
  Era o meu pai...
  Sentei em um banco vermelho enquanto eles conversavam e um menino loiro veio até mim com duas cascas de sorvete.
  – Obrigado.
  – Por que isso? - Perguntei confuso.
  – Eu não sei... Não controlo essas coisas. É você. - Ele respondeu - O seu pai estava muito preocupado com você.
  – A minha mãe ainda gosta dele... Nunca tive coragem de dizer a ela que tem mais de vinte filhos de Hermes lá. Quase todos com a minha idade.
  – Hm... É dificil isso. A relação de um deus com um humano. Não são os mesmos costumes.
  – É...
  – Espero que não tenha ficado com raiva dos seus companheiros de missão.
  – Ah...
  – Acabei de saber pelo Nico em um sonho.
  – Claro.
  – Acho que devo te explicar a situação. A não é uma semideusa comum.
  – O QUE?
  – Ela é minha filha com uma ninfa. - Mas ela herdou um poder que mistura a hipnose com os encantos da mãe. E isso é perigoso. Por isso ela foi criada no mundo mortal... Era o único jeito dos olimpianos não descobrirem. Saiba que o que eu estou te contando é um risco para mim... Apenas Nico di Ângelo sabe.
  – O que esse idiota não sabe?
  – Ele não é um idiota, Matthew. - Ele disse finalizando o sorvete - Ele a salvou.
  – Salvou do que?
  – Eu coloquei Jenny em um hospital psiquiatrico. Ela cresceu segura lá. Mas um dos médicos encarou os encantos herdados pela mãe da menina mais do que a doçura infantil... Nico, que estava tirando um cochilo em um cemitério que fica ao lado do hospital, atendeu ao meu chamado... Ele a salvou da morte. Mas não foi rápido o bastante para que evitasse o estupro.
  Eu encarei o nada atonito até o sonho se fundir em vermelho sangue.

  De repente eu estava de volta ao palácio. Levantei da poltrona e corri, corri tanto que quase esqueci que podia me teletransportar.

  Eu bati na porta do quarto três vezes. Então sentei na porta e fiz o que eu menos queria. Dormi.
  – Você dormiu aí fora? Você podia ter morrido congelado! - Ela ralhou jogando um cobertor sobre os meus ombros.
  – E seria um saco te aguentar no mundo inferior. - O di Ângelo disse seco.
  – Eu já disse que acho essa sua cueca uma graça? Será que eu devo usar uma com desenho de cobrinhas?
  – Eu não mandei você ficar longe? - Ele disse pegando a espada.
  – Você não manda em mim. - Eu respondi pegando a minha.
  – HEY! CHEGA. - nos enterrompeu
  – Eu vim pedir desculpas. - Engoli o orgulho - Aos dois. Eu sei porque o di Ângelo quase me matou.
  – Sabe? - Os dois perguntaram.
  – O seu pai me contou.
  – Ele contou? - Ela tinha raiva na voz - COMO SE JÁ NÃO FOSSE HUMILHANTE O BASTANTE!
  Então ela quebrou uma perda da cama com um chute. E o di Ângelo segurou ela pelos pulsos.
  – O seu pai não faria algo que pudesse te prejudicar. Esse garoto deve ser melhor do que eu acho que seja. - Ele disse.
  De repente a respiração dela diminuiu e ele a soltou.
  E eu me perguntei se realmente queria estar ali... Conversando com o bafo de cadáver e com uma menina cheia de problemas sobre algo que nem me envolvia. Me perguntei se realmente gostava dela ou se era efeito daquela coisa de deusa-ninfa. Eu não sabia.
  Eu não gostava nem de pensar no sofrimento da minha mãe. Por que deveria me importar com a garota? É, eu sei que isso não é heróico... Mas é assim que eu sou.
  As pessoas dizem que se importam, que sentem pena. Mas no final é cada um por si.

Capítulo 8

  Nós dois pegamos o avião juntos. Depois de mil ameaças do di Ângelo, que teve que pegar um caminho diferente.
  Depois disso eu mantive a minha rotina normal do acampamento. Evitando encontrá-la ao máximo. Acho que se passaram duas semanas até que os meus irmãos perceberam que eu estava lá.
  – Então você pegou a rainha da soneca e percebeu que ela não é tão boa quanto parece? - Connor perguntou na hora do almoço.
  – Não, cara. Que merda. Eu não fiquei com ela.
  – Então porque desistiu? - Travis perguntou.
  – Ela não é o meu tipo.
  – Qual é o seu tipo? As filhas de Ares? - Travis parecia indignado -
  – Hey, tem uma que é muito gostosa. - Connor disse.
  – Nós não nos demos muito bem na missão. Só isso.
  – E eu pensando que você voltaria casado. - Beatrice, minha irmã, se meteu na conversa.
  – Eu realmente não quero ter essa conversa com vocês. - Eu disse pegando uma maça e saindo do refeitório.

  Sentei em uma árvore alta e observei os campistas indo para caminhos diferentes. Os únicos que passaram pela árvore foram os de Hipnos que estavam indo até os chalés.
  Entraram no chalé 15, mas foi até o 13. Nico estava no acampamento? Isso me afeta de alguma forma? Eu não sei.
  Olhei o quarto pelo vão da porta que estava entre-aberta. O lugar era frio e escuro... E fora estava vazio. Entrei no lugar com receio e a vi chorando.
  Ela levou um susto, óbviamente. Limpou as lágrimas e me olhou.

  – Você gosta dele. - Eu disse sentando em uma cadeira.
  – Eu... O que você está fazendo aqui?
  – Vendo se você está bem. E pelo jeito não está.

  Ela sentou na cama e percebi que ela vestia uma camiseta preta. Que obviamente não era dela.

  – Não tem nenhum problema em gostar de alguém, .
  – Pra mim tem, Matt.
  – Por quê?
  – Se eu amar alguém... Essa pessoa vai enlouquecer de amor. Isso foi obra de Afrodite.
  – Ela te jogou uma praga?
  – Não... Ela fez isso com a minha mãe. Um homem se apaixonou pelas duas e aí a ira de Afrodite. A minha mãe ficou muito triste, e nem queira imaginar um espírito da natureza triste porque eu já vi um, e tentou deixar de existir... Mas só conseguiu entrar em sono profundo.
  – Aí ela conheceu Hipnos?
  – Exato. E ele a convenceu de que seria o único por quem ela deveria se apaixonar. Porque o teria para sempre.
  – Por que com ele não... Você sabe... ?
  – O sono é mais forte que o amor. - Ela sorriu.
  – A morte também. - Nico di Ângelo disse do outro lado do chalé.
  Então eu tive a certeza de que não gostava dela antes. Não que agora eu soubesse o que é amor, mas o di Ângelo parecia um exemplo ideal de cara apaixonado.
  Então eu me teletransportei porque não sou um cara tão chato.
  Corri até o chalé de Afrodite.
  – Hey, Drew. - eu disse quando ela abriu a porta. - Como eu faço para evocar a sua mãe?
  – A minha mãe não é um espírito do Supernatural, seu imbecil!
  – Eu conheço um jeito. - Uma menina de 12 anos disse com um sorriso enorme.
  Então ela me explicou tudo e TCHARAAAM: Uma Afrodite segurando um pincel de esmalte apareceu.
  – Lady. - Disse ajoelhado.
  – Olá, cria de Hermes. O que posso fazer por você? - Ela perguntou e eu tive dificuldade de lembrar o que eu queria - Não me diga que quer conquistar Uma das minhas filhas. Não dou dicas.
  – Bem, eu queria pedir um favor.
  – Que seria?
  – Que a senhora retire a maldição de em uma amiga minha.
  – Você é tão fofo, Matt. - Ela deu um sorriso meigo - Mas eu não posso fazer isso. A mãe dela já deu um jeito de fugir do acordo. Isso seria um desperdício!
  – Mas ela não tem culpa.
  – Mas ela e o Nico terão um daqueles romances épicos. Será lindo e eles serão lembrados para sempre. - Ela estava literalmente radiante ao dizer isso.
  – Você acha que Hades te deixaria em paz depois de matar o único filho dele?
  Ela mordeu o lábio por um instante e em seguida mudou a expressão para impaciência.
  – Ok, ela está livre.
  – Obrigado.
  – Você tem bom coração. Vai ficar com uma boa garota. - e dizendo isso ela se foi...

  pov

  – A morte também.
  Eu me desenrolei do lençol preto e corri para abraça-lo.
  – Você sabe que isso não é verdade. - Eu disse me referindo à Bianca, mas resolvi mudar de assunto para não deixa-lo triste - Você deveria avisar quando vem.
  – Ah, eu queria te fazer uma surpresa... Não esperança uma recepção tão... calorosa. - Ele disse e eu percebi que estava sem calça. Só com uma camiseta... dele. Droga.
  Corei de vergonha. E voltei para o enredom.
  – Eu gosto de dormir aqui. Espero que não tenha problema... Sabe, parece que você está aqui.
  – Eu também senti a sua falta. - Ele disse sentado na cama - Você estava chorando? Foi aquele imbecil?
  – Não! Ele só estava aqui para ver se eu estava ok... Acho que me viu chorando.
  – Por que você estava chorando, ? - Ele perguntou pegando a minha mão.
  – Eu... Eu só estou triste.
  – Porque... - Eu chorei como uma idiota - Você sabe... Tá acontecendo. E pela única pessoa que eu tenho.
  Então ele uniu os pontos e entendeu.
  – Eu sempre te amei. Sempre. Não vai acontecer nada comigo.
  Então ele se aproximou e me beijou. Um beijo doce e calmo. Um beijo que me permitiu sentir algo que achei que jamais sentiria... Amor.

  pov Nico

   me abraçou sobre as cobertas e eu deitei ao lado dela. Não escondendo a felicidade de saber que a garota dos meus sonhos me ama. Então eu encostei a minha cabeça no ombro dela e ela acariciou os meus cabelos, como fez quando eu estava tentando mantê-lá a salvo até leva-lá ao acampamento (porque segundo ela eu seria confundido com um morto se não dormisse direito).
  Acordei porque havia uma luz no quarto. O que poderia significar que um vagalume estava lá, já que o quarto era definitivamente escuro. Deixei os meus olhos se acostumarem com a luz e vi um caduceu.

  " de Noir:

  O seu amigo de bom coração me convenceu em te libertar do fardo (que na minha opinião seria só um pequeno preço a pagar por lindos romances) que foi imposto a sua mãe.
  Encare isso como um presente da deusa mais misericordiosa que existe.
  Amor.
  Afrodite"

  Eu estava tão feliz que mal podia acreditar. Deixei àquilo de não acordar filhos de Hipnos de lado e comecei a distribuir beijos pelo rosto dela.
  – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. - Eu sussurrei antes de beijar os lábios dela.
  – E você me prometendo que não enlouqueceria. - Ela disse e eu gargalhei - Ok, Nico. Você está me assustando.
  Então eu dei o bilhete rosa pra ela e o quarto parecia cheio de alegria. Ela terminou de ler e me beijou... O melhor beijo do mundo.
  – Acho que tenho que me desculpar com o Matthew. - Eu pensei alto.
  – E eu preciso comprar a cidade de Nova Iorque pra ele. - Ela riu.

Epílogo

  A história começou com a minha paixão platônica por uma garota bonita, não é? Bem... Eu nunca tive uma namorada, mas isso não é algum tipo de problema terrível. Quando eu era criança pensava em ter uma esposa e filhos, e eu daria muito amor a eles... Eu queria ser o contrário do meu pai. Mas nunca consegui ficar com uma garota por muito tempo. Talvez a maçã nunca caia longe da árvore.
  Talvez eu tenha feito bem a e Nico ajudando-os com a maldição. Mas e se ele fizer mal a ela? Se cansar e simplesmente resolver ir embora? Os mortais fazem isso assim como os deuses, então os semideuses não escapavam do fim fatídico, mesmo com uma benção da deusa do amor...

  - Matt, você anda pensativo demais. - Lisa, uma filha de Apolo, me tirou dos meus devaneios.
  - Ah, eu só...
  - Estava pensando. - Ela completou - Bem, espero que não na De Noir. Vi como tem olhado pra ela e pro Di Ângelo.
  Então nós dois olhamos em direção ao casal. Que surpreendentemente estavam na praia admirando os fogos como todos os campistas.
  - Não. - Eu fiz uma careta pra ela - Eles parecem.
  - Os dois me assustam. Sei que são seus amigos, mas... Ugh! A presença dele é fria, como a de um fantasma e ela tem mais feitiçaria nos olhos do que as filhas de Afrodite.
  Eu dei risada, concordando com o que ela disse. Mas era inegável que aqueles dois eram um belo casal.
  - Você é uma medrosa, Lisa.
  - E você um tolo por pensar que é corajoso o tempo todo. - Ela disse com um sorriso nos lábios.
  Então Lisa fechou a expressão e eu observei o que tinha acontecido. Filhos de Apolo NUNCA aparentavam estar chateados, tinham sempre um sorriso contagiante preso ao rosto. Então eu vi Leo Valdez com uma garota, ela estava rindo enquanto ele lhe cantava uma música ao pé do ouvido.
  - Eu tenho que te mostrar uma coisa. - Eu disse à Lisa e a puxei pela mão.
  Na verdade aquilo era uma desculpa idiota. E eu não tinha ideia do que mostrar a Lisa. Mas eu sabia que ela ficaria a ponto de chorar se continuasse ali. Afinal, Lisa era minha amiga, e eu nunca deixei os meus amigos na mão.
  - Pra onde você está me levando? Não é algum tipo de sequestro ou tentativa de estupro, é? - Ela tentou brincar, mas ainda tinha tristeza na voz.
  - Não precisa ter medo. - Eu disse - Mas não é como se eu sentisse medo de algo que o seu pai faria se te acontecesse algo.
  - Eu não pediria ajuda dele. Posso me vingar sozinha.
  - Claro, sozinho.
  - Hey! Eu não fui ajudada por um bilhão de deuses na minha missão. - Ela gargalhou.
  - Eu não tive escolha. Eles precisavam de Hipnos, então a missão não poderia falhar. - Eu respondi - Agora cale a boca antes que eu conte pro meu pai.
  - E o seu pai faria o que? Jogaria cartas em mim? - Ela disse cética e eu gargalhei.
  Enquanto eu a levava, praticamente a arrastando, ela pestaneava mas eu só parei no anfiteatro. Estava vazio, mas as luzes estavam acesas.

  - Aqui. - Eu parei me virando pra ela.
  - Ahm?
  Então eu passei os meus braços pela cintura dela e a expressão dela era de curiosidade. Então eu nos teletransportei para os campos de morango.
  Ela segurava a minha camiseta, e parecia assustada, assim como . Mas ela não comentou algo sobre o teletransporte ou sobre a probabilidade eminente se sermos mortos quando vissem os morangos que tínhamos esmagado. Ela levou os lábios até os meus e fechou os olhos.
  Lisa tinha uma segurança que eu nunca vi em garota alguma. Eu realmente gostava dela.

Fim



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